Molde N.º 137

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XI CONGRESSO DA INDÚSTRIA DE MOLDES

COMPETÊNCIAS PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

INOVAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS

MOLDES DE INJEÇÃO: MAIS EFICIENTES, OTIMIZADOS OU INTELIGENTES?

ESPECIAL // CEFAMOL ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MOLDES ANO 34 . N 137 . €4,50 Periodicidade Trimestral 04. 2023
Nº ISSN 1647-6557

XI Congresso da Indústria de Moldes: Participação massiva debateu desafios de moldar num mundo em mudança

Transformar para assegurar mercados

Crescer para alcançar novos patamares de competitividade

NEGÓCIOS

ECONOMIA . MERCADOS . ESTATÍSTICAS

Projeto VV4MC - A new type of ventilated visor for medical care

PROJETO SHELLMOULD: Novo molde para vidro que garante arrefecimento mais célere e uniforme

Competências para um desenvolvimento sustentável

Inovação para a Sustentabilidade na Indústria de Plásticos

Injeção assistida por água: novo conceito materializado num novo sistema

Comparação de tempo e custo entre moldes convencionais e híbridos para a injeção de dissipadores de calor poliméricos

Moldes de injeção: mais eficientes, otimizados ou inteligentes?

Processos de produção automatizados ao máximo OLÁ, PAI, OLÁ MÃE!

Projeto – Melhoria da Eficiência

Propriedade intelectual e valor

GESTÃO DE PESSOAS 87

88 86

Empresas têm de dedicar tanta atenção aos colaboradores como aos seus clientes

Gerir Pessoas nas PME: de um centro de custo para um centro de Rendimento

PROPRIEDADE CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes • CONTRIBUINTE 500330212 • SEDE DO EDITOR, REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Centro Empresarial da Marinha Grande - Rua de Portugal, Lt. 18 - Fração A / 2430-028 MARINHA GRANDE - PORTUGAL / T: 244 575 150 / F: 244 575 159 / E: revista_omolde@cefamol.pt / www.cefamol.pt • FUNDADOR Fernando Pedro • DIRETOR Manuel Oliveira • CONSELHO EDITORIAL António Rato, Eduardo Pedro, Luís Abreu e Sousa, Manuel Oliveira, Maria Arminda • TEXTOS Alexandra B. Pereira, Álvaro M. Sampaio, Aníbal Portinha, António Baptista, António Pina, António Pontes, Artur Ferraz, Artur Mateus, Cátia Silva, Dulcinia Santos, Eva C. Silva, Florinda Matos, Gonçalo Carmo, Helena Silva, Hugo Rodrigues, José Morais, Liliana Chaves, Madail Mendes, Mihail Fontul, Pedro Bernardo, Ruben Silva, Sérgio J. Rodrigues, Susana Silva, Tiago Marques, Vítor Ferreira • PUBLICIDADE Rui Joaquim • PRODUÇÃO GRÁFICA Colorestúdio – Artes Gráficas, Lda / Zona Industrial Casal da Azeiteira, Pav. 3 - Quintas do Sirol - 2420-345 St.ª Eufémia - Leiria

XI CONGRESSO DA INDÚSTRIA DE MOLDES DESTAQUE 03 04 18 22 24 79 84 29 32 34 40 46 52 28 78 Editorial Notícias CEFAMOL Novos Associados Aniversário dos Associados A Indústria à Lupa
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Aposta na inovação para alcançar
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qualidade sustentável
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O CONGRESSO DA INDÚSTRIA DE MOLDES E A COOPERAÇÃO NA INDÚSTRIA

O Congresso da Indústria Portuguesa de Moldes, realizado nos dias 17 de 18 de março de 2023, em Oliveira de Azeméis, foi um sucesso, atingindo os seus principais objetivos, quer ao nível de presenças, quer da qualidade das intervenções ou da pertinência dos temas em análise. Sob o lema “Moldar (n)um Mundo em Mudança”, reuniu cerca de 400 participantes, entre empresários, especialistas e técnicos da indústria, académicos, clientes, fornecedores ou outros stakeholders do sector.

Tema destacado pelos diferentes intervenientes e palestrantes foi a contínua e acelerada mudança a que assistimos em termos económicos, sociais e tecnológicos e a necessidade das empresas, contínua e rapidamente, necessitarem de se adaptar a esta nova conjuntura. Ouvindo clientes de diferentes áreas, mas com principal destaque para as indústrias automóvel, dispositivos médicos ou de embalagem, foi possível perceber que será crucial para o sector, responder de forma rápida e eficiente às exigências (cada vez mais desafiantes) do mercado.

Para tal, e em muitos casos, assume especial destaque a necessidade das empresas ganharem dimensão, escala ou massa crítica que lhes permita atingir uma presença mais global, integrando mais competências, lançando novos modelos de negócio, atraindo talento, inovando e proporcionando soluções diferenciadoras e adaptadas aos seus clientes.

Como fazê-lo, foi também tema para análise e discussão neste abrangente fórum de partilha e de interação entre os diferentes agentes da indústria. Fusões e aquisições, agrupamentos complementares de empresas, integrações verticais ou entrada de novos parceiros de capital serão, sem dúvida, temas em cima da mesa nos próximos tempos, mas, o principal destaque foi dado a um “velho conhecido” da indústria – a cooperação.

A evolução das empresas e da sua envolvente acentuaram a necessidade de cooperar ainda mais crítica, seja na partilha de conhecimentos e experiências, na inovação e no I&D, na abordagem aos mercados, na partilha de recursos, nas compras, na formação ou no trabalho junto de escolas e centros de saber para atrair jovens para o sector. Não sendo este um argumento novo ou desconhecido, é uma premissa e uma realidade que temos de reforçar e valorizar para enfrentarmos os (muitos) desafios que temos pela frente.

O sucesso da indústria foi construído sobre uma base de colaboração e conhecimento partilhado, e é essencial continuar a promover estes valores para assegurar o seu desenvolvimento sustentável e uma retoma do crescimento a que assistimos no período pré-pandemia.

EDITORIAL

O Congresso proporcionou uma excelente plataforma para os agentes da indústria se reunirem e discutirem formas de fomentar a cooperação e como esta pode conduzir a melhores resultados para todos os envolvidos. Ao cooperarem, as empresas podem partilhar recursos, conhecimentos e experiência, mitigar riscos, exponenciar oportunidades, em síntese, gerar valor e eficiência nas organizações.

Agora há que passar das palavras aos atos, passar dos conceitos teóricos à prática, juntar as empresas em torno de projetos e objetivos comuns e trabalhar em conjunto para que tal seja uma realidade.

Será fundamental a dinamização de um plano de ação que, assente na colaboração interempresarial, quer na vertente pedagógica (capacitação, mobilização e acompanhamento das empresas), quer na vertente operacional, que permita definir um posicionamento e uma abordagem ao mercado, de uma forma diferenciadora consistente e estruturada.

Ao nível da internacionalização, salientam-se as ações de promoção, o reforço da presença física em mercados estratégicos, a abordagem a novos mercados geográficos ou sectoriais, não esquecendo a monitorização e vigilância dos mesmos.

Na perspetiva organizacional, destaca-se a análise e identificação de medidas estratégicas que reforcem o poder negocial e a capitalização das empresas, da geração de novos modelos de negócio, não esquecendo ganhos de competitividade que possam ser conseguidos em processos de compra conjunta.

Nas vertentes da inovação e produtividade, há que promover o desenvolvimento de projetos demonstradores ou em copromoção com clara ligação ao sistema científico e tecnológico que permitam investigar, demonstrar e implementar novas tecnologias, materiais ou metodologias que respondam às necessidades de diferenciação das empresas no mercado.

Como podemos inferir destes exemplos, os campos para a cooperação são vastos e, sem dúvida, todos podemos sair a ganhar se tivermos uma intervenção proativa nos mesmos, reforçando o posicionamento e integração das empresas em cadeias de valor globais de elevado valor acrescentado.

A CEFAMOL terá, certamente, um papel determinante neste processo e, tal como referido pelo Presidente da Associação, no discurso de encerramento do Congresso, “pretendemos que esta iniciativa não seja um fim, mas sim o princípio de um novo ciclo de desenvolvimento”.

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É IMPERIOSO QUE AS EMPRESAS DIVERSIFIQUEM AS SUAS FONTES DE FINANCIAMENTO

Num momento em que um grande número de empresas do sector passa por um período complexo na sua atividade, a CEFAMOL organizou um debate centrado em duas questões essenciais no momento atual: por um lado, ‘o financiamento e a capitalização na indústria de moldes’ e, por outro, ‘a diversificação de modelos de financiamento em PME’.

Além do tradicional financiamento bancário, foram elencadas possíveis soluções para apoiar as empresas nas áreas de financiamento e capitalização, como o recurso à entrada de capital

exterior, seja através de fundos de investimento, seja com recurso ao mercado de capitais ou à criação de linhas de apoio desde que sejam adequadas às especificidades desta indústria. Uma das conclusões reuniu a unanimidade dos oradores: é fundamental que as empresas diversifiquem as suas fontes de financiamento.

João Faustino, Presidente da CEFAMOL, considerou, na abertura da sessão, e em jeito de contextualização da situação atual, que “estes últimos dois anos não foram fáceis e as empresas estão a passar por um período complicado devido, sobretudo, a falta de liquidez”.

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Um dos problemas é, para João Paulo Marques, da consultora CFA, a limitação imposta pela dimensão das empresas do sector. Explicou que a indústria de moldes é constituída, maioritariamente, por pequenas empresas. “Cerca de 70 % dos produtores de moldes faturam menos de um milhão de euros e têm 50 ou menos trabalhadores”, salientou, considerando que isto não lhes permite ter capacidade negocial com os clientes, por um lado, e atratividade para possíveis investidores externos, por outro. Lembrou ainda que muito do financiamento das empresas está relacionado com o endividamento que, revelou, ronda cerca de 30 a 33 %. “Muitas empresas têm, até, endividamento na ordem dos 35 a 40 %”, acrescentou.

Ou seja, “são empresas pequenas com elevado endividamento e modelos de gestão muito assentes no empresário que é também o criador, o dono, o gestor, o financeiro e até o comercial”.

Para João Paulo Marques, “o modelo foi, até agora interessante, mas o mercado está a mudar e é preciso uma gestão mais elaborada”.

NOVOS FINANCIAMENTOS

No seu entender, “as empresas deviam abrir portas a conselheiros exteriores ou administradores não executivos para terem uma visão mais alargada da realidade e do negócio”. É que, enfatizou, “as empresas crescem, necessitam de mais capital para investir, seja para o processo de produção, seja para o fundo de maneio que, neste sector, é fulcral”. Por isso, a solução pode não residir, apenas, no sistema mais tradicional de financiamento – os bancos – mas também com outro tipo de fontes de financiamento. E desafiou as empresas a olharem para questões como a abertura de capital, as fusões ou mesmo parcerias numa lógica de investimento.

No painel de debate que se seguiu, moderado por José Carlos Gomes, do grupo GLN, o consultor Luís Pinto, da Vitis Consulting, considerou que as empresas têm interesse nestes modelos alternativos de financiamento e, adiantou, “acredito que estão disponíveis – e até desejosas - de encontrar uma solução”.

Estes financiadores podem ser, desde potenciais parceiros, como fundos ou outras empresas da mesma área, ou de sectores diversos, e até mesmo clientes. Mas isto não invalida, acentuou, as

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medidas de apoio estatal. No seu entender, “os fundos poderão não ser o mais adequado, tendo em conta a experiência já conhecida que, aparentemente, não fez prevalecer o interesse do sector, até porque se sustentam numa visão a muito curto prazo”. A solução passa por investidores que olhem para a questão numa lógica de longo prazo, defendeu.

“Hoje, as empresas demoram a receber o que produzem”, salientou, considerando que seria importante a criação de linhas de apoio desde que “preparadas para a realidade dos moldes”. Mas, sustentou, “as que existem neste momento não respondem à necessidade das empresas do sector”.

Em relação à dimensão das empresas, Luís Pinto considera que para alcançar poder negocial terão, de facto, de criar outra escala. No entanto, defende que a “a dimensão das empresas portuguesas evitou que acontecesse em Portugal o que aconteceu noutros países da Europa, onde os moldes terminaram”. É que “as empresas portuguesas, pela sua dimensão mais reduzida, são maleáveis e resistem”. Além disso, a dimensão permite também que, apesar de “não estarem formalmente conectadas,

as empresas conseguem trabalhar em rede, o que é uma grande vantagem”.

Sónia Calado, da DRT, afirmou ver com bons olhos a abertura de capital a fundos como solução para as dificuldades de tesouraria das empresas. No entanto, advertiu: “mas não com estes fundos que conhecemos e que, de alguma forma, já o fizeram em empresas do sector. Ou seja, uma solução que não esteja centrada na compra de capital, mas antes no reforço de capital”. E, adiantou, se a opção fosse a criação de fundos com garantias do Estado e duração de longo prazo, poderiam “ser uma real possibilidade de solução”.

POLÍTICAS ESTRATÉGICAS

As empresas, lembra, “estão muito descapitalizadas e endividadas, depois de anos de arrefecimento da indústria automóvel, da pandemia de Covid e das consequências da guerra na Ucrânia”. E uma dessas consequências, frisou, é difícil de ultrapassar: “o preço dos moldes baixou”. Logo, adianta, “as empresas não têm forma

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de fazer refletir no preço final o aumento dos custos de produção”. E isto porque “não estamos sozinhos no mundo. E países como a Itália, por exemplo, têm o Estado a apoiar, com linhas específicas destinadas aos moldes, enquanto a Alemanha também apoia as suas empresas”. Por isso, defende, “devia haver em Portugal políticas estratégicas para este sector como há nos outros países, que assegurassem financiamento às encomendas, mas também seguros de crédito eficazes”.

Por último, sugeriu a criação, no seio da CEFAMOL, de um “grupo de trabalho para estudar a criação de algo como um agrupamento complementar de empresas” que possa avançar para o mercado de capitais, com a criação de obrigações convertíveis, que possam assegurar o financiamento das empresas.

‘A diversificação de modelos de financiamento’ esteve em destaque na segunda parte desta sessão, com um painel composto por oradores representando entidades bancárias e do mercado de capitais.

Isabel Ucha, da Euronext Lisbon, explicou as vantagens que as empresas têm se optarem por uma solução deste tipo como forma de financiamento. Os investidores, neste caso, “não têm ambição de gerir a empresa”. Logo, trata-se de uma solução que permite “ir buscar mais capital e manter a autonomia da gestão”. Em contrapartida, advertiu, implica uma maior abertura e transparência da empresa.

No espaço de debate moderado por Gonçalo Caetano, do grupo Simoldes, o consultor Ricardo Luz, da Gestluz, chamou a atenção para “uma realidade que as empresas nem sempre têm presente: os empresários acham que o mundo é como era, mas ou abrem capital, ou não conseguem competir, porque, hoje, é o mercado que dita as regras”.

Jorge Ferreira, CEO da empresa Palbit, salientou, por seu turno, que “o que faz os projetos é a rentabilidade das empresas”. Logo, essa tem de ser uma questão central para os empresários. E ao procurar um parceiro ou financiador, salientou ainda, “é preciso que consigamos dar a conhecer o projeto de sucesso que temos, o que a empresa acumulou ao longo dos anos de experiência e a sua ambição de crescimento”.

Presente no painel, Gonçalo Regalado, do Millennium BCP, enalteceu o carácter empreendedor das empresas do sector e assegurou que a entidade bancária que representa tem como prioridade “apoiar as empresas, de forma a assegurar o seu sucesso”. Há que haver projetos credíveis e sustentáveis e tais serão certamente apoiados.

Este encontro foi a primeira de duas iniciativas integradas nos trabalhos de preparação do XI Congresso da Indústria de moldes, realizado em março, em Oliveira de Azeméis.

NOTÍCIAS CEFAMOL /

LUÍS PINTO VITIS CONSULTING

“É preciso linhas de crédito adequadas às necessidades do sector”

As empresas da indústria de moldes estão, neste momento, a viver algumas dificuldades de tesouraria. O que é fundamental que se faça para ultrapassar a questão?

A solução tem de passar, forçosamente, por uma ação coordenada das empresas do sector. Não pode ser ação individual porque não têm dimensão, nem poder negocial para resolver a questão. Tem de passar por ações coordenadas, organizadas e dinamizadas, eventualmente até pela associação, a CEFAMOL.

No meu entender, uma das questões fundamentais passa por adaptar as linhas de financiamento que existem às necessidades e características da indústria de moldes. As linhas de apoio, de uma maneira geral, não vão ao encontro e não respondem às necessidades e características das empresas. Por isso, não resolvem a questão. Tem de haver linhas de crédito direcionadas que apoiem a exportação e a produção de encomendas firmes.

Estas linhas têm existido, ao longo dos anos, mas por iniciativa dos próprios bancos. Não são linhas que tenham apoio do Estado, nomeadamente em termos de contra-garantias. Por conseguinte, se os bancos não responderem afirmativamente, e poderão não o fazer porque o sector está muito endividado e não têm interesse nisso, estas linhas não ficam operacionais. É preciso que o Estado, através de mecanismos que possa colocar no mercado - como as garantias -, possa permitir a operacionalização deste tipo de linhas.

Para acontecer, terá de ser, forçosamente, por via da pressão das empresas do sector junto do Estado para que reoriente os requisitos de acesso às linhas de crédito e as adapte às necessidades da indústria.

JOÃO PAULO MARQUES CONSULTORA CFA

“É fundamental ter um plano de negócios e um plano de ação”

As empresas da indústria de moldes estão, neste momento, a viver algumas dificuldades de tesouraria. O que é fundamental que se faça para ultrapassar a questão?

É fundamental ter um plano de negócios e um plano de ação para que possam, junto de entidades financiadoras, renegociar créditos, ou pedir/ procurar novos investidores para fazer face a isso. Acho que a qualidade da informação prospetiva e de futuras previsões são essenciais para que se possa dar um salto no nível de empresas que temos. E isso repercute-se, quer a questão da tesouraria, quer até a nível estratégico.

Depois, temos de ter em conta que a dimensão é importante. A escala, neste tipo de indústria - que é de capital intensivo e de mão de obra intensiva -, é importante para ter acesso a melhorias, quer ao nível das compras, quer ao acesso a determinados mercados que estão vedados a empresas mais pequenas. Caso não se ganhe escala, seremos sempre os eternos subcontratados do fim da linha. E com menor margem.

Um outro ponto passa pela recapitalização. A aquisição de empresas dentro do sector não tem muita viabilidade porque estamos a falar de organizações com pouca capacidade financeira para fazer investimentos fora da sua atividade operacional. Acho que as fusões são uma hipótese bastante interessante e também uma ideia que foi lançada no decorrer da conferência, de se avançar para eventuais ações grupadas. Pode, na minha opinião, ter pernas para andar.

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Conduzir a cultura da organização e incutir valores, de forma a gerar condições para a realização da mudança, possibilitando criatividade e inovação e, a par disto, promover o envolvimento das pessoas. São estes os desafios que se colocam às empresas, tendo como meta a criação de valor sustentável.

Esta foi uma das principais conclusões do segundo Encontro da Indústria de Moldes, promovido pela CEFAMOL. Tendo como tema ‘Produtividade: Organização, Eficiência e Pessoas’, o evento reuniu várias dezenas de profissionais da indústria, afirmando-se como uma oportunidade para discutir metodologias e processos, de forma a apoiar o sucesso e competitividade das empresas.

Profundo conhecedor da indústria, com a qual trabalha desde 1989, José Morais, da Lexus-Consultores, deu o mote para a discussão, no primeiro painel, desenvolvendo a questão dos ‘Modelos de Excelência Organizacional’. Falou de quatro modelos organizacionais enquanto

ferramentas essenciais para dotar as empresas de condições para incrementar a produtividade e eficiência, destacando o que melhor se poderá aplicar à indústria de moldes. Este, salientou, é o Modelo Europeu (Europeen Foundation for Quality Management – EFQM), criado no final da década de 1980, quando as grandes empresas europeias sentiram necessidade de construir um modelo para serem mais competitivas e tornar a Europa mais competitiva.

Tal foi evoluindo e hoje é um modelo adotado por organizações de várias dimensões, dentro e fora da Europa, que são premiadas pelos seus bons resultados. Baseado em níveis, incide sobre três eixos principais: a direção (com várias orientações), a execução e os resultados.

O modelo pressupõe metodologias que possibilitam, por um lado, definir propósitos e visão, compreender o ecossistema, as necessidades e os grandes desafios e, por outro, o desenvolvimento

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EMPRESAS TÊM DE APOSTAR NA CULTURA DA ORGANIZAÇÃO, NO VALOR SUSTENTÁVEL E NAS SUAS PESSOAS

de estratégias e a conceção e implementação de um sistema de gestão de desempenho. E com isto, salientou, “conduzir a cultura da organização e incutir valores, de forma a criar condições para a realização da mudança”.

José Morais explicou ainda que, em Portugal, este modelo é usado com sucesso, tanto por grandes como por pequenas organizações, convidando as empresas a aprofundar o seu conhecimento sobre este modelo que as pode apoiar na estratégia de melhoria de desempenho.

Os restantes modelos que abordou - o modelo americano (Malcom Baldridge), ou o modelo japonês (Deming Prize) ou o ibero-americano de excelência – são, no seu ponto de vista, menos adequados à indústria de moldes.

Lançado este mote, seguiu-se um painel de debate, tendo como tema a ‘Eficiência e Produtividade na Indústria de Moldes’, com Ricardo Gonçalves (SINMETRO), Irene Ferreira (STREAM) e Mercedes Domingues (CENTIMFE).

Para Ricardo Gonçalves, o grande desafio para a produtividade implica “criar algo que nunca foi criado”. Isto obriga a “grandes alterações” e a uma aposta na qualidade enquanto condição para estar no mercado. Considerou ainda ser necessário seguir um rumo de “inovação contínua, gerar valor, envolver as pessoas na mudança, integração e conetividade”.

FAZER DIFERENTE

Já Irene Ferreira centrou a sua intervenção nos constrangimentos que muitas vezes se colocam às empresas, bem como às possíveis respostas para os solucionar. Enfatizando que produtividade e eficiência não são a mesma coisa, considerou que para ser eficiente uma empresa precisa de “pensar fora da caixa”. Ou seja, “potenciar a capacidade de fazer coisas diferentes e melhorar”. Uma das lacunas, salientou, é que as empresas não têm, por exemplo, equipas dedicadas à inovação. “As organizações têm projetos, mas estão a desenvolvê-los com pessoas que têm outra função”, afirmou, considerando que esta é uma realidade que é necessário mudar. Além disso, é necessário apostar em produtos com valor, melhorando a forma de os produzir.

Alertou, ainda, que “temos de pensar a nível organizacional e de processos”. O caminho, no seu entender, passa por formar as

pessoas em gestão de projetos, estabelecer planos, monitorizar, comunicar, partilhar e reconhecer. É também fundamental que as empresas pesquisem, de forma a conhecer a realidade exterior, façam vigilância de mercados e de processos tecnológicos, adotando boas práticas. A nível interno, defendeu que é crucial “fazer mais com menos ou com o mesmo”.

Uma quantidade grande de empresas tem fraquezas preocupantes como a não existência de planeamento estratégico ou a falta de conhecimento do que se passa em tempo real na produção. Por isso, enfatizou, é preciso adaptar modelos que produzam resultados, trabalhando e apostando na digitalização, articulando resultados e mudando mentalidades.

Para Mercedes Domingues, para ser eficiente é necessário que a empresa faça o uso eficiente dos recursos, do tempo, das competências técnicas e das infraestruturas. “A nossa indústria investe muito nos recursos, mas ter recursos disponíveis é diferente de ter e fazer uso eficiente deles”, advertiu.

Para melhorar a eficiência, é preciso corrigir o que a degrada, ou seja, o desperdício, lembrando que, para isso, é necessário apostar no planeamento da produção. “Ter um processo mal estabilizado, alocação inadequada de recursos, sistemas de monitorização inadequados e fraco comprometimento das pessoas coloca em causa a eficiência”, afirmou, considerando que o caminho passa por adotar uma metodologia que o CENTIMFE tem aplicado com sucesso: “identificar o problema, medir (recolher dados, observar, ir ver no terreno), analisar, identificar as melhores ações, incorporar a mudança e garantir que se mantém, com redução do desperdício”.

As principais dificuldades para avançar com isto são, muitas vezes, o reconhecimento do problema e a vontade de querer agir e mudar. Por isso, enfatizou, o desafio é “aumentar o volume de negócios, diversificar, novos mercados, a promoção internacional, melhorar o poder negocial e a eficiência, bem como a cooperação sectorial, aperfeiçoando a oferta e soluções mais inovadoras e sustentáveis”.

PESSOAS FELIZES

O tema ‘Pessoas e Competências’ esteve em destaque num segundo painel, no decorrer do Encontro, com um debate moderado por Artur Ferraz (IBC). Neste, coube a Patrícia Villas-Boas (Schmidt Light Metal Group) fazer uma primeira abordagem à questão e lembrar que as pessoas são o elemento essencial das organizações e, ao contrário do que acontecia no passado, hoje elas só permanecem nas empresas se se sentirem integradas e felizes.

“Não há critérios exatos nem modelos únicos para todas as empresas”, começou por salientar, lembrando, contudo, que o templo acelera muito rápido e, por isso, é preciso estar atento e agir.

Na questão das pessoas, por exemplo, defendeu que se as ferramentas já não servem, têm de ser substituídas por outras. Lembrou que a realidade mudou com a pandemia, porque a perceção das prioridades foi também alterada. “Hoje, para me desenvolver, tenho de estar no topo da pirâmide: para além de seguro, tenho de estar bem”, afirmou.

Isto implica, no seu entender, uma visão holística no que diz respeito a trabalhar a gestão de talento. Até porque, sublinhou, “é uma função estratégica do negócio”. As organizações, considerou ainda, “têm

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de saber falar de pessoas”, adiantando que, se queremos pessoas felizes no trabalho, “estas têm de se sentir seguras, vistas, ouvidas e respeitadas”. “Temos de olhar para as pessoas como função estratégica das nossas empresas”, adiantou. Para que isto aconteça, “é preciso coragem, mas também humildade dos líderes numa indústria que não está habituada a falar”.

EQUILÍBRIO

Inês Brandão (Polisport Group) chamou a atenção para o facto de que “muitas empresas ainda não estão a interiorizar esta questão com a prioridade que deve ter”. E frisou que, hoje, “as pessoas só estão nas empresas quando se sentem com um propósito”. O equilíbrio da vida pessoal com a profissional é essencial, lembrou. Por isso, “temos de adaptar a cultura organizacional e estar preparados para isto, até porque, hoje, as empresas não escolhem pessoas: são as pessoas que nos escolhem”. As organizações têm de estar focadas no bem-estar dos seus colaboradores. E estes, salientou, “estão na empresa até ao momento em que a experiência os satisfaz e sentirem que contribui para o seu crescimento pessoal; depois disso, partem para outra experiência”. No seu entender, é fundamental que as empresas “apostem na formação de novos e melhores líderes”.

Teresa Bernardino (CENFIM) levou ao debate a visão de quem está a preparar o futuro do mundo do trabalho. Advoga que questões como a cultura da empresa e a forma de recrutamento são, hoje, muito importantes. “É fundamental que os empresários saibam gerir os talentos dos jovens recém-formados”, defendeu, considerando que “temos empresas que tratam os nossos formandos com muita dignidade e eles sentem-se seguros e respeitados”. “É preciso mimar a nossa mão de obra”, salientou.

No caso do centro de formação, explicou que o desafio é que “não basta trabalhar apenas o saber-fazer, mas também o saber-estar”. Ou seja, questões como o desenvolvimento pessoal ou a inteligência emocional. Contou ainda que grande parte dos jovens que surgem para formação têm conhecimento do sector porque têm familiares na indústria e conseguem estabelecer uma comparação entre aquilo que já ouviram falar e a realidade com que são confrontados. E uma vez chegados às empresas, é crucial que estas consigam estar dotadas de condições que os atraiam e os desafiem para que se sintam motivados a permanecer.

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PRODUTIVIDADE: ORGANIZAÇÃO, EFICIÊNCIA E PESSOAS

JOSÉ MORAIS, DA LEXUS-CONSULTORES

“Modelo de gestão possibilita que a empresa consiga trabalhar de maneira diferente”

Em Portugal, em geral, as empresas estão pouco informadas sobre modelos de gestão, mas esta é uma questão que é determinante. Ao longo dos anos, tem-se dito que as PME, de uma maneira geral, têm insuficiência de gestão: e o problema começa precisamente aí, por exemplo na orçamentação. E se não tenho um sistema de gestão – e não é da qualidade, nem do ambiente porque isso está burocratizado -, é preciso reformular essa questão, é necessário recolher e tratar dados e transformá-los em informação.

Muitas vezes, estamos a gerir as empresas com base em dados e informação que não é fiável. O modelo, ao construir o sistema de gestão de desempenho e o de governação, vai colmatar as deficiências, incluindo a questão da eficiência e a produtividade.

Para começar, a empresa tem de se repensar e olhar para o seu propósito. Conseguir distinguir aquilo em que a empresa se diferencia da concorrência, de forma a conseguir valorizar o seu produto e não concorrer apenas pelo preço. Um modelo de gestão tem este processo de autoavaliação com ferramentas estruturadas, umas mais complexas que outras, mas permite à empresa fazer uma introspeção, envolver as pessoas e possibilita que se consiga trabalhar de maneira diferente.

PATRÍCIA VILLAS-BOAS (SCHMIDT LIGHT METAL GROUP)

“Só somos bons no que fazemos quando colocamos as pessoas em primeiro”

Os donos das empresas de moldes têm de ter a consciencialização de que o sucesso passado não nos assegura sucesso futuro. As empresas têm, por isso, de fazer um exercício consciente e corajoso de que se calhar não estão onde deviam estar. ‘Coragem’ devia ser a palavra de ordem e devia estar no léxico das empresas todas, porque vai ser preciso tomar decisões difíceis para manter os negócios vivos.

Se as pessoas não estiverem motivadas, se não trabalharmos para as pessoas, não vamos ter sucesso. Temos de ter coragem e humildade porque só somos bons no que fazemos quando colocamos as pessoas em primeiro. Hoje, servir apenas os clientes já não chega. É preciso servir as nossas pessoas também.

Lidamos com escassez de pessoas. Mas também sabemos que há funções que, num curto espaço de tempo, vão deixar de ser necessárias. Temos de trabalhar para fixar as pessoas nas nossas empresas e para que o talento não saia de Portugal. Para além disso, as empresas têm de ter noção de que falamos cada vez menos de longo prazo. Falar de estratégias de longo prazo faz pouco sentido porque o mundo muda muito rápido. Por isso, é preciso saber bem o que definir para vingar num mundo competitivo que é o mundo global, tendo sempre presente que temos de o saber comunicar às pessoas.

É preciso mudar. Mas as empresas têm de querer fazer essa mudança.

TERESA BERNARDINO (CENFIM)

“É frustrante ter centros de formação cada vez mais bem equipados e não ter formandos para completar as turmas”

As novas competências são um tema prioritário na nossa ação. Principalmente nos cursos de aprendizagem - que são os cursos de jovens com dupla certificação: 12.º ano mais a qualificação profissional -, temos todos os períodos, horas de formação a que chamamos atividades complementares, dedicadas a vários tipos de projetos. Temos parcerias com a GNR ou com a Cruz Vermelha, com entidades que nos vêm falar sobre álcool, prevenção rodoviária ou violência no namoro, temos empresas de recrutamento que vêm ensinar os nossos formandos a apresentar-se numa entrevista ou como devem fazer as suas páginas nas redes sociais mais profissionais. Há toda uma série de temáticas que vamos trabalhando durante o curso.

Antes de irem para as empresas, reunimos com os jovens e preparamo-los para o mundo de trabalho e para o que vão encontrar. Há todo um conjunto de temáticas extra ‘área técnica’ que é trabalhado para inserir os jovens, da melhor forma, na sociedade. A maior parte das empresas acolhe bem os formandos.

O nosso grande desafio é a falta de formandos. É muito frustrante para nós ter centros de formação cada vez mais bem equipados e depois não ter formandos para completar as turmas. E, ao mesmo tempo, receber chamadas diárias das empresas a pedir mão de obra qualificada. Estamos todos a trabalhar – desde o ensino, às associações e empresas – porque é um problema que começa a ser transversal, para o qual temos de encontrar uma solução.

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ENCANTAR O CLIENTE PARA ASSEGURAR MELHORES NEGÓCIOS

“Mais do que garantir a satisfação e a fidelização dos seus clientes, as empresas têm de caminhar no sentido de os encantar”. Ou seja, superar as suas melhores expectativas. Sendo certo que a decisão da necessidade de comprar um molde é muito racional, na prática, já na fase da compra, entram os componentes emocionais. “E vender um molde – tal como vender outro produto – assenta, sobretudo, na capacidade de estabelecer ligações com pessoas”.

Esta foi uma das principais conclusões do webinar ‘Roadmap para a Internacionalização’ que, organizado pela CEFAMOL, decorreu no dia 1 de março, no âmbito da estratégia de promoção internacional ‘Engineering & Tooling from Portugal’. Para o orador convidado, José Carlos Pereira, consultor e formador, “a capacidade de relacionamento com pessoas é fundamental para assegurar o sucesso do negócio”.

Os mercados internacionais de destino das exportações de moldes, e toda a sua dinâmica atual, obrigam a novos e diferenciados modelos de abordagem para converter leads em clientes, defendeu. E exemplificou: na indústria de moldes, entre a quantidade de orçamentos feitos e os resultados alcançados, a percentagem oscila, no máximo, em valores por volta dos 5 %. “Isso significa que, para conseguir 5 milhões em vendas, uma empresa tem de orçamentar, pelo menos, 100 milhões”, sublinhou, considerando que este cenário pode mudar e as empresas podem, efetivamente, ter um desempenho diferente.

“Entre os clientes, os que não conhecem e não compram, os que conhecem e não compram e os que conhecem e compram, há um conjunto de oportunidades que as empresas devem aproveitar. Como? Planeando e medindo resultados”, afirmou.

Atendendo ao momento atual que a economia atravessa, lembrou que a pandemia trouxe uma nova forma de abordagem, mais virtual. “E através dos meios online, o objetivo hoje é fazer com que os clientes visitem as empresas e não tanto que as empresas dediquem tanto esforço a contactar clientes, como fazem tradicionalmente em feiras ou missões”, defendeu. Contudo, admitiu, “o negócio dos moldes é um B2B complexo”, porque, na prática, as empresas não vendem moldes, mas sim “a sua capacidade altamente qualificada e profissional de o fazer, vendem engenharia, vendem qualidade, vendem excelência”.

No seu ponto de vista, o que vai levar à decisão final do cliente “não é, na generalidade dos casos, o preço. Mas antes a certeza de que a empresa vai conseguir fazer o melhor trabalho”. Ou seja, a confiança é, neste aspeto, um fator “fulcral”. E se não existir esta confiança, se não se conseguir criar uma relação com o cliente, “então, sim, a única coisa que se discute é o preço”.

EQUILÍBRIO

Com o mundo a mudar a uma velocidade vertiginosa, José Carlos Pereira admite que é difícil não sentir a volatilidade ou a incerteza. Mas, na essência, “se compreendermos o comportamento das pessoas conseguimos, muitas vezes, melhores resultados do que tendo as melhores e mais recentes tecnologias”.

A estratégia de cada empresa tem de apontar, além do acréscimo das vendas, também no crescimento da organização e no seu posicionamento e notoriedade. “Temos de chegar ao mercado não com a bandeira do preço, mas com a certificação de valor”, acrescentou. Para responder a um mundo que hoje é caracterizado pela fragilidade, pela ansiedade, por não ser linear e ser até incompreensível, defende que as empresas têm de apostar na velocidade, agilidade e adaptação.

A escala e diversificação de mercados são caminhos incontornáveis. No entanto, para que as empresas consigam orientar-se e caminhar com rumo definido, é essencial que se guiem por indicadores e tenham a noção real do ‘custo’ dos seus clientes. Medir é fundamental. É que, frisou, “muitas vezes, aplicamos muitos recursos na conquista de novos clientes e esquecemo-nos de assegurar que mantemos satisfeitos os que já são nossos”. Este equilíbrio, sustenta, “é fundamental para o negócio correr bem”.

No caso concreto da indústria de moldes e os seus mercados internacionais, o orador partilhou as suas preocupações com as mais de três dezenas de profissionais que assistiam ao webinar “Nos moldes portugueses, 75 % das vendas estão assentes em 10 mercados; quase 50 % estão em três mercados e 60 % estão em cinco mercados (Espanha, Alemanha, França, Polónia e Chéquia)”, advertiu, considerando que esta dependência “pode trazer aspetos negativos no futuro”. Como exemplo, lembrou a dependência do sector automóvel e os desafios que tal tem colocado às empresas.

“É preciso vender mais, melhor, em novos sectores, com novos modelos de abordagem e olhando mais atentamente para as novas narrativas do virtual e social selling”, considerou. A proximidade é importante, mesmo quando se fala em internacionalização, salientou, considerando ser, por isso, muito importante que as empresas se apoiem em organismos facilitadores e conhecedores dos mercados. E para que a estratégia seja bem conseguida, concluiu, é preciso “paciência, persistência, perseverança, plano e preço”.

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EMPRESAS FAZEM BALANÇO POSITIVO DE ENCONTROS BILATERAIS NA ROMÉNIA

Saldou-se pela positiva a participação portuguesa no evento ‘Automotive Expo & B2B Meetings’, que decorreu no dia 30 de março, em Sibiu, na Roménia. A CEFAMOL marcou presença, acompanhada pelas empresas CR MOULDS, FOZMOLDES, PMM, PRIFER e SOMEMA, numa participação coletiva inserida no âmbito do projeto de promoção internacional ‘Engineering & Tooling from Portugal’.

Patrício Tavares, da CEFAMOL, explicou que se tratou de “um evento híbrido, de um único dia, constituído por uma parte de exposição ‘tradicional’ e uma outra de encontros bilateriais”. Destacou ainda, no âmbito desta ação, o papel relevante do delegado da AICEP, Hélio Campos, que esteve presente durante todo o evento e que deu um forte contributo para a identificação de empresas que possam constituir potenciais alvos de futuras ações coletivas a dinamizar no mercado.

Dedicada sobretudo ao sector automóvel, esta feira concentrou vários fornecedores dessa indústria, sobretudo de segunda e terceira linha. Os visitantes foram as OEM e os fornecedores de primeira linha. Essas visitas e encontros bilaterais, conta Patrício Tavares, “foram positivos para as empresas portuguesas que, além da feira, realizaram visitas a empresas locais, algumas delas multinacionais ali representadas”.

Algumas das empresas nacionais, salientou ainda, “encontraram grande potencial no mercado, de tal forma que manifestaram, até, a intenção de apostar mais naquele país, organizando novas visitas e estabelecendo novos contactos, a título individual”. “Foi um evento que, apesar de pequena dimensão, demonstrou ter um forte potencial de negócio”, sublinhou.

Esta foi a segunda vez que a CEFAMOL e as empresas portuguesas participaram. Mas esta feira cumpriu, este ano, a décima edição. A primeira participação nacional, em 2021, decorreu ainda na era Covid e o evento foi, então, realizado online. Mas as empresas que participaram consideraram-no bastante interessante e, por isso, houve, desde logo, a intenção de regressar.

Em 2022, por questões de calendário, não houve oportunidade de participar, mas este ano, e face ao feedback positivo, a CEFAMOL integrou a participação na lista de feiras e eventos para 2023, no âmbito do seu projeto de internacionalização.

MERCADO CRESCENTE

A Roménia, conta Patrício Tavares, é um mercado interessante para os moldes nacionais, que tem vindo a expandir-se nos últimos anos. “Apesar de, na área automóvel, estarem ali instaladas várias multinacionais, o poder de decisão nem sempre lá está”, adverte, acrescentando que, no entanto, “a indústria local não dá resposta às necessidades das grandes empresas, sobretudo no que diz respeito aos moldes”.

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Pela sua localização, a Leste, o país é um dos mercados de deslocalização da indústria, não apenas automóvel, mas de forma transversal. A Roménia não assume ainda, a esse nível, o potencial da Polónia ou da Chéquia – mercados emergentes e que concentram uma enorme capacidade industrial -, mas tem vindo a atrair um número crescente de grandes empresas que ali se começam a instalar.

Além disso, enfatiza Patrício Tavares, a Roménia foi a economia que mais cresceu na região, nos últimos três anos, enquanto mercado dos moldes nacionais. Em 2021, por exemplo, integrou o top 10 dos principais mercados dos moldes portugueses, ocupando a 9.ª posição, com o volume de negócios a ascender a 17 milhões de euros.

Até então, tratava-se de um mercado praticamente residual, sublinha. Mas notou-se a diferença que foi conquistando nos últimos anos com a presença de muitas multinacionais que já se instalaram ali, havendo ainda intenção declarada de várias outras por aquele mercado. “Isso significa que, com esta dinâmica industrial, não apenas no automóvel, mas noutras áreas, o país tem grande potencial”, conclui.

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MICE: EMPRESA CONQUISTA CLIENTES COM TECNOLOGIA DE INJEÇÃO A BAIXA PRESSÃO

O responsável conta que, para já, o mercado nacional é o principal cliente (apesar de trabalhar indiretamente para exportação), mas um dos grandes objetivos da empresa é uma aposta mais consistente na internacionalização. Tem, atualmente, clientes diretos em França, Suíça e Irlanda.

Criada em 2013, a MICE – Molds and Injected Components Engineering é uma spin-off da Universidade do Porto, que aposta numa nova tecnologia – Reaction Injection Moulding (RIM) – resultante de mais de duas décadas de investigação e que consiste na injeção de plásticos a baixa pressão, naquilo que pode ser considerado um processo intermédio entre a prototipagem e a produção em massa.

A partir da academia, e face aos bons resultados obtidos em todo o processo de investigação, a tecnologia deu corpo a um projeto industrial, atualmente instalado na Zona Industrial de Romariz, em Santa Maria da Feira.

A unidade assenta a sua produção no desenvolvimento e engenharia de produtos e compósitos plásticos, com especial enfoque em baixos e médios volumes de produção, procurando ir ao encontro das necessidades de cada projeto específico e cliente (projetos chave na mão), assegurando um curto período de time-to-market e custos mais baixos, explica Nuno Gomes, o seu fundador.

A nível sectorial, os seus clientes estão em áreas de negócio consideradas ‘nichos de mercado’, nas quais as produções se situam entre as 10 e as 50 mil unidades. Destes, assumem lugar de destaque os fabricantes de componentes, seja para mobilidade (para autocarros, comboios, ambulâncias, entre outros), empresas de fabrico de equipamentos industriais ou o sector mobiliário.

A MICE é composta, atualmente, por sete colaboradores. A empresa, explica Nuno Gomes, não fabrica os moldes – recorre ao exterior para tal – assegurando todo o restante processo, até à peça final.

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TCC: APOSTA NO RIGOR PARA ASSEGURAR PRAZO E QUALIDADE

Fundada em 1993, a TCC, com sede na zona da Marinha Grande, é uma empresa de comercialização e fabricação de moldes para a indústria de plásticos, especializada na elaboração da melhor resposta aos seus clientes: desde a conceção do projeto, ao fabrico e controlo de qualidade.

Tendo como foco as necessidades dos seus clientes, procura assegurar a solução mais otimizada, de forma a fornecer a melhor qualidade no mais curto prazo. Através de uma aposta no rigor, a empresa tem trilhado um caminho de crescimento e consolidação da sua imagem no sector dos moldes, fidelizando clientes e fomentando parcerias duradouras.

Tem, atualmente, 12 colaboradores altamente qualificados e que a empresa considera serem a chave do seu sucesso.

A conjugação desta equipa com os equipamentos tecnológicos adequados tem permitido garantir uma resposta eficiente aos desafios cada vez mais exigentes dos seus clientes que estão localizados, geograficamente, na Europa, nomeadamente na Suécia, Espanha, Bélgica, França e Dinamarca.

A nível sectorial, a empresa desenvolve produtos para mercados diversificados tendo à cabeça a indústria automóvel, mas trabalhando também para as áreas da eletrónica, produtos de consumo, aeronáutica, médica e industrial.

Graças à experiência e amplo conhecimento da indústria, conjugados com a utilização de tecnologia de ponta, a TCC fornece moldes de alta qualidade, independentemente da sua complexidade e a um preço muito competitivo. No futuro, a ambição da empresa é manter o crescimento sustentado, criando valor aos seus clientes, mas também aos colaboradores e aos fornecedores.

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SB MOLDE: UM QUARTO DE SÉCULO DE RIGOR E INOVAÇÃO

Desde muito cedo percebeu a importância das novas tecnologias nesta área crucial do fabrico do molde, sendo uma das pioneiras na adoção e utilização sistemática do desenho 3D. Além dos serviços de projeto de moldes para plásticos que disponibiliza à indústria desde a sua origem, também desde muito cedo começou a fornecer software de CAD/CAM/CAE específico para o sector.

Com sede na Marinha Grande, a SB Molde celebra este ano o seu 25.º aniversário. Um quarto de século marcado pela evolução contínua, o desenvolvimento sustentado na parceria com os clientes e a aposta permanente no rigor e na inovação, quer seja nos serviços como nos softwares mais competitivos que disponibiliza à indústria. A empresa é hoje constituída por uma dezena de pessoas e tem, desde 2009, uma delegação em Águeda.

Numa época em que a área de projeto de moldes ainda dava os primeiros passos na digitalização, com o estirador a ser ainda imagem de marca das empresas, os seus fundadores decidiram juntar os conhecimentos que detinham e se complementavam (projeto e programação), e avançaram com a criação de uma empresa. Nasceu assim, a SB Molde, em 1998.

Foi esta conjugação entre a tecnologia de vanguarda e o conhecimento humano que permitiu à empresa ir crescendo e consolidando a sua posição no mercado, posicionando-se sempre na vanguarda desta indústria.

Nos primeiros anos de atividade trabalhou exclusivamente para as empresas de moldes nacionais. Aliás, os primeiros clientes da SB Molde foram precisamente, as empresas de onde saíram os sócios fundadores. Mas com o crescimento, foi alargando a sua área de intervenção. Os primeiros clientes internacionais localizavam-se em França, mas detinham também uma unidade no Brasil. Seguiramse outros, em países como Inglaterra ou os Estados Unidos e, em destaque, a Alemanha.

Hoje, o mercado nacional continua a representar a maior fatia, no que diz respeito ao número de clientes (cerca de 80 %).

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Atualmente, a SB Molde é composta por dez colaboradores altamente qualificados, sendo a indústria automóvel, sectorialmente, o seu principal mercado, no entanto, desenvolve também algum trabalho para outros sectores como, por exemplo, o médico.

DIVERSIFICAÇÃO

Face à necessidade de expansão e com o objetivo de uma maior diversificação de atividades, em 2009 a SB Molde inaugurou uma delegação em Águeda, tendo como propósito o desenvolvimento de projeto para ferramentas, cunhos e cortantes. Com um foco sempre orientado para a tecnologia de vanguarda, a empresa começou em 2020, a apostar em novos softwares que disponibiliza às empresas do sector.

Os seus sócios classificam como “muitos desafiantes” estes 25 anos de atividade da empresa. Ao longo destas duas décadas e meia, o mundo assistiu a vários momentos de tensão e mudança – como o atentado às torres gémeas nos Estados Unidos, a pandemia de Covid-19 ou a guerra na Ucrânia, que provocaram dificuldades na economia, para as quais foi necessário encontrar soluções. E a empresa soube sempre fazê-lo.

Por outro lado, a tecnologia tem registado uma evolução tremenda que, salientam, tem sido necessário acompanhar e potenciar. Neste aspeto, a SB Molde tem conseguido, também, encontrar as melhores respostas.

Todos estes momentos serviram para reforçar a capacidade da empresa que, em termos de futuro, se prepara para dar mais um desafiante passo: a mudança de instalações. Como todos os passos, esta mudança está a ser preparada de forma ponderada e consistente, permitindo dotar a empresa de melhores condições para apostar em novas e melhores respostas para servir os seus clientes.

Afinal, a qualidade dos serviços que presta e dos softwares que disponibiliza continuam a ser a prioridade. Por isso, explicam querer “continuar a otimizar o nosso desempenho para satisfação plena dos nossos parceiros e clientes, através da melhoria de métodos e tecnologias de trabalho, com o envolvimento total da nossa equipa”.

Apesar de 2023 ser um ano marcado por grandes incógnitas no que diz respeito à indústria de moldes, os responsáveis da SB Molde afirmam-se otimistas. Mas não escondem alguma preocupação. “Estamos a olhar para o futuro com muita cautela, até porque os indicadores económicos não são muito abonatórios”, afirma Sérgio Fortunato, sublinhando que, apesar disso, a empresa espera, pelo menos, manter os resultados de 2022 que, acrescenta, “foi um ano bastante positivo”. Por isso, asseguram estar preparados para o que o futuro lhes reserva. “O que os períodos complicados nos ensinaram é que na bonança temos de nos preparar para as possíveis tempestades. Assim conseguimos chegar aos 25 anos e assim nos posicionamos para garantir o sucesso no futuro”, afirmam.

ANIVERSÁRIO DOS ASSOCIADOS //

REROM: SOLUÇÕES INOVADORAS PARA INCREMENTAR PRODUTIVIDADE

DAS EMPRESAS

assegurando qualidade, rigor e excelência. Uma das suas principais apostas tem sido, desde sempre, apoiar as empresas a inovar e a manterem-se sempre na vanguarda em questões como, por exemplo, a otimização de processos, conta Adriano Caseiro, sócio fundador da Rerom.

A Rerom é especializada, há 44 anos, em disponibilizar as mais inovadoras soluções para a indústria, dispondo de uma variedade enorme de produtos – desde acessórios, máquinas ou softwares -, com os quais contribui para melhorar a produtividade das empresas. Desde 1979 que caminha lado a lado com as empresas, inovando e tendo sempre como prioridade a melhoria do seu desempenho e no incremento da competitividade do sector.

A Rerom foi criada 1979, tendo como atividade o comércio por grosso no ramo dos acessórios e equipamentos industriais. Tem sede em Casal Mil Homens, Golpilheira, e conta atualmente com 14 colaboradores.

Ao longo dos anos foi-se afirmando como um dos parceiros privilegiados da indústria de moldes, fruto da sua aposta numa inovação constante, de forma a conseguir ter sempre as melhores respostas, adequadas às necessidades das empresas, por mais exigentes que estas sejam.

A gama de soluções que disponibiliza para a indústria é, por isso, enorme e abarca, praticamente, todas as fases de produção,

As soluções que a empresa disponibiliza distribuem-se por quatro áreas essenciais: mouldshop, hidráulica pneumática e componentes, tooling e automação. Os exemplos são variados: desde soluções de fixação, normalização de componentes, multiplicidade (usando a experiência da indústria aeronáutica), a automação SIMPLE (como as células de fabrico), entre outras.

Proporcionar à indústria as ferramentas necessárias para ganhar qualidade e tempo é uma das prioridades. A partir de uma plataforma de gestão da produção, sistematizando os processos, possibilita a logística da produção, interligando equipamentos, garantindo o controlo e a gestão efetiva de todo o processo produtivo. Esta solução, esclarece Adriano Caseiro, pode ser aplicada às máquinas que as empresas têm, não havendo necessidade de investir em novos equipamentos.

“Com segurança, aumente o tempo de ciclo das suas máquinas e vá para casa descansado”, é um dos slogans da gama de produtos, que, sustenta, permitem, efetivamente que as empresas, numa lógica de integração do processo produtivo, consigam aumentar as quantidades produzidas, facilitando a vida os operadores, melhorando a flexibilidade da operação, reduzindo custos, potenciando os resultados dos investimentos e aumentando a competitividade.

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APOSTA ONLINE

Um dos principais suportes do negócio da empresa é a sua loja virtual. Esta foi das primeiras do género a surgir, muito antes das vendas online assumirem a importância que hoje têm no mundo.

A loja tem vindo a evoluir e a crescer numa loja de ‘industry on site’. Ali, os clientes encontram tudo o que procuram. Uma atualização constante permite que isso aconteça.

As vendas online têm crescido e constituem, hoje, um dos principais pilares. “As vantagens são evidentes: sem perdas de tempo, os clientes conseguem encontrar as soluções que procuram, sabendo que o que temos ao seu dispor são produtos que primam pela

elevada qualidade”, explica Adriano Caseiro. Para além disso, acrescenta, “os nossos preços são muito competitivos”.

Todos os produtos são acompanhados por toda a informação técnica. No site, é possível encontrar todos os catálogos da vasta gama de ofertas da empresa.

Adriano Caseiro salienta que a prioridade tem sido, sempre, “ir ao encontro das necessidades das empresas, sobretudo num momento de grande evolução tecnológica que caracteriza a indústria 4.0”. Para assegurar isso, a empresa aposta em permanente atualização e procura das melhores soluções.

Portugal é o principal mercado da Rerom. 50 % dos seus clientes integram a indústria de moldes, os restantes pertencem à metalomecânica de precisão e injeção de plásticos.

Num momento em que, considera, “a rotatividade de pessoas é um problema no sector dos moldes”, é fundamental que as empresas “adotem estratégias que lhes permitam aumentar a produtividade”. A indústria, no seu entender, “tem vindo a melhorar a esse nível, mas ainda não à velocidade que seria necessária”. Por isso, sustenta, “as empresas têm de se preparar o melhor que consigam para assegurar a sua competitividade num mundo em grande mudança no qual assistimos a processos disruptivos em termos tecnológicos”. Para garantirem o seu futuro, defende ainda, as empresas têm de “oferecer produtos/serviços diferenciadores”.

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JOMOLPLA: PRIORIDADE À EXCELÊNCIA E RIGOR

TENDO COMO META A COMPETITIVIDADE

Um serviço de excelência e rigor orientado para a satisfação do cliente e, desta forma, a competitividade. Esta é a imagem de marca da Jomolpla, criada em 2001, em Oliveira de Azeméis. Com 32 colaboradores, a empresa - que se dedica à produção de moldes para plásticos, fundição de ligas leves e maquinação de peças metálicas - tem como principais mercados a Espanha, França, Alemanha e Estados Unidos. A indústria automóvel é o seu principal cliente, mas desenvolve soluções para outros, como a eletrónica e comunicações, eletrodomésticos, artigos domésticos, jardim e embalagens.

Em 2001 nascia, em Oliveira de Azeméis, a Jomolpla. Era, então, uma pequena unidade, que produzia moldes, de pequena e média dimensão, para a injeção de plástico e ligas leves.

Com passos seguros e um foco persistente na satisfação dos seus clientes, a empresa foi crescendo. Em 2018, mudou para novas instalações, o que permitiu melhorar as condições de trabalho dos colaboradores, incrementar melhorias significativas a nível organizacional, otimizando os processos produtivos e aumentando a sua capacidade produtiva. Com isto, conseguiu elevar a qualidade dos serviços prestados.

A Jomolpla dispõe atualmente de um parque de máquinas moderno, pessoal especializado e experiente e tem vindo a produzir moldes com qualidade, complexidade e rigor reconhecidos, servindo diversos ramos industriais.

Os clientes, fornecedores e colaboradores são elementos fundamentais, consideram os responsáveis da empresa, adiantando

que uma das prioridades tem sido desenvolver relações de mútuo benefício, evolução e melhoria contínua. Um dos marcos importantes na sua história, consideram, foi a certificação de acordo com a NP EN ISO 9001:2008, que possibilitou melhorar o desempenho da empresa rumo à excelência.

A evolução permitiu adicionar algumas valências à atividade principal e, assim, além da produção de moldes para injeção de plástico, a empresa dedica-se também à construção de moldes para fundição de ligas leves e maquinação de peças metálicas de alta precisão, fornecendo aos seus clientes um serviço completo na área dos moldes, desde a engenharia até a fabricação. As indústrias de destino mais significativas são a automóvel, eletrónica e telecomunicações, mas também os eletrodomésticos, artigos domésticos, jardim e embalagens. Espanha, França, Alemanha e Estados Unidos da América são os principais mercados da empresa.

DESAFIOS

Um dos principais desafios é, na opinião dos seus responsáveis, a mão de obra qualificada. É que, sustentam, “a indústria carece de formações específicas em alguns sectores, sendo necessário uma aposta na formação de novos quadros”.

Por outro lado, a internacionalização e a globalização, impõem uma atenção constante à evolução, que acontece a grande velocidade. E isto aplica-se sobretudo aos desenvolvimentos tecnológicos, a nível de equipamentos e métodos de trabalho, que possibilitem otimizar os processos produtivos e, com isso, melhorar os níveis de competitividade. Qualidade, preços, prazos e inovação dos produtos são, para a Jomopla, os fatores-chave do sucesso.

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A empresa não abdica de dedicar a máxima atenção aos seus colaboradores, considerando que a sua satisfação é de extrema importância. “Existe um ‘savoir faire’ que foi adquirido ao longo dos anos e que tem de continuar a ser transmitido às novas gerações”, defendem, mantendo uma aposta constante no desenvolvimento de ações de formação que permitam aos mais velhos continuarem atualizados e, dessa forma, enquadrados em novos métodos e tecnologias; permitindo ao mesmo tempo que os mais novos adquiram a perceção da realidade em que estão inseridos: um sector de atividade desafiante e em constante desenvolvimento.

Para a empresa, o nível de exigência de cada cliente é, hoje, muito alto, por isso é importante continuar a assegurar as melhores respostas às suas solicitações. “É importante as empresas terem definidos os modos de proceder para identificar as necessidades e os requisitos dos clientes, avaliar a sua satisfação, analisar as suas sugestões, as suas reclamações e os resultados dos fornecimentos”, consideram os responsáveis da Jomolpla, defendendo que, desta forma, “é possível realizar as ações de melhoria adequadas, em cada momento”, de modo a alcançar a máxima competitividade no mercado global. Em cada cliente, consideram ainda, “é também importante identificar, para cada produto e serviço, os requisitos a cumprir, a sua exequibilidade e a melhoria da sua satisfação”.

Neste processo, as tecnologias assumem um papel fulcral. Por isso, consideram ser fundamental criar sinergias com fornecedores e parceiros de negócio, de forma a manter uma constante atualização, com as novas tecnologias e soluções inovadoras.

Um dos aspetos que destacam como extremamente importante é o das competências organizacionais e de gestão, transversais a todos os sectores da empresa, desde os recursos humanos, às novas tecnologias e/ou novos processos. Sustentam que se trata de “um pilar essencial que permite otimizar e gerir todos os processos e fluxos de forma otimizada, eliminando desperdício criando valor acrescentado e desta forma ser competitivo”.

A INDÚSTRIA À LUPA /

XI CONGRESSO DA INDÚSTRIA DE MOLDES

XI CONGRESSO DA INDÚSTRIA DE MOLDES: PARTICIPAÇÃO MASSIVA DEBATEU DESAFIOS DE MOLDAR NUM MUNDO EM MUDANÇA

TESTEMUNHOS

TRANSFORMAR PARA ASSEGURAR MERCADOS

CRESCER PARA ALCANÇAR NOVOS PATAMARES DE COMPETITIVIDADE

APOSTA NA INOVAÇÃO PARA ALCANÇAR QUALIDADE SUSTENTÁVEL

TESTEMUNHOS

// DESTAQUE
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XI CONGRESSO DA INDÚSTRIA DE MOLDES: PARTICIPAÇÃO MASSIVA DEBATEU

Pela primeira vez em Oliveira de Azeméis, o principal evento de reflexão da indústria de moldes atraiu cerca de quatro centenas de participantes, entre empresários e técnicos do sector, naquele que foi um dos Congressos mais participados de sempre, desde a sua primeira edição em 1983. Motivados e determinados em encontrar soluções para ‘moldar num mundo em mudança’, juntaram-se nos dias 17 e 18 de março, no Teatro Municipal, que abriu portas pela primeira vez para acolher esta iniciativa. Como afirmou João Faustino, presidente da CEFAMOL, no final dos trabalhos, este Congresso pretendeu afirmar-se como “o princípio de um novo ciclo de desenvolvimento”.

Cerca de 400 pessoas da indústria de moldes, acorreram, durante dois dias, a Oliveira de Azeméis, demonstrando um sector que

continua unido na busca de soluções para os seus principais desafios. Aí, no Teatro Municipal e sob o lema ‘Moldar (n)um mundo em mudança’, teve lugar a XI edição do Congresso da Indústria de Moldes, uma vez mais organizado pela CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes. O evento reuniu especialistas e empresas do sector, dando a conhecer tendências, permitindo a partilha de experiências e a criação de propostas de intervenção, incidindo em três temas principais: ‘Estratégia & Mercado’; ‘Pessoas e Competências’; e ‘Sustentabilidade’.

A exemplo das anteriores edições e com um balanço muito positivo por parte dos participantes, o Congresso foi um palco de excelência para refletir e debater os principais desafios e oportunidades que caracterizam o momento atual da indústria, permitindo

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DESAFIOS DE MOLDAR NUM MUNDO EM MUDANÇA
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Helena Silva * * Revista "Molde"

igualmente identificar linhas de orientação que conduzam as empresas a um novo patamar de desenvolvimento e consolidação do seu posicionamento global. Ou, como fez questão de realçar o presidente da CEFAMOL na sua intervenção final, “pretendemos com esta iniciativa que não seja o fim, mas o princípio de um novo ciclo de desenvolvimento”.

João Faustino assegurou que, para que isso aconteça, “trabalharemos muitas das propostas apresentadas que incluiremos no plano de ação que temos para o sector”, sublinhando que “avançaremos, muito em breve, com as ações de curto e médio prazo, em colaboração com o CENTIMFE, a POOLNET, mas também com as instituições de ensino, entidades públicas e governamentais”. O líder da CEFAMOL acrescentou ainda que para

que este plano tenha sucesso, “iremos necessitar da intervenção das empresas”.

No decorrer dos dois dias, o Congresso contou com cerca de 40 oradores nacionais e internacionais, distribuídos por oito painéis de reflexão. Entre estes, destaque para um conjunto de especialistas e empresas, de dentro e fora do sector, que partilharam as suas experiências e conhecimentos. Destaque também para a presença de dois ministros neste evento: na abertura, António Costa e Silva (Ministro da Economia e do Mar) e, no encerramento, Ana Abrunhosa (Ministra da Coesão Territorial).

DESAFIOS

Unidos na busca de soluções para questões que são, afinal, transversais a toda a indústria, os participantes ouviram João Faustino considerar que “os últimos anos têm sido extremamente desafiantes para a indústria de moldes”, enumerando questões como a indefinição verificada nos novos conceitos de mobilidade que regem o maior cliente do sector (indústria automóvel), a pandemia e as consequências da guerra na Ucrânia. Tal conjuntura, destacou, “criou diferentes problemas na indústria: em termos económicos, com a descapitalização das empresas, e em termos financeiros com a redução dos preços de venda e dilatamento dos prazos de pagamento”.

A estes, enfatizou, somam-se outros desafios, como a transição digital e ambiental, os novos modelos de negócio e resposta aos requisitos dos clientes, a capacidade financeira para ganhar e garantir novos negócios, a atração de talento e a gestão do conhecimento, a internacionalização, a eficiência e otimização de processos, a introdução da gestão de tecnologias, a descarbonização e a economia circular.

“Estamos num período em que temos de encontrar novas soluções para alguns problemas antigos, mas também para toda uma série de desafios a que estamos sujeitos”, declarou ainda o presidente da

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/ / João Faustino

CEFAMOL. Para isso, defendeu, “necessitamos de manter e reforçar a presença nos mercados mais sofisticados e exigentes reforçando a capacidade e aposta na inovação e no I&D, na diferenciação e valorização da nossa oferta, motivando a criação e integração de competências nas empresas”. E foi perentório: “isto permitirá às empresas alargarem as suas cadeias de valor, estabelecendo parcerias e conquistar novos clientes, principalmente indústrias de alto valor acrescentado”.

João Faustino destacou ainda uma outra questão, abordada em praticamente todos os painéis de debate do Congresso: a necessidade de as empresas ganharem escala. “A cooperação assume aqui um papel fundamental para atingir objetivos comuns e necessários à maioria das empresas”, defendeu, sublinhando ser ainda fulcral “continuar a investir na otimização de processos, na integração de novas tecnologias, no reforço do saber e do conhecimento, da ligação a centros de saber, ao mesmo tempo que se consolida a imagem internacional, o posicionamento de excelência e a notoriedade distintiva do sector que já o demonstramos no passado”.

Para o presidente da CEFAMOL, tais desígnios só são possíveis de alcançar “se todos rumarmos na mesma direção”. E, comentando a forte adesão de congressistas, congratulou-se, concluindo que tal “mostra que o sector está como sempre: vivo e dinâmico, a olhar para o futuro, apesar de muitos dos desafios do presente”.

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A INDÚSTRIA DE MOLDES É UMA MARCA IMPORTANTE DO PAÍS NOS MERCADOS

INTERNACIONAIS

porque tem também as embalagens, os dispositivos médicos e toda a parte relacionada com a indústria aeronáutica e espacial. Neste grande processo de reconversão, devemos ver como apostar em termos de inovação e de tecnologia, para responder a estes novos desafios.

Acredito que na indústria de moldes, com a sua capacidade de se reinventar e a sua capacidade de inovação, este desafio vai ser superado. Mas há outro desafio: mudar o paradigma da capitalização das nossas empresas e dos mercados financeiros que existem no nosso nosso país.

Sou dos que defendem que não há uma economia saudável sem uma banca saudável. Evidentemente que as empresas recorrem a dívida bancária para desenvolver o seu financiamento e isso é um processo que vai continuar e ser fulcral. Não há contos de fadas nos mercados internacionais. Quem vinga é quem aposta na inovação, na excelência e na qualidade. E a nossa indústria de moldes tem toda essa marca. Tem todas as qualidades para fazer melhor.

Por outro lado, temos uma situação difícil do ponto de vista ambiental no nosso planeta; somos uma civilização que transforma recursos em lixo a uma velocidade sem precedentes. É por isso que toda a aposta na sustentabilidade, na circularidade da economia - que a indústria de moldes também está a fazer - é absolutamente decisiva para o futuro.

“A indústria de moldes é uma referência absoluta, não só da indústria portuguesa, mas também como uma marca importante do país nos mercados internacionais.

Do ponto de vista do Ministério da Economia, estarei sempre ao lado das empresas, discutindo com humildade com todos os sectores empresariais. São as indústrias que alavancam valor, que produzem riqueza e lançam os países para o futuro.

A indústria de moldes, durante muitos anos, cresceu ao nível dos dois dígitos e depois começou a enfrentar estas dificuldades que têm que ver, não só com os constrangimentos que estão a existir hoje na cena internacional, como também com a reconversão que está a acontecer na indústria automóvel. E esse é o primeiro grande desafio. O paradigma da mobilidade vai mudar.

Isto é importante ser articulado também com a reconversão que a indústria de moldes vai enfrentar. Até hoje, o seu principal cliente era a indústria automóvel. Mas tem um mercado muito diversificado

Estes desafios estão à nossa frente. Estaremos sempre focados em criar todas as condições para fazer a reconversão da indústria automóvel em ligação com o paradigma da mobilidade sustentável do futuro e ajudar a nossa indústria neste processo de reformatação. É fulcral também a capitalização das empresas, a inovação tecnológica, e a intensificação da revolução tecnológica que estamos a ver no chão de fábrica em múltiplos sectores de atividade, desde logo na indústria de moldes.

Mas não vamos conseguir fazer nada de revelante se não resolvermos a dimensão das nossas empresas. As pequenas e médias empresas e as micro são muito importantes, mas ganhar escala é absolutamente decisivo para olharmos de forma diferente para o futuro, porque é a escala que nos dá capacidade de competir no mercado internacional. Vejo na indústria de moldes essa apetência para as pessoas desenvolverem plataformas colaborativas e para terem capacidade de ação coletiva”.

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António Costa e Silva - Ministro da Economia e do Mar
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/ / António Costa e Silva

AS EMPRESAS DE MOLDES TÊM MOSTRADO AO PAÍS COMO SE ENFRENTAM AS DIFICULDADES

sugerido no Congresso. Fica aqui a disponibilidade para trabalharmos e até para financiarmos uma rede e um projeto para atingirmos este selo do ‘molde sustentável’.

Considero, e tendo em conta a nossa realidade, que as parcerias e a cooperação são absolutamente fundamentais para que os moldes portugueses continuem a ser competitivos nas cadeias globais. São estas parcerias e é esta cooperação que permitem que tenhamos escala na concorrência internacional.

Acredito que este é um sector de futuro. E, a exemplo das últimas crises – as quais sempre souberam vencer -, sei que sairão muito mais fortes desta, num mundo que está muito difícil, mas que precisa de empresárias e empresários como vós: dos que não desistem, mas que se reinventam, dos que fazem das lágrimas força, daqueles que se deitam sem saber o que vão fazer no dia a seguir, mas acordam cheios de energia e força.

As empresas de moldes têm, ao longo dos anos, mostrado ao País como se enfrentam as dificuldades. Saibamos nós, da parte do Governo, estar à vossa altura”.

“Enquanto governante, mas também conhecedora do sector que nunca deixei de amar, não deixo de ter para com aqueles que trabalham nesta indústria e têm passado tempos difíceis, um profundo sentimento de orgulho e de gratidão.

Confio, acredito e tenho absoluta certeza de que com o trabalho que estão habituados a fazer, com esta forma conjunta de enfrentar desafios - que é muito característica deste sector - vão conseguir ultrapassar as dificuldades de um mundo que ainda não sabemos como vai ser. Por isso, estes fóruns são tão importantes, e é tão importante termos a CEFAMOL, o CENTIMFE e o cluster, e fazermos esta partilha de conhecimentos.

Só conseguirão [vencer estes desafios] com a aposta em I&D, transformando esse conhecimento e tecnologia em inovação, com a diferenciação, atraindo e fixando talento.

A sustentabilidade integra todos os desafios de que hoje falamos: a importância da digitalização, da eficiência energética, da economia circular. Se fizermos todos isso, vamos chegar ao conceito de sustentabilidade. E, por isso, seria extremamente importante conseguirmos um selo que atestasse essa sustentabilidade, tal como

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/ / Ana Abrunhosa
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Ana Abrunhosa - Ministra da Coesão Territorial

TRANSFORMAR PARA ASSEGURAR MERCADOS

O mundo em acelerada mudança e o futuro a ser marcado por uma grande indefinição que limita a tomada de decisões. Estas foram das principais questões em reflexão, transversais aos vários painéis que se inseriram no tema ‘Estratégia & Mercado’. O debate foi enriquecedor. Desde Paulo Portas a alertar para a fragmentação que começa a notar-se no mundo e os conflitos que daí possam advir, o que pode levar a uma nova organização mundial, às tendências e prioridades dos principais clientes da indústria de moldes (automóvel, embalagem e dispositivos médicos), as intervenções nos primeiros momentos do Congresso remeteram para uma questão: a necessidade da transformação da indústria para assegurar mercados nos quais a exigência é cada vez mais elevada.

“Podemos acreditar que o sector será capaz de identificar e criar as vantagens competitivas e mudar a sua estrutura e os seus fatores críticos do processo, de modo a construir soluções que sejam adequadas para os desafios que se colocam à indústria”. José Camacho, da Universidade Europeia, sintetizou, desta forma, o conteúdo do primeiro conjunto de reflexões no XI Congresso da Indústria de Moldes.

Os congressistas debateram a atualidade dos negócios, tendo, até, a participação dos principais clientes do sector, que deram nota das suas necessidades, prioridades e desafios. Analisou-se o posicionamento da indústria num mundo em mudança. Paulo Portas, um dos oradores convidados, exortou os empresários a manterem “o otimismo, a persistência e olharem para os mercados com muita atenção”. “Quando as empresas têm competência e boa gestão os resultados são positivos”, salientou.

Na sua intervenção fez uma caracterização muito rigorosa do mundo volátil onde vivemos. Falou da guerra na Ucrânia e das suas consequências na economia, advertindo para uma questão que, no seu entender, começa a ser já preocupante e pode agravar a realidade dos negócios: por um lado, as enormes assimetrias na recuperação económica dos países e, por outro, a fragmentação das principais economias (China e Estados Unidos) em blocos díspares, o que introduzirá alterações significativas no equilíbrio dos mercados. “Temos de aprender a lidar com o fator imprevisibilidade”, aconselhou.

Chamou ainda a atenção para as mudanças no sector automóvel, principal cliente dos moldes portugueses, aludindo à introdução de imposições ecológicas às quais à indústria tem de estar atenta. Advertiu que no caso das baterias para os modelos elétricos, as dez maiores empresas que as produzem localizam-se na Ásia, enquanto no caso dos chips, cerca de 80 % provêm diretamente da China. E considerou que a Europa tem um desafio grande nesta questão.

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/ / José Camacho
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/ / Paulo Portas

O mundo, defendeu, “precisa de serenidade e estabilidade”, de forma que as economias se fortaleçam. Mas tais desígnios são, por enquanto, uma incógnita. Até porque, lembrou, não se sabe quando terminará a guerra na Ucrânia.

NOVA MOBILIDADE

O sector automóvel e as suas transformações estiveram em destaque neste primeiro painel. O tema ‘Indústria automóvel: tendência de futuro’ abriu o Congresso, tendo como primeiro orador António Melo Pires (ex-Diretor Geral da Volkswagen Autoeuropa) que, em síntese, deu nota do desenvolvimento automóvel, perspetivando o seu futuro e considerando que haverá uma disrupção no modelo de mobilidade, centrando questões como a eletrificação, a conetividade, os 3R e a condução autónoma.

No caso dos elétricos, considerou que há ainda um percurso longo a percorrer. Chamou a atenção para o que é ainda “um problema” das baterias, no caso da eletrificação, lembrando que há ainda questões de carga e segurança que têm de ser acauteladas e, por isso, haverá necessidade de desenvolver novos tipos de carregadores. Com os modelos elétricos surge também a necessidade de incrementar as redes de recarga rápida nas cidades, acrescentou.

Já no caso da conectividade, afirmou que o poder computacional vai fazer parte de todos os modelos e marcas, mas, sustenta, ainda vai demorar até se chegar à condução totalmente autónoma. O mais

importante é, no seu entender, a questão ecológica. Os materiais reciclados e recicláveis vão ser, cada vez mais, uma obrigatoriedade e as empresas têm de estar atentas a este desafio.

A mobilidade, defendeu, vai ser assegurada, por soluções alternativas e o crescimento do mercado automóvel será assimétrico. No seu entendimento, quer o mercado europeu, quer o norte e sul americano (com exceção do México) não irão crescer. O aumento vai notar-se, sim, na zona da Ásia e no Pacífico.

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/ / António Melo Pires

Neste contexto, os moldes estão “numa encruzilhada”. Parte das empresas fabricantes está a sair da China e a procurar outros fornecedores, mas com preços esmagados. Por outro lado, considerou, haverá renovação de modelos, mas o volume dos moldes vai ser menor.

Jean-Brices François (Renault Nissan) e Emmanuel Coreau (Stellantis) deram conta, no momento seguinte, da evolução prevista para as marcas automóveis que representam. O número de modelos tenderá a baixar e será necessário criar soluções que respondam a novos desafios do sector: carros com menos peso, menos emissões e maior autonomia.

É também necessário, segundo estes dois representantes da indústria automóvel, criar novos ecossistemas que tornem mais ágeis as produções, com os fornecedores mais próximos dos grandes fabricantes e dos seus fornecedores de primeira linha, de forma a diminuir a pegada carbónica associada aos transportes.

Os materiais a usar nos veículos são outra questão sensível. Terão de apostar em produtos reciclados e recicláveis. A prioridade é proteger o ambiente. Quer um, quer outro, advertiram ainda que uma outra prioridade das grandes empresas passa por “reduzir custos de fabrico”.

No debate entre os três, moderado por Isabel Cunha (Antena 1), António Melo Pires defendeu a necessidade de as empresas de moldes ganharem escala. “Apesar da qualidade reconhecida aos moldes portugueses, a dimensão pode ser um problema. As empresas de pequena dimensão vão ter dificuldade em concorrer no mercado”, advertiu.

PRIORIDADE AO AMBIENTE

Eric Tordjeman (Forvia), com moderação de Jorge Castro (AFIA) falou, depois de ‘Requisitos, necessidades e expectativas dos clientes’, ainda no domínio da indústria automóvel. E, no seu entender, a

prioridade gira em torno de quatro questões essenciais: eletrificação, sustentabilidade, condução autónoma e digitalização.

A mobilidade ‘limpa’, considerou ainda, é a grande meta que os fabricantes desejam alcançar, através de soluções inovadoras – nas quais já trabalham – para conseguir reduzir as emissões.

Dirigindo-se diretamente ao sector de moldes, lembrou que a Forvia também os fabrica, mas, salientou, “compramos mais de 80 % dos moldes que necessitamos porque não temos capacidade para os fazer”.

Jorge Castro, da AFIA, defendeu que o equilíbrio custo/preço é um dos valores mais decisivos para a escolha de um cliente e não, como deveria ser, a qualidade. Por isso, defendeu que é necessário otimizar soluções, reduzir tempos de fabrico e alargar a integração de serviços.

Dois outros grandes clientes da indústria de moldes, o packaging e os dispositivos médicos, marcaram também presença no Congresso e deram conta das suas necessidades e expectativas.

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/ / Eric Tordjeman

Considerando que se trata de uma indústria em que a complexidade aumenta em função do risco (para a saúde), Luís Pereira (Medtronic Portugal) explicou que o principal requisito para entrar na área dos dispositivos médicos é a enorme qualidade, uma vez que o grau de exigência é imenso. Trata-se, no seu ponto de vista, de um sector muito dinâmico, que funciona com um ritmo acelerado. Exemplificou que, a cada dois anos, é necessário substituir e lançar novas soluções (até do mesmo tipo de dispositivos) no mercado, procurando sempre que sejam mais seguras e fiáveis. E salientou que a medicina tem vindo a evoluir e as necessidades de dispositivos a aumentar.

Aconselhou as empresas a integrarem missões, oferecendo a vários clientes soluções de diferenciação e escala, sempre assentes na qualidade e rigor.

Caroline Sauvan e Roxane Marques (L’Oréal) deram conta das necessidades que esta gigante da cosmética tem, no que diz respeito a embalagens para os muitos e diversos produtos que cria.

Roxane Marques explicou que, em 2021, a empresa lançou no mercado cerca de 7.6 bilhões de unidades (embalagens), com especial

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/ / Luís Pereira
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/ / Caroline Sauvan

incidência na Europa e nos Estados Unidos. Por isso, sustentou, precisa de fornecedores de moldes que garantam “segurança, qualidade e preço, não esquecendo o design”.

Uma das prioridades, advertiu, é a segurança ambiental e, nesse sentido, a empresa trabalha com materiais plásticos ecológicos.

Além destas questões, os fornecedores têm de ter ainda em atenção outros requisitos aos quais a empresa dá grande importância, como o time to market, o conhecimento da cadeia de valor, a robustez do negócio e a comunicação.

TEMPO

Por ano, contou ainda, a L’Oréal necessita de, pelo menos, 600 moldes para os seus produtos. Estes são, na sua maioria, adquiridos na Europa. Até porque, salientou, ter o fornecedor próximo é um outro requisito da empresa europeia.

Na parte do debate entre os dois fornecedores, Pedro Pereira (CEFAMOL), lembrou que, quer os dispositivos médicos, quer as embalagens são sectores estratégicos para a indústria nacional de moldes, ocupando, até, o ranking dos cinco primeiros sectorescliente.

Na síntese final, José Camacho (Universidade Europeia) chamou a atenção para um dado relacionado com o principal cliente dos moldes portugueses. “Os moldes, como foi referido, estão na terceira posição na Europa e na oitava no mundo. Se olharmos para o sector que nos é necessariamente mais próximo, que é o automóvel, Portugal andará - dependendo da medida utilizada -, entre o 26.º ou 27.º do mundo. Onde se faz esta diferença? Olhando para o passado, talvez possamos encontrar posições que nos mostram qual o futuro”, defendeu.

Contudo, advertiu, “os desafios que se colocam hoje são muito diferentes dos do passado”. Por isso, no seu entender, as empresas devem questionar-se sobre as suas vantagens competitivas. E em particular, a questão ‘tempo’. “Quando falamos de agilidade, não há agilidade sem tempo. O tempo vai ser dos fatores mais complexos de tratar uma vez que tem a ver com produto, gestão, tecnologia, organização e relação entre empresas”, considerou.

Chamou ainda a atenção para uma outra questão abordada nos painéis: a escala. “A coordenação efetiva entre as empresas pode levar a criação de instrumentos que motivem a obtenção de economias de escala ou vantagens de posicionamento sem que a propriedade esteja em causa”, considerou.

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/ / Roxane Marques

CRESCER PARA ALCANÇAR NOVOS PATAMARES DE COMPETITIVIDADE

Novos modelos de negócio que permitam vencer os desafios de um mundo volátil e abraçar o futuro com otimismo. Esta é uma ambição da indústria de moldes, patente no segundo painel do Congresso. Para que tal se concretize, importa alcançar uma nova forma de pensar, que permita identificar e criar fórmulas novas de fazer. Sozinhas ou em parceria, as empresas necessitam de crescer para alcançar novos patamares de competitividade. Um dos elementos-chave são as pessoas que as organizações têm de conseguir atrair e reter. E este capital humano precisa de novos saberes e competências para ajudar a indústria a alcançar os seus objetivos.

Olhar para a diáspora portuguesa como um aliado numa estratégia de negócio que se pretende mais diversificada e eficaz. Esta foi uma das conclusões do tema ‘Pessoas e Competências”. No primeiro dia do Congresso, a tarde foi dedicada a refletir sobre a forma de ganhar escala e, com isso, alcançar novos patamares de competitividade. Mas também de alterar as condições do negócio, de forma a assegurar maior equilíbrio financeiro.

Os oradores convidados deram pistas de como pode o sector modificar-se. ‘Sustentabilidade financeira e novos modelos de negócio’ foi o tema do primeiro painel.

Nuno Pereira Alves (Millennium BCP) abordou a temática das tesourarias das empresas que, em alguns casos, passam por momentos desafiantes. Manifestou a disponibilidade da instituição que representa para, em conjunto com as empresas, encontrar as melhores soluções.

A sustentabilidade a todos os níveis, considerou, é o objetivo. Só com ela as empresas conseguirão melhorar a sua estrutura e criar condições diferentes que lhes permitam crescer. A transição climática é, também nesta questão, uma das prioridades, advertiu.

Apesar das taxas de juro estarem mais elevadas do que no passado, considerou que as empresas têm de ponderar e procurar soluções. “Temos de ter condições para desenvolver projetos”, afirmou, fazendo alusão às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que, considerou, será uma catapulta importante para muitas organizações.

Kerem Subasi (Payperchain) apresentou aos congressistas novas e diferentes soluções de pagamento, de forma a assegurar aquilo que hoje começa a ser complicado para as empresas de moldes: assegurar que se consegue dar resposta a um cliente quando este pretende pagar apenas no final do processo de fabrico.

RECURSO AO DIGITAL

Uma das respostas poderá passar pelo sistema que apresentou, um ecossistema com diferentes utilizadores, através do qual, e de forma digital, é possível conectar fabricantes e clientes. E esta conexão permite também criar uma solução de pagamento por utilização. Ou seja, através da tecnologia, criar um sistema em que o cliente paga apenas quando as máquinas estão a produzir.

Por outras palavras, um sistema financeiro automático.

No seu entender, soluções deste tipo estimulam a confiança entre fabricante e cliente, até porque são geridas digitalmente, sem lugar

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/ / Kerem Subasi
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/ / Nuno Pereira Alves

a erros e sem perdas de tempo. “Hoje, a era digital permite novos tipos de negócio, com recurso a Inteligência Artificial ou Internet das Coisas”, afirmou, explicando que várias empresas europeias começaram já a adotar estes sistemas.

Claus George (DZ Bank) apresentou a solução que representa e que se insere também numa forma digital e automática de gerir pagamentos, ligando o dinheiro em papel (como o Euro) com o dinheiro virtual (as criptomoedas). Esta ligação cria dinamismo ao processo, fazendo com que as empresas ganhem tempo.

O sistema, lançado em 2020, conta já com a adesão de grandes empresas alemãs, anunciou ainda. Mas também as empresas de menor dimensão podem ver vantagens nestes sistemas. Foi o caso de Stefan Kreck (Giebeler), representante de uma empresa que integra moldes e plásticos que partilhou a sua experiência, falando de algumas vantagens do conceito ‘pagar por utilização’. “Isto dános oportunidade de, por exemplo, fazer serviços adicionais que

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/ / Claus George / / Stefan Kreck

são automaticamente pagos”, explicou. Esta é uma das possíveis respostas que permitirá ao sector “trabalhar, assegurando que recebe, e sobreviver no futuro”.

O debate entre os três foi moderado por João Luís de Sousa (Vida Económica).

CRESCER

Escala e dimensão. Apesar de presentes de forma transversal em todos os painéis, estas duas ambições do sector foram debatidas no painel ‘Ganhar escala, ganhar dimensão – de que forma?”

Pedro Nascimento (Business Roundtable Portugal) apresentou uma associação, recentemente criada por um grupo de grandes empresas portuguesas, que tem como objetivo ajudar a crescer organizações com potencial e apoiar as PME a passarem a grandes empresas.

Defendeu, só com maior quantidade de empresas de maior dimensão será possível que “Portugal cresça e integre o top 15 dos países mais ricos da União Europeia, onde já esteve”. Sem empresas grandes não há escala. E sem escala, as empresas portuguesas não conseguem comparar-se às de outros países europeus. Advertindo que o défice das médias empresas é maior do que nas grandes, considerou que gerando melhores empresas é possível alcançar mais riqueza e, com isso, por exemplo, pagar melhores salários.

Para apoiar as empresas a crescer, esta associação criou o programa ‘Empresas Adolescentes’. Reconhecendo o seu potencial, desenvolve várias iniciativas de apoio à internacionalização, bem

como formação para os líderes. Nesse sentido, tem disponível uma bolsa de conselheiros, à qual as empresas de menor dimensão podem recorrer. Esta ação, salientou, é totalmente financiada pelas empresas que compõem a associação.

Tendo como moderador Carlos Silva (Moldoplástico), seguiu-se um painel de debate que contou com José Carlos Gomes (Durit) e João Cortez (Celoplás).

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/ / Pedro Nascimento

Para João Cortez, as empresas de moldes têm de melhorar o seu planeamento, abarcar toda a cadeia de valor e diversificar. Para crescer, acrescentou, devem usar todas as ferramentas que têm ao seu alcance. Explicando que, no caso da empresa que representa, o crescimento tem acontecido de forma orgânica, admitiu que, no atual contexto, “possivelmente algumas microempresas irão passar por dificuldades”.

Já José Carlos Gomes defendeu que a escala, entre outras vantagens, permite diluir custos fixos das empresas. Além disso, enfatizou, para internacionalizar, as empresas precisam de dimensão. “A indústria de moldes em Portugal desenvolveu-se com empresas pequenas, mas acredito que as empresas maiores têm capacidade de captar melhores quadros, pagar melhor e ser mais competitivas”, defendeu.

E a escala, no entender dos dois oradores, pode fazer-se com investimento da própria empresa ou por investimento exterior. Aqui, poderá haver até lugar a fusões e aquisições que, sustentaram, em algumas situações podem ser benéficas. Além disso, uma forma possível de o fazer é através da cooperação.

José Carlos Gomes lembrou que esta colaboração existe, mas tem tido contornos pouco formais. “Poderá ser uma possibilidade positiva, criando formas novas de consórcio – mas este tem de ter regulação clara - para determinado tipo de mercados ou negócios. Até porque, a dimensão facilita a negociação”, considerou.

LIGAR ESCOLAS E EMPRESAS

A reflexão sobre as pessoas nas organizações encerrou o primeiro dia de trabalhos do Congresso. ‘Como as empresas se preparam para o futuro? Dois caminhos para a capacitação profissional’ foi

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/ / Leonor Sottomayor

o tema do painel que juntou empresas, ensino superior, escola pública e ensino profissional.

Leonor Sottomayor (Sonae) partilhou a sua experiência na gestão de pessoas, considerando que há muita coisa a mudar e a um ritmo muito grande. “A transformação está a acontecer, com a introdução da Inteligência Artificial, por exemplo, que já está a mudar muita coisa”, alertou, exortando as empresas a priorizarem esta questão. Lembrando que, segundo estudos de entidades oficiais, até 2030 irão desaparecer 700 mil postos de trabalho, salientou que, em contrapartida irão surgir novas áreas. Mas deu nota do desajuste que existe entre aquilo que são as necessidades das empresas e as competências disponíveis. “Temos de ser rápidos a trabalhar e corrigir este desajuste”, defendeu.

Para isso, acredita, é fundamental um trabalho conjunto e coordenado entre empresas e instituições de ensino. A título de exemplo falou do projeto R4E, que mobiliza parcerias entre organizações relevantes e partilha as melhores práticas de requalificação para o emprego. Apontou ainda o ensino profissional como um importante elo de preparação para o mundo do trabalho, considerando que contribui para “reduzir a barreira entre a sala de aula e a empresa”.

No painel que se seguiu, moderado por Paulo Bastos (Simoldes), os professores Martinho Oliveira (Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologias da Produção de Aveiro Norte) e Cesário Silva (Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente) deram conta do contributo das respetivas instituições de ensino na preparação dos jovens para o mercado de trabalho.

Martinho Oliveira lembrou que o ensino profissional já chegou às escolas superiores, através dos cursos técnico superiores profissionais, nos quais a ESAN foi pioneira. A grande vantagem, explicou, é desenvolver perfis profissionais mais adequados às necessidades das empresas sendo mais versáteis do que, por exemplo, as licenciaturas. A escola, referiu ainda, tem parte dos currículos destes cursos assegurados por profissionais das empresas.

Já para Cesário Silva, destacou como negativo que, num momento em que a discussão essencial se faz em torno de questões como as pessoas, a cooperação, as redes, a partilha e a comunicação, as escolas mantêm a avaliação individual de cada aluno (os exames). “Precisamos renovar o sistema de ensino, renovar os professores e aproximar mais a escola da indústria”, defendeu.

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Os três foram unânimes em considerar que o papel das empresas é o de antecipar as suas necessidades a nível de formação para, depois, em conjunto com as escolas, definir as áreas de formação mais adequadas. As competências emocionais e comportamentais, salientaram, têm hoje um papel preponderante, seja do lado de quem procura, seja do lado de quem forma.

Leonor Sopas (Universidade Católica), responsável por apresentar a síntese destes painéis, fez referência a este último ponto como tendo o objetivo de desenvolver “um ecossistema em que temos instituições públicas e privadas, temos escolas profissionais e escolas secundárias, de forma a conseguir formar pessoas com conhecimento, com as competências transversais, com atitudes, mas que possam ter uma vida equilibrada em que aquilo que ganham lhes permite ter a capacidade de alcançar os seus sonhos, de melhorar, de terem uma vida preenchida”. Ora, enfatizou, “estas coisas estão todas ligadas à capacidade que as empresas têm de se tornar mais produtivas e conseguirem pagar melhores salários”.

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/ / Leonor Sopas

APOSTA NA INOVAÇÃO PARA ALCANÇAR QUALIDADE SUSTENTÁVEL

Eficiência foi a palavra-chave do último dia do Congresso, marcado pelo tema da ‘Sustentabilidade’ no seu significado mais amplo: financeira, ambiental e social. A proteção ambiental é a prioridade de todas as agendas e, para lá chegar, as empresas precisam de se munir de ferramentas – sejam tecnologias, sejam processos e metodologias – que as tornem mais robustas e sustentáveis. E conseguindo aqui chegar, o molde pode ser classificado – como foi sugerido no decorrer do evento – com um selo que ateste, sem reservas, a sua sustentabilidade.

“Conseguir melhorar a nossa eficiência é um trabalho que nunca estará terminado, que exige uma dedicação constante, quer em termos de melhoria contínua, quer no que diz respeito a análise e identificação dos pontos onde podemos fazer mais com menos”. Elsa Henriques (IST/FLAD) resumiu, desta forma, o mote da reflexão do último dia do Congresso.

O fabrico aditivo deu tema ao primeiro painel: ‘Eficiência produtiva: gestão de recursos e tecnologias - A integração do fabrico aditivo no

processo produtivo’. A intervenção esteve a cargo de Pedro Lourenço (Erofio). A empresa, contou, analisou e testou demoradamente o processo aditivo, que entrou na fábrica em 2011, até o dominar o suficiente para o integrar, com êxito, no processo de fabrico.

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/ / Elsa Henriques

Hoje, adiantou, tem até uma unidade dedicada, exclusivamente, a esta tecnologia. O fundamental, defendeu, é encontrar formas de diferenciar e criar valor. E é isso que a empresa tem feito.

Advertiu que ao adotarem esta tecnologia, as empresas têm de ter em conta um conjunto de mudanças, a montante e a jusante. Desde logo o desenho do molde que deve contemplar as partes fabricadas pelo processo aditivo. “É preciso pessoal técnico com elevadas competências, não basta comprar a máquina”, salientou.

Além disso, destacou também a necessidade de, para além da máquina, pensar nos custos operacionais, na aquisição de acessórios e manutenção dos equipamentos. Ou seja, é preciso ponderação antes de avançar com a aquisição da tecnologia. Esta deve ser motor da eficiência, enfatizou.

ANÁLISE

Jorge Oliveira, da Moliporex, desenvolveu o tema ‘Tecnologia vs eficiência produtiva: criar valor nas empresas’. Tudo começa, a seu ver, pela forma como se encara a produção do molde. Esta, defende, “é muito mais do que desenhar, fabricar e montar”.

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/ / Jorge Oliveira / / Pedro Lourenço

É preciso um controlo de todas as etapas, de forma a perceber quanto custa cada passo. Desde logo, salientou, perceber o preço de um novo cliente, comparado com o custo da manutenção de um cliente habitual. São questões que as empresas nem sempre analisam, mas que são fundamentais quando se procura eficiência.

Para a generalidade das contas que é necessário fazer, a tecnologia ajuda. Há toda uma panóplia de softwares, contou, que apoiam na tomada de decisões, seja em relação à escolha do cliente e do mercado, seja no fabrico do molde e até nos ensaios finais.

No seu entendimento, é fundamental um acompanhamento de todo o processo, até a jusante, já na casa do cliente. “A sensorização do molde, para saber o que está a acontecer, é fulcral”, considerou. Por isso, de forma a maximizar a eficiência, defende que é necessário conhecer as ferramentas e as melhores práticas, envolver as pessoas, customizar tecnologias e alcançar a excelência, sendo esta representada por zero defeitos, zero desperdício e zero acidentes.

Seguiu-se um debate moderado por Rui Tocha (CENTIMFE) e tendo como oradores Jorge Ferreira (Intermolde) e Jorge Cardoso (SF Moldes).

Jorge Ferreira, cuja empresa se dedica à produção de moldes para vidro, explicou que, no seu caso, a concorrência já não se faz pelo preço: este é, genericamente, baixo. “Tivemos de melhorar a produtividade, com registo de tempos de produção e alinhar objetivos transversais a toda a empresa”, explicou. O sistema de fabrico é integrado e a empresa consegue aferir, com rapidez,

o estado da produção do molde e o seu custo. Para além das tecnologias, salientou, é preciso ter em conta o rigor e o tempo. E o resultado de todo este conjunto garante a diferenciação em relação aos seus concorrentes.

Já Jorge Cardoso defendeu que o desafio está na integração. “Estamos munidos de tecnologias e estas estão disseminadas pela indústria, mas é fundamental a integração entre elas”, advertiu.

Para além disso, acrescentou, é crucial ter a empresa dotada de ferramentas que permitam saber, com rigor, os custos e os ganhos, de forma que se consiga saber quanto se pode baixar no preço do molde ao cliente. Algo que, considera, é fulcral, num tempo em que preço é a principal exigência dos clientes. “Temos de saber quanto custa o que fabricamos para conseguir saber, com rigor, por quanto podemos vender”, afirmou.

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/ / Jorge Ferreira
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/ / Jorge Cardoso

DIFERENCIAÇÃO

O painel seguinte prosseguiu a reflexão. Tiago Sacchetti (Bosch Industry Consulting) deu o seu contributo para que as empresas possam ‘Diferenciar e aumentar o valor acrescentado’.

No seu entender, há um aspeto que é preciso definir como estratégico e prioritário: a diversidade de mercados. Deu como exemplo o caso da Bosch que, salientou, se foi adaptando às mudanças da sociedade, de tal forma que hoje está, até, no mercado das ‘E-Bike’.

Para Tiago Sacchetti, a diferenciação é o caminho para ganhar competitividade. “Se não nos diferenciamos, olhamos para a competitividade apenas no que diz respeito ao preço”, defendeu, considerando fundamental a aposta na inovação.

Além de assegurar o negócio e a sua expansão em novos mercados, uma empresa reconhecida como inovadora conquista clientes, disse. Adiantou ainda que é importante que as empresas estejam atentas às oportunidades num mundo que está em constante mudança. E, lembrou, a pegada das empresas nesse mundo é hoje uma questão prioritária.

Esta ideia lançou o mote para o painel seguinte: ‘Sustentabilidade: que estratégia para capitalizar tendências de descarbonização’.

Coube a Gonçalo Tomé (CIE Plasfil) fazer um enquadramento do tema, começando por referir o papel do Homem na destruição do Planeta, o que, enfatizou, “nos trouxe onde estamos hoje”. Em relação à sustentabilidade, que considerou o caminho inevitável,

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/ / Tiago Sacchetti

lembrou as incongruências entre o discurso e a prática. Algo que, defendeu, tem de terminar e ser substituído por ações concretas e que alcancem resultados reais.

As empresas têm um papel importante, mas a sustentabilidade, quando aplicada a elas, não se limita às questões ambientais, mas a todo um conjunto de fatores e indicadores do próprio negócio. “Conseguiremos um mundo melhor quando os homens mais velhos plantarem árvores à sombra das quais sabem que nunca se irão sentar”, afirmou.

No painel que se seguiu, moderado por Paulo Ferreira Pinto (Mold World), Jaime Sá (Simoldes) contou ter tido clientes que exigiram requisitos de sustentabilidade. “É uma questão que está a influenciar a vida de todos nós; as empresas não podem ficar indiferentes a ela”, defendeu, adiantando que se os fabricantes de moldes ainda não têm esses requisitos definidos, têm, rapidamente, de começar a trabalhar neles e preparar as suas estruturas para a descarbonização. Esses indicadores de sustentabilidade, reforçou, têm de ser definidos numa fase muito precoce do processo de fabrico, aconselhando as empresas a entrarem cada vez mais cedo na cadeia de valor e trabalharem em conjunto com os seus clientes.

Luís Febra (Socem), por seu turno, explicou que o grupo que gere tem definido todo um conjunto de ações e procedimentos, nos quais

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/ / Paulo Ferreira Pinto
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/ / Gonçalo Tomé

trabalha diariamente no sentido de reduzir a pegada ambiental. “Já estamos a mudar”, assegurou, mostrando-se convicto de, nessa mudança, estar a fazer o que é, até agora, possível.

Em relação à descarbonização, acrescentou acreditar que a proximidade física dos fornecedores com os seus clientes terá algum impacto, no sentido em que reduz os transportes de mercadorias.

Defendeu que, também nesta questão, é muito importante que as empresas consigam colaborar, no sentido de oferecer um serviço mais global e completo aos seus clientes.

Elsa Henriques (IST/FLAD), na sua síntese final, destacou a importância da garantia dos moldes produzidos em Portugal. E essa garantia, sublinhou, deverá estar assente num processo transversal – de montante a jusante do fabrico – de melhoria contínua. Mas também a importância de afirmar os moldes portugueses como exemplo de sustentabilidade. E nesse sentido deixou a sugestão de “vir a ser criado um selo de sustentabilidade e que o próprio cluster e as organizações do sector possam, de alguma forma, definir um processo simples, mas inquestionável, para a sua concretização”.

“Se conseguirmos ter um selo ambiental, possível de rastrear e de auditar, que não seja só uma imagem de marketing, acredito que será uma vantagem competitiva para a nossa indústria”, defendeu.

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/ / Luís Febra / / Jaime Sá

TESTEMUNHOS

A quantidade de pessoas que participou neste Congresso faz-me pensar que empresários e técnicos da indústria viram nesta uma excelente oportunidade de se juntarem, aprenderem a ouvir e a partilhar as suas questões e problemas profissionais. Desta forma, pessoas que normalmente não estão juntas ou nem se conhecem, têm oportunidades de se conhecer e concluir que, afinal, têm oportunidade de aprender, até com aqueles que se poderia pensar que, por serem novos na indústria, não teriam um papel de destaque. Mas têm. Todos nós o temos”.

“A PRIORIDADE É A RETOMA DO MERCADO”

Armindo Soares - AZEMOLDES

Presidente da Associação Europeia para Investigação das Fábricas do Futuro (EFFRA)

“Acho que o programa do Congresso foi muito bem pensado. Tocou, seja mais a fundo ou mais de leve, os principais desafios que temos à nossa frente. Mas considero que o ponto fundamental desta iniciativa é conseguir juntar as pessoas que mais diretamente fazem parte da indústria. No fundo, para chegar a uma conclusão que é sempre a mesma: os problemas mantêm-se, os desafios aumentam e temos oportunidade de estar juntos.

Estar juntos permite que consigamos entender problemas transversais a todos e pensar em possíveis soluções. Os desafios vão-se mantendo: desde os reptos que os clientes nos colocam, ao facto de esta ser uma indústria de aprendizagem contínua. E é certo que ninguém sabe o suficiente para resolver os problemas todos. Por isso, o facto de estarmos juntos, de uma forma mais descomprometida, acaba por ser muito útil, para além daquilo que aprendemos com as apresentações e opiniões das outras pessoas, nos vários painéis do Congresso. Há visões muito diferenciadas sobre o que deve ser a solução.

E para mim, o principal desafio que se coloca hoje ao sector é o conseguirmos estar juntos. Para isso, é preciso haver confiança. Ganhar confiança entre nós exige mais eventos que nos mantenham juntos. Há casos claros na indústria em que isso é vantajoso e pode incrementar a cooperação. Acho que a cooperação nesta indústria já é um exemplo. E neste aspeto, penso que deve ser salientado o papel da CEFAMOL, que foi sempre o de criar condições para as pessoas estarem juntas e partilharem as suas experiências.

“Foi um Congresso bem-sucedido, na linha dos anteriores. Foi o primeiro em Oliveira de Azeméis, mas isso não quer dizer muito: quer dizer que somos um país muito pequeno e quer seja em Oliveira de Azeméis ou na Marinha Grande, o que interessa é que as empresas estejam presentes. Isso parece-me que foi bem conseguido. Os temas foram interessantes e ao encontro das principais questões: quer a sustentabilidade ou o regresso dos clientes à Europa depois de terem passado por uma fase mais focada no Oriente. Foram temas interessantes e muito bem discutidos.

Os desafios mais prementes que se colocam à nossa indústria são, sem dúvida, os que giram em torno da retoma do mercado. A maioria das empresas está envolvida na indústria automóvel e a prioridade é a retoma e não a preços asiáticos, como se comentou, mas a verdadeira retoma. Com todo este processo que houve – com alguma indefinição no sector automóvel, seguido pela crise pandémica e a guerra e tudo o que ela trouxe – a indústria tem muitos problemas para enfrentar neste curto prazo.

Com o abaixamento da sua produção e do mercado, nestes anos, é normal que as empresas tenham sido descapitalizadas porque fizeram investimentos a contar com determinados volumes de produção que depois não se concretizaram. O problema do

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“O PONTO FUNDAMENTAL DO CONGRESSO É PODER JUNTAR AS PESSOAS”
Joaquim Menezes - Grupo IBEROMOLDES
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financiamento é premente e com a agravante de que, com a inflação e taxas de juro, venha a causar mais sofrimento às nossas empresas. É, por isso, fundamental a retoma do mercado e a capitalização das empresas para que se possa trabalhar nessa sustentabilidade social que todos ambicionamos”.

“É HOJE INDISPENSÁVEL QUE TENHAMOS EM CONSIDERAÇÃO A SUSTENTABILIDADE”

“Este Congresso foi muito positivo. Em primeiro lugar, a mudança do local do evento foi muito importante porque temos dois grandes polos no sector de moldes e era tempo de nos juntarmos em Oliveira de Azeméis. Foi uma excelente ideia.

Perante os conteúdos discutidos no Congresso, penso que houve uma diferença relativamente aos anteriores e para melhor. Acho que este trouxe à discussão conteúdos muito apropriados às circunstâncias atuais em que nos encontramos. Cada vez mais, temos de ter em atenção a produtividade e a inovação e a agressividade dos mercados. Devido à situação criada quer pela pandemia, quer pela guerra, não sabemos como é que as coisas irão decorrer porque é sempre uma incerteza no dia a dia. Tem de haver um controlo muito apertado dos processos e novas maneiras de pensar como fazer o trabalho.

É importante criarmos estratégias para que as pessoas, nas empresas, possam sentir-se motivadas e contribuírem, cada vez mais, para o sucesso.

Uma questão prioritária é, hoje, a sustentabilidade. Obriga-nos a ser melhores e fazer melhor. É, até, uma das principais preocupações dos nossos clientes. É indispensável que tenhamos em consideração este tema.

Na indústria de moldes, a sustentabilidade tem de estar presente desde a fase mais precoce do processo. Desde pensar no fim de vida dos produtos, à eliminação de desperdícios, temos de dar prioridade a esta questão no nosso dia a dia porque só dessa forma conseguiremos melhorar e ser competitivos. E é muito importante que tenhamos em consideração as tecnologias, mas também as pessoas, que nos podem ajudar a fazer isso”.

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INOVAÇÃO

O QUE AS EMPRESAS CONCEBEM DE FORMA SINGULAR E INOVADORA

PROJETO VV4MC - A NEW TYPE OF VENTILATED VISOR FOR MEDICAL CARE

PROJETO SHELLMOULD: NOVO MOLDE PARA VIDRO QUE GARANTE ARREFECIMENTO MAIS CÉLERE E UNIFORME

COMPETÊNCIAS PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

INOVAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS

INJEÇÃO ASSISTIDA POR ÁGUA: NOVO CONCEITO MATERIALIZADO NUM NOVO SISTEMA

COMPARAÇÃO DE TEMPO E CUSTO ENTRE MOLDES CONVENCIONAIS E HÍBRIDOS

PARA A INJEÇÃO DE DISSIPADORES DE CALOR POLIMÉRICOS

MOLDES DE INJEÇÃO: MAIS EFICIENTES, OTIMIZADOS OU INTELIGENTES?

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PROJETO VV4MC - A NEW TYPE OF VENTILATED VISOR FOR MEDICAL CARE

O projeto VV4MC – A new type of ventilated visor for medical care (CENTRO-01-0145-FEDER-181248) surgiu da necessidade de validação dos resultados obtidos no projeto MASK4MC – Mask for Medical Care. Decorrido entre os anos 2020 e 2021, o MASK4MC teve como objetivo o desenvolvimento de um Equipamento de Proteção Individual (EPI) para cuidados médicos - uma viseiraque permita, para o seu utilizador, reduzir fortemente o risco de inalação, na zona respirável, de gotículas e aerossóis com carga viral potencialmente elevada.

Coordenado pela Universidade de Coimbra (UC), em copromoção com a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) e a Simultaneous Engineering Technology

(SETsa), do Grupo IBEROMOLDES, o projeto VV4MC congrega os conhecimentos, competências e experiência do consórcio, nas áreas da contaminação de pessoas por agentes patogénicos (em particular profissionais de Saúde), do desenvolvimento de soluções e novos produtos envolvendo escoamento de fluidos e no projeto e produção de produtos, para o desenvolvimento deste no novo EPI baseado no conceito de vedação aerodinâmica.

A transmissão humana de agentes patogénicos pode ocorrer através de aerossóis e gotículas responsáveis pelo transporte de agentes biológicos, tais como vírus e bactérias. Entre outros, estas partículas são emitidas por pessoas infetadas por meio de tosse, espirro e pela respiração. Devido ao tipo de transmissão, a utilização de viseiras,

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máscaras e o distanciamento social são formas fundamentais para evitar a contaminação e consequente infeção.

Por forma a melhorar os índices de proteção contra os referidos agentes biológicos, nomeadamente em serviços da área da Saúde, neste projeto serão desenvolvidas e produzidas as versõesprotótipo do mencionado EPI, para teste e validação da capacidade de diminuir significativamente a potencial concentração de gotículas na zona de inalação do utilizador, garantindo, simultaneamente, um conjunto de funcionalidades essenciais relacionadas com a visibilidade/desembaciamento e com o conforto térmico e acústico.

Com base em simulações numéricas do escoamento de ar, reproduzindo os testes experimentais e de usabilidade em ambiente de consultório, foi desenvolvido um primeiro protótipo (MASK4MC) de uma viseira cujo efeito de proteção e de não embaciamento é conseguido através de uma cortina aerodinâmica especificamente projetada e condicionada para estes efeitos. Verificou-se que a capacidade de vedação aerodinâmica da cortina de ar teve um papel essencial na redução significativa do risco de inalação de gotículas e aerossóis com potencial carga viral, tendo os resultados experimentais, através do uso combinado da viseira juntamente com uma máscara facial (cirúrgica e KN95) conduzido a valores de eficiência de proteção na faixa de 57 % a 70 % para partículas com dimensão superior a 0,5 μm.

Nesta fase de desenvolvimento do EPI (VV4MC) serão estudadas e desenvolvidas melhorias no seu desempenho, nomeadamente no que concerne à vedação aerodinâmica e ao conforto durante a utilização, de modo a proporcionar uma proteção segura e eficaz aos profissionais de saúde e a trabalhadores hospitalares. No final

está prevista a realização de testes experimentais no utilizador final em ambiente real, nomeadamente em consultório de medicina dentária.

Com este trabalho pretende-se desenvolver processos e produtos de baixa pegada carbónica e com uma utilização eficiente de recursos, ou seja, novos processos de produção mais amigos do ambiente e sustentáveis. Além disso, pretende-se alcançar um EPI específico para cuidados médicos, proporcionando uma solução eficaz para evitar a contaminação através de vírus, nomeadamente através do desenvolvimento de ferramentas experimentais e numéricas com potencial de exploração comercial.

O desenvolvimento de projetos no setor médico é, pelas suas caraterísticas intrínsecas, um fator indicativo de crescimento económico dos países onde se encontra. É neste contexto que o projeto VV4MC se enquadra, perspetivando não só melhorias e evoluções de índole I&D, mas também ao nível do desenvolvimento económico de Portugal, com aumento da oferta de serviços e produtos no setor, numa perspetiva a médio/longo prazo.

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Consórcio

PROJETO SHELLMOULD: NOVO MOLDE PARA VIDRO QUE GARANTE ARREFECIMENTO MAIS CÉLERE E UNIFORME

Um novo conceito de molde integrador para maximizar a produção de embalagens de vidro e a sua afirmação no mercado internacional. Este foi o principal objetivo a atingir no âmbito do Projeto Shellmould, que teve a Intermolde como promotor líder do consórcio e no qual participaram a vidreira BA Glass, a Universidade de Coimbra e o Instituto Pedro Nunes (IPN). Com a duração de três anos e um apurado trabalho de investigação e desenvolvimento, este projeto resultou na criação de um novo tipo de molde para vidro que garante um arrefecimento mais célere e, com isso, melhores ciclos de produção e maior qualidade da peça.

O projeto Shellmould teve início em outubro de 2019, surgiu na sequência de outros projetos de consórcio, com resultados bastante positivos, que a Intermolde, juntamente com a vidreira BA Glass (end user) e o Instituto Pedro Nunes desenvolveram. No decorrer dos anteriores projetos, o consórcio foi-se mantendo, sensivelmente, com os mesmos elementos, tendo estudado e investigado questões relacionadas com a melhoria do desempenho dos moldes para a indústria vidreira.

Neste caso em particular, o objetivo foi encontrar um novo conceito de molde que permitisse maximizar a produção de embalagens de vidro, melhorando o arrefecimento, através da criação de novos canais. Conta Jorge Ferreira, sócio gerente da Intermolde, que além do objetivo de produtividade para o cliente e parceiro BA Glass, para a Intermolde seria fundamental que a solução encontrada fosse simultaneamente competitiva. Apoiado por um sistema de incentivo à investigação e desenvolvimento tecnológico, foi financiado no âmbito do Compete2020/PT2020 e FEDER.

O projeto cumpriu o seu objetivo: um novo tipo de molde foi desenvolvido, estando em fase de registo de patente. Jorge Ferreira acrescenta que a Intermolde, com estes projetos I&DT, procura estar na vanguarda do desenvolvimento e inovação, sempre com objetivo final de acrescentar valor ao cliente, seja pela componente técnica, seja pela competitividade financeira, e numa lógica contínua.

Conforme já referido, o Shellmould tinha como principal objetivo produzir uma tipologia de molde para vidro, que não existia no mercado. Estabeleceu um paralelo com a indústria de moldes para plásticos, explicando que, aí, “é bastante frequente falar-se no arrefecimento conformal (conformal cooling) que se consegue por processos aditivos”.

O caminho do projeto foi encontrar um sistema a preço competitivo que permitisse melhorar o arrefecimento. E isso, sublinha, foi encontrado, inovando, mas mantendo a aposta na tecnologia subtrativa, com maquinação, corte e arranque da apara.

CALOR UNIFORME

“Tentámos, numa primeira fase, escolher um caso típico do parceiro end-user, a vidreira BA Glass, ou seja, uma peça que fosse problemática em termos de distribuição de calor”, explicando que no caso do vidro, quando essa distribuição não é uniforme, surgem irregularidades nas paredes, ficando mais frágeis, e que podem ser pontos de rotura. Por isso, acrescenta, “é de extrema importância a garantia da uniformização da temperatura nos moldes”.

O desafio, conta ainda, “foi perceber o que alterar de forma a assegurar essa melhoria, tendo em conta que os canais de ventilação dos moldes são verticais, ou seja, basicamente furos longitudinais a passar de uma extremidade à outra do molde, com diferentes distâncias da zona moldante”. Foi precisamente nesta questão que o consórcio se debruçou, procurando uma solução.

Para tal, conta Jorge Ferreira, foi encontrada uma solução de molde modular, de duas peças, constituído por um núcleo e uma casca, com excelente colaboração da Universidade de Coimbra ao nível dos canais refrigeradores, e do Instituto Pedro Nunes, ao nível do revestimento dos materiais.

No decorrer do processo, o consórcio desenvolveu vários moldes modulares, com diferentes tipos de canais de refrigeração e de revestimentos. Estes revestimentos, adianta, “tinham presente, não só o escoamento de calor, mas também outras propriedades que procurávamos, nomeadamente desmoldagem facilitada e autolubrificação

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NOVO MOLDE

E no final, o sucesso. O trabalho permitiu encontrar e desenvolver um novo tipo de molde. “Depois de todos os testes, de escolhermos os melhores revestimentos, os materiais adequados, produzimos um molde-piloto que foi necessário testar para assegurar que era funcional em máquina”, conta Jorge Ferreira. Os ensaios foram realizados na vidreira BA, que validou o molde, até porque este provou trazer melhorias nos tempos de produção.

Este tipo de ensaios, salienta, “nem sempre é fácil, mesmo a vidreira sendo parceira e um elemento do consórcio, as peças de vidro que são produzidas têm de ser todas rejeitadas, uma vez que não é seguro aproveitar e colocar no mercado um produto resultante de um teste com uma nova ferramenta”. Mas, neste caso, os ensaios foram realizados e o molde provou ser eficaz, tendo sido notórias as melhorias. No caso da temperatura, refere Jorge Ferreira, essas melhorias ascenderam a valores na ordem dos 10 % a 15 %.

Isto significa que a cadência das máquinas, que é muito rápida, e obtida à custa do arrefecimento, pode registar melhoramentos. “Uma redução de temperatura no molde vai permitir ou cadências mais altas, se a vidreira estiver interessada nisso – porque pode estar já a produzir no ponto ‘ótimo’ -, ou baixar a potência do ventilador e, com isso, reduzir os custos energéticos”, explica.

Além disso, acrescenta, “verificámos que além de ter baixado a temperatura geral do molde, também equilibrámos a temperatura em todo o perfil, o que permitiu produzir – frascos, neste caso – com melhor qualidade, com uma espessura mais uniforme”.

Jorge Ferreira salienta que um dos aspetos positivos do trabalho foi perceber a fiabilidade das simulações desenvolvidas pela Universidade de Coimbra. “Foi curioso ver que os resultados da simulação vieram a comprovar-se em fabrico”, destaca. E, com isto, acrescenta, “chegámos ao molde ideal”: fabricado como os demais para a indústria vidreira em ferro fundido, mas com um desempenho bastante melhor.

Agora, sublinha, todo este sistema está em fase de registo de patente. No entanto, adverte, “o seu custo é ainda um pouco mais elevado do que os moldes convencionais, devido, sobretudo, ao valor da maquinação dos canais conformais e, por isso, poderá não ser ainda muito atrativo para as vidreiras”. No entanto, enfatiza, o resultado já alcançado permite ao consórcio continuar a trabalhar neste molde, otimizando o seu fabrico tanto quanto possível, de forma a tornar o seu valor mais competitivo.

“Este projeto pode ser o ponto de partida para trabalhar num molde de custos mais contidos e com as mesmas características”, admite, salientando que “conseguimos um processo bastante otimizado, mas começando a produzir os moldes a outra escala, conseguimos sempre otimizar algo mais”.

Jorge Ferreira adianta, ainda, que a participação neste tipo de projetos de investigação e desenvolvimento é sempre positiva para a empresa. “Reforça a parceria entre as empresas e as entidades sistema científico tecnológico nacional, ganhamos competências noutras áreas, ficando, por exemplo, a saber mais sobre materiais e revestimentos, através destas ligações quer à Universidade de Coimbra, quer ao IPN”, salienta.

INOVAÇÃO /

COMPETÊNCIAS PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O projeto CATALYST | A Excelência no Ensino e Formação Profissional para a Liderança de Sistemas Sustentáveis, já apresentado na edição anterior da revista MOLDE, é um projeto internacional, financiado no âmbito do programa ERASMUS+, liderado pela entidade IECEInstitute for Research in Environment, Civil Engineering and Energy da Macedónia do Norte e conta com a participação de 16 parceiros da Alemanha, Áustria, Portugal e Grécia. Em Portugal, o projeto é liderado pelo Iscte - Instituto Universitário de Lisboa e conta com a participação do CENTIMFE e da ICAA - Associação para a Gestão do Capital Intelectual.

Este projeto irá materializar-se na edificação de cinco Centros de Excelência Profissional, em cinco países europeus para apoiar as PME na liderança de sistemas sustentáveis e suportar os processos de transformação do negócio, decorrentes dos desafios das transições digital e climática em curso. Pretende-se criar uma oferta formativa que contribua para dotar as empresas de competências necessárias para dar resposta aos novos desafios e, em paralelo, dinamizar novas parcerias intersectoriais e multidisciplinares para impulsionar aprendizagens mútuas e partilha de boas práticas.

No sentido de providenciar a melhor oferta formativa, o projeto dinamizou um trabalho de campo, baseado num questionário de aferição de défices de competências dirigido a profissionais das empresas e outras entidades, o qual foi complementado com entrevistas a gestores de empresas e pela realização de uma mesa-redonda. Estas ações tiverem como premissa o estabelecimento de um diálogo entre PME, Centros de Formação Profissional e instituições públicas, mobilizando stakeholders relevantes.

Em Portugal, o questionário foi lançado pelo CENTIMFE e pelo Iscte, o que permitiu obter cerca de uma centena de respostas, sendo os sectores mais representativos os Moldes e Plásticos. Este estudo permitiu constatar que cerca de 73 % dos inquiridos revelou conhecer o Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Refirase que os ODS definem as prioridades e aspirações globais para 2030 constantes na Agenda 2030 das Nações Unidas, assumidos pelos 193 países que integram esta Organização. Todavia, 27 % dos inquiridos, indicou desconhecer ou não ter a certeza dos conceitos básicos relativos aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e à sustentabilidade dos modelos de negócio.

De acordo com o mesmo estudo, a adoção de práticas alinhadas com os ODS por parte das empresas ainda é muita limitada a ações relacionadas com o trabalho digno e crescimento sustentável, bem como a questões relativas a igualdade de género, o que foi identificado por 52 % e 43 % dos inquiridos respetivamente. Deve realçar-se que a aposta na inovação e instalação de infraestruturas sustentáveis constitui uma prática já largamente adotada. No contexto das indústrias de moldes e plásticos trata-se, efetivamente,

da ação com maior expressão, já que 68 % dos inquiridos transmitiram que já adotaram ações alinhadas com o objetivo da construção de infraestruturas resilientes e de promoção de uma industrialização inclusiva e sustentável.

No que concerne à ação climática, apenas 20 % dos inquiridos afirmaram já ter adotado medidas conducentes ao combate às alterações climáticas e seus impactos, o que revela que existe um trabalho significativo a fazer na área da educação para mitigar as alterações climáticas e respetivos impactos.

Refira-se que em termos de boas práticas ambientais, mais difundidas e implementadas nas PME do sector de moldes e plásticos, identificaram-se a reciclagem de um cada vez maior número de materiais (produtos), a procura de uma maior eficiência dos processos (eficiência de recursos energéticos e outros), bem como a instalação de fontes de energia renovável, em particular a fotovoltaica.

Os princípios ESG, abordagem estratégica e de análise que se baseia em critérios Ambientais (Environment), Sociais (Social) e de Governança Corporativa (Governance), ainda são pouco conhecidos e, por conseguinte, pouco implementados, não se atribuindo ainda a importância que este tema assume, face às mais recentes atualizações legislativas.

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/ / Fig. 1 - Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Tendo por base os resultados dos inquéritos, das entrevistas e também da mesa-redonda realizada no CENTIMFE, em 16 de dezembro de 2022, identificaram-se como os maiores desafios para a implementação de práticas sustentáveis, as mudanças comportamentais, motivação dos colaboradores, a formação e a necessidade de recursos humanos qualificados. Os condicionalismos económicos também são referidos como uma dificuldade para a implementação de soluções mais sustentáveis, tendo sido referido efetivamente que “as alternativas mais sustentáveis, são normalmente mais caras”, sendo que os clientes ainda não estão disponíveis para pagar mais.

Para a implementação e liderança de sistemas mais sustentáveis foi apontada a importância vital da aposta na formação e capacitação, atratividade e captação de recursos humanos qualificados, novos modelos de trabalho (flexibilidade, teletrabalho), a eficiência dos processos e a transição energética.

A formação e aposta no reforço de novas competências assume um papel fundamental na liderança de sistemas sustentáveis e na transformação dos negócios, tendo sido identificadas as áreas: Sustentabilidade e Economia Circular; Análise de ciclo de Vida; Normas Ambientais; Gestão de Recursos Energéticos; Análise Crítica de Processos, Competências Digitais e de Análise de Dados; Competências Criativas; Business Intelligence; Competência Comportamentais e Gestão Estratégica como fundamentais neste processo.

O projeto CATALYST pretende dar um importante contributo na construção de uma Europa mais resiliente e mais preparada para fazer face aos desafios da transição climática e digital, pelo que vai trabalhar currículos de formação no sentido de responder às necessidades identificadas nos países que integram o consórcio.

Acompanhe o projeto em: https://projectcatalyst.eu/ e faça parte da Rede Catalyst

Este projeto é co-financiado pelo Programa ERASMUS+, Parcerias para a Excelência – Centros de Excelência Profissional. Ref. number 101056114 — CATALYST — ERASMUS-EDU-2021-PEX-COVE

INOVAÇÃO /
REVISTA MOLDE CEFAMOL 61

INOVAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS

que foram especificados a partir de produtos típicos identificados pelos copromotores industriais. Contempla o desenvolvimento de metodologias para implementar a avaliação de ciclo de vida (ACV) a produtos de plástico, partindo dos casos de estudo referidos, bem como implementar os modelos de ciclo de vida e inventários aos mesmos, incluindo um cenário de produção convencional (Business as Usual) como referência para comparação com cenários alternativos.

O projeto S4Plast | Sustainable Plastics Advanced Solutions é um projeto mobilizador que agrega 16 copromotores, dos quais nove empresas (Iber-Oleff, OLI, Erofio Atlântico, Neutroplast, Cabopol, Edilásio, ITJ, 3Dtech, WeADD) e sete Entidades Não Empresariais (CENTIMFE, Universidade do Minho, Instituo Superior Técnico, Politécnico de Leiria, Universidade de Coimbra, Universidade de Aveiro, Pool-Net).

O projeto S4Plast, que decorre entre julho de 2020 e junho 2023, desenvolve-se numa altura em que as empresas transformadoras de plástico do cluster Engineering & Tooling se deparam com alterações substanciais ao modo como os materiais plásticos são utilizados, e com decisões sobre o final de vida dos produtos, o que se reflete no modo como os bens são fabricados, nomeadamente nos materiais, nas tecnologias e nos processos que os produzem.

Este projeto procura responder a várias incertezas científicas e tecnológicas que se afiguram como desafios para a parceria envolvida, os quais deram origem a diferentes linhas de investigação e desenvolvimento em torno de temas como: “Design para a circularidade, sustentabilidade e valorização”; “Novos materiais poliméricos avançados e multifuncionais”; “Processos avançados de fabrico”; e “Integração inteligente de processos e produtos”.

O projeto S4Plast procura responder aos grandes desafios industriais do cluster, bem como fomentar o equilíbrio entre os proveitos económicos, a sustentabilidade e a circularidade, e o alargamento e o reforço da sua cadeia de valor nos domínios dos produtos, processos e serviços. Desta forma, o projeto pretende contribuir para a competitividade da indústria nacional associada à cadeia de valor do produto moldado, e para a sua sustentabilidade, ou seja, que estas sejam geradoras de riqueza com benefícios para a sociedade em geral e para o meio ambiente em particular.

O S4Plast está a desenvolver metodologias inovadoras de Ecodesign no processo de desenvolvimento do produto, versando o design para a circularidade, a sustentabilidade e a valorização, de modo a integrar os aspetos ambientais na conceção dos produtos, como contributo para melhorar o desempenho ambiental ao longo de todo o seu ciclo de vida. A investigação tem por base vários casos de estudo

O projeto propõe o uso de tecnologias alternativas mais inteligentes e sustentáveis para limitar a pegada ambiental dos processos industriais, procurando e introduzindo práticas de produção inovadoras e sofisticadas, bem como a incorporação de resíduos industriais e de produtos em final de vida.

O consórcio investiga a reintrodução e valorização de resíduos resultantes da transformação dos plásticos, propondo modelos de economia circular para materiais e produtos, seja no produto em curso de produção, seja numa perspetiva de simbiose industrial noutros produtos tirando partido das propriedades intrínsecas desses resíduos/ matéria-prima, promovendo o uso mais eficiente de materiais e energia, e reduzir impactos ambientais. A valorização de materiais considerados como resíduos dos processos industriais de transformação do plástico, estimulará a criação de novos elos na cadeia de valor do tooling, e permitirá a transformação de resíduos em matérias-primas para o fabrico de novos e melhorados produtos, contribuindo para a redução da utilização de matérias-primas virgens e para a redução das importações das mesmas, fomentando a economia circular e, consequentemente, contribuindo para a transição ecológica.

O projeto considera que os materiais constituem um elo crítico em toda a cadeia de processos do tooling, influenciando as decisões e as escolhas das ferramentas e dos processos de produção. Assim, o consórcio procedeu à avaliação do potencial de valorização de alguns materiais resultantes do processo de produção de algumas empresas copromotoras. Um dos resultados deste trabalho foi uma metodologia sistematizada de valorização dos polímeros em estudo no projeto, tendo por base a informação tratada segundo quatro pontos:

- Conhecimento existente – neste ponto encontra-se informação geral sobre o polímero e dados já conhecidos sobre processos de degradação e reciclagem;

- Comercializado por – faz referência às principais empresas que reciclam ou vendem material reciclado;

- Processo de recuperação – menciona trabalhos existentes na literatura sobre diferentes formas de valorizar o polímero em causa;

- Alternativas potenciais – outras formas de valorização que poderão estar em estudo ou vir a ser desenvolvidas.

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Mihail Fontul 1, António Baptista 2, Dulcínia Santos 2, António Pontes 3 1 - IBER-OLEFF, 2 - CENTIMFE, 3 - Universidade do Minho
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Uma das linhas de investigação do projeto procura desenvolver processos e soluções sustentáveis para obter peças com aspeto metalizado, sendo que aqui o projeto S4PLAST abordou várias metodologias sem recurso a processos eletroquímicos, os quais são considerados como não sustentáveis, contam-se aqui:

a) A adição de (nano)partículas em matriz polimérica. Estas (nano) partículas foram recolhidas a partir de resíduos industriais de níquel, mas os resultados revelaram que seriam inadequadas pela sua composição química complexa das lamas enriquecidas em níquel;

b) Misturas de ABS (Terluran GP-22) com 4 pós metálicos (Alumínio; Níquel, Aço inoxidável e Inconel 625 (uma liga metálica de níquel, crómio e molibdénio). O processo não gerou resultados positivos.

c) Revestimento de grânulos de polímero com níquel.

Este molde experimental caracteriza-se por ter zonas moldantes que permitem temperaturas diferentes e dessa forma, permitem alterar as propriedades de uma peça ao longo do seu comprimento e estudar a influência dos parâmetros de processamento nas propriedades das peças injetadas. O principal objetivo é, neste caso, conseguir que uma mesma peça injetada apresente diferentes valores de turbidez, conseguidos através de diferentes temperaturas selecionadas para as diversas zonas do molde.

Os resultados até agora conseguidos são animadores, dado que foi possível identificar a variação de propriedades óticas ao longo da peça. O consórcio irá continuar este trabalho através da realização de novas combinações de parâmetros nas diferentes zonas do molde, e da introdução de melhorias no mesmo, de modo a permitir robustecer os resultados da investigação.

Os resultados do projeto S4Plast irão dotar as empresas do cluster de competências, metodologias tecnologias inovadoras e novos processos de fabrico mais ágeis, eficientes e sustentáveis para criar produtos sustentáveis com maior valor acrescentado.

O S4Plast fará a diferença nas empresas do cluster, ao promover o equilíbrio entre a inovação industrial, a sustentabilidade e a viabilidade económica.

Numa outra linha de investigação, o projeto procura processos para minimizar o número de materiais presentes numa peça plástica, através do uso dos mesmos materiais, mas conferindo-lhe diferentes propriedades. Neste sentido, o projeto está a criar metodologias de projeto das peças para produzir com menos materiais, por exemplo, criar produtos com características óticas e estruturais diferenciadoras numa abordagem monomaterial e multipropriedade, feito através do trabalho de design e conceção de ferramentas inovadoras a integrar na moldação por processos avançados.

Este texto foi realizado no âmbito das atividades de disseminação do projeto S4Plast | Sustainable Plastics Advanced Solutions, projeto mobilizador Nº46089.

INOVAÇÃO /
/ / Figura 1 - Revestimento de grânulos de polímero com níquel.
REVISTA MOLDE CEFAMOL 63
/ / Figura 2 - a) Esquemas das zonas moldantes; b) Molde experimental com zonas moldantes de características diferenciadas; c) Peça de teste injetada.

INJEÇÃO ASSISTIDA POR ÁGUA: NOVO CONCEITO MATERIALIZADO

NUM NOVO SISTEMA

Artur Mateus 1, Ruben Silva 1, Tiago Marques 2, Madail Mendes 3, António Pontes 4,5, Hugo Rodrigues 4,5

1 - Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto do Politécnico de Leiria; 2 - MoldetipoII; 3 - Teclena

4 - Instituto de Polímeros e Compósitos da Universidade do Minho; 5 - Departamento de Polímeros da Universidade do Minho

Atualmente, na produção de peças poliméricas com geometrias complexas e ocas é utilizada a tecnologia de injeção assistida por água/gás. O processo consiste na injeção de água a pressões elevadas (até 200 bar), isto ocorre após o fecho do molde e injeção de polímero até ao preenchimento total da zona moldante. A injeção de água a pressões elevadas vai forçar o polímero, do núcleo da peça, a ser expulso para um reservatório. Esta expulsão de material é possível não só graças às elevadas pressões da água, mas também porque o polímero ainda se encontra num estado viscoso, facilitando o seu escoamento.

Deste modo, o proposto projeto surge da experiência da empresa

MoldetipoII, no domínio da injeção com água que prevalece no grupo desde 2012. Neste domínio, têm sido implementados importantes avanços tecnológicos e internalizados diversos conhecimentos no domínio do processo da injeção assistida por água.

INJEÇÃO ASSISTIDA POR FLUIDO

A presente secção pretende explicar o conceito do projeto, vantagens e as diferentes variantes do processo de injeção assistida por fluido, para a criação de componentes poliméricos de secção vazada.

Nos últimos anos, esta tecnologia tem vindo a ter uma maior procura, para a fabricação de peças plásticas, graças à sua capacidade de produzir peças mais leves, com ciclos mais rápidos e uma maior poupança de matéria-prima (Liu & Wu, 2007). Estas características são ótimas para a produção de componentes para o sector automóvel e aeronáutica, pois é possível a produção de inúmeras peças com o seu interior vazado, com tempos de ciclo reduzidos e poupança na matéria-prima utilizada.

INJEÇÃO ASSISTIDA POR GÁS VERSUS ÁGUA

O processo assistido a gás, além de ter uma menor sustentabilidade, também demonstra outras desvantagens em relação ao processo assistido por água. O arrefecimento da peça é cerca de 50 % mais lento do que o processo a água, pois este meio possui um coeficiente de condutividade térmica superior ao do gás (Fleck, 2007), condição necessária para a redução do tempo de ciclo de produção. Na Figura 1, pode-se verificar a diferença de temperaturas, após a injeção de um componente (tubo com 10mm diâmetro), entre a injeção a gás ou a água.

A incompressibilidade da água permite um melhor controlo do processo, colocando exigências mais rigorosas à unidade de injeção de água, visto que é necessário fornecer um fluxo volumétrico, de forma contínua. Uma das vantagens da água em relação ao gás verifica-se durante as fases de compactação e arrefecimento, uma vez que o melhor desempenho da água permite que o fundido possa ser arrefecido no seu interior, reduzindo consideravelmente o tempo de arrefecimento (Protte & Konejung, 2003).

Nas peças de secção vazada, torna-se evidente a diferença entre a moldação por injeção assistida a gás e assistida a água, onde a reduzida fase de compactação utilizada na IAG pode causar um aspeto de espuma na superfície interior da peça moldada. Neste sentido, no processo de injeção assistida por água, a utilização de água proporciona uma solidificação da superfície interna muito rápida, o que vai originar um não gotejamento de fusão a partir das paredes, como se verifica no processo de injeção assistida por gás, provocando a grande rugosidade ou efeito de espuma no interior da peça moldada, conforme demonstra a Figura 2 (Liu, et al., 2018).

A distribuição da espessura residual da parede ao longo do caminho do fluxo é um dos critérios essenciais para a produção de componentes de plástico com uma secção vazada. Por um lado, as propriedades mecânicas da peça são diretamente afetadas pela distribuição da espessura residual das paredes, assim como a contração e os empenos da peça (Kamal, et al., 2009).

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/ / Fig. 1 - Comparação termográfica entre injeção a gás e água (Fleck, 2007) Injeção assistida a Gás Injeção assistida a Água / / Fig. 2 - Diferença entre a tecnologia de injeção assistida por gás (IAG) e água (IAA) (Liu, et al., 2018)
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/ / Fig. 3 - Defeitos típicos na superfície interior da peça moldada, sem parâmetros otimizados (Protte & Konejung, 2003)

Contudo, o processo de injeção assistida a água pode dar origem a defeitos não verificados no processo de injeção assistida por gás. Os defeitos ilustrados na Figura 3 são os erros mais comuns no processo IAA, mas podem ser eliminados mediante a escolha adequada dos parâmetros de processamento, nomeadamente taxas e pressões de escoamento e pressão.

O defeito “partial shaping with steam" (moldação parcial com vapor) é causado por uma taxa de caudal de água insuficiente. No caso dos “pore" (poro), a pressão da água é definida de modo que se forme lentamente uma pele fina a baixa pressão, a qual é então penetrada pela pressão da água. Os processos de difusão da água são responsáveis pelos defeitos de "bubble" (bolhas) e "chamber" (câmaras), “void" (vazio), desenvolvidos durante a solidificação do material fundido sob baixa pressão, quer no lado do molde quer no lado do fluido. A contração característica do material permite a formação de vazios entre as camadas de solidificação exteriores. Os vazios podem igualmente ser eliminados ou minimizados recorrendo à utilização de umo elevado caudal durante a fase de injeção e de uma pressão de água elevada durante a fase de compactação/arrefecimento. A solidificação lenta do material proporcionará a redução da formação de espaços vazios (Protte & Konejung, 2003).

CONCEITO E SOLUÇÃO PROPOSTA

A solução proposta resulta na criação de um sistema com a tecnologia que proporcione de forma eficiente, a injeção de peças vazadas (ocas) com recurso a um conjunto de inovações desenvolvidas no âmbito do projeto.

Entre as principais características do sistema de injeção assistida por água desenvolvido, destaca-se o controlo preciso das características das peças injetadas. Com este sistema, é possível ajustar de forma precisa vários parâmetros de injeção, como o fluxo de injeção de água, a definição precisa das etapas de injeção, tanto do polímero como da água injetada e também o controlo específico da temperatura do meio transiente. Esses ajustes permitem obter peças com maior precisão dimensional, reduzindo a necessidade de retrabalhos permitindo a injeção de produtos de complexidade superior garantindo a qualidade final do produto.

A presente proposta teve como base a produção de componentes vazados com várias ramificações para permitir a produção de peças complexas num único ciclo de injeção.

A abordagem primordial consiste na aplicação de vários injetores para jato de água, que são canalizados para as respetivas ramificações por vazar. Para que esta metodologia seja viável, os vários fluxos de água provenientes das várias ramificações têm de intercetar simultaneamente nas bifurcações, isto significa que cada corrente de água proveniente de cada canal ramificado tem de se intercetar simultaneamente com a corrente de água do corpo da secção vazada principal. Caso isto não aconteça, pode ocorrer a solidificação das paredes das várias ramificações, impedindo assim o escape do fluxo de polímero das ramificações levando a não vazar a peça na totalidade, ou mesmo esta falta de interceção pode vir a danificar o equipamento.

Perante este desenvolvimento o grupo Moldetipo deteve novas competências no setor da injeção de polímero assistido por água e adquiriu know how bastante específico a esta tipologia, sendo um dos pontos diferenciadores perante o mercado atual.

Na Figura 4, acima, podemos observar algumas peças injetadas pelo sistema desenvolvido.

Com o desenvolvimento deste projeto, o consórcio criou uma solução otimizada e de melhor performance do que atualmente o mercado oferece e que fará parte de uma solução comercializável: molde + Sistema de injeção assistida água, chave na mão.

AGRADECIMENTOS:

Este trabalho foi feito no âmbito do Projeto Neptune.Controller (39827), financiado pela Agência Nacional de Inovação.

A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), através dos projetos financiados da unidade de investigação, UIDB/04044/2020, UIDP/04044/2020, apoiou através do estabelecimento de condições de base orientadas para a investigação científica de excelência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AKRO-PLASTIC GmbH, 2013. AKROMID® Lite and AKROMID® XtraLite –Lower-Density Polyamide Compounds.

Fleck, R., 2007. Water-Assist Injection Molding (WAIM). [Online]

Available at: https://knowledge.ulprospector.com/1517/pe-water-assist-injectionmolding/

Kamal, M. R., Isayev, A. & Liu, S.-J., 2009. Injection Molding: Introduction and General Background. Injection Molding, Carl Hanser Verlag GmbH & Co. KG.

Liu, S. J. & Wu, Y. C., 2007. Dynamic visualization of cavity-filling process in fluidassisted injection molding-gas versus water. Polymer Testing, 26(2), p. 232–242.

Liu, X. et al., 2018. Overview of the Experimental Trends in Water-Assisted. Macromolecular Materials and Engineering, vol. 303.

Protte, R. & Konejung, K., 2003. Water increases productivity. Kunststoffe, Plast Europe, 93(2), p. 25–28.

INOVAÇÃO /
REVISTA MOLDE CEFAMOL 65
/ / Fig. 4 – Peças produzidas no âmbito do projeto – Sistema desenvolvido vs sistema standard

COMPARAÇÃO DE TEMPO E CUSTO ENTRE MOLDES CONVENCIONAIS E HÍBRIDOS PARA A INJEÇÃO DE DISSIPADORES DE CALOR POLIMÉRICOS

1 -IPC - Instituto de Polímeros e Compósitos, Departamento de Engenharia de Polímeros, Universidade do Minho;

2 - DONE Lab - Advanced Manufacturing of Polymers and Tools, Universidade do Minho;

3 - BOSCH Car Multimedia S.A..;

4 - Lab2PT, Escola de Arquitetura, Universidade do Minho

INTRODUÇÃO

A moldação por injeção é um dos processos mais utilizados no fabrico de peças plásticas, devido aos seus inerentes maiores níveis de produtividade e precisão, e à facilidade de obtenção de produtos de alta qualidade para campos de aplicação mais distintos. Na produção de moldes de injeção, são amplamente utilizados métodos de produção subtrativos que utilizam ligas de aço como material de construção. Estes moldes de injeção permitem produções em larga escala na ordem dos milhares, centenas de milhares ou mesmo milhões de unidades de peças plásticas [1,2].

No entanto, hoje em dia, o mercado é altamente competitivo e exige novos modelos de desenvolvimento de produtos customizados para satisfazer as necessidades dos consumidores. Portanto, um produto deve atender aos requisitos do cliente, mas também com tempo e custos de desenvolvimento e produção reduzidos. Nesse sentido, algumas empresas enfrentam o desafio de fabricar moldes para pequenas quantidades de peças plásticas. Numa abordagem para resolver esta questão, surgiu o conceito de moldes híbridos que combina tecnologias alternativas de fabrico, como por exemplo, tecnologias de Fabrico Aditivo (FA) com métodos de fabricação convencional [3,4], como a fabricação subtrativa.

As tecnologias de FA permitem a criação de modelos físicos baseados na aplicação de camadas consecutivas de material, ou seja, depositando o material camada a camada para gerar toda a forma da peça pretendida. A designação de moldes híbridos resulta da diversidade de materiais e técnicas empregues simultaneamente num molde. Deste modo, os métodos convencionais são normalmente aplicados para produzir toda a estrutura do molde, exceto os insertos moldantes que são produzidos por tecnologias de FA, conforme mostrado na Figura 1 [5].

As principais vantagens associadas aos moldes híbridos incluem uma maior eficiência na redução de desperdícios e consumo de energia, na redução do time-to-market e na facilidade de personalização de layouts para o sistema de controlo de temperatura, proporcionando uma maior eficiência no controlo térmico durante o processo de moldação por injeção [6]. Esta liberdade de design é uma das vantagens inerente aos processos de FA que permite aos projetistas e engenheiros analisar a melhor estratégia de projeto para os canais do sistema de controlo de temperatura, de forma que os canais sejam posicionados o mais próximo possível da peça, melhorando assim, a eficiência térmica do sistema, contribuindo para a otimização do processo de moldação por injeção. Este tipo de configuração é mais vantajoso ao recorrer a tecnologias de FA baseadas em metal e é tradicionalmente referido como canais de controlo de temperatura ou canais de arrefecimento conformados (Figura 2b) [7]. Uma vez que a fase de arrefecimento representa uma grande parte do tempo total do ciclo de injeção (normalmente cerca de 70-80 %), o recurso a este tipo de configuração de arrefecimento otimizado pode levar a poupanças significativas (até 33 %) que se traduzem num aumento da produtividade no processo de moldação por injeção. Além disso, com uma distribuição de temperatura controlada na superfície da peça, é possível prevenir certos defeitos que podem ocorrer no processo de moldação por injeção, como contração, empeno e chupados, garantindo a qualidade das peças moldadas [7-9]. No entanto, apesar dessas vantagens, a matéria-prima e a própria tecnologia apresentam custos elevados quando comparados com os métodos convencionais [7]. Portanto, é importante entender quando se deve aplicar o FA e soluções de arrefecimento conformado num molde de injeção e, como isso se reflete, em comparação com um molde totalmente convencional, no tempo e nos custos gerais para obter um produto de alta qualidade.

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Alexandra B. Pereira, António J. Pontes1,2, Cátia Silva1,2, Eva C. Silva1,2, Sérgio J. Rodrigues1,2, Aníbal Portinha3, Pedro Bernardo3, Susana Silva3, Álvaro M. Sampaio1,2,4 / / Fig. 1 - Conceito de Molde Híbrido.
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/ / Fig. 2 - Exemplos de Sistemas de Controlo de Temperatura: a) Convencional; e b) Conformado.

1.1. CASE STUDY

A Bosch Car Multimedia S.A. é uma empresa que fabrica dispositivos eletrónicos para sistemas multimédia para a indústria automóvel. Em determinadas aplicações, é necessário um housing para conter e proteger uma série de componentes com diferentes funções e finalidades, que serão posteriormente montados no automóvel. Tradicionalmente, a Bosch Car Multimedia S.A. utiliza housings de base metálica devido às suas vantagens inerentes em garantir proteção de blindagem eletromagnética e gestão térmica eficiente.

No entanto, as soluções à base de metal são mais pesadas, o que leva ao aumento do consumo de combustível e do impacto ambiental. Devido a estas questões, a Bosch Car Multimedia S.A. visou o desenvolvimento de um conceito totalmente novo de housings eletrónicos mais leves que permitem ao automóvel tornar-se ambientalmente mais sustentável. Este conceito inovador, denominado Lightweight Electronic Enclosure (LEE) é inteiramente construído com materiais plásticos compósitos com propriedades específicas. A Figura 3a) mostra a versão metálica de um housing enquanto que a Figura 3b) apresenta as alterações realizadas ao seu design para ser produzida em material compósito de base polimérica mais leve e, na Figura 3c) é mostrada uma vista explodida de todo o conjunto do housing

Neste quadro, este estudo descreve as etapas experimentais para o projeto e fabrico de dois moldes de injeção por moldação, com base nas abordagens convencional e híbrida, para a produção

INOVAÇÃO /
REVISTA MOLDE CEFAMOL 67
/ / Fig. 3 - Housings eletrónicos: a) Base metálica b) Base polimérica compósita c) Vista explodida da base polimérica LEE com a indicação do tipo de material e principais propriedades de cada componente.

de três diferentes dissipadores de calor que integram o housing eletrónico de base compósita (Figura 4). O material do processo de moldação por injeção selecionado para os dissipadores de calor consiste num Polibutadieno Tereftalato (PBT), condutor de calor com 68 % de fibras de carbono incorporadas, maioritariamente grafite e alguns óxidos. Os parâmetros do processo de injeção e os custos de fabrico de todas as estruturas e acessórios para cada molde foram registados, permitindo fazer uma análise comparativa entre as duas metodologias.

de construção. Em seguida, um varrimento a laser é refletido por um sistema de espelhos galvanométricos, fundindo seletivamente os pós metálicos sobre a cama de pó. Este processo é então repetido permitindo a criação de uma peça, camada a camada.

Os insertos moldantes para o molde híbrido foram produzidos pelo equipamento Concept Laser M2 Cusing, utilizando a liga de alumínio comercial CL31AL da Concept Laser GmbH (AlSi10Mg), como material de construção. Foi realizado um pós-processamento para melhorar o acabamento superficial da bucha e da cavidade, que incluiu uma etapa de maquinação CNC. Para esse efeito, foi considerada uma sobre espessura de 1 mm em ambos os insertos moldantes tendo em conta o posterior acabamento superficial da maquinação (Figura 7).

2. FABRICO DO MOLDE

2.1. MOLDE CONVENCIONAL

A estrutura do molde convencional foi construída com aço de liga 1.1730, e os insertos moldantes (bucha e cavidade) foram fabricados em aço temperado 1.2738.

Para a construção do molde convencional foram utilizados dois processos de maquinação: por Comando Numérico Computadorizado (CNC) e pelo processo de Eletroerosão (EDM). As placas moldantes foram maquinadas por forma a integrar as buchas e cavidades correspondentes aos três dissipadores de calor. No entanto, foi definida uma válvula no sistema de alimentação que direciona o polímero fundido para a cavidade desejada possibilitando a injeção de apenas uma peça de cada vez, peça que é definida pelo operador ao ajustar a válvula antes da injeção processo. Em relação ao sistema de controlo da temperatura (Figura 5), o diâmetro dos canais é de 8 mm, tanto para a bucha como para a cavidade. O molde de injeção tem um sistema de alimentação por canais frios. O lead-time para a construção do molde convencional foi de 12 semanas.

Outras considerações de design para o processo DMLS incluem um aumento do ângulo de saída das nervuras de 2.º (molde convencional) para 5.º, de forma a otimizar o processo de maquinação e pósprocessamento, além de facilitar a extração das peças.

Além disso, como o material de construção dos insertos moldantes para o molde híbrido é um material mais macio do que o material de construção selecionado para os insertos moldantes do molde convencional, essa consideração de design evitará o desgaste precoce causado pela abrasão durante a injeção do material compósito.

2.1. MOLDE HÍBRIDO

A estrutura do molde híbrido também foi fabricada por maquinação CNC com aço de liga 1.1730. O sistema de alimentação definido foi por canais frios, tal como o molde convencional (Figura 6).

Os insertos moldantes (bucha e cavidade) foram produzidos através do processo Direct Metal Laser Sintering (DMLS). Resumidamente, DMLS é um processo de fabrico aditivo no qual um recoater distribui a quantidade de pó metálico para uma espessura de camada predeterminada, enquanto espalha o material sobre uma plataforma

Um sistema de arrefecimento por canais conformados foi definido para cada dissipador de calor em estudo (Figura 8), considerando um desempenho ótimo e, tendo em conta a regra de distância mínima entre os canais do sistema de controlo de temperatura e as peças moldadas ou componentes metálicos, como extratores. O diâmetro dos canais varia entre 6 a 8 mm para garantir essas distâncias de segurança aos elementos críticos.

A Figura 9 mostra os insertos moldantes do molde híbrido antes da maquinação CNC e ainda presos à plataforma de construção pelo material de suporte e, após a maquinação CNC onde é notória a melhoria da qualidade superficial da bucha e cavidade de cada inserto moldante. O lead-time para toda a construção do molde

// INOVAÇÃO
híbrido, estrutura e insertos moldantes, foi de quatro semanas. / / Fig. 4 - Dissipadores de calor: a) Country Specific Board (CSB); b) Base Board (BB) e c) Multimedia Board (MMB). / / Fig. 5 - Detalhes do Sistema de Controlo de Temperatura e sistema de injeção de canais frios dos dissipadores de calor para o Molde Convencional. / / Fig. 6 - Sistema de alimentação de canais frios para o molde híbrido: a) CSB Heatsink b) BB Heatsink c) MMB Heatsink.
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/ / Fig. 7 - Representação do design adotado para otimização do processo.
INOVAÇÃO /
/ / Fig. 8 - Sistema de canais conformados definidos para o molde híbrido: a) CSB Heatsink, b) BB Heatsink and c) MMB Heatsink. / / Fig. 9 - Insertos moldantes do molde híbrido, antes e depois do processo de maquinação: a) CSB Heatsink b) BB Heatsink e c) MMB Heatsink.

3. PROCESSO DE MOLDAÇÃO POR INJEÇÃO

Os parâmetros do processo de moldação por injeção foram otimizados para cada molde desenvolvido (Tabela 1). Para a definição do perfil de temperaturas do processo de injeção (Figura 10), devido ao fenómeno de dissipação viscosa causado pelo material condutor, foi definido que a maior temperatura seria na zona de transição e não no bico de injeção, para melhor garantir a temperatura pretendida durante a injeção, evitando que fique a “babar” à saída do bico. Este fenómeno ocorre devido à composição do material, que, por apresentar uma maior percentagem de cargas termicamente condutoras, potencia um aumento da temperatura do fundido durante o avanço no interior do cilindro da injetora. Este aumento da temperatura deve-se ao aquecimento por dissipação viscosa, devido ao atrito entre as cargas que compõem o fundido e as paredes internas do cilindro de injeção.

Além disso, ao trocar os housings eletrónicos de metal para material compósito de matriz polimérica, foi possível reduzir aproximadamente 305 gramas (Figura 13) ao peso total do conjunto.

Os dissipadores de calor foram injetados com sucesso em ambos os moldes de injeção desenvolvidos, apresentando excelente qualidade superficial (Figura 11).

4. RESULTADOS E CONCLUSÕES

A Tabela 2 reúne as principais informações referentes a custo, leadtime e também aos tempos relacionados com os parâmetros de processamento (tempo de arrefecimento e tempo médio de ciclo), para os dois tipos de moldes de injeção em estudo, convencional e híbrido. Com base nessas informações, algumas observações podem ser feitas:

- Embora o custo de fabrico do molde híbrido (€ 33.182) tenha sido ligeiramente superior (aproximadamente 5 %) ao do molde convencional (€ 31.500);

- houve um notável ganho de lead-time para o molde híbrido, com uma diferença de 8 semanas a menos (um terço do tempo) em relação ao molde convencional;

- Além disso, o molde híbrido, devido aos canais de arrefecimento conformados, permitiu reduzir o tempo de arrefecimento para metade, em comparação com o molde convencional resultando, consequentemente, num menor tempo médio de ciclo e maior produtividade do processo.

Considerando os resultados obtidos, é possível concluir que, apesar de o custo ser um pouco maior, ainda é rentável optar por uma solução de molde híbrido, pois as peças injetadas foram obtidas com qualidade semelhante ao molde convencional e com uma taxa de tempo de comercialização mais rápida.

Os dissipadores de calor foram então inseridos na placa de circuito impresso e o Lightweight Electronic Enclosure foi totalmente montado (Figura 12). Os sistemas foram avaliados e todas as peças produzidas, quer por molde convencional e por molde híbrido, apresentaram um desempenho semelhante em testes eletrónicos, mecânicos e dimensionais.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi apoiado por: Fundos Europeus Estruturais e de Investimento na componente FEDER, através do Programa Operacional de Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) [Projecto nº 039334; Referência de Financiamento: POCI01-0247-FEDER-039334], e pela FCT - Fundação Portuguesa para a Ciência e Tecnologia, Referências UIDB/05256/2020 e UIDP/05256/2020.

// INOVAÇÃO
/ / Fig. 10 - Perfil de temperaturas utilizado no processo de moldação por injeção para ambos os tipos de molde, convencional e híbrido. / / Tabela 1. Principais condições de processamento para os moldes convencional e híbrido. / / Fig. 11. Dissipadores de calor injetadas nos moldes convencional e híbrido: a) CSB Heatsink b) BB Heatsink e c) MMB Heatsink. / / Fig. 12. Montagem dos dissipadores de calor no housing LEE / / Fig. 13 - Redução de peso para a solução de base polimérica compósita em relação à base metálica.
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/ / Tabela 2. Eficiência de tempo e custo para o molde convencional e molde híbrido.

5. REFERÊNCIAS

1. Pontes, A. J., Queirós, M. P., Martinho, P. G., Bártolo, P. J., and Pouzada, A.S. - “Experimental Assessment of Hybrid Mould Performance.”2010. International Journal of Advanced Manufacturing Technology 50 (5–8): 441–48. https://doi.org/10.1007/s00170-010-2546-1.

2. Pouzada, A. S. - “Hybrid Moulds: A Case of Integration of Alternative Materials and Rapid Prototyping for Tooling.” – 2009. Virtual and Physical Prototyping 4 (4): 195–202. https://doi. org/10.1080/17452750903438676.

3. Martinho, P. G., Bártolo, P. J., and Pouzada, A. S. - “Hybrid Moulds: Effect of the Moulding Blocks on the Morphology and Dimensional Properties.” – 2009 - Rapid Prototyping Journal 15 (1): 71–82.

https://doi.org/10.1108/13552540910925081.

4. Rosochowski, A., and Matuszak, A.. “Rapid Tooling: The State of the Art.” - 2000. Journal of Materials Processing Technology 106 (1–3): 191–98.

https://doi.org/10.1016/S0924-0136(00)00613-0.

5. Pontes, A. J., Gago, P., Bártolo, P. J., Soares, R., and Pouzada, A. S. - 2005. “HIBRIDMOLDE.Pdf.”

6. Hänninen, J. - “DMLS Moves from Rapid Tooling to Rapid Manufacturing.” – 2001. Metal Powder Report 56 (9): 24, 26–29.

7. Chan, Lun, Y., Diegel, O., and Xu, X. - “Evaluation of Bonding Integrity of Hybrid-Built AlSi10Mg-Aluminium Alloys Parts Using the Powder Bed Fusion Process.” – 2021. Materials Today: Proceedings 46: 1277–82.

https://doi.org/10.1016/j.matpr.2021.02.126.

8. Brooks, H., and Brigden, K. - “Design of Conformal Cooling Layers with Self-Supporting Lattices for Additively Manufactured Tooling.” –2021. Additive Manufacturing 11: 16–22.

https://doi.org/10.1016/j.addma.2016.03.004.

9. Dang, Phuong, X., and Park, H. S. - “Design of U-Shape Milled Groove Conformal Cooling Channels for Plastic Injection Mold.” - 2011. International Journal of Precision Engineering and Manufacturing 12 (1): 73–84.

https://doi.org/10.1007/s12541-011-0009-8.

INOVAÇÃO /
REVISTA MOLDE CEFAMOL 71

MOLDES DE INJEÇÃO: MAIS EFICIENTES, OTIMIZADOS OU INTELIGENTES?

INEGI - Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial Simoldes Aços

OS MOLDES DE INJEÇÃO PRODUZEM MILHÕES DE PEÇAS PRATICAMENTE IDÊNTICAS E ENTRE ELAS EXISTEM PEÇAS PLÁSTICAS COMPLEXAS.

Estima-se que, em 2021, o mercado global de moldagem por injeção corresponda a US$ 261,8 biliões, prevendo-se um crescimento anual de 4,8 % entre 2022 e 2030. Espera-se que o crescimento do mercado seja impulsionado pela crescente procura pela produção em massa de milhares de componentes idênticos a custos mais reduzidos, a par da procura pela flexibilidade de desenho e precisão que vários sectores valorizam, como embalagens, medicina e eletrónica.

Porém, a produção por injeção é um processo complexo, multivariável, não linear e variável no tempo, dificultando a otimização dos parâmetros do processo. Existem muitos fatores que afetam a qualidade da injeção. Entre eles, a estrutura do molde é a que rege o tempo de arrefecimento no ciclo de moldagem e a qualidade dos produtos. Um sistema de refrigeração adequado é necessário para transferir o calor do molde e manter uma taxa de arrefecimento estável, garantindo produtos finais de maior qualidade. Portanto, a otimização da estrutura do molde é um meio importante para prevenir defeitos e melhorar a qualidade do processo.

INEGI DESENVOLVE UM FRAMEWORK PARA OTIMIZAR A QUALIDADE E REDUZIR O TIME-TO-MARKET DE MOLDES DE INJEÇÃO

O projeto i-Tool, promovido pelo consórcio Simoldes Aços com copromoção da Simoldes Plásticos e do INEGI, responde eficazmente a um desafio permanente de integração de ferramentas, software e fases de desenvolvimento de moldes (expertise, design e desenvolvimento, desenvolvimento 3D, definição de estratégia de fabrico, produção) utilizando técnicas e algoritmos baseados em ciências computacionais.

O projeto i-Tool, alavancando uma importante inovação de produto, tirando partido dos mais recentes desenvolvimentos associados à ciência e aos dados computacionais dos algoritmos, teve implicações positivas nas fases de conceção, desenvolvimento e fabrico do molde, culminando num molde otimizado que é mais leve. Estes benefícios estão associados a: (i) menores taxas de rejeição e impacto ambiental, (ii) menores tempos de arrefecimento nos ciclos de injeção de moldes, (iii) aumentos na capacidade de produção, (iv) uso de menor tonelagem das máquinas, redução dos custos de energia e, finalmente, (v) um time-to-market mais curto de peças plásticas. Este último responde especificamente

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às necessidades e exigências da indústria automóvel e dos OEM, uma vez que podem potencialmente aceder a maiores volumes de produção de peças injetadas, a um preço competitivo, com níveis de qualidade superiores, em prazos mais curtos e com rentabilidade reforçada e sustentada. Estes benefícios são complementados por vantagens competitivas em termos de eficiência energética, redução de resíduos e emissões de CO2

Entre os resultados a destacar, salienta-se que o consórcio conseguiu uma redução de massa de cerca de 20 % num molde otimizado, e uma redução do time-to-market. Como? Vejamos:

OTIMIZAÇÃO ESTRUTURAL E TÉRMICA DE MOLDES

Os moldes possuem diversas partes com diferentes níveis de importância para otimização estrutural e térmica. Por isso, no âmbito do projeto i-Tool, definimos como objetivo identificar as partes do molde com maior relevância, bem como analisá-las e otimizá-las com base em duas técnicas. Inicialmente, os moldes foram analisados estruturalmente considerando melhorias em três sectores: (1) desenho dos blocos de travamentos; (2)

otimização dos pilares; e (3) otimização dimensional do molde. Os travamentos são desenhados de forma a garantir que uma folga máxima entre a cavidade e a interface do macho, resultante da pressão interna, seja respeitada, obtendo-se um produto de maior qualidade e uma menor taxa de rejeição dos produtos finais. A otimização de pilares considera o controlo da flexão nos blocos do molde. Por fim, a otimização dimensional do molde tem influência direta no volume do mesmo. Em comum, estas três etapas têm como objetivo a minimização da massa dos componentes envolvidos, reduzindo o peso do molde com base nos resultados de análises computacionais.

Durante a otimização térmica do molde, os circuitos de refrigeração são desenhados com base numa análise computacional térmica. Uma melhor configuração dos circuitos de refrigeração (parâmetros de fluxo e localização dos canais) leva a uma distribuição da temperatura final mais uniforme. A técnica utilizada neste procedimento também leva a um arrefecimento mais uniforme da zona de moldagem e da peça plástica.

INOVAÇÃO /
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TECNOLOGIA

EQUIPAMENTOS . PROCESSOS . CONHECIMENTO

PROCESSOS DE PRODUÇÃO AUTOMATIZADOS AO MÁXIMO

OLÁ, PAI, OLÁ MÃE!

// TECNOLOGIA
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PROCESSOS DE PRODUÇÃO AUTOMATIZADOS AO MÁXIMO

Hoje em dia fala-se muito em automatização, mas qual a relevância? As empresas da indústria fazem um investimento significativo em máquinas CNC, porém, para recuperarem o investimento e produzirem com a máxima rentabilidade, as máquinas devem funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana, sempre que possível. Este deve ser o objetivo e para tal, a automatização é essencial.

Muitos podem achar que não necessitam de um software CAM com elevada garantia de segurança, porque um operador atento consegue prever a colisão ou as máquinas já têm integrados mecanismos de proteção. Mas os recursos necessários para corrigir o erro, tornam impossível a produção 24 horas por dia. Há decisões que devem ser feitas antes da produção.

QUAL A IMPORTÂNCIA DO CAM NA OTIMIZAÇÃO DE RECURSOS?

A maioria das operações, desde a verificação de colisões, a seleção de ferramentas e máquina, a definição do setup, até ao planeamento de máquinas e controlo de qualidade, são tudo operações que devem ser realizadas na programação CAM. Isto porque tudo o que não for definido antes da produção, pode interromper processos e custar tempo e recursos. Só a escolha da máquina abre um leque inteiro de decisões: setup, ferramentas, área útil de trabalho, posicionamentos de segurança, fixação da peça, etc. Tudo isso precisa de ser decidido com antecedência, de forma padronizada e coerente. E para isso a programação deve ser realizada com base em gémeos digitais do ambiente de fábrica.

O SETUP DA MÁQUINA NO MUNDO VIRTUAL

Com bibliotecas digitais, o software conhece em detalhe o ambiente de fábrica: máquinas, ferramentas e sistemas de aperto. Por exemplo, para fazer o setup total da máquina no mundo virtual, incluindo múltiplos apertos, ao programador CAM apenas são

apresentados os apertos compatíveis com a máquina selecionada. Tal reduz significativamente o trabalho de setup na máquina, pois a documentação NC incluirá toda a informação necessária.

CONTROLO DE QUALIDADE NA PROGRAMAÇÃO CAM

A medição deve ser integrada no processo, permitindo aumentar a produtividade da produção. De que forma? Os ciclos de medição estão integrados na programação CAM, contribuindo para uma maior qualidade da peça e evitando-se o retrabalho manual. Isto porque os erros de precisão - por exemplo, devido ao pontozero incorreto ou desgaste não controlado da ferramenta - são detetados e evitados numa fase inicial. O programador CAM pode, simultaneamente, verificar se a peça está posicionada corretamente e se o blank está bem dimensionado e orientado. Tudo controlado automaticamente. Desta forma, evitam-se paragens desnecessárias e até mesmo quebra de ferramentas ou danos na máquina

SISTEMA DE PLANEAMENTO E CONTROLO DE PRODUÇÃO INTEGRADO

A integração do CAD/CAM com um sistema MES de planeamento e controlo de produção representa mais uma possibilidade para automatizar os processos de produção. Podemos dividir conjuntos inteiros e peças individuais em sequências de processamento testadas e comprovadas. É ainda possível planear, controlar e implementar projetos de produção complexos. É feita a logística das peças adquiridas, “blanks” e componentes da máquina. O parque de máquinas é utilizado de forma otimizada. Todas as tarefas são atribuídas a desenhadores, programadores NC e operadores de máquina. Tudo isto com total automatização.

MAIOR FLEXIBILIDADE COM PROCESSOS AUTOMATIZADOS

Com processos automatizados, as empresas respondem melhor às mudanças que o mercado exige. A infraestrutura pode ser adaptada mais rapidamente, por exemplo, se o tipo de peças for alargado. Ou ainda: a rede horizontal automatizada é simplificada por software MES, como o ProLeiS, que é facilmente combinado com sistemas upstream e downstream, como PDM, ERP e controladores de máquina. Ou seja, se o portfólio de produtos e serviços poder ser modificado rapidamente, as empresas podem aceitar ou subcontratar encomendas a outras empresas da indústria. O objetivo deve ser: produção 24/7 com alta produtividade.

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/ / Gonçalo Carmo (Tebis)

OLÁ, PAI, OLÁ MÃE!

Brigada de Combate à Criminalidade Informática da Polícia Judiciária (PJ) de Leiria

Esta pequena rúbrica, vai ter como tema o mais recente flagelo em burlas praticadas online. As vítimas, com a atuação “Olá pai, olá mãe”, contam-se nas ordens dos milhares, sendo também na ordem dos milhares os prejuízos já causados.

Pede-se a todos os leitores que estejam atentos a este tipo de atuação e que nos ajudem a divulgar, junto de familiares e conhecidos, o que se está a passar para tentar minimizar este tipo de atuação criminosa.

MODUS OPERANDI:

Como qualquer tipo de crime, a forma de atuar e enganar as vítimas, não é sempre a mesma. Vai sofrendo mutações, de forma a produzir os resultados (in) desejados.

É uma burla praticada online, com recurso à APP WhatsApp. Não requer conhecimentos informáticos, sendo praticada com recurso ao que é descrito como ‘engenharia social’.

Basicamente, a vítima é utilizadora do WhatsApp. Recebe uma mensagem, que começa por Olá pai, ou olá mãe e que supostamente terá sido enviada por um filho ou filha da vítima. O número utlizado pelo filho/a é desconhecido da vítima, mas é dada a explicação que este é o novo número de contacto.

De seguida, o filho/a pede que lhe seja enviada com urgência, determinada quantia monetária, para suprir uma necessidade urgente. Da mensagem, faz parte o IBAN da conta para a qual o dinheiro deve ser transferido.

Como é óbvio, é tudo encenação e o IBAN pertence a desconhecidos. Uma vez transferido o dinheiro, este vai passar a engordar o património do burlão.

Para dar maior credibilidade à mensagem, começa a ser habitual a fotografia de perfil do contacto do número usado ser, efetivamente, do filho/a da vítima. A fotografia mencionada, é retirada dos perfis públicos das redes sociais dos filhos das vítimas e associada ao dito contacto. [Facebook, Instagram, TikTok ou outros]

Não são necessárias mais explicações. Tudo é feito da forma simples que foi descrita.

As recomendações para evitar ser burlado/a, são semelhantes às que têm vindo a ser aconselhadas em rúbricas anteriores:

Confirmar a veracidade da mensagem por outra via: endereço de correio eletrónico, telefone, etc. E, como é óbvio, não através do número usado para o contacto. Vamos chamar-lhe número fictício.

O número fictício, pode ser pesquisado no site: https://sync.me/pt/

Este site pretende ser uma agenda telefónica global, alimentada a nível mundial. Muitas vezes, fornece elementos sobre a verdadeira identidade associada ao contacto pesquisado.

As tentativas de burla podem ser denunciadas junto de qualquer autoridade policial para que, no mínimo, a informação seja objeto de registo.

Caso seja alvo deste tipo de burla, deve apresentar queixa-crime o mais rápido possível junto da autoridade policial mais próxima. Preferencialmente, deve exportar o conteúdo da conversa do WhatsApp para um ficheiro digital e entregar no ato da queixa. Pode obter instruções sobre como exportar conversas no WhatsApp, neste site:

https://faq.whatsapp.com/1180414079177245/?helpref=uf_ share

Faça acompanhar-se também de um comprovativo da transferência.

É aconselhável dirigir-se ao banco onde tem sediada a conta bancária. Peça que seja contactado o banco de destino da transferência, através, por exemplo, de mensagem de correio eletrónico para avisar que a transferência é fraudulenta, pedindo simultaneamente para suspender a operação e/ou cativar o saldo correspondente, na conta de destino.

NOTA: O Olá pai, olá mãe, também pode assumir as formas: Olá mano, olá mana, olá avô…

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NEGÓCIOS

ECONOMIA . MERCADOS . ESTATÍSTICAS

PROJETO – MELHORIA DA EFICIÊNCIA

PROPRIEDADE INTELECTUAL E VALOR

// NEGÓCIOS
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PROJETO – MELHORIA DA EFICIÊNCIA

A implementação deste projeto apresentou dois momentos fundamentais. Um primeiro, em que consistiu na realização de formação no modelo EFQM 2020 (Figura 1) e na realização da autoavaliação da AHA, de acordo com o modelo EFQM, e na priorização e seleção das ações de melhorias. O segundo momento baseou-se na concretização das ações de melhoria selecionadas, através das várias sessões de trabalho junto dos seguintes elementos: Diretor de Fábrica, Responsável de Produção, Responsável da Qualidade, Responsável de Bancada e Responsável Maquinação.

A implementação deste projeto teve como base sessões de trabalho, normalmente estabelecidas, com a equipa de trabalho definida, no apoio à implementação das ações, de forma a que, após a conclusão do projeto, estivesse apta para sustentar e, melhorar se necessário, as ações executadas.

Na sequência da ação que visa a melhoria da eficiência produtiva, foram implementadas determinadas ferramentas, como por exemplo, ferramentas Lean, incidindo na caracterização atual da AHA, na procura de pontos críticos de ineficiência e na implementação e avaliação do impacto das medidas de melhoria.

A eventual fragilidade na comunicação e a falta de gestão visual resultam em vários problemas, nomeadamente, atrasos frequentes na entrega, ou entre secções das organizações, ou até mesmo, ao cliente e, por isso, cada vez mais é carecedor de um acompanhamento mais próximo do planeamento. Também, é importante ouvir as dificuldades que surgem ou que poderão surgir, por forma a

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/ / Fig. 1 - Modelo EFQM

conseguir cumprir os prazos determinados pelo planeamento, e fomentar uma abordagem de atuação pela prevenção, ao invés de atuação pela correção.

Para tal, instituiu-se a seguinte prática: stand-up meetings ou, em português, realização de reuniões curtas diárias juntamente com ferramentas visuais, como por exemplo, o Quadro de Melhoria.

O objetivo destas reuniões consiste em organizar um encontro diário, num local definido e no mesmo horário, no qual os integrantes desta reunião estão de pé, a trocar ideias e discutir as atividades inerentes à empresa, bem como a sua priorização.

Neste tipo de reuniões deve ser respeitado o prazo de duração, que é bastante curto, máximo 15 minutos. Todos ficam de pé para criar um senso de celeridade, estimulando um brainstorming mais objetivo e focado no que realmente é mais importante. Para tal, foi necessário construir o Quadro de Melhoria (Figura 2), ferramenta visual, para dar início a esta nova prática de realização de curtas reuniões diárias entre os responsáveis de Projeto, Maquinação e Bancada, juntamente com o Comercial, Responsável de Qualidade e de Produção e, pontualmente, a presença do Diretor de Fábrica.

primeiro ensaio do molde, sobre os problemas detetados no molde em análise, com vista a identificar ações mais eficazes, alcançando assim, a redução, ou até a eliminação dos respetivos problemas já no ensaio subsequente.

Os elementos constituintes do Quadro de Melhoria foram, ao longo do tempo, revistos e ajustados às necessidades da empresa. Atualmente, o Quadro de Melhoria Diário é composto pelas seguintes componentes:

• Planeamentos dos Moldes (relativos à Programação, Projeto, Maquinação e Bancada) e os respetivos pontos críticos;

• Indicadores a monitorizar: (i) Taxa de Ocupação Semanal das Máquinas; (ii) Taxa de Ocupação Diária das Máquinas; e, (iii) Número de ensaios superior ao objetivo definido realizados na semana anterior. A monitorização das taxas de ocupação diária e semanal permite aos responsáveis de secção ter a quantificação, em percentagem, da real utilização face à capacidade da máquina. No que diz respeito à monitorização do número de ensaios, um dos objetivos consiste em reduzir o número de ensaios dos moldes. Este indicador foi criado com base num registo de dados já existente, que posteriormente, realizou-se um desenvolvimento de forma a obter, de uma forma célere, uma listagem dos moldes ensaiados da semana anterior, que ultrapassa o objetivo definido. Todas as segundas-feiras, é afixada esta informação no Quadro de Melhoria (a título de exemplo, Figura 3), sendo a mesma analisada, selecionando qual o molde que irá ser alvo de estudo e, posteriormente, dever-se-á agendar uma reunião, juntamente com as pessoas determinantes, para avaliar os relatórios de ensaios e, caso exista, comentários dos clientes, para definir ações mais eficazes. Detetou-se também que se estava a atuar nos problemas do molde após vários ensaios numa fase posterior. Neste sentido foi proposto a realização de uma reunião após o

• Boas práticas: tem como objetivo manter e divulgar boas práticas existentes. Neste momento, esta área, face ao exercício de brainstorming no decurso de um workshop sobre as TARP (Técnicas de Análise e Resolução de Problemas) realizado pela Lexus, está preenchida no Quadro de Melhoria, com as boas práticas para tornar reuniões produtivas;

• Área de comunicação: este é um campo livre, preparado para a partilha de qualquer assunto que se pretenda comunicar. Neste caso, possui informação sobre a última encomenda realizada na AHA, permitindo a tomada de conhecimento de todos. Também possui a informação relativa à caixa de sugestões, ideia essa explicada posteriormente, contendo um fluxograma e um impresso para o colaborador preencher a sugestão de melhoria.

Para um melhor entendimento do envolvimento e atitude dos colaboradores da AHA, realizou-se uma auscultação por questionário, anónimo e confidencial, cujas respostas foram apenas utilizadas para efeitos de estudo. Este questionário foi parte integrante do projeto, no qual se compreende a atitude dos trabalhadores dividida em três dimensões relacionados com a eficiência. Procedeu-se ao apuramento dos resultados e à divulgação dos mesmos através do Quadro de Melhoria para todos os colaboradores da AHA.

Os resultados alcançados na atitude dos trabalhadores foram a alavanca para a dinamização do sistema de sugestões de melhoria. Esta dinamização não se restringiu à criação de uma caixa para o efeito e de um fluxograma (Figura 4) sobre o funcionamento da caixa de sugestões, mas sim na otimização do registo e tratamento das sugestões de melhoria (Figura 5). Este conteúdo encontra-se afixado no Quadro de Melhoria, na componente da “Área de Comunicação”, permitindo uma maior visibilidade e clareza no sistema de sugestões de melhoria.

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/ / Fig. 2 - Quadro de Melhoria Diário. / / Fig. 3 - Excerto do ficheiro Excel, do indicador "Número de ensaios superior ao objetivo", com data a 27/12/2021, como exemplo preenchido.
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/ / Fig. 4 - Fluxograma sobre o funcionamento da Caixa de Sugestões.

Após esta implementação, constatou-se uma evolução significativa na apresentação do número de sugestões entre 2021 e 2022, um incremento de 300 %.

No decorrer do projeto, foram realizados vários fluxos para análise dos circuitos das peças principais, cavidades e buchas, e dos respetivos tempos de operação. Para tal, foram analisados moldes concluídos, previamente selecionados pela equipa de trabalho. A primeira análise efetuada consistiu no desenho, recorrendo ao layout das instalações, de todo o percurso efetuado pelas peças de cada molde, nomeadamente as máquinas utilizadas e respetivos tempos efetivos de trabalho, os quais estão apresentados como exemplo, a peça 200, na Figura 6.

A segunda análise englobou a criação de Diagramas de Gantt, ferramenta visual na compreensão e observação do cronograma real das diversas operações, no qual se cruzaram os registos de operações associadas às correções face aos relatórios de ensaios, conforme ilustrado na Figura 7.

Este tratamento permitiu à equipa de trabalho analisar a sequência das operações e as máquinas utilizadas e, ainda, o tempo de operação real em cada máquina. Aquando da análise dos relatórios de ensaios, verificou-se que alguns dos desvios poderiam ser combatidos pelo correto preenchimento das checklists, sendo operacionalizadas determinadas ações, conforme Figura 8. Neste sentido e, após análise, foi sugerida a revisão das checklists da Montagem e do Projeto e posteriormente, partilhadas e acordadas pelas empresas do Grupo. As mais valias da aplicação eficaz de uma checklist

NEGÓCIOS /
/ / Fig. 5 - Excerto do ficheiro de tratamento das Sugestões de Melhoria. / / Fig. 6 – Excerto do Fluxo da peça 200 nas operações e máquinas. / / Fig. 7 - Excerto do estudo das operações realizadas após ensaio.

baseiam-se na prevenção de riscos e falhas. Por forma a cumprir a correta utilização das checklists definiram-se práticas, não só de um maior acompanhamento e sensibilização do preenchimento, mas sim na ótica de promover a autorresponsabilidade dos operadores.

consumido por atividade e molde, tempo consumido por operário e categoria ou atividade, entre outros.

No âmbito das Não Conformidades, identificou-se a necessidade de melhorar o controlo estatístico sobre as mesmas, resultando na sensibilização da revisão da metodologia utilizada, nomeadamente o tratamento dos dados aquando do registo, permitindo um apuramento / análise das causas e dos custos, mais real e “fino”, através da visualização gráfica, como apresentado abaixo (Figura 9).

Com vista a identificar eventuais ineficiências no chão de fábrica, este projeto recorreu à Metodologia 5S, com aplicação em todas as secções, e a Diagramas de Esparguete, na secção da Maquinação. A Metodologia 5S, apesar de já ser do conhecimento de toda a fábrica, considerou-se apropriada a ser reaplicada em todas as secções, visto ter sido aplicada no passado. Para tal, foi elaborada uma lista de verificação para a realização de “Auditoria 5S” e utilizada em dois momentos. O primeiro consistiu numa auditoria inicial e fotografias do “antes” nas áreas a intervencionar e, o segundo momento baseou-se numa 2.ªAuditoria, aplicada após a implementação das ações de melhoria com as respetivas fotografias do “depois” nas áreas intervencionadas. A título de exemplo, a secção da Erosão, obteve um resultado inicial de 60 % e, após implementação de um conjunto de ações de melhoria, obteve um resultado final de 80 % (Figuras 11 e 12).

No âmbito do projeto, o Responsável do Projeto considerou relevante analisar os tempos real de trabalho nas atividades de projeto (Figura 10), com a finalidade de identificar as atividades críticas atuais, e definir respetivas medidas de melhoria. Neste tratamento, conseguiu-se obter uma série de informação como o tempo total (valores absolutos ou convertidos em percentagens) por atividade em horas, geral e por categoria definida pela secção (Artigo, Molde, Peça e Vários), tempo

Dado que a movimentação desnecessária é considerada como um tipo de desperdício, isto é, resulta em trabalho que não acrescenta valor (NVA) para o cliente, foram elaborados Diagramas de Esparguete, ferramenta Lean, visual, utilizada para mapear as movimentações de colaboradores. Desta forma, foi realizado um levantamento nesta área, quantificando e, identificando o impacto a médio e longo prazo. Assinalando-se as situações críticas, conforme ilustra a Figura 13, obtendose um total de 132 horas ano destinadas a movimentações que poderiam ser reduzidas. Em resultado desta ação, procedeuse à redefinição da afetação das pessoas às máquinas.

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/ / Fig. 8 - Excerto das ações definidas no Planeamento e Controlo de Projeto sobre Checklist Montagem. / / Fig. 9 – Visualização gráfica das não conformidades. / / Fig. 10 - Excerto do ficheiro Excel de tratamento da quantificação dos tempos de execução nas diversas atividades de projeto, como exemplo.
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/ / Fig. 11 - Resultados da auditoria 5S na secção Erosão.

De acordo a definição do ecossistema da AHA (Figura 14) propuseram-se ações das quais os detalhes não podem ser incluídos no contexto deste artigo.

Apesar de as abordagens de melhoria e dos respetivos resultados do projeto já se encontrarem implementados, considerou-se que, numa perspetiva de consolidação, continuidade e maturidade, seria útil “embebe-las” no Sistema de Gestão da Qualidade, para que as mesmas, possam, assim, ser objeto de monitorização e auditoria regular.

NEGÓCIOS /
/ / Fig. 12 - Algumas fotografias do antes e depois da implementação 5S na secção Erosão. / / Fig. 13 - Excerto da apresentação sobre as movimentações das pessoas entre máquinas.
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/ / Fig. 14 - Ecossistema da AHA.

PROPRIEDADE INTELECTUAL E VALOR

É usual referir-se que vivemos numa “economia do conhecimento”, onde a produção, distribuição e consumo de conhecimento são os principais motores do crescimento económico. As maiores empresas do mundo em capitalização de mercado são empresas de tecnologia (Apple, Microsoft, Amazon, etc.), que essencialmente desenvolvem conhecimento, mesmo quando parecem produzir equipamentos (a Apple subcontrata toda a sua produção). No passado, as economias baseavam-se principalmente na produção de bens físicos, tais como a agricultura, a manufatura e a mineração. Contudo, no século XXI, a economia global deslocou-se para a produção e intercâmbio de bens e serviços intangíveis, tais como software, media, educação, cuidados de saúde e serviços profissionais.

Uma das principais razões pelas quais o conhecimento se tornou um bem económico tão importante é o facto de não ser “não rival” e “não excluível”. Por outras palavras, o conhecimento pode ser partilhado e utilizado por múltiplas pessoas ou organizações sem se esgotar, e é difícil impedir que outros acedam ao mesmo, uma vez que tenha sido criado. Isto significa que o conhecimento pode ser utilizado para criar produtos e serviços, inovar, e resolver problemas complexos sem o mesmo nível de restrições de recursos que são enfrentados na produção de bens físicos. Por outro lado, a Internet e outras tecnologias digitais tornaram possível criar e distribuir o conhecimento a uma escala e a uma velocidade que anteriormente era inimaginável. O valor do conhecimento na economia moderna pode ser visto no crescimento de indústrias como o desenvolvimento de software, biotecnologia e produtos farmacêuticos, em que a propriedade intelectual se tornou crucial.

Os direitos de propriedade intelectual (DPI) representam o conjunto de direitos legais que protegem as criações da mente, incluindo invenções, desenhos, marcas, e obras literárias e artísticas. DPI são importantes para as empresas porque lhes proporcionam uma série de benefícios que ajudam a assegurar a sua posição no mercado e a sua rentabilidade. Na verdade, os DPI resolvem falhas de mercado que resultam da intangibilidade das criações intelectuais. Por um lado, eles conferem o direito de excluir os outros da utilização do novo conhecimento, conferindo um monopólio ao criador (seja uma patente, modelo de design, direito de autor) – desta forma gerando um incentivo para a produção de conhecimento (note-se que como são produtos intelectuais, são incrivelmente fáceis de copiar). Por outro lado, todos estes direitos são temporários (20 anos no caso das patentes, 10 nos modelos de design, a vida do autor mais 70 anos no caso dos direitos de autor, e até uma marca é temporária, já que se o titular não pagar a sua renovação a mesma irá caducar). Ao serem temporários, o Estado incentiva a disseminação do conhecimento, aumentando o bem-estar social (uma patente é, em certa medida, um manual de cópia, que permitirá a um entendido da área, no final do período proteção, reproduzir a invenção original).

Um dos benefícios mais significativos dos DPI para as empresas industriais é a proteção que estes proporcionam às suas invenções. As empresas industriais investem frequentemente muito tempo e recursos no desenvolvimento de novos produtos e processos, e assegurar patentes para estas invenções é crucial para proteger o seu investimento. Ao obter uma patente, uma empresa industrial pode impedir os concorrentes de copiar ou roubar as

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suas invenções, o que garante que possam beneficiar das suas inovações. Outra vantagem-chave para as empresas industriais é o reconhecimento da marca. As marcas comerciais são ferramentas importantes para a construção do reconhecimento e reputação, que podem ser especialmente importantes em mercados onde existem muitos produtos semelhantes. Ao assegurar uma marca, uma empresa fabricante pode distinguir os seus produtos dos seus concorrentes, o que pode ajudar a atrair e a reter clientes.

Além de proteger as invenções e construir o reconhecimento da marca, os DPI podem também dar às empresas fabricantes uma vantagem competitiva. Por exemplo, uma empresa industrial com uma patente para um processo de fabrico único pode ser capaz de produzir bens de forma mais eficiente ou a um custo inferior ao dos seus concorrentes, o que lhes pode dar uma vantagem no mercado.

Outro benefício para as empresas industriais é a oportunidade de licenciar a sua propriedade intelectual a terceiros mediante o pagamento de uma taxa. Os acordos de licenciamento permitem às empresas industriais gerar receitas sem terem de fabricar e vender os seus próprios produtos. Isto pode ser especialmente valioso para as pequenas ou médias empresas que podem não ter recursos para produzir e comercializar os seus próprios produtos.

Finalmente, a PI proporciona proteção legal contra a infração, o que permite às empresas industriais tomarem medidas legais contra aqueles que roubam ou usam indevidamente as suas invenções, marcas registadas ou outra PI. Esta pode ser uma ferramenta importante para proteger a posição de mercado e a rentabilidade de uma empresa produtora, bem como para dissuadir outros de se envolverem em atividades semelhantes no futuro.

O problema é que para economias como a portuguesa, com empresas de pequena dimensão e situadas muito a montante nas cadeias de valor, a capacidade de criar e proteger conhecimento, de forma a conferir uma vantagem competitiva, é baixa. Muitas vezes, as empresas não têm a capacidade de transformar novo conhecimento em vantagem competitiva.

Os últimos anos parecem ter trazido mais competitividade à economia portuguesa, mas a nossa capacidade de criar e proteger parece ainda escassa. Mesmo com iniciativas como Test Beds, Pólos de Inovação Digital e Agendas Mobilizadoras, os problemas essenciais parecem ainda por resolver. Sem novas políticas, o país continuará no segundo pelotão da economia do conhecimento.

NEGÓCIOS /
REVISTA MOLDE CEFAMOL 85

GESTÃO DE PESSOAS

// GESTÃO DE PESSOAS
GERIR PESSOAS NAS PME: DE UM CENTRO DE CUSTO PARA UM CENTRO DE RENDIMENTO EMPRESAS TÊM DE DEDICAR TANTA ATENÇÃO AOS COLABORADORES COMO AOS SEUS CLIENTES N 137 ABRIL 2023 86

EMPRESAS TÊM DE DEDICAR TANTA ATENÇÃO AOS COLABORADORES

COMO AOS SEUS CLIENTES

O desenvolvimento tecnológico nas empresas não foi acompanhado pelo investimento na gestão de pessoas. Por isso, a indústria está a perder, a grande ritmo, uma quantidade considerável dos melhores talentos, que saem para vários países, nomeadamente do norte da Europa. Para inverter isso, as organizações têm de começar a criar estratégias para valorizar tanto os seus colaboradores como o fazem com os seus clientes.

Este foi um dos principais alertas deixados no decorrer do webinar ‘Employer Branding - O desafio do talento na indústria’, organizado pela CEFAMOL no âmbito do programa Talentum.

Artur Ferraz, da International Business Consulting (IBC) começou por chamar a atenção para o “desafio do talento na indústria” que, advertiu, é hoje marcado por diversos fatores disruptivos que caracterizam a realidade mundial, como a inteligência artificial ou a automação, entre outros. Por isso, salientou, o trabalho está a mudar e as empresas têm de se preparar para um novo tipo de empregos.

Lembrando que os postos de trabalho estão hoje partilhados entre quatro gerações, sublinhou que é nas camadas mais jovens que tem de se centrar a prioridade, pois são essas que vão assegurar o futuro do trabalho. Contudo, no seu entender, a maioria das organizações não está preparada para as novas características desta geração. E essa tem de ser uma preocupação, tem de se tornar prioridade e tem de conduzir a uma diferença.

Para atrair talento apropriado, defendeu, “é fundamental uma cultura de colaboração e com espírito de propósito”. Os locais de trabalho, reforçou, têm de mudar e transformarem-se em espaços aprazíveis onde as pessoas se sintam bem. Aí, reforçou, assume um papel preponderante uma gestão eficaz de pessoas, na qual as empresas têm de apostar. Por outro lado, têm também de alterar a sua postura: em lugar de procurar as pessoas que precisam, têm de ser atrativas para que estas as encontrem e as escolham. A mudança, lembrou ainda, está a acontecer a uma velocidade enorme. E as empresas têm de apanhar este comboio, sob pena de ficarem pelo caminho.

A PROMOÇÃO

Os alertas de Artur Ferraz foram partilhados pelo orador convidado desta sessão, Wagner Fernandes, Brand & Marketing Strategist e que conta com uma vasta experiência em marcas B2B ou B2C, de PME e multinacionais, nos mais diversos mercados.

“Em Portugal, as empresas não trabalham a questão da marca empregadora”, advertiu, considerando que esta deve ser uma das principais metas a alcançar. No seu entender, as empresas têm de olhar para os seus colaboradores como olham para os seus clientes. E dar-lhes a mesma prioridade. E nesse rumo, considerou, a promoção

é fundamental. “Se for bem feita, é das melhores e mais rápidas maneiras para acabar com um mau produto”, lembrou, adiantando que, se pelo contrário, “não for bem feita, é das melhores maneiras para acabar com um produto”.

Se esta abordagem é válida para conquistar clientes, é-o também na questão da atração de colaboradores. O produto em causa, neste caso, é a oferta da empresa para o mercado de trabalho. Em comum, reforçou, aquilo que se procura são pessoas e é nelas que tem de estar o foco.

Para que funcione, salientou, é preciso criar uma estratégia eficaz de promoção. É fundamental que, através do marketing, a empresa promova a sua marca. Mas, frisou, é o ‘branding’ que vai ser responsável pela gestão do significado dessa marca. Ou seja, as empresas têm marca, mas para terem branding necessitam de pensar e definir uma estratégia, de forma a alcançar o objetivo pretendido.

Exemplificou com dados concretos: sejam clientes ou futuros colaboradores, todos fazem, hoje, pesquisas para conhecer as empresas. E se 75 % das pessoas admite fazer essas pesquisas, 83 % considera que a marca é importante para contratar, enquanto 69 % asseguram não aceitar ir para uma empresa com má reputação.

Os valores de cada organização são, por isso, uma questão essencial para trabalhar, defendeu. E é neles que está centrada a cultura da empresa. “A cultura é mais do que um slogan”, enfatizou, explicando que “a partir da cultura e acrescentando a marca, chegamos ao employer branding”.

Salientando que não há receitas perfeitas para aqui chegar, aconselhou as empresas a olharem para dentro, fazerem um diagnóstico da sua situação, definirem uma estratégia, planearem e desenvolverem táticas para alcançar o objetivo. E isto, destacou, tem de ser feito pelas organizações de forma sistemática e não apenas pontual.

Criado pela CEFAMOL, o Programa Talentum procura, desde 2019, chamar a atenção para as temáticas da inovação organizacional e Gestão de Pessoas nas organizações. Para além dos webinares e sessões presenciais, é composto também por ações de formação e outras de intervenção direta nas empresas, com o objetivo de apoiar, de forma eficaz, a mudança que as empresas necessitam para crescer.

GESTÃO DE PESSOAS /
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GERIR PESSOAS NAS PME: DE UM CENTRO DE CUSTO PARA UM

CENTRO DE RENDIMENTO

Atualmente, a gestão de pessoas assume um papel cada vez mais central nas organizações. Com o aumento da complexidade dos sistemas e com um panorama macroeconómico de difícil compreensão, a gestão das pessoas nas organizações tende a ser cada vez mais exigente. Essa exigência passa por uma, cada vez maior, profissionalização dos processos referentes à gestão de pessoas. Essa profissionalização está ligada sempre ao desenvolvimento de um modelo de gestão que envolve a aplicação de estratégias e técnicas de gestão de capital humano por profissionais especializados na área. Esta abordagem tem várias vantagens em termos de aumento de produtividade e retenção de pessoas. Algumas delas são:

1. Identificação e seleção adequada de talentos: uma gestão profissionalizada de pessoas permite que as empresas identifiquem e selecionem adequadamente os melhores talentos para as suas equipas, por meio de processos de recrutamento e seleção eficazes.

2. Desenvolvimento e formação contínua: a gestão profissionalizada de pessoas também possibilita o desenvolvimento contínuo dos colaboradores, por meio de formação e outros programas de desenvolvimento. Com isso, os colaboradores tornam-se mais qualificados e produtivos, o que tem impacto positivo nos resultados da empresa.

3. Feedback e reconhecimento: a gestão profissionalizada de pessoas também permite a implementação de políticas de feedback e reconhecimento, o que pode aumentar a motivação e o comprometimento dos colaboradores, resultando em maior produtividade.

4. Gestão de conflitos: a gestão profissionalizada de pessoas também pode ajudar na gestão de conflitos entre os colaboradores, reduzindo o impacto negativo que esses conflitos podem ter na produtividade e no clima organizacional.

5. Cultura organizacional forte: uma gestão profissionalizada de pessoas pode contribuir para o fortalecimento da cultura organizacional da empresa, o que pode ser um fator importante para a retenção de talentos. Colaboradores que se identificam com os valores e propósitos da empresa tendem a permanecer mais tempo na organização.

A gestão de conflitos, a falta de feedback ou mau feedback por parte dos gestores, uma cultura organizacional frágil e pouco trabalhada são dos fatores que mais contribuem para as saídas de profissionais de elevada performance e para a dificuldade em encontrar novos profissionais para as organizações.

Desta forma, a aposta da profissionalização dos serviços de gestão do capital humano é uma aposta no aumento da qualidade do trabalho realizado e, consequentemente, dos resultados organizacionais.

Como refere Tom Peters, “Cuida dos teus colaboradores como se eles fossem clientes da empresa”.

// GESTÃO DE PESSOAS
N 137 ABRIL 2023 88

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