ESPECIAL
Genética e Reprodução
IA segue ciclo de expansão Balanço da Asbia registra crescimento de 33% no primeiro semestre. Projeção da entidade é comercializar 24 milhões de doses de sêmen até o fim do ano. Carolina Rodrigues
A
Existe um engajamento claro dos produtores com o melhoramento genético” Carlos Vivacqua, Diretor Executivo da Asbia
julgar pelos números do primeiro semestre, o setor de inseminação artificial pode se preparar para superar a marca de 24 milhões de doses de sêmen comercializadas em 2020. Num ano em que as cotações da arroba seguem firmes mês a mês, a tendência é de que as vendas de sêmen de raças de corte evoluam. Quem ajustou as práticas da fazenda para obter bons índices na inseminação, incluindo a preparação de mão-de-obra, tem usado e abusado da técnica, pois, ela permite elevar o padrão zootécnico do rebanho, fator de grande importância econômica, em anos atípicos como 2020. Em entrevista exclusiva à DBO sobre o balanço do mercado de sêmen no primeiro semestre, Carlos Vivacqua, diretor executivo da Asbia, disse que “nenhum setor produtivo em cenário de incertezas e transformações, como o deste ano, poderia esperar crescimento acima de 30%”. Houve alta nos principais indicadores que refletem a movimentação do mercado de sêmen no território brasileiro: vendas para o cliente final, prestação de serviço e exportação, setor que teve crescimento limitado a 20% por problemas decorrentes de logística, em função da pandemia. “Muitas rotas foram canceladas. Para exportar para a Costa Rica, por exemplo, tivemos de enviar o material primeiro para Amsterdã”, relata o executivo. Já no mercado interno, foi diferente. Devido a ações da Asbia junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
Angus mantém liderança Entre as líderes de venda de sêmen, a Associação Brasileira de Angus comemorou a expansão de 34% em relação ao mesmo período de 2019 e a manutenção do status da raça como a mais usada em protocolos de inseminação artificial no País. O Angus “abocanhou” quase 30% do todo sêmen vendido no semestre, dois pontos percentuais acima do market share do mesmo período do ano passado (26,87%), e marcou presença em 26 dos 27 Estados da Federação. Para Matheus Pivato, gerente de fomento da Angus, dois fatores contribuíram para essa liderança: a profissionalização dos criatórios nacionais, que têm trabalhado fortemente no reconhecimento dos atributos de touros adaptados às peculiaridades do Brasil; e a valorização do dólar em relação ao real, o que tornou o produto importado relativamente mais caro no período. Os dados sobre o desempenho da raça Angus foram fornecidos pela Associação Brasileira de Angus. DBO não teve acesso aos resultados das demais raças, já que a Asbia mantém um acordo de confidencialidade com as respectivas associações.
68 DBO setembro 2020
Balanço da Asbia no 1º semestre Vendas Internas Corte Leite Total Exportação
2020 5.540.140 2.560.789 8.100.929 202.524
2019 3.757.526 2.332.578 6.090.104 168.270
Variação 47% 10% 33% 20%
Fonte: Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia).
tecimento (Mapa), a inseminação foi considerada setor essencial, em ofício emitido no mês de abril, derrubando as barreiras de transporte e também os riscos de mercado. As vendas de sêmen de bovinos de corte fecharam o primeiro semestre com 47% de alta, cerca de 5,54 milhões de doses, ante 3,75 milhões do mesmo período do ano anterior. Vivacqua diz que o crescimento nas vendas de sêmen de raças de corte reflete “o engajamento claro dos produtores com o melhoramento genético, para aumentar a produtividade de forma permanente”. Segundo ele, a IA representa cerca de 2% do custo de produção da pecuária, e introduz no rebanho o único insumo que tem efeito residual entre gerações (o melhoramento genético), essencial na busca por carne de qualidade em grande escala. O diretor da Asbia garante que, embora a boa rentabilidade da pecuária de corte tenha favorecido os resultados no semestre, o ciclo de expansão da IA deve ser analisado sob outros aspectos. O avanço da inseminação conta com um forte suporte das centrais, que, na última década, investiram pesado na formação de mão-de-obra. Não é só: o surgimento de empresas que prestam serviço terceirizado de inseminação encorajaram muitos pecuaristas a recorrer a essa técnica de reprodução. Na década de 1990, apenas 3% das fêmeas eram inseminadas no Brasil. Em 2019, esse percentual atingiu 15% sob um total de 80 milhões de fêmeas (leite e corte), evolução que considera também o tamanho expressivo do plantel de corte brasileiro. “Nosso rebanho é muito maior do que há 30 anos e temos avançado no uso da tecnologia, com estatísticas robustas, o que nos coloca em posição privilegiada frente ao mercado de inseminação mundial, principalmente no gado de corte”. A perspectiva é que, em mais três anos, o Brasil se torne líder mundial no segmento como um todo. No balanço da Asbia, a IA se mostrou presente em 70% dos municípios brasileiros, número que deve atingir 80% no segundo semestre, período que, historicamente, concentra 60% do volume total das vendas. n