ARQUITETURA
ADMIRÁVEL MUNDO NOVO ABORDAGEM QUASE HOLÍSTICA DE UM LAR. A ARQUITETA LAÍSA CARPANEDA INVESTE NO VIGENTE VIVER, AGREGANDO AO DESIGN TUDO O QUE PODE SER SENSORIAL, FUNCIONAL E ESTÉTICO
A
pergunta é velha e não tem resposta: o que veio primeiro, ovo ou galinha? – biólogos, por favor, sentem-se, essa conversa é para o pessoal da filosofia. Há quem argumente que a casca, a incubadora, a casa precede a vida. Há quem diga que o bicho, a carne, seja o autor da obra. Quem dirá quem é molde e quem molda? Esqueça ovo, galinha, clara e gema: pense em criador e criatura. Quem habita dentro de quem? Quem inventa? Quem obedece? Numa rápida conversa com a arquiteta Laísa Carpaneda, proprietária do escritório Hauz, a naturalidade com que esses polos se fundem é tanta que, ao observar designer, planta e projeto não se sabe quem inspira o que. Nome conhecido entre a cena brasiliense, filha do cirurgião plástico Carlos Carpaneda e da escritora Isabella Carpaneda, Laísa é simples de tudo: de jeito, de riso, de estética. Distante dos pomposos designs megalômanos, a arquiteta se inspira na simplicidade da capital para traçar uma arte funcional, leve e transparente. “Esse, aliás, é um dos nossos pilares”. Fundada no início de 2021, a Hauz é um escritório de arquitetura que nasce num mundo já pandêmico, já transformado. Laísa, que aos 31 anos capitaneia a empreitada, utilizou-se da bagagem dos recém-feitos dez anos de ofício – formou-se em Arquitetura em 2011, pelo UniCeub – para montar uma power house que tivesse a cara do novo mundo. Após sete anos em parceria com Flávia Nasr, por meio da Carpaneda&Nasr, era momento de projetar para outro tempo. “Houve época em que já chegamos a capitanear até 30 projetos simultâneos. Hoje, preferimos nos
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Foto: Luara Bagg
POR THEODORA ZACCARA
dedicar a poucas entregas e aplicar a nossa mão em todas as etapas da criação – do primeiro esboço ao final”, explica sobre o trabalho ao lado das arquitetas Marianna Cunha e Giulia Luz Bohrer. “Nosso maior pilar é a transparência”, reitera. “Acreditamos muito no diálogo com nossos clientes e na importância da satisfação final. Deixamos de lado as terminologias e nomenclaturas e nos apoiamos mais em trocas de imagens e referências visuais”, revela. Com orçamento bem definido e um olhar afiado, dá-se início à extensa viagem de criação e concepção. Após encontros com fornecedores, muita tentativa e erro e longos banhos de inspiração, é que se pode ver a montagem de um “cantinho”. “Durante a pandemia, as pessoas se voltaram mais para o lar, dando mais valor a esse espaço. A gente não parava em casa antes, né? A vida era muito corrida. O isolamento fez com que a vontade de ‘decorar o ninho’ falasse mais alto”, elabora Carpaneda – e os dados a apoiam. De acordo com a organização Ebit/Nielsen, apenas no primeiro semestre de 2020, o setor de cama, mesa e banho cresceu 23,5%. Já a OLX Brasil destaca um espantoso crescimento de 494% da busca por almofadas, 201% para vasos, 187% para quadros e