Sujeito e Liberdade na Filosofia Moderna Alemã

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MODERNIDADE E MENORIDADE: A REFLEXÃO DE IMMANUEL KANT SOBRE A FILOSOFIA DA HISTÓRIA Filipe Silveira de Araújo1 Introdução A Modernidade sempre foi marcada pelas narrativas emancipatórias, aquelas que nos faziam crer nas soluções para os males da humanidade. O projeto moderno, oriundo da filosofia das Luzes, sempre buscou a solução na Razão. A concepção de um curso progressivo da história, marca da filosofia dos enciclopedistas – franceses ícones do Iluminismo – destituiu o caráter teísta da evolução da história humana. Voltaire, Diderot, D’Alembert, Rousseau, Montesquieu, bem como Condorcet2 – este já em uma fase posterior ao grande momento do Iluminismo Francês – veem na razão e no uso do intelecto a mola propulsora para o avanço histórico dos homens. De um modo geral, a característica comum entre tais autores, não obstante as diferenças entre suas concepções filosóficas, era a defesa da necessidade do crescimento da autonomia do indivíduo, mas sempre tendo em vista a conquista da igualdade pelo coletivo. O século das Luzes conseguiu produzir, com efeito – embora não se possa culpar diretamente tais autores –, uma era de terror e medo, decapitações e atrocidades de todo tipo, sob a batuta daqueles que defendiam os ideais iluministas da “liberdade” do povo. Sob o domínio de Robespierre, os ideais de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” se tornaram pouco credíveis, e a história já não caminhava para o seu melhor, como antes se acreditava. Por fim, o triunfo da burguesia e, à plebe francesa, coube o mesmo papel social exercido na era dos reis absolutistas. 1

Bolsista CAPES 2010.02 e 2011.02. E-mail: fsafilos@gmail.com Mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC); Doutorando em Filosofia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). 2 Os “enciclopedistas”, como ficaram conhecidos os grandes pensadores franceses do século XVIII por participarem da formulação da Encyclopédie, foram, além de astutos inimigos do poder do clero, ícones de uma era da filosofia. De Voltaire a Condorcet, a razão é a arma para os males e vícios que aprisionam o homem. Originando o termo Filosofia da História, Voltaire (1696-1778) compreendeu a história como um avanço progressivo das ideias; Condorcet (1743-1794) – de fato o último grande da geração do Iluminismo Francês, e no qual todas as ideias se sintetizam – compreende antes a história como o local da ação da perfectibilidade humana, conduzindo assim a humanidade a um progresso irrefreável, terminando em um mundo livre de desigualdades, e o perfeito espírito da natureza humana completo em sua evolução.

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