MERCADO
(R)EVOLUÇÃO EM FAMÍLIA OS NOVOS TEMPOS PEDEM QUE A TRADIÇÃO SEJA O PILAR DE PERFORMANCES ATUAIS. ASSIM TEM SIDO COM OS AGUIAR DE VASCONCELOS. PIONEIRO, O PAI PASSA PARA O FILHO MAIS JOVEM O PATRIMÔNIO IMOBILIÁRIO E O LEGADO DE EMPREENDEDOR CONSTRUÍDOS NO INÍCIO DA CAPITAL POR PAULA BEATRIZ
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mitologia grega pode definir bem os setores produtivos em Brasília que viram na Fénix, o pássaro, os seus empreendimentos renascerem das cinzas e tornarem-se ainda melhores. Foi o que aconteceu com o mercado imobiliário diante das dificuldades impostas pela pandemia do coronavírus. A resiliência os fez florescer novamente. Segundo um levantamento realizado pelo Sindicato da Indústria de Construção Civil do Distrito Federal, o Índice de Velocidade de Vendas atingiu a marca de 10,9% em março. Essa é a melhor porcentagem para o trimestre desde a criação da pesquisa, em 2015. “Para todos nós, a pandemia foi um baque, só que em junho de 2020 tivemos uma recuperação que não esperávamos”, explica Leonardo Aguiar de Vasconcelos, presidente da Aguiar de Vasconcelos. Para o empresário, além da baixa dos juros e dos bancos mais dispostos a emprestar dinheiro e facilitar os financiamentos, o fato de a população ficar mais tempo em casa mudou o olhar em relação às residências. “Antes, na maioria das vezes, o lar era visto apenas como um lugar para dormir. Com a pan-
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demia, as pessoas viram a necessidade de melhorar o ambiente que seria o trabalho, a diversão e o repouso por um tempo indeterminado”, analisa. Prósperos neste segmento há quatro décadas, os executivos da imobiliária celebram ao verem a alta performance do setor. Até 30 de junho deste ano, a Aguiar de Vasconcelos alcançou 150% do valor faturado em todo ano passado. “Na maioria dos casos, a procura foi por espaços/ambientes maiores. E quem já morava em imóveis de três quartos, por exemplo, buscou por casas”, explica Leonardo. “Lotes e casas supervalorizaram pela alta procura e pouca oferta”, completa. A digitalização imposta pela pandemia também foi importante para o bom desempenho da imobiliária. Uma modernização que começou quando Leonardo assumiu a presidência da empresa que leva o nome da família. “Somos uma empresa tradicional, conhecida pela segurança, transparência e honestidade. No entanto, com a nossa evolução, decidimos modernizar a nossa imagem, um exemplo é a mudança da logomarca. Inclusive, tiramos a palavra ‘imóveis’ do nosso nome. Fazemos parte da história de Brasília e já viramos tradição no ramo em que atuamos”, explica. Aos 38 anos, Leonardo tem um perfil comercial como o pai, Geraldo Aguiar de Vasconcelos, fundador da empresa. Caçula de cinco irmãos, foi o escolhido para assumir o negócio da família. Ele também é o gestor comercial. Três dos irmãos trabalham na imobiliária: Cláudia, 58 anos, atua no administrativo e financeiro, Marisa, 63, resolve questões jurídicas e de aluguel, e Edvaldo, 65, cuida da implantação de novos projetos. Natural do Ceará, o patriarca Geraldo é pioneiro de Brasília, onde chegou em 1959 já com espírito empreendedor. Hoje com 87 anos, construiu uma trajetória que passou por comércio de gráficas, jornais e até concessionárias. Foi na venda da Aguiar Veículos que descobriu a paixão por imóveis. Leonardo conta que o pai recebeu o pagamento da concessionária em