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DA VONTADE NATURAL À RACIONAL: UMA PASSAGEM DE HUME A KANT Andreh Sabino Ribeiro1 1. Introdução As várias teorias morais dos séculos XVII e XVIII problematizavam sobre o alicerce da moralidade. Todas as questões, marcadas pela Revolução Científica, pelo apelo por maior participação política e, principalmente, pela exigência por novas justificativas para a autoridade moral2, gravitavam em torno da compreensão do modo como conhecemos a moralidade e agimos em sua consonância3. Não diferentemente para Hume, a fundamentação moral, dentro dos limites da experiência, é “uma controvérsia bem mais digna de exame”. Inquestionada a realidade das distinções morais, cabia inquirir por meio de que atividade mental elas fazem parte do cotidiano dos homens4. Já a fundamentação kantiana ousa ir além e busca fixar o “princípio supremo da moralidade”5. Esta tarefa, para Hume, soaria como impraticável, uma vez que se considera como campo de investigação tão somente a experiência para não incorrermos em teorias fantasiosas6. No entanto, Kant, ainda que faça certas
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Bolsista CAPES 2009.02. E-mail: andrehnj@yahoo.com.br Mestre em Filosofia pela UFC e Professor Subsituto da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN). 2 Ver SCHNEEWIND, J. B. A invenção da autonomia: uma história da filosofia moral moderna. Trad. port. de Magda França Lopes. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2005, p. 3334. 3 RAWLS, J. História da filosofia moral. Org. Barbara Herman. Trad. port. de Ana Aguiar Cotrim. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 14. 4 HUME, D. Investigação sobre os princípios da moral. In: Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Trad. port. de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Editora UNESP, 2004, p. 226. Para as citações referentes a esta obra utilizaremos a sigla IPM, seguida da indicação do capítulo e da seção (neste caso, 1.3), a fim de facilitar a consulta em qualquer edição, além da página. 5 KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. port. de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 2005, p. 19. Para as citações referentes a esta obra utilizaremos a sigla FMC, seguida da indicação da seção (no caso, BA xvi), a fim de facilitar a consulta em qualquer edição, além da página. 6 HUME, D. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. Trad. port. de Déborah Danowski. São Paulo: UNESP Imprensa Oficial do Estado, 2001, p. 23. Para as citações referentes a esta obra utilizaremos a sigla TNH, seguida da indicação do livro, da parte, da seção e do parágrafo – com a exceção da introdução, dividida apenas por parágrafos (no caso, introdução 8) – além da página.
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