321 pivetes pixotes e capitães-de-areia [grifos nossos].
É forçoso e oportuno sublinhar que essa esperança vital interpretada no marco do esperançar, conforme expusemos, é, na compreensão de Abdias, uma obra possível e necessária. E essa auspiciosa construção de “um mundo diferente” segue, inapelavelmente, nutrida “ao axé de Exu”. 5.6 Por Exu Abdias duela com Drumond “Drummond, que Exu te salve, poeta!” Aos 6 de dezembro do ano de 1981, Abdias Nascimento escreve artigo publicado no jornal Gazeta de Notícias em resposta às afirmações preconceituosas do poeta Drummond de Andrade referidas ao orixá Exu274. A resposta dada ao poeta em defesa do orixá mensageiro possui, para a nossa tese, singular valor, porque possibilita, dentre outros fatores, dimensionar o lugar proeminente do orixá mensageiro para Abdias, bem como apresentar como o negro senador da República Federal se utiliza de seu lugar de destaque na esfera pública para dialogar com a sociedade, vincadamente eurocentrada, desde uma perspectiva contra-hegemônica. Dessa feita, Abdias manifesta cumprir a tarefa que ouvira da boca de Mãe Senhora, qual seja: “Cuidar dos santos lá fora”. Agora vamos apresentar a charge do cartunista Ziraldo, origem de toda polêmica em torno de Exu. Depois, vamos expor o apoio do poeta Drummond de Andrade ao trabalho de Ziraldo. O cartunista Ziraldo propõe, em charge, que se mude o nome da cidade do interior de Pernambuco.
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Tal artigo foi transcrito no segundo número da revista Thoth, maio/agosto de 1997, p. 21-24.