COMPORTAMENTO, EXPECTATIVAS E BEM-ESTAR DOS ALUNOS 6
6.1 INTRODUÇÃO Em várias medidas, o bem-estar e as oportunidades de vida das crianças brasileiras apresentaram clara melhora: a mortalidade infantil e o trabalho infantil são, agora, muito menos comuns, e o atendimento escolar tem aumentado (de Barros e Medonça, 2010 [1]) (ver Capítulos 1 e 2). Ao mesmo tempo, como em muitos países da OCDE (Burns e Gottschalk, 2019 [2]), as crianças relatam mais estresse e ansiedade e menos sono (Pacífico, Facchin e Corrêa Santos, 2017[3]; de Assis et al., 2007[4]). A obesidade infantil está crescendo, trazendo consigo uma série de possíveis problemas físicos, sociais e psicológicos. Juntamente a todos os desafios impostos ao progresso educacional documentados nos capítulos anteriores, a crise da Covid-19 teve alguns impactos muito diretos sobre o bem-estar das crianças. O fechamento das escolas e a Educação a distância podem causar desinteresse e sofrimento psicológico em um momento em que a crise econômica está empurrando milhões de famílias e crianças de volta à pobreza, aumentando os riscos de desnutrição, abuso e evasão escolar, pois as crianças são forçadas a procurar emprego ou assumir responsabilidades de cuidados não remunerados em casa. Este capítulo se baseará, principalmente, em dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), da OCDE, do questionário da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), também da OCDE, além de
pesquisas nacionais, com o intuito de explorar o comportamento, as expectativas e o bem-estar dos alunos no Brasil, como eles se comparam aos países de referência e suas implicações na aprendizagem. O objetivo é ajudar a identificar políticas e práticas que aumentem a resiliência, diminuam os níveis de estresse, elevem o bem-estar e melhorem a aprendizagem no curto, médio e longo prazo. Dado que o Pisa é realizado por jovens de 15 anos, nossa análise se concentrará nos problemas que os alunos enfrentam quando fazem a transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio, alguns dos quais são peculiares à adolescência (por exemplo, custos de oportunidade crescentes de permanecer na escola) e outros, como o desinteresse pela aprendizagem, que refletem a experiência escolar prévia. Este capítulo examinará três temas inter-relacionados: O ambiente e a cultura escolar: as crianças passam muito tempo na escola, acompanhando as aulas, socializando com os colegas e interagindo com professores e outros membros da equipe. Esses não são apenas lugares onde os alunos adquirem habilidades acadêmicas; eles também podem ajudar os alunos a se tornarem mais resilientes, a se sentirem mais conectados com as pessoas ao seu redor e a desenvolver aspirações de vida e carreira. Essas experiências têm uma profunda influência nas atitudes, no comportamento e nas opor-
A EDUCAÇÃO NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL
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