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EXPLICAÇÕES SOBRE A PASSAGEM DA APARÊNCIA PARA A ESSÊNCIA EM O CAPITAL DE MARX Francisco Luciano Teixeira Filho1 Resumo: Trata-se, aqui, de um estudo bibliográfico, analítico, de cunho filosófico, que pretende demonstrar a passagem da aparência para a essência do capitalismo, em O capital de Karl Marx. Pretende-se reconstruir o argumento de Marx, através do qual ele deixa a forma aparente, na circulação de mercadorias, para a forma essencial do movimento, na circulação capitalista. Ou seja, o que se busca é expor a passagem da forma imediata da sociabilidade capitalista, para a forma mediada dessa mesma sociabilidade. 1. Introdução Parece ser uma perda de tempo e de recursos humanos e materiais voltar a um tema já tão recorrente na história do marxismo. Uma mera análise da passagem da aparência para a essência de O capital, como buscamos aqui, já foi imensamente discutida por todos aqueles que se propuseram a um estudo aprofundado da obra máxima de Marx. Contudo, a nossa geração de marxistas parece ter decidido esquecer as nuanças dialéticas de O capital, que só um bom leitor da Ciência da Lógica, de Hegel, poderia usar como método de exposição da economia política. Ora, se Karl Marx insistiu em expor o objeto da sua vida (o capitalismo) por meio de uma lógica dialética complexa, que, segundo ele mesmo alerta, pode gerar confusões no leitor, esse mesmo método de exposição deve ter uma importância fundamental, ou não seria empregado, devido aos problemas gerados. Apesar das confusões que o método dialético pode trazer, não é à-toa que ele foi usado e, da mesma forma, se ele não for respeitado, pode implicar grandes erros de interpretação de O capital2. É preciso, portanto, retomar o assunto, porém, não com o 1
Bolsista CAPES 2011.01 e 2011.02. E-mail: emaildolu@hotmail.com Mestre em Filosofia – UFC. 2 Com Soares Teixeira, afirmamos que O capital é composto em um encadeamento lógico necessário de categorias lógico-históricas. Ou seja, a estrutura dada por Marx a O capital, não é uma forma arbitrária ou um encadeamento aleatório e, nem mesmo, meramente um encadeamento dos acontecimentos históricos. É uma estrutura lógico-necessária, que não pode ser modificada sem perder a essência do que vem a ser a obra. Mas, também, não é um encadeamento meramente do pensamento: trata-se de categorias que se constituíram na história humana e, portanto, são concreções trazidas para o pensamento e expostas na sua forma lógica. Cf. SOARES TEIXEIRA, Francisco J.; FREDERICO, Celso. Marx no século XXI. 2ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2009, p. 45.
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