Revista Pensar(es) 21 - Junho de 2016

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ensar(es)

A Eutanásia Quanto vale uma vida? Inês Carvalho . Aluna

A

do 10º E

pesar da grande metamorfose que o mundo atravessa, certos temas como a eutanásia são ainda tabu na sociedade atual e desencadeiam bastante controvérsia. A única certeza que temos quando nascemos é que crescemos, envelhecemos e morremos. Nada podemos fazer contra a irreversibilidade da vida humana. É o nascer para morrer. Todo este processo faz parte da nossa constituição biológica. O homem está “programado” para nascer, viver e morrer. Se fôssemos eternos não daríamos valor à vida. Mas terá ela de facto valor? A eutanásia parece negar o valor da vida. Será assim? A palavra “eutanásia”, que surgiu em 1900, é um termo de origem grega (eu + thanatos) que significa “boa morte”, ou seja, morte sem dor. A eutanásia é o ato de proporcionar a morte sem sofrimento a um paciente atingido por uma doença incurável. No seu sentido amplo, a eutanásia implica uma morte suave e indolor e, no seu sentido restrito, implica o ato de terminar a vida de uma pessoa ou ajudar no seu suicídio. A eutanásia pode ocorrer por vários motivos: por vontade do doente; porque os doentes representam uma ameaça para a sociedade (eutanásia eugénica); ou porque o tratamento da doença implica uma grande despesa (eutanásia económica). Embora em alguns países como a Bélgica, a Holanda ou a Suíça a prática da eutanásia seja legal, este é ainda hoje um tema gerador de conflitos: uns defendem o direito de o doente incurável

pôr termo à vida quando sujeito a sofrimentos físicos ou psíquicos intoleráveis. Outros, porém, não aceitam a eutanásia de forma alguma, como é o caso das ideologias religiosas Cristianismo e Judaísmo, que negam claramente esta posição por a considerarem um atentado à vida do ser humano, um verdadeiro homicídio. Dizer NÃO à eutanásia implica que ninguém tem liberdade plena de decidir pôr termo à vida, aliviando o sofrimento físico, psicológico e espiritual de um ser humano em pleno estado de incapacidade total. Quem pode dizer que determinado tipo de vida não é digno? Quem pode avaliar um determinado tipo de sofrimento como inultrapassável? Ou, então, que mensagem cultural estamos a passar se dissermos que certas vidas, certos estádios de vida, não são dignos de serem vividos? O que pensarão os que estão em idade mais avançada ou os que padecem de algum tipo de incapacitação ou, simplesmente, que são um estorvo? Como é possível consentir o «quero morrer», quando os psiquiatras procuram demover pessoas que pretendem suicidar-se? Se os futuros médicos no Juramento de Hipócrates se comprometem a defender a vida, não seria agora um paradoxo estarem dispostos a colaborar para pôr termo à vida? A campainha do alarme social tocaria estridentemente e a nossa confiança nos médicos seria completamente nula. Para todos os defensores não há um direito constitucional à morte, há, isso sim, um


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