Por que um diálogo entre o corpo e a cidade? A dança nos estimula a contemplar o corpo, lugar conhecido que habitamos todos os dias, porém mecanicamente e em funções ordinárias. Ao aceitarmos o convite, temos acesso a uma compreensão erigida em outra lógica e vemos, no discurso do corpo, aquilo que não poderia ser dito de outra forma. Assim acontece também à cidade, outro grande corpo habitado. Quando percorrido no feitio utilitário do cotidiano, suas formas abstratas permanecem adormecidas, à disposição para um olhar mais indagador, ocasionalmente aberto por outras apreensões daqueles espaços normatizados pelo dia a dia. Nesta 8ª edição, a Bienal Sesc de Dança mantém latente a possibilidade de uma nova apropriação das linguagens do corpo, mas retoma o impulso original ao explorar as possibilidades de conexão com a cidade de Santos por meio do encontro entre criadores, intérpretes, fomentadores e fruidores – seja público iniciante, eventual ou mais devotado desta linguagem cênica. A ocupação inusitada dos espaços urbanos abre espaço para uma reflexão sobre os discursos da dança na contemporaneidade e sua forma de se colocar socialmente, ecoando uma discussão ampla deste meio. Além da participação nacional já consolidada, os espetáculos, as performances, as instalações, as oficinas e as palestras contam com as contribuições advindas da Bélgica, da França, do Chile e do Uruguai. Para o Sesc, este painel de manifestações da dança que se inspira na relação com a cidade é uma chance oportuna de vislumbrar os novos diálogos da cultura por meio da arte, um componente do processo formativo de cidadania que permite renovar perspectivas. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo