TECH-i9 (Edição 2020)

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Somos fabricantes de peças únicas. Logo, é natural que nem sempre as coisas corram como o previsto. Cada vez mais, os clientes da nossa indústria têm menos experiência de fabricação e estão mais formatados para o mundo virtual. Desse modo, a disponibilização de informação em “real time” pode criar pânicos desnecessários a todo o processo.

Rapidez de informação Cristina Jorge – PORTUTECMO

E por mais que as tecnologias introduzam novas formas de relacionamento, continua a existir, por parte dos clientes uma necessidade de controlar. “Por um lado, continuam a existir clientes que pretendem manter o controlo total dos processos e do produto final, impondo cadernos de encargos pormenorizados e especificações detalhadas. Possíveis sugestões e alternativas baseadas na nossa experiência, são muitas vezes ignoradas ou não aceites”, relata, destacando que “por outro, com o desinvestimento nas OEM’s, Tier1 e Tier2 em técnicos especializados em injeção e moldes, a tendência geral é de passar toda a responsabilidade/decisão às empresas produtoras. O que importa é o produto final/a peça plástica dentro dum esqueleto dimensional rígido, acarretando, por vezes, avultados custos operacionais inesperados ao produtor”. Ou seja, no seu entender, “ com as novas tecnologias, os negócios atuais tornaram-se ainda mais competitivos e arriscados, e o cliente continua a ser o ‘Rei’ nesta relação”.

AES Moldes: Digitalização dá segurança aos clientes

A digitalização criou um novo relacionamento com os clientes. Estes estão mais próximos porque, no entender de Rui Marques, da AES Moldes, sentem “mais conforto, na perspetiva da transparência no processo de fabricação”. “O cliente consegue perceber com mais exatidão como estão as coisas a desenvolver-se”, adianta, sublinhando que “a disponibilização da informação em ‘real time’ permite-lhe ter acesso ao que necessita”. É, portanto, “bom para o cliente e para o fabricante porque o obriga a ter tudo controlado”. No entanto, adverte, muita informação não é necessariamente “bom”. “Em produção, há sempre imprevistos e para um cliente com pouca experiência de produção, esta disponibilização de informação automática poderá ser contraproducente ao processo”. “Apesar de todas as novas tecnologias de fabricação, cada molde é único com desafios de fabricação singulares”.

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Um dos principais benefícios da disponibilização da informação ao cliente é que, explica, ele consegue saber o que se passa com o seu produto muito mais rapidamente. “O cliente ao ter rápido acesso à informação real da evolução da fabricação do molde, permite-lhe tomar decisões mais sustentadas para eventuais alterações que queira fazer à sua peça”, afirma. E não tem dúvidas de que o facto dos clientes terem acesso direto ao que está a acontecer na fábrica, “aumenta a credibilidade das nossas empresas, amplia a confiança”. Confiança é a pedra chave, onde “o cliente só quer uma coisa: que aquilo que comprou esteja bem feito e dentro do prazo acordado”. Apesar desta mudança introduzida pela tecnologia, assegura ainda não se ter apercebido de uma nova dinâmica e relacionamento entre cliente e fornecedor. “Os negócios acontecem porque há confiança. Na nossa empresa, estamos a conseguir confirmar negócios nessa base, com ou sem digitalização”, explica. Um outro aspeto que destaca como positivo é, na ótica de quem produz, é que “estas novas tecnologias permitirão uma melhor gestão da produção”. E sintetiza, dizendo que “a digitalização é um conforto para o cliente porque aumenta o grau de confiança, mas acima de tudo é um método para nós próprios termos controlo sobre o nosso processo e da nossa empresa”.

Rui Marques – AES MOLDES


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