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INTRODUÇÃO Esta tese aborda a construção da imagem do corpo nas pinturas de Iberê Camargo produzidas entre os anos de 1980 até 1994, o ano de sua morte, e o livro Fluxo-‐ floema (1970) de Hilda Hilst. Desse modo, considerei como hipótese central de trabalho o fato de existirem elementos comuns entre as obras escolhidas de Iberê Camargo e o livro Fluxo-‐floema de Hilda Hilst no que diz respeito à construção da imagem do corpo em suas obras. Considerando a questão do diálogo entre artes de diferentes linguagens, no caso, a literatura e a pintura, sob a luz da intermidialidade e da tradução intersemiótica. Minhas questões de pesquisa articulam-‐se a partir desse eixo triplo: o livro de Hilst, a pintura de Iberê e a construção da imagem do corpo na obra desses dois artistas. Uma da literatura e outro da pintura. Assim, como pensar um conceito de corpo que seja suficientemente geral para artes visuais e literatura e que seja também suficientemente peculiar para responder aos problemas específicos? Qual a importância da modernidade na formação dos artistas no que diz respeito à representação da imagem do corpo nas artes visuais e na literatura? De modo geral e especificamente, como o problema da construção da imagem do corpo aparece na crítica da obra de Hilda Hilst e de Iberê Camargo? Na visão particular do pintor e da escritora sobre as suas próprias obras, como se dá a construção da imagem do corpo? Existe um diálogo entre o conjunto de obras de Iberê Camargo selecionado para esta pesquisa e o livro Fluxo-‐floema de Hilda Hilst, no que diz respeito à construção da imagem do corpo? Se existe, é a intermidialidade um caminho apropriado para o estudo desse diálogo interartes? As indagações expostas no decorrer da tese tornam-‐se hipóteses de trabalho que são testadas, descartadas, mantidas ou retomadas de modo mais complexo, segundo o conjunto de informações que minha pesquisa vai acrescentando, a partir da relação entre teorias e análises das obras.