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O ECLIPSE DA RAZÃO EM MAX HORKHEIMER Carolina Nanan1 Introdução O livro Eclipse da Razão, escrito por Max Horkheimer e publicado pela editora Oxford em 1947, apesar de acessível ao público de língua inglesa, causou apenas mínimo impacto na ocasião de seu lançamento e foi recebido pela crítica com pouco entusiasmo. Somente na década de 1960, quando Dialética do Esclarecimento (publicado em edição limitada em 1944 e três anos mais tarde em edição comercial) tornou-se um “clássico da vanguarda e da resistência na Alemanha” e Eclipse da Razão foi traduzido para o alemão como parte da Crítica da Razão Instrumental, é que a obra alcançou enfim o público e o reconhecimento merecidos (JAY, 2008, p. 319). Sendo Theodor Adorno o companheiro mais frequente de Horkheimer nos Estados Unidos, onde uma sede do Instituto de Pesquisa Social fora criada em virtude das circunstâncias políticas na Europa, é possível afirmar que em amplo sentido o pensamento dos dois se tenha fundido e, não obstante apenas a Dialética do Esclarecimento tenha levado o nome de ambos os filósofos, Minima Moralia e Eclipse da Razão podem ser também considerados frutos dessa colaboração. Não é por menos que no prefácio dessa última obra o próprio Horkheimer tenha declarado sua dificuldade em reconhecer quais ideias se haviam originado em sua própria mente e quais na mente de Adorno, já que sua filosofia era uma só. Adorno também, no prefácio à Filosofia da nova música, refere-se a essa unidade de pensamento. Ainda no prefácio de Eclipse da Razão, Horkheimer afirma que as reflexões lá contidas buscam indagar o conceito de racionalidade presente na cultura industrial contemporânea a partir de dentro de si mesmo a fim de descobrir se ele conteria falhas que o tornariam essencialmente vicioso, pois na medida em que o conhecimento técnico expande o horizonte da atividade e do pensamento humanos, a autonomia do homem, sua capacidade de opor resistência aos mecanismos de manipulação das massas e seu poder de imaginação parecem sofrer notável redução. Ele pretende apontar as implicações filosóficas das mudanças então verificadas na mentalidade pública e na natureza humana, sem, por fim, ter que sugerir algo semelhante a um programa combativo de ação. Aliás, apesar de a Teoria Crítica analisar o funcionamento do capitalismo orientando-se sempre sob a perspectiva da 1
Bolsista CAPES 2009.01. E-mail: carolina.nanan@gmail.com Mestre em Filosofia pela UFC.
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