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A propósito do Sermão de S. António aos peixes Micaela Monteiro . Aluna do 11º E
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Vivemos numa sociedade onde importa mais o ter do que o ser.
V
ivemos num mundo cada vez mais consumista em que os tradicionais valores de respeito, solidariedade, e justiça, foram substituídos pelo desejo de poder sobre os mais pobres. Na minha opinião, a sociedade não está a desenvolver um trabalho de cooperação. Se houvesse cooperação não existiria tanta pobreza e tantas pessoas em situações extremas: sem habitação e sem rendimento. Haveria um equilíbrio entre a população e não tanta desigualdade, na medida que alguns são muito ricos e outros muito pobres. Para explicar como a ganância dos poderosos acaba com o sonho dos humildes, o Padre António Vieira dizia que “ Os grandes comem os pequenos”. Na utopia o consumismo é apresentado em segundo plano. Ora, como esperamos estabelecer uma aproximação aceitável da civilização ideal, quando nos dias de hoje, o Homem perdeu o domínio de consumo, e o consumo ganhou domínio sobre o Homem? Uma sociedade onde importa mais o ter do que o ser, onde as pessoas são influenciadas por marcas e o desejo infindável
de obtenção de objetos, onde o consumo é o combustível que polui tantas vezes as nossas vidas! Já dizia o grande filósofo Descartes: “Eu penso, logo existo”, não sabia ele que estas necessidades fúteis nos bloqueiam o pensamento. Atualmente a tão célebre frase seria “ Eu tenho, logo existo”: parece que são as necessidades fúteis que comandam a nossa existência. Vamos supor que o dono de uma loja convoca dez pessoas para uma entrevista. Há grandes possibilidades da pessoa que for escolhida ser aquela que se apresenta mais bem vestida, porque “ a aparência é a primeira ideia que temos sobre uma pessoa que não conhecemos”. Acho que se o trabalho fosse feito da maneira correta, como alguns dizem, de facto esses problemas já estariam resolvidos. Há algumas instituições, tais como a UNICEF, a ONU, a APAV (em Portugal), que se esforçam, mas não é o suficiente! Recentemente, o dono de uma marca de roupa de alta-costura, Abercrombie, declarou á impressa que preferia deitar os seus produtos ao lixo a dar aos mais carenciados. O mundo reagiu às desumanas declarações, com profunda perplexidade e reprovação, mas se pensarmos bem, quantas vezes não nos livrarmos de algo que poderia ser aproveitado por alguém? Para finalizar, acho que o mundo ainda precisa de muita mudança, talvez a utopia seja inalcançável, mas é preciso trabalhar mais nesse sentido, é necessário acabar com muitas injustiças, mesmo que não seja possível acabar com todas.