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Os homens comem-se uns aos outros Clara Magalhães . Aluna do 11ºB
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Vivemos numa sociedade dominada pelos exageros humanos, nomeadamente a ambição e a corrupção.
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padre António Vieira sustenta que os homens se comem uns aos outros. Esta afirmação é plenamente atual, uma vez que continuamos a viver numa sociedade caraterizada pela corrupção, exploração do mais frágil, ganância, ambição. No sermão vieirino, a principal crítica feita aos peixes é o facto de os mesmos se comerem uns aos outros com o objetivo de obterem o próprio sustento e sobrevivência. Com estas palavas, o orador pretende demonstrar e criticar a prática da antropofagia social, que está relacionada com o facto de os homens se “comerem” também uns aos outros. Atualmente, apesar de a escravatura ter sido abolida praticamente em todo o mundo, ela ainda continua a existir ilegalmente em alguns países, sobretudo em África e certas regiões da Ásia. Esta é uma situação exemplificativa do movimento incessante dos homens na sua intenção de explorar os outros. “Não só vos comeis uns aos outros, senão que
os grandes comem os pequenos”. Com esta expressão, o pregador efetua uma crítica feroz aos homens grandes que comem os pequenos, metaforicamente, no sentido de que os que têm mais poder, riqueza, importância e posição social e se acham mais imponentes, exploram, amesquinham, escravizam os mais pobres, os mais fracos e frágeis, ou seja, os que possuem menos poder. Podemos aplicar esta situação inclusive nos tempos de hoje. Por exemplo, em alguns países em desenvolvimento, a sua riqueza é utilizada apenas por parte da população, que a usa para fins próprios e interesses pessoais, sem se preocupar com a maioria das pessoas, que são brutalizadas, escravizadas, exploradas – “(…) os homens comem-se vivos (…)”. Concluindo, é indiscutível que vivemos numa sociedade dominada pelos exageros humanos, nomeadamente a ambição e a corrupção, que conduzem, inevitavelmente, à exploração do mais fraco, indo ao encontro de sustentação feita pelo Padre António Vieira de que os homens se comem uns aos outros.