O ESGAR DO CRÂNIO NU: a construção da imagem do corpo em Hilda Hilst e Iberê Camargo

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Nestas pinturas, o leitor atento irá identificar alguns signos que correspondem ao imaginário do livro, como por exemplo, a cabeça na terra, o porco com assas, o poço da Casa do Sol, a Morte, as varandas em arco da Casa do Sol, o dedo de Deus, da pintura de Miguel Ângelo da Capela Sistina. A figueira e outros elementos referentes a imagética de Camargo, como a terra arrasada, a caveira etc. 5.1.2-­‐ DESENHO Os desenhos que produzi para a série NADANADA, tiveram importante relevância nas análises práticas desta pesquisa. O desenho, como linguagem plástica, sempre esteve em lugar de destaque, tanto na minha formação, como hoje no meu trabalho de artista plástico. O desenho talvez seja a modalidade artística mais primitiva do ser humano. Tudo é desenho. Embora ninguém admita, alguns resistem à ideia da autonomia do desenho como expressão artística. Muitos ainda preferem observar o desenho como arte menor, sob o caráter de rascunho, esboço, ou preparação para algo mais nobre, sobretudo na comparação com a pintura. Em seus Escritos sobre a arte, Ingres que era um exímio desenhista e pintor escreve: O desenho é a probidade da arte. Desenhar não quer dizer simplesmente reproduzir contornos; o desenho não consiste simplesmente no traço; o desenho é também a expressão, a forma interior, o plano, o modelo. Vejam o que sobra depois disso! O desenho compreende três quartos e meio daquilo que constitui a pintura. Se eu tivesse que pôr um letreiro sobre minha porta, escreveria: Escola de desenho, e tenho certeza que formaria pintores. O desenho abrange tudo, com exceção do matiz. É preciso desenhar sempre, desenhar com os olhos quando não se pode usar o lápis. Enquanto vocês não alinharem a observação à prática, não farão nada de realmente bom. (INGRES, 2006, p. 84-­‐85)

Iberê Camargo era um desenhista obcecado pelo seu trabalho. Seus desenhos são caracterizados pela gestualidade, a impetuosidade diante do papel e o constante fazer e desfazer das figuras. O importante em seu processo de criação dele era a busca e não o encontro. Uma obra em processo.


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5.1.7 Vídeo

11min
pages 292-301

Conclusão

5min
pages 302-304

Referências

17min
pages 305-318

5.1.6. Livro de artista

6min
pages 284-291

5.1.5. Animação

2min
pages 281-283

5.1.4. Fotografias

4min
pages 274-280

5.1.3. Gravuras

7min
pages 269-273

5.1.2. Desenhos

5min
pages 263-268

Cap. 5. O corpo intersemiótico

7min
pages 246-252

4.2.Um esgar mais que imperfeito

1min
pages 244-245

4.1. O corpo político

20min
pages 229-243

Cap.4. Hilda Hilst e Iberê Camargo: o esgar do crânio nu

46min
pages 199-228

3.2. Pinturas de 1980 1994: Corpos densos

58min
pages 150-196

3.3. Conclusão: In progress

1min
pages 197-198

3.1. Da crítica

12min
pages 141-149

2.8. Inconclusões

5min
pages 138-140

2.6. O Unicórnio : o corpo bestial

20min
pages 124-134

2.7. Floema : o corpo na mesa de dissecação

5min
pages 135-137

2.3. Fluxo : o corpo grotesco

48min
pages 72-97

2.5. Lázaro : o corpo reencarnado

28min
pages 108-123

2.4. Osmo : decifra meu corpo ou eu te devoro

21min
pages 98-107

2.2. Fluxo floema: a imagem do corpo estranho

13min
pages 64-71

2.2. O corpo grotesco

11min
pages 44-50

2.3. O corpo abjeto

14min
pages 51-58

Introdução

21min
pages 19-30

Cap.1 A construção da imagem do corpo

19min
pages 31-43
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