O ESGAR DO CRÂNIO NU: a construção da imagem do corpo em Hilda Hilst e Iberê Camargo

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2.8. Inconclusões Fluxo-­‐floema é considerado um divisor de águas na obra de Hilda Hilst. Foi o primeiro livro que a escritora lançou depois de escrever toda a sua obra em poesia e toda a sua obra para teatro. Muito se fala da trilogia obscena que Hilst escreveu nos anos de 1990, quando ela decidiu escrever pornografia. Porém, pode-­‐se identificar a gênese dessa linguagem em Fluxo-­‐floema de 1970, obra que já trazia uma desordem narrativa, uma total anarquia de referências e de gêneros literários e um erotismo diferente do que é o aceitável e dito normal, características de seu trabalho pornô-­‐erótico. Em Fluxo-­‐floema Hilda mistura sua poesia e seu teatro na sua prosa. Pode-­‐se dizer que a escritora apresenta uma prosa poética onde o narrador fala com a plateia. Eliane Robert Moraes21 afirma ser uma prosa degenerada, ou seja, relativa a uma genética indefinida onde a construção da imagem do corpo transita por imagens múltiplas e quase sempre antagônicas. Como na passagem onde a escritora coloca a imagem de uma linda adolescente, magrinha, deitada ao lado, declamando um poema que fala sobre lobos enquanto mexe nos cabelos, ao lado de um personagem seco como um cipó que retorce suas vísceras a fim de extrair seu excremento. Eliane fala de um contato inesperado entre pólos opostos, associando "metafísica à putaria das grossas". Genet, Prust, Santa Tereza D'Ávila, Gertrudes Stein, Guide, são citados ao lado de outros nomes célebres, enquanto os personagens se entregam à praticas sexuais grotescas, violência extrema, humilhações e abjeções, e onde não faltam o assassinato ou o sexo com animais. São exemplos que mostram como a prosa hilstiana pensa, através do grotesco e do abjeto, a representação de um corpo fragmentado na iminência do caos. 21 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/resenha/rs1005200308.htm>


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5.1.7 Vídeo

11min
pages 292-301

Conclusão

5min
pages 302-304

Referências

17min
pages 305-318

5.1.6. Livro de artista

6min
pages 284-291

5.1.5. Animação

2min
pages 281-283

5.1.4. Fotografias

4min
pages 274-280

5.1.3. Gravuras

7min
pages 269-273

5.1.2. Desenhos

5min
pages 263-268

Cap. 5. O corpo intersemiótico

7min
pages 246-252

4.2.Um esgar mais que imperfeito

1min
pages 244-245

4.1. O corpo político

20min
pages 229-243

Cap.4. Hilda Hilst e Iberê Camargo: o esgar do crânio nu

46min
pages 199-228

3.2. Pinturas de 1980 1994: Corpos densos

58min
pages 150-196

3.3. Conclusão: In progress

1min
pages 197-198

3.1. Da crítica

12min
pages 141-149

2.8. Inconclusões

5min
pages 138-140

2.6. O Unicórnio : o corpo bestial

20min
pages 124-134

2.7. Floema : o corpo na mesa de dissecação

5min
pages 135-137

2.3. Fluxo : o corpo grotesco

48min
pages 72-97

2.5. Lázaro : o corpo reencarnado

28min
pages 108-123

2.4. Osmo : decifra meu corpo ou eu te devoro

21min
pages 98-107

2.2. Fluxo floema: a imagem do corpo estranho

13min
pages 64-71

2.2. O corpo grotesco

11min
pages 44-50

2.3. O corpo abjeto

14min
pages 51-58

Introdução

21min
pages 19-30

Cap.1 A construção da imagem do corpo

19min
pages 31-43
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