Pastagens
Nos módulos de pastejo, tudo tem sua medida certa Adilson de Paula Almeida Aguiar é zootecnista, professor em cursos de pósgraduação da Rehagro e das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu); consultor associado da Consupec (Consultoria e Planejamento Pecuário), de MG, e investidor nas atividades de pecuária de corte e leite.
Pesquisa mostra que animais com acesso à sombrite ganham 11% mais peso do que os mantidos a pleno sol
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este artigo, vamos dar continuidade ao tema benfeitorias e edificações em sistemas de produção de carne a pasto e seus efeitos sobre o manejo forrageiro. Falamos, na edição passada, sobre retiros, infraestrutura central, modulação de pastagens, tamanho de piquetes e cercas. Agora, vamos detalhar o dimensionamento da área de descanso dos módulos, rede de abastecimento de água e cochos para suplementação. Área de descanso – Também denominada de área de lazer ou praça de alimentação. É um locum de uso comum do módulo de pastoreio, que deve contar com espaço suficiente para descanso, ruminação e interações sociais, além de uma fonte de água, cochos e sombra. Para proporcionar conforto aos bovinos, recomenda-se planejar um espaço de 5 m2 por unidade animal (UA), caso não se tenha sombra. Se for provido sombreamento, deve-se acrescentar 3 m2/UA, em regiões de clima quente e seco, e 6 m2/ UA, em regiões de clima quente e úmido. Assim a área total da praça de alimentação será de 8 m2 e 11 m2, respectivamente. Abastecimento hídrico – As fontes de água para os animais variam desde rios, riachos, córregos, represas, cacimbas a bebedouros ou pilhetas. A água é o nutriente mais crítico na nutrição dos bovinos, primeiro porque entra em grande quantidade na composição corpora, segundo porque é determinante no consumo, mastigação e deglutição dos alimentos, bem como na digestão e excreção dos nutrientes. Ruminantes precisam beber entre 3,5 e 5,5 litros de água para cada quilograma de matéria seca ingerida.
Vacas paridas precisam beber 3 litros a mais de água para cada litro de leite produzido. As fontes de água demandam muito cuidado, pois podem ser veículos de transmissão de doenças infecciosas (botulismo, coccidiose ou eimeriose, fasciolose hepática etc.) e endoparasitos (verminoses). Ainda que o rebanho esteja “blindado” por vacinas contra essas doenças, o ideal é trabalhar com bebedouros, pois os animais apresentarão melhor desempenho, devido à oferta adequada de água. Com isso, consumirão mais forragem, mais suplemento e ganharão mais peso. Em pesquisas, animais de recria que beberam água de bebedouro ganharam 105 g a mais por dia do que os que beberam em açude. Vacas paridas que ingeriram água em bebedouro engordaram 270 g a mais por dia e seus bezerros, 140 g a mais por dia do que vacas e bezerros que beberam água de um córrego. Outras vantagens dos bebedouros: eles permitem manter a qualidade da água (por meio de limpeza, uso de cal hidratada, peixes) e podem ser posicionados em locais de mais fácil acesso para os animais ou que favorecem o manejo do pasto. Para fins de planejamento e como precaução, recomendo que o reservatório seja construído considerando-se um volume três vezes maior do que a demanda hídrica diária dos animais, para se ter uma segurança de três dias, caso ocorra algum problema no sistema de abastecimento. Quanto aos bebedouros, se os animais não precisarem andar mais do que 250 metros dos cantos do piquete até eles, não é preciso se preocupar com sua dimensão, mas sim com a vazão da água. Se precisarem percorrer mais do que essa distância, é preciso considerar um espaço de 5 cm/UA na borda dos bebedouros. Dimensionamento de cochos – Em uma planilha de custos de uma fazenda de pecuária de corte, a suplementação é o primeiro item mais caro (fazendas com maior escala) ou o segundo item (fazendas com menor escala), mantendo disputa frequente com a mão-de-obra e as pastagens. Por isso, a gestão alimentar precisa ser eficaz. O que encontro, entretanto, em fazendas comerciais? Cochos no chão (de tambores, de madeira), ou cochos subdimensionados para o tamanho do lote de animais. Já mostrei a clientes que insistiam em suplementar o rebanho com cochos de tambores no chão, que boas instalações se pagam. Mesmo se eles construíssem modelos cobertos do melhor padrão possível, o custo fixo do investimento (depreciação mais oportunidade do capital) ao longo da vida
74 DBO setembro 2020