#7 Newsletter ACES Espinho/Gaia - ACES de Campanha

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NEWSLETTER ACES Espinho/Gaia Edição nº 6

Editorial Face aos tempos excecionais em que vivemos, o tema desta edição da Newsletter do ACeS Espinho-Gaia é dedicado à Pandemia COVID19. O Núcleo Editor da Newsletter convidou todos os profissionais do ACeS a dar um testemunho de como correu esta reorganização e de como está a ser a retoma ao “novo normal”. A reorganização das Unidades passou pelas Unidades de Atendimento ao Covid, Linha e Plataforma Trace Covid, por rastreio e vigilância de casos suspeitos/confirmados, isolamento de casos positivos e contactos, pela teleconsulta e consulta presencial, visita domiciliária, pelas idas às Estruturas Residenciais para Pessoas Dependentes, Infantários, realização de testes COVID9, pela cedência de profissionais para outros serviços, interna e externamente ao ACeS … Será que nos transformámos num “ACeS de Campanha”? A resposta está nas próximas páginas… passamos em revista o percurso de quem partilhou a sua visão e vivência da resposta à Covid19. Estamos muito gratos pelos contributos de todos. Que a partilha de experiências, de perspetivas e reflexão crítica, dentro e fora da Newsletter, seja apenas o início para prepararmos o futuro… para continuarmos a ser Serviço Nacional de Saúde!

COVID-19 Julho - Setembro 2020 Dias comemorativos 08/07: Dia Mundial das Alergias 20/07: Dia do Transplante 22/07: Dia Mundial do Cérebro 27/07: Dia Mundial do Cancro da Cabeça e Pescoço 28/07: Dia Mundial das Hepatites 30/07: Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas 01/08: Dia Mundial do Cancro do Pulmão 01 – 07/08: Semana Mundial do Aleitamento Materno 04/09: Dia Mundial da Saúde Sexual 05/09: Dia Internacional das Lesões da Coluna Vertebral

O Núcleo Editor da Newsletter

07/09: Dia Mundial para a Sensibilização e Consciencialização da Distrofia Muscular de Duchenne 08/09: Dia Mundial da Fisioterapia 10/09: Dia Mundial da Prevenção do Suicídio


Índice

Editorial ..................................................................................................................................... 1 Índice .......................................................................................................................................... 2 O ACeSEG, da contenção à mitigação............................................................................... 3 COVID-19 – Uma maratona onde a coordenação e colaboração são chave ........... 6 COVID e as Novas Tecnologias ............................................................................................ 8 Começar o internato em tempos de COVID-19 ................................................................ 9 Reuniões em tempo de pandemia – algumas dicas ...................................................... 10 COVID-19 na USF Nova Via ............................................................................................. 12 “Ceci n’est pas une grippe” ................................................................................................ 13 Cha(lle)nges… ....................................................................................................................... 14 Da Saúde Materna à Saúde Pública: um pequeno relato de 45 dias ...................... 16 “À Chamada” – A minha experiência na Linha Covid do ACeS................................. 17 Internato em tempo de pandemia..................................................................................... 18 Desabafo de uma recém-especialista de MGF.............................................................. 19 A URAP perante o desafio da pandemia ....................................................................... 20 Cuidados Paliativos e COVID – o que mudou? .............................................................. 21 Uma visão social em tempos de pandemia ..................................................................... 22 Quando o stock fica a zero… ........................................................................................... 23 Sorrir com os olhos! ............................................................................................................... 24 Covid 19 e a adaptação da Unidade de Cuidados na Comunidade de Arcozelo/ Espinho .................................................................................................................................... 25 “A realidade do ACeS Espinho-Gaia em tempos de Pandemia” ............................... 26 Intervenção do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistência aos Antimicrobianos na Infeção por SARS-COV-2 ..... 27 Mundo dos ecrãs ................................................................................................................... 28 PRIMEIRO ESTRANHA-SE, DEPOIS..................................................................................... 29 E de tudo isto o que resultou? ............................................................................................ 30 Ficha Técnica .......................................................................................................................... 32

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O ACeSEG, da contenção à mitigação. Tinha começado o ano de 2020. O ACeS-EG apresentava uma melhoria de uns magros 4% nos indicadores de execução de 2018 para 2019 (IDG de 71,9 em Dezembro de 2018 e de 74,4 em Dezembro de 2019) e o Conselho Clínico centrava o seu principal cuidado na elaboração do plano de governação clínica e de saúde para 2020. De repente, nos meios de Janeiro, sem a menor suspeita de que uma avalanche se iria abater sobre o mundo, e antes fosse uma avalanche, surge um comunicado da DGS sobre um surto de doença respiratória grave na cidade de Wuhan – China. Uns dias mais tarde, e admitindo-se já a possibilidade da transmissão pessoa-a-pessoa, a mesma DGS emitia uma Orientação com procedimentos a ter perante a suspeita de um caso de infecção, de acordo com a fase de contenção da propagação do vírus. Foram criadas salas de isolamento nas unidades de saúde e a Unidade de Saúde Pública edita o Plano de Contingência Local para a infecção pelo novo coronavírus, então denominado 2019-nCov. Em Março de 2020, com a transmissão comunitária na Europa já por demais comprovada, e iniciada em Portugal a fase de contenção alargada, o ACeSEG emite igualmente o seu plano de contingência para as unidades de saúde, integrando as medidas preventivas transversais a todas as unidades, desde a gestão das instalações, materiais e equipamentos de proteção, até aos recursos humanos.

Manuel Mário Sousa Presidente do Conselho Clínico mmfsousa@arsnorte.minsaude.pt

O vírus tinha sido rebaptizado de SARS-Cov-2, e a doença por ele provocada como Covid-19. Por essa altura já assistíamos com preocupação extrema à evolução descontrolada da epidemia em Itália e Espanha, com muitas centenas de mortes diariamente. Decretada a fase de mitigação pela DGS, e entre Orientações e Normas e directrizes nacionais e regionais, o ACeS reage com a implementação de 3 níveis de operações fundamentais: 1. Em primeiro lugar um nível de informação, esclarecimento e orientação inicial de utentes, face a inúmeras dúvidas, receios, e alterações de comportamento nas pessoas e comunidades. Neste nível surge a linha telefónica Covid ACes, com o seu fluxograma de actuação. O stress físico-psíquico causado pelo confinamento e distanciamento, pelos novos hábitos de comportamento social, pelo medo da nova e desconhecida doença, pelas notícias de ruptura dos sistemas de saúde na Itália e Espanha, pelos milhares de mortes diárias, pelos funerais simples, anónimos e com valas comuns, resulta em sintomatologia variada, que perante as limitações de deslocação das pessoas e as limitações no atendimento nas unidades de saúde, leva à procura de outros recursos pelos cidadãos. Com a linha SNS24 saturada, os ACeS poderiam ter um papel importante neste primeiro contacto com os cidadãos. Era este o objectivo das linhas telefónicas CovidACeS. De início muito usada pelos munícipes, rapidamente esta |3


linha quebrou na sua utilização. As dúvidas dos utentes sobre a doença eram cada vez menos, e por outro lado as unidades de saúde (e muito bem) também puseram em funcionamento as suas linhas de telefone, permitindo aos seus utentes um contacto bastante mais próximo com as suas equipas de saúde. Neste momento, pela sua baixa utilização, está a funcionar agregada à ADC de Canelas. 2. Uma segunda frente de operações era a do diagnóstico da doença na comunidade e o corte das cadeias de transmissão do vírus. Neste nível encontravam-se as equipas de saúde, que nos seus locais de trabalho procuravam esclarecer pelo telefone os sintomas dos doentes, identificar os casos suspeitos, procurar confirmar a doença pela prescrição dos testes e aconselhar as medidas de confinamento e terapêuticas adequadas. Ainda neste nível de identificação de casos suspeitos e dos contactos, a Autoridade de Saúde teve um papel decisivo, através da busca de cadeias epidemiológicas que pudessem ser responsáveis pela transmissão invisível da infecção na comunidade. Destruir tão cedo quanto possível estas cadeias de transmissão era a base do controle da pandemia. Num contexto de atendimento presencial, os doentes com sintomatologia suspeita eram atendidos nas novas Áreas Dedicadas à Covid (ADC-Comunidade) de Paramos, Canelas e Olival, construídas na base das orientações da DGS (Normas 001 e 004). A evolução da pandemia em Portugal foi tendo, felizmente, contornos que permitiram a diminuição do número de casos sintomáticos e, por isso, o acesso às ADC’s foi diminuindo. Actualmente, apenas a ADC de Canelas permanece a funcionar 3. Um terceiro e último nível de operações é o do acompanhamento e vigilância pós-diagnóstico. Os doentes, permanecendo em casa, necessitam do contacto diário com os seus médicos, nomeadamente para seguimento da evolução dos sintomas, tratamento sintomático, envio à ADC-SU em caso de agravamento dos sintomas e, quando a altura chegar, considerar os doentes como curados. Aqui entra a plataforma Trace Covid-19, tão contestada de início devido ao seu formato pouco amigável, mas cujo papel é exactamente permitir o registo de todas estas intervenções sobre os doentes. Não apenas no pós-diagnóstico, como nos casos suspeitos e em investigação pela Autoridade de Saúde. Porque esta vigilância deve ser contínua e diária, não se compadecendo com feriados e fins de semana, o ACeS organizou as chamadas equipas Trace Covid, que mantiveram este seguimento fora dos dias normais de trabalho. Um website, sob administração de um colega médico de uma das nossas unidades (https://acesespinhogaiacovid19.net), permitiu ainda uma visão mais centrada na nossa área geográfica, com elementos estatísticos carregados diariamente, e onde se podia consultar entre uma variada gama

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de informação, os novos doentes por unidade funcional, a prevalência diária e a variação diária do número de novos casos. Estávamos na onda pandémica, em plena mitigação, que resultados teríamos?

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COVID-19 – Uma maratona onde a coordenação e colaboração são chave O ano 2020 está a ser marcado por uma pandemia como a nossa geração ainda não tinha visto, que pôs à prova todos os serviços de Saúde e, em particular, os de Saúde Pública, obrigando a uma reorganização completa da unidade em tempo recorde. Combater uma pandemia consegue-se através da estratégia de “test, track and trace”, ou seja, diagnosticar e isolar rapidamente os casos positivos, identificar todos os contactos, colocar em isolamento profilático e em vigilância diária. Para conseguirmos dar resposta atempada foi necessário alocar todos os recursos da Unidade de Saúde Pública (4 médicos especialistas e 2 médicos internos de saúde pública, 4 enfermeiras, 5 técnicos de saúde ambiental e 4 assistentes técnicas), além de 3 enfermeiras, gentilmente cedidas pelas UCC e pelo ACES, que foram uma ajuda fundamental. De forma resumida, o processo implica:

Teresa Sabino Coordenadora USP EspinhoGaia

Identificação dos casos positivos: através da notificação de novos casos pelo SINAVE por parte dos profissionais e dos laboratórios. Realização de inquérito epidemiológico e identificação dos contactos: todos os casos são sujeitos a inquérito epidemiológico para que sejam identificadas todas as pessoas com quem contactaram durante o período de contagiosidade. Comunicação, avaliação de risco e aplicação de medida a cada contacto: cada pessoa é contactada individualmente para estratificação do risco e decisão sobre a necessidade de isolamento profilático. Vigilância Ativa das pessoas em isolamento: todos os contactos de alto risco são vigiados diariamente para sintomas e testagem. Além do rastreio de contactos, o combate a uma pandemia inclui também respostas de planeamento, comunicação e coordenação com a comunidade, parceiros sociais e entidades de Saúde, incluindo Escolas, Farmácias, Empresas, Quarteis de bombeiros, Esquadras, Clínicas, Laboratórios de Análises, entre muitos outros. A equipa trabalhou mais de 10 horas diariamente, ininterruptamente, incluindo fins-de-semana, feriados ou tolerâncias de ponto, para conseguirmos gerir os mais de 900 casos positivos e acompanhar as quase 5000 pessoas em vigilância diária, até ao momento. Tenho, naturalmente, de congratular o esforço pessoal e qualidade de cada um dos colegas da Unidade de Saúde Pública, mas também deixar uma nota da importante articulação desde o início com todas as Unidades Funcionais, para conseguirmos os excelentes resultados até agora. Apesar deste sucesso, os casos começam a aumentar, com um número de contactos naturalmente maior. É, assim, fundamental não relaxarmos nas medidas preventivas implementadas em cada unidade e no nosso quotidiano |6


e continuarmos a dar resposta a este vírus com a mesma qualidade e colaboração com que o fizemos até agora.

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COVID e as Novas Tecnologias As novas tecnologias têm sido indispensáveis e essenciais em tempos de pandemia, principalmente pela importância do isolamento social e evitar o contacto entre pessoas. A telemedicina tem sido fundamental na orientação e seguimento da população suspeita/ infetada pelo SARS-COVID através da plataforma Trace Covid. Esta é uma ferramenta que salvaguarda a segurança dos dados do utente e a obtenção de dados epidemiológicos afim de avaliar o estado infecioso da população. Ajuda na atividade assistencial e não assistencial das unidades de saúde. A sua utilização permite fazer uma triagem dos casos mais graves que necessitam de avaliação presencial e possibilita a orientação dos casos menos graves de forma não presencial, garantindo a manutenção do isolamento e redução do risco de exposição. Embora haja vantagens na utilização da telemedicina em tempo de pandemia colocam-se alguns problemas: •

Não foram desenhadas plataformas seguras para a avaliação e comunicação com os utentes fora do âmbito da plataforma TraceCovid, fazendo-se essencialmente através do contacto telefónico e email;

Há necessidade de registar todos os contactos telefónicos e eletrónicos efetuados, recebendo as unidades de saúde centenas de contactos diariamente. Isto aumenta o volume de trabalho não assistencial que sobrecarrega os profissionais de saúde que ainda mantém a atividade assistencial básica a crianças, grávidas, diabéticos e hipertensos descompensados e consultas de urgência;

A qualidade da assistência por telemedicina gera grandes desafios pois reduz a avaliação do doente à colheita da sua história clínica, sem existir a possibilidade de realizar um exame físico.

O acesso facilitado através dos meios tecnológicos leva os utentes a exigir mais e em menos tempo a resolução das suas necessidades e aumenta o grau de exigência nem sempre justificado. A ausência de contacto presencial gera ansiedade no utente e nos profissionais muita vez por dificuldade de comunicação.

Daniela Saraiva USF Canelas dsaraiva@arsnorte.minsaude.pt

É necessário salientar que, nos momentos de crise, mais importante do que ter um sistema de saúde ideal é ter uma assistência que efetivamente funcione. É necessária uma adaptação rápida, por mais que isso quebre os padrões anteriormente bem estabelecidos. Desta forma, a telemedicina pode vir a ser um meio complementar das atividades clínicas quando devidamente estruturada.

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Começar o internato em tempos de COVID-19 Sou Médica Interna de Medicina Geral e Familiar do 1º ano - há apenas seis meses. Entrei a medo e com algumas incertezas. Sentimentos que depressa deram lugar ao entusiasmo e à vontade de aprender. Conversar com os utentes, conhecer as suas histórias, conduzir eu própria uma consulta, formular hipóteses de diagnóstico e terapêutica. A cada consulta, as anotações de tópicos para mais tarde estudar multiplicavam-se e a curiosidade aguçava cada vez mais. Mas o quotidiano e o tipo de trabalho que eu idealizava serem o de um Médico de Família pouco mais de dois meses durou. Após largas semanas de notícias que davam conta da evolução da doença pelo novo coronavírus no mundo, aquilo que parecia tão longínquo chegava até nós. E toda a necessária reorganização que se seguiu virou o meu internato de “pernas para o ar”. Formações e cursos cancelados, worskhops e congressos indefinidamente adiados, reuniões presenciais que deram lugar a encontros virtuais. E aquilo que mais gozo me dava, o de contactar presencialmente com pacientes e problemas reais, o de aprender a conquistar e a construir uma relação com cada um deles, de repente desvaneceu. As consultas telefónicas tornaram-se rotineiras e as dificuldades de comunicação inerentes fizeram delas verdadeiros desafios. O que me deixou mais apreensiva foi a incerteza e a sensação de que tinha o internato suspenso. Durante algum tempo senti-me perdida, sem saber ao que me deveria dedicar, pois “do dia para a noite” a palavra de ordem era COVID-19. Cheguei a sentir-me desmotivada e sem o entusiasmo e sede de conhecimento iniciais. Porém, senti que devia encarar esta situação única como uma oportunidade, também ela única, de aprendizagem. Com as consultas telefónicas aprimorei as minhas capacidades de comunicação. Com as reuniões e cursos virtuais adaptei-me a novas formas de divulgação de conteúdos. Apercebi-me que, em cada dificuldade e obstáculo, podemos encontrar um ponto de partida para uma nova e melhor forma de trabalhar.

Teresa Raquel Vaz USF Nova Via tvaz@arsnorte.minsaude.pt

Agora, com a retoma, estou a adaptar-me a uma nova normalidade, ainda com as barreiras impostas por este vírus, mas com a vontade de transformar estas adversidades numa oportunidade de fazer melhor, por nós e pelos nossos utentes.

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Reuniões em tempo de pandemia – algumas dicas Em Portugal foram confirmados os dois primeiros casos de Covid 19 no dia 2 de março de 2020, tendo sido declarado o estado de emergência no dia 18 de março. Face às orientações da Direção-Geral de Saúde e da Ordem dos Médico sobre cancelamento de reuniões presenciais/ congressos médicos, as reuniões das unidades funcionais e da Direção de Internato Santos Silva transformaram-se em reuniões virtuais. Os nossos ambientes pessoal e profissional fundiram- se, e como não estávamos habituados a usar estas ferramentas digitais, imprevistos e situações embaraçosas passaram a acontecer durante as transmissões. Portanto, é preciso seguir uma etiqueta virtual - a mesma que seria usada no nosso local de trabalho.

Ana Margarida Carvalho USF Nova Via amcarvalho@arsnorte.minsaude.pt

Vamos apresentar de seguida algumas dicas: -Antes da reunião: •

Verificar a ordem de trabalhos e os documentos necessários.

Manter a aparência do nosso dia a dia de trabalho.

Escolher o melhor local. A janela deve estar à nossa frente, e o telemóvel /PC de costas para a janela. Deve sempre ser revisto o que é visível pela nossa câmara, ou então desfocar a tela de fundo.

Verificar a tecnologia usada antes da hora da reunião e fazer algumas execuções de teste antes de começar.

Selecionar a apresentação e testar se pode ser partilhada usando a ferramenta escolhida.

Ingressar na reunião alguns minutos antes da hora indicada, a fim de permitir que falhas de acesso sejam reparadas a tempo.

Ângela Maria Teixeira USF Nova Via amteixeira@arsnorte.minsaude.pt

- Durante a reunião: •

Desligar o vídeo e microfone quando ingressar na reunião.

Cumprimentar através do chat.

Não interromper as pessoas.

Levantar a mão ou pedir para tomar a palavra no chat quando a discussão for permitida.

Ligar o vídeo e microfone para aumentar a efetividade da comunicação quando for autorizado para falar. O organizador da reunião desativou todos os microfones.

Ter água sempre disponível.

Dispensar o telemóvel nas reuniões porque pode provocar interferências e não fazer multitasking.

Avisar por chat sobre saídas necessárias.

Preencher a folha de presenças entretanto enviada.

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- Sair da reunião •

Agradecer e despedir-se.

Desligar.

Estas são algumas dicas para manter o foco no essencial da reunião.

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COVID-19 na USF Nova Via A pandemia veio alterar completamente o funcionamento da Unidade de Saúde Familiar (USF) Nova Via, num processo evolutivo, a par com a incerteza do contexto. Iniciou-se com a criação da sala de isolamento destinada à avaliação de casos suspeitos e com o treino para colocação do equipamento de proteção individual. Nesta fase, mantivemos as consultas presenciais, mas propusemos teleconsulta a doentes de risco. A situação evoluiu e passámos a priorizar o contacto à distância, com a consulta presencial restringida a serviços mínimos e a teleconsulta como principal atividade. Reforçámos o atendimento telefónico e resposta ao email e dinamizámos o facebook e site da unidade, apostando na educação para a saúde. Foi criada uma linha telefónica, a cargo dos médicos internos, para dúvidas relacionadas com a pandemia, que permitiu aliviar a carga de telefonemas do secretariado e orientou inúmeros casos suspeitos e questões sociais. Sentimo-nos inseguros com a escassez de recursos e fomos diligentes a adquirir material colocando acrílicos nos gabinetes e secretaria, contando também com doações de utentes e empresas. Em discussão em Equipa, modificámos o circuito do utente, com vista à manutenção da acessibilidade, mas garantindo a proteção dos profissionais e utentes de uma doença que sabíamos ter diversas apresentações. Acabámos por encontrar um equilíbrio, criando uma triagem presencial à entrada da Unidade, realizada por enfermeiros ou médicos internos, e garantindo que todos os utentes observados na unidade, em consulta de doença aguda, seguiam um percurso para uma sala de espera diferente, sendo observados em gabinete próprio, por profissional devidamente equipado. Atualmente, é feita triagem telefónica médica das situações agudas, permitindo que todos os contactos com a USF sejam agendados previamente. Houve grandes alterações organizacionais, mas a maior provação foi a mudança na conceção da prestação de cuidados. Habituados ao contacto próximo e a valorizar o exame objetivo, a adaptação à consulta à distância acarretou grandes inseguranças. Para enfrentar estes desafios apoiámo-nos no espírito de equipa, proatividade, divisão eficaz de tarefas e flexibilidade para reavaliação conjunta de cada momento de mudança e reajustamento. Contamos que estas qualidades, fortalecidas neste processo, permitam o mesmo sucesso nesta fase de retoma.

Miguel Gouveia USF Nova Via mgouveia@arsnorte.minsaude.pt

Sara Guimarães Fernandes USF Nova Via spfernandes@arsnorte.minsaude.pt

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“Ceci n’est pas une grippe” Pela primeira vez, acompanhamos uma pandemia na era da informação, em tempo real, num mundo globalizado e de fronteiras entre nações, até há muito pouco tempo, esbatidas. Foi assim que, no início de janeiro, ao arrepio dos tempos próprios de reação dos organismos oficiais, começaram a surgir online os primeiros preocupantes relatos. Sites como o reddit, uma rede usualmente pouco dada a temas sérios, tornaram-se locais de partilha e acesso à informação entre cidadãos de distintas origens e diversos ofícios. Poderá a “epidemiological intelligence”, doravante, alhear-se destes novos canais informais no processo de avaliação e gestão do risco? Em fevereiro fizemos carnavais e, entrados em março, sem robustas reservas estratégicas de EPI e ventiladores, o país dividia-se em “negacionistas” e “alarmistas”. Dum lado pesavam argumentos económicos e comparações a ondas gripais e, do outro, aludia-se aos testemunhos chegados doutras paragens. Todos tivemos, por essa altura, uma opinião mais ou menos fundamentada e uma discussão mais ou menos inflamada com amigos, família ou colegas e, pelo nosso próprio exemplo, entendemos a dificuldade do processo de decisão à escala nacional.

Tiago Vilarinho USF S.Félix tmrvilarinho@arsnorte.minsaude.pt

Por fim, chegados ao estado de emergência, o SNS deu provas duma plasticidade que poucos adivinhariam possível. Novos circuitos de doentes, criação de ADC, horários de maior flexibilidade e uma resposta verdadeiramente sistémica em que um dos fatores críticos do sucesso terá sido a vigilância de grande parte dos doentes em contexto de CSP. Como consequência, sucedem-se os emails em catadupa. Surgem o trace-covid e novas orientações da DGS. Perante um contexto tão dinâmico, cria-se o sitio acesespinhogaiacovid19.net, procurando agregar a informação, esperando que facilite a adaptação das unidades mas também dos profissionais a um cenário em permanente mudança. Surgem novas formas de contacto e o telefone e email ganham particular relevo. O teams torna-se uma ferramenta de trabalho em equipa. Vencida a primeira onda, retomamos parte da atividade. Limitados pelo número de doentes a observar de forma presencial, pressionados pelos indicadores que ficaram por cumprir, com novos circuitos internos e atentos a qualquer sinal de mudança epidemiológica que anunciem uma nova onda… “a gente vai continuar”!

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Cha(lle)nges… Tudo na vida são mudanças e desafios. E se há mudanças e desafios que não nos impõem adaptações sucessivas ao nosso modo de estar com a vida, não é seguramente o caso nesta pandemia. Abracei os cuidados de saúde primários pela determinação no exercício de especialidade; foi essa vontade que me trouxe. Deixei a casa que me viu crescer, muitos amigos, e muitos momentos marcantes. É isso que guardamos na memória: o passado foi mágico e feliz. Regressei aos Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Universitário do Porto no dia 14 de abril após cinco anos de ausência, esquecida de tantos conhecimentos que arrumei num cantinho… acolheram-me de braços abertos e sorriso nos olhos. Nunca lhes poderei agradecer o suficiente, porque se fui com a intenção de ser uma mais valia num cenário de catástrofe, regresso convicta de que tal não aconteceu (e ainda bem, porque felizmente não foi preciso!): no fim, trouxe mais do que levei! Estive 46 dias em mobilidade, a trabalhar com doentes críticos, a executar técnicas invasivas em pessoas inconscientes e em situação de grande vulnerabilidade naquele caos extremamente organizado de prevenção e controlo de infeção, de readaptações constantes do serviço, das dinâmicas, dos cuidados… tanta saudade daquela realidade intensiva, e não houve um dia que não me lembrasse das pessoas e dos cuidados que deixei para trás.

Maria Teixeira UCC Arcozelo-Espinho mapteixeira@arsnorte.minsaude.pt

Do que lá (re)vivi guardo memória da solidão das tardes sem visitas, nada habitual nas tardes de antigamente; os contactos com os familiares eram exclusivamente via telefone. A recompensa desse trabalho acrescido chegaria muito tempo depois, quando era possível pedir aos familiares de um doente extubado na véspera que ligassem via WhattsApp, e podíamos ter o privilégio de assistir a reencontros emocionados, que muitas vezes nos enchiam (também) os olhos de lágrimas. O mais difícil neste regresso? Sem dúvida: a comunicação verbal. Num ambiente extremamente ruidoso, pela tecnologia inerente, o uso permanente de máscaras e a necessidade de falar muito alto tornaram cada turno mais penoso do que me lembro. Levou-me lá um certo “espírito de missão”; creio que o faria de novo porque há pedidos que, mesmo condicionando a nossa vida pessoal e profissional, inexplicavelmente, não podemos negar. Mas não há palavras que descrevam fielmente o prazer de regressar e ver todos bem, colegas e utentes, de braços abertos e sorriso nos olhos;) E que este regresso seja também um desafio.

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A utilização de uma máscara de proteção – o desafio à “nova” consulta psicológica A COVID-19 trouxe novos desafios à saúde mental e à consulta psicológica. Desde logo no estabelecimento da aliança terapêutica, momento crucial em que a díade terapeuta-cliente se conhece e estabelece a relação. A comunicação verbal e não verbal, as emoções, maioritariamente visíveis no rosto, são e fazem parte do processo terapêutico. Estas emoções são lidas e compreendidas pelo psicólogo através da comunicação verbal, e, sobretudo, não verbal do utente. Assim, como será desenvolvida uma aliança terapêutica baseada na confiança, quando existe uma nova barreira, a máscara, que oculta a maior parte do rosto do utente dificultando o reconhecimento destas emoções por parte do terapeuta? Se numa fase de seguimento esta questão pode nem ser tão relevante já que a aliança terapêutica estará fundada, por outro lado, isto pode ser particularmente delicado quando se trata dum primeiro contacto: quer o utente poderá sentir maior dificuldade em expressar as suas necessidades e emoções, quer o terapeuta enfrenta o desafio adicional de compreender a linguagem facial do utente que não conhece.

Ana Isabel Silva Psicóloga ACES Espinho/Gaia aigsilva@arsnorte.minsaude.pt

A consulta à distância tem sido um recurso pois não requer a utilização de máscara e tem possibilitado a proximidade terapeuta-utente já em acompanhamento. No entanto, existem alguns constrangimentos no que diz respeito às consultas à distância. Acreditamos que, nem todos os utentes, especialmente os mais idosos, terão acesso e facilidade com estes meios. Adicionalmente, alguns dos utentes não dispõem dum ambiente propício à realização deste contacto, salvaguardado as questões da privacidade. Esta situação é particularmente complexa e difícil de ultrapassar quando se trata do contacto com crianças. Por outro lado, o formato da consulta à distância agrada a utentes que consideram beneficiar pela segurança que existe em não terem de se deslocar à unidade de saúde e preferem mesmo optar pelo conforto da realização deste atendimento, sem máscara. Neste sentido, consideramos que acordar esta questão com o utente é fundamental usando de flexibilidade sempre. Deverá ser colocada ao utente a hipótese de optar por uma destas modalidades de consulta para que, dentro desta nova circunstância, a Psicologia continue a ter um papel importante e facilitador na saúde e na vida dos utentes.

Rita Costa Psicóloga Estagiária Curricular ISMAI ritzcosta3@gmail.com

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Da Saúde Materna à Saúde Pública: um pequeno relato de 45 dias Chegada à Unidade de Saúde Pública, por solicitação desta de reforço da equipa, fui rececionada por alguém preocupado em ceder uma máscara e integrar-me rapidamente naquilo que seria um trabalho intenso durante os próximos meses. A situação estava ao rubro! Estava montado um Gabinete de Crise a partir do qual tudo orbitava, que foi gerindo de forma muito eficiente e com grande sentido de missão, o desenvolvimento dos acontecimentos. Realizamos centenas de inquéritos epidemiológicos, telefonicamente, durante horas intermináveis, com o intuito de seguir o encalço dos casos positivos para Covid 19 na comunidade, tentando de conter a disseminação do vírus de forma célere e eficaz… Foram decretadas centenas de restrições sociais com auto vigilância ou mesmo isolamentos profiláticos com auto vigilância… Pairava em cada um de nós o receio de chegarmos a situações tão calamitosas como as de Itália ou Espanha. Foi um genuíno trabalho de equipa entre Médicos de Saúde Pública e os seus Internos, Enfermeiros, Técnicos ambientais e Assistentes Técnicos. Fomos um verdadeiro exército que se manteve em constante alerta para conter a todo o custo a chegada de mais casos positivos à” Linha da Frente”! E, permitam-me: fomos muito bem-sucedidos!

Carla da Silva UCC Arcozelo-Espinho ccasilva@arsnorte.minsaude.pt

Agora de regresso à minha unidade e olhando para trás, valeu a pena as dores nas orelhas por ter o auscultador do telefone ininterruptamente à orelha. Valeu a pena a falta que senti da companhia da minha equipa UCC, mais ainda por sentir que todos eles de alguma forma estavam a passar por situações também elas diferentes e penosas. Conhecendo-a como conheço, nunca tive dúvidas de que iríamos colaborar com tudo o que nos fosse possível para combater o nosso inimigo Corona Vírus! Um bem haja a cada um dos profissionais que estiveram nesta luta silenciosa e discreta, fundamental para não chegarmos a uma situação com tanto sofrimento e morte como noutras realidades bem presentes noutras nações. Um agradecimento muito especial a todos os elementos da equipa da Unidade de saúde Pública do ACES Espinho Gaia. Agradeço toda a confiança que depositaram em mim.

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“À Chamada” – A minha experiência na Linha Covid do ACeS A criação da linha telefónica Covid ACeS surgiu como uma das estratégias no combate à pandemia da Covid-19, enquadrada nas orientações da DGS e ARSN. O intuito da sua existência é o de dar resposta a necessidades psicológicas, sociais e ao esclarecimento de dúvidas diversas na temática da Covid-19, a todos os utentes na área de abrangência do agrupamento. No fundo, funciona como complemento e reforço da linha telefónica SNS 24, proporcionando uma resposta mais célere aos cidadãos. Foram várias as diligências efetuadas, em termos estruturais e organizacionais, de modo a fazer face a algo tão inesperado! Dia após dia, as dúvidas e constrangimentos surgiam, mas foram ultrapassados com a adoção de uma postura colaborativa e de partilha. Efetivamente, todos tínhamos que nos reajustar e diariamente…até porque o evoluir da situação o tornava exigível, ou não estaríamos numa situação pandémica…

Raquel Coelho UCC Arcozelo-Espinho racoelho@arsnorte.minsaude.pt

No que se refere às chamadas, mais concretamente, as dúvidas e anseios por parte dos utentes prendiam-se com os testes Covid, a sintomatologia e procedimentos a adotar perante os conviventes e demais familiares. A presença de um profissional médico revelou-se de extrema importância, na prescrição dos testes Covid e apoio terapêutico, evitando deste modo a deslocação dos utentes aos ADC’s e consequente propagação do vírus. Com o decorrer do tempo verificou-se, contudo, um decréscimo na utilização desta linha. Daqui se poderá inferir, o facto de as dúvidas dos utentes serem cada vez menores e por outro lado, uma resposta mais eficaz, particularizada por parte das Unidades Funcionais. Considero também, que os meios de divulgação desta linha não foram tão eficazes, isto é, não tiveram tanto impacto como a linha SNS 24, tão divulgada nos meios de comunicação social. O regresso à minha Unidade veio acompanhado de um sentimento de missão cumprida e de gratificação, por todo o empenho depositado e por ter constituído um elo de ligação no combate a esta ameaça invisível e silenciosa! Termino, com um profundo agradecimento a todos os profissionais que comigo partilharam esta caminhada...e a todos os outros que deram o seu valioso contributo!

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Internato em tempo de pandemia Em janeiro de 2020, iniciei o meu internato em Medicina Geral e Familiar, longe de imaginar que estaríamos também perto do início de uma pandemia. A realidade dos Cuidados de Saúde Primários, que conheci até então, rapidamente se alterou e novos desafios se levantaram. O contacto presencial foi reduzindo e o número de consultas por contacto telefónico aumentou. Apesar de este tipo de contato ter permitido manter a continuidade de cuidados, com ele surgiram novas complexidades. Desde os dilemas resultantes do facto de não conhecer os utentes, aos simples problemas de ligação, até à dificuldade na compreensão de toda a mensagem transmitida, sem a comunicação não-verbal, tão fundamental e possível nas consultas presenciais. Uma imensidão de informação diária emergiu a cada dia e, com ela, muitas questões, aumentando a necessidade de atualização constante de forma a melhor orientar os utentes. Surgiram novas plataformas de trabalho, como a Trace COVID-19, o que exigiu também uma nova adaptação, mas que se veio a revelar muito útil na organização do trabalho a efetuar. As formações e congressos presenciais deram lugar a várias videoconferências online, o que se tornou um desafio, mas também uma fonte de novas oportunidades, permitindo-nos participar em eventos que, de outra forma, pela distância ou outros constrangimentos, se teriam tornado impossível.

Joana Mendes USF S. Félix-Perosinho

jcsmendes@arsnorte.minsaude.pt

O medo do desconhecido inicial foi dando lugar a uma nova realidade que vamos construindo devagar. As consultas presenciais aumentam gradualmente. A simples adaptação aos equipamentos de proteção individual pode ser desafiante, sobretudo para os mais idosos. Os utentes têm revelado uma grande necessidade de terem consultas presenciais de forma a expor os seus receios. Apesar de me encontrar apenas no primeiro ano de formação, tenho tido a oportunidade de participar em muitas tarefas, sentindo-me parte integrante da equipa, o que me permite continuar a desenvolver a minha formação. Adivinham-se tempos desafiantes, eventualmente até com o surgimento de novos problemas como os relativos à saúde mental e o descontrolo de patologias crónicas que o confinamento pode ter causado. A união e resiliência de todos serão fundamentais para redefinirmos o futuro!

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Desabafo de uma recém-especialista de MGF Os médicos internos de Medicina Geral e Familiar foram dos únicos a terminar a especialidade em 03/2020. Quando realizámos a prova teórica, a 28/02/2020, a maioria de nós achava que o término da formação específica seria o maior desafio profissional a concretizar num ano, já de si, repleto de tantas emoções e incertezas. A nova realidade imposta pelo SARS-CoV2 demorou a ganhar importância nas nossas vidas. Tudo o que não fazia parte da bibliografia do exame era "ruído de fundo". Na segunda semana de 03/2020, notava-se alguma apreensão por parte dos orientadores de formação e júris das provas orais. Surgiram os primeiros rumores de que as provas poderiam não ser concluídas, o que para nós era algo impensável. Na semana seguinte, regressámos a uma Unidade de Saúde (US) que já não reconhecíamos. Novas regras, conceitos e tarefas. Tivemos que ignorar o cansaço e arregaçar as mangas. Todo o estudo realizado para concluir esta etapa tão importante de nada serviria para fazermos face a esta nova realidade.

Maria Ferreira USF Boa Nova maria.s.ferreira90@gmail.com

A criação das áreas dedicadas ao COVID-19 (ADC), ao nível dos Cuidados de Saúde Primários, surgiram na tentativa de reorganizar a oferta e os cuidados prestados. O ambiente do ADC em pouco ou nada se assemelha ao ambiente das US. Estamos habituados a uma medicina de "proximidade", mas, de repente, vestimos "fatos espaciais", colocamos acrílicos nas secretárias, encostamos cadeiras à parede. Alguns de nós ficam seis horas sem comer, beber ou ir à casa de banho para "poupar" mais um Equipamento de Proteção Individual. Os profissionais de saúde são incumbidos, desde o início, de um espírito de sacrifício notável. Penso que é algo “contagioso”, que aprendemos ao convivermos uns com os outros. Tenho receio de que nos tornemos inflexíveis, que nos esqueçamos que nem toda a tosse, febre ou dispneia representam infeção por COVID-19. Sem dúvida que há atitudes e comportamentos que devem perdurar após a pandemia. No entanto, temos que (re)conquistar alguma desta "proximidade" que nos foi tirada. Em todos os recém-especialistas de MGF começa a despontar a ansiedade inerente à próxima fase. Aproxima-se o "tão esperado" concurso. Certamente as vagas serão (como sempre) uma desilusão. Possivelmente muitos de nós terão de fazer as malas à pressa e rapidamente adaptar-se a uma nova realidade. Penso que não houve tempo para congratulações ou festejos. Por isso, deixo aqui os Parabéns a todos os meus Colegas, que aguardam neste "limbo" comigo. Somos especialistas!

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A URAP perante o desafio da pandemia A preocupação com a saúde física das pessoas e o combate ao agente patogênico são os focos primários de atenção na luta contra o Covid19, de modo que as implicações sobre a saúde nas outras dimensões, nomeadamente a saúde mental, o bem-estar alimentar e nutricional, bem como o impacto ao nível social tendem a ser negligenciadas ou subestimadas. Daí a importância do trabalho desenvolvido pelas valências profissionais presentes na nossa URAP. Alinhando com o Plano de contingência interno do ACeS e as recomendações da DGS, bem como considerando as restrições impostas aos cidadãos no âmbito da pandemia COVID-19, a URAP promoveu a sua prática profissional, recorrendo maioritariamente a meios de comunicação à distância (videochamada ou telefone), continuando a orientar as suas práticas pelos princípios profissionais e atentos ao cumprimento dos Códigos Deontológicos das diferentes áreas profissionais. Solicitamos ao Conselho Clínico a divulgação de materiais de especial relevância – Manual de intervenção alimentar e nutricional na Covid19 (DGS) e Manuais de informação e orientação da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Os Assistentes Sociais desenvolveram a sua atividade no sentido de garantir direitos junto das populações mais afetadas e minimizar os impactos sociais da pandemia COVID-19.

Sandra Prata URAP ACeS Espinho-Gaia soanprata@arsnorte.minsaude.pt

As nutricionistas continuaram a focar intervenção na alimentação saudável, nos desafios do confinamento e isolamento social, capacitando os utentes para escolhas alimentares mais informadas, adequando hábitos de compra/planeamento da alimentação e consequentemente alguns comportamentos alimentares. Os Psicólogos Clínicos além do acompanhamento psicológico aos utentes do ACeS, colaboraram na LINHA DE APOIO PSICOLÓGICO ARS NORTE - 22 04 11 200. Resposta complementar a outras linhas telefónicas existentes a nível local e a nível nacional (Linha SNS 24) visando o acesso a apoio psicológico imediato aos seus profissionais e a todos os utentes da Região Norte. Todos técnicos da URAP estiveram sempre disponíveis para dar suporte à equipa da Unidade de Saúde Pública e aos profissionais dos Cuidados de Saúde Primários no combate a esta pandemia. No futuro que se aproxima irão continuar a dar este apoio, lidando com o impacto mais holístico desta doença.

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Cuidados Paliativos e COVID – o que mudou? Como tem sido divulgado nos media e nas redes sociais muito mudou na organização dos sistemas de saúde após o início da pandemia COVID19. Assim, pensámos em refletir sobre o que mudou para nós - Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos (CP) do ACeS Espinho-Gaia, sob o ponto de vista médico e de enfermagem. Desde logo, mudaram os critérios de visitação domiciliária. De modo a minimizar o risco de contágio, do utente/familiar/cuidador(es) e dos profissionais, tendo em consideração as recomendações do Colégio de Medicina Paliativa e o Plano de Contingência do ACeS Espinho-Gaia, as visitas ficaram restringidas aos doentes sintomaticamente instáveis e que necessitam de tratamento urgente, com a menor duração possível. A frequência de visitas domiciliárias diminuiu e com ela aumentou o risco de não dar continuidade ao trabalho realizado. A continuidades em CP é muito importante. Responderíamos nós com sinceridade a um médico/enfermeiro, que quase não conhecemos, sobre as razões para nos sentirmos angustiados? Contaríamos a nossa história de vida? Quem de nós contaria o que de mais íntimo o perturba ao fim de 15 minutos…? A forma como nos deslocamos também se alterou. É inegável a necessidade de equipamentos de proteção individual, mas os doentes nem veem a nossa face com os “escafandros que vestimos”. Colocamos nos nossos olhos a tarefa de chegarmos ao outro. Sorrindo, escutando, esperando… E o toque? O abraço? CP são muito mais do que “dar as mãos”, mas que diferença faz um aperto de uma mão a quem procura uma âncora, a quem procura expressarse com mais do que as palavras podem dizer. Um metro de distância parece um quilómetro…

Dália Santos Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACeS Espinho-Gaia dalia.santos@arsnorte.minsaude.pt

Marta Guedes Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACeS Espinho-Gaia

O domicílio é também um ambiente não controlado: como não nos preocuparmos com as visitas que os doentes recebem, em não tocar na mobília da casa, em não nos sentarmos, em não preparar medicação na casa dos doentes? Em CP trabalhamos em Equipa. Não é rara a sintonia e a divisão intuitiva de tarefas de modo a complementarmo-nos. Contudo, agora, idealmente, só deve entrar um Profissional na casa do doente... CP em tempo de COVID19 são também criatividade e superação. A fasquia para o SNS nunca esteve tão alta. O que é que cada um de nós pode fazer?

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Uma visão social em tempos de pandemia A realidade vivida desde março do presente ano, em resultado da Pandemia, remete-nos para um período de ajustamento da atividade de todos os profissionais de saúde, nuns casos com uma melhor definição dos seus papeis, por necessidade de resposta de cuidados de saúde imediatos e, noutros casos, com a implementação do teletrabalho, embora sem as condições desejáveis numa fase inicial. Os constrangimentos ao teletrabalho foram, entretanto, minimizados com a atribuição do pacote de chamadas e dados. As indisponibilidades de uma VPN aos profissionais em teletrabalho foram também atenuadas, com a disponibilidade dos profissionais da área administrativa, que estiveram sempre disponíveis para efetuarem os agendamentos, e fornecerem dados importantes para os contactos diários que cada profissional realizou. A Covid 19 trouxe, no entanto, apesar dos planos de contingência definidos, neste período, pelos vários níveis de intervenção na área da saúde, o receio do desconhecido, a necessidade de proteger os grupos de risco, levou a uma intervenção minimalista nos cuidados de saúde que teve como resultados danos colaterais.

jfmnunes@arsnorte.minsaude.pt

Os danos colaterais passaram por maior mortalidade, não COVID 19, quer por receio das pessoas em se deslocarem aos serviços de saúde, quer por uma modificação na resposta aos doentes crónicos, quer ainda por menor disponibilidade de recursos humanos para acompanharem estes doentes. Ao nível do Serviço Social consideramos que deveria ter havido maior presença destes profissionais no terreno, com as condições de segurança exigidas aos profissionais, existência de Equipamentos de Proteção individual (EPI), o que a determinada altura passou a estar disponível. Esta pandemia, conforme é sabido, trouxe outros problemas associados, relacionados com questões económicas e mentais, com impacto devastador na vida de muitas pessoas. Os idosos porque passaram a estar mais isolados, muitas vezes, sem qualquer retaguarda familiar, com falta de respostas da comunidade, menor capacidade de Serviços de Apoio Domiciliário, Centros de Dia encerrados e Estabelecimentos Residenciais Para Idosos (ERPI) que deixaram, em muitos casos, de acolher idosos. Também percecionamos as dificuldades da população em idade ativa que perdeu o seu emprego ou que viu o seu rendimento substancialmente diminuído. Por todos estes motivos, é importante definir uma estratégia multidisciplinar para a intervenção em tempos de crise.

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Quando o stock fica a zero… …quem diria o ano passado por esta altura que não podíamos ir de férias ou que os miúdos não podiam ir à escola ou ainda que não podíamos ir beber um copo a um bar ou ainda não poder ir à praia e tantas outras coisas… A palavra “não” é a mais ouvida e impera em todos os nossos pensamentos, em todas as nossas ações. Existe um inimigo invisível, que aparece sem avisar e cobardemente nos ataca. Não sabemos de onde vem, não sabemos para onde vai, não temos armas para o combater mas temos armas para nos defender. É aqui que entra o espírito de interajuda, solidariedade mas acima de tudo de responsabilidade, civismo e cidadania. Felicito os profissionais do Aces, por todo o trabalho que estão a desempenhar no combate ao covid 19, apesar das armas de defesa (equipamento de proteção) serem por vezes insuficientes e não cumprindo as normas preconizadas pela DGS. No sentido de colmatar a situação, o Aces deu principal prioridade à aquisição de material de proteção, efetuando a sua aquisição sempre que necessário, sendo sua principal preocupação a proteção dos profissionais. Estamos perante a lei da oferta e da procura. Quando a procura é grande e a oferta é pequena, aumenta o preço do produto até desaparecer do mercado, levando à rutura do mesmo.

Margarida Faria Responsável pela gestão de material clínico mmrfaria@arsnorte.minsaude.pt

No sentido de evitar a curto prazo esta situação, reforço mais uma vez ser importante efetuar um stock de segurança, para assegurar uma situação de rutura imediata.

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Sorrir com os olhos! Escrevo esta reflexão, respondendo ao desafio do Núcleo Editor da Newsletter, para partilhar a minha experiência profissional, enquanto Assistente Técnica, nestes tempos de Pandemia COVID 19. À semelhança de outros profissionais, por motivo da reorganização dos serviços no ACES, fui recolocada noutra Unidade Funcional. Em simultâneo com a adaptação ao funcionamento interno da unidade, veio a adaptação à nova forma de trabalhar equipada com bata, luvas e máscara. Sendo o(a) Assistente Técnico(a), uma “ponte” entre os utentes e os serviços, trabalhar dentro desta realidade “mascarada”, creio que terá sido o maior desafio, dado que, antes de sermos utentes ou profissionais, somos humanos, habituados a interagir emocionalmente. Todos nós, seja qual for a categoria profissional, estabelecemos uma relação com o outro, preferencialmente positiva, com uma expressão facial, postura corporal, tom de voz, toque, etc. Nesta luta contra este inimigo invisível e silencioso, além do medo de ser contaminado, de contaminar família e amigos, veio também esta castração da nossa natureza humana, de relacionamento com o próximo.

Tânia Coutinho UCC Arcozelo/Espinho-URAPECSCP tabcoutinho@arsnorte.minsaude.pt

O equipamento de proteção individual, necessário nesta época de pandemia, tornou-se uma barreira na comunicação e relação com o utente, com o nosso colega de trabalho. Creio que, este será um dos desafios que teremos que lidar, não permitindo que estas barreiras no relacionamento interpessoal, que o medo de contágio, diminua a nossa capacidade de empatizar com o outro, que nos desumanize enquanto pessoas e profissionais. Não sei se, “Vai ficar tudo bem”, mas até lá, o que pudemos fazer é “sorrir com os olhos”!

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Covid 19 e a adaptação da Unidade de Cuidados na Comunidade de Arcozelo/ Espinho Era uma vez uma unidade distribuída por dois polos: Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Arcozelo-Espinho… Mantinha a sua atividade distribuída por vários projetos na comunidade, nomeadamente sessões de educação para a saúde em grupo: Saúde Escolar, Saúde Materna, Saúde Infantil… Mas a certo momento, foi decretada a suspensão de todas as atividades realizadas em grupo, teriam de ser suspensas presencialmente, devido à proliferação de um malfadado vírus! Nesse momento, não existiam recursos possíveis para se realizarem virtualmente, nomeadamente por falta dos mesmos. Alguns dos elementos da equipa, de repente, viram os seus projetos suspensos por um tempo indeterminado. Mas falava-se da “Linha da Frente” que tinha que combater esta ameaça… E nós? Não estando na linha da frente, ansiávamos por ajudar aquela linha da frente… éramos uma equipa unida, coesa, mas que desde 11 de março de 2020 viu-se obrigada a desmembrar-se, a despedir-se temporariamente, sem saber quanto e como seria esse temporariamente… Alguns de nós foram mobilizados para o apoio domiciliário, Lares, testes COVID 19, Linha telefónica Covid. Tínhamos que trabalhar em todas as “linhas” sem saber sequer de que cor seriam ou a sua natureza… Surgiram necessidades de reforçar outras equipas ou mesmo de criar novas, perante a novidade desta ameaça viral.

Sandra Almeida UCC Arcozelo-Espinho saalmeida@arsnorte.minsaude.pt

Afinal somos enfermeiros, mesmo antes de nos termos especializado numa determinada área, fizemos um juramento. Continuei na equipa, no entanto com funções relacionadas com o apoio domiciliário (Equipas de Cuidados Continuados Integrados - ECCI), deixando temporariamente as crianças, jovens e suas famílias para me dedicar, ao cuidar de adultos / idosos com algum tipo de dependência e suas famílias. Todos os dias a necessidade de adaptação, da incerteza de estar a entrar na habitação, as questões das famílias, os transportes, a higienização e desinfeção em ambiente que não uma unidade de saúde. Tantas vezes assolada com o pensamento: “como estarão as minhas crianças?” Todos os dias com o objetivo cumprido: fazer o melhor.

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“A realidade do ACeS Espinho-Gaia em tempos de Pandemia” Em tempos de Pandemia enquanto profissionais de saúde fomos “obrigados” a orientar a população, a tratar infetados e lidar com transtornos vividos. Fomos dignos de aplausos, mas não somos dignos de um merecedor reconhecimento remunerado, nem tão pouco de profissão de risco. Colocados no meio de uma guerra, sem estarmos preparados, rapidamente nos vimos obrigados a afastar das nossas famílias e amigos, por medo, precaução e acima de tudo amor a eles. Durante dias a fio foram muitas as horas dedicadas ao trabalho, muitas horas camuflados por todo um Equipamento de Proteção o qual não podia ser retirado após a sua colocação e que nos deixava marcas visíveis no rosto, bem como, uma sensação de aprisionamento no nosso próprio corpo.

Cláudia Sousa UCC Arcozelo/Espinho cbandeira@arsnorte.minsaude.pt

Foram turnos de 8 a 12 horas, alguns deles sem podermos comer ou beber enquanto se mantivesse toda a fatiota de “astronauta”. Toda esta agitação levou a que muitos de nós vivêssemos aterrorizados com a possibilidade de ficarmos infetados e todos os dias pensássemos para nós “Será hoje que fico infetado”? A 20/04 iniciamos as colheitas dos testes COVID-19, que até à data perfizeram mais de 1500 amostras, a utentes e profissionais de ERPI’s, Creches, Infantários, para determinar o número de casos infetados, bem como, para prestarmos o nosso apoio para o acompanhamento de todas as diretrizes que envolvem esta situação pandémica nas estruturas.

Silvana Carvalho UCC Arcozelo/Espinho sccarvalho@arsnorte.minsaude.pt

Em cada lugar que fomos, visualizamos o medo e a tristeza no rosto de todos os envolvidos, pelo confinamento e desorientação perante esta Pandemia. No centro desta “guerra”, foi difícil no início conseguirmos dar o apoio que as pessoas necessitavam, face à premência que a situação exigia. Mais tarde, a um outro ritmo, este processo permitiu-nos ficar mais próximos da comunidade envolvente, dando-lhes mais esperança de que tudo irá correr melhor e que não estão sozinhos. Em consonância com a Saúde Pública, continuamos a acompanhar estas estruturas e a auxiliá-las nas demais questões para o combate e irradicação deste tenebroso vírus.

Natália Branco UCC Arcozelo/Espinho nbranco@arsnorte.minsaude.pt

A força de cada profissional que se encontra dedicado a esta realidade, vem junto da profissão que escolhemos e da vontade de ajudar o próximo em todos os momentos. Por isso, a todos nós profissionais, um bem-haja!

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Intervenção do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistência aos Antimicrobianos na Infeção por SARS-COV-2 Com a chegada da pandemia pelo novo Coronavírus (SARS-COV-2), enfrentamos um problema multifatorial, que não só tem a capacidade de intervir na saúde da população em geral, mas também, na economia e nas relações interpessoais. Esta situação causou mudanças repentinas, originando incerteza, insegurança e stress social. Mas, o ser humano é um ser com a capacidade de se adaptar às adversidades da vida e, contrariamente ao que se poderia pensar, a pandemia não causou pânico generalizado, mas sim cooperação e unanimidade Nacional e local, em torno dos recursos individuais e coletivos que foram importantes para nos protegermos de um desastre maior e fazermos face a toda esta problemática, inesperada causada pela COVID-19. O GCL-PPCIRA do ACES Espinho/Gaia, tendo por base as linhas orientadoras do controlo da infeção, a monotorização do cumprimento de normas e recomendações de “Boas Práticas” a formação e informação aos profissionais de saúde, e consultadoria, em estrita colaboração com a Direção Executiva e a Unidade de Saúde Publica propôs-se: §

§

§

§

§ §

Maria Candida Ribeiro Presidente GCL-PPCIRA mcfribeiro @arsnorte.minsaude.pt

Integrar o grupo que realizou visita a todas as unidades de saúde no sentido de elaborar o diagnóstico de situação das salas de isolamento, elucidando, se necessário, sobre a sua melhor localização e equipamento; Realizar formação aos Interlocutores do PPCIRA de forma a capacitá-los sobre medidas preventivas como, a utilização de equipamentos de proteção, higiene das mãos e etiqueta respiratória, higiene ambiental, como limpeza e desinfeção das superfícies, entre outras. Realizar formação às assistentes operacionais sobre o tema de utilização do equipamento individual e higienização dos espaços e materiais, integrado em contexto de pandemia; Sempre em colaboração com a Direção Executiva, fez o levantamento das necessidades para implementar a higiene das fardas e seu circuito; Serviu de consultadoria aos profissionais; Elaborou uma instrução de serviço sobre utilização dos EPIs (em aprovação).

A verdade é que vamos enfrentar tempos bastante difíceis repletos de desafios e muitos sacrifícios. São tempos de mudança que deixaram marcas profundas na nossa sociedade e na forma de nos relacionarmos e protegermos.

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Mundo dos ecrãs As novas tecnologias tornaram-se um fator chave na vida das crianças e adolescentes. Não é raro ver crianças de 3 anos entrarem na consulta de Saúde Infantil com chupeta e telemóvel na mão. O uso precoce das tecnologias gera polémica quanto ao desenvolvimento afetivo, social e cognitivo da criança. Alguns estudos sugerem uma associação entre o número de horas de ecrã diárias entre o primeiro e terceiro ano de vida com défice de atenção aos 7 anos de idade, com o início precoce da atividade sexual e com maior risco de gravidez na adolescência. Verifica-se que o uso indiscriminado e a acessibilidade de 24 horas à internet desconstrói o vínculo afetivo entre os membros da família, provocando diversas discussões relativas ao abuso do tempo de ecrã, principalmente na adolescência. A comodidade, rapidez e facilidade na aquisição de informação diminuem a necessidade da criança se esforçar na procura de novas formas de lazer, de trabalho e mesmo de estudo. Como tal, as crianças crescem, por vezes, com a fantasia de que tudo é imediato e de fácil resolução, tornando-as menos capazes de enfrentar, com sucesso, as adversidades da vida. É importante a criança aprender a cair e a levantar-se, no sentido literal e abstrato dos termos, de modo a que no futuro saiba gerir sensações como a ansiedade e a tristeza.

Carla Cardoso USF Anta carlasofiavcardoso@gmail.com

Apesar de todos os aspetos negativos referidos importa salientar que as tecnologias podem também ser grandes aliados no desenvolvimento cognitivo da criança na fase escolar. O uso ponderado e fiscalizado dos aparelhos eletrónicos, quer na escola quer em casa, pode estimular o interesse da criança, através das cores, das imagens e dos sons. O recurso a jogos educativos e interativos pode ser um utensílio eficaz, uma vez que um aluno motivado e atento vai ter um rendimento muito superior. Aos médicos de família cabe educar e incentivar as famílias neste sentido, sendo importante privilegiar o contacto físico com outras crianças e as relações interpessoais, para que estes futuros adultos sejam seres completos em todas as suas dimensões.

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PRIMEIRO ESTRANHA-SE, DEPOIS... A 26 de Março de 2020 deu-se o início do funcionamento das Áreas Dedicadas à COVID-19 (ADC), em pleno Estado de Emergência Nacional. A USF Espinho foi uma das equipas que iniciou o funcionamento da ADC de Paramos, com 4 elementos que se voluntariaram para a missão: 2 médicas, 1 enfermeira e 1 secretária clínica. Lidámos necessariamente com algumas incertezas: se teríamos equipamento de protecção individual (EPI) durante os 14 dias de trabalho; sobre o funcionamento de uma nova plataforma informática – Trace Covid – e que doentes vigiar diariamente. Foi um período de adaptação a uma nova realidade. De repente tivemos de alterar de paradigma, quase abandonando a abordagem holística e o modelo biopsicossocial, tão característicos da nossa especialidade, passando a integrar um modelo puramente biomédico, baseado em fluxogramas, quase despersonalizado. Para essa despersonalização contribuiu, também, o meio envolvente e o circuito do utente, cheio de obstáculos à comunicação e potencialmente gerador de mais receios e ansiedade. À entrada, um vigilante e enfermeira com EPI, alertando sobre o devido distanciamento social e a necessidade do uso de máscara, aferindo posteriormente indicação para observação ali. A sala de espera que permitia a permanência de apenas 4 utentes em simultâneo. Dentro do consultório (com o triplo da área dos nossos!), com janelas abertas, sentavam-se numa cadeira isolada e a 3 metros da secretária, que ainda envergava uma proteção em acrílico “escondendo” uma médica irreconhecível com o EPI. A primeira frase que ouviam era necessariamente “Não se assuste!”. De facto, o medo imperava e estava espelhado não só nos utentes, como nos profissionais de saúde.

Paula Silva USF Espinho

pssilva@arsnorte.minsaude.pt

Cátia Matos USF Espinho

camatos@arsnorte.minsaude.pt

As dúvidas clínicas também tiveram lugar. Apesar de bem escudadas com Normas de Orientação Clínica e Circulares Informativas da DGS, inicialmente actualizadas quase diariamente, mercê da evolução pandémica, havia sempre a exceção à regra, aquele caso clínico que não se enquadrava nas orientações para realização de teste diagnóstico, mas que era suspeito. Além de gerir as expectativas dos utentes que pensavam que iam fazer teste diagnóstico ali, ainda havia a gestão à distância das listas de utentes que, repentinamente, ficaram “sem” médicas de família. Passámos de um extremo ao outro: se na “Era AC” (Antes da Covid) a maioria dos problemas era resolvida presencialmente, a “Era DC” (Depois da Covid) pede-nos que a maioria dos problemas seja resolvida à distância e a muito mais do que 2 metros. Primeiro estranha-se, depois… depois, ah… admirável mundo novo!

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E de tudo isto o que resultou? Muita história se fará nos próximos meses sobre as intervenções da DGS, ARS’s, ACeS e Unidades de Saúde perante a pandemia. Acreditamos que mais tarde se fará uma melhor análise, mais científica e menos emocionada, da qualidade das decisões e das intervenções de todas estas entidades. Para já, ficam alguns resultados preliminares que revelam um pouco do comportamento do ACeS-EG no decorrer dos primeiros meses da pandemia. Tratam-se de dados acumulados de Janeiro a Abril de 2020, comparados com o período homólogo de 2019.

Indicador

Nacional

ARS Norte

ACeS-EG

Consultas médicas presenciais (exclui SAP e afins)

- 27,0 % - 28,6 % - 26,9 %

Consultas médicas não presenciais ou inespecíficas

+ 39,4 % + 38,3 % + 28,0 %

Domicílios

- 27,0 % - 28,7 % + 0,30 %

Presidente do Conselho Clínico

Consultas de enfermagem

- 16,2 % - 17,5 % - 18,4 %

mmfsousa@arsnorte.minsaude.pt

Consultas de outros técnicos de saúde

- 15,5 % - 26,0 % - 35,5 %

Manuel Mário Sousa

Quadro 1: Alguns indicadores nos primeiros meses da pandemia (variação entre Jan-Abril 2020 e o período homólogo de 2019). Fonte: ACSS

Faça-se a leitura que se quiser, eu poderei pacificamente concluir que o ACeS-EG diminuiu as consultas presenciais de acordo com o estipulado nos planos de contingência (-26,9%), compensando essa diminuição com um número semelhante ou mesmo superior de consultas telefónicas (+28%). E, muito importante, mantivemos estável o número de domicílios (+0,3%), que eram uma das actividades consideradas como de “serviços mínimos”. Os registos das vigilâncias dos doentes com Covid-19 é elevado relativamente à média dos ACeS da ARSN. À data de 02/06/2020, a execução de tarefas rondava os 80% e éramos o quinto melhor ACeS da região Norte. Depois, o website entrou em remodelação e deixámos de ter acesso a dados actualizados. O número de casos activos na área geográfica do ACeS Espinho/Gaia prossegue uma sustentada diminuição (apenas com algumas variações diárias) desde o fim de semana de 25 de Abril, altura em que chegámos a ter 472 doentes em vigilância. Nos últimos dias de Junho os casos activos são apenas 39! Finalmente, e não menos importante, não tivemos profissionais infectados no decurso destes primeiros meses. Foi gigantesco o esforço do ACeS na aquisição de EPI´s, para que nada faltasse aos profissionais, particularmente numa altura em que escasseavam no mercado estes equipamentos. Saímos do estado de emergência, entrámos no estado de calamidade e, mais recentemente em estado de Alerta, com medidas de confinamento mais | 30


brandas. As próprias unidades de saúde iniciaram uma reorganização do seu funcionamento de forma a retomarem progressivamente as suas actividades e regressarem ao normal cumprimento dos compromissos assistenciais. Vamos aguardar uma transição cuidada para aquilo que já se vem chamando uma “nova normalidade” virada para as necessidades dos utentes, sem comprometer a segurança da comunidade profissional e efectuada com muito bom senso.

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Ficha Técnica A Newsletter do ACES Espinho/Gaia pretende ser uma nova ferramenta de comunicação interna e externa do ACES, que pretende partilhar e divulgar os projetos e atividades realizadas nas várias unidades funcionais.

Submissão de artigos para a próxima edição: A próxima edição da Newsletter terá como tema central as Saúde Mental, não sendo, no entanto, excluídos artigos de outro âmbito. Todos os interessados deverão enviar os seus artigos (documento Word) para o e-mail msfcosta@arsnorte.min-saude.pt até ao dia 27 de Setembro, de acordo com a seguinte estrutura: 1. Título 2. Nome do(s) autor(es) da notícia, local de trabalho e contacto de e-mail; 3. Fotografia; 4. Texto, com máximo de 350 palavras.

Contamos com a vossa colaboração! Grupo de trabalho para Newsletter ACES Espinho/Gaia: • Sandra Santos, representante do CCS

• Marta Guedes, ECSCP-EG • Dália Santos, ECSCP-EG • Maria João Teles, USF Boa Nova • Diogo Silva, USP

Em caso de dúvida ou necessidade de contacto:

msfcosta@arsnorte.min-saude.pt

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Mundo dos ecrãs

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E de tudo isto o que resultou?

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Sorrir com os olhos

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A realidade do ACeS Espinho Gaia em tempos de Pandemia

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PRIMEIRO ESTRANHA SE, DEPOIS

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de Infeção e de Resistência aos Antimicrobianos na Infeção por SARS COV 2

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Espinho

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Uma visão social em tempos de pandemia

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Internato em tempo de pandemia

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Cuidados Paliativos e COVID o que mudou?

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Quando o stock fica a zero

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A URAP perante o desafio da pandemia

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