PROFISSÃO
SOLICITADORES ILUSTRES ANTÓNIO MOURA E SILVA
Por Miguel Ângelo Costa, Solicitador, Agente de Execução e Presidente do Conselho Fiscal da Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução
A
A bem da Humanidade*
ntónio Moura e Silva, aos 16 anos, com a morte prematura do seu pai, assumiu a gerência dos negócios da família. Conciliando o trabalho com os estudos, chegou a frequentar o curso de Medicina e, mais tarde, foi nomeado subdelegado do Procurador da República na antiga Comarca de Almada. Foi ainda vereador da Câmara Municipal de Almada, presidente da Comissão Permanente da Avaliação do Concelho de Almada e perito distrital de Setúbal. Presidiu, também, ao antigo Grémio do Comércio de Almada e Sesimbra e foi membro, durante cinco anos, da Santa Casa da Misericórdia de Almada. Ao longo da sua vida, foi fundador de várias associações, entre as quais se destaca o Instituto Nacional de Cardiologia, juntamente com o Dr. Fernando Pádua. Todas estas artes e ofícios davam para preencher o curriculum vitae de qualquer pessoa, mas Moura e Silva, para além da sua família, teve outras duas grandes paixões: os Bombeiros Voluntários e a Solicitadoria. Tudo isto sempre no sentido de servir sem esperar nada em troca, nem reconhecimentos (que os teve), mas nunca foi com esse objetivo que delineou o projeto de vida que, humildemente, colocou a bem de todos. O Bombeiro O sacerdócio do servir o outro, através dos “Soldados da Paz”, surgiu aquando da morte do seu pai: “O meu pai morreu em 1932, tinha eu 16 anos. Nessa altura, apareceu-me em casa a Corporação dos Bombeiros de Almada para me dar os sentimentos. Disseram-me também que deviam ao meu pai nove contos, os quais tinham pedido emprestados para compra de material. Não tinham dinheiro, mas iriam pagar. E o gesto destes homens tocou-me“. 1 O labor desta causa levou-o a presidir à Liga dos Bombeiros Portugueses durante 23 anos, conseguindo realizar em Portugal, em 1962, o II Congresso Mundial do Fogo. Neste evento estiveram presentes 33 países, incluindo os de Leste, em plena Guerra Fria, com os quais Portugal não tinha relações diplomáticas. Este acontecimento levou, assim, o governo de então a condecorar a Liga com o grau de Cavaleiro da Ordem de Benemerência.
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