Revista Pensar(es) 21 - Junho de 2016

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ensar(es)

As questões da participação… Manuel Ferreira . Professor de Filosofia

“Necessitamos de recuperar a expressão aristotélica de “Homem animal político”. Homem que vive com os outros, um ser da cidade, que não pode ignorar a sua condição de ser social (...)”

A

s questões da participação ou ausência da mesma, do envolvimento das pessoas na vida comunitária, são, hoje em dia, um dos grandes desafios de toda a sociedade. O tão falado défice cívico prende-se com o afastamento das pessoas da vida pública, isto é, da vida comum ou política. Vida política que se prende com a atividade na ‘polis’ - na cidade -, em que os indivíduos devem estar conscientes e devem assumir e praticar os seus deveres e direitos para com os outros. É que ser cidadão implica assumir uma liberdade e responsabilidade pessoal e social. Pessoal, porque se trata de um compromisso com os próprios pensamentos, projetos, princípios e valores. E social, porque se trata do mesmo compromisso relativamente aos seus semelhantes. O Homem não pode nunca esquecer que é um ser de relação e que a melhor forma de se realizar é no convívio com os outros. É aqui que está o nó górdio da questão e onde o homem, enquanto cidadão, tem falhado. É elevado o desinteresse dos indivíduos face à vida pública, em geral, e à política, em particular. O diagnóstico está sobejamente realizado. Existe descrédito

generalizado no sistema político e nomeadamente no sistema político democrático. E quais as razões para esta desconfiança e indiferença? São muitas as razões apresentadas. Contudo, o que convém realçar é que não se pode ficar paralisado face a esta situação. É necessário ter uma conduta de coragem e resiliência. Isto significa não fugir, não nos desviarmos do que exige luta, conflito, confronto e projeto. Também aqueles cidadãos conscientes da sua cidadania têm de ser exemplos e contribuir, contagiando os outros para uma maior e melhor participação. A nível da organização social, é importante uma nova maneira de fazer e de se estar na política. A política e os responsáveis políticos devem estar mais ligados à realidade e às pessoas. É que, ao contrário do que se possa pensar, a eventual solução para o divórcio entre os líderes políticos e as pessoas está na política. Necessitamos de recuperar a expressão aristotélica de “Homem animal político”. Homem que vive com os outros, um ser da cidade, que não pode ignorar a sua condição de ser social, de exercer a sua participação e envolver-se na concretização de objetivos comuns, de melhorar e dar dignidade à sua vida e à dos outros.


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