#I NEW YORK TIMES BESTSEllER
JENNIFER L. ARMENTROUT writing as J.
LYNN
STAY
J. LYNN 1
Sempre para os leitores. Sem vocês, esta história não estaria em suas mãos agora.
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Aos 21, Calla não fez muitas coisas. Ela nunca foi beijada, nunca viu o oceano e nunca foi a um parque de diversões. Mas ao crescer, ela testemunhou coisas que nenhuma criança deveria. Ela ainda carrega as cicatrizes tanto emocionais quanto físicas por ter vivido com sua mãe drogada, Mona – segredos que ela manteve guardado de todos, inclusive de seus amigos da faculdade. Mas o casulo que Calla cuidadosamente construiu quebrou quando ela descobriu que sua mãe roubou todo o dinheiro reservado para sua faculdade e fez várias dívidas em seu nome. Agora, Calla tem de voltar a cidade que ela pensava ter deixado para trás e limpar a bagunça que sua mãe fez, de novo. Claro que quando ela chega no bar da sua mãe, ninguém sabe o paradeiro de Mona. Em vez disso, um metro e oitenta de pura gostosura chamado Jackson James está servindo drinks e mantendo o lugar funcionando. Sexy e intenso, Jax se intromete nos assuntos de Calla desde o momento em que eles se conhecem, dando a ela um emprego e ajudando na busca por Mona. E, pelo jeito que ele a olha, dá a entender que ele quer ficar na horizontal... e, talvez, algo a mais. Antes que Calla o deixe se aproximar, ela tem de lidar com seu passado – e alguns caras muito maus que vão ficar em seu caminho se ela não entregar a eles a sua mãe.
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Capítulo Um .................................................................................................................................................... 5 Capítulo Dois ................................................................................................................................................. 18 Capítulo Três ................................................................................................................................................. 33 Capítulo Quatro ............................................................................................................................................ 44 Capítulo Cinco ............................................................................................................................................... 60 Capítulo Seis.................................................................................................................................................. 73 Capítulo Sete ................................................................................................................................................. 84 Capítulo Oito ................................................................................................................................................. 93 Capítulo Nove ............................................................................................................................................. 106 Capítulo Dez ................................................................................................................................................ 126 Capítulo Onze.............................................................................................................................................. 142 Capítulo Doze .............................................................................................................................................. 158 Capítulo Treze ............................................................................................................................................. 172 Capítulo Quartoze....................................................................................................................................... 189 Capítulo Quinze .......................................................................................................................................... 196 Capítulo Dezesseis ...................................................................................................................................... 211 Capítulo Dezessete ..................................................................................................................................... 222 Capítulo Dezoito ......................................................................................................................................... 233 Capítulo Dezenove ...................................................................................................................................... 251 Capítulo Vinte ............................................................................................................................................. 267 Capítulo Vinte e Um ................................................................................................................................... 281 Capítulo Vinte e Dois .................................................................................................................................. 295 Capítulo Vinte e Três .................................................................................................................................. 307 Capítulo Vinte e Quatro.............................................................................................................................. 324 Capítulo Vinte e Cinco ................................................................................................................................ 340 Capítulo Vinte e Seis ................................................................................................................................... 351 Capítulo Vinte e Sete .................................................................................................................................. 362 Capítulo Vinte e Oito .................................................................................................................................. 374 Capítulo Vinte e Nove................................................................................................................................. 389 Capítulo Trinta ............................................................................................................................................ 402 Capítulo Trinta e Um .................................................................................................................................. 417 Capítulo Trinta e Dois ................................................................................................................................. 430 Capítulo Trinta e Três ................................................................................................................................. 442 Capítulo Trinta e Quatro............................................................................................................................. 457
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Capítulo Um
A brigada dos caras quentes me cercava. Muitas pessoas acreditavam que a brigada dos caras quentes era um mito. Nada mais do que uma lenda urbana, como a história sobre a rainha do baile que tinha se armado fora de uma das janelas do dormitório, porque ela estava viajando horrores devido ao LSD ou crack, ou que ela tinha caído no chuveiro e quebrou a cabeça ou algo assim. Quem diria? A história mudava toda vez que eu ouvia, mas ao contrário da suposta morta que assombrou Gardiner Hall, a Brigada dos caras quentes era uma coisa real que respirava — várias coisas para ser mais exata. Várias coisas quentes. Era raro que eles ficassem todos juntos hoje em dia, por isso é que eles haviam se tornado um tipo pelo campus, mas wow-wee, quando eles se reuniam, era um monte de doce para os olhos. E era provavelmente o mais próximo à perfeição que algum dia eu chegaria na minha vida — Isso e o milagre que era a maquiagem, chamada Dermablend, porque quase cobria a cicatriz no meu rosto. Nós estávamos todos empilhados no apartamento de Avery Morgansten. Com base no diamante em seu dedo anelar, ela estava bem no seu caminho para obter uma mudança em seu sobrenome e, embora eu não a conhecesse bem, eu realmente não conheço ninguém exceto Teresa, fiquei feliz por ela. Sempre que estive perto dela, ela sempre foi um doce. Ela poderia ser um pouco calada às vezes, e parecia se perder em seus pensamentos, mas qualquer um poderia dizer que ela e seu noivo, Cameron Hamilton, estavam profundamente apaixonados, só pelo modo que eles olhavam um para o outro. Como o jeito que ele estava olhando para ela agora, como se não houvesse nenhuma outra mulher no mundo, além dela. Mesmo que eles estivessem sentados juntos, Cam no sofá e Avery no seu colo, aqueles olhos azuis brilhantes estavam fixos nela enquanto ele ria de algo que sua irmã, Teresa, disse.
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Se eu tivesse que classificar a Brigada dos caras quentes, eu diria que Cam era o Presidente. Não era apenas a sua aparência, mas também sua personalidade. Ninguém se sentia estranho ou ficava de lado ao redor dele. Ele tinha esse... Calor que era absolutamente contagiante. Secretamente, e eu totalmente levaria isso para o túmulo, eu invejava Avery. Eu mal a conhecia, mas eu desejava o que ela tinha — o cara lindo e quente, e também era realmente um cara legal, que ainda conseguia fazê-la se sentir confortável em torno dele. Isso era raro. “Quer outra bebida?” Eu virei minha cabeça para a esquerda e depois para trás, em direção à voz de Jase Winstead, e perdi um pouco a respiração. Este era o oposto do Cam — extremamente bonito, mas totalmente não me fazia sentir confortável quando meus olhos encontravam seus profundos olhos cinzentos. Com sua pele morena, cabelo castanho comprido e sua quase irreal aparência de modelo, ele seria o Tenente da Brigada dos caras quentes. Ele era de longe o mais sexy de todos eles e ele poderia ser super agradável, como agora, mas ele não estava tão descontraído ou encantador como Cam, porque Cam alcançou a primeira posição. “Nah, estou bem” - Eu mostrei minha garrafa meio cheia de cerveja que tinha estado a bebericar desde que tinha chegado. “Mas obrigada...” Ele sorriu e então se afastou, colocando os braços em volta da cintura da Teresa. Ela apoiou sua cabeça contra o peito dele enquanto colocava as mãos sobre seus braços. O rosto dele se suavizou. Sim, eu estava um pouco com inveja de Teresa, também. Nunca estive em um relacionamento sério. Não tinha ido a quaisquer encontros no ensino médio. A cicatriz no meu rosto tinha sido um inferno muito mais vibrante naquela época, algo que nem a maquiagem milagrosa poderia camuflar... E garotos da escola, Sim, poderiam ser implacáveis quando se tratava de falhas muito visíveis. E mesmo se alguém pudesse olhar o passado, como a maneira que minha vida tinha sido naquela época, não havia espaço ou tempo para um encontro, muito menos uma relação.
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Então houve Jonathan King. Ele estava na minha turma de história do primeiro ano, um cara realmente bonito e nos damos bem logo de início. Por razões óbvias, eu tinha sido relutante em sair com ele quando me pediu, mas porra, ele tinha sido persistente e eu finalmente tinha dito sim. Tínhamos saído algumas vezes, mas o relacionamento evoluiu e ele, sendo um cara totalmente normal, tinha investido em mim uma noite, quando estávamos sozinhos no meu quarto, onde eu sendo estupidamente convencida de que, desde que ele pudesse ver além da cicatriz no meu rosto, ele seria capaz de superar todo o resto. Eu havia sido enganada. Nós nem nos beijamos e, com certeza, não saímos novamente depois disso, e eu nunca disse a ninguém sobre ele e aquela noite desastrosa. Eu não penso mais nele. Não mais. Bem, exceto agora, droga. Enquanto assistia a Brigada dos caras quentes, sendo totalmente quentes, eu estava totalmente consciente do fato de que eu era a garota tarada devido à minha falta de... Bem, de meninos na minha vida. “Deixa comigo!” Meu queixo subiu quando Ollie pulou do sofá, sua namorada, Brittany, seguindoo, seus olhos tão revirados que eu pensei que ela poderia desmaiar enquanto balançava a cabeça. Ollie se aproximou da mesa e inclinou-se para baixo, segurando uma espécie de caixa para tartarugas em suas mãos. Minhas sobrancelhas levantaram quando as pernas do pequeno rapaz balançaram. Mas o que...? “Não é uma festa até que Ollie pegue a tartaruga”, disse Jase, e meus lábios se curvaram em um sorriso. Cam suspirou quando se inclinou na direção de Avery. “O que vai fazer com Raphael?” “Correção”. Ollie colocou-o sobre a mesa. Com uma mão, ele tirou de seus ombros seu cabelo loiro e o colocou de volta atrás de uma orelha. “Este é Michelangelo, e acho um
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absurdo você não saber qual deles é o seu mais. Você provavelmente deixou Raphael em depressão”. “Eu tentei impedi-lo, disse Brit, cruzando seus braços”. Os dois pareciam como finalistas do casal loiro perfeito. “Mas você sabe como ele é...”. Todo mundo sabia como ele era. Ollie
estava
na
especialização
agora,
para
se
tornar
um
médico
(surpreendentemente), mas suas travessuras eram uma lenda tão grande como a Brigada dos caras quentes. Ollie seria o segundo Tenente. Ele tem um monte de pontos de bônus por descer a Shepherdstown todo fim de semana para ver a namorada e por ser um pateta sem vergonha. “Como você pode ver, eu criei uma coleira nova”. Ele fez um gesto no que parecia um cinto em miniatura preso ao redor da concha da tartaruga. Cam o encarou. “Tá falando sério?” “Pode levá-los para passear agora”. E então ele começou a demonstrar isso com Michelangelo guiando-o para o outro lado da mesa e eu tive que me perguntar como Avery e Cam aturavam isso. “É melhor que a de corda”. Passear com a tartaruga? Isso tinha que ser pior do que passear com um gato. Eu comecei a rir. “Parece um cinto de Barbie”. “É uma coleira de designer, ele corrigiu seus lábios se contraindo”. Mas eu tive a ideia enquanto estávamos no Wal-Mart olhando a seção de brinquedos. Teresa franziu a testa. “Por que você estava na seção de brinquedo?”. “Sim”, Jase atirou a palavra. “Há alguma coisa que vocês dois não estão contando?” Os olhos de Brit se arregalaram. Ollie apenas deu de ombros.
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Eu gosto de olhar os brinquedos. Eles são muito mais legais agora do que quando éramos crianças. Esta declaração levou a uma discussão aberta sobre como nossa geração havia sido redondamente enganada em comparação a sofisticação e a diversão dos brinquedos atuais, e eu tive que realmente me esforçar para lembrar sobre o tipo de brinquedos que tive. Tive Barbies — obvio que eu tive Barbies, mas, em vez de automóveis e jogos de tabuleiro, eu tive faixas e coroas brilhantes. E eu não tive mais nada. Quando o grupo começou a falar sobre os planos para o verão, eu tentei prestar atenção em onde cada um deles estava planejando ir. Cam e Avery iriam passar o verão em DC, desde que Cam havia entrado no time da United. Eu nunca tinha ido para Washington, mesmo Shepherd não sendo muito longe da capital. Brit e Ollie iriam fazer algo incrivelmente louco. Eles iriam sair uma semana depois das aulas e ir para Paris, eles estavam planejando uma viagem pela Europa. Eu nunca estive em um avião, muito menos no exterior. Inferno, eu nunca fui nem à Nova York. Teresa e Jase estavam no meio do planejamento de uma viagem incrível para as praias da Carolina com seus pais e irmão mais novo. Ficariam num condomínio na praia, e tudo o que Teresa podia falar era sobre colocar seus dedos na água do mar. Também nunca estive na praia, então eu não tinha ideia de como me sentiria com a areia debaixo dos meus pés. Eu realmente precisava sair mais e ter uma vida. Sério. Mas estava tudo bem, porque essas coisas, incluindo a vagabundagem em todo o continente com um cara gostoso, não fazia parte dos meus objetivos — os três F: Finalizar a faculdade. Focar numa carreira no campo da enfermagem. Finalmente colher os benefícios de terminar algo. Os objetivos eram bons. Chatos. Mas bons. “Você está horrivelmente quieta hoje, Calla”.
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Eu fiquei tensa, incapaz de me conter, e senti o calor infiltrar-se no meu rosto com o som da voz do Brandon Shiver. Colocando a garrafa entre meus joelhos, forcei os músculos ao longo dos meus ombros para relaxar. Não era como se eu tivesse esquecido que Brandon estava sentado ao meu lado, à minha esquerda. Como eu poderia esquecer isso? Atualmente só estava fingindo que ele não estava lá. Eu umedeci meus lábios quando virei minha cabeça, para que uma mecha do meu próprio cabelo loiro caísse sobre meu ombro esquerdo, blindando minha bochecha. “Só estou absorvendo tudo”. Brandon riu. Ele tinha uma boa risada. E um belo rosto. E um belo corpo. E realmente uma bela bunda. E, então, havia Brandon. Como se um suspiro caísse ao redor do mundo. Ele também seria um segundo Tenente da Brigada dos caras quentes com seu cabelo castanho e ombros largos. “Com o Ollie, aqui, é sempre muito para assimilar”, ele comentou, me olhando sobre a borda de sua garrafa. “Espere até ele começar a falar sobre a sua ideia de patins para tartarugas”. Eu ri, relaxando um pouco. Brandon era quente, mas ele também era um cara legal, em algum lugar entre Cam e Jase. “Nem consigo imaginar tartarugas de patins”. “Ollie ou é um louco de carteirinha ou um puro gênio”. Brandon mudou o tom. “Juro que ainda não sei sobre o veredito”. “Acho que ele é um gênio”. Assisti Ollie pegar a tartaruga, dar a volta no sofá e coloca-la no habitat extravagante em que o pequeno rapaz verde vivia. “Pelo que Brit fala, ele está atendendo a todas as aulas. Faculdade de medicina não deve ser fácil”. “Sim, mas a maioria das pessoas realmente inteligentes são totalmente insanas”. Ele sorriu quando eu ri baixo. “Então, terminou a batalha épica para o próximo semestre de aulas?”
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Concordei, sorrindo novamente, me ajeitando na cadeira em forma de lua. Faltava apenas um semestre e meio antes que me formasse como bacharel em enfermagem, conseguir aulas era como uma queda de braço com Hulk Hogan. Todo mundo que sabia meu nome, ou que estava ao alcance da voz, sabia que eu vinha batalhando com meu calendário por uma eternidade. Estávamos atualmente a uma semana do fim do semestre e quase um mês desde que a assessoria acadêmica fechava para o próximo semestre. “Sim, finalmente. Acho que tive que dar minha perna direita para conseguir minhas aulas, mas tenho tudo que eu precisava. Vou me encontrar com alguém da ajuda financeira na segunda-feira, mas deve ficar tudo bem”. Suas sobrancelhas franziram enquanto olhava de relance para ele. “Está tudo bem?” “Acho que sim”. Não consegui pensar em nenhuma razão por que não estaria. “Planos para este verão?” Ele deu de ombros. “Ainda não pensei muito nisso desde que eu vou ter aulas no verão”. “Parece divertido”. Ele bufou. Comecei a dizer algo, ainda mais ridículo e não inteligente, afinal eu estava indo muito bem nesta conversa cara a cara com o Brandon, mas perdi a noção do que estava prestes a dizer quando houve uma batida. Meu olhar acompanhou Ollie para a porta. Ele respondeu como se gostasse de viver aqui. “E aí, moça bonita?” Ele disse e eu me sentei, meus dedos apertando a garrafa de cerveja. Uma morena bonita entrou no apartamento, um saco de Sheetz vermelho pendurado na ponta dos dedos. Ela sorriu para o Ollie e deu um aceno para Brit. Eu não sabia o nome dela.
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Também não queria saber por que, após conhecer Brandon por dois semestres, eu não colocava esforços em conhecer todas as moças que ele "saía", porque eram muitas e elas nunca ficavam perto por muito tempo. Mas essa garota — Com seu cabelo castanho curto e seu corpo de bailarina — era diferente. Eles tinham uma aula juntos neste semestre e eles começaram a sair em março, mas esta foi a primeira vez que eu tinha visto ela com Brandon fora do campus. Na verdade, eu nunca realmente fui apresentada a ela. Nunca conheci nenhuma das suas meninas, só as via em torno da escola e, por vezes, nas festas, mas Brandon não tinha estado em festas desde... Bem, desde março. “Lá está ela”. Seus olhos verdes se iluminaram. Oh, merda. Eu era lenta. Inalei e sorri quando ela desviou dos casais, vindo até Brandon enquanto ele descruzava as penas e abria os braços. Ela foi diretamente para eles, se sentando em seu colo e colocando seus braços em volta do pescoço dele. O saco de Sheetz saltou sobre as costas e sua boca era como um míssil tendo Brandon como alvo, e não podia culpá-la por isso. Eles se beijaram. Um grande, molhado e profundo beijo — um beijo de verdade. Não um beijo do tipo ‘estamos nos conhecendo’ ou ‘estamos só ficando’, mas um beijo do tipo ‘nós já trocamos muitos fluidos corporais’. E Deus, eu os vi beijar como se eles estivessem tentando comer um ao outro até o momento que eu sabia que estava aumentando meu status de estranha para um nível totalmente novo. Forcei-me a desviar o olhar, e meu olhar colidiu com o de Teresa. Um olhar solidário cruzou seu lindo rosto enquanto se virava nos braços do Jase, porque ela sabia... Ah merda, ela sabia que eu tinha abrigado uma paixão por Brandon. “Trouxe pretzels de queijo, a garota anunciou quando precisou parar para respirar”.
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Brandon amava biscoitos recheados de queijo como eu amava brownie duplo. “Ela trouxe Pretzels?” Ollie perguntou. “Cara, coloque logo um anel nela”. Brit revirou colocando seus braços ao redor da cintura de Ollie. “Não é preciso muito para impressionar você”. Se virando em seus braços, Ollie mergulhou sua cabeça na dela. “Você sabe o que é preciso para me impressionar, baby”. Eu continuei esperando por Brandon voar para fora da cadeira e fugir pela ideia de colocar um anel no dedo de uma menina que tinha conhecido por apenas alguns meses, mas desde que não consegui admirar sua linda bunda indo em direção à porta, olhei para ele quando sabia que não devia. Mas eu era meio masoquista. Brandon estava encarando a garota, sorrindo de uma forma que disse... Que disse que ele estava absolutamente feliz. Eu engoli meu suspiro. E então ele olhou para mim, e antes que pudesse processar o fato de que ele me pegou olhando como uma perseguidora, o sorriso dele aumentou para um nível. “Você não teve a chance de conhecer Tatiana ainda”. Droga. Eu não queria saber o nome dela, mas Tatiana era um nome tão legal. Tatiana balançou a cabeça enquanto virava seus olhos castanhos para mim. “Não”. “Esta é minha amiga, Calla Fritz”, ele disse, passando uma mão nas suas costas. “Nós tivemos aula de música juntos no semestre passado." Era o que eu era — Calla Fritz, agora e para sempre, a amiga da Brigada dos caras quentes. Nada mais. Nada menos. Pisquei para esconder as súbitas lágrimas que se formaram e estiquei minha mão em direção A Tatiana.
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“É bom conhecê-la”. Isso não era mentira. Não realmente.
Na segunda-feira, eu deixei meu dormitório cedo até Ikenberry Hall, que ficava para cima de uma colina enorme que minha bunda odiava. Era início de maio, mas o tempo já estava se abrindo e, mesmo com meu cabelo preso em um coque mal feito, eu podia sentir a umidade enfiando seus irritantes dedos pelo meu cabelo através da minha pele. Em breve, antes do fim dos meus exames de hoje, eu ficaria como uma bola cheia de frizz. Atravessei a calçada de Ikenberry e estremeci quando tive que abrir a porta e correr para dentro antes que uma teia de aranha gigante caísse em minha cabeça. Ar frio cobria o ambiente quando empurrei meus óculos de sol sob minha cabeça e atravessei o corredor, entrando no escritório de ajuda financeira. Depois de dar o meu nome, a sobrecarregada e trêmula mulher de meia idade pediu para que me sentasse. Só tive que esperar cinco minutos antes de uma mulher mais velha, alta e esguia, com cabelo prateado cortado elegantemente saísse para me atender. Não fomos a um dos cubículos onde trabalhavam o auxílio de consultores. Oh não, ela me levou de volta para um dos escritórios fechados mais ao fundo do corredor. Então ela fechou a porta atrás de nós e foi para trás de sua mesa. “Por favor, sente-se, miss Fritz”. Nós se formaram em minha barriga enquanto me sentava. Isso nunca tinha acontecido antes. Normalmente, quando era chamada aqui em baixo, era devido à falta de informações em um arquivo ou um papel que precisava ser assinado. Afinal, não poderia ser um grande negócio. Só usei ajuda financeira para despesas que não conseguia cobrir com o emprego de garçonete horrível que eu tinha, e realmente me ajudou quando precisei larga-lo para focar melhor nos meus estudos. O programa de enfermagem não era brincadeira.
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Lentamente coloquei minha mochila no chão ao lado das minhas pernas e olhei para a mesa dela. Elaine Booth estava escrito na sua placa de identificação, a menos que estivesse fingindo ser outra pessoa, é por isso que eu estava sentada na frente dela. Havia também um monte de fotos sobre a mesa. Fotos de família — fotos em preto e branco, coloridas, de crianças que iam desde pequenas até mais ou menos a minha idade, ou mais velhas. Então desviei o olhar rapidamente quando uma sensação estranha me acertou no peito. “Então... o que está acontecendo?” Sra. Booth colocou suas mãos em um arquivo. “Recebemos um aviso do departamento de admissões semana passada falando que seu cheque para o próximo semestre foi devolvido”. Eu pisquei uma vez e depois duas vezes. “O quê?” “O cheque não compensou”, Ela explicou, olhando para cima do arquivo. O olhar dela flutuava sobre meu rosto e então rapidamente desviando para longe dos meus olhos. “Devido à insuficiência de fundos”. Ela tinha que estar errada. Não havia nenhuma maneira do cheque ser devolvido, porque aquele cheque foi anexado a uma conta de poupança que só usei para aulas, uma conta que guardei todo o meu dinheiro para a faculdade. “Tem de haver algo errado. Lá deve haver dinheiro suficiente para o próximo semestre e meio”. Não só isso, mas deveria haver dinheiro suficiente naquela conta para cobrir uma emergência louca e para me sustentar por alguns meses após a formatura enquanto fosse à caça de um emprego e me decidia onde queria viver, se eu ficaria aqui ou... “Verificamos com o banco, Calla”. Ela tinha deixado de usar meu sobrenome e de alguma forma isso parecia pior. “Às vezes temos problemas com cheques devido à quantia
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ou um erro de digitação ao entrar o número da conta, mas o banco confirmou que houve insuficiência de fundos”. Não acreditei. “Quanto é que eles dizem que tem na conta?” Ela balançou a cabeça. “Isso é informação particular que não estamos a par, então você precisa falar com o banco sobre isso. Agora, a boa notícia é que você sempre pagou sua faculdade adiantada, o que significa que temos tempo para pensar em algo. Vamos começar neste ponto, Calla”. Pausando, ela abriu o meu arquivo quando olhei para ela, minha bunda de repente congelada no lugar. “Você já está no sistema de ajuda financeira, e o que podemos fazer é ajustar os pedidos para o próximo semestre, garantindo que suas aulas sejam cobertas...”. Meu estômago sumiu em algum ponto e foi rapidamente caindo no chão quando ela continuou sobre um aumento do empréstimo, aplicação para Bolsas Pell e até mesmo uma porcaria de toneladas de bolsas de estudo. Neste momento, eu não dava a mínima sobre isso. Isto não podia estar acontecendo. Não tinha como não haver dinheiro na conta. Eu era meticulosa, verificava qual conta usar para a faculdade ou para as minhas necessidades e eu nunca usei essa conta, a menos que fosse para as mensalidades. Eu nem mesmo tinha ativado o cartão de débito atrelado a ela. Então percebi enquanto assistia a forma que Sra. Booth tinha de puxar as pastas fora das prateleiras ao lado de sua mesa, empilhá-las ordenadamente e calmamente, como se toda a minha vida não tivesse apenas puxado os freios. Gelo encharcava minhas veias quando tentei arrastar meu próximo fôlego, que ficou preso na minha garganta. Isto pode não ser um erro gigante do banco e a faculdade. Isto poderia muito bem estar acontecendo mesmo. Oh meu Deus.
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Porque havia alguém, que não era eu, que tinha como acessar aquela conta — uma pessoa que estava praticamente morta para mim, então sempre me comportava como se ela estivesse morta — mas eu não podia acreditar que ela faria isso. Não tinha como. O resto da reunião com a Sra. Booth foi confusa para mim. Apaticamente, tomei as aplicações de FAFSA1 e saí do frio escritório, luz do sol brilhante de uma manhã de maio, carregada com formulários. Ainda havia tempo antes de meu exame, achei um banco mais próximo, sentei e empurrei os papéis na minha bolsa. Tirei meu celular com os dedos tremendo, procurei pelo número do banco e disquei. Cinco minutos depois, estava sentada no banco, vendo nada além da sombra dos meus óculos de sol e sentindo nada, o que era bom — o sentimento de vazio no meu estômago era bom porque eu sabia que iria virar uma puta brava, irritada e assassina em pouco tempo. Eu Não podia fazer isso. Eu tinha que manter a calma. Controlar as minhas emoções, por que... Todo o meu dinheiro se foi. E eu sabia — sabia com cada célula do meu corpo —que isso era só o começo, a ponta do iceberg.
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Free Application for Federal Student Aid = Aplicação para o auxílio financeiro.
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Capítulo Dois
Como a minha vida passou de praticamente boa, com exceção de ser um pouco solitária às vezes, para uma bagunça gigante em um espaço de uma semana foi além da minha capacidade de compreender. Eu estava tão ferrada, e não era na versão boa e divertida. Não foi só minha conta poupança que tinha literalmente sido eliminada duas semanas antes de assinar o cheque para as mensalidades escolares. Oh Deus, se fosse só isso. Poderia me recuperar. Eu poderia até mesmo esquecer isso, porque o que mais poderia ser feito? Afinal, eu sabia que tinha sido minha própria carne e sangue que tinha me arruinado, minha própria mãe — Minha viciada em comprimidos e bêbada mãe que meus amigos mais próximos acreditavam que estava morta. De uma forma, isso não era muito diferente da verdade. Uma terrível mentira, mas eu não tinha falado com ela desde a adolescência e o álcool e as pílulas e Deus sabe o que mais que ela teve ao longo dos anos matou a mãe carinhosa e divertida, que me lembrava de quando era pequena. Mas ela ainda era minha mãe. Portanto, a última coisa que eu queria fazer era envolver a polícia, porque sério, a vida dela já estava uma merda como era e, inexplicavelmente, após todo o drama e a dor de cabeça, um turbilhão de piedade sempre vinha à tona quando pensava nela. Aquela mulher teve de experimentar coisas que nenhuma mãe jamais deveria. Mas se apenas fosse somente minha poupança. Ao longo da semana passada, durante a fase final do semestre, que de alguma forma consegui completar sem perder minha mente, a ponta do iceberg afundou o Titanic. Eu verifiquei meu crédito só por que... Bem, tive esta sensação horrível do pior. E tinha razão. Cartões de créditos, que eu nunca tinha visto na minha vida tinham sido retirados em meu nome, e eles tinham sido estourados. Um empréstimo de estudante em um grande
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banco que eu não tinha conhecimento existia também e tinha sido retirado, e ele custava mais do que quatro semestres. Eu estava em dívida, no montante de mais de cem mil dólares, quando tudo foi dito e feito e isso acabou acumulando com minha própria conta, com os pequenos empréstimos de estudante que eu tinha tirado e o empréstimo do carro que agora não sabia se podia pagar. Meu estômago e peito doíam quando eu pensava no quão ferrada eu estava, e precisou de tudo em mim para convencer a mim mesma a não perder a cabeça. Crédito e dívida faziam ou quebravam você neste mundo. Eu não seria capaz de conseguir um empréstimo se eu precisasse de um. Pior ainda, mesmo se eu conseguir juntar o dinheiro para terminar o colégio, qualquer emprego que eu me inscrevesse poderia levantar meus dados e basear a decisão que sair neles. Na quinta-feira, após o último teste, eu tinha sofrido um pequeno colapso nervoso, que envolveu muitas lágrimas, até mesmo mais brownies duplos de chocolate e, talvez um pouco de sossego. Eu teria ficado assim pelo menos um mês, mas me recusava, absolutamente, me fechar no apartamento permitindo que a minha vida fosse sugada de mim novamente. Obviamente, nenhum dos meus amigos sabia o que estava acontecendo ou qualquer coisa sobre mim. Diabos, eles pensavam que minha mãe tinha morrido e Teresa pensava que eu era dos arredores de Shepherdstown. Tudo mentira. E como eu diria a Teresa, ou pior ainda, ao Brandon? “Ah ei, eu tenho que ir para casa, e você sabe cometer um ato de homicídio e estrangular minha mãe — Sim, a que você pensou que estava morta, porque eu também sou uma péssima mentirosa — até brinco com a morte. Posso ir à sua casa e beber quando eu voltar?” Essa conversa era humilhante demais para sequer pensar, porque então eu teria que contar sobre as drogas, o álcool, a absoluta falha na vida, e então a estranha separação entre a minha mãe e meu pai, que era realmente só foi pai até desaparecer e então essa conversa acabará por levar à dor e ao fogo que destruiu minha família inteira e quase me destruiu.
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Eu não iria lá. Então eu disse-lhes que ia passar o verão com a família toda, e com sorte, eles não acabariam lendo sobre mim na imprensa depois que eu matar alguém. Ninguém questionou esses planos, porque no ano passado eu tinha fingido ir para casa nas férias, quando na realidade tinha ficado em um hotel em Martinsburg, tinha até ostentado e usado o serviço de quarto... Como uma perdedora. A total babaca. De qualquer forma... Eu estava colocando os três F’s em espera e estava indo para casa. Esperando, rezando a cada Deus lá fora, que minha mãe ainda teria uma parte do dinheiro que tinha pegado e que o dinheiro havia sido substancial. Não tinha como ela ter gasto todo o dinheiro dela e o meu. Eu só precisava fazê-la — não sei —tentar resolver isto de alguma forma. Era o plano A. Plano B consistia apenas na realização que se ela não tinha um centavo no nome dela, então pelo menos — novamente com sorte — tinha alojamento gratuito para o verão, um verão onde eu estaria rezando que meu pedido de ajuda financeira iria passar. Eu também estava rezando para que conseguisse passar o verão em uma cidade longe e não assassinando minha mãe, assim poderia colocar em uso a ajuda financeira, se eu conseguir. Minhas mãos tremiam quando segurava o volante e peguei a saída que levava à Plymouth Meeting, uma cidade, a poucos quilômetros da Philadelphia. Eu tinha pensado que iria vomitar tudo sobre mim enquanto os carvalhos grossos e nogueiras aglomeravam-se na estrada de duas pistas tinham, ficando no lugar das colinas. A viagem não tinha demorado muito tempo, um pouco menos de quatro horas de Shepherdstown, mas parecia que tinha sido eterna. Agora eu estava parada no sinal vermelho em frente a uma loja de R$1,99, em uma cidade que eu nunca — nunca — quis voltar, descansando minha testa contra o volante. Eu tinha ido para casa primeiro. Nada de carros. Nenhuma luz acesa.
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Levantando minha cabeça um centímetro ou dois, voltei a apoia-la no volante. Eu tinha pego uma chave que pensei que nunca — nunca —usaria novamente e entrei. A casa estava praticamente vazia. Um sofá e uma velha tela plana na sala de estar. A pequena sala estava vazia com exceção de algumas caixas pra abrir. Quase nada na geladeira. O quarto lá embaixo tinha uma cama, mas sem lençol. A roupa da minha mãe tinha sido empilhada no chão e estava uma bagunça, cheia de papéis e coisas que eu não quis olhar mais atentamente. Lá em cima, o quarto que tinha sido meu por alguns anos foi mudado completamente. A cama se foi, como foram à cômoda e a penteadeira, que minha avó tinha me comprado antes de falecer. Havia um futon que parecia um pouco limpo, e eu não queria saber quem estava dormindo lá. A casa não parecia habitada. Como se alguém, ou seja, minha mãe tivesse sumido da face da terra. Bem, isso não era novidade. Também não havia uma única foto na casa. Sem quadros de imagens nas paredes. Sem memórias. Isso não me surpreendeu. Eu levantei minha cabeça e a deixei cair novamente no volante. Ugh. Pelo menos a eletricidade ainda estava ligada na casa. Isso foi uma coisa boa, certo? Isso significava que minha mãe tinha algum tipo de dinheiro. Eu gemi enquanto batia pela terceira vez minha cabeça no volante Uma buzina explodiu atrás de mim e eu, imediatamente, olhei pelo para-brisa. Luz verde. WHOOPS. Minhas mãos apertaram no meu, suspirei e continuei. Havia apenas outro lugar que ela poderia estar. Ugh. Era outro lugar que eu nunca — nunca — queria ver outra vez. Esforçando-me para respirar profundamente, eu segui pela estrada principal, provavelmente dirigindo abaixo do limite de velocidade E irritando cada carro atrás de mim, mas não pude evitar. Meu coração bateu em meu peito enquanto eu fazia uma curva a direita e chegava ao que era considerada a maior avenida na cidade, só porque era onde todas as franquias de fast food e restaurantes ficavam, cercando o shopping e centros comerciais. Cerca de 21
dez quilômetros abaixo a estrada era onde o Mona ficava em frente o que parecia ser um clube de strip meia boca com várias motos alinhadas na frente. Oh rapaz. As ruas estavam congestionadas, mas quando atravessei a pista e estacionei no familiar lugar cheio de buracos e Deus sabe o que mais, não havia muitos veículos lá. Então, novamente, era noite de segunda-feira. Estacionando o carro sob o néon piscante do letreiro da parte de trás do lugar que atualmente faltava um “A” no nome Mona`S, inalei repetidamente e profundamente, “Eu não vou matá-la. Não vou matá-la.” Uma vez eu tinha certeza que não perderia a cabeça indo toda irritada pra cima dela, saí do meu Ford Focus e puxei, arrumando meu short jeans, ajustando também a macia e fluida blusa creme, que seria mais cumprida que meus shorts se eu não tivesse colocado a frente dela para dentro. Meu chinelo fazia barulho no asfalto quando cruzei o estacionamento, segurando a alça da minha bolsa de uma forma que significava que eu poderia girar essa coisa ao redor como uma arma mortal. Assim que me aproximei da entrada, eu endireitei meus ombros e deixei sair uma respiração baixa. A janela quadrada na porta estava limpa, mas rachada. A tinta branca e vermelha que costumava ser tão vibrante e atraente estava descascando como se alguém tivesse espirrado ácido através das paredes. A grande janela, tingida de preto e com um sinal de “aberto” chamativo, também estava quebrada no canto, formando fissuras de teia de aranha minúscula através do centro do vidro. Se por fora parecia assim... “Oh Deus”. Eu não queria fazer isso. Meu olhar voltou para a janela escura e quadrada na porta e meus olhos azuis pareciam de uma maneira grandes demais e meu rosto muito pálido no reflexo, que também fazia a cicatriz que cortava minha bochecha esquerda, começando logo abaixo do canto do olho ao canto do lábio, mais visível. Eu tinha tido sorte. Foi isso que os médicos
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e os bombeiros e todo mundo que tinha uma opinião havia declarado. Mais alguns centímetros, eu teria perdido meu olho esquerdo. Mas estando de pé aqui, eu não me sentia sortuda. Na verdade, eu tinha certeza de que a sorte era uma cadela de coração frio que precisava morrer. Dizendo a mim mesma que podia fazer isto, peguei a áspera maçaneta e puxei a porta aberta. Eu parei bruscamente me sentindo uma estranha dentro do bar, perdendo um dos meus chinelos quando o familiar cheiro de cerveja, perfume barato e frituras me cercou. Casa. Não. Minhas mãos estavam em um punhos. Este bar não era a minha casa. Ou não deveria ser a minha casa. Não importava que eu tivesse passado quase todos os dias, depois da escola escondida em um dos quartos ou que eu fugia para o piso principal para ver minha mãe, porque este era o único lugar onde ela sorria. Provavelmente porque ela estava geralmente bêbada quando estava aqui, mas não importa. As coisas pareciam iguais. Parte, pelo menos. Mesas altas e quadradas com o tampo desgastado. Bancos altos de bar com encostos. O barulho de bolas de bilhar batendo umas nas outras levou minha atenção para parte de trás do bar, depois do piso elevado que servia como pista de dança, além das mesas de bilhar. Uma jukebox no canto tocava algum tipo de música country melódica enquanto uma mulher de meia idade, que eu nunca tinha visto antes, passava pela porta em frente à pista de dança. Seu cabelo loiro brilhante, obviamente não natural, foi empilhado em cima de sua cabeça. Uma caneta foi empurrada para trás da orelha. Vestida de jeans e uma camiseta branca, ela se parecia com um cliente, mas, novamente, Mona nunca tinha sido um tipo que exige uniforme. Ela carregava duas cestas vermelhas com as asas de frango frito empilhadas até em cima enquanto ia em direção as mesas perto da jukebox. Haviam guardanapos usados em baixo das mesas e manchas no chão que pareciam pegajosas. Outras partes pareciam que, simplesmente, precisavam ser
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substituídas. Com a iluminação escura do bar, sabia que eu não estava nem vendo a metade. O Mona parecia uma mulher que havia sido usada e deixada aqui para morrer. Não era sujo, mas como quase limpo. Como se alguém desesperadamente tentou ganhar uma batalha perdida e estava fazendo o melhor que podia. O que não poderia ter sido a minha mãe. Ela nunca tinha sido boa na limpeza, mas ele costumava ser melhor. Havia memórias distantes borradas dele sendo melhor. Enquanto eu estava congelada na porta, tempo suficiente para parecer uma idiota, enquanto observada o lugar, e como não vi minha mãe, decidi que seria uma boa ideia, não sei, me mover. Dei um passo em frente, em seguida, percebi que ainda tinha deixado uma das minhas sandálias na porta. “Droga”. Virei-me, abaixando ,tinha cabeça enquanto colocava meu pé de volta na sandália. “Parece que você precisa de uma bebida”. Me virei em direção a uma profunda voz masculina, uma voz tão profunda e suave que abraçou minha pele como se eu tivesse sido envolta em cetim. Comecei a notar que, dã, desde que eu estava em um bar, provavelmente parecia precisar de uma bebida, mas as palavras mordazes morreram na minha língua quando olhei para o balcão em forma de ferradura. Em primeiro lugar, o cara por trás do bar parecia ter esticado, como se ele fosse esse desenho. Foi uma reação estranha. Devido a iluminação e a forma como eu estava de pé, não havia como ele ver a cicatriz, mas então, dei uma boa olhada nele e eu não estava prestando atenção para mais nada. Oh meu, meu, meu... Havia um homem atrás do balcão, o tipo de cara que nunca na história esperava ver por trás do bar do Mona. Opa, alerta de barmen quente disparou.
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Meu Deus, ele era lindo, deslumbrante da mesma forma que Jase Winstead era, até mais, não me lembrava de ver alguém que fosse assim como ele era na vida real, e eu só via o barman cara quente da cintura acima. Ele tinha cabelo castanho que parecia uma cor rica e quente sob as luzes mais brilhantes do balcão. Era cortado perto do crânio nas laterais e um pouco mais alto em cima. Ondulado, fora penteado para trás de um jeito bagunçado, porém intencional, exibindo suas maçãs do rosto largas e altas. Sua pele era bronzeada, sugerindo algum tipo de ascendência estrangeira e exótica. Com uma mandíbula forte e esculpida que poderia cortar pedra, ele poderia ser o garoto-propaganda para anúncios de barbear. Sob um nariz reto que tinha um ligeiro desvio, mas extremamente pecaminoso, um par de lábios que nunca vi em um cara. Bem, eu poderia olhar para aqueles lábios por horas, mais do que o tempo aceitável pela raça humana, Calla. Então, forcei meu olhar para cima. Suas sobrancelhas pareciam ser naturalmente arqueadas sobre os cantos de seus olhos, que atraiam diretamente a atenção para eles. Olhos castanhos. Olhos castanhos que estavam lenta e casualmente flutuando sobre mim de uma forma que me fez sentir como uma carícia quente. Meus lábios se separaram ao inalar. Ele estava vestindo uma camisa cinza gasta que se agarrava a um incrivelmente definido peito e ombros largos. Quer dizer, eu poderia realmente ver o corte do peito através da camisa. Macacos me mordam, quem sabia que isso era possível? Pelo que pude ver, até onde o bar deixava, havia um provavelmente igual estômago. Se este cara fosse de Shepherd, ele teria destronado Jase como tenente da Brigada dos Caras Quentes. E o suspiro associado ao barman quente, definitivamente seria sentido em todo o mundo, em suas partes femininas. Provavelmente em algumas partes de rapazes, também. Aqueles deliciosos lábios curvaram em um lado. Sim, ele tinha um sorriso quente. “Você está bem, querida?”
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Ele disse isso com mel da boca, como se fosse natural para ele. Não brega ou viscoso, mas uma ternura sexy que tinha aquecido minha barriga. E eu estava olhando para ele como uma idiota. “Sim”. Encontrei minha voz para dizer uma palavra, e tinha saído com a voz rouca. Deus, eu queria me bater pelo chão quando o calor subiu para minhas bochechas. Aquele meio sorriso sexy causou um nó quando ele estendeu um braço, ondulando seus dedos de volta em direção a ele. “Porque não vem aqui e se senta?” Okay. Meus pés me mandaram para frente sem qualquer envolvimento do meu cérebro porque, sério, quem não responde quando o barman quente balança aqueles dedos longos para você assim? Eu encontrei meu rabo plantado num banco no bar, um com o assento rasgado e um pouco desconfortável. Meu Deus, de perto ele realmente era uma obra-prima masculina de gostosura de dar água na boca. Aquele meio sorriso não desapareceu quando ele colocou suas mãos na borda do topo do balcão. “Qual é o seu veneno?” Eu pisquei para ele, bem devagar, e tudo o que conseguia pensar era por que diabos ele estava trabalhando nesse lixo? Ele poderia estar em revistas ou na TV, ou pelo menos trabalhar na churrascaria no fim da rua. O barman quente inclinou a cabeça para o lado enquanto seu sorriso se espalhava para o outro canto da sua maldita boca. “Querida...?” Eu resisti ao impulso de colar meus cotovelos na balcão e olhar para ele, mesmo que já quase estivesse fazendo isso.
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“Sim?” Ele riu suavemente enquanto se inclinava para frente, e eu digo beeeem pra frente. Dentro de um segundo, ele estava no meu espaço pessoal, sua boca a meras polegadas da minha, seus bíceps flexionados, esticando o material desgastado da camisa. Oh meu Deus, eu só esperava que sua blusa rasgasse na lateral e caísse “O que você gostaria de beber?” ele perguntou. O que eu gostaria era ver sua boca se mover um pouco mais. “hum ...” Meu cérebro havia esvaziado. Ele arqueou uma sobrancelha enquanto seu olhar vagou a partir da minha boca para os meus olhos. “Vou precisar pedir sua identificação?” O que acordou meu quente estupor. “Não. De modo algum. Tenho vinte e um.” “Tem certeza?” Calor inundando meu rosto novamente. “Eu juro”. “Jura?” Meu olhar foi para sua mão, com o dedo mindinho estendido. “Tá falando sério?” Uma covinha começava a se formar em sua bochecha direita quando seu meio sorriso se transformou em um sorriso inteiro. Puta Merda, se ele tivesse um par de covinhas eu estava em apuros. “Eu não pareço estar falando sério?”
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Parecia que ele estava com péssimas intenções quando olhei para ele. Havia um brilho travesso em seus olhos dor de cacau. Meus lábios começaram a se contorcer, até que estendi minha mão e envolvi meu dedinho no dele. “Juro juradinho”, eu disse, pensando que era uma péssima maneira de verificar a idade. Aquele seu sorriso era maliciosamente delicioso. “Ah, uma menina que jura jurado está atrás do meu coração”. Sim, não tinha ideia de como responder a isso. Em vez de me deixar ir, quando afastei minha mão, ele escorregou seus dedos para meu pulso em um agarro suave, mas firme. Quando os meus olhos começaram a querer saltar da minha cabeça, de alguma forma ele chegou mais perto, e seu cheiro... era bom. Uma mistura de especiarias e sabão que foi direto para as minhas partes íntimas. Meu celular vibrou dentro da minha bolsa, tocando "Brown Eyed Girl". Enquanto procurava por ele, o quente barman riu. “Van Morrison?” ele perguntou. Concordei distraidamente enquanto meus dedos se enrolavam no pequeno celular. Era uma ligação da Teresa. Eu coloquei no Silêncioso. “Bom gosto musical”. Meus cílios levantaram enquanto colocava o telefone de volta em minha bolsa. “Eu... hum, gosto mais dos clássicos do que essas bandas famosas de hoje em dia. Quer dizer, eles realmente cantavam e tocavam. Agora eles só andam por aí meio nus, gritando ou falando no meio das músicas. Nem é mais sobre a música em si”. Apreciação iluminou os olhos dele. “Você jura juradinho que ouve música antiga? Eu gosto de você”. “Então você não é muito difícil de impressionar”.
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Ele derrubou sua cabeça para trás, expondo o pescoço dele enquanto ria e, bem, surpresa se não era uma risada muito agradável. Profunda. Rica. Brincalhona. O som revirou minha barriga. “Juras e música são muito importantes”, ele disse. “Mesmo?” “Sim”. — Diversão dançava sobre seu rosto. “Como são palavras de escoteiros”. O meio sorriso no cantos dos meus lábios espalhou-se em um sorriso inteiro. “Bem, eu nunca fui uma escoteira, então...” “Quer saber um segredo?” “Claro”, eu respirei. Ele colocou o queixo para baixo. “Eu nunca fui um escoteiro também”. Por alguma razão, eu não estava muito surpresa com isso. Especialmente quando ele ainda estava segurando meu pulso. “Você não é daqui, ele anunciou”. Não mais. “O que faz você pensar isso?” “Bem, esta é uma cidade pequena e o Mona normalmente tem seus clientes regulares, não pequenos e quentes pedaços de distração como você, então eu tenho certeza que você não é daqui”. “Eu costumava.... Espere. O que?” Pequenos e quentes pedaços de distração? Perdi totalmente minha linha de raciocínio. Ele soltou o meu pulso, não todo de uma vez, e não quebrou o contato visual. Ah não, deslizou lentamente seus dedos ao longo do interior do meu pulso, em seguida na 29
palma da minha mão para as pontas dos meus dedos, enviando uma onda de arrepios dançando pelo meu braço e, depois, fazendo uma rotina de jazz nas minhas costas. Deus, isso me fez sentir louca, mas parecia que havia uma faísca lá. Algo tangível que se passou entre mim e ele. Totalmente insano, mas eu estava achando difícil de respirar e fazer sentido aos meus pensamentos. Sem tirar os olhos de mim, ele alcançou o cooler e pegou uma garrafa de cerveja, girando sua tampa e a colocando no canto. Um segundo depois eu percebi que havia alguém sentado próximo a nós. Eu olhei de relance para o meu lado, um cara jovem e bonito com algo perto de um corte de cabelo raspado. Ele assentiu com a cabeça para o barman quente quando ele agarrou o pescoço da garrafa. “Valeu cara”. E então ele havia sumido e estávamos sozinhos de novo. “De qualquer modo”, disse o barman quente. “Que tal eu fazer para você minha bebida especial?” Normalmente, quando um cara oferece para me fazer sua bebida "especial", eu correria para as colinas gritando ‘assassino sangrento’ e era o caos, mas, novamente, me encontrei concordando, totalmente firmando o fato de que que era superficial e, talvez, um pouco burra. E totalmente fora do controle da situação, que era um... uma experiência única para mim. Eu o vi se virar, e os músculos das costas se contraíram enquanto ele pegava a bebida mais cara atrás do bar. Não vi qual garrafa ele pegou, mas ele se movia com uma graça fluida, pegando um dos copos baixo de vidro, utilizado para pequenas bebidas misturadas e doses com gelo. O fato de que me lembrei do tipo de copo me deu vontade de bater minha cabeça no balcão. Eu também resisti esse desejo — graças a Deus. Quando eu o vi fazer a bebida, tentei descobrir a idade dele. Ele deve ser pelo menos um ou dois anos mais velho que eu.
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Depois de alguns segundos, ele colocou uma bebida mista impressionante na minha frente. Era vermelha na parte superior, em seguida, graduando-se na cor do pôr do sol, com uma cereja de enfeite. Peguei o copo e tomei um gole. Minhas papilas gustativas sentiram o sabor frutado. “Nem da para sentir o gosto da bebida”. “Eu sei”. Ele parecia convencido. “É suave, mas beba com cautela. Beber muito rápido e demais, vai derruba-la na sua linda bundinha”. Associando o comentário de "linda bundinha" ao charme típico de barman, tomei mais um gole pequeno. Não tive de me preocupar em ser cuidadosa. Eu nunca exagero quando vejo qualquer forma de álcool. “Como se chama?” “Jax”. Minhas sobrancelhas levantaram. “Interessante”. “Ah, é”. Ele dobrou os braços no balcão e se inclinou, me dando o que eu descobri rapidamente que era seu meio sorriso devastador. “Então, você tem planos para esta noite?” Olhei-o encarando. Era tudo o que eu era capaz de fazer. Além do fato de que, após alguns minutos de estar na presença dele, eu tinha quase esquecido do porquê estava aqui, o que não era ser sociável. Ele, com certeza, não poderia estar fazendo o que eu achava que estava fazendo. Flertando Comigo. Me chamando para sair.
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Essas coisas simplesmente não acontecem na terra de Calla. Conseguia acreditar que coisas assim poderiam acontecer com meninas bonitas tipo Teresa, Brit ou Avery, mas eu definitivamente sabia que elas não aconteciam comigo. O barman quente mudou seu peso para frente, o que fez coisas incríveis com os músculos em seus braços, e então, aqueles lindos olhos ficaram fixos nos meus, e eu esqueci como se respira por um segundo. O jeito que seus lábios estavam curvados naquele momento me dizia que ele sabia muito bem o efeito que estava causando. “No caso de precisar esclarecer o que acabei de dizer, eu quero saber se você está livre para fazer algo comigo”.
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Capítulo Três
Puta merda. Foi uma coisa boa que eu tinha colocado o copo para baixo porque, provavelmente, poderia ter deixado cair. “Você nem sabe meu nome”, deixei escapar. Seu olhar abaixou me dando uma vista de seus cílios ridiculamente longos. “Qual é o seu nome, querida?” Eu fiquei boquiaberta, de uma forma que, provavelmente, não era atraente. Ele não podia estar falando sério. O barman quente esperou enquanto levantava aqueles cílios. Oh meu Deus, ele estava realmente falando sério? “Você pergunta isso a cada garota que entra no bar?” Se fosse isso, depois de dar uma olhada pelo bar, ele tinha poucas opções. Com exceção do cara que tinha pegado a cerveja e estava sentado com alguns outros do mesmo tipo, a maioria das pessoas no bar estavam a poucos anos de se aposentar. Seu meio sorriso se espalhou. “Só as bonitas. Voltei a olhar para ele”. Parte de mim não estava surpresa com sua resposta. Eu tinha um belo rosto. Sempre tive um belo rosto, desde que era pequena e usava macacão. Minha mãe costumava dizer o quão simétrico meu rosto era, o quão perfeito ele era. Quando era jovem, eu parecia uma daquelas bonecas de porcelana e tinha sido criada como tal. Conforme crescia, minhas características ficaram simétricas — lábios cheios, bochechas altas, nariz pequeno e olhos azuis para combinar com o cabelo loiro — cabelo louro natural.
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Mas as palavras chaves aqui são eram e foi, e por mais que eu fosse um monte de coisas, eu não era estúpida. Bem, na maioria dos dias. Agora, olhando para esse cara, eu me sentia três tipos de estúpida. “Correção”, o barman quente continuou, sorrindo até que aquela covinha apareceu em sua bochecha direita. “Meninas quentes com pernas sexys”. Esse cara era tão cheio de si. “Eu estou sentada! Como você pode ver as minhas pernas?” Ele riu profundamente e, inferno, isso também era um som bom. “Querida, eu te vi entrar no bar e a primeira coisa que notei foram essas suas pernas”. Está bem. Eu tinha umas pernas muito bonitas. Três dias por semana, eu fingia estar inspirada e corria. Tinha sorte quando se tratava das minhas pernas. Gordura nunca se depositava em minhas coxas ou panturrilhas. Ela terminava na minha bunda e no meu quadril. E havia também um agradável zumbido vibrando em minhas veias em resposta as suas palavras, mas eu... Inalei profundamente, me sentindo gelada por dentro. Barman quente e eu estávamos cara a cara, frente a frente, e estávamos esse tempo todo. Não havia como ele não ter visto a cicatriz no meu rosto e, nem uma única vez desde que tinha colocado meus olhos nos dele, eu tinha pensando sobre a cicatriz. Eu tinha sido pega de guarda baixa por ele que isso nem veio a minha mente. Mas agora que eu estava pensando sobre isso, abaixei imediatamente um pouco minha cabeça e me virei para a esquerda enquanto segurava o copo mais forte. Agora eu sabia que ele não poderia estar falando sério, porque ele era totalmente parte da Brigada dos Caras Quentes, e eu era Calla, a amiga da Brigada dos Caras Quentes. Não Calla, a menina que eles descaradamente flertavam. Talvez ele tivesse usado algum tipo de droga.
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Preferi ignorar o que ele disse enquanto me forçava a lembrar o porquê eu estava aqui “É uma bebida muito boa”. Mantendo minha bochecha direita em sua direção, eu comecei a observar o bar novamente. Nenhum sinal da minha mãe. “Bonita e gostosa”. “Obrigado, mas não estamos falando sobre a bebida. A não ser que falar sobre bebida envolva você e eu pegando uma quando eu sair”. Ele disse, e meu olhar voltou para suas feições. Ele arqueou uma sobrancelha quando viu que tinha minha atenção. “Então eu sou totalmente a favor de tomar uma bebida”. Meus olhos se estreitaram enquanto eu me ajeitava no banco. “Você tá falando sério?” Suas sobrancelhas levantaram, mas em vez dele recuar, ele fez aquele negócio com seus olhos, vagarosamente me observando, encarando meus lábios antes de voltar seu olhar para minhas piscinas azuis. “Sim querida, eu estou sério”. “Você nem me conhece”. “Mas, não é para isso que serve sair com uma pessoa? Poder conhecer a outra parte”. Eu estava chocada. “Mas nós nos conhecemos há, literalmente, alguns minutos”. “Já falei isso, mas vou te explicar algo diferente. Quando quero algo, eu vou atrás. A vida é demasiada curta para viver de outra forma. E eu quero te conhecer melhor”. Seus cílios baixaram mais uma vez, seu olhar admirando os meus lábios como se fosse uma espécie de Meca. “Sim, eu definitivamente quero te conhecer melhor”. Puta merda. Eu abri minha boca, mas não tinha ideia de como responder a isso e, antes que eu pudesse bolar uma resposta coerente, dei um pulo ao ouvir meu nome.
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“Calla?” disse uma voz profunda e rouca. — “Calla, é você?” Minha atenção foi em direção às portas holandesas e minha boca caiu quando identifiquei a voz familiar para o cara grande, volumoso e careca. Tio Clyde, que não era meu tio de verdade, mas tinha estado por perto desde, bem, desde sempre, fez seu caminho em direção a nós. Um grande sorriso dentuço eclodiu no rosto corado. “Puta merda, pelo que é mais sagrado, é você!” Eu balancei meus dedos em sua direção, meus lábios divididos em um sorriso. Tio Clyde não tinha mudado nem um pouco nos três anos que estive fora. Barman quente ficou tranquilo enquanto se afastava, mas eu sabia o que ele deveria estar pensando se percebeu que eu era filha da Mona. Então Tio Clyde estava em mim. O grande urso tinha seus braços maciços em torno de mim e me levantou, claramente, para fora do bar. Meus pés balançaram no ar quando me abraçou, forçando a apertar meus dedos em torno da tira fina das minhas sandálias. Mas não me importava se perdesse meus sapatos ou se não estivesse conseguindo respirar. Tio Clyde... Deus, tinha cozinhado desde o começo quando papai e mamãe abriram pela primeira vez o Mona’s, e ele tinha ficado muito tempo depois que tudo tinha ido para o lixo. E ele ainda estava aqui. Lágrimas encheram meus olhos quando consegui passar meus braços ao redor de seus ombros enormes, inalando o aroma fraco de alimentos fritos e seu perfume Old Spice. Eu tinha sentido falta de Clyde. Ele era a única coisa que senti falta nesta cidade. “Meu Deus, menina, é tão bom ver você”. Ele me apertou até que soltei um gemido, como um brinquedo quebrando. “Tão bom”. “Eu acho que ela não pode falar”, o barman quente disse. “Porque você está sufocando, apertando-a até a morte”.
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“Cala a boca, rapaz”. Clyde baixou-me aos meus pés, mas manteve um braço ao redor dos meus ombros. Com sua altura e largura, eu parecia uma anã. “Você sabe quem ela é, Jax?” “Acho que vou responder com um sim”, veio outra resposta seca, cheia de humor. “Espera”. Eu mexi para o lado, virando para o cara quente de barman. “Seu nome é Jax?” “Jackson James é realmente meu nome, mas todos me chamam de Jax.” Eu repetia mentalmente o nome dele. Eu tinha que admitir, Jax parecia um apelido que me fez lembrar de um certo motoqueiro sexy2. “Você faz parecer como se pertencesse a uma boy-band3”. Ele riu baixo. “Acho que perdi meu chamado então”. “Inferno”. O braço do Clyde apertou mais meu ombro. “Jax sabe cantar, pode até mesmo dedilhar alguns acordes no violão se você o embebedar o suficiente”. “Sério?” Meu interesse foi despertado, principalmente porque não havia nada mais quente do que um cara com um violão. Jax inclinou-se contra a pia atrás do bar, dobrou os braços sobre seu peito. “Costumo cantar uma vez ou outra”. “Então, o que traz você de volta aqui, menina?” Clyde perguntou, e não havia como não entender o significado por trás de suas palavras, como se ele estivesse perguntando o que eu fazia de volta nesse lixo? Vagarosamente, me virei em sua direção. Quando eu tinha partido para a faculdade, Clyde tinha ficado triste por me ver partir, mas ele tinha sido a força motriz por trás, me afastando da cidade, longe de... bem, tudo. Ele provavelmente teria sido mais feliz
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Referência ao personagem Jax Teller de Sons of Anarchy. http://en.wikipedia.org/wiki/Jax_Teller Não tenho certeza, mas pode ser referência a uma boy band coreana chamada A-JAX, http://en.wikipedia.org/wiki/A-Jax_(band) 3
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se eu tivesse escolhido uma faculdade do outro lado do país, mas eu tinha escolhido uma que estava meio perto para o caso... apenas no caso de algo como isso acontecer. “Estou procurando minha mãe”. E isso foi tudo o que disse. Nesse momento, eu não queria entrar em detalhes na frende do Jax. O fato de que ele agora estava olhando para mim como se eu fosse mais do que uma menina qualquer que tinha entrado no bar era bastante assustador. Algumas pessoas acreditavam que a maçã nunca caía muito longe da árvore. E às vezes eu me perguntava se isso era verdade. Não perdi a cena de Clyde ficando tenso, ou como ele olhou para Jax rapidamente e então de volta para mim. Um mal estar começando, que se espalhou como uma erva daninha em um canteiro de flores. Focando totalmente em Clyde, preparei-me para tudo o que estava prestes a vir voando a caminho. “O quê?” Seu grande sorriso diminuiu e ficou nervoso quando deixou cair o braço. “Nada, menina, é só que...” Eu respirei fundo e esperei quando Jax pegou outra cerveja do refrigerador, entregou a um homem mais velho em uma camisa de flanela vermelha, rasgada, que nem teve uma chance para pedir o que ele queria, mas saiu trançando as pernas para fora, feliz, ligeiramente bêbado, sorrindo. “Minha mãe está aqui?” Clyde sacudiu a cabeça. Eu dobrei meus braços ao redor da minha cintura. “Cadê ela?” “Bem, você vê, menina, não sei”, disse Clyde, deslocando o seu olhar para cima,arrastado, numa necessidade de uma honestidade completa. “Você não sabe onde ela está? Como isso é possível?”
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“Sim, bem, Mona não tem ficado ao redor por...” Ele perdia, mergulhando o queixo contra o peito pesado, enquanto esfregou uma mão sobre a cabeça careca. Essas cólicas tinham voltado, incomodando até que apertei a palma da minha mão contra o meu estômago. “Há quanto tempo ela se foi?” O olhar do Jax mergulhou em minha mão e então cintilou até meus olhos. “Sua mãe fugiu há pelo menos duas semanas. Ninguém tem notícias dela, ou mesmo tinham a visto. Ela já saiu da cidade”. O chão parecia que tinha desabado debaixo de mim. “Ela está desaparecida há duas semanas?” Clyde não respondeu, mas Jax se aproximou ainda mais do bar e baixou sua voz. “Ela veio em uma noite, chateada e irritada no escritório como uma louca, que, aliás, não muito diferente de qualquer outra noite”. Isso soou familiar. “E?” “Ela cheirava a álcool”, acrescentou suavemente, me observando atentamente por trás de cílios grossos. Que era outra ocorrência comum. “E?” “E ela cheirava como se estivesse saído de uma sala onde tinha fumando maconha e cigarros durante várias horas”. Bem, isso era algo novo. Mamãe costumava ficar com os comprimidos, muitos comprimidos — uma miscelânea de comprimidos.
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“E isso não era muito incomum, no último ano ou algo assim, Jax disse, ainda me olhando, e agora descobri que ele tinha estado por aqui a algum tempo. _ Então ninguém realmente prestou muita atenção. Você vê sua mãe...” “Ninguém fez nada enquanto ela estava aqui?” Meu maxilar ficou tenso. “Sim, isso não é novidade, também.” Jax desviou do meu olhar por um momento, e então tomou uma respiração profunda. “Ela saiu naquela noite por volta das oito ou mais, e não temos notícias dela desde então. Como Clyde disse isso foi há duas semanas.” Meu Deus. Eu sentei no bar. “Não liguei para você, garotinha, porque ... bem, isso não é a primeira vez que sua mãe vem e desaparece”. Clyde apoiou seu quadril contra o bar quando colocou a mão no meu ombro. “ A cada dois meses, ela cai na estrada com o Rooster 4e” “Rooster?” Minhas sobrancelhas levantaram. Mamãe tinha um galo de estimação? Tão bizarro como isso seria, não me surpreenderia. Ela cresceu em uma fazenda e, quando eu era pequena, ela tinha uma coisa com aves raras para animal de estimação. Tivemos um bode uma vez chamado Billy. Clyde estremeceu. “Ele e sua mãe... ele é o homem da sua mãe”. “O nome dele é Rooster?” Oh querido Deus. “Isso é o que ele diz”. disse Jax, fixando no meu olhar novamente. Deus, isso foi humilhante de tantas maneiras. Minha mãe era uma bêbada maconheira que abusou de comprimidos, nunca fez nada com o bar que ela era dona e tinha fugido com um cara, que sem dúvida era muito elegante e seu nome era Rooster. Ugh.
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Rooster em português significa Galo.
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Em seguida, eu ia descobrir que ela estava trabalhando em meio período do outro lado da rua, no clube de strip. Eu precisava encontrar um canto escuro confortável para me acalmar. “Há alguns meses atrás, ela sumiu por um mês e voltou”, disse Clyde. “Então, não tem realmente nada para se preocupar. Sua mãe, bem, ela está lá fora, e vai estar de volta. Ela sempre volta”. Fechei os olhos. Ela não precisava estar lá fora. Ela precisava estar aqui, onde eu poderia falar com ela, onde poderia descobrir se ela tinha algum do dinheiro que ela não deveria ter e onde eu poderia gritar de raiva por ela e fazer algo sobre o fato de que toda a minha vida tinha ficado fora de controle por causa dela. Clyde apertou meu ombro. “Posso te ligar quando ela voltar”. Isso me surpreendeu o suficiente para que eu abrisse os olhos a tempo de ver o Jax trocando um olhar duro e longo com Clyde. “Você não precisa ficar por aqui, menina. Acho que é muito bom que você tenha vindo visitar, e tenho certeza que ela vai ser.” “Você quer que eu vá embora?” Meus olhos se estreitaram. Ah, havia mais peripécias definitivamente mais do que eu estava ciente. “Não”, Clyde garantiu rapidamente. E ao mesmo tempo Jax disse, “Sim” Olhei para ele, pele formigando. “Uh, acho que você tem uma explicação para dar, barman”. Aqueles olhos castanhos pareciam ficar pretos quando a frieza surgia. Um músculo apareceu em seu queixo, enquanto segurava meu olhar, desafiando-o a discordar. Quando ele não disse nada, eu me virei para Clyde, que estava assistindo Jax. Algo estava acontecendo e, com a minha mãe, tudo era possível. Mas não fui embora —
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não podia, porque eu não tinha para onde ir. Literalmente. Ao contrário dos últimos semestres, eu não estava tendo cursos de verão, porque este ano não poderia pagá-lo. O que significava que também não podia ficar nos dormitórios, então quando decidi vir aqui, eu tive que realmente arrumar tudo. A pequena quantidade de dinheiro que havia na minha conta pessoal teria que me aguentar até que eu encontrasse a mãe ou outro emprego. De qualquer forma, eu não podia pagar um apartamento ou um hotel, e com certeza não ia me intrometer com Teresa, pedindo por um lugar para ficar até que as coisas fossem resolvidas. Meu olhar percorreu o visível bar surrado, dançando sobre as antigas placas de rua, nas fotos em preto e branco emolduradas na parede e, por alguma razão, não tinha reparado nisso antes. Provavelmente porque estava muito ocupada encarando o colírio que estava diante de mim, mas eu via agora. Atrás do bar, sob a placa vermelha que tinha o nome de Mona em uma letra cursiva elegante, tinha uma foto emoldurada. Ar fugiu dos meus pulmões. Era uma foto, brilhante e colorida, de uma família, uma família de verdade. Dois pais sorridentes, atraentes e felizes. A mãe segurava um menino, não mais de um ano e três meses. Outro menino com uma camisa azul, com dez anos e cinco meses, estava ao lado de uma menina, que tinha oito e ela estava vestida em um vestido de princesa-estilo bufante azul, e ela estava linda, como uma boneca, radiante para a câmera. Meu estômago embrulhou. Eu tinha que sair daqui. Deslizando do banco, peguei minha bolsa em cima do balcão. “Eu estarei de volta”. Jax franziu a testa enquanto ele me observou levantar, mas, também... Ele parecia aliviado. O músculo em seu maxilar tinha parado com os espasmos, seus ombros tinham relaxado, e era óbvio que ele estava feliz em me ver considerando que há uns minutos mais cedo que ele estava tentando me fazer beber com ele. Sim. Como eu tinha pensado o cara não era de verdade. 42
Clyde se aproximou, mas facilmente me desviei. “Querida, por que não volta para o escritório e se senta...?” “Não. Está tudo bem”. Virei-me e saí do bar, para o ar quente da noite antes que Clyde pudesse continuar. Pressão se acumulava em meu peito enquanto fechava a porta atrás de mim e meus pés encontravam a calçada. Havia mais alguns carros no estacionamento, então tive que passar por eles enquanto eu voltava. Concentre-se, disse a mim mesma. Concentre-se em reparar o problema mais próximo. Eu iria voltar para casa da minha mãe, revirar seu quarto e, talvez encontrasse alguma pista da onde ela tinha enfiado seu rabo. Era a única coisa que eu poderia fazer. Afastando a imagem da foto da família da minha cabeça, eu dei a volta em um caminhão antigo que estava no estacionamento quando eu tinha chegado e caminhei em direção ao meu carro estacionado. Estava escuro no estacionamento e a iluminação da rua não estava funcionando, então meu pobre carro estava encoberto nas sombras assustadoras. Eu ignorei o frio serpenteando pela minha coluna. Cheguei na minha porta, quando vi algo que não parecia certo. Meus dedos alcançaram o ar, invisível, quando me afastei da porta e fui para frente. Deixei escapar um grito abafado, surpresa. O para brisa tinha sumido. Tinha sobrado apenas pedaços irregulares, fixos ao quadro e, mesmo que estivesse escuro, vi um tijolo deitado no painel de controle. Alguém tinha jogado um tijolo no meu para brisas.
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Capítulo Quatro
“Você dirige um Ford Fuckus5?” Fechei os olhos, exalei profundamente, frustrada. Depois de descobri que meu para brisa teve um encontro e cumprimentou um tijolo, levei minha bunda de volta para o bar. Aturdida, encontrei-me diante de Jax e dizendo-lhe o que tinha acontecido. Mesmo estando em estado de choque, eu tinha reconhecido que ele não parecia surpreso. Raiva correu em seu rosto, aprofundando seus olhos, mas surpresa? Não. Quase como se ele esperasse isso. E isso foi estranho, mas não muito importante agora. Eu tinha um para brisa quebrado e não tinha dinheiro para consertar. Abri meus olhos e me virei para ele. Nem tinha percebido o quão alto ele era, enquanto estava atrás do balcão, mas ao lado dele agora, era uns bons centímetros mais alto que eu e eu era alta. Sua cintura era fina e era óbvio que o cara tomava conta de si mesmo. “É um Focus”. “Também conhecido como um Fuckus”, ele respondeu seus olhos estreitando enquanto se inclinava sobre o capô. “ Droga”. Ele passou através do vidro, me deixando tensa. “Cuidado!” Gritei e talvez tenha sido um pouco dramática, porque ele me atirou um olhar sobre o ombro, suas sobrancelhas levantadas. Eu voltei a realidade. “O vidro é perigoso”, eu adicionei. Um lado de seus lábios se curvou para cima. “Sim, eu sei. Eu vou ter cuidado”. — Ele pegou o tijolo e virou-o em sua mão grande. “Merda”. Não podia deixar de pensar o quão caro seria consertar meu para brisa, porque se fizesse, provavelmente não esperaria para virar a curva para dispensar ele.
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Piadinha com Focus e Fuck
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Jax jogou o tijolo no chão e se virou. Tomando minha mão na sua, grande e quente, ele começou a me levar de volta para o bar. Meu estômago acabou em algum lugar na minha garganta devido ao contato. Estando a um passo ou dois mais atrás, eu tinha uma boa visão de seu traseiro. Droga. Ele até tinha uma bela bunda. Eu precisava definir minhas prioridades. “Vou chamar alguém para dar uma olhada no seu carro”, ele disse, e eu tive que acelerar meu passo para conseguir acompanhá-lo. Eu pisquei rapidamente. “Você não” — “Tenho um amigo que tem uma oficina alguns quilômetros na direção do shopping. Ele me deve um favor”, — ele continuou como se eu não tivesse falado. Abrindo a porta com tanta força que achei que as dobradiças iriam voar, ele entrou, me arrastando junto. “Fique aqui”, ele disse, atirando para mim um olhar de aviso. “Mas” — Ele largou minha mão, se virando totalmente para mim enquanto entrava no meu espaço pessoal. Suas botas parando próximas aos meus dedos do pé, seu perfume me cercando, e, então, ele abaixou seu queixo. Por hábito, virei meu rosto para a esquerda e depois engasguei quando senti seus dedos envolvendo em torno do meu queixo, fazendo meu rosto virar em sua direção. “Fique aqui”, ele disse novamente, seu olhar fixo no meu. “Vai levar apenas um minuto. No máximo”. Um minuto para quê? “Prometa”. Novamente pega de surpresa, eu me ouvi sussurrando, “Okay”. Seu olhar permaneceu fixo no meu por mais um instante e, então, ele virou, e tudo o que conseguia pensar era no que ele disse. Eu, definitivamente, quero te conhecer melhor.
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Com passos longos e graciosos, ele desapareceu pelas mesas de bilhar, indo para a área da cozinha. Eu fiquei ali. Não menos que um minuto depois, ele reapareceu com as chaves de um carro pendurada em seus dedos. Parando perto da garçonete, que eu tinha visto carregando cestos anteriormente, ele a segurou gentilmente pelo cotovelo. “Você consegue segurar o bar até Roxy chegar?” A mulher olhou para mim e, então, de volta ao Jax. “Claro, mas está tudo bem?” Jax a guiou até onde eu estava presa ao chão. De perto, ela era muito bonita e, enquanto eu pensava que talvez ela estivesse na casa dos trinta, não vi uma ruga em seu rosto. “Esta é a Pearl Sanders”. Então, ela estendeu uma mão em minha direção. “E essa é Calla — filha da Mona”. O queixo de Pearl caiu. Ugh. E, então, ela se aproximou. Com um braço, ela me deu um pequeno e rápido abraço que me deixou ali com minha boca aberta. “É muito bom finalmente conhecer você, Calla”. Ela se virou para Jax, retirando a caneta atrás da orelha dela. “E você cuide dela, ok?” "É claro", murmurou Jax, como se fosse a última coisa que ele quisesse fazer, o que era idiotice porque eu não precisava que tomassem conta de mim, e, com certeza, não pedi para ele fazer isso. E o que diabos aconteceu com ele querendo me conhecer melhor? “Eu acho que eu preciso...” “Vamos lá”. Jax segurou minha mão novamente. A próxima coisa que eu sabia era que estava sendo arrastada para fora da porta, de volta para a noite, e depois nós estávamos ao lado da pick-up, que estava parada na frente do meu pobre carro. Ele estava abrindo a porta do passageiro. “Entre”. Eu congelei. “O quê?”
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Ele puxou minha mão.”Entre”. Soltando minha mão, eu me encostei contra a porta do carro. “Eu não vou a lugar algum. Eu preciso cuidar...” “Do seu carro”, ele terminou, inclinando sua cabeça para o lado. O luar parecia encontrar sua maça do rosto, acariciando seus ângulos. “Eu vou ver isso e, como disse, eu tenho um amigo que vai cuidar disso para você. Clyde já está entrando em contato com ele, o que é uma coisa boa”. Meu cérebro estava entrando em curto-circuito. “Por quê?” “Porque vai chover”. Olhei para ele. Ele era um meteorologista? “Você pode sentir no cheiro — fim da primavera, início da chuva de verão”. Ele se inclinou, e minha cabeça imediatamente inclinou para a esquerda. “Respire fundo, querida, dá pra sentir o cheiro da chuva”. Por alguma razão, respirei fundo, e sim, senti o cheiro, cheiro almiscarado e úmido. Eu gemi. Não havia mais um para brisas, o que significava mais danos pela chuva. “Então vamos cuidar do seu carro para que ele não esteja mais aqui quando começar a chover”, ele finalizou. “Mas...” “E eu não acho que você quer levar essa sua bunda bonita em um carro com o vento no rosto”. “Hum, ok. Bom ponto, mas...” “Mas... eu vou tirar você daqui”. Ele suspirou, passando sua mão pelo cabelo desarrumado. “Olha, podemos ficar aqui e discutir sobre isso nos próximos dez minutos, mas você ainda vai entrar neste carro”. Meus olhos se estreitaram. “Deixe-me lembrá-lo de algo: eu não te conheço. Não conheço nada sobre você”.
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“E eu não estou te pedindo para tirar a roupa e fazer um show privado”. Pausando, seu olhar pareceu percorrer meu corpo novamente. “Embora, isso seria interessante. Uma má ideia, mas interessante”. Passei um segundo antes que absorvesse suas palavras e meu queixo caísse. Resmungando sob sua respiração, ele deu a volta em mim. Um momento depois, ele tinha as mãos nas minhas axilas, me deixando assustada com o contato. As mãos dele eram incrivelmente grandes e isso significava que elas estavam super perto do meu peito. As pontas dos dedos acariciando levemente meus seios. Uma onda de arrepios, apertados e inesperados, irradiou a partir das minhas costelas. Então, ele me ergueu. Literalmente. Pés fora do chão e tudo. “Abaixe a cabeça, querida, ele ordenou”. Obedeci porque, sério, eu não sabia o que diabos estava acontecendo aqui. Encontrei-me sentada em sua caminhonete e a porta sendo fechando ao meu outro lado. Cristo. Eu passei minhas mãos pelo rosto, abaixando-as apenas a tempo de vê-lo correr para frente. Ele estava dentro da pick-up um momento depois, fechando a porta atrás dele. Uma vez que estava com o cinto, eu atirei-lhe um olhar e disse a primeira coisa que me veio à cabeça. “Você dirige um Chevy?” Ele piscou. “Você sabe o que dizem sobre Chevys”. “Sim, era melhor estar empurrando um do que dirigindo um Ford?” Eu revirei meus olhos. “Porque isso faz sentido”. Jax riu ligando o carro. Eu não disse nada enquanto saíamos do estacionamento e pegávamos a estrada. Comecei a pensar em como ele estava flertando comigo mais cedo e a me preocupar com a minha mãe desaparecida enquanto mordiscava meu lábio inferior. “Quanto você acha que vai custar o para brisa?” Perguntei. Ele me atirou um olhar enquanto parava no semáforo perto do shopping. “Pelo menos uns 150 e, como ele quebrou inteiro, talvez mais”.
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Meu peito se apertou enquanto eu mentalmente deduzia isso do saldo que eu sabia que tinha na minha conta. “Isso é ótimo”. Jax estava quieto enquanto a luz na esquina ficava verde. “Você vai ficar em um dos hotéis”. Eu bufei. Sim, como um leitão. “Ah, não. Muito caro”. “Você vai ficar na casa da sua mãe?” Seu tom mostrava incredulidade. “Sim”. Ele fixou seu olhar na estrada novamente. “Mas ela não está lá”. “E? Eu costumava viver lá”. Dei de ombros e abaixei minha mão ao meu colo. “Além disso, eu realmente não vou gastar dinheiro em um hotel quando posso ficar de graça em algum lugar”. Mesmo se fosse realmente o último lugar que eu queria ficar. Jax não disse nada por um longo instante, e então, “Você já comeu alguma coisa?” Balançando a cabeça, eu pressionei meus lábios juntos. Eu não tinha comido nada desde de manhã, e mesmo assim foi uma pequena porção de arroz frito. Estava nervosa demais para comer qualquer coisa. Meu estômago resmungou, aparentemente estava furioso por só me lembrar dele agora. “Eu também não," ele comentou. Fizemos um pit stop em um fast-food e, porque eu estava com fome, eu pedi um hambúrguer e um chá doce, mas, enquanto procurava na minha bolsa pelos trocados que tinha comigo, Jax já tinha entregado o dinheiro. “Eu tenho dinheiro”. Peguei minha carteira. Ele me olhou suavemente enquanto apoiava um braço na sua janela. “Você pediu um hambúrguer e um chá doce. Eu acho que tenho tudo sob controle”.
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“Mas eu tenho dinheiro”, insisti. Ele arqueou uma sobrancelha. “Mas não precisa”. Balancei minha cabeça e comecei a abrir minha carteira. “Quanto que isso fo — Ei!” Me assustei quando ele pegou minha carteira e minha bolsa das minhas mãos. “Mas que diabos?” “Como eu disse, querida, eu tenho tudo sob controle”. Fechando minha carteira, ele colocou na minha bolsa e então enfiou trás do seu banco. Estreitei meus olhos em sua direção. “Isso não é legal”. “Um agradecimento seria legal”. “Não pedi para você pagar”. “Então?” Eu olhei para ele. Jax piscou. Recuei um pouco. Ele piscou, e minhas partes femininas estavam todas whoa, totalmente de acordo com isso, o que era uma indicação que eu precisava prestar mais atenção no que elas diziam, porque elas estavam ficando desesperadas. E eu estava me sentindo meio carente, mas quem poderia me culpar? Um minuto mais tarde estávamos de volta à estrada e eu tinha um saco enorme de comida no meu colo e dois chás doces balançando em um suporte. Não prestei atenção ao que ele tinha pedido, mas pelo peso e pelo maravilhoso-cheiro vindo do saco, era metade do menu. “Você não se parece em nada com sua mãe”, ele disse inesperadamente. Isso era verdade. Minha mãe tingia o cabelo de um amarelo sol, pelo menos costumava. Eu não tinha certeza, desde que não a via há algum tempo, mas a última vez
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que estive com ela, o dia que deixei Plymouth Meeting6 para ir para Shepherd, ela parecia... Dura. “A vida dela... tem sido difícil”. Ela costumava ser muito bonita, ouvi-me dizendo enquanto olhava pela janela, vendo varias cadeias de fast food desaparecerem. “Imagino que sim, se ela se parecia um pouco com você”. Foquei meu olhar nele rapidamente, mas ele não estava olhando para mim. Ele não estava rindo ou sorrindo. Nada sobre ele me levaria a acreditar que isso não havia sido uma opinião sincera, mas eu não era bonita, e isso não tinha nada a ver com baixa autoestima. Eu tinha uma cicatriz cortando minha bochecha esquerda. Isso tendia a arruinar algumas feições. Eu não sabia o que Jax estava planejando e nem queria descobrir. Eu tinha problemas maiores para focar as minhas preocupações Mas quando eu vi Jax sair da estrada principal, pegando uma rua paralela" um atalho" eu estava encarando ele novamente. “Você sabe onde a casa fica?” Ele grunhiu algo que eu assumi que era um sim. “Você já esteve lá?” Sua mão apertou no volante. “Algumas vezes.” Um pensamento horrível se formou na minha cabeça. “Por que você esteve na casa dela?” “Você não quis dizer ‘nossa casa’ já que costumava viver lá também?” “Uh, não. Por mais que eu morasse lá durante o colégio, nunca foi a minha casa”. Ele olhou para mim e voltou a fixar seu olhar na rua. Um momento passou. “A primeira vez que tive que ir para casa da sua mãe foi com o Clyde. Mona... ela estava festejando. Ficou tão bêbada que pensamos que teríamos que leva-la para o hospital”.
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Plymouth Meeting é uma Região censo-designada localizada no estado norte-americano de Pensilvânia, no Condado de Montgomery.
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Eu tremi. “Então voltei algumas vezes quando ela passava dias sem aparecer e nós estávamos preocupados”. Ele havia aliviado o aperto no volante, batendo os dedos nele agora. “Um dia ou outro, Clyde ou Pearl davam uma olhada para ver se ela estava bem”. “E você? Você iria vê-la, também?” Ele assentiu. Mordendo meu lábio, ignorei a onda de culpa enlameada que ameaçou subir em minha garganta. Estas pessoas, com exceção de Clyde, eram estranhos e aqui estava eu, família, e não estava fazendo essa viagem, nem uma vez ao dia, nem uma vez ao ano, para me certificar se ela estava viva ou descobrir se ela, finalmente, teria uma overdose. Afinal de contas, eu sabia o que era esse ‘dar uma olhada’. Tentei encontrar um pouco de culpa mas falhei. “Não sou próxima da minha mãe. Nós temos...” “Calla, eu percebi que vocês não eram próximas. Eu entendo”. Ele me interrompeu, atirando um sorriso descuidado em minha direção. E era descuidado porque ele deveria saber o quão poderoso era essa meia curva que seus lábios faziam para ele simplesmente joga-la ali. “Você não precisa explicar nada para mim”. “Obrigada”, sussurrei antes de pensar sobre isso, e então me senti uma idiota. Tudo o que ele fez foi um aceno em resposta. O resto do caminho até a casa da minha mãe foi feito em silêncio, e fiquei surpresa quando ele estacionou seu carro na garagem e me seguiu até a porta, carregando os dois chás doces. Quando abri a porta, olhei para ele. “Você não precisa entrar”. “Eu sei”. Ele sorriu. “Mas prefiro não comer no meu carro enquanto dirijo. Tudo bem?” Estava na ponta da minha língua o não, pronto para ser dito, mas minha cabeça tinha vontade própria, então apenas concordei enquanto abria a porta. “Bom”. Jax passou por mim e entrou na casa primeiro. 52
“Sinta-se em casa”, murmurei. Ele não me ouviu, porque estava se movendo pela casa furtivamente procurando pelos interruptores, para acender as luzes. Ele sondou a casa com um olhar intenso, cauteloso, como se esperasse que um troll saísse de debaixo do sofá gasto. Quando ele foi para a cozinha, eu o segui e, quando me disse que precisava ir ao banheiro, coloquei o saco em cima do balcão e comecei a descarregar os itens. Droga, ele realmente esteve aqui antes porque não usou o banheiro no andar de baixo. Eu ouvi seus pés subindo as escadas e me perguntei por que ele tinha escolhido o lá de cima, mas meu cérebro estava muito sobrecarregado de trabalho para que realmente pensasse demais nisso. Quando ele retornou, encontrei meu hambúrguer entre a pilha de comida que ele tinha pedido. Jax puxou uma cadeira ao meu lado e se jogou nela com graça. Ele estava sentado à minha direita. “Então”, Ele disse isso enquanto desembrulhava seu sanduiche de frango. “Quanto tempo planeja ficar aqui?” Dei de ombros enquanto arrancava os picles do meu sanduíche. “Ainda não sei”. “Provavelmente não muito tempo, certo? Não tem nada para fazer por aqui enquanto sua mãe está fazendo as coisas dela, não existem muitas razões para ficar”. Houve uma pausa. “ Você vai comer esses picles?" Quando balancei minha cabeça, ele os pegou. Eu não respondi e consegui dar duas mordidas antes que ele falasse novamente. “Você está na faculdade? Shepherd?” Minhas mãos pararam no meio do caminho para a minha boca. “Como você sabe?” Ele voltou sua atenção para seu hambúrguer, colocando os picles roubados dentro. “Clyde fala de você de vez em quando. Assim como Mona”. Cada musculo em meu corpo ficou tenso e meu estomago revirou. Qualquer coisa que minha mãe tinha a dizer sobre mim não poderia ser coisa boa. Silêncio ficou entre nós enquanto ele desembrulhava um de seus hambúrgueres e o dobrava como um burrito. “Então, o que você está estudando?”
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Coloquei meu hambúrguer meio comido de volta na embalagem. “Enfermagem.” Suas sobrancelhas levantaram enquanto ele deixava sair um assovio baixo. “Bem, minhas fantasias envolvendo enfermeiras com pequenas saias brancas acabaram de ficar melhores”. Estreitei meus olhos em sua direção. Ele sorriu. “O que te fez escolher enfermagem?” Focando em embrulhar meu hambúrguer descartado, eu dei de ombros. Eu sabia exatamente o porquê, mas a resposta não era algo fácil de admitir, então eu mudei de assunto. “E você?” “Você quer dizer, o que eu faço além de ser um bartender?” Ele terminou seu hambúrguer e pegou algumas batatas fritas. “Sim”. Eu o observei. “Além de comer muito, também”. Jax riu profundamente, aquela risada sexy novamente. “Exatamente agora, eu só fico no bar. Mas tenho meus dedos em algumas outras coisas”. Ele não elaborou, como eu, então eu não insisti, mas isso deixou pouco sobre o que conversar. “Fritas?” Eu balancei minha cabeça. “Vamos lá. É a melhor parte de se comer fast food. Você não pode recusar as batatas”. Aqueles olhos ficaram ainda mais calorosos. “É puramente gordura, carboidrato e sal. Paraíso”. Meus lábios se curvaram. “Você não parece com alguém que come muito carboidrato”. Um de seus ombros largos levantou. “Eu corro todo dia. Vou para academia antes de ir para o bar. Isso significa que posso comer o que eu quiser, quando eu quiser. De outro jeito, a vida seria uma merda se você passasse metade do tempo brigando consigo mesmo sobre as coisas que você quer”.
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Deus, eu sabia o tanto de verdade que tinha nisso. Então peguei uma batata frita. E depois duas. Ok, talvez cinco batatas fritas antes de me levantar para jogar fora nosso lixo em uma pequena lixeira que surpreendentemente tinha um saco limpo dentro. Enquanto eu lavava minhas mãos, Jax levantou e fez seu caminho até a geladeira, deixando sair outro assovio baixo enquanto a abria. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo. A geladeira estava vazia, com a exceção de alguns condimentos. Ele fechou a porta e apoiou seu quadril no balcão. Olhando para as paredes cor de manteiga, paredes que Clyde tinha pintado antes de nos mudarmos e para a pequena mesa, toda arranhada, que estava em um dos cantos, ele inalou profundamente enquanto sua feição ficava séria. Maxilar cerrado. Lábios totalmente juntos. Olhos em um tom de marrom profundo, quase mogno. “Você não vai ficar aqui”, ele anunciou. Eu pisquei enquanto me virava para que meu lado direito ficasse visível para ele. “Pensei que já havíamos conversado sobre isso”. “Não tem comida na geladeira”. “Sim, eu meio que percebi isso”. Eu pausei, cruzando meus braços. “Também não tem comida em um hotel" um hotel que eu teria que pagar. Jax inclinou seu corpo em minha direção e eu abaixei meu olhar. Cintura e quadris estreitos. Definitivamente um corredor. “Hotéis não são tão caros por aqui”. Eu estava começando a ficar irritada. Eu sabia que eu teria de ir a um mercado em algum ponto, por que eu planejava ficar, o que significava que eu precisava de comida. Eu também precisava do meu carro funcionando, o que significava mais, vai se saber quanto, dinheiro que eu teria que gastar. Eu sabia que quanto mais eu ficasse aqui, mais rápido gastaria o pouco que havia me sobrado, mas essa era minha única opção. Eu não tinha outro lugar para ir, pelo menos, não até as aulas recomeçarem no fim de Agosto. Isso se eu fosse aprovada para o auxílio financeiro. E se não fosse?
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Talvez eu conseguisse alugar um quarto para que eu pudesse dormir. Isso eram coisas que o Jax não precisava saber. “Obrigada por me trazer aqui e pela comida. Eu estou realmente agradecida e, se você pudesse me contar com quem eu tenho que falar sobre meu para brisas, seria ótimo. Mas eu estou meio que cansada e” — De repente, Jax estava diretamente na minha frente. Um segundo atrás ele estava do lado da geladeira e agora ele estava exatamente aqui. Eu inalei profundamente enquanto pressionava minhas costas contra o balcão. “Não acho que você entendeu o que eu quis dizer, querida”. Obviamente não. “Sua mãe é uma drogada. Você sabe disso”. Okay. Uma coisa era eu dizer que minha mãe era uma fodida. Agora, era outra totalmente diferente ouvir isso da boca dele. “Olhe, minha mãe " “Não vai ganhar nenhum prêmio de mãe do ano? Sim, eu sei disso”. Ele disse, e minhas mãos se fecharam em punhos. “Ela também não vai ganhar nenhum prêmio de chefe do ano, mas provavelmente você sabe disso”. “O que qualquer coisa dessas tem a ver comigo ficando aqui ou não?” eu retruquei”. “Você, na verdade, não precisa ficar nessa cidade, quanto mais sozinha nessa casa”. Minha boca caiu aberta desde que eu não estava esperando esse comentário. “O que?” “Você precisa ficar em um hotel essa noite e, logo que seu carro estiver pronto, você precisa levar essa linda bunda para a estrada, o que, espero que seja amanhã à tarde, e você não precisa voltar”. Okay. Era isso. Tudo envolvia o ‘aqui’ e eu não ligava para quão quente o cara era, sendo, provavelmente o cara mais quente que eu já tinha visto, e ainda foi cavalheiro o suficiente para me levar para casa e me comprar comida. Ou que tenha trazido para o assunto que minha bunda era linda e que havia gostado das minhas pernas. 56
Eu afastei essas coisas, esquecendo de todo o resto. “Responda uma pergunta”. Seus olhos castanhos ficaram fixos nos meus. “Feito”. Minha voz faltava doçura quando falei novamente. “Quem você pensa que é para me dizer o que fazer?” Ele piscou e, então, deixou sua cabeça cair para trás enquanto ria. “Você tem atitude. Realmente tem. Eu meio que gosto disso”. Isso me irritou ainda mais, e além do mais, era meio distorcido. “Você pode ir embora agora”. “Não até que você entenda o que está acontecendo aqui”. Jax colocou suas mãos no balcão, cada uma de um lado meu, me aprisionando. “Eu preciso que você me escute”. Eu travei e não conseguia me lembrar da última vez que um cara esteve assim tão perto de mim. “Calla”, ele disse, e eu tremi ao som suave porém profundo da sua voz dizendo meu nome. “Eu não acho que você entende o quão longe Mona foi e o que isso significa para todos que a conhecem”. Ai fugiu dos meus pulmões. “Quão longe?” “Não é bonito”. “Eu não achei que fosse”. Seu olhar segurou o meu. — Essa casa foi um antro de festas nos últimos anos. Não o tipo legal de festas que uma pessoa com duas células cerebrais vivas iria querer ir. A policia vinha aqui regularmente. Essa casa, basicamente, virou uma casa de drogas e eu não ficaria surpreso se você encontrasse pedras de crack escondidas nas gavetas da cozinha. Meu Deus. “O tipo de pessoas que ela sai? Eles são o fundo do barril. Não da para ir mais baixo que isso. E você não consegue ficar mais afundado que eles. E essa nem é a pior parte”.
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“Não é?” Como poderia ser pior que minha mãe ser dona de uma casa de drogas? Acho que só se fosse um laboratório de metanfetamina. “Ela irritou muita dessas pessoas”, ele disse e meu estômago caiu para meus pés. “Ela os deve muito dinheiro pelo que ouvi. Do mesmo jeito que Rooster”. Ela deve dinheiro? Oh, Deus, isso era má notícia. “Agora, eu sei que Clyde provavelmente não quer que você saiba, mas eu não acho que te proteger das coisas que estão acontecendo aqui vai ajudar em algo agora. Mona tem todo o tipo de pessoa errada procurando por ela. O tipo de pessoas que sua mãe se envolveu são as más notícias. O para brisas?” “O que qualquer coisa dessas tem a ver com o para brisas?” “Você veio aqui antes, certo? Alguém provavelmente tem uma pessoa vigiando essa casa, a viu e decidiu te dar um bom e velho aviso. Eles podem não ter percebido ainda que você é da família, mas eles sabem que você a conhece desde que você veio aqui. E olhe, essa coisa do para brisa pode até ser coincidência, mas eu duvido. Vamos apenas rezar que eles não tenham percebido que você é sua filha”. Ah, puta merda, isso não era bom. Meu peito se elevou rapidamente enquanto minha pulsação aumentava. Isso tinha saído da parte ruim e ido direto para ‘shitville’7. “Sim”, Eu vejo que está começando a fazer sentido. Ele disse calmamente, quase gentilmente. “E vai ficar pior daqui em diante, especialmente se ela não sair de seu esconderijo”. Virando minha cabeça para a esquerda, eu ouvi suas palavras. Elas foram absorvidas, fazendo um tremor percorrer minha coluna. Deus, um laboratório de metanfetamina seria melhor que isso. Oh mãe, no que você se meteu? Sua vida, e o que ela havia se tornado, machucaram como uma dor física e, algo que há muito tempo eu acreditei que havia morrido, surgiu dentro de mim. Uma
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Algo como ‘uma cidade cheia de merda.
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necessidade que me fez sofrer por muitos anos, uma urgência, um desejo de arrumar ela" arrumar minha mãe. Dois dedos terminaram em meu queixo gentilmente forçando minha cabeça de volta para o meio. Meus olhos se arregalaram uma vez que voltaram a se conectar com os dele. “Eles podem te usar para chegar a ela”. Meu cérebro imediatamente desligou. Essa coisa toda era muito para mim. Minha mãe roubou meu dinheiro e tinha alguém em busca de vingança com toda essa coisa do para brisas. Isso soava como um tema de filme estrelado por uma celebridade esquecida. “Querida, a melhor coisa que você pode fazer é voltar e deixar essa cidade”. Ele disse novamente, seus olhos castanhos segurando meu olhar incrédulo. “Não há nada aqui para você”. Jax quase soava desapontado por isso e, quando minha respiração voltou ao normal, seu olhar finalmente deixou o meu, se movendo para meus lábios. Sua voz estava mais profunda, mais crua quando ele falou novamente. “Nada além de problemas”.
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Capítulo Cinco
Não fui para casa no dia seguinte como Jax tinha ordenado que eu fizesse. Não porque eu não estava com meu próprio carro, ou porque ele não tinha, absolutamente, direito nenhum de me dizer o que fazer. Eu realmente não tinha outra escolha do que ficar e... E fazer o que? Rastrear minha mãe e descobrir o tipo de merda que ela tinha se metido e, esperançosamente, pegar meu dinheiro de volta? A ideia que não havia nenhum dinheiro restante era algo que eu não poderia me permitir em pensar, mas era esse o ponto, era ou ficar aqui durante o verão ou viver no meu carro. Quando eu tivesse meu carro de volta. Mas era mais que isso. Sim, a parte do dinheiro era grande, e estava associada a minha vida, mas também era sobre minha mãe. Era sempre sobre minha mãe. Quando Jax saiu na noite passada, ele queria que eu fosse com ele, para que ele pudesse deixar minha ‘linda bunda’ em um hotel que ele tinha se oferecido para pagar, mas eu recusei, imaginando que a última coisa que eu precisava era ficar devendo dinheiro a alguém. Ele tinha me avisado que iria mandar um taxi. Ele, na verdade, tinha tido a coragem de dizer para mim “Eu sei que você é mais inteligente que isso, querida, então vou te dar quarenta minutos para você se recuperar e, quando o taxi estacionar na frente da sua casa, você vai colocar sua linda bunda nele.” Mas que inferno? Então, quando o taxi estacionou e buzinou durante um minuto, eu ignorei e, eventualmente, ele foi embora. Sim, foi meio legal da parte dele se oferecer para pagar por um hotel e enviar um táxi, de um jeito muito estranho e arrogante. Mas isso era algo, esse seu lado dominante misturado com bondade, que eu não podia desperdiçar meus pensamentos. Eu tive uma noite agitada no sofá e passei boa parte da manhã vasculhando a bagunça no quarto da minha mãe — e não encontrando absolutamente nada de útil, nem
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mesmo uma pedra de crack. No entanto, tinham alguns itens no armário que eu desejei não ter visto. Um deles era uma foto emoldurada minha de quanto eu tinha uns oito ou nove anos. A outras eram os troféus" e eram grandes, ainda brilhando. Eles eram marcos de um passado que eu não podia mais ter. Depois de colocar essas coisas de volta no fundo do armário, cobrindo-as com um jeans velho, eu me aprontei para voltar para o bar. Eu não me importava em como estava vestida, mas eu levei meu tempo com minha maquiagem, cuidadosamente cobrindo a cicatriz na minha bochecha para que ficasse menos vermelha, mais rosada, e quase invisível para alguém ver de longe. Eu poderia deixar a casa usando um moletom rasgado e uma camiseta cheia de buracos, mas eu nunca deixava a casa sem ter uma grossa camada de maquiagem cobrindo meu rosto. Uma vez que isso estava feito, eu liguei para Clyde, sabendo que havia apenas outro lugar onde pudesse haver algum tipo de evidência para onde ela havia ido. Ele apareceu logo após o meio dia, e eu estava esperando por ele na varanda. Eu entrei em sua caminhonete, um Ford que era bem mais velho que o de Jax e coloquei o cinto antes que ele conseguisse sair do carro. “Menina...” “Como eu disse no telefone, eu preciso ir ao bar. Não chamaria você se tivesse meu carro”. “Jax está cuidando dele”. Eu franzi meu nariz enquanto colocava minha bolsa em meu colo. “Isso é reconfortante”. Eu murmurei, o que foi um pouco sacana porque, mesmo que ele fosse meio mandão, ele tinha sido útil. Ajeitando sua corpulência no banco, ele virou em minha direção. “Menina”, ele começou novamente. “Você vai, realmente, ficar por aqui?” Eu suspirei enquanto colocava meus óculos de sol. Eles eram bons. Imitações, mas eu achava que ficava bem com eles. “Na famosa casa de drogas? Sim. Não vou para um hotel”.
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“Calla...” “Jax já tentou me convencer a ir para um. Ele até chamou um taxi!” Mesmo que eu estivesse balançando minha mão para enfatizar, eu não perdi o jeito que os lábios de Clyde se contorceram. “Minha mãe... ela realmente me ferrou. Bem ruim. E eu imagino que ela também esteja passando por maus bocados”. Clyde pressionou seus lábios juntos enquanto colocava a marcha ré. “É ruim”. Eu respirava e tremia. “É tão ruim quanto Jax me disse?” Havia uma pequena parte de mim que esperava que Clyde iria me dizer que Jax tendia ao exagero. Não tive essa sorte. Mesmo que eu não tivesse elaborado, ele resmungou, afirmando. “Eu não sei exatamente o que ele disse, mas estou imaginando que não lhe contou tudo isso”. Fechei os olhos, apenas ouvindo os pneus fazendo seu caminho para a rua. Deus, o que eu estava fazendo? Talvez eu devesse apenas ter ido para um hotel, voltado para a escola, ligado para Teresa" Não. Eu me obriguei a parar. Ela e Jase tinham vários planos para esse verão. Viagens. Praias. Sol e areia. Eu não iria estragar isso jogando meus problemas nela" neles. Ainda mais, havia algo muito estranho sobre dormir no sofá da casa de seus amigos que eu não conseguia me acostumar. Minutos se passaram antes que Clyde falasse novamente. “Esta é a última coisa que eu queria que você fizesse”. Eu não abri meus olhos. “Você voltar? Bem, eu sempre fui realista com você, menina, e eu vou continuar sendo”. Meu coração foi parar na minha garganta e tudo que eu conseguia pensar era sobre o que Jax havia dito para mim. Que não havia nada além de problemas aqui. “Esse é o último lugar que eu queria que você estivesse e, bem, tem coisas que você não precisa ficar sabendo. Você nunca vai precisar saber, mas tem uma coisa que não mudou, e isso é você, menina”. Meus olhos se abriram. 62
“Você é boa, cada pedacinho. Sempre foi, não importando qual merda Mona te colocasse, mesmo antes do incêndio”. Um calor passou pelo meu peito, percorrendo meu corpo todo e se espalhou pela cicatriz na minha bochecha e sobre as outras cicatrizes" as piores. Era como se isso tivesse acontecido ontem. O incêndio. “Mas, não tem mais como ajudar sua mãe agora”. “Eu sei disso”, eu sussurrei, surpresa por haver um nó em minha garganta. “Não é por isso que eu estou aqui. Ela estragou minhas coisas Clyde”. Eu não estou mentindo. Ele me atirou um rápido olhar de reconhecimento. “Eu sei e eu acredito nisso, mas também sei que você está aqui, e que agora você sabe que sua mãe está numa confusão, você vai querer ajudá-la de alguma forma”. Eu inalei profundamente. “Mas vale a pena repetir”, ele continuou. “Não tem uma maneira de ajudar a Mona. Não dessa vez. A melhor coisa que você pode fazer é voltar para a faculdade e não olhar para trás”.
Uma tigela de sucrilhos estava sobre uma mesa de carvalho no escritório situado na extremidade do corredor que levava para os banheiros. Havia dois armários de arquivos atrás da mesa, e contra a parede tinha um sofá que era feito de couro e parecia surpreendentemente novo — muito mais novo do que eu tinha dormido na noite passada. Eu não fui capaz de dormir no quarto, no andar de cima. Eu nunca administrei um bar antes e não era das melhores quando se tratava de números, mas depois de passar por todos os recibos e contas, que eu encontrei extremamente organizadas, eu sabia de duas coisas. Primeiro, minha mãe não poderia estar tomando conta disso no último ano. Se você olhasse através da pilha organizada, havia uma foto da minha mãe sorrindo. Alguém estava mantendo os livros em ordem e eu duvidava que era Clyde. Deus que me perdoe, ele era ótimo em manter as coisas reais, ótimo em ser o único modelo de pessoa disponível
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ao meu redor, e fantástico na cozinha, mas tomar conta da parte financeira do bar? Uh. Não. Segunda coisa que aprendi era que o bar não estava sangrando dinheiro como se tivesse sido atingido repetidamente por uma faca mal assombrada. Essa parte da noticia me deixou confusa. Se minha mãe tinha gasto todo meu dinheiro e potencialmente o seu, eu tinha imaginado que o bar seria o próximo em sua lista. Além do mais, ele não estava na sua melhor condição. Bom, pensando bem... Eu tinha olhado o bar desde que estava sozinha, quando Clyde tinha ido direto para a cozinha para fazer um pouco de limpeza depois de ter explicado que meu carro, que não estava mais no estacionamento, estava em uma oficina no fim da rua tendo o para brisas trocado. De jeito nenhum eu queria pensar na conta. Antigamente, antes de ir para a faculdade, o Mona’s tinha sido uma bagunça. O balcão do bar estava sempre sujo, pegajoso, assim como o chão, mas a origem dessa viscosidade sempre foi questionável. As torneiras estavam quebradas. Os barris eram mais velhos que eu. Limões velhos sendo usados, sucos de frutas além da data de validade e um montão de outras nojeiras aconteciam. Mamãe sempre contratava os seus amigos para servir as bebidas. Seus amigos eram, basicamente, homens de meia-idade e mulheres novas demais que pensavam que trabalhando em um bar teriam bebidas de graça. Então a limpeza nunca foi uma prioridade. Embora o bar não estivesse no seu auge; mais como se estivesse na fase geriátrica, estava mais limpo que eu tenha dado crédito ontem. Atrás do bar, o gelo havia sido recentemente jogado fora e substituído com água quente, prevenindo que alguma bactéria nojenta se formasse. Eu não via moscas ou excrementos de pequenos bichos que, infelizmente, eram comuns em bares. O balcão havia sido recentemente limpo e o chão atrás do bar também; as garrafas estocadas e organizadas. Mesmo as mesas haviam sido limpas, assim como os cinzeiros. Então, mesmo que o bar precisasse de uma reforma, alguém definitivamente se preocupava com isso, e eu sabia que não era minha mãe.
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Meu olhar desviou para a planilha impressa do mês passado — a planilha grampeada com um zilhão de recibos — e eu fiz a varredura das linhas. Como as dúzias de planilhas que encontrei, até março do ano passado, antes de tudo ser contabilizado — contas mensais, como eletricidade e outras utilidades, renda chegando, os custos de alimentos e bebidas e avarias e, mais surpreendente, folha de pagamento. Maldita folha de pagamento. A razão por que minha mãe sempre tinha amigos trabalhando para ela, que estavam interessados apenas em bebidas de graça, era que ela nunca teria de se preocupar com a folha de pagamento. A ideia do Mona’s estar ganhando dinheiro suficiente para pagar seus funcionários regularmente era engraçada. Não com uma risada comum, mas com uma maníaca, quase louca. Mas o Mona’s tinha mantido uma folha de pagamento por quase um ano agora e tinha nomes de empregados que eu não reconhecia com a exceção de Jax e Clyde. Havia até um cara que trabalhava na cozinha nos fins de semana a noite ajudando Clyde. O Mona’s estava dando lucro nos últimos quatro meses. Nada muito grande, nem algo para ficar muito animada, mas lucro era lucro. Me encostando de volta na cadeira, eu vagarosamente, balancei minha cabeça. Como isso era possível? Se o Mona’s estava fazendo dinheiro, porque ela estava roubando... “Mas que infernos você está fazendo aqui?” Dando um gruto baixo, eu pulei da cadeira enquanto levantava minha cabeça. Todo o ar fugiu do meu pulmão. Jax estava na porta, e ele deve ser parte fantasma e parte ninja porque eu não o ouvi se aproximar. O chão rangeu a cada passo quando eu cruzei o corredor que levava para o escritório. Havia passado apenas algumas horas desde que eu tinha visto Jax, e não era como se eu tivesse esquecido dele nessas horas, mas Deus, tudo que eu consegui fazer era encará-lo por um momento.
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De banho recém-tomado, seu cabelo estava levemente mais escuro enquanto enrolava contra sua testa. A camiseta preta que ele usava parecia mais justa ainda do que a da noite passada, o que eu tinha certeza que a população feminina agradecia. Mas ele não parecia feliz por me ver. Seu maxilar estava tenso e seus lábios estavam pressionados juntos enquanto ele olhava pra mim, enquanto eu o encarava de volta como uma presa. “O que você está fazendo aqui, Calla?” Ao ouvir meu nome, eu sai do transe. Colocando a planilha e as receitas na mesa, eu estreitei meus olhos para ele. “Bem, considerando que o bar é da minha mãe, eu tenho todo o direito de estar no escritório”. “Essa é uma lógica idiota considerando que eu estive nesse bar nos últimos dois anos e noite passada foi a primeira vez que vi sua linda bunda aqui”. Calor passou por minhas bochechas enquanto eu virava a cadeira para a esquerda. “Você pode parar de se referir a minha bunda como linda?” Seus olhos ficaram em um tom profundo de chocolate. “Você prefere que eu me refira a ela como quente?” “Não.” “Sexy?” Eu inalei profundamente. “Não”. “Que tal falar do seu formato de coração e tamanho?” Minhas mãos se curvaram em punhos. “Que tal não falar dela?” Seus lábios se curvaram e estavam cheios de humor enquanto seu olhar viajava até os papeis. Ele andou até a mesa. “Você estava olhando os arquivos?” Eu dei de ombros, casualmente. “Só queria ver como o bar estava indo”. “Tenho certeza que isso não é do seu interesse”. Mas que porra? “Tenho certeza de que é”. 66
Ele colocou uma mão na mesa, ao lado da pilha de planilhas. “Não me diga”. Girando a cadeira, eu deixei meu lado direito em sua direção. “Bem, considerando que o bar é a única coisa que minha mãe vai me deixar um dia, eu tenho todo o direito de olhar a papelada”. Algo passou em seu rosto enquanto virava sua cabeça para o outro lado. “Te deixar o bar?” “Minha mãe tem um testamento. Tem há alguns anos. Então, a menos que ela tenha mudado ele recentemente, o que eu duvido que estivesse como prioridade em suas coisas a fazer, se algo acontecer a ela, Deus que a tenha, o bar é meu”. Novamente, havia aquela estranha expressão passando em seu rosto que eu não entendia. Um momento se passou. “É isso que você quer? O bar?” Claro que não. Mas eu não disse isso. “O que você faria com esse bar se você inesperadamente o ganhasse?“ ele perguntou. Eu disse a primeira coisa que passou em minha cabeça. “Eu, provavelmente, o venderia”. Jax se afastou da mesa, voltando a ficar totalmente ereto. Seus olhos eram como pedaços afiados de vidro enquanto ele olhava para mim. Lá se foi o bartender flertador. “Se você não liga para esse bar" “Eu nunca disse isso”. Não exatamente. Ele ignorou meu comentário. “Então, por que está aqui? Pela sua mãe? Isso é uma causa perdida e você sabe muito bem disso. E você não ficou no hotel ontem à noite, ficou?” Sua brusca mudança de assunto deixou minha cabeça girando. Havia dias onde eu pensava que ela era uma causa perdida e outros onde eu não me permitia pensar nisso. “Obrigada por mandar o taxi, mas"
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“Deus, você vai ser um estorvo8”. Ele se afastou ainda mais da mesa, passando seus dedos pelo seu cabelo. Os músculos nas suas costas tensos sob sua camiseta. Eu inalei profundamente, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas mais uma vez. “Eu não vou ser um estorvo 9para ninguém, camarada”. Ele soltou uma risada aguda e se virou para mim. “Não vai? Eu te disse que o tipo de merda que sua mãe está metida, e que várias pessoas ruins querem um pedaço dela e você ainda está aqui. Além de tudo está sendo" “Olhe, eu entendo o tipo de problema que minha mãe está metida e tudo isso. Não é nenhuma novidade para mim”. Bem, ela parecia estar com muito mais problemas do que o normal, mas esse não era o ponto, ou que fosse. “E as coisas com meu carro? Eu estive naquela casa por um minuto. Não tem como alguém ter me visto assim tão rápido. Sem mencionar, meu carro estava estacionado perto de um bar, não do clube de Strip do outro lado da rua. Essas coisas acontecem”. “Mesmo?” Ele cruzou seus braços sobre seu peito novamente. “Você vai frequentemente a clubes de Strip?” “Não”. eu retruquei. Um músculo pulsava em seu maxilar. Nós estávamos entretidos em uma encarada épica pelo que pareceu uma eternidade antes que ele falasse novamente. “Por que você está aqui, Calla? De verdade? Não tem nada aqui para você. Sua mãe não está aqui. Você não tem família aqui. E pelo que eu te conheço, você passou os últimos anos na faculdade, sem passar aqui para uma visita. Não estou julgando, mas você não deu a mínima durante esse tempo todo. Então, por que agora?” Whoa. Suas palavras me atingiram como uma estaca de gelo. Jax começou a andar para a porta, seus olhos nunca deixando meu rosto. “Apenas vá pra casa, Calla. Você não" “Minha vida toda está parada!” O momento que essas palavras deixaram minha boca... puta merda, eu percebi o quão verdadeiras elas eram. E era uma merda dizer isso
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No original, ‘pain in the ass’ . A tradução literal seria ‘dor na bunda’ Na tradução literal, ela fala ‘não vou ser uma dor em nenhuma parte do seu corpo’
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como se eu tivesse tomado algum tipo de ácido. Eu nem sabia o que me fez dizer elas. Talvez fosse a suavidade em sua voz que me lembrou pena. Eu não sabia. Engolindo duramente, eu o observei parar e me encarar. “Minha vida toda está parada”. Eu disse novamente, mais baixo e, então, todo o resto saiu como uma diarreia de palavras. “Minha mãe me limpou. Ela pegou tudo da minha poupança, que tinha todo o meu dinheiro, meu dinheiro para a faculdade e que eu estava planejando usar para emergências e para quando eu estivesse procurando um emprego. Além disso, ela pegou empréstimos e fez cartões de crédito no meu nome e não fez um único pagamento. Ela extinguiu minha linha de crédito e eu nem tenho certeza que eu vou ser aprovada para um empréstimo estudantil agora”. Seus olhos arregalaram um pouco enquanto ele levantava um braço, passando sua mão sobre seu peito, acima de seu coração. “Eu não tenho outro lugar para ir”, eu continuei, sentindo um caroço estranho em minha garganta e meus olhos nublados. “Eu não posso ficar no dormitório porque eu não pude pagar pelas aulas de verão. Ela me deixou com nada exceto o pouco dinheiro que eu tinha em minha conta e uma casa que, aparentemente, é um point para drogas. Além disso, ela fugiu para fazer sabe-se Deus o que com um cara chamado Rooster. E minha única esperança minha única fé nesse momento, é que ela tenha algum dinheiro, algo para me pagar de volta. Então, Sim, eu entendo que não tenha nada aqui pra mim e que eu sou um estorvo gigante, mas eu realmente não tenho outro lugar para ir”. “Merda”. Ele olhou para longe, seu maxilar cerrado. Então eu entendi. Humilhada, eu apertei meus olhos fechados. Onde estava o grampeador? Eu precisava dele para minha boca. “Merda”, ele disse de novo. “Calla, eu não sei o que falar”. Eu forcei meus olhos abertos e encontrei ele me encarando. Não havia pena em seu olhar, mas eles estavam mais claros novamente. “Não há muita coisa que você possa falar”. “Não há dinheiro nenhum aqui, querida. Nada que ela possa te dar”. Seus olhos encontraram os meus. “Eu não estou brincando com você. Isso é uma merda, mas não tem nada. Nem uma gota do lado de fora e o que o bar começou a ganhar não é muito”. 69
Eu me encostei novamente enquanto deixava sair uma respiração trêmula. Não. Não. Não. Essa palavra estava em repetição. “Se ela pegou seu dinheiro, ela não o tem mais. E se ela tivesse algum dinheiro com ela, também já teria sumido há muito tempo. Acredite em mim”. Sua voz ficou ainda mais baixa. “Não se passa uma semana onde não apareça alguém nesse bar procurando por ela por causa de uma divida”. Desviando meu olhar, eu inalei profundamente de novo. “Okay. Eu preciso aceitar que não tem dinheiro nenhum aqui e que não vou conseguir nada de volta”. Ele não respondeu a isso, o que estava okay, porque eu estava falando comigo mesma. “Então é isso. Estou quebrada. Tudo que posso fazer é rezar para conseguir a ajuda financeira”. Bile se acumulava em minha garganta enquanto eu absorvia o que tinha acabado de falar. Eu estava realmente falida. Minha vida estava realmente pausada. Eu provavelmente estava doente. “Me desculpe”, ele disse gentilmente. Eu tremi. Jax se moveu ao redor da mesa, ficando mais perto. Eu não queria ele tão perto. Nervosa, eu passei minhas mãos sobre minha calça. “Plano B, eu sussurrei”. “O quê ?” Minha voz tremia enquanto eu falava. “Plano B. Eu preciso conseguir um trabalho e fazer a maior quantidade possível de dinheiro esse verão”. Eu olhei ao redor do escritório e, de repente, eu sabia o que fazer para voltar aos trilhos. Havia um nó no meu peito e eu queria corta-lo, mas não havia como. “Eu posso trabalhar aqui”. Ele me encarou e, então, franziu a testa. “Trabalhar aqui? Querida, esse lugar não é para você”. Eu atirei um olhar. “Não parece ser o seu tipo de lugar também”. “Por que isso?” ele retrucou. “Olhe para você”. Eu gesticulei um circulo grande na frente dele. “Você não parece com alguém que trabalha em um bar decadente”. 70
Uma sobrancelha levantou. “Eu gosto de pensar que ele está um passo a cima da decadência”. “Um pequeno passo”, eu murmurei. Um lado de seus lábios se curvou para cima. “Onde você acha que eu deveria estar trabalhando?” “Eu não sei”. Me encostando na cadeira novamente, eu tirei meu cabelo da minha testa e suspirei. “Talvez na Hot Guys R Us10”. Suas sobrancelhas arregalaram. “Então você me acha quente”. Eu revirei meus olhos. “Eu consigo enxergar bem, Jax”. “Se você acha que eu sou quente, então por que você estava apreensiva em sair comigo quando você veio a primeira vez ao bar?” Eu o encarei, me perguntando como a conversa tinha chegado a esse ponto. “Isso importa?” “Sim”. “Não”, não importa. Seus olhos brilharam com surpresa. “Bem, vamos ter que discordar nisso”. “Nós não estamos concordando com nada”. Eu me levantei e parei. Ele não tinha se movido, deixando o lugar meio apertado. Eu não podia passar por ele. “Eu posso trabalhar aqui”. “Uns clientes pesados vem nos finais de semana. Talvez você devesse tentar o Outback no fim da rua ou coisa do tipo”. “Eu não tenho medo de nenhum encrenqueiro”. Eu respondi. Jax estreitou seus olhos para mim.
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Trocadilho com a loja de brinquedos Toys R Us
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“O que?” Eu levantei minhas mãos. “Não é como se o bar não precisasse da minha ajuda. E eu preciso de dinheiro. Claramente. E, talvez, trabalhando aqui eu posso fazer algumas gorjetas e recuperar meu dinheiro, mesmo que seja uma pequena parte dele”. “Gorjetas?” Ele deu mais um passo para frente, me deixando presa entre ele e a cadeira. “O que você acha que vai fazer aqui?” Eu dei de ombros. “Posso ser garçonete”. “Você já fez isso alguma vez na vida antes?” Quando eu dei de ombros de novo, ele riu. Agora eram meus olhos que estavam estreitos em sua direção. “Querida, isso não é fácil”. “Não pode ser tão difícil”. Jax me encarou por um longo momento e uma das coisas mais fascinantes de se assistir aconteceu. Cada músculo que estava tenso, relaxou e, vagarosamente, um pequeno sorriso apareceu em seus lábios. Minha barriga se remoeu. “Bem, não podemos ter isso agora, podemos?” “Ter o que?” Minha barriga fazendo barulho? Não tinha como ele ter ouvido isso. “Você não ter um lugar para ir”. Quando eu não respondi, ele inclinou sua cabeça para o lado. “Okay, querida, se você quer isso, você o tem”. Por alguma razão insana, parecia como se ele estivesse falando sobre alguma outra coisa, fazendo formar pequenas cólicas na minha barriga. “Bom”. Seu sorriso se alargou até que uma faixa de lindos dentes brancos aparecessem. “Ótimo”.
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Capítulo Seis
O bar abriu à uma da tarde e, já que ninguém tinha entrado, Jax me colocou atrás do balcão do bar para fatiar limões e limas, com apenas um aviso. “Por favor, não corte os dedos. Isso seria um saco”. Eu revirei meus olhos e nem me incomodei de responder, trabalhando quietamente até que eu tinha todos cortados e prontos. Na maior parte do tempo, eu estava confortável atrás do bar se eu ignorasse a foto, que eu queria pegar e jogar fora. Mas eu tinha coisas melhores para me preocupar. De vez em quando, eu dava uma olhada rápida em Jax. Ele estava inclinado contra o balcão do bar, tornozelos cruzados e braços sobrados sob seu peito, e sua cabeça estava virada na direção da TV. Quando saímos do escritório, ele me explicou que eu estaria no mesmo turno que ele, o que, aparentemente, começava às quatro da tarde e ia até o bar fechar. O que ele fazia no bar tão cedo hoje, eu não tinha ideia. Ele trabalhava nas noites mais movimentadas" de quarta a sábado" em turnos de dez horas. Isso era além do meu horário usual para dormir, que era em torno das onze, mas eu poderia fazer. Eu tinha que fazer. Eu não tinha tempo a perder tentando conseguir um emprego no Outback como ele sugeriu. Enquanto eu continuava a roubar pequenas olhadas, eu tentei novamente adivinhar sua idade. Eu poderia apenas ter perguntado, mas eu não tinha certeza se poderia. Ele não podia ser muito mais velho que eu, mas havia algo sobre ele que gritava maturidade. As maiorias dos caras na casa dos vinte anos que eu conhecia mal conseguiam sair da cama de manhã, incluindo a mim mesma, mas ele tinha esse ar de confiança e sabedoria que eu pensei que vinha com alguém mais velho" alguém com muitas responsabilidades.
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Eu olhei ao redor do bar, vendo que ele ainda estava vazio e percebi algo, algo que estava o tempo todo na minha frente. Meu olhar voltou para Jax, seu cabelo agora seco e bagunçado, fazendo que as ondas castanho escuro caíssem do topo da sua cabeça. Ele estava administrando o bar. Tinha que ser ele. Além disso, eu não tinha conhecido ninguém mais além de Pearl. Eu tinha visto os turnos no escritório e haviam mais dois garçons, Roxy e um cara chamado Nick. Outra atendente que trabalhava apenas de sexta e sábado chamada Gloria e, então, havia um tal de Sherwood que trabalhava na cozinha com Clyde. Talvez eu estivesse enganada e fosse um deles, mas eu tinha uma intuição que não era, e eu não sabia o que pensar sobre isso. Mas eu estava curiosa. Porque ele iria investir tanto no Mona’s? Fora do meu controle, meu olhar viajou para onde seu cabelo estava cortado logo acima da gola da sua camiseta, para suas costas e, então, viajando para seus jeans desgastados. Deus, ele tinha uma ótima bunda. Uma obra de arte. Mesmo que seus jeans não fossem nada justos, mas a forma geral" Jax, inesperadamente, virou seu pescoço, olhando sobre seu ombro para mim, justo quando eu estava olhando ele. Mais como encarando ele. Um lado de seus lábios se curvaram para cima. Ele tinha percebido. Calor passou pelo meu rosto enquanto eu rapidamente desviava o olhar, pensando em vários xingamentos. Eu não estava admirando ele. Eu não precisava admirar ele. Quero dizer, eu passei muito tempo avaliando garotos porque isso nunca levava a nada mais. Nunca poderia. “E agora?” eu perguntei, limpando minha garganta enquanto eu lavava minhas mãos antes que eu terminasse com meus dedos sujos de limão perto dos meus olhos. 74
“Nós não temos um estoque então todo dia precisamos conferir se o bar está abastecido. Também precisamos fazer uma contagem de inventário. Isso já foi feito hoje, mas eu posso te mostrar como fazer. Tenho certeza que isso mudou desde a última vez que você esteve por aqui”. Muitas coisas mudaram desde a última vez. Enquanto eu secava minhas mãos, eu me perguntei se minha mãe alguma vez tinha feito uma contagem de inventário. “Quem está administrando o bar?” A linha em suas costas enrijeceu e ele se virou totalmente para mim. “Eu preciso te mostrar onde guardamos tudo. A cerveja é mantida refrigerada, fora da cozinha. Os destilados estão nos fundos”. “Ele se afastou do balcão e saiu, me deixando sem opção além de segui-lo pelo corredor”. Quando paramos na frente do escritório, eu arrumei meu cabelo, passando ele pelo meu ombro esquerdo. “Eu sei que não é o Clyde”. Ele pegou um molho de chaves. “Não sei do que está falando, querida”. Eu franzi minhas sobrancelhas enquanto ele abria a porta. “Quem está administrando o bar? Mantendo tudo em ordem?” A porta se abriu. “Viu essa lousa?” ele apontou com seu queixo para onde ela estava pendurada perto das prateleiras. “Qualquer coisa que sair daqui, precisa ser anotada. Qualquer coisa. Essa é a mesma planilha que fazemos o inventário”. Eu rapidamente olhei para a planilha. Parecia autoexplicativa. “O mesmo para tudo que entra. Tudo está bem arrumado aqui, então vai ser fácil encontrar”. Ele se virou, me apressando para fora do cômodo, mas quando ele tentou passar por mim, fiquei no seu caminho. “Quem está administrando o bar, Jax?” Eu perguntei novamente e, quando seu olhar passou para além de mim, seus olhos se estreitando levemente, minhas suspeitas estavam confirmadas. “É você, não é?” Ele não disse nada.
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“Você vem administrando o bar e é por isso que esse lugar não é mais uma total lástima”. “Total?” Seus olhos castanhos me encontraram. Eu virei meu queixo para a esquerda. “Não é nada como costumava ser. As coisas estão organizadas e limpas. Mona’s está até dando lucro”. “Não muito lucro”. “Mas esse ano ele foi muito melhor do que foi durante os outros anos”. Eu apontei. “Isso é por causa...” minhas palavras ficaram presas em minha garganta quando suas mãos seguraram meus ombros. Eu engoli. Ele baixou sua cabeça, seu olhar segurando o meu enquanto ele falava. “Não é só por causa de mim. Nós temos pessoas que se importam e Clyde sempre se importou. Isso é porque estamos melhor. Foi um trabalho em equipe. Ainda é”. Nosso olhar ficou cara a cara e, como na última noite na cozinha da minha mãe, eu estava atordoada pelo silêncio da sua aproximação. Eu não gostava de ninguém assim tão perto, permitindo que eles vissem minha maquiagem. “Nós temos um publico melhor vindo agora”. Ele continuou, e seu olhar me impedia de desviar ou me esconder. E merda, isso era muito desconfortável considerando que eu era ótima em me esconder. Sua voz ficou ainda mais baixa. “Policiais fora de turno. Alguns estudantes da faculdade comunitária local. Até motoqueiros que vem e não causam problemas. Sem as péssimas pessoas que a Mona tinha aqui, mesmo que o publico se exalte as vezes, isso ficou melhor”. “Obviamente”. Eu murmurei. Seus cílios impossivelmente grossos baixaram, levando junto meu olhar parando na altura de seus lábios. Deus, como poderia ele ter uma boca assim? Aquele meio sorriso apareceu, aquecendo meu rosto todo. “Interessante”. Ele disse. Eu pisquei. — “O que é interessante?” “Você”.
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“Eu?” Eu tentei dar um passo para trás, mas suas mãos apertaram mais meus ombros. “Eu não sou nada interessante”. Sua cabeça inclinou para o lado. “Eu sei que isso não é verdade”. Por que parecia que o peso das suas mãos em meus ombros era, possivelmente, a coisa mais prazerosa que eu tinha sentido? Mesmo que ele estivesse apenas me tocando ali, eu sentia aquele peso percorrer todo meu corpo. Oh Whoa, isso era ruim. “Não sou”. Eu sussurrei finalmente e, então, a diarreia verbal estava de volta como uma vingança da Montezuma. “Eu sou a pessoa mais entediante que já existiu. Eu nunca fui a uma praia ou a Nova York. Nunca andei de avião ou fui a um parque de diversões. Eu não faço nada quando estou na escola e eu...” Eu parei, deixando sair um suspiro. “De qualquer modo, eu sou entediante”. Uma sobrancelha levantou. “Okay”. Deus, eu precisava achar uma agulha e linha para dar um jeito na minha boca. “Mas, nós temos de concordar em discordar disso também”. Humor brilhava em seus olhos e, o como estávamos tão perto, eu percebi as finas linhas marrom escuro perto de suas pupilas. Eu tentei me afastar novamente, mas não deu em nada. Meu peito levantou rapidamente quando inalei profundamente. “Por que você se importa tanto com esse bar?” Foi sua vez de piscar. “O que você quer dizer?” “Por que está colocando tanto empenho nele? Você poderia estar trabalhando em um lugar melhor, provavelmente lidando com menos stress que administrar um bar sozinho”. Jax me encarou por um momento e, então, suas mãos deslizaram dos meus ombros, pelo meus braços, deixando um rastro de arrepio no seu caminho antes de caírem completamente. “Você sabe, se você me conhecesse melhor, você não teria de fazer essa pergunta”.
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“Eu não te conheço”. “Exatamente”. Ele passou por mim e voltou para o bar, me deixando parada no corredor, um pouco mais do que confusa. Claro que eu não o conhecia. Eu tinha acabado de conhecer ele, ontem, então por quê? Era só uma pergunta. Eu me virei, trazendo meu cabelo sob meu ombro esquerdo novamente. Inalando. Exalando. Eu tinha um problema. Bem, eu tinha um monte de problemas, mas eu também tinha um novo. Eu queria conhecer Jackson" Jax" James melhor e não deveria. Isso deveria ser a última coisa que eu gostaria de fazer, mas não era.
Ser bartender era difícil. Porque, depois de praticamente crescer em um bar, eu os tinha evitado uma vez que sai de casa e havia anos desde que tinha estado dentro de um. Anos atrás, eu sabia como fazer a maioria dos drinks apenas de ter visto eles serem feitos várias vezes, mas agora? Eu, oficialmente, era uma merda nisso. Mais em um nível hard-core. O quase todos os drinks, meus olhos ficavam colados na receita que ficava colada perto do balcão. Por sorte, Jax não levou isso mal. Quando alguém chegava, o que começaram a fazer por volta das três, um depois do outro, e pediam um drink que parecia em outra língua para mim, ele não fazia isso mais difícil. Em vez disso, ele apenas observava, dando leves dicas se eu usasse o mexedor errado ou colocasse um pouco de bebida demais. Tendo trabalhado como garçonete, eu sabia que conseguiria sorrir para me livrar das piores situações. Com homens velhos e meio cegos, isso funcionava ainda melhor. “Leve seu tempo, querida”. Um homem mais velho disse quando eu tive que jogar fora o drink depois de ter colocado, sem medir, bebida suficiente para matar o cara. “Tudo que tenho é tempo”.
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“Obrigada”. Eu sorri e refiz o drink, o que era simplesmente gin e tônica. “Melhor?” O homem tomou um gole e piscou. “Perfeito”. Enquanto ele se afastava, voltando para a mesa perto da sinuca, Jax se moveu atrás de mim. — Aqui. Deixe-me te mostrar como fazer sem medir. Se aproximando, ele pegou um copo pequeno e a garrafa de gin. “Prestando atenção?” Uh. Ele estava parado tão próximo ao meu lado que eu poderia sentir o calor emanando do seu corpo. Ele poderia estar falando sobre quantas vezes Marte circulava o sol até onde eu sabia. “Claro”, eu murmurei. “Nós não usamos o medidor, mas é bem simples. Basicamente, para cada contagem, você está colocando 7,5ml. Então se você estiver colocando 45ml, você vai contar até seis. Para cada 15ml, você vai contar até dois”. Parecia fácil, mas depois de tentar algumas vezes, eu ainda não estava colocando a mesma quantidade em cada contagem, e tudo que estava fazendo era desperdiçar bebida. “Isso fica melhor com a prática”. Ele disse, apoiando seu quadril no balcão. “Por sorte, a maioria das pessoas prefere cerveja, shots e uns drinks mais básicos”. “Sim, mas alguém vai vir aqui e pedir por um especial do Jax e eu vou ficar parada como uma idiota”. Eu disse enquanto limpava a bebida que havia derramado no bar. Jax riu. “Só eu faço ele, então você não precisa se preocupar”. Eu o imaginei oferecendo bebidas para meninas com quem ele queria transar e, imediatamente percebi o quanto não gostava dessa imagem. “Bem, bom saber disso”. “Você está indo bem”. Empurrando para fora do bar, ele colocou sua mão nas minhas costas enquanto inclinava seus lábios perigosamente perto da minha orelha, me fazendo enrijecer enquanto ele falava, ar quente dançando sobre minha pele. “Apenas continue sorrindo como você estava e qualquer homem vai perdoar você”.
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Meus olhos se arregalaram enquanto ele andava para a outra ponta do bar, cruzando os braços enquanto um dos caras que estava sentado dizia algo a ele. Eu acho que me esqueci de como respirar enquanto estava congelada ali, encarando as costas de algum cara careca de camiseta branca. Não havia duvidas que Jax sabia flertar. Enquanto eu me afastava do balcão do bar, limpando meu rosto do que eu imaginei que fosse um sorriso estúpido, eu olhei para o fim do balcão. Jax estava rindo. Ele tinha essa risada profunda, onde ele levantava seu queixo e soltava um profundo som como se ele não desse a mínima para o mundo. O som ficou preso no canto dos meus lábios. Com quem fosse que ele estivesse falando parecia ter a sua idade, o que ainda era um mistério. O rapaz também era atraente" cabelo castanho escuro, um pouco mais comprido do que eu preferia, mas não tão longo quanto o do Jase. De onde eu conseguia ver, ele também tinha ombros largos. Caras quentes sempre andavam em bandos e deveria haver alguma explicação cientifica para suportar essa teoria. Roxy chegou no começo da noite, e ela foi outra surpresa. Eu não era a garota mais alta, tendo mais ou menos 1,70m, mas ela era uma coisa minúscula. Mal passando de 1,50m, ela tinha uma massa de cabelo castanho claro com mechas vermelho escuro preso em um coque alto. Ela estava usando uma armação preta que complementava as feições de seu rosto e estava vestida mais ou menos como eu, em jeans e uma camiseta. Eu decidi imediatamente que gostava dela, principalmente por que ela estava usando uma camiseta do Supernatural, com Dean e Sam nela. Seus olhos se arregalaram quando ela me viu do outro lado do bar, e Jax rapidamente a chamou, indicando para onde ele estava apoiado no balcão. O que quer que ele disse a Roxy fez ela olhar na minha direção. Eu odiava ser a pessoa nova. Quando ela, finalmente, terminou de falar com ele, ele voltou a conversar com o outro cara quente. Eu me forcei a inalar profundamente para me acalmar. Conhecer pessoas novas pela primeira vez era... Difícil. Teresa provavelmente nunca viu esse meu outro lado porque acabamos nos aproximando rapidamente devido nosso desinteresse 80
mutual na aula de Apreciação Musical, mas tipicamente eu não era boa conhecendo pessoas novas. Por mais patético que isso soasse, eu sempre me preocupei que eles ficassem prestando atenção demais na cicatriz no meu rosto, quando eu sabia que eles iriam, porque eu iria. Era a natureza humana. Enquanto ela dava volta no bar rindo, eu me perguntei se as pessoas poderiam mesmo ver ela atrás do balcão. “Oi,” ela disse, estendendo uma mão. “Eu sou Roxanne, mas todos me chamam de Roxy. Por favor me chame de Roxy”. “Calla”. Eu apertei sua mão, rindo. “Prazer em conhecê-la, Roxy”. Ela tirou sua bolsa de seu ombro. “Jax disse que você estuda em Shepherd, enfermagem?” Meu olhar foi direto para onde ele estava. Merda, ele trabalhava e falava rápido. “Sim. Você está na faculdade comunitária?” “Yeppers peppers”. Levantando uma mão, ela ajustou seus óculos. “Nada tão legal quanto enfermagem. Estou estudando design gráfico”. “Isso é incrível. Você sabe desenhar também?” Ela concordou. “Sim. Desenhar e pintar meio que corre no sangue da minha família. Não é a profissão mais lucrativa, mas é algo que eu amo fazer. Imaginei que transformar isso em design gráfico fosse melhor do que levar a vida de uma artista faminta”. “Estou com inveja”. Eu admiti, penteando meu cabelo sob meu ombro esquerdo. “Eu sempre quis saber desenhar, mas não consigo nem mesmo fazer um boneco palito sem que pareça estúpido. Duas coisas que realmente não tenho" jeito para artes e talento. Uma risada escapou dela. “Tenho certeza que seu talento é outra coisa”. Eu franzi meu nariz. “Conta não saber quando calar a boca?” Roxy riu novamente, e eu vi Jax olhar para nós. “Esse é um verdadeiro talento. Vou guardar minha bolsa. Já volto”. Quando ela voltou, nós trabalhamos juntas no bar e, como Jax, ela era super simpática e paciente. Os clientes adoravam seu senso de humor, o que incluía desenhos 81
nos guardanapos que ela distribuía e, aparentemente, tinha a ver com sua escolha de camisetas. Parecia que várias pessoas olhavam o que sua camiseta dizia antes de fazer um pedido. O bar não estava muito cheio, mas enquanto a quinta feira ia passando, a parte das mesas foi enchendo e, porque eu era lerda demais, eu saio de trás do bar. Jax pegou meu braço. “Você está esquecendo de uma coisa”. “O que?” Aquele meio sorriso apareceu enquanto sua mão segurava meu braço, me puxando em sua direção. Eu mordi meu lábio inferior enquanto cambaleava para frente, não tendo ideia do que ele estava tramando. Eu cheguei perto dele, perto o suficiente para, quando ele abaixou, seu braço roçou na minha coxa. “Você precisa usar um avental se vai ficar do lado de lá”. Minhas sobrancelhas levantaram quando eu olhei para o meio avental. “Sério?” Ele levantou seu queixo para Pearl. Eu suspirei quando vi que ela tinha um amarrado em sua cintura e o peguei. “Que seja”. “Vai combinar com sua camiseta”. Eu revirei meus olhos. Jax riu. “Deixe-me te ajudar”. “A última vez que olhei, eu sabia amarrar um avental sem" Eu congelei. De algum modo o avental estava de volta em suas mãos enquanto a outra estava em meu quadril, me segurando. “O que está fazendo?” “Te ajudando”. Ele se inclinou, levando sua boca para minha orelha esquerda e, imediatamente, eu virei minha bochecha. “Nervosa?” ele perguntou. Eu balancei minha cabeça, descobrindo que eu não sabia mais como formar silabas, e que isso era vergonhoso.
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Sem dizer outra palavra, ele me virou para que minhas costas estivessem de frente para ele e deslizou um braço entre a cintura e meu braço. Eu não me atrevi a me mexer. “Você pode respirar, você sabe”. Seu braço passou pela parte de baixo do meu estômago, mandando uma série de arrepios enquanto ele ajeitava o avental. “Estou respirando”. Eu me forcei a dizer. Ele tinha um tom de surpresa. “Você tem certeza disso, querida?” “Sim”. Pearl entrou no bar nesse momento, carregando uma bandeja de copos limpos. Ela levantou uma sobrancelha na nossa direção. “Ocupando suas mãos, Jackie boy?” “Jackie boy?” eu murmurei. Jax riu não muito longe da minha orelha. “Fazer nós é difícil”. “Uh-huh” Pearl respondeu. “E eu gosto de manter minhas mãos ocupadas com ela”, ele acrescentou. Meu rosto parecia que tinha sido queimado pelo sol quando ele terminou o que levou um tempo absurdo se você pensar sobre isso. Quando eu senti o puxão final do nó sendo feito, ele segurou a lateral do meu quadril. Raios sagrados em um quarto inflamável. “Tudo certo”. Suas mãos deslizaram pelo meu quadril e, então, ele estava me dando um pequeno empurrão em direção ao fim do bar. “Se divirta”. Atirando um olhar a ele por cima do meu ombro, meus lábios se partiram enquanto ele deixava sair aquela maldita risada que eu decidi que não, em nenhuma circunstância, acharia sexy. Nope. Nunca. Era totalmente sexy.
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Capítulo Sete
Ajudando a servir mesas com Pear, anotando pedidos para o bar e pegar comida da cozinha não era ruim. Eu não tinha certeza o que mudava em relação as gorjetas, desde que eu não era realmente uma funcionária que não tinha um salário fixo, mas eu esperava que não fossem ruins Era um trabalho que não precisava pensar muito enquanto eu ia e voltada, e eu podia fingir que eu tinha escolhido esse trabalho, e não que eu estava desesperada por ele. A única coisa que não conseguia evitar era me perguntar onde minha mãe estava e se ela estava bem. Era uma preocupação familiar que eu passei vários anos sendo obsessiva até que eu pudesse sentir as úlceras se formando em minha barriga. Eu não iria fazer isso novamente. Pelo menos era isso que eu dizia a mim mesma, mas se eu quisesse ser honesta comigo mesma, e com os outros, eu sabia melhor que isso. Eu deixei um prato de wings11 em uma mesa que imaginei estar cheias de policiais a paisana, ou do exército, baseado em seus, quase idênticos, cabelos raspados. E puta merda, haviam vários caras yummy sentados ali. O cara quente que Jax estava conversando se juntou a ele e, eu estava um pouco nervosa em me aproximar daquela mesa desde que eu estava imaginando eles vestidos em diversos uniformes na minha cabeça. “Obrigado”. Um dos caras disse enquanto eu colocava um suporte com guardanapos na mesa. De perto, ele tinha os mais incríveis olhos azuis. Eu sorri enquanto juntava minhas mãos. “Precisam de refil ou outra coisa?” “Estamos bem”, outro cara disse, sorrindo. Concordando, eu rapidamente andei de volta para o bar, para poder substituir Roxy em seu intervalo. Eu não tinha ideia de como Jax parecia que tinha acabado de chegar, ainda sorrindo e cheio de energia, mesmo que ele estivesse trabalhando tanto tempo quanto eu. Estalando meu pescoço, eu fui em direção a um cara, que não poderia ser muito mais velho que eu, estava esperando. O dia tinha sido longo e chinelos eram tão 11
Prato com as coxinhas da asa do frango
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inapropriados para o trabalho no bar, fazendo meus pés doerem, mas eu não queria reclamar. O dinheiro que se acumulava no bolso do meu avental ajudava a manter meus lábios em forma de sorriso. “O que eu posso pegar para você?” Ele passou a mão na frente da sua camiseta gigante enquanto seu olhar desviava de mim. “Uh, que tal uma Bud?” “Lata ou garrafa?” “Garrafa”. Seu olhar voltou para mim enquanto ele arrumava seus jeans largos. “Já trago”. Me virando, eu passei por Jax e peguei uma garrafa. Quando o Mona’s costumava ficar cheio, era uma loucura no bar e eu meio que estava surpreendentemente animada pela perspectiva. Havia algo meio Zen em ficar tão ocupada. Voltando para o cliente, eu abri a tampa, sorrindo quando um pequeno ar gelado saiu pelo gargalo. “Conta ou você vai pagando?” “Vou pagando”. Ele pegou a cerveja enquanto se inclinava sobre o balcão e murmurava. “Pena12”. Minha sobrancelha levantou. “Pena?” Eu realmente duvidava que esse era seu nome. “Me desculpe?” O cara tomou um grande gole da sua cerveja e suas sobrancelhas franziram. “É uma pena”. Eu olhei ao redor, sem ter certeza do que ele estava falando, me perguntando se ele já estava bêbado. Eu não precisei interromper ninguém ainda, e realmente não estava ansiando por esse momento. Pelo canto de olho vi Jax parar e inclinar seu corpo em nossa direção. “Me desculpe”, eu disse, “Eu não estou entendendo”. Com uma mão segurando sua cerveja, ele fez um circulo no ar em direção onde meu rosto estava. “Seu rosto”, ele especificou e eu inalei profundamente. “É uma pena”.
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Trocadinho de Shame (pena) com Shane (um nome comum)
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Cada músculo no meu corpo travou enquanto eu encarava o rapaz. De um modo, talvez porque eu estive tão ocupada, eu tinha feito o impossível. Eu tinha esquecido da cicatriz. Isso não era uma coisa fácil de acontecer. Ela não tinha somente cortado a pele, ela tinha se aprofundado, se tornando uma parte tangível de mim. Eu sabia que ela era visível, mesmo com a Dermablend13, ela apenas clareava para um leve corte, mas eu tinha esquecido. Tomando outro grande gole da sua cerveja, ele continuou. “Eu aposto que você foi realmente gostosa em um ponto”. Aquele comentário ficou. Oh Sim, era como pisar em uma buzina. Isso não deveria me incomodar, a opinião de algum idiota aleatório, mas a picada passou por mim. Eu não sabia como responder. Tinha se passado tanto tempo desde que alguém comentou sobre ela. Provavelmente porque as pessoas que me conheciam, que não ficavam horrorizadas pela cicatriz, sempre me ajudavam quando a maquiagem saia ao longo do dia. “Dê o fora”. Eu pulei ao ouvir o som de sua profunda voz, rugindo atrás de mim enquanto eu me virava. Jax estava parado ali, seus olhos brilhando e seu maxilar tenso, preso em uma linha reta. Embasbacada, eu me perguntei por que ele queria que eu saísse. Eu não tinha feito nada e não era como se ele não tivesse percebido que meu rosto era levemente desfigurado. Mas ele não estava falando comigo. Claro que não. Duh. Jax estava encarando o cara do outro lado do bar, e ele estava se aproximando. Batendo uma mão no balcão, ele pulou sobre o bar, aterrissando do outro lado a centímetros do cara. “Puta merda”, eu sussurrei, meus olhos arregalados.
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Uma marca de bases de alta cobertura.
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Eu nunca tinha visto ninguém fazer algo como aquilo. Nem sabia que era possível. Jax nem encostou nos bancos do bar. Era como se ele pulasse o bar todo dia. Talvez era isso que ele fazia no seu tempo livre, pulando de novo e de novo sobre o bar. Pearl parou no meio do salão, encarando Jax, e ela não parecia estar surpresa, o que eu achei estranho. Seu amigo que estava em uma das mesas levantou. O resto dos homens naquela mesa se revirou em seus lugares, encarando, mas não com curiosidade. Mais como se eles estivessem prontos para pular a qualquer segundo. Jax pegou a garrafa do cara enquanto empurrava o cara com a outra mão, afastando ele alguns metros. “Whoa, cara, qual seu problema?” O cara de camiseta branca perguntou se equilibrando. “Eu disse para dar o fora daqui”. Jax estava cara a cara com ele, e sendo um bom tanto mais alto, era bem impressionante. “Nesse maldito segundo, seu pseudo-gangster”. “Mas que porra? Eu não fiz nada de errado”. O cara de camiseta branca se afastou. “Apenas estava tentando beber”. “Eu não dou a mínima para o que você estava tentando fazer”. Os músculos em suas costas ficaram tensos sob sua camiseta. “Tudo que me importo agora é que você saia desse bar”. “Cara, isso é muito errado”. O cara de camiseta branca inclinou sua cabeça para o lado como se ele estivesse provocando, o que pela aparência e pelo som que Jax fez, eu podia dizer que foi uma má idéia. “Você não pode simplesmente me expulsar por essa merda”. E o cara de camiseta branca apontou diretamente para mim. Meu estômago revirou novamente e, antes que eu pudesse perceber o que estava fazendo, eu levantei minha mão, pressionando meus dedos contra a linha saltada em minha bochecha. Me forcei a afastar minha mão. Ele não havia terminado. “O que você esperava, cara? Não é minha culpa que ela é a filha da Mona. E não é como se você não pudesse ver seu rosto"
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“Termine essa frase e eu vou foder tanto com seu rosto que você vai enxergar dobrado pelo resto da sua vida, seu idiota”. Oh Deus, isso estava saindo fora de controle. Eu fui em direção ao balcão. “Jax, apenas esqueça isso. Não foi nada”. O rosto do cara de camiseta branca ficou um rosa profundo. “Aw, cara, você está começando realmente a me irritar”. Graças a Deus que seu amigo estava em pé ao seu lado agora, porque Jax parecia não ter me ouvido. “Vamos lá, Mack”, o amigo de Jax disse, segurando ele pelo braço e, de uma maneira nada gentil, o guiando pela porta. “Vamos dar o fora daqui antes que Jax encoste em você”. “Mas que porra?” Mack explodiu, me fazendo pular novamente, deixando os músculos tensos no meu pescoço e costas. “Você não está de serviço, Reece, então você pod...“ “Em serviço ou não, você pode querer repensar essa frase”. Ah, então Reece, seu amigo, era um policial. Com as mãos trêmulas, eu as esfreguei pelas minhas coxas, esperando que essa cena toda terminasse logo. Todos no bar estavam ouvindo isso sob a música, observando esse confronto. Isso só deixava as coisas piores. Jax os acompanhou em direção a porta, suas mãos fechadas em punhos, coladas junto a seu corpo. “Você é perturbada”. Mack disse, parando na porta para que pudesse ter suas últimas palavras. “Você acha que tem problemas agora? Você ainda não viu merda nenhuma. Sua mãe...” “Deus, vocês nunca aprendem”, Reece gritou, empurrando Mack porta a fora e, enquanto ele desaparecia na noite, Reece olhou para Jax. “Vou ter certeza que esse pedaço de merda saia daqui”. “Obrigado”. Jax gritou, se virando. Seu olhar pousou em mim.
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“Isso foi por causa de Mona?” Pearl perguntou em uma voz baixa, e isso respondia por que ela não estava surpresa quando Jax pulou sobre o bar. “Ela fez" “Não”. Ele gemeu, dando a volta no bar. “Cuide do bar até que Roxy saia de sua pausa”. Pearl ficou confusa, mas concordou enquanto arrumava seu cabelo loiro. “Pode deixar”. Eu não me movi enquanto observei Jax dar a volta pelo bar parando na entrada. Ele fez um gesto para mim. “Venha aqui". Meu coração estava a mil e eu não queria me mover, porque ele soava e parecia irritado, e eu não tinha certeza se ele estava bravo comigo. Depois de tudo, ele tinha concordado comigo trabalhando aqui, mas isso não queria dizer que ele estava do meu lado. Considerando que a briga quase estourou minha primeira noite de trabalho, não era um bom sinal. “Venha aqui”. Jax pediu novamente, sua voz dura e seca. “Agora”. Com minha respiração presa na garganta, meu pé se moveu em sua direção. Enquanto eu passava por Pearl na saída, ela me olhou de um jeito preocupada. Eu sabia que eu não tinha feito nada errado, mas ainda assim, nada disso era coisa boa. “Jax” Ele segurou minha mão, me puxando pelo resto do caminho de trás do bar. “Agora não”. Demandou muito da minha vontade, mas mantive minha boca fechada enquanto ele me guiava pelo corredor, em direção ao escritório. Abrindo a porta, ele me guiou para dentro e meu estômago estava em algum lugar perto dos meus pés enquanto ele fechava a porta. Eu tentei novamente, mas quando ele me virou, sua mão ainda em volta da minha, todas as palavras que eu tinha na ponta da língua morreram. Nossos olhares se encontraram por uma fração de segundo e, quando eu virei meu queixo para a esquerda, ele inalou profundamente. “Me desculpe pelo que aconteceu lá fora. Eu"
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“Você está pedindo desculpas?” Meu olhar levantou para encontrar o dele. “Sim, eu acho. Quero dizer, o cara foi um idiota, mas ele" “Você está falando sério?” Seus olhos estavam tão escuros que eu me perguntei como eles mudavam de cor assim tão fácil. “Você não tem que pedir desculpa nenhuma por aquele imbecil”. “É minha primeira noite e você teve que expulsar alguém”. “Eu não ligo se é sua primeira noite ou sua décima, se alguém agir daquele jeito, ele está fora. Sem segunda chance”. Ele estava olhando para mim, e seus olhos estavam tão intensos como se ele pudesse ver tudo além de mim. “Você não está bravo comigo?” “O que?” Seus olhos arregalaram enquanto sua mão se moveu para meu cotovelo. “Qual razão eu teria para ficar bravo com você, Calla?” Eu balancei minha cabeça. Pensando melhor sobre isso, realmente soava como uma pergunta idiota. Seus olhos se estreitaram. “Você não pode estar falando sério”. De repente, eu estava desesperada para sair desse cômodo ou, pelo menos, mudar de assunto. “Ele disse algo sobre problema, Mack disse. Ele estava falando sobre minha mãe?” “Isso não importa agora”. Eu pensei que importava. “Então por que estamos aqui atrás?” “Eu queria ter certeza que você estava bem”. Essas palavras ficaram se repetindo na minha cabeça. Ele queria ter certeza que eu estava bem e isso... Isso era gentil. “Você não fez nada de errado lá”, Jax continuou enquanto apertava gentilmente meu braço, de um jeito confortante. “Eu estou irritado porque foi tudo besteira”.
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“Sim, bem, foi, mas...” Ele inclinou sua cabeça para o lado. “Mas o que?” Calor atingiu meu rosto e eu dei um passo para trás, o mais longe que conseguia ir com sua mão ainda segurando meu cotovelo. “O que, Calla?” Ele reclamou o espaço, a ponta de suas botas encostando em meus dedos. Eu dei outro passo para trás, ficando contra a parede, minhas costas encostadas nela, e ele ainda estava na minha frente. Meu corpo todo tremia em reconhecimento. Eu comecei a desviar o olhar, a virar minha cabeça. Como na noite anterior, dois dedos encontraram meu queixo, forçando meu rosto na direção do dele, e sua cabeça estava se abaixando em direção da minha. E sua boca... Estava a centímetros da minha. “Você não acredita no que ele disse, né?” Sua voz era baixa, calma. Minha garganta ficou seca. Ele soltou meu braço e pressionou sua mão contra a parede, mantendo a outra ainda em meu queixo. “Eu não posso acreditar nessa merda”. Eu pisquei. “Não é como se eu tivesse baixa autoestima. Eu só sou realista... como a Rachel Realista14.” “Rachel Realista?” Sua sobrancelha levantou enquanto ele repetia as palavras, agora sem emitir nenhum som. “Sim”, eu suspirei. O que eu estava prestes a dizer era verdade. “Eu sei o que as pessoas veem quando olham pra mim. A maioria não diz nada porque não são idiotas, mas eu sei o que eles veem”. É desse jeito desde que eu tinha dez anos. E nada mudou desde lá. Jax me encarou, seus lábios afastados. “O que eles veem, Calla?”
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Uma página com frases realistas usando imagens de várias personagens chamadas Rachel em sitcons.
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“Eu realmente preciso falar isso em voz alta?” Eu retruquei, irritada e frustrada e sentindo mais um monte de coisa. “Eu acho que é bem óbvio”. Seus olhos encontraram os meus. “Sim, é obvio”. Mesmo que eu estivesse tentando dizer isso esse tempo todo, ouvindo ele concordar comigo ainda parecia como levar um soco. Eu queria desviar meu olhar, mas ele não estava permitindo isso. “Eu acho que precisamos voltar" Sua boa encontrou a minha. Oh meu Deus... Não houve um aviso, nada que pudesse indicar o que ele estava prestes a fazer. Um segundo eu estava falando e, no outro, sua boca estava na minha. Jax havia me beijado.
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Capítulo Oito
Meu cérebro entrou em curto circuito no momento que eu realmente entendi que Jax estava me beijando que, na realidade, seus lábios estavam nos meus. E não foi apenas um encontro dos nossos lábios. Não, não foi profundo e não envolveu línguas, nada como os beijos que eu li sobre em romances, o tipo molhado que parecia meio nojento, mas eu imaginei que, se feito corretamente, iria me fazer querer arrancar meus shorts como se não houvesse amanhã, mas esse beijo... era real. Seus lábios estavam derretidos nos meus, e eu estava impressionada pela sensação. Eles eram suaves, mas firmes, e eu não sabia que isso podia ser ambas as coisas. Eles percorreram a curva dos meus lábios, como se tivesse explorando eles. Meus braços estavam congelados ao meu lado, mas eu podia sentir meu corpo começando a se inclinar para frente, se afastando da parede indo em direção ao dele. Nossos corpos não se tocaram, o que provavelmente foi uma coisa boa. Eu estava a segundos de entrar em combustão. Jax levantou sua cabeça da minha, e eu percebi que meus olhos estavam fechados. Mesmo assim, eu podia sentir seu olhar nas minhas bochechas quentes, no meu nariz... meus olhos. “Você me beijou”, eu sussurrei, e Sim, era uma observação estupida, mas eu estava me sentindo bem estúpida. “Sim.” Sua voz soava mais profunda, rouca. Mais sexy. “ Eu beijei”. Eu forcei meus olhos a se abrirem e me vi encarando um membro não oficial da Brigada dos Caras Quentes. Ele se apoiou, um braço na parede absorvendo seu peso enquanto tirava sua mão do meu queixo. “Eu não beijo meninas que eu não acho que são quentes pra cacete ou lindas. Então, você entende meu ponto?”
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Havia uma confusão em meu cérebro. “ Você me beijou para provar um ponto?” Um sorriso sombrio apareceu. “Pareceu o jeito mais rápido de provar isso.” Era isso. Eu não sabia se deveria me sentir ofendida dele ter me beijado para provar seu ponto e que provavelmente não significava nada mais do que um beijo, ou me sentir honrada que ele pelo beijo por que achava que eu era quente pra cacete e bonita. Eu não sabia o que pensar ou dizer, então só bati minhas costas contra a parede enquanto ele se afastava. Um meio sorriso apareceu, enquanto ele ia em direção a porta e a abria. “Nada como isso vai acontecer novamente nesse bar”, Jax disse e, então, ele saiu. Ele tinha dito isso como uma promessa, uma promessa onde ele sabia que não ia conseguir cumprir, mas era mais como... outra coisa gostosa para se fazer. Eu fechei meus olhos novamente, deixando sair um suspiro enquanto apertava meu queixo contra meu peito. Três semanas atrás, eu estava vivendo em Shepherdstown com meus três Fs, perto de me formar e, esse bar nem passava pela minha cabeça. Minha vida foi focada em torno dos meus objetivos formatura, encontrar um emprego como enfermeira e desfrutar dos benefícios de ter conseguido os outros dois objetivos. Era isso. Semanas depois, tudo tinha mudado. Aqui estava eu, no Mona’s com uma mãe desaparecida, sem dinheiro, meu futuro completamente em jogo e um membro não oficial da Brigada dos Caras Quentes tinha me beijado. Nada fora planejado e nada se encaixa em nenhum dos três Fs. Mas aquele beijo... para provar um ponto ou não, tinha sido importante. Muito importante. Depois de tudo, tinha sido meu primeiro beijo de verdade.
Por varias razões eu fiquei feliz quando Pearl apareceu no corredor, me avisando que ela iria me levar para casa. Por mais que eu odiasse ser dispensada desse jeito, como se eu não pudesse opinar no que estivesse acontecendo, depois do que tinha acontecido
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com Mack e, depois com Jax, eu não era contra sair do bar e limpar minha cabeça das coisas ruins e das não tão ruins. Eu peguei minha bolsa e disse adeus para Clyde. No meu caminho, eu disse a mim mesma para não olhar para Jax, e eu consegui cumprir isso por dois segundos. Na porta, eu olhei para o bar concorrido. Jax estava lá com Roxy. Ambos sorrindo e rindo enquanto trabalhavam com os fregueses. Roxy olhou para cima, me dando um pequeno e discreto aceno, que eu devolvi. Jax nem olhou. Um pouco de nervosismo, e algo bem maior que perturbação e vergonha surgiu em meu peito. Eu tentei afastar os sentimentos enquanto seguia Pearl pelo lado de fora e focava em conseguir meu carro de volta ASAP15 no dia seguinte. Pearl manteve a conversa leve enquanto dirigia para minha casa, novamente sem eu precisar mostrar o caminho. Eu gostava dela, e pelo fato dela ter praticamente a mesma idade que minha mãe, eu meio que imaginava que era assim que minha mãe pareceria se ela não tivesse decidido desperdiçar sua vida. Quando Pearl chegou em casa, ela me parou antes que eu pudesse sair. “Oh, quase esqueci”. Se esticando em direção ao banco de trás do seu Honda velho, ela pegou um bolinho de dinheiro. “ Os rapazes que pediram as wings te deixaram uma gorjeta”. Ah, a mesa dos policiais. Sorrindo, eu peguei o dinheiro, já sabendo que era muito para uma gorjeta normal. “Obrigada”. “Sem problema. Agora, leve sua bunda para dentro e descanse.“ Ela deu um grande sorriso. Eu abri a porta. “Dirija com cuidado”. Pearl concordou e ela esperou até que eu tivesse me trancado do lado de dentro da casa para sair. Ligando a luz do corredor, eu tentei ignorar o sentimento de nostalgia que me atingiu. Meus olhos se fecharam e eu fui transportada de volta para quando tinha dezesseis, chegando em casa tarde depois de ter passado a tarde com Clyde no bar. Eu não
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ASAP = As Soon As Possible = O Mais Rápido Possível
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precisava tentar imaginar o som da risada da minha mãe. Ela sempre teve uma boa risada barulhenta e rouca, o tipo de risada que chamava as pessoas para ela, mas o lado ruim era que ela não fazia isso com frequência. E quando ela fazia, normalmente significava que ela estava tão alta que podia lamber as nuvens. A noite tinha sido ruim. A casa tinha estado cheia com seus amigos, outras crianças grandes que tinham seus próprios filhos em casa mas estavam mais interessados em festejar do que ser responsáveis. Eu andei pelo corredor, vendo o que tinha acontecido a cinco anos. Algum cara estranho tinha desmaiado no chão da sala. Minha mãe no sofá, uma garrafa em sua mão; outro cara que eu nunca tinha visto antes com seu rosto enterrado em seu pescoço e uma mão entre suas pernas. O cara no chão não tinha se movido. Minha mãe nem tinha percebido que eu havia chegado em casa. Foi o cara em cima dela que percebeu e ele me convidou para me juntar a festa. Eu tinha ido para o andar de cima, fingindo que eles não estavam aqui. Exceto que o cara no chão ainda não tinha se movido depois de uma hora e, finalmente alguém na casa tinha ficado preocupado. Ele estava morto Deus sabe há quanto tempo. Eu encarei o lugar perto do sofá, tremendo, porque eu ainda conseguia vê-lo deitado lá, com seus braços de um jeito estranho ao seu lado. As pessoas tinham fugido da casa mais rápido que um piscar de olhos, deixando eu e minha mãe sozinhas para lidar com o cara morto no chão da sala. A polícia apareceu. Não foi bonito. Papelada foi preenchida, mas ninguém do serviço social apareceu. Ninguém veio. Não que isso fosse uma surpresa. Minha mãe tinha parado depois disso... bem, pelo menos, por uns meses. Tinham sido bons meses.
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Balançando minha cabeça, eu deixei minha bolsa no sofá e empurrei esses pensamentos para longe. Peguei um elástico de cabelo do bolso e amarrei meu cabelo em um rápido coque. Sem querer passar outra noite no sofá nem no andar de cima, eu finalmente arranquei os lençóis da cama do andar de baixo e os joguei na lavadora junto com a colcha que encontrei no armário no andar de cima, me forçando a não usar muito Lysol16 no colchão. A única coisa que me impediu é que o colchão parecia relativamente novo e não haviam manchas suspeitas nele. Me sentindo ansiosa e cheia de energia em vez de cansada, eu limpei o quarto da minha mãe, jogando fora tudo que parecia lixo em sacos pretos que encontrei na lavanderia e coloquei os sacos na calçada. Não haviam roupas na cômoda e a única coisa que encontrei onde não tinha olhado antes eram alguns jeans e uns suéteres no armário. O que eu tinha encontrado no chão não completava um guarda roupa completo. Outra prova que minha mãe tinha realmente fugido. Eu não sabia o que pensar nem como me sentir sobre isso. Ela me roubou, jogando a maior bomba na minha vida. Ela tinha roubado de outros. E ela estava ai fora, ou surtando ou tão fodida que nem sabia o que tinha feito. Pegando o dinheiro do meu bolso, eu contei trinta dólares mais os vinte que os policiais tinham deixado. Essa quantia parecia excessiva, e provavelmente tinha mais a ver com pena do que meu serviço, mas para a primeira noite não tinha sido ruim. Eu guardei o dinheiro na minha carteira depois de colocar minha bolsa no quarto do andar de baixo. Suspirando, eu arrumei minha cama e guardei as roupas que tinha trazido comigo. Eu tomei um banho rápido e me sequei no que minha mãe chamava ser seu ‘banheiro acolhedor’. Acolhedor porque, se você esticasse suas penas e braços, você poderia tocar a pia, banheira e o vaso sanitário. Enquanto eu me virava e saia do banheiro, o espelho coberto de fumaça chamou minha atenção. Eu não sei porque fiz o que fiz em seguida. Anos se passaram desde que
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Uma marca de desinfetante.
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eu tinha considerado a ideia, mas me inclinando para frente, eu passei minha mão por ele, limpando-o. Talvez fosse o stress de tudo que estava acontecendo. Talvez fosse o que aquele cara Mack tinha dito no bar. Talvez fosse por Jax e o beijo. Provavelmente o beijo, mas não importava, porque eu estava fazendo isso. Eu sempre tinha evitado olhar para mim mesma, especialmente logo depois, e então, pelas várias camadas de cicatrização que vieram nos anos seguintes. Como eu disse anos desde que eu olhei meu corpo todo em um espelho. Era só algo que eu não me permitia fazer. Eu mordi meu lábio inferior enquanto eu me forçava a realmente olhar. Não apenas uma prévia, e minha respiração seguinte ficou meio presa em minha garganta. Minha clavícula era OK, pele em um tom de pêssego. Eu tinha um ótimo tom de pele, perfeito para realmente usar maquiagem e me exibir. A parte de cima do meu peito era macia. Então, meu olhar caiu. Tudo parecia como uma maldita pintura de Picasso. O mesmo tipo de cicatriz que tinha estragado meu rosto tinha tido uma chance com meu seio esquerdo, começando logo no topo do inchaço, passando em volta da aureola, por pouco não acertando meu mamilo. Eu tive sorte. Ter apenas um mamilo seria uma merda. Não que alguém tivesse visto eles, mas ainda assim, eu não queria pensar em mim mesma como a ‘Calla Um Mamilo’. Meu outro seio era bom. Ambos tinham um tamanho decente, eu pensava, mas a pele entre eles estava descoloria, um tom mais claro. Queimaduras de segundo grau. As cicatrizes eram apenas a mudança do pigmento mas, então, havia minha barriga. Eu parecia um sofá velho que alguém tinha usado vários tons de pele para fazer o tecido. Sério. Queimaduras de terceiro grau não eram brincadeira. Pedaços de pele eram de um tom profundo de rosa, outras partes desbotadas em um rosado, um pouco lisas, mas as pontas das cicatrizes na minha lateral eram elevadas. Eu podia ver isso no espelho. Meio que pareciam uma marca de nascença, mas quando eu me virei, eu vi minhas costas. Desde a parte de cima da minha bacia até meus ombros combinavam com a parte da frente, com a exceção das cicatrizes que eram piores, ásperas, 98
fazendo a pele saltar, quase parecendo rugas, e de uma cor muito mais profunda, quase marrom. Não haviam enxertos de pele nessa época. Meu pai já tinha ido embora nessa época, desaparecendo do drama e luto para o grande desconhecido. Quando eu me formei no colegial, com a ajuda de Clyde, eu consegui rastrear meu pai. Ele tinha casado novamente. Estava vivendo na Flórida. Ele não tinha filhos. E depois de uma ligação, eu sabia que ele não queria retomar os laços de pai e filha. Então ele estava ausente quando precisei retornar para os enxertos de pele nas minhas costas e minha mãe... bem, eu achava que ela tinha se esquecido das consultas ou tinha parado de se importar. Meus olhos ficaram marejados enquanto eu me forçava a continuar respirando. A dor que veio com as queimadoras tinha sido a pior experiência da minha vida, pelo menos a física. Várias vezes, mesmo quando eu era mais nova, eu tinha preferido a morte nessas horas e nos dias que se passaram. As cicatrizes não doíam agora. Apenas eram feitas. Eu fechei meus olhos enquanto me virava, mas eu ainda podia me ver. Não foi bonito. Poderia ser pior. Quando eu estive no chão pegando fogo, eu tinha visto o pior. Crianças pequenas que brincavam com fogo. Adultos em acidentes de carro. A pele, literalmente, derretia. E, então, haviam as pessoas" as crianças" que não sobreviviam aos incêndios, seja pela fumaça ou pelo fogo. Então eu sabia que poderia ter sido pior, mas não importava o que eu fizesse, não importava o quão longe eu viajasse ou por quanto tempo eu ficasse longe, a noite do incêndio ainda deixava sua marca em mim, fisicamente e emocionalmente. E isso tinha deixado sua marca na minha mãe. Beijar.
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Eu mordi meu lábio inferior até sentir gosto de sangue. Beijar era estúpido. Ter uma queda por Brandon tinha sido estúpido. Beijar Jax Johnson era ainda mais estúpido. Tudo era estúpido. Correndo para longe do espelho, eu vesti um shorts de algodão com uma camiseta de manga longa. Por alguma razão, não importando a época do ano, essa casa ficava gelada e poderia ficar pior a noite, então coloquei também um par de meias para manter meus pés quentes. Eu fui para a cozinha, minha barriga fazendo barulho, mas a viagem foi bem inútil porque tudo que havia na dispensa eram bolachas de agua e sal. Pegando um pacote, eu me prometi que, não importando a condição que meu carro estivesse, eu iria ao mercado e gastaria um pouco daqueles cinquenta dólares em lamen17. Levando o pacote de bolachas e um pouco do chá que eu tinha feito ontem a noite para a sala, eu parei quando ouvi uma batida na porta. Eu coloquei as bolachas numa almofada e olhei para o relógio na parede. Se as horas tivessem certas, era quase uma da manhã, então o que poderia ser? Ainda parada, eu pisquei quando ouvi a batida novamente. Nervosa, eu me virei de corri Silênciosamente para o estreito corredor. Me esticando, eu olhei pelo olho mágico. Eu franzi meu nariz. Pelo que eu podia ver, não tinha ninguém. Apoiando minhas mãos na porta, eu olhei novamente pelo olho mágico. A varanda estava vazia. “Mas que inferno?” eu murmurei. Pensando que eu poderia estar louca, eu destranquei a porta. Abrindo apenas uma brecha, eu imediatamente reconheci meu erro. A varanda não estava vazia. O cara estava sentado e se levantou bruscamente, fazendo meu coração disparar. Pelo que eu pude ver do cara na fraca luz da noite, não era coisa boa. Alto e realmente magro, ele tinha um cabelo loiro na altura dos ombros e estava gorduroso e fedido. Seu rosto era esquelético e seus lábios estavam cortados. Eca. Eu não queria ver 17
Macarrão instantâneo (o famoso miojo)
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mais nada . Eu dei um passo para trás, para fechar a porta, mas quando tentei ele bateu uma mão na porta. “Eu preciso ver Mona”. Ele disse, voz rouca e seca. “Ela n-não está aqui. Desculpa”. Eu comecei a fechar a porta novamente, mas ele colocou uma perna na fresta e empurrou, empurrou mais forte que eu pensei que pudesse, me empurrando para trás. Eu bati na parede, minha cabeça indo junto. Havia um pequeno fio de dor que rapidamente aumentou quando a porta voou em minha direção, batendo na minha testa. “Puta merda.” Eu gemi O cara com o cabelo gorduroso entrou, olhando para onde eu estava espremida como um inseto. “Desculpe”. Ele disse, empurrando a porta de mim e a fechando com sua bota de motoqueiro. “Eu preciso ver Mona”. Eu pisquei algumas vezes e pressionei minha palma contra minha testa. Por um momento, eu achei que tinha visto passarinhos. “Mona!” O homem gritou, andando pelo corredor. Gemendo, eu abaixei minha mão me endireitei enquanto o cara entrava na sala, ainda gritando o nome da minha mãe como se ela fosse magicamente aparecer. Eu corri pelo corredor, ainda meio tonta. “Ela não está aqui”. O cara do cabelo gorduroso estava parado na frente do sofá, seus ombros arqueados. Numa luz mais clara, eu realmente não queria ter visto o que vi. O homem estava sujo sua camiseta e seu jeans. Seus braços estavam descobertos, o lado de dentro coberto de marcas vermelhas. Merda. As marcas. O cara do cabelo gorduroso era um drogado. Merda dupla.
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“Mona não está aqui,” eu tentei novamente, meu coração acelerado em potência máxima, o que fazia com que minha testa parecesse a miniatura de uma taboa sendo martelada. Ele se virou para mim, seu maxilar tenso. “Ela me deve”. Merda tripa. Isso estava em tudo que era lugar e, agora, perto de mim. O cara do cabelo gorduroso se virou para mim, seus olhos eram um azul pálido, sem foco. Eu não tinha certeza se ele estava me vendo. “Ela deve ter alguma merda aqui. Sei que ela tem”. Meus olhos arregalaram. Melhor que não tivesse merda nenhuma aqui. Sem dizer outra palavra, ele passou por mim, indo para o quarto. Meu coração pulou no meu peito. “O que você está fazendo?” eu ordenei. Ele não respondeu enquanto ele foi direto para a cama, arrancando os lençóis limpos e as fronhas. “Hey!” eu gritei Ainda assim ele me ignorou enquanto deslizava suas mãos sobre o colchão e o virava. Quando ele não encontrou nada, ele deixou sair vários xingamentos. Oh, isso estava indo mal e rapidamente saindo do controle. Eu andei em sua direção, mas ele me empurrou de volta e gritou. “Fique longe!” Meu estômago revirou, e eu fiquei longe enquanto ele ia para a cômoda, tirando minhas roupas dobradas, depois indo para o armário. Por algum motivo divino, ele não foi em direção a minha bolsa depois de ter revirado o quarto todo que eu tinha acabado de arrumar. Então ele parou na entrada do banheiro, suas costas retas. Um olhar estranho passou pelo seu rosto. “Merda”. O cara do cabelo gorduroso se virou e saiu do quarto, indo para as escadas.
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Oh não. Onde ele achava que estava indo? Com as mãos trêmulas, eu tentei ficar na sua frente, bloqueando as escadas. “Me desculpe, mas ela não está aqui. Eu não sei onde ela está ou o que você está procurando, mas você não precisa" Ele colocou uma mão em meu peito, me empurrando, ficando exatamente na minha frente. Seus dentes eram amarelos, alguns completamente podres, seu hálito cheirava como lixo podre. Bile subiu para minha garganta. “Olhe, eu não sei quem você é e não dou a mínima. Mas eu não tenho nenhum problema com você”. Ele disse. “Então, não me faça ter problemas com você. Okay?” Me forcei a concordar. Eu não queria ter problemas com ele. “Entendi”. Ele me encarou por um momento então seu olhar se voltou para minha bochecha. “Você é a filha da Mona, não?” Eu não respondi por que eu não sabia se isso queria dizer que eu teria problemas com ele. “Merda, isso deve ser uma bosta para você”, ele disse então, abaixou sua mão. O cara do cabelo gorduroso subiu a escada. Contra o bom senso comum, eu o segui pela escada até o quarto meu antigo quarto. O cara do cabelo gorduroso sabia pelo que estava procurando. Ele foi direto para o armário e abriu bruscamente a porta, me surpreendendo pelo fato dela não ter quebrado. Então ele ficou de joelhos, se inclinando para um espaço apertado. Segurando minha respiração, eu espiei por trás dele, debatendo comigo mesma se eu deveria pegar o abajur e atacar ele. O cara do cabelo gorduroso tateou o lugar, tirando caixas de sapato do caminho e, quando eu não podia ver o que ele estava fazendo, ele se afastou. Ele empurrou um pedaço do fundo um pedaço que havia sido cortado propositalmente, que provavelmente escondia um buraco. Oh não. “Oh Sim”, o cara do cabelo gorduroso se levantou, se afastando do armário, perdendo o equilíbrio. “Sorte grande. Uma puta sorte grande”.
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Eu não queria olhar, mas eu tinha que. O cara do cabelo gorduroso estava segurando não um, mas pelo menos, dez pacotes Ziploc pacotes cheios de algo marrom que me lembrava açúcar mascavo. “Oh meu Deus”, eu sussurrei. O cara do cabelo gorduroso não me ouviu. Ele estava olhando para os pacotes em sua mão como se ele estivesse há segundos de abrir um e enfiar seu rosto naquela porcaria. Meus joelhos estavam fracos. Tinha drogas na casa, drogas escondidas em um lugar secreto no meu armário, no meu antigo quarto. Não maconha ou algo relativamente inofensivo, mas algo que eu apostava que era realmente ruim e realmente caro. O cara do cabelo gorduroso parecia ter esquecido que eu existia, o que era ok por mim. Ele desceu pelas escadas e, uns segundos depois, ouvi a porta bater, fechada, me fazendo pular. Eu não sabia quanto tempo fiquei naquele quarto, olhando para a porta aberta do armário antes que eu forçasse meus pés a se moverem. Eu fui para o andar de baixo, para o quarto, pegando meu celular da minha bolsa. Minha mão tremia enquanto eu ligava para Clyde. Ele respondeu no terceiro toque. “Você está bem, pequena?” Era tarde e ele, provavelmente, ainda estava no bar. “Um cara esteve aqui”. Ouve uma pausa, então sua voz ficou realmente baixa e séria. “O que aconteceu?” Eu disse a ele tudo com pressa, então ele me disse para me assegurar que a porta estava fechada bom ponto e para aguentar. Ele estava vindo. Não havia nada que ele pudesse fazer agora, mas eu estava grata. Na verdade, eu estava assustada. Muito assustada. Eu me assegurei que a porta do armário do quarto da minha mãe estava fechada, reapliquei maquiagem, mesmo que fosse apenas Clyde e, nos vinte minutos seguintes, eu fiquei sentada no sofá, segurando meu celular perto do meu peito até que ouve uma rápida, forte, batida na porta da frente.
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Eu olhei pelo olho mágico novamente e dessa vez eu vi alguém do lado de fora alguém que mandou meu coração já acelerado a um nível de ataque cardíaco. Jax estava parando do outro lado da porta.
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Capítulo Nove
“Mas que porra você estava pensando?”, foi a primeira coisa que saiu da boca de Jax quando eu abri a porta. Eu tinha uma pergunta melhor. “O que você está fazendo aqui? Eu liguei para Clyde”. “E Clyde me disse, então estou aqui”. Ele me afastou, segurando a porta e a empurrou, fechando e trancando-a. “Você não respondeu minha pergunta”. Ainda não aceitando o fato de Jax estar, de repente, na minha varanda, eu pisquei lentamente. “Que pergunta?” “Por que você abriu a porra da sua porta no meio da noite”. “Oh”. Eu olhei primeiro pelo olho mágico, você sabe. Jax ficou me encarando. “E eu não vi ninguém”, eu acrescentei em minha defesa. Ele dobrou seus braços bem definidos sobre seu peito. “Então, deixe-me ver se entendi direito. Você ouviu uma batida na porta, foi e realmente usou o olho mágico mas, quando não viu ninguém, você pensou Oh, mas que inferno, eu vou apenas abrir a porta? Você, por acaso, pensou que alguém poderia estar se escondendo?” Oh wow, ele parecia irritado, mas ele poderia ir se ferrar. “O cara não estava se escondendo. Ele estava sentado”. Suas sobrancelhas castanhas dispararam para cima. “Você sabia disso quando abriu a porta?” “Bem, não, mas" “Então, por que inferno você a abriu?” Ele perguntou novamente, seus olhos ficando escuros.
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“Veja, eu entendi que abrir a porta foi idiotice”. Segurei mais forte meu celular, meio que querendo bater com minha outra mão em seu peito. “Eu não estava pensando”. “Não brinca”, ele rugiu. Meus olhos se estreitaram. “Eu entendi. Eu não preciso que você aponte meu erro”. “Jesus Cristo, Calla, eu te disse o tipo de merda que sua mãe estava envolvida e eu te disse para não ficar aqui. A última coisa que você precisava fazer era abrir a porta no meio da noite”. Eu inalei profundamente enquanto ajeitava atrás da orelha meu cabelo ainda úmido. “Entendi. Obrigada pelo serviço de mensagem. Agora você pode...” Eu parei, meus olhos arregalando. Uma expressão assustadora apareceu em seus olhos e, de repente, ele estava bem na minha frente, se movendo como no escritório mais cedo. Eu me afastei, acertando a parede, e não havia outro lugar que pudesse ir. A ponta de seus dedos pressionaram levemente na minha teste, do lado direito. Seu olhar, confuso e sombrio, estava fixo naquela área. Meu coração batia tão rápido como quando o cara do cabelo gorduroso tinha entrado na casa. “Jax...?” Seu olhar se moveu para o meu. “Ele bateu em você?” “Não”. Eu sussurrei. “Então, o que aconteceu com sua testa? Está vermelha e inchada”. Sua voz era gélida e dura. “Foi a porta. Quando ele empurrou para abrir. Eu meio que estava parada no caminho”. Raiva surgiu naqueles olhos, e seu maxilar ficou tenso. “Ele realmente não me machucou, Jax. Ele apenas queria pegar o que tinha nessa casa”. A tensão em seu maxilar não aliviou e um longo momento se passou onde eu não consegui respirar. “Você está bem?”
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Nosso olhar se encontrou novamente. “Sim. É só que... me assustou”. Eu não esperava por aquilo. Soava estupido considerando que ele tinha me avisado. “Eu não sabia que aquele tipo de coisa ainda estava na casa”. “Eu sei”. Sua voz ficou mais baixa, mais suave e quanto mais ele olhava para mim, mais pequenos redemoinhos se formavam em meu peito, o que eram vários avisos para me afastar. “Clyde disse que você contou para ele que o cara achou alguma coisa?” Eu concordei. “Sim. No andar de cima, no meu antigo quarto. No armário”. “Merda”. Ele murmurou, claramente enjoado. Seus dedos vagarosamente trilharam a lateral da minha cabeça, então ele se virou, andando pela casa. Um momento se passou onde eu apenas fiquei ali, parada, uma mão segurando o telefone entre meus seios. Então me forcei a me afastar da parede. Ainda sem saber porque Jax veio no lugar de Clyde, eu o segui. Ele estava no meio da escada, e nenhum de nós falou até que ele estivesse na frente do armário, segurando um pedaço de reboco. “Você viu exatamente o que ele pegou?” ele perguntou. “Eram várias sacolas de algo que parecia como açúcar mascavo. Eu acho que não era isso”. “Merda”, ele murmurou, soando distraído. “Parece como heroína. Pequenos sacos ou grandes?” Heroína. Deus, minha mãe usava essa merda agora? “O que você quer dizer com pequeno? Como do tamanho de um saco de sanduiche?” “Não”. Ele tossiu rindo enquanto se levantava, se virando para mim. “Um saco para sanduiche cheio de heroína não seria pouco. Era pequeno?” Ele levantou a mão, afastando seu dedo indicador de seu dedão alguns centímetros. “Que tal assim?” “Eram vários sacos Ziploc, Jax. Haviam por volta de oito deles e eles estavam cheios”. Meu coração pulou uma batida quando seu rosto ficou branco. “Isso... isso é ruim, certo?” “O caralho que é”. Ele passou sua mão pelo seu cabelo. “Parece que tinha por volta de um quilo ou mais nesses sacos. E, pelo jeito que você descreveu, parece heroína preta”.
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Eu sabia que o quanto era um quilo devido as classes que eu tinha, mas eu não sabia o quanto isso era traduzido para o mundo das drogas. “Preta?” “Uma mais cara, pelo que eu ouvi falar”. As paredes começaram a andar, de repente. “Quão cara?” “Merda. Algo por volta de setenta mil até cem mil pelo quilo”. Ele explicou, inalando profundamente. “Realmente depende do grau de pureza se era coisa de primeira linha ou não. Poderia até valer alguns milhões”. “Oh meu Deus”. Meus joelhos ficaram fracos. “Como você sabe dessas coisas?” Seu olhar terminou em mim. “Já estive por aqui algumas vezes”. “Você usava heroína?” “Inferno, não”. Ele não explicou. “Me diga como esse cara parecia”. Depois que eu terminei de descrever o cara do cabelo gorduroso, Jax parecia ainda mais tenso. “Duvido que era dele o que ele pegou. E eu não acho que era da Mona, também”. Meu estômago revirou. “Você acha que ela estava... guardando para alguém?” Ele concordou. “Vamos apenas rezar que era para esse cara que ela estava segurando. Se não...” Oh Deus, eu não precisava ser um chefe do tráfico para entender o que ele disse. Se minha mãe estava guardando drogas desse valor, o dono iria, eventualmente, aparecer procurando por isso, e com isso tendo sumido, ela estava além da salvação. Ela estava afundando. Tudo que podia esperar, como Jax tinha dito, era que aquela merda pertencesse ao cara de cabelo gorduroso. Ele parecia saber exatamente o que era. Enquanto íamos para o andar de baixo, meu telefone tocou em minha mão. Levantando-o, eu vi que era Clyde ligando. “Alô?” “Você está bem, pequenina?” ele disse em sua voz grossa e profunda. “Sim”. “Jax está aí?”
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“Sim”. Ele exalou profundamente. “Ele é um bom rapaz. Ele vai te proteger”. Eu franzi meu nariz, não por causa das palavras do Clyde, mas porque Jax estava no quarto, pegando as coisas que o cara do cabelo gorduroso havia espalhado, o que incluía alguns pares de roupa íntima. “Uh, tio Clyde... eu preciso ir”. “Eu quis dizer isso, pequenina, ele vai ficar ao seu lado”. Clyde continuou e suas palavras doeram mais ainda em meu peito, fazendo ele inchar, mais ainda que antes. “Você me ouviu?” “Sim”, eu sussurrei. “Eu ouvi”. “Bom. Me ligue de manhã. Okay?” “Vou ligar”. Eu desliguei e, vagarosamente, entrei no quarto, meu coração pulando alguns batimentos em meu peito. Eu parei logo na porta. “Jax, o que está fazendo?” “O que parece que estou fazendo?” Ele arrumou o colchão. “Eu duvido que essa seja sua idéia de arrumar o quarto”. “Não, mas eu posso cuidar disso. Você não precisa" “Eu estou ajudando, então não discuta sobre isso”. Ele se inclinou, pegando o lençol e jogando em minha direção. “E eu vou passar a noite aqui”. O lençol caiu no chão. “O que?” “Eu vou ficar aqui com você”. Ele continuou arrumando o outro lençol no colchão. “Eu posso ficar no sofá”. Seus grossos cílios levantaram, seus olhos voltando a um tom marrom. “Ou eu posso ficar aqui...” Eu não tinha palavras. Ele pegou outro lençol da onde estavam jogados e eu apenas fiquei ali enquanto ele terminava de arrumar a cama e voltava a pegar as roupas que estavam espalhadas. Quando ele pegou um punhado de coisas coloridas, sedosas, eu sai do transe.
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Eu corri para frente, pegando minhas calcinhas de sua mão. “Você não vai ficar aqui”. “Então você vai vir ficar comigo”. Um minuto passou antes que eu conseguisse processar essa informação. “Eu não vou ficar com você”. “Então eu vou ficar com você, aqui”. Ele começou a pegar o que havia sobrado das minhas roupas no chão enquanto eu enfiava minhas calcinhas em uma gaveta. “Essa casa não é segura, obviamente, especialmente quando você abre a porta para qualquer ladrãozinho" “Eu não vou abrir a porta de novo!” eu gritei. Pausando enquanto fechava a gaveta da cômoda, ele se endireitou e, enquanto fazia isso, o canto de seus lábios levantou. “O que você está vestindo?” “O que?” e olhei para mim mesma. A camiseta era preta, com um sutiã embutido, graças a Deus, porque eu não queria ficar toda ‘livre’, e o shorts de dormir era de um rosa claro. “O que está errado com o que estou vestindo?” “Nada”. Rindo, ele fechou a gaveta. “Gostei das meias. São fofas. Você é fofa”. As meias eram xadrez azul e rosa, e elas eram fofas. — Obrigada. Eu murmurei, distraida pelo zumbido prazeroso que invadiu meus pensamentos. O que era ruim. Muito ruim. Mais para muito, muito ruim, porque não deveria haver nenhum zumbido de nenhum tipo. Eu tentei afastar isso. “Você não vai ficar" “Então você vai para minha casa? Bem melhor”. Minha testa começou a latejar. “Eu não vou ficar na sua casa”. Jax se moveu para o pé da cama, perto da montanha de travesseiros. Isso era um costume da minha mãe que nunca mudou. Ela sempre tinha, pelo menos, cinco travesseiros na cama, e eles nunca tinham mais de um mês de idade. “Por que você é sempre tão do contra?” Eu fiz uma careta para ele. “E, porque você é sempre tão mandão?”
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Ele sorriu em minha direção. “Querida, eu não fui mandão ainda.” “Yay...” eu fiz o gesto dos ‘dedos dançantes’ em sua direção. Rindo, ele pegou dois travesseiros e rodeou a cama. Suas longas pernas o levaram logo para meu lado e ele parou a apenas alguns centímetros longe. “Você pode dizer que não posso ficar o quanto quiser. Grite. Balance seus dedos pra mim. Que seja. Não vai mudar nada porque eu duvido seriamente que você consiga me tirar desta casa. Você entendeu o que eu disse?” Eu senti meus olhos arregalarem. Sim, eu entendi o que ele estava dizendo, e eu não gostava, então eu me perguntei se dar um chute em suas bolas ajudaria fazer ele entender o que eu estava dizendo. Jax abaixou seu queixo, e por fazer isso, seus lábios estavam na mesma distância dos meus. Apesar da irritação que perambulava em minha pele como um exercito de formigas, meu coração pulava em meu peito. “Eu sei, lá no fundo, você entendeu o porque eu estou aqui em vez de Clyde.” Uh. Na verdade, eu não entendia. Eu queria dizer isso a ele, mas ele continuou. “Eu quero ter certeza que você está em segurança desde que você vai ficar... bem, muito tempo.” Ele virou um pouco, inclinando sua cabeça no processo. Uma batida se passou e seus olhos alcançaram os meus. “E ficar aqui sozinha não é seguro, então vou deixar aqui seguro para você.” Um suspiro escapou pelos meus lábios, já afastados. Uma urgência crescia vinda de algum lugar. Meu corpo queria se inclinar no dele. Merda. Essa era uma coisa muito estranha. Nunca tive essa vontade de me apoiar em um cara. Mas eu me sentiria segura por me apoiar nele, ficar perto. Eu sabia que seu corpo seria caloroso, e seria duro em todos os lugares certos. Oh cara, meus pensamentos estavam indo para o lugar errado" o lugar pervertido" mas eu não conseguia me conter. Jax... ele era lindo de um jeito que parecia impossível, intocável e ele tinha sobrancelhas ótimas. Sério. Mais escuras que seu cabelo ondulado. Naturalmente arqueadas. Penetrantes. Elas eram apenas sobrancelhas, mas eram quentes.
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Mas era mais que isso. Deus todo poderoso, eu poderia cometer um pecado mortal só de pensar, mas ele era como um Cam 2.0. Porque, pelo que eu sabia sobre Jax, ele era legal, realmente real, o que deixava ele extremamente perigoso para minha saúde mental, mas eu imaginava que ficar louca por ele seria uma aventura. Eu apenas sabia que eu, provavelmente, não me recuperaria de algo assim. Mas eu podia praticamente sentir seus lábios nos meus. Quando ele me beijou mais cedo, tinha sido para provar um ponto de vista, mas eu podia sentir isso agora. Algo profundo e quente brilhava em seus olhos, e eu me perguntava se ele sabia no que eu estava pensando. Oh Deus, eu rezava para um pequeno e gordinho bebe Jesus que ele não soubesse. Seus cílios baixaram, e meus lábios tremeram pelo peso de seu olhar. “Sim, eu acho que você está começando a me entender.” Então ele passou por mim em direção a sala. “Eu preciso de um adulto,” eu murmurei, vagarosamente virando para ver ele perto do sofá na sala. “Oh, antes que eu esqueça"“ “Não mude de assunto!” eu bati meu pé e estava orgulhosa disso. Ele olhou sobre o ombro para mim, sobrancelhas arregaladas. “Você, por acaso, acabou de bater o pé?” Calor subiu para minhas bochechas enquanto eu respondia. “Talvez.” Os lábios de Jax se curvaram. “Fofo.” “Não é fofo! E você não vai ficar aqui. E eu"“ “E você vai me dar uma carona amanhã de manhã quando você voltar para o bar,” ele terminou, parando na frente do sofá.
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“Eu não vou te dar...” minha irritação sumiu enquanto eu absorvia suas palavras. “O que?” “Eu vou precisar de uma carona amanhã,” ele repetiu, deixando cair os travesseiros contra o braço do sofá. “Eu dirigi seu carro até aqui. O para brisas tá consertado.” Eu fiquei encarando ele por tanto tempo que ele provavelmente pensou que havia algo de errado comigo, então eu passei correndo por ele até a janela ao lado da TV. Eu abri as cortinas e ali estava, meu Focus, estacionado na entrada de carros. “Deixe-me adivinhar. Sem TV a cabo?” Jax perguntou. “O que?” eu olhava pela janela, meu coração acelerado. “A TV? Mona provavelmente não manteve as contas da TV a cabo pagas.” Algo parecendo o som do controle caindo na mesinha. “Eu tenho TV a cabo na minha casa. HBO. Starz. Apenas dizendo.” Havia um nó na minha garganta enquanto eu me virava para ele. “Quanto... quanto eu te devo pelo para brisas?” “Nada.” “Eu preciso pagar você por isso. Não é a mesma coisa do que você me comprar comida. Eu não estou tão falida assim. Eu posso pagar"“ “Eu não paguei por ele.” Ele correu seus dedos pelo seu cabelo enquanto me observava. “Como eu disse, o cara" seu nome é Brent" me devia um favor. Ele cuidou do para brisas. Sem custo.” “Ele te devia um favor?” eu repeti embasbacada. “Você é tipo o que, um gângster?” Ele jogou sua cabeça para trás e deixou sair uma risada profunda, fazendo minha barriga se revirar. “Não.” Eu gostava da sua risada.
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Me afastando da janela, eu, de repente, senti... eu não sei o que senti. Alívio? Tensão? Surpresa? Pareciam todas essas coisas juntas, mas eu sabia que não podia reclamar de um presente assim. “Obrigada.” Um ombro levantou. “Não é grande coisa.” “É.” Um momento passou. “Está cansada?” Não. Eu estava agitada, ansiosa. Eu sentia como se meus ossos e músculos estivessem saindo pela minha pele, mas eu menti e disse sim, porque eu não queria pensar que poderia ficar mais tempo no mesmo cômodo que ele. Havia uma queimação atrás dos meus olhos que eu precisava controlar. Seus olhos encontraram os meus por um segundo então, ele se jogou no sofá. Ele não disse nada mais enquanto eu andava para o pequeno armário e pegava outra colcha que eu tinha visto mais cedo. Eu voltei, coloquei ela no braço do sofá, o mais afastado dele. “Por sinal...” Jax me deu outro meio sorriso que fez meus dedos do pé encolherem dentro das minhas meias enquanto eu me virava em sua direção. “Esses shorts e essas pernas? Maldita perfeição.”
Me virando de costas, eu encarei com olhos arregalados. Os diversos padrões cobrindo as janelas no quarto estavam quebrados, então pequenos vislumbres do luar entravam no quarto. Eu me virei e me revirei pelo que pareceram horas, sem conseguir desligar meu cérebro. Cada vez que eu me movia, a cama rangia um pouco. Ou, talvez, muito. Soava extremamente alto para mim, mas meu coração palpitava tão alto. Jax estava deitado no sofá, apenas alguns passos distantes desse quarto. E ele tinha me beijado mais cedo. E tinha arrumado meu para brisas. E ele tinha dito que minhas pernas e meus shorts eram uma maldita perfeição. Qual era esse seu fascínio com minhas pernas?
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Virando de estômago para baixo, eu gemi para o travesseiro. Minhas pernas não deveriam importar. Obviamente, não era importante, mas eu estava cismada no porque ele ficava focando nas minhas pernas. Haviam outras coisas sobre mim, coisas mais notáveis como meu rosto, que chamavam atenção. Não minhas pernas. Mas ele tinha me beijado e ele estava no cômodo ao lado, aqui, e meus lábios estavam formigando novamente. Meu primeiro beijo" aos vinte e um anos, eu tinha experimentado meu primeiro beijo. Finalmente. E eu nem tinha certeza se era um beijo real. “Deus,” eu gemi no travesseiro. Me virei novamente, decidida a não pensar mais sobre Jax, porque era definitivamente sem sentido. Então a próxima coisa que pensei era sobre a heroína. Muita heroína. Heroína que valia, talvez, milhares de centenas de dólares. Quanto será que realmente tinha ali? E se chegasse na rua? Quantas vidas iria infectar e arruinar? Centenas? Milhares? E eu tinha estado nesta casa" a casa da minha mãe. Eu apertei meus olhos fechados enquanto ansiedade consumia meu estômago, se espalhando como uma fumaça tóxica. Ela usava essa coisa agora? Okay. Isso não era uma boa coisa para se pensar, também. Minha mente estava vazia por um momento e, então, começou a focar na escola. O pânico inicial que envolvia como eu iria pagar pelos meus estudos desapareceu de algum modo e eu sabia que eu conseguiria a ajuda financeira. Eles não checavam a linha de crédito, mas isso não concertava tudo. Eu precisava de um emprego como garçonete quanto voltasse, para conseguir dinheiro para pagar minhas contas. E isso era uma merda porque o último semestre da faculdade de enfermagem era extremamente difícil. E terminar a faculdade não concertava todo o resto" a divida, o nome sujo e todo o resto. Eu não sabia o que iria fazer, e eu não queria pensar mais sobre isso porque eu estava fazendo o melhor que podia. Eu tinha conseguido cinquenta dólares hoje e isso era melhor do que nada. Cinquenta dólares.
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Deus. Eu me virei de costas e fiquei nessa posição por cinco minutos. Quando ficou ruim, eu me movi novamente, dessa vez congelando enquanto eu me ajeitava do outro lado, olhando para o banheiro. As antigas dobradiças na porta gemeram enquanto eram vagarosamente abertas. Eu segurei a respiração. Minhas costas estavam para porta, mas eu sabia que era Jax. Sua presença praticamente sugava todo o oxigênio do cômodo. O que ele estava fazendo? Será que eu ficar me revirando tinha acordado ele? Provavelmente, desde que a porta do quarto não fechava, deixando meio pé aberto entre a porta e o batente. Algo estava errado com as dobradiças. Eu não queria saber o que e isso não importava. O piso de madeira rangeu quando ele deu um passo. Oh meu Deus. “Calla?” Sua voz não era alta, mas ainda era como um trovão. Será que eu devia fingir que estava dormindo? Eu apertei meus olhos fechados, pensando que isso era bobagem, mas eu estava tentada a dar uma chance. “Eu sei que você não está dormindo.” Merda. Eu ainda não disse nada porque eu tinha certeza que não conseguiria falar. Uma onda de pequenos arrepios se espalharam pela minha pele enquanto eu vagarosamente abria meus olhos. Triste, porém era a verdade que eu nunca estive na cama com outro cara no mesmo cômodo. Bem, não era inteiramente verdade. Jacob, um colega de classe tinha estado em meu dormitório uma vez, mas não era a mesma coisa de agora. O chão não rangeu novamente, mas a cama, de repente, afundou devido ao seu peso. Esqueça fingir que estava dormindo. Meu corpo não iria permitir isso. Eu me apoiei em um cotovelo, virando meu pescoço para olhar para trás, meus olhos arregalados. Sob a luz da lua, eu podia ver o topo de suas bochechas e a forma de seu corpo. Isso era mais que o suficiente.
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“O que você está fazendo?” Minha voz soou excessivamente alta. Jax estava apoiando em seu quadril, uma mão na cama ao meu lado. “Você não estava dormindo.” “Sim eu estava.” Eu era uma péssima mentirosa. “Eu acho que ouvi você se mexendo nessa cama pela última hora.” Eu não sabia o que dizer sobre isso, mas meu coração virou uma bateria. “E eu admito, é bastante distração.” No quarto sombrio, ele se moveu mais para perto, me deixando tensa. “Me desculpe.” Eu respondi. Sua risada foi profunda e baixa. “Não precisa pedir desculpas. É uma boa distração.” Depois de mentalmente, repetir o que ele disse, eu ainda não fazia ideia do que isso significava. “Você normalmente tem todo esse problema para dormir?” “Huh?” “Dormir,” ele repetiu e eu conseguia ouvir a surpresa em seu tom de voz. “Você normalmente tem problemas?” Se eu tinha tantos problemas para lidar com uma conversa? Eu mordi a parte de dentro do meu lábio inferior. “Não até voltar aqui.” Jax não respondeu por um momento, então disse. “Eu imagino.” “Mesmo?” Surpresa passando por mim. “Sim, quando eu voltei para casa" não aqui, mas minha casa, eu tive vários problemas para conseguir dormir e ficava acordado a noite toda. Muita coisa estava acontecendo.” Ele levou uma mão para onde sua cabeça estava.
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Senso comum me dizia para dizer a ele para sair da minha cama, ou que pelo menos eu precisava colocar alguma distância entre nós, mas a curiosidade obteve o melhor de mim. “Casa onde?” Houve outra pausa e ele se moveu novamente" rolou para suas costas, sua cabeça no travesseiro ao meu lado. De costas, ao meu lado, na mesma casa que eu estava! Mas que inferno? Minha língua estava presa no topo da minha boca enquanto meu coração pulava, meu estômago tendo crises de todos os tipos de excitação. “Eu estava fora do país,” ele disse, e me levou um minuto para lembrar sobre o que ele estava falando. Meu cérebro tentou entender aquilo e conseguiu responder com apenas uma palavra. “Fora?” “Por que você não se deita e eu te conto?” Deitar? Na cama? Com ele? De jeito nenhum. Maneira alguma. Eu estava congelada naquela posição. Não, não e não. “Vamos lá,” ele disse em uma voz suave, o tipo de tom que fazia coisas estranhas com minhas células nervosas, derretendo-as juntas como se fossem colocadas em um micro-ondas. “Deite-se, Calla. Relaxe.” Não sei se foi pelo modo que ele disse, mas eu me deitei em cima do meu braço esquerdo e, a próxima coisa que sabia, era que minha bochecha direita estava grudada no travesseiro. Sua voz era mágica. “Eu me alistei quanto tinha dezoito, logo que me graduei.” Ele explicou. “Era ou isso ou trabalhar em uma mina de carvão como meu pai e meu irmão mais velho.” Mina de carvão? Puta merda. “Onde você nasceu?” A cama se moveu novamente, e eu imaginei que ele tinha se virado para um dos lados, me olhando. “Oceana, West Virginia.” “Oceana...” eu sussurrei, encarando a parede do outro lado da cama. “Por que esse nome é familiar?” 119
Jax riu. “Provavelmente porque seu apelido é Oxyana e fizeram um documentário sobre a cidade. Ela tem um pequeno problema com o analgésico OxyContin porque, provavelmente, metade da cidade toma essa merda.” Sim, agora sim soava familiar. “Trabalhar nas minas, é trabalho pesado e alguns acham que paga bem, mas eu não queria essa vida. Não havia muitas opções por lá e eu queria sair da maldita cidade.” Uma brusca rispidez em sua voz fez um calafrio percorrer minha coluna. “Me alistar parecia a única opção.” “O que... em qual ramo você se alistou?” “Marinha.” Wow, marinheiros eram fodas. Eles eram como os chutadores de bunda do exercito. O irmão do meu pai esteve na marinha e eu lembro das historias que ele costumava contar, sobre como o treinamento era difícil. Nem todos se qualificavam para a marinha, mas aparentemente Jax foi, e percebendo o jeito como ele se moveu para ir encarar Mack mais cedo no bar, eu conseguia enxergar o marinheiro nele. Isso era meio quente. Uma imagem de Jax de uniforme, o tipo que eu havia visto no armário do meu tio quando era pequena se formou em minha cabeça. Okay, muito quente. “Eu me alistei por cinco anos, fiquei pronto para a guerra em dois anos e passei quase três no deserto.” Ele explicou e eu engoli duramente. Trabalho na guerra não era brincadeira. “Quando meu tempo acabou, eu não tinha certeza se queria me alistar novamente. E, quando voltei para casa, eu não conseguia dormir. Eu não sabia o que iria fazer comigo. Não havia nada em casa e ficar ali não era a melhor coisa do mundo, você sabe? É um tipo diferente de vida ali, e isso te muda. As coisas que você tem que fazer. As coisas que você acaba vendo. Algumas noites, eu conseguia dormir apenas por poucas horas. Algumas noites, não dormia nada. Minha cabeça não iria desligar, então passei várias noites sem descansar.”
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Eu queria me virar e olhar para ele, mas eu não conseguia me mover. “Você... se realistou?” “Inferno, não.” Sua resposta foi firme e rápida. “Me senti bem fazendo algo pelo pais e coisa do tipo.” Algo quente invadiu meu peito, e eu realmente queria ver ele, mas isso demandava esforço e coragem, Então, eu fui para as palavras porque eram tudo que eu conseguia oferecer, e eu queria dar algo a ele. “Eu acho que isso é incrível.” “O que?” Calor invadiu meu rosto. “Se alistar na marinha e lutar. Eu acho que é uma coisa honrada, brava e incrível de se fazer.” Três coisa que eu não era, e três coisas que eu não poderia dizer honestamente sobre muitas pessoas que eu conhecia, incluindo os caras da Brigada dos Caras Quentes. Bem, com a exceção de Brandon. Ele tinha estado fora do país, também. Jax não disse nada sobre isso, silêncio se alastrando entre nós, e eu apertei minha mão fechada. “Faz quanto tempo... que você saiu?” eu perguntei. “Humm, vão fazer dois anos na próxima primavera.” Sua voz soou mais próxima. Eu rapidamente fiz algumas contas na minha cabeça, finalmente descobrindo a resposta para uma das minhas perguntas. “Então você tem... vinte e quatro?” “Yep, e você tem realmente vinte e um mesmo que pareça ter dezessete?” Meus lábios se curvaram. “Eu não pareço ter dezessete.” “Que seja,” ele murmurou. “Quando é seu aniversário?” “Em Abril" dia quinze.” “Não brinca?” uma risada profunda veio dele, me fazendo sorrir ainda mais. “Meu aniversário é dia dezessete de Abril.” Eu sorri. “Abril é um mês legal.” “Isso é.”
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Enquanto eu me acostumava com sua proximidade, meu corpo relaxou. “Como você terminou aqui?” “Você conheceu Anders, certo? No Bar?” “Anders?” eu franzi as sobrancelhas. “Você provavelmente conhece ele como Reece.” Oh. “O policial mais novo?” “Na verdade, ele é o delegado no Condado da Philadelphia. Conheci ele quando me alistei. Ele saiu um antes que eu, mas mantivemos contato,” ele explicou.” Ele sabia que eu odiava estar de volta em casa. Me ofereceu um lugar para passar uns dias. Eu aceitei a oferta e terminei aqui. No começo, eu era uma bagunça.” Mordendo meu lábio, eu encarei a escuridão. “Como isso?” “Somente uma bagunça,” ele respondeu sem realmente falar nada. “Fui para o Mona’s uma noite, terminei com um trabalho, finalmente consegui meu próprio lugar e aqui estou, deitado na cama com a linda filha da Mona. A vida é fodidamente estranha assim.” Eu inalei suavemente. Linda filha? “Você... você diz coisas gentis.” Era uma coisa estúpida para se dizer, mas eu estava cansada e meu cérebro não estava funcionando direito. “Eu falo a verdade.” Um momento se passou. “Você ainda tem problemas para dormir?” Não havia resposta para isso, mais silêncio penetrou, e eu sussurrei com um tom preocupado. “Você acha que alguém vai aparecer procurando por aquelas drogas?” Ele inalou profundamente. “Eu não sei, Calla.” Eu não acreditava nele. Provavelmente tinha a ver com a dúvida que ele expressou mais cedo sobre o cara do cabelo gorduroso ser o dono de toda aquela porcaria, e honestamente, o cara não parecia como alguém que tinha meios de ter toda aquela droga. “Minha mãe... está com muitos problemas, não?”
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“Ela está.” Meu coração se virou pesadamente. “Não é o tipo de problema que você precisa se envolver,” Jax disse firmemente. “E esse é o tipo de problema que você não vai conseguir arrumar dessa vez.” Deus, isso era uma merda porque eu sabia que era verdade, mas ainda não entendia como ele descobriu que eu passei os últimos anos concertando os problemas da minha mãe. Era como se isso fosse um trabalho de meio período. “Okay,” eu sussurrei porque eu não sabia o que mais poderia dizer. Enquanto
eu
ficava
deitada
ali,
tentando
engolir
tudo,
bocejando
indiscretamente, eu lembrei de algo que ele tinha dito quando nos conhecemos, sobre a vida ser muito curta. Eu imaginei que ele tinha experiência própria com isso, e agora entendia o porque. Podia entender isso, mas ainda havia algo que precisava saber. “Por que?” eu perguntei. Passou um segundo. “Por que o que?” Jax soava cansado, e eu deveria calar a boca ou dizer que agora eu estava cansada e poderia dormir, para que ele pudesse sair. Mas eu não queria. “Por que você está aqui? Você não me conhece e...” eu interrompi, porque não tinha certeza se tinha algo mais que precisava ser dito. Um minuto se passou e ele ainda não tinha respondido minha pergunta e, quando eu pensei que outro minuto passaria, e eu estava OK com ele não respondendo por que, talvez, nem ele soubesse. Ou, talvez, ele estava apenas entediado e por isso estava aqui. Mas, então, ele se moveu. Jax se pressionou contra minhas costas, e minha próxima respiração ficou presa na minha garganta. Meus olhos se arregalaram. O lençol e a colcha estavam entre nós, mas parecia não haver nada. “O que você está fazendo?” eu perguntei.
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“Ficando mais confortável.” Ele colocou um braço sobre minha cintura e meu corpo todo tremeu contra o seu. “É hora de dormir, eu acho.” “Mas...” “Você não pode dormir enquanto fala.” Ele apontou. “Você não precisa ficar tão em cima de mim.” Eu apontei. Sua risada em resposta atiçou o cabelo no meu pescoço. “Querida, eu não estou em cima de você.” Eu realmente implorava para discordar dessa frase. Eu comecei a tentar me afastar, mas o braço em volta da minha cintura apertou, me segurando no lugar. “Você não vai a lugar algum,” ele anunciou, casualmente, como se ele estivesse me segurando prisioneira na cama. Okay. Toda essa coisa de prisioneira poderia ser meio melodramática, mas ele não estava me soltando. Nem quando ele estava ficando confortável de todos os jeitos atrás de mim. Oh meu Deus, eu estava de conchinha. Totalmente de conchinha. Eu estava de conchinha com um membro honorário da Brigada dos Caras Quentes. Será que eu tinha acordado em um universo paralelo? “Durma,” ele demandou, como se uma palavra carregasse tanto poder. “Vá dormir, Calla.” Dessa vez sua voz estava mais suave, calma. “Sim, não funciona desse jeito, Jax. Você pode ter uma boa voz, mas ela não tem o poder de me fazer dormir ao seu comando.” Ele riu. Eu revirei meus olhos, mas a parte mais ridícula era o fato que depois de uns minutos, meus olhos estavam fechados. Eu... eu realmente me aconcheguei nele. Com sua frente pressionada contra minhas costas, suas longas pernas acomodando as minhas e seu braço em volta da minha cintura, eu realmente me sentia segura. Mais que isso, eu sentia outra coisa algo que eu não sentia há anos.
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Eu me senti cuidada... querida. O que era o cĂşmulo da burrice, porque eu mal conhecia ele, mas me sentia assim, reconhecendo o calor e a conforto que ele trazia, e eu cai direto no sono.
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Capítulo Dez
Estava quente e tão aconchegante quando eu acordei, e eu não queria sair da cama. Eu estava nesse casulo de cobertas e eu queria me enterrar e aconchegar contra" Meus olhos arregalaram. Todo o estupor desapareceu e eu acordei. Eu não estava sozinha. Oh, inferno que não, eu estava tão não sozinha na cama e eu sabia que não tinha ido dormir sozinha, mas se eu lembrava corretamente, eu não tinha adormecido com a minha bochecha contra um peitoral masculino. O que era realmente estranho, porque eu era uma dessas pessoas que uma vez que dormisse, não me mexia a noite toda, então isso... isso era estranho e eu não me responsabilizava pela minha posição. Oh meu bem Deus, cada musculo no meu peito ficou tenso e eu estava totalmente consciente de como eu estava dormindo. Minha bochecha não era a única coisa em cima de Jax. Meu ombro e meus peitos estavam apertados contra sua lateral, do tipo que não havia nem um centímetro de espaço entre nós. Meu braço esquerdo estava jogado em cima do seu estômago e a cada respiração dele, eu podia sentir a dureza de seu abdômen. Ele ainda estava de camiseta, ainda bem, porque eu provavelmente começaria a pegar fogo se ele não estivesse. Uma de suas pernas estava jogada entre as minhas, pressionadas contra uma área que, provavelmente, não queria ter nada mais do que tudo pressionando contra ele. Nossas pernas estavam, literalmente, entrelaçadas. Jax se moveu um pouco, fazendo com que suas pernas se movessem para entre as minhas. Eu mordi meu lábio enquanto meu estômago se apertava e uma onda de arrepios percorria minha coluna. Sua respiração não tinha mudado, ainda profunda e ritmada, mas a mão que estava no meu quadril começou a se mover. Um tremor seguia a sua mão e meu peito levantou bruscamente contra a lateral do seu corpo. Sua mão foi mais pra baixo. Jax apalpou minha bunda.
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Totalmente, de mão cheia, apalpando minha bunda. Puta merda com canivetes caindo do céu. Eu deveria ter ficado brava por ele estar me apalpando enquanto dormia, mas não era isso que eu estava sentindo. Um calor invadiu meu corpo, afundando por baixo da pele e músculos, se espalhando por cada célula. Algumas partes do meu corpo começou a latejar. Minha respiração ficou curta e profunda enquanto meu quadril se moveu contra sua coxa. A sensação intensificou, correndo por mim como lava derretida. O latejo entre minhas pernas ficou mais forte. Isso era ruim, porque não era justo. Não havia razão para me permitir ficar tão excitada quando nada nunca sairia disso, então eu precisava sair dessa cama. Pânico me percorria como uma tempestade, misturado com uma excitação invasiva. Me afastando um pouco, eu comecei a me levantar, mas não consegui ir muito longe. A mão, que estava longe de mim, se moveu para meu estômago enquanto seu braço me segurava ainda mais apertado nas minhas costas. “Onde você vai?” Sua voz era rouca, com sono. Meu olhar mudou para ele. Seus olhos estavam pesados, seus lábios afastados. Uma sombra escura cobria seu maxilar, adicionada ao seu estilo bagunçado. Ele virou sua cabeça para o lado, olhando para o relógio na cômoda. Um gemido saiu dele. “É muito cedo. Volte a dormir.” Muito cedo? Eram quase nove horas da manhã! Claro, trabalhar em um bar fazia que seu sentido de cedo e tarde mudasse um pouco. Quando eu não me movi, Jax me puxou para baixo para que eu estivesse espalhada em cima dele mais um vez. “Jax"“ “Durma,” ele grunhiu. “Eu não"“ “Hora de dormir.”
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Mas que porra? Eu consegui me afastar o suficiente para colocar uma mão entre nós. Eu empurrei enquanto me levantava. “Eu não vou voltar a dormir e eu não acho que isso é apropriado. Eu preciso...” eu parei enquanto eu o encarava. Oh wow. A cabeça de Jax estava inclinada para trás, expondo seu longo pescoço e pedaços de dentes brancos que estavam mordendo seu lábio inferior. O olhar em seu rosto, como se ele estivesse se segurando para não fazer algo sujo era engraçado, e me confundia. E, então, eu percebi o por que. Eu tinha colocado minha mão em seu estômago, bem baixo em seu estômago e minha coxa estava agora pressionando entre suas pernas. “Oh Deus,” eu sussurrei, sentindo meu rosto esquentar enquanto eu movia minha mão. Jax se moveu como um raio, pegando meu pulso na sua mão. “Você, provavelmente, devia ter voltado a dormir.” Meu coração pulava em meu peito. Sim, literalmente pulando. Ele rolou e, antes que eu pudesse respirar de novo, eu estava de costas e ele estava sobre mim, uma mão ainda segurando meu pulso e a outra apoiada na cama ao lado da minha cabeça, seu braço baixo, curvado no colchão. “O que você está fazendo?” Sem responder imediatamente, seu calorosos olhos castanhos viajaram pelo meu rosto" meu rosto" antes de se fixar em minha boca. “Você sabe o que eles dizem sobre homens de manhã?” “O que?” Um lado de seus lábios se curvou para cima e foi então que eu entendi, meu rosto ficando quente. Um profundo e rouco gemido saiu dele. “Eu estou feliz que não voltei a dormir. Isso é muito mais interessante.” Meu cérebro esvaziou.
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A mão em volta do meu pulso deslizou pelo meu braço, parando em meu cotovelo, onde ele estava apoiado na lateral da minha barriga. “Você sabe o que mais eu acho interessante?” “O que?” Por que eu estava perguntando? Por que importava? Sua cabeça abaixou até que eu senti seu nariz passar no meu, e eu fiquei tensa. “É interessante o quanto eu gostei de ter acordado com minha mão em sua bunda e minha perna entre as suas.” “Você estava acordado!” Ele sorriu. “Talvez.” Usando meu outro braço, eu empurrei minha mão contra seu peito. “Saia18.” “Bem que eu gostaria.” Meu olhos se estreitaram com irritação. “Sim, não é disso que eu estou falando, seu idiota.” Não convencido, ele moveu seu dedão em leves círculos pela parte de dentro do meu cotovelo. Aquele pequeno, quase inconsciente, toque mandou calafrios por mim. Um segundo eu estava prestes a dar uma joelhada em suas bolas e no outro eu estava pensando em coisas mais prazerosas envolvendo bolas. “O que você está fazendo?” eu perguntei novamente, meus batimentos acelerando, até pulsar. Seu peito expandiu, encostando no meu, e meus dedos do pé se curvaram em resposta. “Fazendo algo melhor do que dormir.” Essa não foi realmente uma resposta. Jax baixou sua cabeça e a ponta de seu nariz acariciou minha bochecha direita. “Eu gosto de você.” Meu coração parou, flutuando e fazendo cambalhotas. “O que?”
18
No caso, ela fala ‘get off’ que pode ser traduzido como ‘se alivie’
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“Eu gosto de você,” ele repetiu, seu tom de voz baixando para um sussurro que deslizou sob minha pele. “Você nem me conhece,” eu apontei pelo que pareceu a centésima vez naquele curto período que eu conhecia ele. “O que eu conheço sobre você, eu gosto.” Resposta perfeita. Realmente foi. Eu engoli forte. “Mas" “Não pense muito, querida. A vida é curta demais para essa merda,” ele disse, seus lábios acariciando minha pele. Cada musculo ficou tenso de um modo mais gostoso enquanto seu dedão ainda estava fazendo movimentos circulares, ainda fazendo seu caminho delicioso. “Eu gosto de você. Isso é tudo.” “Mas você não pode.” As palavras meio que saíram de mim. Seus lábios pararam contra minha bochecha e, então, ele levantou sua cabeça. Nossos olhares colidiram e eu queria desviar, mas não podia. “Eu posso.” Então, Jax se abaixou e todo o ar do mundo foi sugado deste quarto. Seu peso... eu nunca senti nada assim antes. Ele era pesado, mas era bom, e seu quadril estava entre minhas pernas e... Santa mãezinha, não havia dúvidas do que eu senti pressionado contra mim. “Entendeu?” ele perguntou em uma voz profunda que fez minha calcinha pegar fogo. Eu não entendia isso. Jax gostava de mim e ele só me conhecia há alguns dias. Isso não fazia sentido. Se eu tivesse a aparência da Avery ou da Teresa, eu poderia entender. Elas eram maravilhosas de seu jeito único, praticamente impecáveis. Elas tinham membros da Brigada dos Caras Quentes ao seu lado. E eu era Calla, Calla cuja maquiagem, minha Dermablend, tinha derretido do meu rosto, deixando a cicatriz mais visível. Eu não era como a Miss Personalidade Brilhante e Maravilhosa também. Inferno, pelo que Jax sabia, uma pedra poderia ser mais inteligente que eu. Então eu não entendia e eu disse a ele. 130
“Eu gosto de você, Calla. Sim, eu só te conheço há alguns dias. Mas você me fez rir,” ele disse, seu olhar nunca deixando o meu. “Eu presumi que você é legal e doce quando quer ser. Eu acho que você é extremamente fofa e que você me deixa duro.” Whoa. Ele realmente acabou de dizer isso? “Você me deixou duro algumas vezes nessas últimas setenta e tantas horas e eu tenho que assumir que não é uma coisa ruim,” ele continuou. “Eu quero te foder, e tudo que eu preciso para fazer isso com você, é gostar de você. Não é assim tão difícil de ir do ponto A para o C nesse sentido, querida.” Duplo Whoa. Ele foi direto ao ponto e não enrolou nada sobre isso, e eu achei que era algo refrescantemente... quente sobre isso, o que provavelmente indicava que tinha algo de errado comigo. Ou era a falta de experiência quando se tratava de caras dizendo o que eles queriam para ficar todo chick-a-bow-wow comigo. De ambos os jeitos? Meeeeeeeeeeeeeeerda. Entendendo como aceitação meu silêncio embasbacado, ele abaixou sua cabeça novamente, e eu não surtei dessa vez. Ele me queria, e eu honestamente não sabia o que isso significava até... até agora, e eu estava consumida pelo calor que percorria meu corpo. Eu esqueci sobre o fato que a maior parte da minha maquiagem deve ter saído durante a noite. Meus olhos se fecharam e meus dedos do pé se curvaram mais uma vez. Ele iria me beijar, e eu não iria parar ele. Talvez, dessa vez, houvesse língua. Eu estava realmente interessada em explorar isso. Jax não me beijou. Não em meus lábios pelo menos. Sua boca foi para a esquerda e, no último segundo, passou sobre meus lábios para minha bochecha esquerda. Ele beijou a cicatriz. Ele beijou minha maldita cicatriz. Emoção violenta e energética me percorreu. Uma mistura de milhares de pensamentos e sentimentos fodidos. Beleza. Medo. Pânico. Luxúria. Gélido. Calor. Refusa. Confusão. Eu sentia tudo isso e muito mais.
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Eu bati minha mão em seu peito. “Saia.” Ele congelou. “O que?” “Por favor.” Jax saiu. Meu tom de voz deve ter ajudado, porque ele rolou de cima de mim, e eu rolei para fora da cama, me levantando. Eu me afastei até que bati no canto da cômoda, mandando uma rajada de dor pelo meu quadril. Ele se sentou e se moveu sobre a cama, ambas as mãos no colchão. “Calla, querida, você está com medo de mim?” “Não. Sim. Quero dizer, não. Eu não tenho medo de você.” Eu apertei meus olhos fechados por um segundo. “Não desse jeito.” “De qual jeito então?” Nós nunca iriamos transar. Aí. Eu nunca diria isso em voz alta, mas ai estava. Eu nunca iria ficar nua com ele. Eu nunca iria ficar tão próxima. Deus, isso soava tão broxante quanto realmente era, mas isso com Jax estar na cama, enrolados juntos e querendo um ao outro era normal. E eu não entendia esse tipo de normal, não com um cara como Jax. Não quando ele superou a cicatriz no meu rosto, mas não tinha visto ou sentido o resto de mim. Isso não era sobre ter baixa autoestima, não ter experiência, ou fraca ou estar muito nervosa sobre ficar nua porque eu precisava perder alguns quilos. Meu corpo estava quebrado. Não havia nada de atraente sobre isso. Inalando várias vezes, eu forcei a queimação em meus olhos de volta para minha garganta. “É isso que eu sou. Okay. Então isso não vai acontecer.” Sua sobrancelha levantou. Merda, ele tinha boas sobrancelhas.
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Eu estava distraída novamente. “Quero dizer, você é realmente quente. Não me leve a mal. E eu tenho certeza que você sabe disso, porque não tem como você não saber.” O canto de seus lábios começou a levantar. Deus, eu precisava calar a boca. “E eu estou lisonjeada que você... hum, que você gosta de mim, mas isso... isso não pode acontecer. Okay? Não tem outro modo. Eu não sou seu tipo de mulher.” “Como você sabe meu tipo de mulher?” ele perguntou, soando genuinamente curioso. Eu quase revirei meus olhos. “Eu sei. Acredite em mim. E isso está bem. Você é legal e eu aprecio tudo que você fez por mim e o que ainda está fazendo, mas isso... isso não vai acontecer. Tudo bem? Você entendeu isso?” Ele me encarou por um momento, parecendo que ele queria ignorar o problema, até que ele concordou vagarosamente. “Entendi.” Jax disse. Então, ele sorriu. Eu não acho que ele realmente entendeu.
Jax vivia mais perto do bar, em um conjunto de casas limpas e bem mantidas, nem mesmo a alguns quilômetros fora da cidade. Eu não tinha entrado quanto o deixei e não tinha me demorado quando ele voltou para o carro. Ter acordado do jeito que estávamos e tendo meu ataque me deixou apreensiva por um bom tempo. Tempo onde eu consegui dar sentido ao que Jax queria e como ele queria. Não deveria importar. Nunca seria, mas Jax era extremamente lindo. Ele não deveria machucar quando as meninas vinham correndo para ter uma chance na cama com ele. Devia haver vários motivos para eu não querer estar nem perto do topo da sua lista de ‘a fazeres’ Deus, não havia tempo suficiente para que eu conseguisse entender isso.
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Na verdade, eu não tinha ido para o bar quando eu deixei Jax. Nesse dia eu iria trabalhar no mesmo turno que ele, então não precisaria estar lá até de tarde, então eu peguei algumas coisas no mercado que faziam parecer que eu estava de dieta e voltei para a casa. Durante o dia, eu não estava tão preocupada com drogados ou pessoas loucas por drogas, o que, provavelmente, era estupido porque eles não eram um tipo de vampiros que só saiam à noite. As coisas só eram mais aterrorizantes a noite e, depois do meu turno de Sexta e depois de ter feito gorjetas decentes, eu teria enrolado para voltar para casa se não estivesse tão cansada. Eu fiquei enquanto Jax me mostrava como fechar o bar, incluindo como fechar e contabilizar o caixa. Durante todo aquele turno ele agiu como se nada tivesse acontecido nessa manhã, como se tudo estivesse normal. Ou, pelo menos, o que eu pensava que era normal com ele. Ele jogava seu charme e flertava. Pela segunda noite consecutiva, ele fez questão de amarrar meu avental quando eu fui trabalhar no salão, suas mãos passando em meu quadril, me fazendo corar, mas era só isso. Eu tinha acabado de chegar no meu carro quando ouvi meu nome sendo chamado. Eu me virei, sentindo meu coração pular quando vi Jax. “Estarei logo atrás de você,” ele disse, parando ao lado de sua caminhonete. Minhas sobrancelhas franziram. “Para que?” Ele pegou suas chaves do bolso. “Ir para sua casa, babe.” Eu fiquei encarando ele, pensando que minhas orelhas provavelmente falharam. “Você não vai para minha casa.” E isso começou uma discussão sobre ele ir ou não que durou bons trinta minutos e eu terminei desistindo, porque eu estava bocejando mais do que falando. Então Jax me seguiu para minha casa. Ele até trouxe uma muda de roupa com ele, pelo amor de Deus — uma maldita muda de roupa.
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Quando entramos em casa, eu tentei ignorar ele enquanto me fazia uma xícara de chá, mas parecia rude não fazer ou, no mínimo, oferecer uma a ele desde que ele estava plantado no sofá sendo meu segurança pessoal. “Obrigado.” Ele disse enquanto eu colocava uma caneca na mesa de café. Cansada e nervosa, eu achava difícil conseguir olhar para ele enquanto tomava um gole da minha. “Eu não sabia se você preferia açúcar ou mel, então não coloquei muito de ambos.” Pela lateral do olho, ele pareceu pegar a caneca e tomar um gole. “Se quiser essas coisas, estão na cozinha.” “Está perfeito” Então houve uma pequena pausa. “Você foi ao mercado.” “Sim.” Eu ficava trocando meu peso do corpo no pé. “Por que você não senta comigo um pouco?” Um balão se formou em meu estômago. “Eu estou realmente cansada.” “Não está acostumada a esses turnos, né?” Meu olhar vagou para ele, e vi um livro em seu colo. Ele lia? Oh meu Deus, homens que leem são como unicórnios. Eles só existem em contos de fadas. Eu queria perguntar a ele o que ele estava lendo, mas não o fiz. Tudo que fiz foi concordar. Parte de mim tinha esperado que ele resistisse, que jogasse seu charme, mas tudo que ele fez foi se encostar e deitar no sofá. “Te vejo de manhã, babe.” E eu fiquei congelada ali por um segundo, desapontada, até que me forcei para o quarto, onde a porta não fechava. Depois que me limpei e me troquei, cansada demais para um banho, eu cai no sono em minutos e acordei com Jax fazendo os ovos e o bacon que eu tinha comprado. A noite de Sábado foi uma reprise da de Sexta, com a exceção de conhecer Nick pela primeira vez. Desde minha teoria sobre caras quentes tinham que andar juntos, não fiquei surpresa quando eu vi o alto bartender de cabelo escuro e olhos verdes que poderia estrelar o calendário de Bartenders Quentes que eu realmente precisava criar. O tipo de dinheiro que eu poderia conseguir apenas com fotos dele e de Jax...
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Nick era diferente de Jax, muito mais quieto, mais reservado. Quando nos conhecemos, ele me encarou por um longo momento até que senti minhas bochechas ficarem quentes. Havia essa estranha expressão em seu rosto, um reconhecimento em seu olhar que eu não entendia e me perguntei se ele era dessa região. Mas, então, ele disse ‘oi’ e seguiu em frente. Nós podemos até ter trocado algumas palavras naquele turno. Não é que ele parecia ser rude. Mais como o tipo de cara que não queria falar até que tivesse realmente algo para dizer. Ele era do tipo interessante. Como na noite anterior, eu fechei o bar e Jax me seguiu para minha casa. Era meio estranho pensar que ele ou alguém sentia a necessidade de estar aqui pelo que poderia acontecer, então eu tentei não me focar nisso. Naquela noite quando fiz chá, eu não fui direto para o quarto. Eu tinha ficado na sala e finalmente sentei no braço do sofá. O livro estava em seu colo novamente. “O que você está lendo?” eu perguntei, já que não tinha feito isso na noite anterior. “O Último Sobrevivente19.” Minhas sobrancelhas levantaram. “Uh...?” Ele me deu um meio sorriso. “É uma história verídica sobre um SEAL da marinha, Marcus Luttrell e sua missão que falhou. Não é uma história feliz, mas é boa.” “Então você só lê não-ficção?” Curiosidade iria matar Calla, mas eu não consegui me impedir. “Nah. Eu gosto de David Baldacci, John Grisham e até um pouco de Dean Koontz e Stephen King.” Ele desviou o olhar enquanto apoiava sua cabeça no encosto do sofá enquanto eu começava a perceber um padrão ali. “Eu não li muito no ensino médio, mas estando fora do país, haviam períodos onde não tinha muito o que se fazer. Ter algo para ler ajudava a não endoidar pelo tédio e...” “E?” eu perguntei quando ele não terminou. 19
O Último Sobrevivente por Patrick Robinson e Marcus Luttrell. Sinopse: Eles foram enviados ao Afeganistão para capturar ou eliminar um líder da al Qaeda. Eles são os soldados mais bem treinados dos EUA. Eles são SEALs. Mas apenas um deles voltou. O único sobrevivente é o testemunho emocionante de Marcus Luttrell, combatente de elite da Marinha dos EUA que enfrentou as montanhas repletas de terroristas e perdeu toda a sua equipe. O estilo apaixonante dos autores faz deste livro um dos relatos de guerra mais impressionantes da história contemporânea.
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Jax não respondeu e eu não precisava de muita imaginação para descobrir o que mais que a leitura ajudava além do tédio. Eu pensei sobre seu passado" um militar. Isso explicava o porque dele ser tão protetor, mas ainda haviam coisas melhores que ele poderia estar fazendo em um sábado a noite, porque ele não estaria fazendo nada comigo. Eu quero te foder. Um calor quase sufocante se infiltrou em minha pele enquanto as palavras se repetiam em meus pensamentos. Meu olhar vagou pela sala mal decorada antes de terminar em Jax. Ele estava me observando com um olhar que eu não conseguia decifrar. Havia esse borbulhar de medo que ele finalmente iria falar sobre o que aconteceu entre nós naquela manhã. Eu não hesitei. Eu me levantei. “Você sabe, você não tem que ficar...” “Não comece,” ele respondeu, abrindo seu livro. Ele havia terminado de falar comigo. Eu fui para meu quarto logo depois, descansando minha cabeça no travesseiro, meus olhos na direção da porta do quarto. Eu tinha adormecido rapidamente e, de manhã, Jax não tinha feito o café e ele tinha saído bem cedo. Tendo o domingo de folga, eu pude conversar com Teresa e isso foi ótimo. Eu realmente sentia falta dela e de Jase e de como eles eram um com o outro. Eles estavam indo para a praia e eu sabia que Teresa estava animada do mesmo jeito que ela estava nervosa. Era a primeira viagem deles como um casal. Eu nunca tive essa experiência, mas eu podia entender que ela estava nervosa. “Então, você realmente vai ficar aí o verão todo?” Teresa perguntou, surpresa fazendo sua voz afinar. Eu concordei, como uma idiota, porque ela não poderia me ver. “Sim.” “Você nunca falou sobre sua família...” A voz de Teresa cortou, mas o que ficou sem falar era obvio. Eu nunca falei sobre minha família por vários motivos, então ela tinha ficado confusa pela minha vontade de passar meu verão com eles, mesmo que na verdade eles não existissem. “Pensei que você faria algo diferente nesse verão.” 137
“Mas você normalmente tem aula,” ela disse, e eu ouvi uma porta fechar ao fundo do lado dela, seguido por uma voz masculina profunda. Grande e quente, Jase. “Sim, eu sei, mas eu tenho trabalhado como bartender e conseguido um pouco de dinheiro"“ “Bartender? Eu não sabia que você conseguia preparar bebidas.” Eu gemi. “Bem...” Houve uns sons pelo telefone e, então “Se acalme, Jase. Deus, meus lábios ainda vão estar aqui daqui a cinco minutos, como o resto do meu corpo.” Oh deus. “Uh, você pode ir.” “Não.” Sua resposta foi imediata. “Jase pode esperar.” Houve uma risada profunda ao fundo, meus lábios se curvando em resposta. Então, Teresa disse, “Eu sinto como minha vida toda fosse uma mentira.” “O que?” Eu pisquei e olhei pela janela da frente. “Você. Nós. Nossa vida junta. Tem tanto que eu não sei sobre você.” Eu ri. “Não há muito para saber.” “Você é bartender. Eu não sabia disso.” Houve uma pausa. “Quando Jase e eu voltarmos da praia, talvez podemos ir te visitar.” Meus olhos arregalaram. Isso não foi uma pergunta, mais como uma observação, e eu tinha certeza que seria uma má ideia, mas não era como se eu pudesse dizer não. Isso seria rude, então balbuciei um okay e sai do telefone, já que Jase parecia precisar da boca dela e de outras partes do seu corpo. Eu quero te foder. Oh cara, eu realmente precisava parar de pensar sobre isso. Eu tive cinco minutos para entrar em pânico sobre a possível visita dos meus amigos algum dia no futuro antes que o Tio Clyde aparecesse do nada. Eu o encontrei na porta.
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“O que tem na sua lista hoje, menininha?” ele perguntou, entrando na casa, usando uma camiseta do Philadelphia Eagles que, mesmo para seu tamanho, parecia ser dois números maior. “Hum...” eu olhei ao redor. Eu não tinha muito na minha lista. Clyde me deu um pequeno sorriso. “Vamos pelo começo, menininha. Temos que vasculhar essa casa, de ponta a ponta, e ter certeza que não tem mais nenhuma porcaria aqui.” Oh. Essa era uma ideia incrível. Clyde e eu fuçamos a casa toda a maior parte do domingo. Fuçando no sentido de procurar mais buracos escondidos cheios de drogas. Era uma coisa estranha para se fazer, mas eu amava ter Clyde por perto e foi meio que um momento de reconciliação. Como se estivéssemos refazendo nossa história, juntos, tendo que lidar com a minha mãe. E Clyde e eu tínhamos sidos os únicos a lidar com ela a maior parte da minha vida. Era meio triste, mas era familiar e, nesse momento, familiar era uma coisa boa. Nós não encontramos mais drogas, graças a Deus por isso, e ele terminou indo ao mercado antes de escurecer e voltando com os ingredientes para fazer tacos. Tacos. Enquanto Clyde colocava a carne de hambúrguer no balcão e pegava uma frigideira no armário, eu o encarava da porta, meus lábios tremendo e minhas mãos pressionadas juntas em meu peito. Clyde já foi casado. Eu mal lembrava de Nettie, sua esposa, porque ela faleceu inesperadamente de um aneurisma quando eu tinha seis anos e isso foi há muito tempo. Já se passaram quinze anos e Clyde nunca se casou novamente. Eu nem tinha certeza se ele namorava. Ele tinha amado Nettie e, algumas noites, quando eu ainda morava aqui, ele me contava sobre ela. Mas eu nunca achei que ele superou essa perda.
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Mas umas das coisas que eu lembrava que ele costumava contar era sobre seu ritual de domingo com Nettie — fazer tacos do zero. Pimentões vermelhos e verdes, salpicados de cebola e cobertos com queijo derretido e alface picada. Também tinha virado nosso ritual de domingo a noite, para Clyde e eu, e nas vezes que minha mãe estava por perto e com a cabeça boa, ela tinha feito parte. Eu sorri enquanto o observava descarregar as sacolas. Isso era tão familiar, e eu tinha sentido falta disso. Tinha sentido falta de ter alguém com que me sentisse parte da família, mesmo que não fossemos do mesmo sangue. Nesse momento, algo cresceu em meu peito. Eu não entendia mas, de repente, eu não estava confortável. Não pelo que estava acontecendo agora, mas pelo que aconteceu nos últimos anos. Lágrimas queimavam o fundo dos meus olhos. Eu não sabia o porque. Era estupido. Eu estava de volta a pensar sobre tudo sendo estupido. Clyde tirou um pé de alface. “Você sabe o que fazer, menininha, então traga sua bunda aqui e comece a picar.” Eu me arrastei para o balcão, engolindo as lágrimas. Não vou chorar. Não vou perder o controle. Minhas bochechas estavam úmidas. “Eu não peguei aquela mistura de queijos mexicanos. Nós vamos fazer isso... Aw, menininha.” Clyde abaixou um bloco de queijo e virou seu grande corpo na minha direção. “Qual o motivo dessas lágrimas?” ele perguntou. Levantando meu ombro, eu limpei minhas bochechas e me virei. “Não sei.” “É sobre sua mãe?” Aquelas grandes mãos eram gentis contra meu rosto, calos dos vários anos de trabalho limpando as lágrimas. “Ou isso é sobre os meninos? Kevin e Tommy?” Eu engoli forte. Eu nunca pensava sobre eles ou sobre aquela noite onde o mundo todo queimou em chamas laranjas e vermelhas. Não queria ser fria ou não me importar, mas era difícil demais pensar sobre eles, porque eu mal conseguia me lembrar como eles eram, mas eu me lembrava de seus caixões, especialmente o do Tommy. Então eu me recusava a pensar sobre seus nomes, mas eles ficavam voltando de novo e de novo. 140
“Ou é sobre tudo?” ele perguntou gentilmente. Deus, Clyde me conhecia. Apertando meus olhos fechados, eu concordei. “Tudo.” “Menininha,” ele murmurou contra o topo da minha cabeça depois que ele me puxou contra si, me envolvendo em um de seus abraços de urso. “Tudo parece ser tão grande agora, mas não é. Você já passou pelo pior, menininha.” “Eu sei,” eu concordei. Eu soluçava enquanto lutava para segurar minha emoção. “è só que... isso é tão familiar. Nós fizemos isso por anos e eu nunca pensei que faríamos novamente. Ou que eu estaria aqui trabalhando no Mona’s. Eu iria ser uma enfermeira. Eu tinha tudo planejado.” E nada disso incluia um cara como Jax ou fazer tacos com Tio Clyde, mas eu não queria compartilhar isso. “Eu não tenho mais nada planejado agora.” Clyde deu uns tapinhas nas minhas costas como um bebe que precisava arrotar, mas eu amei. “Calla, menina, você é tantas coisas, tantas coisas lindas enroladas em uma pessoa só. Você é forte. Você tem sua cabeça sobre seus ombros. Você ainda vai ser uma enfermeira. Isso aqui não vai ser sua vida. Você ainda tem tudo planejado.” Eu concordei, mas ele tinha entendido errado. A minha histeria não era pelo desapontamento que minha vida tinha se tornado, ou por causa daquela noite infernal. Não que eu não preferiria algumas partes, como a da heroína ou minha mãe estar desaparecida, mas para diferenciar, eu não estava chorando por causa disso. Essa não era a razão das minhas lágrimas. Eu estava chorando porque tudo isso era familiar e a familiaridade disso me fazia feliz.
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Capítulo Onze
Tinha se passado uma semana desde a noite em que o cara gorduroso tinha aparecido na casa da minha mãe e saído dela com uma fortuna em heroína. Não tive mais nenhuma visita desse tipo e isso poderia ser porque havia sempre um homem na casa. Os homens não eram quaisquer um. Ou era Clyde ou Jax. Nos meus dias de folga, era o dever de Clyde e quando eu voltava ao trabalho na quarta feira, era Jax que me seguia para casa, o que me surpreendeu um pouco. Durante minha folga, eu não tinha ouvido falar dele. Nem uma vez. Eu sabia que ele tinha acesso ao meu celular, porque eu tive que colocar o número em uma lista no escritório, ao lado do de todo mundo para o caso de emergências. Do outro lado, eu não tinha tentado entrar em contato com ele também, porque eu disse a mim mesma que seria sem sentido e idiotice. E eu estava tentando evitar todas as coisas idiotas, mas eu realmente ansiava para voltar ao Mona’s na quarta-feira, e isso era totalmente idiota. Então eu falhei imensamente em evitar as coisas idiotas. Nos meus dias de folga, Jax não existia, mas as quartas, quando eu voltei, ele já estava lá analisando recibos na mesa, enquanto eu entrei no escritório para guardar minha bolsa, ele olhou para cima e sorriu e me chamou de querida. E ele agiu como no último Sábado quando trabalhamos juntos, charmoso e flertando... e me tocando. Mas ele ainda agia como se não tivesse me dito que ele queria me conhecer de maneiras inapropriadas. Talvez ele tenha mudado de ideia desde aquele dia, talvez ele acordou naquela manhã com um bom e velho caso de ereção matinal e quisesse transar. E eu estava bem com ele mudando de opinião. Totalmente.
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Não era por isso que eu arrumei melhor meu cabelo, minha maquiagem e roupas essa manha. Eram pelas gorjetas. Jax estava aqui agora, mas ele sempre estava no escritório fazendo Deus sabe lá o que, e eu sentia como se eu tivesse que estar lá porque esse bar era da minha mãe, mas antes que eu pudesse fazer isso, Reece se aproximou do bar. Algumas vezes quando eu via Reece, eu pensava sobre meu irmão Kevin. Ele era fascinado por bombeiros e policiais. Havia uma grande chance que se ele tivesse sido permitido viver, se o céu não tivesse precisando de anjos, ele teria sido um policial ou bombeiro. Nem um segundo depois de Reece chegar ao bar, Roxy apareceu carregando garrafas ou algo do tipo. Essa não era a primeira vez que ela tinha feito isso. Toda vez que Reece vinha ao bar, o que parecia ser sempre que ele não estava trabalhando, Roxy pulava como uma bola de borracha. E era obvio. “Hey,” Reece disse para mim, mas seus olhos estavam nas costas da Roxy. “Me vê duas Buds20?” “Yeppers.” Eu virei minha cabeça para a esquerda e peguei as garrafas frias. Abrindo as tampas, eu as entreguei, “Conta?” “Tudo bem por mim.” Seu olhar finalmente voltou para mim. Ele tinha lindos olhos azuis" vibrantes, praticamente perdidos em sua profundidade. “Então, você vai realmente ficar por aqui?” Como Reece não olhava para mim do mesmo jeito que ele olhava para Roxy, que ainda estava de costas para ele, eu não estava admirada. Bem, não muito. Era como se eu estivesse falando com Cam, Jase ou Ollie. Em outras palavras, caras quentes que tinham olhos para apenas uma mulher e não se importavam se eu parecesse a prima do Coringa. Funcionava pra mim. “Sim, pelo menos até o fim do verão.” As palavras soavam estranhas para meus ouvidos, e eu não sabia por quê.
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Budweiser. Marca de cerveja
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“Legal.” Ele se inclinou sobre o bar, cabeça virada para o lado. Ele tinha um maxilar e estrutura óssea perfeita. E eu estava facilmente distraída. “Esse bar realmente mudou desde quando Jax apareceu.” Eu tinha que concordar com isso. “Quando eu morava aqui, minha mãe tinha... um, uma gangue trabalhando no bar.” Reece riu, e era uma boa risada. “Eu tenho certeza que temos ficha no escritório do xerife sobre as pessoas que trabalharam aqui.” Meus lábios se curvaram. “Provavelmente é verdade.” Ele sorriu e uma covinha apareceu em sua bochecha esquerda. “Vejo você mais tarde.” Roxy esperou até que Reece estivesse de volta a sua mesa, perto de onde estava acontecendo um jogo sério de sinuca, para fazer seu caminho até mim. Eu olhei para ela enquanto jogava as tampinhas no lixo. “Posso te fazer uma pergunta?” “Claro.” “Por que você sempre foge quando Reece vem ao bar?” Ela tirou seus grandes óculos pelo que pareceu a primeira vez desde que eu a tinha conhecido e os limpou em sua camiseta. Sem os óculos, eu consegui ver realmente seu rosto. A menina era tão fofa como uma pilha de gatinhos dormindo juntos. Pequena, nariz estreito e boca de boneca junto com grandes olhos castanhos. Aqueles lábios se curvaram para cima. “Eu não atendo ele,” ela disse enquanto colocava os óculos de volta. Antes que eu conseguisse explorar esse comentário, as palavras “Calla-malditaFritz?” foram gritadas da porta do bar. “Você está mesmo trabalhando aqui!” Mas que? Eu me virei para onde o som vinha e no inicio não tinha ideia de quem estava parada ali. Era uma Barbie em tamanho real.
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Meio que. Isso se a Barbie tivesse seios menores e se vestisse como uma stripper. A mulher que estava entrando no bar usava um tipo de vestido colado de Lycra que cobria apenas das suas nádegas até seus seios, nada mais. Parecia como se alguém tivesse tido um ataque de loucura e costurado lantejoulas pelo vestido. Ela era como uma bola de discoteca em uma noite de Ano Novo. Seu cabelo loiro escovado e armado enquanto ela corria na minha direção em seus sapatos transparentes de saltos gigantes, seu cabelo voando como se ela estivesse andando em uma passarela. Quando ela se aproximou e seu grande sorriso apareceu, eu comecei a ver além de todo o glitter em suas bochechas e olhos. Eu a conhecia. “Katie?” Eu coloquei minhas mãos no bar, embasbacada. “Você me reconheceu!” Ela parou e fez algo naqueles saltos que eu teria quebrado meu pescoço ao tentar. Ela pulou, enquanto batia palmas, animada. “Ninguém me reconhece!” Eu conseguia ver agora. Katie Barbara foi uma menina quieta no colegial. Alguns podiam chamá-la de diferente. Ela sempre trazia seu almoço em uma lancheira da Hello Kitty, até no último ano. Ela sempre tinha seu nariz enfiado em um livro e sempre usava um chapéu até que um professor a mandou retirar. Eu vagamente lembrava dela fazendo um discurso na aula de literatura na terceira pessoa. Durante a escola, seu cabelo tinha sido uma mistura de cores" loiro, castanho, preto, roxo e vermelho fogo. O rosa tinha sido meu favorito, e ainda era, porque agora eu conseguia ver que as pontas de seu cabelo estavam rosas, combinando com seu vestido. “Você está... diferente,” eu disse, sem saber o que falar. “Claro que estou. Eu dei um jeito no meu corpo.” Ela deslizou suas mãos pela lateral do seu corpo enquanto rebolava um pouco. “Fiz uma pequena transformação.” Roxy riu de algum lugar atrás de mim.
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“Você está ótima.” Vestidos de discoteca não eram minha coisa, mas Katie parecia gostosa. Gostosa de um jeito que provavelmente deixava todos os caras querendo fazer coisas estupidas por ela. Muito diferente da época do colegial, e eu comecei a pensar o que meus outros colegas pensavam dela agora. “Você parece a mesma. A cicatriz diminuiu bastante. Você mal consegue vê-la com a maquiagem,” Katie disse e Roxy inalou profundamente enquanto Katie tomava o lugar na minha frente. Eu percebi que ela não havia mudado totalmente. Ela ainda era direta demais. Não rude. Apenas não tinha nenhum filtro. Eu sorri em vez de deixar esse comentário me afetar, porque eu sabia que não era algo ruim. “Sim.” Ela colocou seus cotovelos bronzeados no bar e descansou seu queixo em sua palma. “Eu não acredito que você voltou para essa cidade, trabalhando no bar da sua mãe. Pensei que você tivesse saído para fazer coisas maiores e melhores.” Bem, isso era estranho. Era como as pessoas que saiam, festejavam demais e depois reprovavam e voltavam para casa com o rabo entre as pernas. “Eu estou aqui para as férias de verão.” “Visitando a mãe do ano?” Roxy inalou profundamente novamente e sussurrou, “Meeeeeerrrda.” Novamente, Katie era uma farpa na minha unha. “Eu estava planejando isso, mas ela não está por aqui.” “Isso é provavelmente uma coisa boa, menina.” Seus olhos azuis reviraram. “Acho legal você ter voltado.” “Obrigada.” Eu mordi meu lábio enquanto eu olhava para Roxy. Ela estava sorrindo para Katie. “Então, o que você esteve fazendo?” Katie se ajeitou no banco enquanto passava suas mãos pelo seu corpo. “Um, o que parece? Não estou trabalhando em um escritório.” Eu pensei que ela parecia como uma stripper, mas se esse não era o caso, então eu realmente não queria soltar a bomba.
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“Ela trabalha do outro lado da rua,” Roxy explicou, inclinando contra o balcão. “No clube.” Oh. Oh Duplo. Então ela era mesmo uma stripper. Katie riu enquanto ela batia seu longos cílios para mim. “Eu, absolutamente, amo isso.” Oh triplo. “Deixe-me te contar, a maioria das meninas gostam. Essa coisa toda que você só tira a roupa por que tem problema com seus pais?” Ela fez o gesto com seu pulso, descaradamente. “Eu tiro minha roupa por que homens idiotas me pagam sendo que podem ter isso de graça em casa, e eu faço um bom dinheiro fazendo isso.” Bem, se ela estava feliz fazendo isso, então tudo bem. Eu sorri. “Parece bom.” “Mas você?” Aqueles cílios bateram de novo. “Trabalhando em um bar? Eu nem achei que você bebia,” Ela me encarou, seus lábios rosas virando para baixo, confusos. “Você já ficou bêbada?” Eu não ficava bêbada. Bem, por causa da minha mãe. Eu podia sentir os olhos de Roxy em mim. “Eu bebo uma cerveja ou duas, mas eu nunca fiquei bêbada.” “O que?” Roxy, de todas as pessoas, gritou. Reece e os meninos olharam de suas mesas. Eu abaixei minha voz enquanto senti minhas bochechas queimarem. “Bem, é provavelmente uma coisa boa que eu realmente não bebo desde que eu trabalho em um bar.” Roxy me olhou boquiaberta. “Você nunca conheceu as maravilhas de ficar bêbada?” “Ficar tonta é legal...” Katie interrompeu enquanto um homem bem vestido, em seus vinte anos, se sentava no bar. “Whiskey. Puro.” Ele pediu, seu olhar passando de mim, até Roxy, que pegou o copo baixo.
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O olhar de Katie vagou da ponta preta das botas do homem, para seus jeans, camiseta branca e viajou pelo seu cabelo loiro escuro. “Merda, eu gostaria de ficar bêbada com isso.” O homem deu a ela um longo olhar" um olhar puramente masculino, que eu aprendi a identificar durante meu curto período trabalhando no bar, que dizia que ele estava disposto a vê-la nua. Então ele sorriu antes de se virar, indo em direção a mesa que Reece estava sentado. “De qualquer maneira, sua vida está prestes a mudar,” Katie anunciou aleatoriamente. Ela apoiou seu queixo em sua palma da mão. “De verdade.” Eu pisquei uma, então duas vezes e me forcei a ignorar a cotovelada de Roxy, discretamente, na minha lateral. “Pode repetir?” “Estou te dizendo. Sua vida toda está prestes a mudar,” Katie continuou, e Roxy bateu com seu quadril no meu. “Esse verão vai ser épico.” Eu não tinha ideia onde essa conversa estava indo. “Bem, minha vida meio que já mudou.” “Oh, não. Eu não estou falando do que já aconteceu. É sobre o que ainda vai acontecer.” Katie se inclinou sobre o bar, e eu pensei que seus seios iriam pular do vestido e esfregar o balcão para mim. Seria uma limpeza de mamilos. “Veja bem, eu tenho o dom.” O dom de tirar a roupa? “Um. Que tipo de dom?” “Oh Deus,” Roxy murmurou. Katie bateu com suas longas unhas, pintadas com francesinhas. “O dom. Visão. Telepatia. O que quer que você chame hoje em dia. Eu tenho essas premonições sobre as coisas e eu simplesmente sei de coisas.” Um... Eu não tinha ideia de como responder a isso, e não tinha certeza se ela estava falando sério, mas Katie sempre foi estranha, então eu iria dizer que sim, e Roxy não era de nenhuma ajuda. De trás de seus óculos, ela estava encarando o teto, seus lábios se contorcendo enquanto pressionados em uma fina linha.
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“Então, hum... você tinha esses dons na época do colegial?” eu perguntei. Katie riu. “Não. Eu tive um acidente. Acordei no dia seguinte com esse dom.” “O que... que tipo de acidente?” eu perguntei, sem ter certeza se deveria. “Oh bom Deus,” Roxy murmurou. “Cai da porcaria do poste.” Oh meu Deus. “Do poste?” Ela concordou enquanto passava um dedo pelos lábios. “Yep. Aquelas putas passam tanto óleo nelas mesmas que poderiam fritar um ovo, então, algumas vezes, o poste fica escorregadio se não for limpo. E, acredite em mim, depois de algumas meninas, você vai querer limpar aquele poste.” Meus olhos arregalaram e tudo que eu conseguia imaginar era um poste de poledancing escorregadio. Uma pequena risada escapou de Roxy e terminou em uma tosse forçada e falsa enquanto ela pegava uma garrafa e três copos. Oh não. “De qualquer modo, eu subi no poste para um show. Noite cheia. Em um sábado, e eu estava fazendo essa coisa onde eu me penduro de cabeça para baixo.” Katie se inclinou para trás e levantou seus braços, e por um segundo eu pensei que ela fosse reencenar a coisa toda e, eu tinha uma premonição que isso iria virar um apocalipse de peitos. “E eu estava desse jeito” Trançando seus braços juntos, um olhar falsamente sexy em seu rosto. “Só que de cabeça para baixo, certo?” “Certo,” eu balbuciei enquanto Roxy colocava o liquido marrom em três copos de dose. “A cena seguinte, minhas pernas estavam escorregando do poste e eu estava toda ‘homem caindo’ ou pelo menos ‘stripper caindo’!” Outro som de risada e tossida escapou de Roxy enquanto ela colocava a garrafa de volta no bar, me forçando a recuperar meu fôlego enquanto murmurava. “Oh noes.”
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“Yep,” ela disse. “Bati minha cabeça no palco. Eu apaguei como um umbigo.” “Apagada como um umbigo? O que era isso? “E o resto é uma longa história de médium, mas sem ver pessoas mortas ou os grandes cabelos loiros.” “Mesmo?” eu ri. Ela concordou. “Então sua vida vai mudar. Não vai ser fácil, mas vai mudar.” Eu me virei vagarosamente e olhei para Roxy. “Doses, alguém?” “Doses! Doses! Dooooo-ses!” Katie gritava, pegando um dos copos enquanto se balançava para frente e para trás. Um segundo depois, a dose tinha sumido. “Impressionante,” eu disse. Katie sorriu. Depois que Roxy tomou sua dose, ambas meninas olharam para mim e eu balancei minha cabeça. “Acho que não.” “Te disse,” Katie disse. Roxy franziu as sobrancelhas para mim. “Eu quero ver você provar a bebida pela primeira vez, e eu coloquei a coisa boa.” Meu estômago apertou. A ideia de realmente beber, de não ter controle e... eu nem conseguia pensar nisso. Suspirando, Katie pegou a minha dose. “Piscou, perdeu.” Ela engoliu e bateu o copo no topo do bar. “Sim, eu acabei de dizer isso. E sim, eu preciso ir e fazer um pouco de dinheiro! Vejo vocês mais tarde, suas putas!” Eu fiquei assistindo Katie se virar como uma bailarina em seus saltos e sair pela porta no mesmo momento que outras duas meninas entravam. Uma delas, com cachos vermelhos, torceu a boca em direção a Katie e sussurrou algo para sua amiga, fazendo com que ela risse. 150
Com meus olhos estreitos, eu percebi que não gostava disso. Katie parou, olhou para a ruiva, direto em seus olhos, e disse: “Eu posso matar uma puta.” A boca de Roxy caiu, aberta, Eu bufei. Yep. Como um porco em um cobertor quentinho. A ruiva ficou pálida e a outra mulher corou. “E aquelas putas ali atrás não vão te servir, então vocês podem ir passear no Apple-Back21 no fim da rua.” Katie olhou sobre seu ombro para nós. “Certo?” Desde que eu imaginei que tinha certo tipo de posse sobre o bar, eu concordei. “Certo.” “Até mais, putas.” Katie empurrou elas de volta pela porta, pausando para olhar para nós com um sorriso gigante. “Paz, queridas!” Roxy e eu estávamos quietas por um minuto até que olhei para ela. “Katie sempre foi diferente, mas eu sempre gostei dela.” Ela concordou enquanto pegava nossos copos de dose, rindo. “Estranhamente, ela sempre acertou sobre as suas premonições. Ela me disse algo uma vez...” Seu pequeno nariz franziu. “Algo que eu realmente deveria ter escutado.” Eu me engasguei. “Você está brincando, certo?” “Nope,” ela continuou. “Mas eu amo aquela menina. Coisas loucas sempre acontecem quando ela está aqui. E eu gosto de seus dons,” “Sentimentos...” “Sentimeeeeeeeeeeeeeeeentos22,” Roxy repetiu tão alto que a mesa inteira de Reece se virou em nossa direção. Especialmente Reece. 21
Trocadilho com Applebees Nessa parte, Roxy e Calla então cantando a música Feelings de Morris Albert. http://en.wikipedia.org/wiki/Feelings_(song) 22
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Seus lábios se curvaram no canto enquanto ele observava Roxy se virar como uma dançarina bêbada e colocava os copos na bandeja para serem lavados. Ela se virou para mim e apontou. “Nada mais que...” “Sentimeeeeeeeeeeeeeeeentos,” eu cantei, tão mal e tão alto. Provavelmente ainda pior. “Tentando esquecer meus sentimeeeeeeeeeeeeeeeentos...” “Deeee amooooor,” Roxy continuou enquanto abria seus braços e se curvava, dramaticamente. Uma rodada de aplausos vieram da mesa de Reece, e nós caímos na gargalhada logo quando Jax entrou no bar. Ele parou a alguns passos de nós, rindo, enquanto me encarava. “Mas que porra está acontecendo aqui?” “Nada,” Roxy cantou, e eu o encarei por um momento, um momento muito longo, mas ele realmente estava bonito em seus jeans, como sempre, e em sua camiseta velha, mas, então, ela se virou para mim. “Então, você nunca ficou mesmo bêbada?” “De volta nesse assunto?” Eu cruzei meus braços. Eu preferia voltar a cantar. O sorriso de Jax mostrava que ele estava incrédulo. “O que?” Eu revirei meus olhos. “É uma coisa tão importante assim?” “Ela nunca ficou bêbada,” Roxy disse a Jax, que ainda estava me encarando como se eu tivesse tirado minha blusa e estivesse me balançando para ele. “Nunca.” “Você ao menos bebe?” ele perguntou, andando para frente, de algum modo conseguindo ficar no minúsculo espaço entre Roxy e eu, o que significava que todo seu lado esquerdo estrava pressionado contra meu corpo. Eu tentei não tremer em resposta e perdi. “Eu bebo uma cerveja ou duas de vez em quando.” Na verdade, eu nunca terminei uma cerveja sozinha na minha vida. Colocando uma mão no balcão do bar, ele inclinou seu corpo em minha direção, o que alinhou nosso quadril e deixou nosso olhar na mesma altura, sua camiseta preta esticada em seu peito. Oh Deus. Eu conseguia ver suas elevações. O homem tinha realmente elevações. “Você já bebeu destilados antes?” Eu balancei minha cabeça enquanto encarava seu peito. 152
“Nem uma vez?” “Nope,” eu sussurrei. Encarar o peito de um homem como se fosse um mousse de chocolate não era uma boa ideia, mas era o tipo de má ideia que eu gostava. “Antes daquele drink que você fez, eu nunca tinha provado uma bebida,” eu suspirei para Roxy. “Nunca estive bêbada. Perdi muita coisa estupida.” “Nós vamos ter que mudar isso.” Do cano dos meus olhos, eu consegui ver Jax mover sua mão. Meu queixo levantou enquanto ele colocava uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. “Logo.” Quando ele expos minha bochecha esquerda, eu me afastei, batendo minha bunda na parede. Eu conseguia ver Roxy nos observando, sobrancelhas arregaladas e sorrindo. Deus, esse bar precisava ficar mais agitado nas quintas feiras para que Jax tivesse menos tempo para me torturar. E Jax estava realmente com vontade de me torturar com seu charme e flertadas. Ele abaixou sua cabeça e eu sabia que não tinha apenas Roxy nos observando. “O que mais você nunca fez? Eu acho que você disse algo sobre isso antes.” Prendi a respiração e a soltei. Ele estando tão próximo a mim me deixava agitada. “Eu nunca fui a praia.” Roxy balançou a cabeça. “E... eu nunca fui para New York ou estive em um avião. Eu nunca fui a um parque de diversões,” eu continuei a balbuciar, meu estômago revirado. “Eu nunca fiz varias coisas.” Jax segurou meu olhar por um momento, então se afastou, indo para o outro lado do bar. Eu fiquei onde estava, me encontrando encarando Roxy. Ela levantou uma sobrancelha e disse, sem realmente falar, O que? Eu balancei minha cabeça, sentindo o calor em meu rosto enquanto ela se virava para Jax, seu sorriso aumentando. Eu não tinha ideia do que ela estava pensando, mas eu tinha certeza que envolvia algo estupido. Me virando para encarar a pilha de copos sujos, eu imaginei que era uma boa hora de leva-los para a cozinha.
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A porta se abriu, e eu senti a mudança na atmosfera antes que eu visse quem entrou. Tensão enchia o ar, contaminando com raiva e medo. Mordendo meu lábio inferior, eu vi o quão tenso Jax estava enquanto me virava. Oh não. Mack Attack23 estava de volta e ele não estava sozinho dessa vez. Um cara estava com ele, tão grande e tão desgranado quanto ele. Eles olharam em volta do bar até a mesa de Reece, então o olhar de Mack voltou para mim. Ele sorriu como se tivesse acabado de comer merda. Meu estômago se revirou ainda mais. “Você não é bem vindo aqui.” Isso veio de Jax e, enquanto meu olhar vagava em sua direção, eu vi que seu maxilar estava tão tenso que poderia cortar gelo. “Oh Deus,” murmurou Roxy. O amigo de Mack riu, mandando um calafrio pela minha coluna. “Não estou planejando ficar,” Mack respondeu, seus olhos nunca deixando os meus. “Eu apenas tenho uma mensagem para entregar — uma mensagem que estou tão animado para entregar.” Whoa. Os olhos escuros de Mack viraram obsidianas. “Eu disse uma vez e direi novamente que você não sabe com quem está lidando.” “Eu sei exatamente com quem estou lidando.” Jax se inclinou sobre o balcão do bar, sua voz baixa e perigosamente calma, como o centro de um furacão. “Ninguém.” Mack parecia como alguém que queria dizer algo, mas seu amigo ficou tenso e ele se moveu, para que ele pudesse ver atrás de Jax. “Isaiah precisa falar com sua mãe. Pra ontem.”
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Vou deixar Attack para rimar com Mack, mas seria ataque.
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Quem era esse tal de Isaiah? “Isso não é problema dela,” Jax respondeu. “É a mãe da sua puta e, desde que a mãe dela não está por aqui, é seu trabalho ter certeza que a mãe dela fale com o Isaiah.” Mack retrucou. Sua puta? Mas que" A mesa com os policiais estava começando a prestar atenção e, eu duvidava que se esse tal de Isaiah estivesse procurando minha mãe, ele estava no topo da cadeia. Então ele precisava fazer que Mack e seu amiguinho fizesse esse trabalho na frente de vários policiais. “Ela tem uma semana,” Mack disse, indo em direção a porta. “Antes que Isaiah fique impaciente.” Mack e seu amigo estavam fora pela porta antes que eu conseguisse dizer uma palavra. Meu coração estava a mil enquanto Jax se virava para mim, um musculo pulsando em seu maxilar. “Quem é Isaiah? Um tipo de mafioso amish24?” Um pouco da tenção aliviou em seu rosto e seus lábios se curvaram. A dureza em seu olhar suavizou um pouco. “Não exatamente, mas perto disso.” Oh não. Eu não gostei da parte perto. “O que está acontecendo?” Reece estava no bar, seu olhar fixo em Jax. “Isaiah está atrás da Mona.” Jax respondeu. Eu olhei para Roxy, meio surpresa que ela não saiu correndo fingindo estar fazendo algo. “Eu não sei quem Isaiah é e eu não sei onde minha mãe está,” eu disse, me sentindo como se precisasse explicar. “Eu sei.” A voz de Jax estava estática. “Reece sabe disso também.” Seu amigo policial olhou para mim. “Você tem certeza que quer ficar por aqui?”
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Amish é um grupo religioso cristão anabatista baseado nos Estados Unidos e Canadá. São conhecidos por seus costumes conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive telefones e automóveis.
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Eu comecei a abrir minha boca. “Isso já foi discutido,” Jax respondeu por mim. “Ela vai ficar.” Meu olhar foi na direção dele. Eu estava surpresa que ele falou isso. Pelo lado bom, eu estava aliviada que eu não tive que passar pela explicação embaraçosa do porque. Do lado ruim... bem, eu não tinha certeza se tinha um lado ruim. Reece soltou um suspiro enquanto voltava a se focar em mim. “Se você tiver qualquer problema com aquele imbecil ou qualquer outro imbecil, deixe-me saber.” Eu concordei. “Ela vai me deixar saber antes,” Jax disse a mim e, novamente, eu só pude balançar minha cabeça para ele. “Então eu vou deixar você saber.” Reece levantou uma sobrancelha. “Cara, eu não sei o que você tem aqui,” ele disse e eu enrijeci. “Mas você precisa ficar fora de problemas com Isaiah.” “Eu já tenho problemas com Isaiah, por causa desse lugar, e você sabe disso.” Jax levantou o queixo. “E não são os meus problemas que eu estou preocupado.” Oh wow. “Okay. Quem é Isaiah?” Eu perguntei, determinada que essa era a coisa mais importante agora. “E por que a palavra problema está sempre ligada a ele?” Os lábios de Reece formaram um meio sorriso. “Ele é meio que um problema na região. Normalmente comanda os círculos em Philly25, mas seu fedor andou viajando para longe.” “Drogas,” Jax adicionou, em voz baixa. Eu pensei sobre a heroína. Oh, merda. “Eu vou mandar alguns rapazes visita-lo,” Reece disse, voltando a olhar para Jax. “Para que ele entenda que Mona não é problema da Calla.” “Eu agradeço,” ele respondeu, relaxando mais um pouco. 25
Filadélfia
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Como eu. “Obrigada... eu acho.” Reece riu. Levantando um braço, Jax passou seus dedos pelo seu cabelo. “Roxy, você pode fechar o bar hoje?” Ela concordou. “Claro.” “Eu vou estar aqui,” Eu disse a ele, mas Jax balançou sua cabeça. “O que? Eu ainda tenho algumas horas para cumprir do meu turno.” “Não mais.” Ele pegou minha mão e começou a andar, não me deixando outra opção a não ser segui-lo. Do outro lado do bar, ele pegou uma garrafa de um liquido marrom. “Nós vamos riscar uma das suas coisas ‘nunca feitas antes’ hoje a noite.” “O que?” Eu gemi. O sorriso de Roxy era enorme. “Pode deixar.”
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Capítulo Doze
Poderia dizer que Isaiah, que era ou não traficante, enviando seus súditos idiotas para o bar atrás de mim, seria a minha maior preocupação, mas, como sou uma especialista em coisas estúpidas, é claro que não era. Em pé na cozinha de casa, desloquei meu olhar da garrafa de Jose26 e os dois copos de shot, que também foram trazidos do bar, por Jax - minha enorme e atual dor na bunda. Metade de seus lábios cheios, estavam inclinados para cima, em um sorriso preguiçoso que combinava com o olhar em seus olhos castanhos. Ele estava inclinado contra o balcão, com os braços bem definidos cruzados sobre o peito. Uma dor atraente em minha bunda, mas ainda assim, uma dor na minha bunda. "Não", eu disse de novo, provavelmente pela décima vez. Estávamos em minha casa por cerca de 40 minutos, e cada minuto foi gasto com ele me dizendo para tomar um tiro e eu dizendo-lhe de várias maneiras por que eu não podia. Em nenhum momento ele perdeu a paciência. Em nenhum momento ele ficou com raiva. Em nenhum momento ele tirou sarro de mim por não querer beber. Nem uma vez tive que me impedir de dizer a ele a verdade por que eu não bebia. Eu estava ficando sem desculpas, e meu olhar voltou para os dois copos cheios. Engoli em seco, frustrada e... só realmente frustrada. Não era como se eu nunca quisesse beber. Eu queria. Eu queria experimentar o que todo mundo e aparentemente minha mãe, gostavam de sentir ao estarem bêbados. Isso era algo desconhecido para mim. Um monte de coisas era uma grande incógnita para mim. Eu queria me jogar no chão e rolar como uma criança, como o meu irmão costumava fazer - Eu cortei rapidamente esse pensamento , balançando a cabeça. 26
Jose Cuervo. Uma marca de tequila
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"Querida, você tem que tentar. Apenas um tiro. " Meu olhar se virou para ele. Eu gostava quando ele me chamava de querida ou baby, e isso foi a cereja estúpida do fodido bolo. Nossos olhos colidiram, e esses cílios grossos, naqueles olhos, aquelas sobrancelhas e esse rosto... Porra. Se me distrair com um cara quente com um rosto bonito me faz unidimensional, então ao menos eu reconheço isso sobre mim. "É por causa de Mona?", Perguntou. Whoa. O fato dele ter acertado em cheio, me fez dar um passo atrás. Eu bati na cadeira da mesa, e suas pernas sacudiram contra o chão. "O quê?", Eu sussurrei. Ele deu a volta no balcão, seus braços caindo ao seu lado. "Isso é por causa de sua mãe? De como ela é? " Santo inferno, meus pés estavam enraizados enquanto eu olhava para Jax. Eu não o conhecia há mais de uma semana e alguns dias, e ele estava levando isso a sério. Como isso aconteceu? Talvez pelo fato de que ele conhecia minha mãe quando ninguém, nem Teresa ou Avery, nunca tinham posto os olhos nela ou tiveram a chance de experimentar perguntar sobre Mona. Era por causa da minha mãe. Isso não foi uma surpresa para mim, mas ouvi-lo, me atingiu como um caminhão em uma estrada. Eu tinha visto minha mãe fazer coisas terríveis e estúpidas, e vi fazerem coisas horríveis e humilhantes com ela, quando estava bêbada ou drogada. Ela nunca teve qualquer controle quando estava assim. Inferno, ela nunca teve qualquer controle mesmo antes disso, mas era pior quando estava chapada. Ela era a razão por eu não fazer uma monte de coisas e eu queria o controle completo, porque eu... Eu nunca quis ser como ela. Eu não era como ela. Eu nunca seria como ela.
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Dei um passo, antes que meu cérebro registrasse o que estava fazendo. Caminhando em direção ao balcão, passei por Jax e senti quando ele se virou quando cheguei ao tiro. Meus dedos tremiam quando se fecharam em torno do copo frio. Me virei para onde Jax estava em pé, com minha mão, agora firme, disse - “Eu não sou minha mãe”. E então virei o líquido em meus lábios. Apenas um tiro. Ha! Famosas últimas palavras. Quatro doses depois, eu estava deitada no chão, afagando a garrafa de tequila meio vazia, ao lado do meu peito. Meus olhos estavam fechados. Meu corpo parecia como um cobertor elétrico, e um zunido agradável vibrava através das minhas veias. Eu já tinha retirado meus sapatos há um tempo, e estava, atualmente, decidindo se tirava minha camiseta também. Eu usava um top por baixo, mas só de pensar em ter que sentar-me e levantar meus braços, parecia necessário muito esforço. Jax acariciou minha testa, com um toque suave, fazendo com que o cobertor elétrico do meu corpo se superaquecesse e o zunido em meu sangue, cantarolasse mais alto. “Jax, tequila... tequila é...” Eu deixei morrer as palavras, porque estava muito difícil pensar e falar ao mesmo tempo... "Fantástico?", Ele falou lentamente, puxando sua mão para trás. Abri os olhos e sorri. Ele estava sentado ao meu lado, suas longas pernas esticadas na frente dele e com suas costas pressionadas no sofá. Estávamos apenas alguns centímetros separados, e eu não me lembro como acabei deitada no chão, mas eu sei que ele tinha se deitado lá comigo imediatamente. "Calla?" "Hmm?" Meus olhos estavam fechados novamente, então os abri. Ele estendeu a mão, batendo no meu joelho com seus dedos, e eu ri. "Estou bêbada, não estou?" Ele deu um sorriso. "Como esta é a primeira vez que você esteve bêbada, eu vou dizer que quatro doses foi uma bela maldita marca. "
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"Eu perdi Tequila por um longo tempo, portanto não seja o amigo chato." Eu apertei a garrafa em meus braços, pressionando-a contra o meu peito. "Eu realmente gosto de tequila." "Vamos ver como você se sente na parte da manhã. Por que você não me devolve a garrafa? " Fiz uma carranca com minha boca. "Mas eu gosto dela. Você não pode tirar isso de mim." Jax se inclinou para frente, rindo. "Eu não vou quebrar a garrafa, Calla ". "Talvez eu queira outra dose." "Eu não acho que seja uma boa idéia." Eu tentei olhar irritada, mas acho que tudo o que acabei fazendo, foi cruzar meus olhos. Suspirando alto, aliviei o aperto de morte na garrafa. Ele gentilmente a retirou de mim e colocou-a na mesa de café, apenas fora do meu alcance. Imediatamente, senti a perda da felicidade pela garrafa de ouro, e pensei que deveria sentar-me e recuperá-la, mas, novamente, era muito esforço. Quando seu olhar voltou a mim, seu sorriso me deu uma sensação estranha em meu peito e barriga. E em muitos outros lugares, o que me fez rir. "Então, de volta para as coisas que você ainda não fez." Ele se debruçou de volta contra o sofá, obviamente, não se sentindo tão bem como eu estava. Nós tínhamos feito uma lista, do que eu não tinha feito ao longo dos meus 21 anos, algumas coisas impressionantemente embaraçosas, mas eu não me importava. Gostava de vê-lo sorrindo com cada coisa que eu falava que não tinha feito, e notar a mudança em seus olhos, como se estivesse imaginando algo para corrigir isso. "Nunca sentiu areia sob seus pés?", ele perguntou. Eu balancei minha cabeça. Pelo menos, pensei que fiz. "Eu tenho planos. E meus planos não envolvem essas coisas ". "E quais são seus planos?" "Eles são os Três Fs." 161
Ele arqueou as sobrancelhas. "Três Fs?" "Sim!" Eu percebi que gritei, então continuei com uma voz muito mais suave. "Finalizar a faculdade. Focar em
uma carreira no campo da enfermagem. Eeeeee
Finalmente colher os benefícios de terminar alguma coisa. " Fiz uma pausa, enrugando meu lábio superior. "Embora eu não tenha certeza sobre a última parte. Eu meio que terminei a maioria das coisas que comecei, mas não há um monte de coisas que começam com a letra F que poderia colocar como planejamento, por isso...." Ele sorriu. "Então é isso? Os seus grandes planos são basicamente terminar a faculdade e encontrar um emprego?" "Yessss... exatamente isso!" Ele balançou a cabeça para mim. "Querida, isso não é muito." Comecei a dizer-lhe que era tudo, mas então pensei sobre isso, e notei que ele estava certo, ou talvez fosse o efeito da tequila. E então eu disse: "Você foi meu primeiro beijo." "Precisamos corrigir... espera..." O sorriso preguiçoso escorregou de seu rosto. "O quê?" No começo eu não sabia que o que tinha dito, então não fazia idéia do por que ele estava olhando para mim como se tivesse falado alguma coisa louca. Então eu percebi que acabei de admitir que ele foi meu primeiro beijo... e sim, eu não me importava que deixei escapar essa humilhante informação. Tequila era incrível. "Eu nunca tinha sido beijada antes", eu disse a ele. Sua sobrancelha marrom escuro arqueou. "Nunca?" Eu balancei minha cabeça. Ou meio que me mexi no chão. Seus olhos castanhos se arregalaram. "Você está com vinte e um e você nunca..." A expressão em seu rosto ficou ainda melhor, quando seus olhos olharam rapidamente para o teto, como se estivesse orando ao céus.
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Agora, eu me sentia um pouco estranha por estar deitada, então resolvi me sentar. O quarto girou por um segundo e meu estômago mergulhou precariamente. Eu não gostei dessa sensação de reviravolta, mas segurei firme, e então estava olhando para Jax. Puxa, ele era assim... tão bonito. Quanto mais tempo eu olhava para ele, percebia que não era um típico cara quente. Alguns podiam achar que seus lábios eram muito cheios, ou sua testa muito grossa, mas para mim ele era quente. Ele me fazia desejar por... Eu realmente precisava parar de pensar em sua gostosura, porque os músculos da minha barriga já estavam se contraindo e meus seios pesados. Jax inclinou a cabeça para mim, sua expressão estranha. "Porra, querida, e aquele nem foi realmente um beijo de verdade." "Oh," eu sussurrei. Oh. Abaixando meu queixo, eu me coloquei de volta ao meu lugar, e mesmo que a névoa da tequila ainda estivesse presente, eu podia sentir o aperto em meu peito, a sensação de que as coisas estavam voltando a ser como tinham que ser. É claro. "O quê?", Perguntou Jax. Eu disse isso em voz alta. Levantando o meu olhar, eu me concentrei em seu ombro. Me senti um pouco estúpida por achar que tinha sido um beijo real. Ele nem me conhecia, quer dizer, só me conhece há alguns dias. E caras como ele, que se parecem como ele, falam como ele e andam como ele... e respiram como ele, não beijavam meninas como eu. Pelo menos, não garotas como eu, que cresciam jogadas em meio a pobreza e sujeira. "Calla? Você está se sentindo bem? " A preocupação em sua voz aliviou o aperto do meu peito. "Eu... Eu ainda gosto de tequila.” Houve uma pausa e Jax caiu na gargalhada. "Espere até que você prove vodka ".
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"Mmm. Russos ". Jax sorriu. "E você não pode esquecer o uísque." "Uísque?" Engoli em seco, meus olhos se ampliando, quando apertei minhas mãos sob meu queixo. Eu estava começando a perceber que ficava um tanto dramática quando bebia. "Não. Não uísque. Mamãe costumava beber uísque e coisas... e, ela ficaria ou muito feliz ou muito triste. " Levantei-me em meus joelhos, empurrando meu cabelo para trás por cima dos meus ombros. "Está muito quente aqui? " "Está confortável." Ele passou a mão em volta do meu pulso, me firmando. "Mona gosta de uísque." Sim, claro. Jax conhecia mamãe. Nossos olhares colidiram, e eu pensei... Eu podia dizer isso a ele. "Eu achei... que seria como ela se eu bebesse, sabe? Fazendo coisas estúpidas e... é que eu vi várias coisas enquanto ela bebia. " Algo mudou na postura de Jax, tipo um alerta, e talvez mais tarde, quando eu não estivesse sob os efeitos da tequila, eu poderia perceber que ele não viveu tão longe da pobreza e sujeira que eu cresci. "Que tipo de coisas?" Sentei sobre meus tornozelos, sabendo que não deveria dizer a ele as coisas que tinha visto. Ninguém queria ouvir isso. Era uma confusão. Era feio. Não tão feio como as cicatrizes no meu corpo, mas extremamente desagradável. Mas eu tinha a língua solta pela tequila. "A primeira vez, digo primeira, porque aconteceu mais de uma vez, ela estava dando uma festa. Estava sempre dando festas, mas esta noite já era tarde e eu estava com sede. Eu tinha um resfriado ou uma gripe. Alguma coisa assim. Eu precisava de algo para beber. E precisava descer. Mamãe tinha me dito antes, para não vir no andar de baixo quando ela estava dando as festas, mas desta vez tive que ir ". "Acredito em você", ele disse calmamente. "Quantos anos você tinha?" Dando de ombros, eu esforcei para me lembrar. "Doze, eu acho. Eu não sei. Não muito mais velha que isso...Bem, de qualquer maneira, eu desci e havia pessoas desmaiadas no chão, e eu ouvi minha mãe. Ela estava fazendo esses ruídos estranhos e a porta de seu quarto estava aberta. Olhei, e ela estava 164
no chão. Um cara estava com ela. Ele era... " Eu balancei a cabeça lentamente, vendo as imagens nebulosas e difusas na minha cabeça. "Minha mãe me viu. E o cara também. Ela se assustou, e eu corri para cima. Ela estava tão bêbada naquela noite...”. Seu peito subia rapidamente. "Será que algum desses caras, alguma vez...mexeu com você? " Olhei para ele um momento e depois ri. Não era engraçado. Estava longe de ser, mas na época... Eu parecia pior do que estava agora. "Não." "Mas isso não significa que seja melhor." "Não. Acho que não." "Eu vi as pessoas se meterem em situações estúpidas enquanto bebiam e já vi alguns em situações realmente precárias, querida, — disse ele, seus olhos castanhos sérios. “Você não tem que se preocupar com nada disso aqui”. Você está segura para desfrutar." "Obrigada", eu disse, pensando que precisava ser dito. "Mas Deus, caramba Calla...." Seus dedos apertaram meu pulso delicadamente enquanto registrei um olhar duro em seus olhos. "Você não deveria ter visto essas merdas." "Eu sei, mas eu vi e não existe nada que possa mudar isto. " Eu parei quando seu olhar segurou o meu. Eu queria que ele me achasse bonita e que seu beijo tivesse sido real. "Sendo assim. Tequila é melhor do que o uísque." Sua expressão se suavizou. "Nós vamos riscar uísque da lista, querida." Eu sorri. "Ótimo. Isto... isto não tem sido como aquelas vezes com minha mãe. Por que será que eu tinha tanto medo? " Eu não lhe dei a chance de responder, porque eu pulei para os meus pés, deixando meu pulso livre do seu alcance. O movimento brusco me fez cambalear, e eu abri meus braços para tentar me estabilizar. "Whoa totó... " Jax se levantou facilmente e não balançou. "Calla, baby, talvez você devesse se sentar. " Sentar soou inteligente. "O que eu estava prestes a fazer?" 165
Ele estava sorrindo novamente. "Não tenho certeza. Você estava falando sobre ter medo ". Eu enruguei o nariz, e então me veio a mente. "Oh! Fique bem aí. " Eu saí antes que ele pudesse me parar. "Calla-" Fui para o quarto, até o armário e agarrei meus itens. Mantive-os perto do meu peito, voltei tropeçando para a sala de estar. Jax estava junto ao sofá, ambas as sobrancelhas levantadas. Fui até onde ele estava e coloquei o troféu, que ganhei no Desfile Miss Sunshine, ou alguma coisa estúpida com um nome parecido, na mesa de café. "Isso é meu." Jax se sentou na beirada do sofá, seu olhar caiu para o troféu. O metal e plástico brilhavam sob as luzes do teto da sala. "Eu costumava participar de concursos." Parte de mim, a pequena fatia que estava presa na névoa em minha cabeça, não podia acreditar que estava dizendo-lhe isso. Eu não havia contado a ninguém. "Desde que eu era, assim, um recém-nascido. Sem brincadeira. Eu não conseguia nem sentar-me e mamãe já me tinha em concursos. Eu poderia ter participado do programa de TV, você sabe, Toddlers & Tiaras? Por anos isso foi tão eu ". Seu olhar finalmente se voltou para mim, para a foto que segurava perto do meu peito. Mais uma vez, ele me olhava de um jeito estranho. Então, levantei o quadro e o virei, de frente para ele. "Esta sou eu. Quero dizer, ok, eu estava com uns oito ou nove anos nesta foto, mas era assim que eu me parecia. " Por talvez uma fração de segundo, os cílios de Jax baixaram. Comecei a tagarelar novamente. "Eu ganhei troféus e coroas e faixas e dinheiro. Havia mais centenas de coroas e troféus, mas eu fiquei com raiva uma vez. Eu tinha quatorze anos ou quinze, de qualquer maneira, eu estava no colégio, e um dia, atirei-as para fora da janela. Elas quebraram. Mamãe surtou. Ficou bêbada por dias. Foi ruim. Não havia qualquer alimento em casa ou sabão para limpar minhas roupas ".
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Agora, suas sobrancelhas estavam franzidas, enquanto olhava para mim, e não mais para a minha foto antiga. "Ela fazia isso com frequência?" Olhei para a minha foto, todos os cachos loiros e grande sorriso, com grandes falsos dentes brancos, eram chamados de dentição postiça, e eu odiava como ficava em minha boca. Os falsos dentes tinham ferido minha boca, mas quando eu usava, mãe dizia que eu era linda. Todos os juízes disseram que era bonita. Eu venci prêmios por causa desses dentes estúpidos. Papai... ele apenas sacudia a cabeça. "O quê?” "Ela te deixava por dias sem comida e itens básicos de higiene pessoal." Dando de ombros, eu balancei a cabeça. "Clyde normalmente vinha e ficava comigo. Ou eu ficava com ele. Não era grande coisa. " "Isso é uma grande coisa, querida", disse ele em voz baixa. Eu olhei para ele, e lá estava novamente, algo em seu olhar que eu não entendia, mas queria. Eu ergui a foto de novo, praticamente esfregando em seu rosto. "Eu costumava ser muito bonita ", eu sussurrei, compartilhando o segredo. "Está vendo? Eu costumava... no passado. " "Não existe um “costumava” aqui." Ele pegou a foto de minha mão, e meu queixo caiu quando ele atirou-o longe. A foto passou zunindo no ar, batendo em uma almofada e pousando inofensivamente no sofá. "Você é realmente muito, muito bonita agora." Eu abri minha boca e ri bem alto. Talvez tenha até mesmo bufado. "Você é tão... " "O quê?" Seus lábios viraram-se para baixo. "Você é tão... fodidamente legal", eu terminei, levantando meus braços em um gesto grandioso. "Você é legal. E um mentiroso." "O quê?", Ele repetiu. Eu sentei no sofá, de repente cansada e talvez um pouco tonta. "Eu não sou muito bonita." Ele olhou para mim. "Eu só acabei de dizer que você é muito bonita agora. Então, você é muito bonita. Ponto final porra, e não se discute mais isso. " Minha boca se abriu
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para retrucar e apontar todas as razões disso não ser verdade, mas então eu dei de ombros. Era legal da parte dele. Eu aceitaria por hora. "Você é legal", eu disse novamente. "Está sendo bom. Obrigada por fazer isso comigo. Quero dizer, tenho certeza que você teria coisas mais interessantes do que ficar de babá de uma garota que está sentindo pela primeira vez como é estar bêbada." Ele inclinou a cabeça para o lado. "Você não precisa agradecer-me. " " Obrigado, "eu murmurei novamente. Seus lábios curvaram para cima. "Sempre que você quiser beber, eu estarei aqui para você." Bem, isso foi bom, também. Do nada, um nó se formou no meu peito. Me senti uma bagunça. "Sério?" Ele assentiu com a cabeça. "Como eu disse, você está segura comigo. Sempre. Sério. Tudo o que você quiser explorar, você vai sempre poder contar comigo." Essas palavras... oh meu Deus, essas palavras desequilibraram algo em mim. Não que eu me sentisse insegura. Bem, quando eu morava com a mamãe, as coisas não eram aconchegantes, e obviamente, merdas cabeludas aconteceram uma vez ou duas. "Na verdade, você sabe... Acho que posso ajudá-la a eliminar algumas dessas outras coisas em sua lista ", continuou ele, e seu sorriso torto se espalhou para um completo que poderia parar corações. Eu estava olhando para ele e realmente não estava ouvindo nada do que dizia, e aquele nó subiu do meu peito para a minha garganta, me fazendo sentir ainda mais bagunçada. Jax não era apenas um cara quente que as meninas cobiçavam. Ele era bem mais agradável do que Jase, provavelmente mais ainda do que Cam e até mesmo Brandon. Ele disse que eu estava segura com ele. E disse que eu era realmente muito bonita. Nem sequer parei para pensar no que estava fazendo. Saltei em direção a ele e em menos de um segundo, joguei meus braços, em um movimento brusco, em torno do
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pescoço de Jax. Isso o pegou desprevenido e ele cambaleou um passo para trás, antes de se firmar. Um momento passou, e, logo seus braços me rodearam também. "Obrigada", eu disse, minha voz abafada contra o seu peito firme, realmente firme. "Eu sei que você disse para não te agradecer, mas obrigado." Ele não respondeu. Em vez disso, um braço afrouxou e sua mão se arrastou pela minha espinha, chegando nas extremidades do meu cabelo. Uma onda de arrepios seguia o toque de sua mão, e aqueles arrepios se espalharam através dos meus braços, para as pontas dos meus dedos e nos dedos do pé, e em toda parte do meu corpo, especialmente entre minhas pernas. Deus, seu peito era realmente duro. Levantei meu rosto e olhei para ele. Jax estava olhando para mim, com um sorriso suave sobre seus lábios. Sua outra mão, mudou da parte inferior da minha costa para o meu quadril, e santo inferno, eu me sentia muito bem. Tão bem, que nem considerei que ele pudesse sentir em seu peito, minha necessidade por ele, através da minha fina camisa. Tequila era foda demais. Seus olhos chocolates estavam quentes quando vagaram pelo meu rosto e sua mão apertou meu quadril, me fazendo ficar mole. "Estou feliz que você voltou pra casa, Calla". Meu coração parou. O mundo maldito parou. "Sério?" Eu me ouvi dizer. "Realmente", respondeu ele. Ok. Eu não me importava se era a tequila me fazendo ouvir coisas, e não me importava que todo o meu peito estava derretendo, e se isso me fazia estúpida ou não, e também não me importava que estava prestes a fazer algo que nunca tinha feito antes, ou que o quarto estava girando lentamente como se estivéssemos em uma roda gigante. Estiquei-me na ponta dos pés e abaixei minhas mãos para seu ombros, e então fui para a sua boca. Eu ia beijá-lo. Eu nunca tentei beijar um cara antes, mas eu faria isso
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agora. Eu estava indo beijar aqueles lábios maravilhosos, porque ele disse que era seguro, e que estava feliz que voltei pra casa, e que eu realmente estava fodendoJax puxou a cabeça para trás. Na verdade, todo o seu corpo se afastou, e minha boca não pousou na sua, mas escorregou pelo queixo e pescoço. Desde que minha boca estava aberta, saboreei o bom gosto de sua pele. Wow, sua pele tinha um gosto bom. Quem diria? Ele contornou a mesa de café, colocando espaço entre nós. Sem ele para me apoiar, eu tombei para a frente. Suas mãos enrolaram em torno de meus braços, evitando a minha queda e... e mantendo-me a um braço de distância. Confusa, eu olhava para ele. Seus olhos estavam arregalados de novo, toda a descontração e calor fora deles. Uhhh. Isto não era bom. "Calla,"
ele
começou
suavemente,
muito
delicadamente.
Tipo
muito
delicadamente. Ah não. Isto era muito ruim. "Querida, isso é..." Meu coração começou a bater violentamente, abafando o que quer que Jax estava dizendo. Isso era fodidamente muito ruim. Do tipo ruim, que só te resta morrer. Eu tentei beijá-lo, o belo, encantador e muito fodidamente agradável Jax. Eu realmente tentei beijá-lo? Meu Deus... tequila era um chute na bunda. "...eu disse que você estava segura comigo. " Sua voz era mais profunda, mais baixa quando voltei a prestar atenção no que diabos ele estava falando. "Eu não estava mentindo." O que diabos isso tem a ver com o preço do chá na China? Ou era a tequila que de repente se voltou contra mim como um drogado com um garfo enferrujado? Eu tentei beijá-lo e ele tinha se afastado de mim, fisicamente negando minha boca. Puta merda.
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O nó confuso e úmido estava de volta, desta vez em meu estômago e peito, mas foi misturando-se com alguma outra coisa que era feio, e subindo rapidamente. Ah não. Eu pulei para trás, me puxando do seu aperto. "Oh meu Deus ", eu disse ofegante. "Eu não posso acreditar que eu tentei... "Eu engoli um soluço, um soluço horrível. "Oh wow." "Está tudo bem. Por que não nos sentamos? ", Ele ofereceu, dando um passo em minha direção. Outro soluço. "Tequila é uma prostituta suja". Jax franziu a testa, suas sobrancelhas caindo. "Calla-" Girando, eu corri para o quarto. Eu podia senti-lo. A confusão estava quase lá. Eu tropecei em volta da cama, meus pés deslizando quando eu abri a porta do banheiro, batendo as minhas mãos nela. A porta explodiu na parede, sem dúvida amassando o gesso. Eu caí no chão de joelhos, em frente ao vaso sanitário, oh Deus, será que estava limpo? Tarde demais. Agarrei o lados, quando meu estômago embrulhou, trazendo à tona tudo e qualquer coisa de dentro dele. Tequila, sua idiota fodida.
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Capítulo Treze
Tequila era o suco selvagem do diabo e eu nunca mais provaria dele novamente. A coisa mais confusa era que as pessoas alegavam não se lembrar de nada do que fizeram quando estavam bêbadas. Eu digo que isso é conversa furada, porque me lembrei de tudo. Ah Deus, eu poderia lembrar de cada detalhe humilhante, meticulosamente. Eu disse a Jax todas as coisas que eu nunca tinha feito, e algumas dessas coisas eram simplesmente ridículas. Coisas, que provavelmente o fizeram acreditar que cresci em um abrigo anti-bombas, ou algo do tipo. Então eu abracei a garrafa. Aconcheguei-a. Como se fosse um filhote de cachorro. Ou um gatinho. Qualquer coisa. Algo peludo que não fosse a porra de uma garrafa de bebida. Eu também tinha mostrado a ele um troféu e uma imagem minha toda arrumada como uma boneca e disse-lhe que costumava ser bonita. E isso só me fez querer enfiar a cabeça em um forno, mas oh, tinha mais. Eu também disse a ele coisas sobre mamãe, que eram muito horripilantes até mesmo para repetir. E também tentei beijá-lo. Eeeee então, vomitei as tripas enquanto Jax segurava meu cabelo e esfregava minhas costas. Oh meu Deus, ele realmente esfregou minhas costas, e eu acho que ele falava comigo enquanto isso. Não sei o que ele disse, mas me lembro de sua voz, baixa e suave, enquanto meu estômago se apertava e revolvia. Mas ele deve ter sentido as cicatrizes. A minha pele não era exatamente lisa nas minhas costas. Era áspero e saliente em algumas áreas, e eu sabia que poderia ser sentida através da minha camisa. Uma vez que toda a tequila tinha ido embora do meu estômago e junto com ela meu orgulho, eu me deitei no chão do banheiro, porque estava fresco, suave e perfeito. Ele me deixou ficar lá, enquanto pegava uma toalha úmida, e oh Deus, fazia algo ainda mais embaraçoso... limpava meu rosto. Depois disso, quando ele teve a certeza que eu não
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vomitaria em cima dele, me levantou e levou para a cama, forçando em minha garganta dois ibuprofenos com um copo de água. Peguei no sono com Jax sentado ao meu lado, com sua perna pressionando meu quadril, e quando acordei, em algum momento do amanhecer, me sentindo como se tivesse sido atropelada por um caminhão cheio de bombeiros quentes e musculosos, Jax ainda estava lá. Ele estava deitado atrás de mim, com a frente do seu corpo pressionado em minhas costas, e seu braço pesando sobre meu quadril. Se eu não sentisse como se minha cabeça fosse rachar ao meio, eu poderia apreciar acordar assim. Em vez disso, entrei em pânico, como se tivesse acordado na cama errada com um cara estranho. Pulei da cama que quase beijei o chão. Não faço idéia de como agarrei roupas limpas e fui para o chuveiro lavar a sujeira pegajosa da tequila do meu corpo, e a vontade de me sentar na banheira e chorar pela dor de cabeça enorme e as coisas estúpidas que tinha feito e dito na noite anterior, era enorme. Quando saí do banheiro, Jax já estava todo acordado e alerta, quando entrou no banheiro, pegando sua própria escova de dentes, que ele havia colocado lá após a segunda noite consecutiva nesta casa. Eu estava sentada no sofá, quando ele saiu do banheiro, com seu cabelo e rosto respingados de água, e rapidamente tive que desviar o olhar, encarando o local no chão onde fiquei abraçada à garrafa de tequila. Aliás, a garrafa de tequila estava misteriosamente desaparecida. Espero que de volta do buraco de onde ela saiu. Eu tentei beijá-lo e ele se afastou de mim. Deus, alguém me dê um tiro agora. Eu não podia olhar para ele. Não conseguia. Nem mesmo quando ele chamou meu nome. "Como está se sentindo?", Ele perguntou quando não respondi. Levantando um ombro, estudei minhas unhas roxas.
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"Uma porcaria" "Eu tenho uma cura para isso." O quê? Uma arma semi-automática? "Nós vamos para o café da manhã oficial dos campeões em ressacas ". Disparando minhas sobrancelhas, levantei minha cabeça. Ele estava sorrindo para mim como se não tivesse me descartado quando tentei molestá-lo na noite anterior. "O quê?" "Waffle House." Olhei para ele, piscando lentamente, e então desviei o olhar, sentindo meu rosto aquecer sob a maquiagem que eu usava. "Eu não quero comer. Eu não quero nem pensar em comida." "Você acha isso agora, mas confie em mim, a comida vai fazer maravilhas para o seu estômago. Eu sei. Tenho praticado bastante. " Balancei minha cabeça olhando pela janela. “Eu realmente acho que preciso apenas me deitar e dormir por oito horas antes de ir para o bar esta noite. Então acho melhor você ir embora. Não quero ser rude-" "Não faça isso", disse ele, já bem ao meu lado. Eu nem sequer ouvi ele se mover. "Não, Calla". Meu olhar desceu para seu peito. Como ele poderia parecer tão bem na mesma maldita camisa que tinha dormido na noite passada? Eu queria gritar que isso não era justo. "Não o quê?" "Ter vergonha", disse ele em voz baixa. Eu fechei os olhos, franzindo o nariz. "Fácil para você dizer. " "Nada é fácil para mim. Você não tem nenhuma razão para estar envergonhada. Você bebeu na noite passada. Você se divertiu, pelo menos até que você se sentiu mal- " "Obrigado por me lembrar disso," Eu resmunguei.
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"É comum. Inferno, você sabe quantas vezes eu já estive enrolado em torno de um vaso sanitário, jurando que eu nunca beberia de novo? Você não precisa e nem quer saber as histórias horríveis que eu poderia compartilhar. " Mas eu aposto que ele nunca tinha tentado beijar uma garota e sido rejeitado por ela. "Calla, olhe para mim." Nem pensar. "Como eu disse, eu estou realmente cansada e realmente gostaria de ir para cama dormir. "Ou uma lobotomia. "Então, se pudesse fazer isso, seria ótimo." "Querida, não." Dois dedos curvaram ao redor do meu queixo, e não havia como lutar, quando ele levantou o meu olhar ao seu. Eu respirei fundo, me sentindo um pouco tonta de novo, e me perguntei se ainda havia alguma tequila no meu sistema. "Você não vai me ouvir, então isso exige medidas drásticas". Abri a boca, mas, em seguida, Jax deu um passo atrás, soltando meu queixo. Depois de um segundo passo, ele abaixou-se, e antes que eu pudesse me mover ou processar o que estava fazendo, ele deslizou um braço ao redor dos meus joelhos e o outro em minha cintura, me levantando do chão e deixando-me pressionada contra seu peito. "Que diabos?", Eu gritei, agarrando seus ombros enquanto ele me virava. "O que você está fazendo?" Olhando para mim, ele respirou fundo. "Quando eu tinha quatorze anos, eu bebi cerveja pela primeira vez. Bebi tanto na casa de um amigo, que passei a noite inteira agarrado ao vaso. " Olhei ao redor do quarto. "Ok." "Passei por isso tantas vezes quando era garoto, que você pensaria que aprendi minha lição ", ele continuou, me olhando. "Em seguida, quando voltei do exterior, algumas doses de uísque por noite era tudo o que me levava a fechar os olhos por algumas horas." Meu corpo enrijeceu ainda mais. Uísque. Deus, eu odiava uísque, mas eu realmente não estava pensando sobre minha mãe. Eu não podia imaginar o tipo de coisas que o manteve acordado durante a noite.
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"Mesmo quando eu vim aqui, foi preciso um uísque e... assim, de qualquer maneira, o ponto é, eu passei muitas noites e dias lamentando o que fiz. Mas o que você fez na noite passada e mesmo você sentindo-se como merda agora, você não fez nada que tenha que arrepender-se." No fundo do meu peito, meu coração se apertou quando nossos olhos se trancaram. "O que... o que mais você fez? " Algo brilhou em seu rosto, e ele balançou a cabeça. "Vamos indo." Eu fiz uma careta para a mudança abrupta de assunto. "Onde?" "Levar você a Waffle House." "Você não tem que me levar!" Ele sorriu para mim. "E você não precisa gritar." "Ponha-me no chão!", Eu gritei de novo, fazendo minha própria cabeça reclamar. Ignorando-me, ele se dirigiu para a porta e depois parou, voltando para a cozinha. "Agarre suas chaves e óculos de sol. Você vai precisar de ambos." Eu o olhei e ele sorriu para mim. "Jax, qual é!" Ele abaixou a cabeça, diminuindo sua voz, fazendo meus dedos enrolarem. "Querida, você pode argumentar e gritar o quanto quiser, mas eu ainda vou levar a sua bunda para aquela caminhonete, e nós estaremos indo para Waffle House, e você vai comer ovos fritos, bacon, e uma maldita waffle ". Meus olhos se estreitaram. Deus, ele estava me enlouquecendo. Havia um brilho em seus olhos castanhos profundos. "E talvez, até mesmo uma fatia de torta de maçã, se você for uma menina boazinha e parar de discutir comigo ". "Eu nunca comi torta de maçã", eu disparei. De pé no meio da cozinha, embalando-me em seus braços como se eu não pesasse nada, e definitivamente eu era pesada, sua boca caiu aberta. "Você nunca comeu torta de maçã? "
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"Não." Ele arqueou as sobrancelhas. "Por quê?" "Eu não sei. Apenas nunca comi." "Isso é tão... tão anti-americano ", disse ele, e eu rolei meus olhos. "Você é uma terrorista?" "Querido Deus", eu murmurei e comecei a me mexer para tentar descer do seu colo. Jax apertou os braços mais forte. "Querida, você me mata. Realmente, você faz. Nunca ficou bêbada. Nunca foi para a praia. Nem ao menos comeu uma torta de maçã? Nós já riscamos algumas dessas coisas, e estamos prestes a riscar mais uma. " Achei que não era o momento apropriado para compartilhar o fato que eu nunca fui a uma Waffle House, também. Seu sorriso estava de volta, e havia algo totalmente encantador sobre isso. "Fique comigo, querida, e eu mudarei sua vida. " Lembrei-me das palavras de Katie. Sua vida vai mudar. Eu parei de pensar e lutar, pelo menos por um tempo. Estendi a mão, pegando minhas chaves e colocando meu óculos de sol sobre minha cabeça. O que Jax não sabia, era que ele já estava mudando a minha vida, mesmo que fosse aos poucos, apenas o fato de me tirar de casa, me colocar em sua caminhonete, e me levar para uma Waffle House, já era um grande negócio.
"Então, Jax tomou sua virgindade?" O vidro de margarita quase escorregou da minha mão quando me virei para onde estava Roxy. Atrás dela, Nick estava olhando para nós. Era provavelmente a primeira vez, desde que nos conhecemos, que ele realmente mostrou algum interesse em mim ou Roxy. Mas também, quando você diz coisas como 'tomar sua virgindade ,' isso tende a chamar a atenção das pessoas.
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"Oh meu Deus, esta é uma conversa tão perfeita." Minhas bochechas estavam quentes quando olhei de volta para onde Katie estava sentada. "Esta não é uma conversa perfeita." Ela arregalou excessivamente seus olhos. "Você era virgem? Como no tempo passado? " O cara ao lado dela se virou e olhou para mim. Eu estava prestes a gritar. "Roxy está falando quanto a ficar bêbada. Eu nunca fiquei bêbada antes. A noite passada foi minha primeira vez. Jax tirou minha- " "Eu tirei o quê?" Jax apareceu de repente, sabe-se lá de onde. Oh Deus. Katie inclinou-se para frente e seus peitos quase saltaram para fora seu decote me cegando. "Você tirou a virgindade de Calla?" "Eu tirei... o quê? "Ele piscou e, em seguida, olhou para mim, com a cabeça inclinada. "Será que não me lembro de alguma coisa sobre ontem à noite? Porque querida, eu estaria seriamente desapontado se isso aconteceu, e eu não me lembrar de nada. Tipo, realmente transei- " "Não!" Eu gritei, fazendo com que várias cabeças no bar virassem para mim. "Ela está falando sobre nunca ter bebido. Não a minha ... você sabe... " "Virgindade?" Falou Roxy enquanto ajeitava os copos. Oh Deus... Jax olhou para mim um momento, com a mandíbula serrada, e então virou-se para Nick, dizendo algo em voz baixa, que eu rezei para que não fosse nada a ver comigo. Já tinha sido muito difícil tomar o café da manhã com ele sem me sentir como uma idiota pela noite anterior, mas não fiz mais nenhum comentário sobre isso, e ganhei a fatia de torta de maça, que estava realmente ótima. "Oh." Katie pareceu desapontada. Assim fez o cara ao lado dela. "Bem, inferno, não importa. Tenho mesmo que voltar para o meu pole."
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Eu a vi saltar para fora do banco, enquanto piscava para nós e em seguida, passeava pela multidão. "Mas essa não foi sua única primeira vez que eu tomei", Jax anunciou. Oh meu Deus duplamente... A cabeça de Roxy chicoteou em direção a ele, com um olhar ansioso rastejando sobre seu rosto bonito. "Não diga?" Nick se virou novamente. Um sorriso lento e sexy apareceu nos lábios de Jax. "Não. Ela nunca comeu uma torta de maçã. Mudei isto esta manhã ". "Você nunca tinha comido uma torta de maçã?", Exclamou ela. "Aqui vamos nós de novo", eu murmurei. Jax não estava satisfeito. Não. Nem um pouco. Seus olhos encontraram os meus, e algo neles me causou um calafrio para baixo na minha barriga. "Eu também a levei para Waffle House." Meu queixo caiu. "Como você sabia que eu nunca estive lá antes?" "Querida, eu sei das coisas." Nossos olhares se trancaram, e sim, o calafrio aumentou, porque ele estava dizendo algo completamente diferente, que não tinha nada a ver com a Waffle House, tequila, ou tortas de maçã. Mas definitivamente tinha alguma coisa a ver com primeiras vezes. "Ontem à noite foi a primeira vez que você ficou bêbada?" Nick falou, surpreendendo o inferno em mim. Roxy assentiu enquanto se dirigia para uma menina que estava acenando para ela como se tivesse estado ali por dez minutos quando só passou apenas dez segundos. "O que você bebeu?", Perguntou. "Tequila", respondeu Jax, piscando para mim. "Ela realmente gostou de tequila. "
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Nick apertou seus lábios juntos. "Isso é uma merda forte." "Bem, eu nunca, nunca mais vou beber de novo", eu disse a ele, indo para onde o meu avental estava escondido. Com toda as bartenders experientes atrás do bar, eu precisava ficar do lado de fora ajudando Pérola desde que Gloria estava sumida. Nick assentiu. "Ok." "Tipo nunca mesmo." Ele movimentou por um momento seus lábios, como se segurando para não sorrir. "Entendido". Olhei para ele um momento, parando atrás do balcão. "Tequila é uma vadia sem vergonha", eu disse a ele. Ele deu uma risada rouca. "Eu já ouvi isso antes. " Meus lábios se abriram em um sorriso. De repente, Jax envolveu sua mão na minha. "Você vem comigo. " Meu olhar passou do rosto de Jax para onde sua mão estava fechada em torno da minha. "Ir pra onde?" Ele não respondeu, mas gentilmente me puxou, pegando meu avental e caminhando em direção à saída do bar. Mais curiosa do que irritada, eu o deixei me levar pelo corredor até o escritório. Ele me puxou para dentro, fechando a porta, e me lembrei da última vez que ele tinha feito isso. Ele tinha me beijado, mas não foi um beijo de verdade. Jax não soltou a minha mão quando se inclinou contra a borda da mesa, e não disse mais nada. Mudei o meu peso de um pé para o outro e tentei puxar minha mão da dele, mas ele não a soltou. "O quê foi?" "Eu quero te levar para um encontro no domingo." "O quê?" Eu não esperava isso. Não mesmo. 180
Um sorriso brilhou em seu rosto. "Um encontro. Você e eu. Domingo à noite. Não no Waffle House." Meus ouvidos estavam me enganando. De jeito nenhum eu estava ouvindo o que realmente ele estava falando. "Há uma nova casa de carnes na cidade. Só abriu há um ou dois anos, mas todo mundo adora", ele continuou enquanto me observava. "Eu posso buscá-la às seis." "Você... você está seriamente me convidando para um encontro? " "Estou falando sério." Duas coisas estavam acontecendo dentro de mim. Uma delas era a onda de calor que estava inundando todos os lugares, me acendendo de dentro pra fora. A outra era a incredulidade gélida. Eu não entendia o por que ele estava me convidando para um encontro, a menos que fosse algum tipo estranho de encontro por piedade. Meu estômago caiu. Oh meu Deus, era, um encontro por piedade. "Não", eu disse, puxando meu braço. Mas ele não me deixou ir, mas eu não ia tolerar este tipo de coisa. "Eu não estou indo em um encontro com você." Sua mão escorregou da minha e deslizou para o meu pulso. "Eu acho que você está. " "Não. Eu não vou. " "Você vai gostar das carnes", ele continuou como se eu não tivesse negado. "Eles têm um filé ótimo." "Eu não gosto de carne," eu menti. Eu amava todos os tipos de carne vermelha. Era uma pessoa carnívora, muito carnívora. Ele arqueou uma sobrancelha enquanto seu polegar alisava o interior do meu pulso. "Por favor, me diga que você gosta de carne. Eu acho que não poderemos ser amigos se você disser que não. "
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Eu quase ri, porque isso era ridículo. "Eu gosto de carne, mas- " "Perfeito", ele murmurou, inclinando a cabeça para trás. "Você trouxe qualquer vestido com você? Eu gostaria de vê-la em um. " Eu trouxe vestidos de verão, escolhidos a dedo para esconder as cicatrizes, mas esse não era o ponto aqui. "Por que você ainda quer sair comigo?" "Porque eu gosto de você." Meu coração pulou no meu peito, e se ele não estivesse segurando ainda minhas mãos, teria aplaudido de alegria. "Você não pode gostar de mim." "Eu já te disse que quero te foder. Você não pode se esquecer disso. " Caramba. "Eu meio que bloqueei isso." Ele riu profundamente, claramente divertido. "Você não pode estar surpresa por eu gostar de você. " "Foder e gostar são duas coisas bem diferentes." "Sim. E não. " Seus olhos se encontraram com os meus. "Você está dizendo que não porque não se acha bonita?" Caramba ele era um conquistador. "Eu sei." Tentei puxar para trás, desta vez cavando em meus pés, mas o seu braço se enrolou em mim, mantendo-me no lugar. Pânico tomou conta de mim e meu peito levantava a cada respiração profunda, então forcei meus olhos a se estreitarem, dandolhe a melhor aparência irritada que eu podia, tudo para afastar a imagem de rejeição em minha cabeça. “Eu sei", disse ele novamente, puxando-me para a frente, me colocando entre o V de suas coxas. Perto, muito perto. 182
Eu não entendi o que quis dizer que ele sabia, então eu continuei olhando para ele com meu olhar irritado. "Me solta." Um braço deslizou em torno de minhas costas e continuou movendo seu polegar para cima no interior do meu braço. O toque, a sua proximidade, tudo isso, estava fazendo coisas estranhas com meu corpo. Meus joelhos fraquejaram enquanto cada músculo ficava tenso. "Eu já sabia sobre os concursos ", disse ele, mantendo seu olhar no meu. "Antes de você me mostrar a foto e o troféu ontem à noite, eu já sabia. " Fiquei sem palavras. "Sua mãe costumava falar muito sobre isso, dizendo-nos o quão bonita seu bebê é. Não ERA, mas É. " Eu ia matar a minha mãe. "Clyde falava sobre isso também", continuou ele, não tendo idéia de que eu adicionei tio Clyde à minha lista de assassinatos, e então eu teria que me matar também, porque a noite passada, eu fiz a mesma coisa. "Ele não era um fã dos concursos ou a forma como sua mãe a desfilava por aí. Nem seu pai, certo? " Clyde odiava os concursos, mas o meu pai... "Eu não sei ", eu me ouvi dizendo. "Meu pai nunca disse nada para mamãe ". "Acho que ele falou com o Clyde." Jax sorriu um pouco. "Você sabe, o que eu disse ontem à noite sobre a coisa toda de ser bonita? Eu não estava de brincadeira. É por isso que eu vou levar você para sair." Em seguida, seu braço me envolveu ainda mais, e eu estava peito a peito com ele. O contato enviou uma onda de choque de sensações rodopiando através de mim. Sua cabeça mergulhou, e sua boca estava a centímetros da minha. Minha mão livre acabou pressionada contra seu peito. Eu não conseguia respirar. Eu não me importava. "Você não me beijou ontem à noite", eu disse, e então eu queria me dar um chute. Seus olhos se estreitaram ligeiramente. "Foda-se não, eu não beijei." 183
Senti uma pontada dolorida no meu peito. "Então por que você quer sair comigo?" Jax olhou para mim por um momento, e então seu olhar se transformou em algo lânguido, relaxado, incrivelmente sexy e enervante. "Querida, eu não faria nada com uma menina que estivesse bêbada, especialmente você. Nenhuma maneira no inferno. Quando eu disse que você estava segura comigo, eu não estava te enrolando. Eu até lhe disse isso na noite passada." "Você disse?" Tudo o que eu lembrava era de Jax me empurrando para trás, mas ele estava falando enquanto eu estava no modo histérica e prestes a vomitar. "Oh." "Oh," ele murmurou, e então ele balançou meu mundo. "E eu me lembro de você dizendo que eu era o seu primeiro beijo. Aquela merda de beijo no escritório outro dia não conta, mas eu prometo ser seu primeiro beijo real. Depois que eu levá-la para sair no domingo ". Meu queixo caiu. Eu estava pirando novamente, porque ele sabia sobre os meus anos desfilando como uma rainha, e que eu precisava me deixar levar e me sentir ligada sexualmente. Sim, porque eu estava ligada. Eu poderia ser muito inexperiente por algumas razões óbvias, mas eu reconhecia o que meu corpo estava passando. O que não era bom, porque de jeito nenhum que eu iria explorar qualquer uma dessas coisas com ele, e eu não planejava ficar por perto tempo suficiente, para alimentar essa coisa entre nós. "Na verdade... " Sua cabeça mergulhou novamente e seu queixo roçou minha bochecha direita. "Eu quero te beijar agora." Eu tremi. Jax sentiu. "E eu acho que você quer que eu te beije também. Correção. Eu sei que você quer que eu te beije. " Estremeci desta vez, quase me entregando pelo peso dos meus seios e o formigamento girando para baixo do meu corpo. Minha mão agarrou sua camisa. Ele não podia me beijar. Eu não poderia sair com ele. Isto não era o porquê eu estava aqui.
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Por que mesmo eu estava aqui de novo? Não importava. A razão tinha sido estúpida. Ele fez um som profundo em sua garganta que realmente me fez contorcer no lugar, e agora seus lábios estavam deslizando sobre minha bochecha, seguindo a curva, dirigindo-se em linha reta paraEntão a porta do escritório se abriu. "Jax, está- Whoa. Não esperava por isso. " Eu me empurrei ao som da voz do tio Clyde e comecei a me afastar. Jax deixoume dar meia volta, mas não me deixou ir. Seu braço ainda estava na minha cintura. Clyde olhou para mim e seus olhos se moviam sobre meu ombro. Eu podia sentir o calor de Jax atrás de mim, e, em seguida, Clyde olhou para mim novamente. Ele abriu um sorriso grande, cheio de dentes. Ele sorriu! "Não estava esperando por isso", ele disse, alisando a mão sobre seu avental. "Nem um pouco." Eu tenho que fazer o controle dos danos. Rápido. "Não é o que-" "Nós vamos sair no domingo", Jax anunciou para minha surpresa. Então ele me puxou de volta contra o seu peito, em seu calor, e eu quase morri ali mesmo. Pela forma como o meu coração acelerou, eu tinha certeza de que ia acontecer. "Vou levá-la para o Apollo ". O Apolo? "Boa escolha, menino, muito boa escolha." Clyde selou o comentário com um aceno de aprovação. Puta merda! Eu tinha que sair daqui. Desta vez, quando eu me afastei, Jax me deixou ir. Eu tropecei para frente, atirando-lhe um olhar sobre meu ombro. Jax piscou.
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Ele piscou! Eu saí, passando por Clyde, ou tentando passar por ele, mas ele olhou para mim e também piscou. "Boa escolha, bebê, muito boa escolha." Simplesmente não havia palavras. Voltando para o bar, eu dei várias respirações profundas. Com as mãos tremendo, eu ignorei os olhares de Roxy e Nick, e agarrei meu avental. Amarrando-o, eu me apressei para o salão semi-ocupado, antes que Jax fizesse o seu caminho de volta. Ele queria me beijar. Ele queria levar-me para sair com ele no Apollo, para comermos carne. E o tio Clyde aprovava. Oh querido Senhor, como no mundo eu fui acabar aqui? Mas eu fiz a coisa certa ao sair daquela sala, e faria a coisa certa, não indo para esse encontro com Jax. Eu precisava de um coração partido tanto quanto eu precisava da minha mãe estando uma bagunça maior do que ela já é. Meu passo era hesitante com esse pensamento, e eu quase caí com a cesta de batatas fritas, em cima da cabeça do cara na mesa, mas me agarrei a janela, evitando a queda. Coração partido? O homem mais velho olhou para cima, com a pele ao redor dos olhos enrugada. "Você está bem, garota?" Eu balancei a cabeça, reconhecendo o homem. Ele estava no fim dos seus cinqüenta anos. Um regular. Ele ia no bar todas as noites, até mesmo as noites mais movimentadas quando a multidão era mais jovem, como a desta noite. "Minha mente está em toda parte, Melvin." "Conheço o sentimento." Coloquei o cesto sobre a mesa, e sorri. "Necessita de algo mais? Outra cerveja? "
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"Não, doçura, isto é tudo por agora." Quando comecei a me afastar, ele me parou, colocando a mão no meu braço. "É bom vê-la aqui, fazendo o que sua mãe deveria estar fazendo." Minha boca se abriu, mas eu não tinha idéia do que dizer a ele ou como me sentir sobre todos saberem quem eu era. No entanto, isso não era um segredo. Ele bateu no meu braço e, em seguida, virou-se para suas batatas fritas, que foram sufocadas com tempero Old Bay. Ok. Hoje a noite estava esquisita. Minha vida era esquisita. E ridícula, não podia esquecer do ridícula. Girando, vi Jax gabando-se atrás do bar. Ele olhava presunçoso. Satisfeito. Totalmente confiante. Seu olhar bloqueado em minha direção. Virei-me para poder verificar as mesas que não precisavam ser verificadas. Voltei a ficar atrás do bar, apenas para aliviar Nick, e então peguei o meu almoço, o que era estranho almoçar tão tarde da noite. Eu não estava com fome, ainda cheia de toda guloseima que comi, mas eu queria sair do bar e ir para a cozinha, considerando que Clyde já tinha ido, e provavelmente, planejando meu casamento. Imagens do início do dia, invadiram minha mente, mas sair para fora, o ar fresco me aliviou. O ar ainda era grosso com umidade. Andando sem rumo em torno do edifício, eu levantei meu cabelo do meu pescoço e desejei poder usar rabos de cavalo em noites como esta. Eu gosto de você. Eu disse que queria transar com você. Meus joelhos vacilaram um pouco, e eu me perguntava quão estranho seria se eu só me desse um tapa na cabeça. Eu tinha dado mais dois passos quando eu vi uma sombra agrupada em torno das lixeiras afastando e tornando-se mais espessa, sólida. Meu coração gaguejou enquanto eu recuava um passo. Um movimento inesperado, de mãos inquietas, me assustou.
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Girando, voltei para a parte da frente do edifício. Provavelmente era alguém em volta das lixeiras, se aliviando ou fazendo outra coisa desagradável, mas eu peguei meu passo. Uma cesta de batatas fritas seria bom agora. Eu estava quase na esquina do prédio quando, sem qualquer aviso, meus pêlos se arrepiaram em todo o meu corpo. A batida constante de passos atrás de mim estava perto. Minha respiração acelerou. Cada instinto no meu corpo disparou. Um segundo depois, fui agarrada por trás e empurrada contra a parede de tijolo, quando uma mão quente e úmida, segurava em volta da minha garganta. Foi então que Mack estava bem na minha cara.
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Capítulo Quartoze
“Diga uma palavra que eu não queira ouvir e você vai se arrepender.” Ele ameaçou e na fraca luz, algo brilhoso e afiado apareceu no canto direito dos meus olhos. “Eu vou igualar essa sua cara.” Mesmo enquanto ficava com raiva, meu estômago era tomado por gelo enquanto eu encarava seus olhos escuros. Seu rosto rígido e a tensão em seus lábios me diziam que ele não estava fazendo as ameaças em vão. Tudo que consegui fazer foi respirar. “Você entendeu? Acene se entendeu.” Eu não queria concordar, mas por não querer perder um olho, eu fiz o que ele disse. Eu acenei. Seus lábios se espalharam em um sorriso frio. “Boa menina. Agora, eu tentei te passar uma mensagem na noite anterior, mas aquele idiota se envolveu e eu não pretendo contar a Isaiah o que ele fez, entendeu?” Eu não entendi direito a última parte, mas acenei novamente, porque eu realmente não queria outra cicatriz. E também pensando em Reece, ou algum de seus colegas policiais que foram visitar Isaiah e explicar que eu não tinha nada a ver com as coisas da minha mãe. Ou isso ainda não tinha acontecido ou não importava para Mack ou Isaiah. “Mona tem um pouco menos de uma semana antes que Isaiah fique realmente impaciente,” ele continuou, ainda segurando a faca. Ar ficou preso em minha garganta. “Se ela não aparecer até quinta que vem, isso vai ser seu problema. Vai ser problema do imbecil também.” Eu estava imaginando que esse imbecil era Jax. “Eu... eu não sei onde ela está.” “Isso não é problema meu. E não é problema de Isaiah.” Mack se moveu, a parte da frente de seu corpo pressionado contra o meu, e havia uma boa chance que eu fosse vomitar novamente. “Isso é problema seu. E nem pense em pegar suas merdas e sair da
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cidade. Nós sabemos onde te encontrar e você não vai querer seus amigos da faculdade sejam envolvidos nisso. Entendeu?” Meu coração palpitava em meu peito enquanto acenava pela terceira vez. “Você não vai querer ver o lado ruim de Isaiah. Ou meu. A gente não dorme no ponto.” Quando ele se moveu contra mim dessa vez, eu segurei minha respiração. Não tinha espaço entre nós, e esse toque não parecia em nada com o de Jax. Isso fez minha pele arrepiar. “Se ela não aparecer, nós vamos mandar uma mensagem a ela. Você não vai querer ser parte dessa mensagem.” Eu realmente não queria ser parte dessa mensagem. Seus olhos viajaram pelo meu rosto, parando na minha bochecha esquerda. “Você sabe, você não é tão feia de se olhar. Eu poderia encarar você no estilo cachorrinho. Te virar. Te foder por trás.” Meus olhos arregalaram e minha pele parecia que iria saltar de meus ossos e sair correndo para longe, muito longe. Acido se formava em meu estômago, abastecendo o pânico um pouco mais. Minha mãe havia feito isso, trazido esse pedaço de merda para minha porta. Seu sorriso ficou ainda mais diabólico. “Sim, eu acho que eu tenho uma boa ideia de qual mensagem passar. Melhor ainda, eu acho que isso passaria outra mensagem para o imbecil lá dentro.” Oh Deus, isso não era bom. Eu estava com minhas costas contra a parede, totalmente horrorizada pelo que estava implícito em sua ameaça. Eu sabia como essa mensagem poderia terminar. Meu estômago revirou. “E é melhor você manter essa sua boca fechada,” ele adicionou, se afastando. A faca desapareceu por um segundo, até que senti a ponta em meu queixo, fazendo que meus dedos se enterrassem na parede atrás de mim. “Entendeu?” “Sim,” eu sussurrei, sem acenar dessa vez.
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Mack riu diabolicamente e se afastou, andando pelo estacionamento totalmente casual, como se ele não tivesse acabado de me ameaçar e de ter dito coisas sujas ou ter segurado uma faca em minha garganta. Ele entrou em um SUV e foi embora. Então eu me movi. Com meus joelhos fracos, eu coloquei um pé na frente do outro e voltei para o bar, entorpecida. Eu passei direto pelo bar e eu pensei ter ouvido alguém me chamar, mas continuei andando. Eu fui para o escritório e me sentei no primeiro lugar que vi. O couro fez um som engraçado quando eu me joguei no sofá. Com minhas mãos tremendo, eu coloquei elas contra minha testa e me forcei a respirar direito. Isso não era nada bom. “Calla?” Roxy me chamou da porta. Como uma idiota, eu não tinha trancado ela. “Você está bem?” Eu não levantei minha cabeça ou disse uma palavra, porque eu tinha certeza que se eu fizesse uma dessas coisas, eu perderia o controle. Tudo que fiz foi balançar a cabeça, mesmo sem saber se foi algo bom ou ruim. Roxy não disse nada de novo e eu apertei meus olhos fechados. O que eu iria fazer agora? Eu não tinha ideia de onde minha mãe estava ou mesmo por onde começar a procurar por ela, e eu tinha esse sentimento que uma mensagem precisaria ser entregue, porque eu nunca consegui encontrar minha mãe antes e dessa vez não seria diferente. Talvez eu realmente devesse ter ido embora logo no começo quando Jax e Clyde me pediram. “Calla?” Dessa vez foi a voz de Jax que ouvi e ela estava mais próxima do que a de Roxy. Eu poderia dizer que ele estava exatamente na minha frente, no mesmo nível que eu. Ele deveria estar agachado, porque o rapaz era do tamanho do Godzilla. “O que está acontecendo?” Quando eu não respondi, porque eu estava tentando entender o que eu poderia dizer, eu senti suas mãos pegarem meus pulsos e, gentilmente, afastar eles do meu rosto. Ele estava logo na minha frente, seu rosto cheio de preocupação.
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Ele se joelhou enquanto soltava minhas mãos e colocava as suas em minhas bochechas. “Fale comigo, querida. Você está começando a me deixar realmente preocupado.” Isso era verdade. Seus olhos estavam mais escuros que o normal e seu maxilar tenso. Nossos olhos se encontraram, e eu sabia o que tinha que fazer. Eu não ia manter minha boca fechada. Que se foda. Manter minha boca fechada era a coisa mais idiota para se fazer porque eu não conseguia lidar com essa bagunça sozinha. Eu sabia disso. Não tinha como. “Mack esteve aqui. Ele estava do lado de fora quando sai. Eu acho que ele estava esperando por mim.” Jax inalou profundamente enquanto seu olhar ficava afiado e seus ombros tensos. “Ele te abordou.” “Sim,” eu disse com uma risada seca. Sua expressão ficou ainda mais tensa, me dizendo que ele não achava que isso era engraçado. E não era. “Ele disse que eu precisava encontrar minha mãe. Que ela estar sumida era problema meu. E disse que se minha mãe não aparecesse até quinta-feira, ai realmente seria problema meu.” Enquanto eu falava, o rosto de Jax literalmente se fechou. Sem emoção. Nada. Sua expressão era branca, mas era fria como gelo. “Ele disse que eu viraria a mensagem que eles iriam mandar para minha mãe.” Houve um pequeno tremor em sua mão então Jax se levantou rapidamente. Ele deu um passo para trás. Um musculo pulsando em seu maxilar. “Eu não quero ser a mensagem,” eu disse, minha voz baixa. “Eu realmente não quero ser o tipo de mensagem que ele estava falando.” Ele me encarou por um momento até que finalmente entendimento assumiu sua expressão, mudando toda a atmosfera do cômodo. Tensão emanava como a chuva que teve mais cedo. “Eu vou encontrar aquele filho da puta e matar ele.” Whoa. 192
Eu me levantei, levantando minhas mãos. “Okay. Eu não acho que essa foi a resposta apropriada.” “Ele te ameaçou?” ele deu outro passo para trás. “Bem, sim, mas...” “Ele te ameaçou do jeito que eu penso que ele fez?” Apesar de não ter afirmado isso, foi uma coisa boa que não compartilhei exatamente a mensagem de Mack, mas ainda assim Jax entendeu. “E ele te ameaçou no meu espaço?” Eu não tinha certeza de como esse lugar era dele, mas que fosse. “Jax...” “Ele te tocou?” ele perguntou, e eu inalei profundamente. Eu balancei minha cabeça. “Não. Não realmente.” “Não realmente?” Sua voz estava baixa, em um nível além de calma. Nick, de repente, estava na porta. “Está tudo bem?” “Agora não,” Jax cuspiu essas duas palavras de um jeito que me faria correr na direção oposta, mas Nick ficou, seu olhar viajando entre nós dois, obviamente percebendo que algo tinha acontecido. “Calla.” Talvez ter contado a Jax não tenha sido uma boa ideia. Eu, provavelmente, deveria ter ido diretamente para a polícia, porque ele parecia como alguém que iria fazer justiça com as próprias mãos. Eu engoli fortemente. “Mack tinha uma faca.” “Merda,” Nick disse. Jax enrijeceu, suas costas ficando praticamente retas. “Ele te machucou?” “Não,” eu sussurrei. “Tudo que ele fez foi me ameaçar. Ele disse que iria...” Eu olhei para Nick, mas ele assim como Jax, estava em alerta. Então eu abaixei minha voz. “Ele disse que iria igualar meu rosto se eu gritasse.” Houve um momento de Silêncio então Jax explodiu. Como uma granada. “Filho da puta!” ele gritou, e eu pulei alto. “Eu vou matar aquele filho da puta.”
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“Jax, passar um tempo na cadeia realmente não está em seus planos,” Nick disse, e eu me perguntei se Jax realmente tinha um plano, estupidamente percebendo que eu nunca ouvir Nick realmente falar. “Você sabia que isso estava prestes a acontecer.” Meu olhar foi para Nick, e ele sabia. Clyde tinha me avisado. Jax tinha me avisado. Eles tinham dito que minha mãe estava em uma bagunça tão grande, e eles tinham avisado que isso iria respingar em mim. Eles não estavam brincando, mas eu realmente não tinha pensado que era assim tão ruim; mesmo com a heroína, eu não tinha percebido que poderia ser assim. Eu estava mais preocupada com recuperar meu dinheiro e ficar brava com minha mãe e comigo mesma. Eu deveria ter voltado para Shepherd. Eu deveria ter ligado para Teresa e perguntado se podia dormir no seu apartamento. Eu deveria ter fugido de Dodge. Deveria. Poderia. Teria. Na verdade, mesmo que eu soubesse desde o começo que os problemas eram bem sérios, eu não tenho certeza se teria ido sabendo que minha mãe estava com problemas. Eu, provavelmente, teria tentado encontra-la desde o primeiro dia se tivesse percebido que era assim tão ruim. Encontrado ela, pegar o dinheiro de volta e manda-la sem volta para qualquer lugar longe daqui. Jax se virou, passando uma mão pelo seu cabelo. “Saber que isso poderia acontecer e ver que realmente está acontecendo são duas coisas bem diferentes, Nick.” “Eu sei,” ele respondeu calmamente, bem calmamente. Eu cruzei meus braços sobre meu estômago, tremendo novamente. Na maior parte do tempo eu pensava que conseguia lidar bem com tudo. Eu queria me parabenizar, mas quando eu falei, eu ouvi o temor em minha foz. “O que vou fazer? Eu não tenho ideia de onde minha mãe está e, ele disse que se eu tentasse fugir, eles me encontrariam. Eu vou acabar me fodendo e...” Jax, de repente, estava na minha frente, segurando meu rosto. Seu dedão encostou na minha cicatriz, mas o olhar em seu rosto era mais assustador do que qualquer coisa que eu tenha visto em meus vinte e um anos de vida, e eu vi coisas realmente perturbadoras.
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“Você não vai ser a mensagem. Você não vai ser nada para eles. Você me entendeu? Ninguém vai tocar em você,” ele disse, e ele disse bem na frente de Nick. Ele me tocou na frente de Nick, tocou minha cicatriz. “Nós vamos cuidar disso e ninguém vai fazer nada para você. Okay?” Eu acreditava nele. Wow. Eu realmente acreditava nele. “Okay,” eu sussurrei. Jax abaixou sua cabeça, colocando um casto beijo em minha testa, e ele fez isso na frente de Nick também. Isso trouxe algo para meu peito, realmente profundo. Então, ele se virou para Nick e, enquanto ele fazia isso, colocou um braço em meus ombros, me puxando contra si. Eu hesitei por um segundo, mas fui com ele. Eu me inclinei contra ele, porque naquele momento eu pensei que realmente precisava me apoiar em alguém. “Precisamos ligar para a polícia,” Nick disse. Eu abri minha boca mas ele continuou. “Nós vamos ter que esperar e não fazer isso aqui.” “Precisamos fazer isso em um local privado,” Jax confirmou, sua mão em minha cintura. “Eu vou ligar para Reece, deixar ele saber o que está acontecendo. Você cuida do bar essa noite?” Nick levantou seu queixo, emanando a postura masculina clichê. “Tenho tudo sobre controle.” Houve um minuto de silêncio antes de Jax falar, “Verdade.”
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Capítulo Quinze
Clyde estava muito mais que irritado, posso dizer, quando Jax o atualizou sobre o que aconteceu. Eu não queria contar a ele, mas novamente, ele não deveria ficar alheio também. “Eu vou matar ele,” Clyde gritou. Várias pessoas iriam matar Mack. Clyde me deu um de seus abraços de urso que me faziam me sentir tão bem e prometiam que eu não precisava me preocupar com isso. Ele fez isso segurando uma espátula. Eu amava esse cara. Nós esperamos uma hora, e mesmo que eu me sentisse alienada, eu trabalhei no bar durante esse tempo, mantendo as aparências. Jax tinha me avisado, assim como Clyde e Nick, que o bar estava sob controle — e que poderiam ter pessoas dentro do bar vigiando. Não pessoas que respondiam a Mack, porque todos juraram que ele ainda era um pseudo-gangster de baixo nível, mas pessoas que respondiam a Isaiah, e Isaiah era tudo menos baixo nível, pelo que aprendi naquela noite. Era próximo a meia noite quando eu e Jax saímos do Mona’s, eu odiando ter que sair cedo em uma sexta, uma das melhores noites para gorjetas, mas dinheiro" incrivelmente" era o menor dos meus problemas. Nós dirigimos para minha casa, e Jax me seguiu para dentro, ficando próximo. Ele não estava falando muito enquanto eu rapidamente me troquei, colocando um jeans limpo e uma camiseta que não cheirasse como o bar. “Nós vamos nos encontrar com Reece,” foi tudo que ele disse antes que eu entrasse no banheiro.
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Eu retoquei minha maquiagem, por habito, e fomos para a caminhonete de Jax, dirigindo de volta para a cidade. Meu estômago estava revirado quando eu finalmente reconheci que estávamos na rua que levava para a casa dele. “Nós vamos para sua casa?” Ele concordou, olhos na rua. “Reece vai passar aqui. Se você está sendo vigiada, espero que eles pensem que você está aqui apenas para me ver. Todos sabem que somos amigos.” Minhas mão se fecharam. “Você acha que estou sendo vigiada?” Suas mãos apertaram ainda mais o volante. “É possível.” “Deus,” eu respirei, balançando minha cabeça de vagar. Tudo isso... parecia tão irreal. Nós não falamos enquanto ele estacionava, saia, e andava até meu lado enquanto eu apenas tinha aberto a porta. Ele pegou minha mão, segurando firme enquanto me guiava para a porta que continha os números prateados 474. Eu não sabia o que esperar enquanto eu entrava na casa de Jax. Eu não estive em muitas casas de meninos, pelo menos um que não tivesse uma namorada, então eu estava esperando que o lugar estivesse uma bagunça, cheio de caixas de pizza e latinhas de cerveja. Não foi isso o que eu vi. Logo depois da porta, haviam alguns pares de tênis, perfeitamente alinhados contra a parede. Um deles me lembrou de tênis próprios para basquete e uma imagem de um pequeno menino com cabelo loiro correndo pela casa, segurando uma bola de basquete contra seu peito encheu meus pensamentos. Kevin. Tirando esses pensamentos da minha mente, eu tirei minhas sandálias, mas Jax manteve seu sapato. Logo na frente havia uma escada que levava ao segundo andar e para baixo, pelo que eu presumi que fosse o porão.
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Eu o segui até uma sala bem masculina" sofá marrom escuro e uma poltrona reclinável posicionadas em volta de uma TV do tamanho de um carro pequeno. Haviam algumas plantas na frente da janela. Cortinas estavam fechadas. A sala de jantar tinha uma mesa de madeira escura e ela ficava logo ao lado da cozinha que parecia ter sido limpa recentemente. Com uma parte totalmente aberta, ela parecia aconchegante e arejada. “Eu gostei da sua casa,” eu disse, e corei, porque eu tinha certeza que parecia uma idiota falando isso. Ele sorriu sobre seus ombros para mim enquanto guardava suas chaves. “Ela funciona por agora mas, eventualmente, eu quero um lugar com um jardim e sem vizinhos logo em cima de mim. De vez em quando, o casal da casa ao lado se anima. Da para ouvir tudo. As vezes é interessante, As vezes, nem tanto.” Por alguma razão, eu senti meu estômago revirar. Ele era apenas alguns anos mais velho que eu e já tinha o que queria agora e já sabia o que queria no futuro. Eu não sabia se gostaria de morar em um apartamento, uma casa conjugada ou uma casa com jardim. Eu nunca pensei tão longe e não sabia o porque. Era algo que eu realmente só percebi naquele momento. Meus três F não eram realmente um bom plano. “Você está bem?” Eu pisquei devagar, encontrando Jax me observando, curioso, da cozinha. “Sim, apenas muita coisa na cabeça.” “Entendível.” Jax se moveu para onde eu estava, logo na entrada da sala de jantar. Bem, ele não se moveu. Ele se moveu para frente com a graça de um dançarino. Parando a apenas a alguns centímetros de distancia, ele colocou ambas as mãos, uma em cada lado do meu pescoço e baixou sua cabeça, seus dedões logo abaixo do meu queixo. “Vai ficar tudo bem.” Meu coração saltitou e por tudo que era mais sagrado, eu não consegui evitar. Eu queria perguntar por que ele estava se envolvendo tanto, mas as palavras como ‘eu gosto de você’ e outras coisas do tipo que ele havia dito vieram pra minha cabeça. E ele tinha beijado a minha testa na frente de Nick.
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Ele abaixou sua cabeça e colocou outro beijo em minha testa. “Quer algo para beber? Eu tenho refrigerante. Água. Suco de maçã.” Eu não tinha percebido que meus olhos estavam fechados até que ouvi sua risada e abri meus olhos. “Água,” eu disse, limpando minha garganta. “Por favor.” Um lado de seus lábios se curvaram para cima. “Sim, eu estou realmente ansioso para nosso encontro no domingo.” Mas o que? Se eu me lembrava corretamente, eu não tinha concordado em sair com ele. Ele me soltou, suas mãos deslizando pelo meu pescoço, deixando uma trilha de arrepios por onde passavam. Santo Deus, ele tinha acabado de beijar minha testa novamente. Eu não sabia o que pensar sobre isso ou como responder. Minhas mãos estavam tremendo novamente, mas por razões diferentes. Eu corri para a sala de estar e me sentei no sofá. Eu não me sentia como se tivesse vinte e um anos naquele momento. Quatorze seria mais apropriado. “Na verdade,” eu disse, me virando. Eu não conseguia ver onde ele havia desaparecido na cozinha. “Posso tomar o suco de maçã?” Outra risada profunda e sexy viajou até onde eu estava. “Claro que pode.” Eu mordi meu lábio e me virei de volta. Jax apareceu, segurando uma caixinha de suco com um canudo perfurado nela. Meu olhar viajou do seu rosto para a caixa e de volta para seu rosto. Eu não consegui me aguentar. Eu ri. Aqui estava ele, um cara lindo que tinha esse lado sexy e brusco, e ele tinha caixinhas de suco em sua casa. Eu amei. Meus lábios se curvaram enquanto eu pegava a caixa de suco. “Obrigada.” Jax me encarou. Não havia um meio sorriso dessa vez. Ele estava realmente sorrindo e, puta merda, ele tinha um lindo sorriso. Ele encontrava com seus olhos, os deixando da cor de chocolate derretido. “Você tem um riso lindo,” ele disse. “E um sorrindo estonteante. Você devia fazer isso mais vezes. Ambas. Sorrir e rir.”
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A caixa de suco quase escorregou da minha mão. Novamente, ele me deixou sem palavras. Eu não tinha ideia do que dizer e a única coisa que consegui inventar foi “Obrigada.” Eu tinha mesmo acabado de agradecer a ele por isso? Yep. Minha boca ainda estava balbuciando, porque eu entrei direto em modo de defesa. “Mas você tem um sorriso lindo. Quero dizer, na verdade é meio de tirar o fôlego, e sua risada? É wow. Eu acho que seus lábios" você tem ótimos lábios...” Eu realmente estava falando isso tudo em voz alta? Eu disse que ele tinha ótimos lábios? O sorriso de Jax parecia ter aumentado e, inferno, era como a única estrela no céu de tão brilhante. Yep, eu realmente disse isso tudo em voz alta. Oh meu Deus, eu era uma idiota. Por sorte, a campainha tocou, me salvando de dizer mais coisas bobas. Ele se aproximou, passando seu dedão pelo meu lábio inferior, totalmente me impressionando. Então ele foi atender a porta. Reece estava de uniforme, e eu estava tão acostumada a vê-lo de jeans que eu engasguei, o canudo do meu suco apoiado contra meu lábio. De algum modo seus ombros pareciam mais largos dentro do uniforme azul, que era ajustado ao extremo, mostrando seu abdômen reto, quadril estreito e pernas fortes. “Hey, Calla,” Reece disse com um sorriso. Eu corri para fechar minha boca. “Oi,” eu murmurei, dando outra olhada. O sorriso de Reece ficou ainda maior enquanto ele olhava para Jax. “Desculpa ter demorado. Eu troquei o carro, peguei o meu pessoal para vir aqui caso tivessem olhos na rua.”
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Eu tremi sob a ideia de ter pessoas que pudessem estar vigiando o bar, as ruas e até mesmo a casa de Jax. “Bom plano,” Jax disse, se sentando ao meu lado no sofá. E ele realmente se sentou ao meu lado. Sua coxa estava totalmente pressionada contra a minha. “Mas o que eu quero saber é como os capangas de Isaiah podem ficar circulando por ai e ameaçando Calla quando você deveria ter falado com eles.” Oh. Wow. Reece estreitou seus olhos para Jax, e ele não era mais algum cara gostoso aleatório que ficava em um bar com alguns amigos. Sua postura toda mudou. Seus ombros se alinharam, seus olhos se afiaram e suas pernas se afastaram enquanto ele se sentava na poltrona. “Nós não conseguimos encontrar o idiota. Não é como se fosse algo fácil de se fazer, mas vamos chegar até ele.” “Faça ficar fácil,” Jax disse com a voz baixa. “Jax,” Reece disse, soando como um aviso. Oh. Merda. “Seu trabalho é servir e proteger, certo?” Jax retrucou, seu maxilar tenso. “Então, porra, sirva e proteja.” Em um momento tenso, eu pensei que eles iriam sair nos socos no meio da sala, mas Reece inalou profundamente. “Você tem sorte de ter salvado minha bunda no deserto ou eu estaria chutando a sua agora.” Jax tinha salvado ele? Eu queria saber mais sobre isso. Ele piscou para seu amigo. “Você tentaria. Palavra chave aqui sendo tentar.” Esse comentário foi ignorado enquanto Reece apoiava seu braço na poltrona, sua atenção em mim, e eu sabia que eu não iria saber sobre a história dos dois. “Eu preciso que você me conte tudo, Calla.” Eu olhei para Jax, por algum motivo bobo, e quando ele concordou, eu tomei mais um pouco do meu suco e suspirei. Então eu contei tudo a Reece" começando do dinheiro que minha mãe tinha roubado de mim, o verdadeiro motivo para estar aqui e o porque de 201
estar trabalhando no bar. Enquanto eu contava a ele, Reece tinha olhado estranho para Jax, coisa que não consegui entender, mas sua atenção voltou para mim quando eu contei a ele sobre o cara gorduroso, a heroína e, então, o que Mack tinha dito para mim fora do bar. “Merda,” Reece gemeu quando eu terminei, e eu assumi que tinha terminado tudo bem. “Essa é uma merda gigante que você está pisando. Não precisa de muita lógica para entender que a heroína na casa não era da sua mãe. Há uma boa chance dela estar guardando para alguém e, quando você pensa na quantidade, então provavelmente era para Isaiah. E Deus sabe lá o negócio que ele tem com a sua mãe para ela estar disposta a guardar aquilo. É algo muito valioso para se ser responsável.” Pelo jeito que meu coração estava acelerado, eu não estava gostando do que ele dizia. “Quem é esse Isaiah?” “Ele é um traficante de drogas, muitas drogas, entre outras coisas ilegais. O problema é, quando você ver Isaiah, que será nunca, ele não parece em nada como um traficante. Ele parece um cara de negócios.” Os lábios de Jax se curvaram em desgosto. “Eu acho que a última vez que eu o vi, ele estava usando um Armani27.” “Ele tem negócios legítimos e é bem poderoso,” Reece acrescentou, e eu realmente não gostava do que estava ouvindo. “Ele tem olhos e ouvidos em todos os lugares, e uma tonelada de pessoas em seus bolsos, até policiais. Ele é a personificação das pessoas que você não vai querer se intrometer. Sua mãe e as pessoas que ele controla não são o tipo que ele normalmente lida. Como ela se envolveu com ele está além da minha compreensão.” “Não que isso importe agora,” Jax disse. “Mona está com problemas com Isaiah e deve dinheiro a ele e, conhecendo nossa sorte, muita heroína.” Jax se apoiou contra a almofada, deixando sair sua cabeça nas costas do sofá. Sua mão terminou no meu ombro, me fazendo pular. “E isso espirrou para Calla.” “Entendi,” Reece respondeu. Enquanto eu estava sentada no sofá ouvindo os meninos, eu pensei sobre a última noite que passei com meus amigos em Shepherd — Cam e Avery, Jase e Teresa, Brit e Ollie, 27
Se referindo a um terno da marca Armani
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até mesmo em Brandon e a mulher que não lembrava o nome. Nós conversamos sobre a faculdade, ir para a praia e viajar o mundo. Não sobre heroína e um traficante que provavelmente tinha muita experiência em enterrar fatos. “Se você sabe que ele trafica drogas, como ele não está preso?” Eu perguntei. Ambos os rapazes olharam para mim, então Jax murmurou. “Fofa. Ela é fofa.” Eu atirei a ele um olhar que dizia que iria pular de uma ponte. “Quando eu disse que Isaiah era poderoso, eu não estava brincando. Os policiais que não estão em seu bolso já tentaram arrastar sua bunda para baixo. Até mesmo os federais estão na sua cola, mas as provas... bem elas não parecem colar.” Reece explicou, cuidadosamente, e eu senti como se tivesse muito mais que ele não estava falando. “Há um mundo lá fora que não opera no sentido de certo ou errado e tudo que a gente pode fazer é tentar minimizar o dano colateral.” Dano colateral. Wow. Foi ai, nesse momento enquanto eu encarava meus dedos que eu percebi que eu era um dano colateral. E o mundo lá fora, aquele pouco que eu vi enquanto crescia, era muito maior e pior que eu poderia imaginar. “Nós precisamos encontrar minha mãe,” eu disse, olhando para cima. “Eu não tenho ideia de onde ela possa estar, mas talvez Clyde sabe. Ou, talvez, eu posso tentar falar com Isaiah, explicar meu"“ “Você não vai chegar perto de Isaiah,” Jax disse, sua mão apertando meu ombro ainda mais. “E há alguns lugares que podemos olhar, procurando sua mãe, mas eles são buracos que você não vai chegar perto também.” “Me desculpe?” Eu me virei em sua direção enquanto continuava, mas sua mão não saiu do lugar. “Da última vez que conferi, você não era dono de mim, camarada.” Sim, essa não era uma boa resposta, mas que seja. “Isso é problema meu.” “É problema meu.” Seus olhos congelaram nos meus. Um tremor percorreu minha coluna. “Não é seu problema.” “Inferno que é.”
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Minha mão apertou a caixinha de suco, amassando o papelão. “Mona pode ser sua chefe, mas ela é minha mãe. É meu problema.” “Chefe?” Reece disse. Jax se inclinou para frente, seu rosto logo na frente do meu. “É meu problema porque é seu problema.” “Isso não faz sentido!” Eu estava frustrada, e confusa. “Você mal me conhece, Jax. Você não tem motivo para se envolver com isso.” “Oh, lá vamos nós de novo com essa basbaquice de ‘mal conhecer’. Eu não preciso ser seu melhor amigo, querida, para me envolver.” Ele respondeu, seus olhos mais escuros que eu já tinha visto. “A verdade é, eu te conheço a algum tempo. Você só não me conhecia.” Eu pisquei, meio que paralisada pelo fato, mas eu me recuperei rapidamente. “Só porque você conhece Clyde e minha mãe não quer dizer que me conhece ou que pode me dizer o que posso ou não fazer.” Reece suspirou. “Crianças...” Ele foi ignorado. De novo. “Oh, não é só isso. Eu dormi com você. Isso faz você problema meu.” “Whoa,” Reece murmurou. Minha boca caiu aberta. “Você não dormiu comigo!” “Oh, nós dormimos juntos.” Seus lábios se curvaram de um lado. “E eu sei muito bem que você não esqueceu disso.” Oh meu Deus. “Ou esqueceu de ter acordado comigo,” ele acrescentou, seus olhos se aquecendo. “Sim, aquilo.” Oh meu bom Deus. Eu me virei para Reece. “Ele não quer dizer o que você acha que ele disse.”
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Reece levantou suas mãos, como que dizendo para eu não arrasta-lo para aquilo. Eu me virei para Jax, que estava sorrindo descaradamente, mas antes que pudesse dizer outra palavra, e eu sabia exatamente o que iria dizer, ele colocou sua mão na parte de trás do meu pescoço, seus dedos prendendo meu cabelo. “É nosso problema,” ele disse, com a voz baixa. “Okay? Você quer encontrar sua mãe, eu vou ajudar e vou estar ao seu lado, mas você não vai fazer isso sozinha.” Eu abri minha boca para argumentar que eu não precisava da sua ajuda. Eu passei a maior parte da minha vida sem precisar de ajuda, mas Reece interrompeu antes que eu pudesse continuar. “Você fez bem, Calla, em contar a Jax o que está acontecendo. Muitas pessoas acham que podem lidar com isso sozinhas, quando na verdade qualquer criança sabe que não poderia. Continue sendo inteligente sobre isso. Enquanto algumas pessoas por aqui podem parecer inofensivas, essa situação toda está indo para um território perigoso. Seja esperta. Esteja segura.” Aquelas palavras de algum jeito me levaram para uma névoa de irritação. Seja inteligente. Esteja segura. Em outras palavras, eu não seja idiota. E era uma coisa ser idiota quando se tratava de Jax, mas outra totalmente diferente quando se tratava de me machucar ou pior. Então eu concordei. Jax gentilmente apertou a parte de trás do meu pescoço e abaixou sua mão. “Boa menina.” Eu revirei meus olhos. “Eu vou fazer com que alguns rapazes procurem por Mona também e vamos entrar em contato com Isaiah. No meio tempo, eu sugiro que você fique perto de Jax ou de Clyde.” Reece respirou fundo. “E eu quero falar com Mack.” Eu enrijeci. “Você não pode fazer isso.” “Eu não disse que iria falar com Mack sobre você. Eu não gosto do fato que ele te ameaçou, mas eu também vou ser esperto sobre isso.” “Isso não pode espirrar de volta nela,” Jax disse.
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“Não vai.” Reece sorriu, tenso. “Confie em mim, Mack vai fazer algo nas próximas vinte e quatro horas que vai forçar que seja preso e que me visite. Eu posso focar sua atenção em outra coisa, pelo menos por um tempo.” “Parece um plano,” Jax afirmou. Nada disso realmente soava como um bom plano para mim, mas o que eu sabia? Reece se levantou para sair, dizendo que ele entraria em contato e Jax o acompanhou para fora. Eu me apoiei no sofá e estava no meio de um grande bocejo quando Jax voltou. “Está tudo bem? Quero dizer, enquanto você foi lá fora com Reece?” “Sim. Ele, na verdade, estava falando sobre algo não relacionado a isso tudo. Um de nossos amigos vai se casar. Eu vou ser um dos padrinhos.” “Aw, isso é legal. Ele é um dos caras que vai no bar?” Ele concordou. “É o Dennis. Ele estava tendo certeza que eu poderia fazer a festa de despedida de solteiro, já que vai ser durante a semana.” Ele me observou por um momento. “Cansada?” Eu realmente estava. A tequila de ontem a noite e os eventos de hoje tinham me esgotado. Eu queria fechar meus olhos e esquecer de tudo por um tempo. Eu concordei enquanto me levantava, imaginando que era hora de Jax me levar de volta para casa. “Também estou,” ele respondeu. Em vez de pegar suas chaves que estavam no canto, ele tirou suas botas. Eu não entendi o que ele estava fazendo, já que não achava que ele fosse dirigir descalço. “Você não vai me levar para casa?” As meias foram as próximas a saírem, então ele soltou suas botas. “Eu estava ficando com você. Clyde também. Isso, com certeza, não vai mudar agora.” Eu estava meio que aliviada que um deles iria ficar comigo agora. “Está tarde. Não tem motivo para que voltemos para lá,” ele continuou. “Você pode ficar aqui.”
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Meu coração deu um salto. Eu nunca passei a noite na casa de um cara antes. “Eu não acho que deveria ficar.” “Você pode pegar outra caixa de suco.” Eu olhei para a porta da frente enquanto me revirava por dentro e minhas mãos começavam a ficar meio fracas. “Eu não quero mais suco de maçã.” “Eu tenho um mix de frutas também. Não qualquer porcaria. Capri Sun28.” Ele tinha uma variedade de caixinhas de suco? Eu balancei minha cabeça. Isso não era importante. Era fofo, com certeza, mas não era importante. “Eu não tenho uma muda de roupa.” Jax sorriu enquanto dava a volta no sofá e se aproximava de mim. Cada musculo no meu corpo ficou tenso. “Eu tenho certeza que tenho algo que você pode usar. E também tenho escova de dente nova. Você está segura.” Merda. “Calla, isso não é diferente de quando eu estava na sua casa.” Mas era. Meus batimentos aceleraram enquanto eu procurava por uma razão lógica que não envolvesse eu fazendo algo estupido, mas não havia realmente uma válida que eu pudesse elaborar. “Okay,” eu sussurrei. Aquele maldito sorriso apareceu novamente, fazendo meu estômago remexer. “Eu vou... eu vou dormir no sofá.” “Isso não vai acontecer.” “Então você vai dormir no sofá?” Eu perguntei, esperançosa. Ele riu. “Inferno, não, essa coisa não é confortável. Ninguém que eu remotamente gosto vai dormir nesse sofá.” Oh céus. “Você tem outra cama?”
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Marca de sucos. http://parents.caprisun.com/juice-drinks
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“Só uma, mas é grande.” Ele se aproximou, pegando minha mão e eu encolhi, porque eu realmente esperava que minha mão não estivesse soada. “Tamanho king-size. Espaço suficiente para nós dois e um São Bernardo.” “Você tem um São Bernardo?” Ele riu. “Não.” Essa foi uma pergunta boba. “Eu não acho que é certo dormimos juntos. Quero dizer, realmente... eu não sei, só não é uma boa ideia.” Uma sobrancelha levantou. “As melhores coisas da vida nunca são boas ideias.” Meus lábios se curvaram, mas eu os mantive pressionados juntos. Como eu iria responder a isso? Jax, então pegou minha mão enquanto se virava, indo para as escadas, e eu o segui Silênciosamente, meu coração correndo em meu peito. Eu não protestei muito enquanto ele me guiava degrau a degrau, porque eu estava ocupada demais surtando por dentro. Havia um banheiro e dois quartos. Ambas as portas estavam abertas. Um quarto havia sido convertido em escritório / sala de ginastica. Pesos estavam alinhados a parede, próximos a um banco. Mas não entramos ali. Ele me guiou diretamente para o outro quarto e ligou a luz. Eu estava tendo problemas para respirar. Jax pareceu não perceber enquanto ele dava a volta na cama gigante e ia em direção a uma cômoda de madeira escura antiga. Eu estava completamente parada. Eu estava no quarto de Jax. No meio da noite. Músculos se flexionavam debaixo da camiseta que ele usava enquanto ele se levantava, e eu desejei que eu fosse normal. Não que esse desejo fosse algo novo para mim, e eu desejava isso por diversos motivos, mas se eu fosse normal, eu estaria parada aqui excitada em vez de assustada e com minhas esperanças vazias. Eu estaria ansiando e não provando o gosto da mágoa. Eu estaria me preocupando sobre qual calcinha eu tinha colocado de manhã em vez de pensar sobre as cicatrizes.
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Eu seria apenas a menina parada no quarto de um cara que ela gostava. E por Deus, eu realmente gostava de Jax. Sim, eu não o conhecia a muito tempo, mas o que eu sabia sobre ele, eu gostava. “Essa camiseta provavelmente vai servir como camisola para você.” Ele andou para meu lado, me entregando enquanto eu o encarava. “Aquela porta leva ao banheiro. Há escovas de dente novas no armário abaixo da pia.” Eu ainda estava encarando ele. “Eu vou conferir se tudo está trancado, okay?” Segurando a peça de roupa emprestada perto do meu peito, eu não disse nada ou me movi enquanto Jax passava por mim. Ele parou, colocando uma mão nas minhas costas, falando perto da minha orelha. A sensação do seu hálito quente foi boa. “Lembra do que eu te disse?” Ele havia me dito várias coisas. “Eu imagino que você nunca passou a noite na casa de um homem antes.” Eu enruguei meu nariz. Era assim tão óbvio? Ack. “Eu gosto disso sobre você,” ele continuou, e eu pensei que essa era uma coisa estranha para se gostar. “É fofo.” Ele era estranho. Mas havia essa sensação no meu peito. “Eu te disse que você está segura comigo.” Sua mão viajou para meu quadril, dando uma apertada. “Isso não mudou, Calla.” Eu exalei suavemente. Ele tinha dito isso e eu realmente confiava nele. Hora de enfiar a calcinha de gente grande. Eu iria ficar aqui, iria dormir na mesma cama, mas não iria transar com ele. “Você vai ficar,” ele disse. Eu suspirei. “Eu vou ficar.”
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“E você não vai dormir no sofá. Nem eu.” Meu coração fez uma acrobacia dessa vez, e eu suspirei mais uma vez e concordei.
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Capítulo Dezesseis
Quando Jax deixou o quarto, tudo que consegui fazer foi correr para o banheiro e fechar a porta atrás de mim. Como o resto da sua casa, o banheiro estava limpo e arrumado. Tapete azul no chão combinando com a cortina do chuveiro. Sem outra decoração. Nem olhei para o grande espelho, eu rapidamente tirei minha roupa. Eu tinha que tirar o sutiã. Eu não conseguia dormir com um, não tinha certeza se era algo relacionado com as cicatrizes ou se apenas era mega desconfortável. Max Jax estava certo, sua camiseta era tão grande que chegou até metade das minhas coxas e não era justa. E eu coloquei de volta a blusa que eu estava usando para me dar algumas camadas à mais. Minha calcinha era fofa — rosa vibrante com um pequeno laço no meio — mas isso não importava, porque não tinha motivo para ele ver minha calcinha, então pensar nela ou no pequeno laço era burrice. Eu lavei a maquiagem dos meus olhos e peguei uma das escovas de dente, tentando não pensar porque ele tinha tantas escovas novas em seu banheiro. Uma vez que tinha voltado para o quarto, eu fui para o outro lado do cômodo, desliguei as luzes, tirei as cobertas do lado mais longe da porta e me deitei. Me virando de lado, eu encarei a porta do armário por bons vinte minutos, não me sentindo mais cansada. A cama tinha um cheiro bom. Cheirava a ele, na verdade, uma mistura de perfume e algum tipo de sabonete. Eu inalei e quase me engasguei. Eu estava mesmo cheirando sua cama? Isso era algo realmente baixo. Então eu o ouvi subir as escadas. Levou todo meu autocontrole para me manter quieta, em vez de me virar e ficar esperando como uma idiota. Eu pressionei meus lábios juntos e minhas mãos fechadas enquanto ouvia seus passos até o quarto. Eu o ouvi andar até a cômoda, os próximos sons me fazendo ter desejado que eu tivesse respirado uma última vez antes de segurar minha respiração. Um zíper foi abaixado, o pequeno som se infiltrando em meus nervos. 211
Roupas arrastaram. Calças caíram no chão. Eu abaixei meu queixo ainda mais, mesmo que o cômodo estivesse escuro e tudo que eu pudesse ver fosse sua forma de sombra, eu me ajeitei para tentar ver mais. Isso poderia me tornar uma pervertida, mas quem se importava. Ele estava vestindo alguma coisa, uma parte de baixo, mas não parecia que ele tinha uma camiseta enquanto andava para a cama. Eu daria um ovário em troca de poder ver aquele abdômen na luz. A cama afundou devido a seu peso e houve um pequeno puxão enquanto ele ajeitava as cobertas. Ele se moveu e, mesmo que ele não estivesse próximo a mim, eu podia sentir seu calor. Ele não disse nada, me fazendo pensar no que ele havia dito mais cedo, sobre ele me conhecer há mais tempo que eu o conhecia. Isso não fazia sentido porque ele tinha ficado surpreso quando ele descobriu que Mona era minha mãe. Eu não queria pensar sobre nada, mas minha mente estava agitada, se recusando a desligar. E mesmo que eu estivesse confortável do meu lado, de repente, eu queria deitar de costas, mas não queria me mover porque eu deveria apenas dormir. Eu me movi um pouco, esperando ficar mais confortável e que ele caísse logo no sono. A primeira noite que ele tinha dormido na minha cama, ele tinha caído no sono bem rápido. “Calla?” Eu apertei meus olhos fechados e segurei a respiração. “Eu sei que você está acordada.” Merda. “Estou dormindo.” Jax riu profundamente. “Incrível como você consegue responder enquanto dorme.” “Eu falo dormindo.” Houve outra risada profunda. “Você não está cansada, está?” “Sim,” eu menti. “Estou exausta.”
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“É esse o motivo de você estar se contorcendo toda desde que eu me deitei?” Eu abri meus olhos junto a um suspiro dramático. “Você não está com sono?” “Não mais,” ele respondeu e, wow, sua voz estava naquele tom profundo que fazia meus lábios se separarem. "Você está lidando bem com tudo?” Aw, merda, agora aqueles tremores estavam de volta ao meu peito. Isso era legal dele ter perguntado. Deus, ele era tão legal, e eu nem precisava estar bebendo tequila para querer contar a ele. “Sim. E não. Quero dizer, poderia ser pior.” “Sim, acho que sim.” A cama se moveu um pouco e eu conseguia dizer que ele estava mais próximo. Eu podia sentir seu calor sob as cobertas. “Eu conheço alguns lugares que sua mãe pode estar. Podemos olhar eles amanhã antes de ir para o bar.” Eu concordei. “Isso... isso seria bom.” “E Reece vai ter certeza que Mack não volte na semana que vem. Você não tem que se preocupar com ele.” “Mas eu tenho que me preocupar com Isaiah?” Eu perguntei com a voz baixa. A cama se moveu de novo enquanto Jax se apoiava em um cotovelo. Ele estava perto, sem me tocar — sem camisa — e eu conseguia sentir seus olhos em mim, mesmo no escuro. “Nós precisamos encontrar sua mãe.” Eu tive a minha resposta sem minha pergunta ser respondida. Meus lábios estavam pressionados juntos novamente e havia esse peso na minha garganta. Minha mãe... no que ela tinha se metido? Precisando focar em outra coisa, eu pensei no que foi dito enquanto Reece estava aqui. “Você salvou a vida do Reece?” Alguns segundos se passaram, então Jax se ajeitou atrás de mim, mais próximo. Eu poderia quase sentir suas pernas atrás de mim. “Não é uma história para se saber antes de dormir.” Eu já tinha imaginado isso. “Eu quero saber.” “Tem certeza?”
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Me fazendo essa mesma pergunta, eu percebi que eu queria saber sim" queria saber mais sobre ele. “Sim.” Houve mais uma pausa. “Nós estávamos no Afeganistão juntos, parte de um grupo de reconhecimento. Éramos em vinte e já tínhamos feito isso varias vezes, que era quase um hábito. Todos estávamos alertas, mas não estávamos preocupados, por isso ser um hábito. Isso pode ser fatal.” Eu mordi meu lábio inferior, sem conseguir imaginar o mundo que ele tinha visto. “Estávamos do lado de fora de um pequeno vilarejo" um que parecia exatamente igual a outros que já vasculhamos no passado, mas era diferente. No final eles estavam pesadamente armados, e não todos faziam parte da causa. Havia uma mina terrestre.” Eu me encolhi. Meu Deus, uma bomba? Você não vivia na américa pelos últimos dez anos e não ficava sabendo sobre que poder de destruição de uma bomba, mesmo as menores, era avassalador. “Foi uma emboscada,” ele adicionou rapidamente, como se tivesse lido meus pensamentos. “Essas coisas acontecem muito. Um minuto tudo está indo bem e no outro o mundo todo está explodindo. Nosso grupo foi cercado. Reece foi baleado. Eu o tirei dali.” Minha respiração parecia diferente. “Você o tirou de lá?” “Sim.” E isso foi tudo que ele contou sobre isso, mas eu sabia que tinha que ter mais. Não era tão simples como pegar a pessoa e sair quando haviam outros atirando em você. “Essa... essa foi uma das coisas que te mantinha acordado à noite?” Ele não respondeu por um longo momento. “Algumas noites... Eu sonhava que eu não conseguia tirar Reece a tempo. Outras, eu via os acontecimentos daquele dia. Incrível como o cérebro se apega a essas imagens.” Meu peito começou a doer. “E o whiskey ajudava com isso?” “Às vezes,” ele murmurou. “Meio que embaçava tudo" “embaçava os detalhes.” Eu queria perguntar mais, mas então ele veio com uma pergunta que me pegou de guarda baixa. 214
“Você gostava de participar de todos aqueles concursos de beleza?” Meus olhos se arregalaram. “Eu...” eu não queria responder a pergunta porque eu não queria nem pensar sobre isso, mas eu duvidava que Jax gostava de falar sobre as pessoas que atiraram nele e sobre as bombas, então eu devia isso a ele. “Eu gostava às vezes.” Okay. Isso não era muito, mas era algo. “Às vezes?” Ele perguntou gentilmente. Eu suguei meu lábio inferior entre meus dentes e fechei meus olhos. “Às vezes era divertido. Eu era pequena e gostava de brincar de me fantasiar. Eu me sentia como uma fada princesa.” Eu ri secamente. “Então era como brincar de me fantasiar toda semana e isso fazia... fazia minha mãe feliz quando eu ia fazer meu cabelo, maquiagem e estava no palco. E fazia ela extremamente feliz quando eu ganhava, especialmente os grandes títulos.” “Que tipos de títulos?” ele perguntou no meio da escuridão. “Grand Supreme é um deles.” Eu tive que abrir meus olhos porque eu conseguia me ver em um palco, me virando e soprando beijos e colocando minhas mãos sobre meu queixo. “Quando minha mãe estava feliz, era como se ela me amasse. Eu sei que ela me amava, mas era como se ela realmente me amasse.” Eu mexi meu quadril novamente, tentando achar uma posição sem me apoiar nas minhas costas. “Mas às vezes que eu apenas queria ser... eu não sei, uma criança. Eu queria brincar, mas eu tinha que praticar a caminhada, ou eu queria sair com meu pai, mas ele não gostava de ir nessas coisas, ou às vezes que eu queria passar tempo com...” Eu interrompi, fechando minha boca. “Passar tempo?” Às vezes eu queria estar em casa, passando tempo correndo atrás de Kevin. Ele era mais velho que eu — o irmãozão. — e quando eu estava em casa, eu era sua sombra. E eu também gostava de ficar com Tommy, porque ele era tão pequeno e fofo, como as bonecas bebês que eu costumava brincar.
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Mas eu não queria dizer isso, porque já se passaram anos desde a última vez que eu falei, em voz alta, o nome deles, e já tinham se passado anos desde que outra pessoa tinha dito o nome deles, até Clyde no último final de semana. “Está tudo bem” Eu disse, me corrigindo. “Não é algo que eu vá fazer quando tiver uma criança.” “Nem eu. Eu acho que isso faz com que as meninas foquem nas coisas erradas" tudo ser sobre aparências. “Então isso é algo que concordamos.” “Sim,” eu sussurrei, sentindo minha barriga contorcer. Era diferente estar deitada na cama com Jax falando sobre o que concordávamos ou não quando se tratava da criação de uma criança. “O que você gostava de fazer quando era criança que não envolvia essas coisas de concursos de beleza?” ele perguntou. Meu coração se apertou, porque eu não podia responder honestamente. Meu passatempo favorito era ficar com Kevin. Eu fui com a próxima coisa que gostava. “Jogar basquete.” “Basquete?” A surpresa era evidente na sua voz. “Sim, e você?” Não houve hesitação. Nenhuma. “Fingir que minha irmã mais nova me irritava quando, na verdade, eu amava quando ela me seguia por todo canto porque, com ela, nós sempre estávamos no meio de algo.” Eu perdi a respiração, e eu não sabia o que tinha me afetado mais" o fato que ele tinha uma irmã ou o fato que sua relação com sua irmã parecia muito com a que tinha com Kevin, ou o que ela poderia ter sido. “Você tem uma irmã?” Eu perguntei depois de um tempo. “Tinha.” Um peso afundou meu peito e isso não era uma coisa boa. “Tinha?” “Tinha.” Ele repetiu.
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Oh não. Eu fechei meus olhos. “Ela não está... mais com conosco?” “Não.” Eu virei de costas. Eu nem parei para pensar sobre isso e, quando virei minha cabeça, o rosto de Jax estava a centímetros do meu. “O que aconteceu?” Seu olhar estava no meu. “Quando ela tinha dezesseis, ela sofreu um acidente de carro com seu namorado. Ele estava correndo e a caminhonete virou. Ele morreu no acidente e minha irmã... bem, ela quebrou uma perna e a coluna. Então ela estava sentindo muita dor depois do acidente, e não somente dor física.” Oh, eu tinha um mal pressentimento sobre isso. Um pequeno e triste sorriso apareceu em seus lábios. “Jena... ela era uma menina tão legal, tinha mais coragem que a maioria dos homens que eu conhecia. Iria esquiar, fazer base jump ou saltar de paraquedas, e estava constantemente dando a nossos pais um ataque cardíaco, mas depois do acidente, ela mudou.” “Como?” Eu sussurrei, mas o amargor no fundo da minha boca me dizia que eu não tinha certeza se queria saber. Por eu estar encarando seu rosto, eu não vi sua mão se mover no pequeno e escuro espaço entre nós, mas eu senti seu dedão passando pelo meu lábio inferior, e senti até cada ponta do meu corpo. “Ela recebeu várias medicações para dor. Começou como algo bom, mas ela ficou viciada. Eu acho que estar nesse estado ajudava ela a não ter de lidar com o pesar, você sabe?” Oh Deus, como se eu não soubesse. Eu o encarei, sem piscar e sussurrei. “Sim.” “Os médicos, eventualmente, interromperam a medicação, mas ela estava viciada. Ela não queria ter de lidar com isso, então passou a tomar outras coisas — heroína e oxicodona. — Seu dedão passou sobre meu lábio novamente, me fazendo tremer. “Meus pais tentaram ajudar ela, mas não havia como parar o que estava chegando. Eu estava em treinamento quando nossa mãe a encontrou em seu quarto. Ela tinha tido uma overdose. Morreu durante a noite. — Ele inalou profundamente. — “Por muito tempo, eu me culpei por isso.” Eu franzi as sobrancelhas. “Por que?” 217
“Eu pensava que, talvez, se eu estivesse em casa, eu poderia ter impedido ela,” ele respondeu. “Inferno, parte de mim ainda pensa isso.” “Você não pode impedir outras pessoas a não ser que eles queiram ajuda,” eu disse a ele. “Confie em mim, eu sei.” “Eu sei que você sabe,” ele respondeu baixo. “Mas esse é o tipo de culpa que eu vou carregar por um bom tempo, se não para sempre. Ela era... ela era minha irmã. Era meu trabalho mantê-la a salvo.” “Oh, Jax,” eu sussurrei. O nó estava maior na minha garganta. “Me desculpe,” eu disse e eu sabia que soava idiota, mas eu não sabia mais o que dizer. Seu dedão passou novamente pelo meu lábio antes dele afastar sua mão. “Não tem nada que você precise se desculpar.” “Eu sei,” um momento se passou enquanto eu inalava profundamente, então me virava de lado, olhando para a porta do armário novamente. Meu coração doía por ele e por sua família e irmã que nunca teve a chance de se tornar algo. Nós não tínhamos o mesmo passado. Nem perto. Mas havia suas similaridades. Minha mãe era essa pessoa hoje porque ela não conseguiu superar a perda e a dor, e eu imaginava se, como Jax sabia sobre os concursos, se ele sabia também sobre o incêndio e sobre Kevin e Tommy. “Me desculpe por você ter perdido sua irmã e tudo que você presenciou no exterior. Você... você deve ser corajoso.” “Eu acho que era mais a vontade de não morrer ou não querer ver meus amigos morrerem do que coragem.” Isso era algo bem modesto para se dizer. Ele tinha compartilhado tanto comigo que eu senti necessidade de compartilhar algo realmente pessoal sobre mim, mas era difícil. Levou uma mordida na língua para as palavras saírem. “Eu sou uma mentirosa.” Houve uma pausa, então ele disse. “O que?” Mesmo estando escuro, meu rosto estava quente. “Eu sou uma mentirosa. Meus amigos lá em casa" Teresa e seu namorado Jase, Avery e Cam. Cam é o irmão mais velho da Teresa, e ele e a Avery são o casal mais fofo do mundo, — eu estava balbuciando, nervosa. “Cam tinha uma tartaruga de estimação e comprou outra para Avery.”
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Seu corpo tremeu com a risada. “A tartaruga deles estão apaixonadas?” “Yep. Você não consegue evitar amá-los quando eles estão perto; nem mesmo as tartarugas conseguiram.” E eu continuei. “Teresa e Jase são o casal mais quente no mundo. Sério. E tem Brandon.” Outro momento se passou. “Brandon?” Provavelmente não deveria ter mencionado ele. “Ele é outro amigo. Ele tem namorada.” Eu adicionei, rapidamente, só para poder continuar. “De qualquer modo, eles são ótimos. Eles realmente são, e eu os amo, mas eu menti para eles. Eles não sabem nada sobre mim e eu contei tantas mentiras.” “Babe...” “Não. Sério. Eu disse a eles que minha mãe estava morta.” Então, houve Silêncio, eu fazendo careta para mim mesma no escuro. “Viu? Essa é uma mentira grande. Mas não havia chance deles conhecerem ela de qualquer jeito, e ela está meio que morta, você sabe? A bebida e as drogas mataram a minha mãe há anos atrás.” “Eu entendo,” ele murmurou. Eu não tinha certeza se ele entendia. “E eles acham que eu estou visitando um parente agora.” “Isso não é uma mentira. Clyde é parte da família.” Eu abri minha boca para corrigi-lo, mas ele estava certo. Huh. “No último semestre, eu disse a Teresa que iria para casa para as férias de verão e você sabe o que eu fiz, Jax?” “O que?” ele respondeu suavemente. “Eu fiquei em um hotel e pedi serviço de quarto.” Quando ele não falou, eu adicionei. “Apesar de tudo, o serviço de quarto era realmente bom.” “Você não é uma mentirosa,” ele disse depois de um momento. “Um, que parte dessa conversa você perdeu? Eu menti para eles. De propósito.” E agora que eu estava conversando sobre isso, eu me sentia totalmente inútil.
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“Você teve seus motivos, Calla. Você não mentiu para ser chata ou coisa do tipo. Você não teve uma boa infância e o seu relacionamento com sua mãe é inexistente, no melhor caso. Eu tenho certeza que eles entenderiam se soubessem da verdade.” Ele pausou. “E todos tem segredos, babe. Nenhuma pessoa é cem por cento honesta em todas as situações. E isso vale para seus amigos também.” Eu fechei meus olhos enquanto absorvia suas palavras e não havia como negar que elas me ajudaram a me sentir um pouquinho melhor sobre tudo que escondi deles. “Obrigada.” Ele não disse nada por alguns minutos, então ele se moveu novamente. Suas pernas estavam definitivamente tocando as minhas. “Calla?” Perdi o fôlego mais uma vez. “Sim?” Depois de uma batida, ele perguntou. “Então você acha que eu tenho lábios lindos?” “Oh meu Deus,” eu gemi, eu tinha esquecido o que havia dito mais cedo. A risada de Jax percorreu toda minha pele e, simples assim, tudo parecia bem de novo. “Eu te odeio.” Ele riu novamente. “Não, você não odeia.” O quarto estava escuro, então eu sorri, ele não iria ver, mas eu sabia que ele estava sorrindo também. Eu não o odiava. “Calla?” “Jax?” Eu não tinha ideia do que ele poderia dizer depois. Ele tocou meu cabelo, ou eu pensei que ele o fez. Foi tão leve e tão brevemente que eu não tinha certeza. Então ele disse. “Você precisa ser corajosa também.” Eu precisei respirar. “Sobre o que?” Jax não respondeu, e eu não forcei, porque eu tinha medo que ele iria elaborar essa sua frase e eu não tinha certeza o que viria e tinha medo. Depois de um tempo, eu ouvi sua respiração se aprofundar, então eu sabia que ele tinha caído no sono, enquanto eu estava deitada ao seu lado, sentindo um nó em meu peito. Demorou muito até que meus 220
pensamentos se acalmassem, apĂłs tudo que ele me disse. E por tudo que eu nĂŁo tinha dito a ele.
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Capítulo Dezessete
Acordar uma segunda vez ao lado de Jax James foi como acordar pela primeira vez. Ele realmente era alguém que se aconchegava enquanto dormia. Quando eu finalmente peguei no sono, suas coxas estavam contra a parte de trás das minhas, mas não desse jeito de agora. Toda a parte da frente do seu corpo estava encostada em minhas costas, e não somente isso, uma de suas pernas estava encaixada entre as minhas, seu braço segurando minha cintura. Nossas cabeças tinham de estar dividindo o mesmo travesseiro porque conseguia sentir seu hálito quente pelo meu cabelo, passando por minha cabeça até minha bochecha. Nós estávamos de conchinha novamente. E isso era algo bom e burro assim como da última vez, mas um burro bom. Um burro que eu queria investigar mais, por que o calor do seu corpo criava um casulo que eu não queria sair, mas eu lembrava do que aconteceu da última vez. Inalando profundamente, eu tentei me afastar de Jax e a sair da cama, mas isso não aconteceu. No momento que me movi, o braço que estava na minha cintura apertou e, de repente, eu fui rolada de costas. Jax passou sua perna sobre a minha e se moveu — não, ele se esgueirou. Quando ele falou, seus lábios passaram pela lateral do meu pescoço, mandando uma onda de arrepios pela minha pele. “O que você acha que está fazendo?” Oh, wow. Sua voz era profunda e rouca de sono, e misturada com o fato que seus lábios acariciavam minha pele enquanto ele falava, era uma combinação alucinógena. Meu coração palpitava, acelerando minha pulsação. “Eu... eu estava me levantando.” “Mmm,” ele murmurou, deslizando uma de suas mãos para cima e para baixo em meu estômago, para que ela parasse logo abaixo dos meus seios. Eu mordi meu lábio inferior devido a sensação que se acumulava dentro de mim. Sua mão estava perto e, se
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ele abrisse seus dedos, seu dedão iria, mais do que com certeza, encontrar ação. “Você não entende o conceito de hora de dormir.” Meus olhos estavam arregalados e fixos no teto. Eu sabia que deveria mover sua mão. Eu não queria pensar que ele pudesse sentir qualquer diferença na minha pele pela camiseta emprestada e o top que eu estava usando, mas uma energia se formou em meu estômago, misturando com um sentimento que eu reconhecia. Eu nunca fui despertada, excitada ou que seja. Obviamente. Mas eu estava tão curiosa quanto qualquer outra menina que tinha passado pela puberdade e, por que não, então eu tinha me familiarizado com meu corpo mais de uma vez, e eu sabia o que era esse sentimento passando pelas minhas veias. “Você sabe?”, ele perguntou. “Eu...” minha língua parou de se mover porque foi nessa hora que sua mão se moveu um pouquinho e seus dedos se afastaram. Seu dedão passou pela parte de baixo dos meus seios e eu tremi, em reflexo. Eu não sabia se isso tinha algo a ver com as cicatrizes, mas meu seio esquerdo era sensível demais. Sua mão ficou imóvel depois disso. Esperando. Instinto me disse que Jax sabia exatamente onde seu dedão tinha passado e agora estava esperando para ver como eu respondia. Ou, talvez, ele estava fingindo uma preguiça matinal e não sabia o que estava fazendo. Os lábios de Jax passaram pelo ponto logo abaixo da minha orelha e eu fiquei sem ar. Wow. Okay. Ele não estava fingindo nada e sabia exatamente o que estava fazendo. Eu precisava remover sua mão. Eu precisava sair dessa cama. Mas eu não me movi. E qualquer que fosse a resposta que ele estava esperando, ele deve ter conseguido. Seu dedão passou novamente pelo meu seio, e minha garganta ficou seca. Puta merda, o que estávamos fazendo?
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“Esqueça a hora de dormir,” ele disse, movendo seus lábios contra a pele da minha garganta novamente. “Eu acho que gosto do fato de você não saber o que isso é.” “Gosta?” Aquele dedão subiu meio centímetro e eu mordi meu lábio inferior. “Sim, eu gosto quando você acorda.” Eu não tinha ideia de como responder isso, e meus cílios estavam vagarosamente, bem devagar mesmo, abaixando, meu coração acelerando e calor invadindo meu corpo, aliviando a tensão em meus músculos, mas, ao mesmo tempo, criando outra totalmente diferente. “Você sabe o que está acontecendo aqui.” Sua afirmação fez meus olhos ficarem arregalados novamente. Silêncio. “Por favor me diga que você entende o que está acontecendo aqui.” “Sim,” eu sussurrei, então disse, “Não.” “Sim e não?” sua voz tinha ficado mais profunda, mais rouca. Arrepios dançavam pela ponta de meus seios até minha barriga e indo para baixo, bem para baixo. “Pode explicar?” “Por quê?” era tudo que eu conseguia dizer. Aqueles lábios ainda estavam passando pela lateral da minha garganta. “Por que o que?” Eu estava tendo problemas em formar pensamentos coerentes. Eu nunca fui tocada dessa maneira antes, e isso era mal um toque, mas me deixava girando. “Por que isso está acontecendo?” “Por que eu quero.” Seu dedão deslizou novamente. Isso não era uma resposta. “Mas, por quê?” “Eu já te disse.” Ele pressionou seus lábios contra meu pulso, me fazendo suspirar e, então ele levantou sua cabeça, apoiando seu peso no braço ao meu lado. Ele me encarou, seu olhar intenso. “É o mesmo motivo que eu quero te levar para jantar amanhã à noite.”
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Meus olhos estavam presos no dele e meu coração estava batendo como se estivesse preso em uma bateria. Aquele maldito dedão dele estava se movendo novamente, irradiando outra onda de arrepios. “Eu gosto de você, Calla,” ele disse com a voz um pouco mais alta que um sussurro. Eu passei para minha próxima pergunta. “Mas, como?” Jax piscou. A pequena mudança de palavra soava patética até nos meus próprios ouvidos, mas eu realmente não entendia. Metade do meu rosto estava bem. Metade não estava. Ele nem tinha visto o resto de mim, e ele era o tipo de homem que você contaria tudo para sua mãe, seu pai, e cada pessoa que você conhecesse. E eu não tinha certeza se ele me conhecia por tempo suficiente para julgar minha personalidade ou — Deus, eu nem podia acreditar que estava pensando nisso — se eu tinha beleza interior suficiente ou não. “O que?” ele disse, seus olhos estreitos. Um calor diferente se formou em minhas bochechas. “Eu sou uma pessoa realista, okay? Eu sou há muito tempo. Eu preciso ser, e você gostando de mim — querendo me levar para sair e fazer...” “Coisas realmente legais e interessantes com você,” ele interrompeu. Eu corei. “Sim, isso.” “Coisas safadas que irão te fazer se sentir tão bem,” Jax continuou, e suas palavras e o jeito que ele as falava me excitavam como nunca antes. “É isso o que quero fazer com você.” “Okay,” eu suspirei. “Eu entendi.” Um lado de seus lábios se curvou para cima. “Bom.” “Mas isso não faz sentido,” Eu segurei um punhado do lençol. “Você é todo quente e...” “Bem, obrigado.”
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Eu ignorei e tentei desesperadamente ignorar como sua mão estava quase apalpando meu seio esquerdo. Eu não queria pensar sobre isso, porque isso me fazia pensar que se eu não fosse desse jeito, ele não estaria fazendo isso que está fazendo agora. Eu inalei profundamente. “Eu não sou bonita. Eu não...” Minhas palavras morreram porque ele abaixou sua cabeça e seus lábios estavam tocando os meus. “Nós já tivemos essa conversa antes,” ele disse, movendo sua boca sobre a minha. “E eu já disse que eu não beijaria uma menina que não achasse atraente.” “Mas você disse que não foi um beijo real.” “Não foi. Esse é.” E, então, Jax me beijou, realmente me beijou. Seus lábios estavam pressionados contra o meu, se movendo como se ele estivesse conhecendo o formato deles. Meus dedos soltaram o lençol e eu coloquei minha mão em seu peito, logo abaixo da sua garganta, para empurrá-lo. Sua pele estava quente, firme e áspera. Parecia diferente, mas antes que eu pudesse investigar isso, ele pegou meu lábio inferior entre seus dentes e sugou. Eu suspirei pela mordida inesperada e pelas sensações que estavam explodindo em mim. Ele usou isso como vantagem e aprofundou o beijo, se esgueirando dentro de mim e eu não estava mais pensando sobre afastá-lo. O beijo... era molhado e profundo e não era bom ou agradável. Era ótimo e tudo que os livros de romance diziam ser. Jax me provou. Não haviam palavras para descrever esse tipo de beijo. Não quando ele apertou sua cabeça contra a minha, nossas línguas se tocando. Não quando ele passou sua língua contra o céu da minha boca, puxando um gemido vindo da minha garganta. Jax se afastou para dizer, “Eu gosto desse Som. Merda. Eu amo esse som.” Meus olhos permaneceram fechados enquanto meus lábios formigavam. “Eu... eu não sabia que você poderia beijar desse jeito.” “Inferno,” ele gemeu. Ele me beijou de novo, e foi tão bom quanto o primeiro, mas esse... esse beijo virou algo mais. A mão que estava quase apalpando meu seio estava agora, definitivamente, apalpando meu seio e meu corpo estava se movendo por conta própria. Minhas costas
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arquearam e eu fiz aquele som novamente, e ele pareceu realmente gostar dele de novo, porque houve um rugido descente vindo dele. Então seus dedos se moveram pelo meu seio, e merda, aquele seu dedão habilidoso encontrou a ponta dele com uma precisão incrível. Minha cabeça voltou para o travesseiro e sua boca me seguiu, sugando e beijando enquanto seu dedão acariciava o pico enrijecido. A parte de baixo do seu corpo se moveu debaixo das cobertas, se ajeitando sobre mim. Usando sua coxa, ele afastou um pouco minhas pernas e se encaixou entre elas. Eu suspirei em sua boca quando uma pontada de prazer passou por mim, concentrada em um ponto. Meu cérebro se fechou. Eu não estava mais pensando sobre nada, e eu fiz isso. Eu o beijei de volta. Eu tirei uma de minhas mãos de seu peito e passei em volta de seu pescoço. Meus dedos se enrolaram em seu cabelo. Eu corri atrás dele, querendo provar ele e eu o fiz. Ele me deixou tomar tanto quanto ele tomava de mim, e ele me deixou aprender o formato de seus lábios e de sua boca. Meu quadril se movia sozinho, pressionando contra sua coxa só devido ao instinto. “Deus, você é tão doce.” Ele se moveu levemente, se levantando para me dar espaço suficiente para que sua mão pudesse passar pelo meu estômago. “Você sabe o que eu quero? Eu quero ver você ficar ainda mais doce.” Mais doce? Eu estava respirando pesadamente, praticamente sem ar. Meus lábios estavam inchados, meus seios também. A tensão entre minhas pernas me deixava delirando. “Você já gozou antes?” ele perguntou enquanto sua mão alcançava a barra da minha camiseta, que estava enrolava em volta do meu quadril. Meus olhos voaram abertos. O que ele estava fazendo? Eu não poderia deixar sua mão chegar em baixo do meu top. Pânico se misturava com prazer quando eu abaixei minha mão e segurei seu pulso. Seus olhos estavam abertos, e eles eram de uma cor de chocolate escuro. Eles me faziam tremer e aceitar fazer as coisas safadas que ele tinha falado. “Você já gozou?” Ele perguntou novamente. Calor invadiu meu rosto e eu murmurei uma resposta. “S-sim. Meio que sim.” 227
“Meio?” Ele abaixou seu braço e, sendo bem mais forte que eu, eu não consegui pará-lo. Seus dedos estavam abaixo da barra, mas não sob ela. “Isso significa que ninguém nunca te fez gozar? Ninguém além de você mesma?” Oh meu Deus, eu não podia acreditar que ele estava me perguntando isso — que essa conversa estava acontecendo. Meu coração estava batendo tão rápido que doía; meu corpo estava literalmente levantado. Seus cílios baixaram até que seu olhar estivesse sombrio. “Sim, eu serei o primeiro a te dar um.” Puta merda mais sagrada, ele não acabou de dizer isso. “Jax...” E um instante depois, sua boca estava na minha novamente, e ele conseguiu mover sua mão ainda mais pra baixo, bem abaixo da barra da minha camiseta. A parte de trás de suas juntas passaram pela parte de dentro das minhas coxas e minhas costas quase saíram da cama. Sua mão estava se movendo para cima, e o leve toque na parte de dentro das minhas coxas me assustava. Eu tentei fechar minhas pernas, mas tudo que consegui fazer foi apertar suas pernas com as minhas. “Eu vou tocar em você,” ele disse contra minha boca e meu estômago contraiu. Outras partes do meu corpo se contraíram e eu imaginava se era possível um cara me fazer gozar apenas com as palavras. “Isso é tudo que vou fazer, okay?” Tudo? Antes que eu pudesse questionar isso, ele estava me beijando novamente e a parte de trás da sua mão passava sobre mim — a parte do meio de mim. Dessa vez minhas costas saíram da cama e ele fez um som profundo de aprovação. Meus dedos apertaram em seu cabelo e minha outra mão apertou seu pulso. Então a ponta de seus dedos passaram pela minha calcinha e eu pensei que teria um ataque cardíaco. “Calla, babe...” ele beijou o canto de meus lábios. “Me deixe tocar em você.” Eu não podia. Não tinha como. Deixar ele me tocar era algo estúpido. “Deixe-me,” ele disse e sua voz era como seda sobre minha pele. Meu coração estava a mil e minha mão em volta de seu pulso soltou, indo para seu braço, para seu bíceps flexionado.
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Eu era tão idiota. “Essa é minha menina.” Minha menina? Partes de mim ficaram animadas com o som disso, e meu sangue estava realmente gritando porque seus dedos tinham feito mais algumas passadas, um círculo sobre minha calcinha que se aproximava, e se aproximava até que movi meu quadril, e agora ele estava tocando um acumulo de nervos, pressionando com dois dedos. Girando. Pressionando. Girando. “Oh Deus,” Eu suspirei contra sua boca. Eu senti seus lábios se curvarem em um sorriso, e o beijo ficou ainda mais louco enquanto meu quadril se movia contra sua mão. “É isso,” ele disse, usando seus dedos para fazer mágica. “Me deixe ver você ficar ainda mais doce.” Minha cabeça foi ainda mais para trás e sua boca passou pela minha bochecha enquanto eu gemia. Eu posso ter dito seu nome. Eu não tenho certeza. Eu estava focada demais no aperto profundo que estava se soltando dentro de mim, passando pelo meu corpo todo como um choque intenso. Eu conseguia sentir ele me observando enquanto ondas de prazer aliviaram e meu pescoço ficava reto. Parte de mim se sentia envergonhada. Essa era a primeira vez que eu tinha tido essa experiência com alguém. E a nuvem de prazer tinham transformado meus músculos em geleia, e eu não sabia o que fazer além de ficar deitada ali. Eu soltei seu cabelo e minha mão passou para seu pescoço. “Mais doce do que imaginei,” ele murmurou, beijando a lateral do meu pescoço, Então ele se virou, ficando de lado e sua mão vagarosamente saiu de entre minhas pernas, parando na minha pélvis. “Você ainda está viva?” “Não tenho certeza. Eu não consigo sentir minhas pernas.” Ele riu. “Apenas pense. Isso não é nada em comparação de como vai ser quando eu estiver dentro de você.” Meus olhos arregalaram e eu estava encarando o teto. Suas palavras me assustaram e, quando eu pensei sobre o fato que eu tinha sido definitivamente aliviada,
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ele não tinha, e eu olhei para ele, pronta para apontar o que poderia ser a coisa mais estranha da minha vida, mas tudo que consegui fazer foi encara-lo. Jax estava deitado de lado, sua cabeça apoiada contra sua palma. As cobertas estavam na altura de seu quadril e sua calça estava baixa, mostrando aquelas cavidades mais que sexys ao lado de seu quadril e os músculos definidos de seu abdômen. Sim, ele tinha um ‘six-pack’, e Sim, enquanto eu passava meu olhar vagarosamente por eles, eu posso ter babado um pouco. Ou muito. Minha boca estava definitivamente aberta, mas por motivos diferentes. Seu corpo estava marcado e definido e era só wow, mas sua pele... era outra história. Haviam marcas, dezenas delas, por todo seu peito e sobre seu abdômen, e eu entendi agora porque sua pele parecia áspera. Me sentando, eu olhei para seu rosto" para sua expressão preguiçosa, o meio sorriso e a sobrancelha levantada" e para seu corpo. As marcas eram como crateras em algumas áreas, onde pedaços de pele tinham ou sido removidos ou afundado. Outras marcas eram leves, curadas. Sem pensar, eu fui em sua direção, e sua mão livre disparou como um raio para segurar meu pulso. Eu engoli forte enquanto levantava meus olhos. “O que aconteceu?” Eu me ouvi perguntar e depois, xingar baixo, abaixando meu queixo. Cabelo caiu sobre meu ombro, ficando entre nós. “Me desculpe. Essa é uma pergunta rude. Eu deveria saber.” “Tudo bem.” Ele trouxe minha mão e a ponta dos meus dedos tocaram uma cicatriz. “A mina terrestre,” ele me lembrou. “Estilhaços são uma merda.” Oh meu... Eu sabia que ele não tinha contato tudo ontem a noite. Eu levantei meu olhar. “Então você salvou Reece de lá, mas você ficou com os estilhaços?” “Sim,” ele disse como se não fosse nada demais. Mas tinha que ser, porque muitas dessas marcas estavam sobre seu coração e outros lugares vitais. Algumas eram profundas. Elas devem ter doido e sangrado muito. E ele ainda assim conseguiu salvar Reece? Deus, ele não era apenas corajoso. Ele era
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loucamente corajoso. Nosso olhar se encontrou e eu não sabia que minha boca podia se mexer sozinha. “Foi um vidro explodindo que cortou meu rosto.” Jax não respondeu enquanto ele deslizou sua mão para baixo, pressionando seus dedos sobre os meus, contra sua pele. “Foi... um escape,” eu disse. “Houve um incêndio e a pressão aumentou no quarto...” meu olhar saiu do dele, mudando para seu corpo, para o mapa de cicatrizes no estilo ‘ligue os pontos’. Eu nunca disse isso a ninguém. Nunca. “Quando eu abri a porta, oxigênio entrou ou algo do tipo e foi isso que fez a janela explodir.” “Você teve sorte.” Ele levantou até ficar sentado e seus joelhos estavam contra os meus. Ele abaixou sua cabeça e nós estávamos cara a cara. “Você poderia ter perdido um olho.” Ou um mamilo, mas eu não iria compartilhar essa parte. “Você teve sorte também.” “Com certeza.” Nenhum de nós falou por um longo momento e, então, ele se levantou e saiu da cama em um nanosegundo. “Vamos tomar café da manhã. Talvez IHOP29 hoje,” ele anunciou enquanto eu continuava encarando ele. “Então vamos sair para procurar sua mãe. Combinado?” Eu pisquei uma, então duas vezes. “Okay.” Aquele meio sorriso apareceu de novo. “Você precisa sair da cama.” Sim, ele tinha razão, mas... “Espere.” Eu sai da cama, sentindo minhas bochechas esquentando enquanto as palavras saiam diretamente da minha língua. “E você?” Ele parou no pé da cama, cabeça virada para o lado, suas calcas tão baixas que eu poderia ver seu ‘caminho feliz’. “O que tem eu?” “Você sabe... eu, bem, eu gozei e você...”
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“Não?” O sorriso estava maior ainda. “Sim. Isso.” Ele deixou sua cabeça cair para trás e riu. O canto dos meu lábios viraram para baixo. “O que tem de engraçado?” “Você. Você é engraçada. Você é fofa.” Ele se aproximou e estava exatamente na minha frente. “E você é extremamente doce quando está gozando.” Oh. Wow. “Eu sei que eu não gozei, mas querida, você nunca teve nada além de suas mãos entre suas lindas pernas antes.” Seu olhar caiu para minhas pernas e eu tremi. “Essa foi a primeira vez que você teve isso e precisava ser sobre você. Não sobre mim.” Oh. Duplamente wow. Eu o encarei enquanto ele se virava, indo para o banheiro. Meu interior começou a derreter, como uma geleca. Então, ele parou e se virou para mim, seus lábios curvados em um sorriso malicioso. “Eu cuido de mim mesmo durante o banho.” Minha boca caiu no chão. Jax sugou seu sábio entre seus dentes brancos. “E eu vou estar pensando em você enquanto fizer isso.”
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Capítulo Dezoito
As coisas mudam depois que um cara te dá um orgasmo. Não era algo que eu estivesse acostumada, já que nunca nenhum cara havia feito isso pra mim, mas eu poderia me acostumar a isso muito rapidamente. Eu ainda estava na cama, enquanto ele tomava banho, desde que ainda era realmente cedo. Não era nem mesmo oito da manhã. Eu tentei não imaginá-lo se acariciando, mas meus pensamentos voltavam a isso e como ele se parecia, e isso foi me excitando, o que foi muito chocante, considerando que eu ainda tinha minhas pernas bambas. Eu realmente precisava parar de pensar sobre isso. Então eu usei esse tempo para fazer um balanço da minha vida. Eu finalmente tive um orgasmo, não induzido por mim mesma, que foi muito épico. Parte de mim estava orgulhosa que eu finalmente pulei esse obstáculo, mesmo que estivesse com vinte e um anos quando aconteceu. Mas eu não tinha certeza do que fazer com isso. Quero dizer, o que isso significa para mim? Para Jax? Para nós? Oh meu Deus, e lá estava um "nós" agora? Minha frequência cardíaca aumentou em um nível muito rápido me fazendo sentar na cama, olhando para a porta do banheiro fechada enquanto eu segurava o cobertor no meu queixo. Eu podia ouvir a água correndo no banheiro e, em seguida... Eu o ouvi. Não gemendo ou qualquer coisa assim, mas ele estava cantarolando algo ou talvez cantando, mas soou como cantarolando por causa da água. De repente, tudo isso era tão íntimo que eu queria saltar para fora da cama e correr gritando e me debatendo através das casas pelas ruas. O que eu estava fazendo aqui? Não poderia haver um "nós" com orgasmos envolvidos e chuveiros e músicas sendo cantadas e café da manhã. Eu não planejava ficar aqui para sempre e voltaria para faculdade em agosto quando chegasse a aprovação da ajuda financeira; e isso é o que eu queria, certo? Não havia nenhum futuro entre nós. Pisquei lentamente.
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Eu precisava focar em encontrar a minha mãe para não acabar virando picadinho de algum gangster de baixo nível, ou pior ainda, ficar cara-a-cara com esse Isaiah. E o mais importante, Jax não podia estar na minha vida. Estar a minha volta agora era muito peEstava tão perdida em meus pensamentos, que não ouvi quando o chuveiro foi desligado, e quando a porta do banheiro se abriu e Jax entrou no quarto, eu não estava esperando por isso. Ele tinha uma toalha amarrada ao redor de seus quadris estreitos e seu cabelo estava encharcado, penteado para trás da testa, e seu corpo inteiro estava em exposição. Isso sim era um colírio para os olhos. Droga, ele parecia bom. Bom o suficiente para eu ficar babando novamente. "Você quer tomar banho antes de sairmos?", Perguntou ele, vindo em direção à cama como se ele não estivesse usando nada mais do que uma toalha. "Huh?" Um meio sorriso apareceu. "Um banho? Você quer tomar banho? " Eu era uma idiota. "Sim", eu guinchei, saltando da cama. Peguei minhas roupas do armário. "Um chuveiro é uma grande ideia " Eu divagava, tentando não olhar para ele. "Você é tão inteligente." Jax girou para o lado quando passei por ele e bateu na minha bunda. Eu pulei e emiti outro grito de choque, e ele riu. Olhando por cima do meu ombro para atirar-lhe um olhar cortante, percebi que ele não tinha me batido com a mão. Foi com a toalha em torno de seus quadris. E eu não só estava olhando para suas costas musculosas, que, wow, era uma agradável vista, mas também o seu musculoso traseiro. "Oh meu Deus! " Eu gritei. "Você está nu!" Sua risada se transformou em uma gargalhada, e eu virei, quase me jogando para o banheiro, mas já era tarde. Essa bunda maravilhosa já ficou gravada na minha memória. Ele estava nu! Completamente nu, e nem se importou. A sua completa falta de modéstia
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estava lá, cimentando ainda mais o porque que nunca poderia haver um "nós". Eu tinha mais modéstia do que uma igreja cheia de freiras velhas. Aproveitei o sabonete que cheirava a ele e o seu shampoo e condicionador doisem-um. Depois que eu tomei banho, mudei minha roupa e estava torcendo meu cabelo molhado, penteando em um coque no topo da minha cabeça, foi que percebi que não tinha maquiagem. Nada. O que tinha em meu rosto esta manhã, foi esfregado, deixando a cicatriz a mostra mais claramente. Dermablend era um assunto sério para mim, e definitivamente era a pele do meu rosto agora. "Oh, Deus." Com meus olhos arregalados no reflexo, via o azul brilhante do sol no amanhecer no canto através da pequena janela quadrada. Meu rosto tinha cor de pêssego e creme sem o Dermablend. Se eu só pudesse ver o lado direito do meu rosto, eu sabia que parecia melhor sem a maquiagem, mas não tinha como andar por aí com apenas metade de um rosto. Sem maquiagem, a cicatriz ainda era uma cor profunda de rosa, destacando nitidamente, o corte do canto do meu olho esquerdo quase até o canto do meu lábio, contra a minha pele. Era a única coisa que eu podia ver. "Calla?" Eu endureci com o som da voz de Jax e, em seguida, agarrei a pia. Eu não podia sair. Era ridículo, mas eu não podia deixar que ele me visse assim. "Você está bem?", Ele chamou. Segurando minha respiração, virei-me para a porta. Será que ia ser óbvio, se eu saísse com uma toalha sobre a cabeça? Eu estava sendo estúpida. Eu sabia disso, mas Jax tinha acabado de me beijar, ele tinha suas mãos sobre mim, e me tocou, fazendo-me sentir algo tão bonito- e isso era tão feio. Eu não queria que ele...
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Uma lufada de ar frio varreu meu corpo e eu fechei os olhos, dando várias respirações profundas. Jax sabia sobre a cicatriz no meu rosto. Ele tinha visto tudo de perto. Ele até mesmo beijouA porta do banheiro se abriu, batendo na parede, e meus olhos se abriram quando Jax invadiu o local. Eu não tinha trancado a porta do banheiro. Ele suspirou profundamente. Seu corpo estava tenso, como se estivesse certificando se eu estava ferida ou algo assim. "Jesus", ele grunhiu. "Eu pensei que você tivesse caído e batido a cabeça, inconsciente ou algo assim. " Bem, isso foi meio constrangedor, mas não mais do que a questão iminente. Eu virei meu corpo para a esquerda, assim ele veria apenas o perfil direito. "Eu não posso ir para o café da manhã." "O quê?" "Eu não posso ir para o café da manhã. Eu preciso voltar para casa." Eu sabia que parecia irracional e estúpido. "Podemos voltar para a casa? " Dei um olhar para Jax e vi que ele havia se trocado em um jeans e parecia muito bom. Seus pés estavam descalços, saindo para fora da bainha desfiada de sua calças. "Por quê?" "Eu só preciso voltar para a casa. Se você quiser ir à frente para o IHOP, eu posso pegar meu carro e encontrá-lo lá. Que seria provavelmente- " "De jeito nenhum." Levantei meu queixo inclinando minha cabeça. "Com licença?" Seus olhos brilhavam com raiva. "Nós não estamos indo em carros separados quando eu apenas há uns minutos tinha a mão entre suas pernas e você gozou chamando o meu nome. " Abri a boca, mas realmente, o que você diz em resposta a isso?
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"Nós vamos sair daqui juntos, comer alguma delícia gordurosa, e então nós iremos verificar se sua mãe está neste lugar”, ele continuou. "E se quando terminarmos, ainda tivermos algum tempo, vamos voltar para um cochilo." "Um cochilo?" Realmente, ele estava me confundindo... do que estamos falando aqui? "Juntos". "Um cochilo juntos?" "Sim", e então sua voz caiu —, e se tivermos tempo, eu poderia fazer você gozar, novamente chamando meu nome ". Caramba, ele apenas não disse isso. Em seguida, ele deu um passo mais para dentro do banheiro, vindo para mim, e eu me afastei, acertando a pia. Ele me encurralou, e quando tentei olhar para a esquerda, sua mão foi em concha na minha bochecha direita e a outra circulou o lado esquerdo do meu pescoço. Ele me virou para enfrentá-lo. Percebi que esta não foi a primeira vez que ele tinha feito isso. "Eu não sou estúpido", disse ele, alisando seu polegar ao longo dos ossos na minha garganta. "Eu também sou muito, muito atento quando eu preciso ser. " "Tudo bem?", Eu sussurrei. "Hum, obrigado por cuidar de mim. " Seus lábios tremeram quando ele inclinou a cabeça para trás para que os nossos olhares se encontrassem. "Eu sei por que você está se escondendo no banheiro." Oh Deus. "Porque eu tenho medo que você vai me fazer tentar comer outra torta que nunca comi antes? " "Ha. Não. " Sua cabeça abaixou, e eu engoli em seco. "Eu não a noto. " Meu coração parou e fingi que não sabia do que ele falava. "Nota o que?" "Calla, querida, você sabe do que estou falando. Disto ". Em seguida, com a cabeça inclinada eu senti seus lábios logo abaixo do canto do meu olho esquerdo. Eu chupei uma respiração afiada que doeu. Ele já tinha feito isso antes, e criou o mesmo turbilhão de
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emoção em mim, mas ele fez mais neste momento. Seus lábios seguiram a cicatriz por todo o caminho até minha bochecha, ao canto esquerdo do meu lábio, e então ele me beijou. Era suave, doce e persistente. Minhas mãos foram para seu peito e me inclinei para ele. Quando tirou a boca da minha e apertou sua testa contra a minha, um nó se formou na minha garganta segurando as lágrimas. "Eu não me importo com isso, Calla. Eu nem sequer penso sobre isso ", disse ele. "Eu nem sequer vejo-a." Eu fechei meus olhos bem apertados, assim como meu coração que estava a ponto de explodir em meu peito. É claro que eu não acreditei nele, porque vamos lá porra- mas eu simplesmente parei. Parei dizendo a mim mesma que eu não sabia o que estava acontecendo na cabeça de Jax , mas ele sabia o que queria e não queria. Eu parei. Porque eu não sabia- ninguém sabia, marcada ou não. Parei dizendo-me que não adiantaria mesmo, porque eu planejava ir embora. E tudo o que eu tinha era o que Jax estava me dizendo, e o que ele estava me mostrando. Então eu parei com todas essas merdas e livrei-me desses pensamentos, e foi como se tivesse passado Dermablend em meu rosto porque eu finalmente me senti como eu. Tudo isso pode ser estupidez. Isso pode me morder na bunda mais tarde, mas eu estava fazendo isso. Eu estaria sendo a melhor idiota que eu poderia ser. Whoa. Eu vacilei um pouco e exalei pelo nariz, quando falei, minha voz era instável e e meus olhos ardiam, mas eu enguli. "Ok. Vamos fazer isso. E rápido, porque eu realmente quero tirar uma soneca." Aqueles lábios retornaram aos os meus. "Essa é minha garota." Quando Jax saiu de casa, ele estava colocando sua camisa enquanto caminhava pelo pequeno conjunto de escadas na varanda da frente. Ele estava balançando seus óculos de sol espelhado, estilo aviador, como os que Jase usava, e ficava ótimo nele. Nós não falamos muito enquanto ele dirigia para IHOP, o que foi bom, porque eu estava ocupada pensando no que poderia acontecer antes ou depois do eventual cochilo. Mais orgasmos não auto induzidos? Conte comigo. Eu estava seguindo com a minha recém desejada estupidez e não me preocuparia com mais nada enquanto explorava tudo.
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Como qualquer mulher normal, eu tinha pensado em sexo uma quantidade razoável, mas não tanto quanto agora. Meu cérebro estava brincando alegremente na sarjeta, e até o prato de bacon, biscoitos, e quando Jax dizia ‘algo gorduroso’, eu não podia me segurar. É difícil não ficar pensando que estou sem maquiagem em público, e minha mente voltava pra isso imaginando que alguém estava olhando, tipo quando o garotinho tinha espiado por cima da sua cabine, ou quando a garçonete sorriu pra mim, mas eu tentava empurrá-lo para fora dos meus pensamentos. E então eles iam para esta coisa entre Jax e eu. Havia uma coisa. Como ele mesmo disse, ele teve sua mão entre minhas coxas e eu tinha gozado chamando seu nome, então isso era alguma coisa. Algo que tinha pouca experiência e não sabia até que ponto isso levaria, porque se minha ajuda financeira viesse, eu estaria dirigindo por três horas de volta a estrada. Que tipo de futuro isso teria, quando eu voltasse para a faculdade e ele ficaria todo sexy trabalhando no bar? Por que eu estava pensando sobre isso mesmo?? Ah sim, porque eu era uma estúpida e já tinha fantasiado sobre essa coisa e o que ela significava, fosse ela o que fosse. Decidi colocar a minha mente em algo concreto, e o espetei com meu garfo “Isto é Grits30?” "Experimente." "Parece algo saído de um filme de terror." Espetei novamente. "Eu tenho medo que vai sair voando do meu prato e cobrir o meu rosto." Jax riu enquanto acrescentou algumas panquecas no rio de xarope. "Não é engraçado. Eu vou acabar dando à luz a um bebê gosmento ou algo do tipo ", murmurei. "E daí o que faremos? " Ele olhou para cima através de seus cílios, um pequeno sorriso divertido jogando em seus lábios. "Basta experimentá-lo." 30
Grits é milho moído, parecido com canjica. Dele é feito um mingau, que pode ser tanto doce como salgado. E pode ser cozido com água ou leite (com leite obtém-se uma textura mais cremosa). Ele faz parte do café da manhã do sul dos Estados Unidos, mas também é consumido em outras regiões. :
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"Qual o gosto?" Eu resisti. "Grits". Baixei meu garfo, olhando-o suavemente. "Detalhes". Ele riu quando cortou o que parecia ser dez panquecas empilhadas. "Não se pode simplesmente descrever grits. Você deve simplesmente apreciá-los." Meus olhos rolaram, mas peguei uma pequena porção, tendo certeza de que havia queijo nele, e cuidadosamente provei-o. Jax assistiu todo o tempo e esperou. Engoli em seco, sem saber o que pensar. Tentei um pouco mais. "Então?", Perguntou. "Eu não sei." Empurrei outro bocado. "Não me decidi ainda. Acho que tem um gosto bom, mas eles são chamados de grits; então, não tenho certeza se posso admitir livremente que gosto de algo chamado grits. Eu tenho que realmente pensar sobre isso." Jax riu. "Gracinha". Sorri quando peguei uma fatia de bacon. "Então, onde vamos depois disto?" "Interior de Philly, disse ele em entre garfadas. "Há uma casa que ela costumava frequentar bastante. Talvez tenhamos sorte e ela esteja lá ou a viram recentemente." "Parece que-" "Calla! E Jax! " Uma voz familiar gritou. Virei na cabine, encontrando Katie. Ela estava trotando até nós. Literalmente trotando, e pisquei, perguntando se nós voltamos no tempo para a década de oitenta e não tinha percebido. Katie estava vestindo calças de elastano rosa-shock, um tênis roxo desleixado e uma camiseta preta de ombro caído. E um lenço de bolinhas vermelhas e azuis, e estávamos em Junho. "Hey," eu disse, acenando com uma fatia de bacon na mão. "Garota." Katie parou em nossa cabine, segurando um saco pra viagem. "Olhe para você. Disse que sua vida estaria mudando "
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Hum. Jax empurrou uma enorme fatia de panqueca em sua boca, e poderia dizer que estava tentando não sorrir. "O que está fazendo acordada tão cedo?", Ela perguntou, e, em seguida, falou antes que pudesse responder. "Eu estava fazendo yoga. Cada manhã. E então venho ao IHOP, ou Waffle House, ou as vezes no Denny. É um tipo de compensação, ou alguma merda assim. Mas ainda é muito cedo para barmen’s quentes e ocupados estarem tomando café da manhã. Juntos ". Meu olhar foi direto para Jax. "Nós acordamos juntos", e isso foi tudo o que disse. Os olhos de Katie se transformaram em naves espaciais, e quase gritei que não era o que estava pensando, mas então percebi que era o que ela estava pensando, e me obriguei a não dizer nada. Um grande sorriso dividiu seu rosto bonito. "Maravilha. Sério. Se vocês dois ficarem juntos e acabarem se casando e tendo uma filha, acho que deveriam nomeá-la Katie. " O calor penetrou em minhas bochechas. "O quê?" "Quero dizer, você pode nomear um menino de Katie também, mas ele provavelmente sofreria bullyng na escola, e não acho que vocês gostariam disso. Oh- você pediu grits? "Ela trocou de tema sem nem mesmo tomar fôlego. "Você precisa de mais queijo neles. Qualquer dia, você precisa vir até a minha casa. Eu posso fazer algumas grits realmente boas. " "Isso soa bom," Jax respondeu suavemente, seu olhos escuros brilhando nas luzes. "E nós vamos levar em consideração a coisa do nome. " Dei o meu olhar "o que diabos" para ele. Katie deu uma risadinha. "Maravilha. Bem, preciso ir pra casa com meus muffins e waffles. Vejo vocês mais tarde."
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Observei-a saindo rebolando para fora do restaurante, com nada importante a dizer, então fui com a primeira coisa que pensei. "Você sabia que ela caiu de um pole, bateu a cabeça, e agora é vidente?" "Isso é o que eu ouço." Mordi meu lábio inferior. "Roxy diz que ela tem acertado algumas coisas." "Katie", Jax falou lentamente, e olhei por cima da mesa para ele. Estava sorrindo. "Eu não iria me opor de nomear nossa filha de Katie." "Oh meu Deus," eu disse. Jax inclinou a cabeça para trás e deu aquela sexy e profunda risada, e não pude deixar de sorrir. Eu não estava sorrindo quando entramos na parte baixa da cidade quarenta minutos depois. A rua não estava muito movimentada, uma vez que ainda não era nem meio-dia. Jax encontrou uma vaga de estacionamento em frente um conjunto de casas com suas pinturas desgastadas, do outro lado de um parque da cidade, que mais parecia um cenário de um filme pós-apocalipse. Meu olhar passou sobre as janelas e portas com tábuas de algumas das unidades. "Eu não tenho certeza sobre isso." "Este é o último buraco de merda que gostaria de te trazer, mas a última vez que verifiquei, você me veio com uma dose de atitude sobre isto sendo o seu problema e sua merda." Ele desligou o motor e me deu o que era provavelmente um olhar muito presunçoso. "Então, é por isso que estamos aqui." Ele tinha um bom ponto, mas eu não admitiria isso. "Tanto faz." Seus lábios estremeceram. "Fique perto de mim. Ok? Deixe-me falar, e não olhe para mim como se você apenas chupou algo azedo. Deixe-me fazer as perguntas. Se você não puder concordar com isso, iremos embora, e vou trancá-la com Clyde ou Reece, e então virei aqui sozinho. " Meus olhos se estreitaram para ele. "Você não precisa ser tão mandona." 242
"Sim, eu preciso." Ele se inclinou e beijou a ponta do meu nariz. Foi rápido, mas ainda me assustou. Quando puxou para trás, estava sorrindo. "Você concorda?" Hesitei e então suspirei. Não era como se fosse Rambo e entraria na casa sozinha, exigindo que entregassem minha mãe ou outra pessoa. "Ok, ta bom. Sim, eu concordo." Jax assentiu com a cabeça e, em seguida, saiu. Sentei lá por um segundo, fiz uma pequena oração, e depois saí. Fiquei perto dele enquanto caminhávamos para baixo do quarteirão e então chegamos a um triplex em ruínas, que tinha duas janelas bloqueadas no segundo andar. "Mamãe costumava vir aqui?", Perguntei, cruzando meus braços na minha cintura. Ele balançou a cabeça quando olhou para mim. "Sim." Sabia que não deveria estar surpresa. Na verdade, isto não era nada de novo pra mim, mas vê-lo e imaginar minha mãe em lugar como este apenas não me fazia bem, não importava quantas vezes eu já tinha ido buscá-la quando era adolescente. Jax bateu na porta, e quando alguns momentos se passaram e ninguém respondeu, percebi que não estaríamos fazendo isso hoje, mas, em seguida, Jax simplesmente socou a coisa. "Whoa," murmurei, olhando ao redor. "Você acha que essa é uma boa ideia? " Ele me ignorou quando se inclinou e gritou. "Abra a porta, Ritchey. Eu sei que você está aí. Esse pedaço de merda de carro aqui fora é seu ". Meus olhos se arregalaram enquanto meu estômago revirava. Houve um momento de silêncio e, em seguida, a porta da frente abriu uma pequena fresta. Eu não podia ver ninguém, mas ouvi uma voz áspera, "Que porra é essa que você quer, Jackson?" Hum. Jax colocou a mão sobre o centro da porta vermelha desbotada. "Nós precisamos conversar."
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"Fale", foi a resposta. "Não em frente a sua maldita porta, Ritchey. Deixe-nos entrar." Houve uma pausa. "Nós?" Então a porta se abriu um pouco mais e a cabeça de um homem apareceu. Dei um involuntário passo para trás com a visão do rosto com barba rala, olhos vermelhos, nariz bulboso e coberto de varizes. "Quem diabos é você?" Eu reconheci o homem, mas ele não me reconheceu. Puta merda, não havia nenhuma maneira que esqueceria aqueles olhos e nariz lacrimejantes. Ele costumava vir para a casa nas festas da minha mãe. "Realmente isso não te interessa, Ritchey, e não estou aqui para fazer apresentações " Jax cortou, e seu tom de voz... wow, era todo tipo de mauzão. Estava realmente olhando para ele, em uma espécie de choque. "Abra a porta." Ritchey não abriu. Houve uma maldição baixa e em seguida, Jax avançou. Plantando seu pé na porta, empurrou com a bota e a mão. A porta se abriu e Ritchey foi jogado para trás. "Hum..." Jax tomou minha mão, me puxando para dentro, e o cheiro- Deus, o cheiro foi a primeira coisa que senti quando ele fechou a porta atrás de nós. O quarto, que consistia em uma TV e dois sofás que já tinham visto dias melhores, cheirava como uma mistura de mijo de gato e bebida. Por favor, não deixe que a minha mãe esteja aqui. Sei que estava errada por pensar assim, e que encontrá-la aliviaria os meus problemas rapidamente, mas não queria imaginá-la em um lugar como este. "Isso não é legal, cara." Ritchey recuou, arranhando sua garganta com unhas sujas. A pele de seu pescoço estava vermelho. "Empurrando a porta aberta como se você fosse um maldito policial ou coisa parecida." "Você não abriu a porta," Jax retrucou. Eu tinha que saber sobre a sua prática de bater em casas com tipo de... moradores questionáveis, porque ele estava completamente à vontade por fazê-lo. Dei um passo para 244
o lado, porque percebi um buraco na tábua do chão diante de mim, e pude olhar sobre as costas de um dos sofás. Meu peito apertou. Era uma criança pequena, talvez cinco ou seis anos, enrolada no sofá, sob uma colcha fina. Um gato estava escondido no colo do menino. Olhei para o garoto, chocada. "O que foi?", Perguntou Ritchey. Jax manteve os braços soltos ao lado do seu corpo. "Nós estamos procurando por Mona." "Mona Fritz?" "Como se houvesse outra Mona que viria aqui procurando. E esta não é a primeira vez que venho aqui à procura de Mona, "Jax disse, me surpreendendo. Mas então me lembrei dele dizendo que ele e Clyde tinham feito isso antes. "Não me venha com essa merda. Você sabe como isso funciona." Funcionava de uma determinada maneira? Ritchey continuava coçando sua pele na garganta, mas um certo brilho penetrou em seus olhos. "Eu não tenho nenhuma participação na merda de Mona. " Jax deu um passo adiante, afundando o queixo. "Eu só vou perguntar a você uma vez, Ritchey." "Cara, eu não s-" "Uma vez," Jax advertiu. Ritchey não respondeu, e, em seguida, Jax saltou para a frente, agarrando a frente da camisa dele e levantando-o sobre as pontas de seus pés descalços. Caramba, isso estava ficando feio. Minha boca caiu e, em seguida, dei um passo a frente, mantendo minha voz baixa quando estava ao seu lado. "Há um garoto sobre o sofá, Jax. "
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"Merda", murmurou Jax, mas suas mãos não largaram o cara. "Você trouxe Shia aqui, neste buraco de rato?" "Sua mãe maldita pulou fora. Estou fazendo o melhor que posso. " Seus bíceps flexionaram. "Vamos levar isto para a cozinha e você vai colaborar. Por Shia, ok? " Nós fomos para a cozinha, ou o que sobrou dela. Não havia uma pia, apenas um buraco onde deveria estar. Com o canto dos meus olhos, pensei ter visto algo marrom grande e repugnante correndo sobre a parede perto da geladeira. "Mona não está aqui", disse Ritchey finalmente. "Você se importaria se eu verificasse isso?" "Fique à vontade". Ritchey deu um passo para o lado e se inclinou contra o balcão. "Mas estou lhe dizendo. Ela não está e você não é a primeira pessoa a vir procurá-la. " Eu me alarmei. "Não somos?" "Quem mais veio à procura dela?" Perguntou Jax, não se movendo. Os olhos lacrimejantes de Ritchey estreitaram em mim. "Há algo sobre-" "Olhos em mim, Ritchey." Quando ele obedeceu a ordem, Jax não pareceu relaxar no entanto. Mal-estar se formou na minha barriga. "Quem veio à procura de Mona?" "Alguns caras. Alguns malditos caras maus ", ele respondeu, cruzando os braços magros no peito de aparência frágil. Pensei que isso provavelmente não era a melhor conversa para se ter em um quarto que uma criança pequena estava dormindo, mas com certeza foi feito. "Os caras que trabalham para Isaíah." Oh. Más notícias. "Nós já sabemos disso," Jax respondeu calmamente. "Há um boato", disse ele depois de alguns instantes. "Mona está no fundo do poço." "Outra coisa que já sabemos." 246
Ritchey fez uma careta. "Sim, mas você sabia que ela estava de intermediária em um lance perto de três milhões em heroína para Isaíah? E que ela deveria trazer isto há mais de uma semana atrás?" Eu quase gemi. Foram confirmadas minhas piores suspeitas. As drogas pertenciam ao Chefe do tráfico e não ao Cara Gorduroso.
"A palavra na rua é que alguém tem a merda e Isaíah quer ouvir isso direto dela que ela não tem a merda mais. " Ritchey soltou uma risada seca. "Cara, se eu soubesse que o material estava na casa e ela não estava lá, eu mesmo teria feito tudo isso. " Legal. E ele continuou. "Ela é uma cadela morta caminhando por aí. Você sabe disso, Jax. Boa coisa que ela deu-" "Isso é o suficiente", ele interrompeu asperamente enquanto meu estômago dava um salto direto para o inferno. "Você tem alguma ideia de onde ela está? Ou Rooster? " "Rooster?" Ritchey riu de novo. "Cara, ele deve estar enfurnado onde quer que Mona esteja, ou se ele for inteligente, ficou longe dela. Cara, Jax, você sabe como Mona era. No mínimo ela ficou alta, começou a falar e agir como se fosse grande merda porque estava servindo de mula para Isaíah e a merda estourou. Mona não é inteligente. Ela deveria ter entregue as drogas e não guardado elas". "Por que ela não fez?", Perguntei, e podia sentir os olhos de Jax em mim. "Você ouviu alguma coisa sobre isso?" Ele balançou a cabeça. "Rooster fodido estúpido, falou que estava tentando executar algum tipo de manobra sobre Isaíah. Em vez de ficar com o pouco que eles tinham ele pediu para entregar mais drogas. Então, eles foram guardando isso. O que colocou o imbecil do Mack em uma posição ruim, porque era para ele pegar essa merda deles e entregá-la. Porque você sabe, Isaiah, não suja suas mãos com isso". Oh Deus, isso estava piorando de quinhentas diferente maneiras. Eu não sabia o que dizer.
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"E conhecendo Mona e Rooster, eles provavelmente usaram um pouco disso, ficaram loucos, e, em seguida, assustados, sabendo que eles tinham chateado Isaiah. Merda, não está nada bom para eles. "Ele fez uma pausa, abrindo os braços. "E agora, aqui estamos nós e toda essa merda rolando para baixo e para a direita através de Mack, Rooster e Mona. " Um músculo pulsava ao longo queixo de Jax. "Droga." "Yep. Você sabe quem pode ter uma pista de onde eles estão? "Ritchey inclinou a cabeça para o lado. O queixo de Jax subiu um pouco. "Você conhece o Ike?" "Esbarrei com ele uma vez ou duas." Ritchey assentiu. "Localize-o, ele está morando ao norte de Plymouth, em um acampamento chamado Happy Trails. Não tem como não achá-lo. Tem um desses caminhões turbinados ". Ele olhou para mim novamente. "Nós já nos conhecemos, não? Cara, porque você me parece familiar. Eu não posso dizer de onde. Espere... "Seus olhos pálidos arregalaram. "Puta merda, é isso." "Ritchey", alertou Jax em voz baixa quando ele enfiou a mão bolso. "Não me irrite." "Whoa, cara, não estou tentando. Gosto de você. Sempre , mesmo que a gente sempre esta brigando. "Ele ergueu as mãos, e vi as marcas de faixa vermelha cruéis em seus braços. "Mas você tem que saber, estão falando por aí, sobre a filha de Mona estar de volta. Eu simplesmente não acreditei nisso. É melhor esperar que Isaíah não escute nada dessa merda. " Bem, um pouco tarde para isso. "Pare de olhar para ela," Jax ordenou, e Ritchey parou de me olhar, quando Jax puxou um maço de dinheiro do bolso e deixou-o cair sobre o balcão. "Use isso para comprar alguma comida para o seu menino. Se por acaso eu souber que você o gastou com drogas, vou voltar aqui e a merda não vai ser bonita." Minha respiração ficou presa enquanto eu olhava para o dinheiro. Não era uma tonelada, mas era um maço de tamanho decente. Então, reparei em Jax. Ele estava dando o dinheiro para Ritchey cuidar do seu filho. Acho que naquele momento, eu definitivamente fui de gostar de Jax para algo mais forte e esmagador.
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Depois que Jax deixou cair o dinheiro no balcão, ele disse algo a Ritchey sobre como nós nunca estivemos lá, e então pegou minha mão e me levou para fora da casa. Eu queria agarrar a criança e correr com ele de lá, mas considerando tudo que estava acontecendo a minha volta, eu duvidava que ele estaria melhor comigo. "Deveríamos ter verificado lá em cima?", perguntei quando a porta fechou atrás de nós. Jax negou com a cabeça. "Ritchey não está mentindo. Mona não estava lá. Vamos verificar esse Ike e ver se ele tem alguma ideia." Eu descia as escadas embrulhada em pensamentos. Quando cheguei em casa, pensava que poderia pegar meu dinheiro de volta com minha mãe, ou pelo menos parte dele; quando percebi que isso não iria acontecer, tentei fazer algum dinheiro muito necessário agora, mas no final, encontro-me no meio de uma disputa de milhões de dólares em drogas. Mamãe. Suspiro. "Você está bem?", Ele perguntou baixinho, apertando a minha mão quando chegamos na calçada. Olhando para ele, percebi outra coisa, algo que era, provavelmente, a parte mais inesperada em tudo isso. Eu tinha encontrado Jax. Balancei a cabeça, e então disse: "Não. Quero dizer, já faz tanto tempo desde que estive em torno dessas coisas. Esqueci como é que era ". Jax me puxou mais para perto até que estava andando com o meu corpo pressionado contra o seu e, soltando minha mão, ele colocou seu braço sobre meus ombros. Isso era bom. Brandon fazia isso às vezes, mas nunca me senti como agora. "Não é legal que você tenha que se lembrar disso, "ele disse. "Gostaria que você simplesmente esquecesse. Eu não quero isso-" Pneus cantaram, gritando, e o cheiro de borracha queimada enchia o ar. O som arrepiou os pêlos por todo o meu corpo, e o braço de Jax apertou sobre meus ombros. Ele se virou, mantendo-me perto, apenas a tempo de ver um SUV preto cortar entre dois 249
carros estacionados, batendo em um deles. Metal amassado e moído, dando lugar ao SUV quando saltou pela calçada. Meu coração parou e depois acelerou. O SUV estava vindo direto para nós.
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Capítulo Dezenove
Puta merda, íamos ser atropelados no meio da pior parte da Filadélfia, procurando pela idiota da minha mãe. O SUV estava tão perto que eu poderia ver o maldito emblema e sentir o cheiro de fumaça do motor. Minha respiração estava presa na garganta, enquanto meu coração batia contra minha costelas. Na mesma hora, Jax entrou em ação. Um segundo ele estava com o braço em volta dos meus ombros e no próximo, ele tinha um braço em volta da minha cintura e meus pés estavam fora do chão. Estávamos voando, ou pelo menos me senti assim, porque estava no ar nos movendo rápido. Caímos em cima de um arbusto seco. Pequenos ramos arranhando meus braços e agarrando meu cabelo amarrado em um coque na parte de trás do meu pescoço. Jax rolou no último minuto, e quando atingiu o chão, eu aterrissei em cima dele. O impacto foi chocante e o ar foi travado em meus pulmões, deixando os meus olhos arregalados. Jax rolou novamente enquanto me empurrou para as minhas costas e chegou atrás dele. Ele virou-se para uma posição sentada, com o corpo protegendo o meu, enquanto estendia seu braço direito. Algo preto e magro estava em sua mão. O SUV girou para fora sobre a calçada, saltando para trás na estrada derrapando, enviando nuvens de fumaça branca para o ar quando os pneus cantaram novamente. Levantando agilmente, Jax manteve o braço treinado no SUV, recuando rapidamente. Fiquei ali deitada, metade no arbusto e metade em um pedaço de grama queimada, absolutamente atordoada. A menos que a habilidade de condução de quem vivia na Filadélfia era significativamente horrível, alguém tentou nos atropelar. E Jax estava segurando uma arma. Ele não só estava segurando uma arma, mas a tinha o tempo todo, e me lembrava dele saindo do condomínio, colocando sua camisa. E se isso não fosse motivo suficiente para ter totalmente a mente fundida, ele tinha saltado e rolado como um profissional e lidou com essa arma como se soubesse o que estava fazendo.
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Jax me enfrentou e de repente estava ajoelhado ao meu lado, colocando as mãos sobre meus ombros. Eles estavam tremendo. "Você está bem?" "Sim." Seu rosto estava pálido e tenso. "Você tem certeza?" Eu balancei a cabeça enquanto meu coração batia por uma razão diferente. Havia pânico em seu rosto, um medo brutal. "Estou realmente bem. " Ele fechou os olhos por um momento. "Quando eu vi esse carro chegando, pensei... "Ele balançou a cabeça. "A bomba na estrada- nós nunca vimos isso. " "Oh Deus", eu sussurrei. Seus olhos estavam escuros quando os abriu novamente. "Apenas fodeu com a minha cabeça por um segundo ". "É compreensível. Você está bem agora? " Ele assentiu, e a cor estava de volta em seu rosto. Xingando baixinho, Jax olhou ao redor quando uma das portas descendo a rua foi aberta e alguém gritou alguma coisa. Isto soava como Ritchey, e parecia que ele estava gritando algo sobre trazer coisas ruins à sua porta, mas minha atenção estava focada em Jax. Ele olhou para mim. "Eu te conheço?", Perguntei. Uma sobrancelha levantou-se quando ele chegou em torno de suas costas, e quando suas mãos voltaram onde podia vê-las, ele já não estava segurando a arma mais. "Você me conhece." Pisquei para ele quando me sentei. "Isso foi impressionante. Você sabe, a coisa toda. " "Tinha um monte de merda prática esquivando-se no meu passado, querida."
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Está certo. Treinamento militar. Duh. "E a arma?" "Trabalhando com Mona, acabei cara-a-cara com pessoas que me fazem sentir um pouco melhor enquanto converso com elas, sabendo que estou carregando uma arma. — Ele estendeu a mão, pegou as minhas nas dele, e me levantou. "Além disso, segurar e disparar uma arma não são nada estranho para mim. " Duplo Duh. Treinamento militar. "O que... o que você acha que foi tudo aquilo? " Uma porta - provavelmente a de Ritchey — se fechou. "Provavelmente não é algo bom." Ele agarrou os lados do meu rosto, inclinando a cabeça para trás. "Você realmente está bem?" perguntou uma vez mais. Com a respiração pesada, assenti. Com exceção de um pouco de dor e medo, eu estava bem. "Alguém tentou nos atropelar. " "Eles tentaram e falharam", destacou. "Mas eles tentaram." E então isso realmente me bateu. Alguém tentou nos atropelar e Jax portava uma arma por causa da Mona, ou mais provavelmente, por causa da Mona alguém tentou seriamente nos atropelar. Meus joelhos começaram a bater um no outro. Isso me fez sentir fraca, mas em toda a minha vida, não importava o quão louco ou tão baixo que cheguei, nunca tive uma faca apontada para o meu rosto e quase fui atropelada em menos de vinte e quatro horas. Isso foi meio assustador. "Merda", disse Jax, e então me puxou para ele, contra seu peito, e fui, apertando os lados do seu estômago. "Querida... " Fechei os olhos, absorvendo seu calor e sua força, e o segurei. Não houve cochilos a tarde ou orgasmos depois de quase sermos atropelados. Muito ruim por várias razões. Além disso, orgasmos são apenas uma grande coisa para experimentar, mas eu poderia realmente ter tirado um cochilo depois da manhã e tarde que tive. Jax tinha chamado Reece no momento que chegamos em sua caminhonete e caímos fora de lá. Acabamos por registrar um BO com um policial que eu nunca tinha visto 253
antes, um senhor mais velho com pele escura e olhos cansados, mas um sorriso sincero. Seu nome era detetive Dornell Jackson, e ele parecia saber o que estava acontecendo, porque ele fez um monte de perguntas que tinha a ver com a minha mãe, Mack e até mesmo Isaíah. Então nos reunimos com Reece, e Jax lhe contou tudo. Reece não parecia feliz, especialmente quando chegamos à casa de Jax e os dois rapazes notaram alguns minúsculos e quando digo minúsculo, quero dizer inofensivos- arranhões ao longo do meu braço. Isso resultou neles me arrastando para o lavado, lavando os braços com várias bolas de algodão embebidas em peróxido, como se houvesse uma chance de infeccionar e meu braço cair. Supunha-se que alguém estava vigiando a casa de Ritchey, mais provável para encontrar Mona, e que por isso acabamos quase sendo atropelados, mas não explicava o porquê. Se eu era potencialmente vital na entrega de minha mãe ou para atraí-la, por que tentar atropelar a mim ou Jax? Ninguém tinha uma resposta para isso. Antes do início do meu turno, Jax tinha me levado de volta para a casa para que pudesse ficar e me trocar. Em vez de sair, ficou por lá até a hora de irmos. Em algum momento, ele tinha decidido que eu estava indo para o trabalho de carona com ele. "Eu não acho que seja necessário", disse a ele. Jax caiu no sofá, com as sobrancelhas levantadas. "Eu te quero segura, Calla. E, obviamente, a merda está indo para baixo. Assim, você vai ficar segura. Além disso, nós literalmente trabalhamos no mesmo maldito turno. Você pode economizar o dinheiro da gasolina. " Eu realmente não podia discutir com isso. "Arrume algumas roupas também, você vai ficar comigo hoje à noite ", continuou ele, e minha boca caiu aberta. "Calla, volto a dizer que quero mantê-la segura. Meu lugar é melhor. Sem ofensa, mas tenho mais do que um monte de macarrão no armário e tenho TV a cabo."
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Ok. Comida real e TV a cabo foram um bônus. "Isso é demais, Jax. Quero dizer, ficar com você é-" "Bom", ele interrompeu, sorrindo. "Divertido. Melhor do que ficar nesta casa?" Eu apertei os lábios estreitando meus olhos. Ele se inclinou para frente, apoiando as mãos nas coxas e suspirou. "Calla, eu só quero ter certeza de que você está segura enquanto lidamos com essa porcaria, e, querida, você sabe esta casa não é segura. Ninguém vai invadir minha casa, mas este lugar? Vale tudo." Hesitando na porta do quarto, tive que reconhecer que ele tinha um ponto e estava certo. Esta casa não estava no seu melhor. Eu estaria mais segura em seu lugar, mas era a sua casa, e ficar lá significava alguma coisa, e... Droga. Ele queria dizer alguma coisa. Esse foi o terceiro Duh do dia. Jax me queria em seu lugar porque ele quis dizer algo, sobre nós, sobre essa nossa coisa. "Eu vejo que está absorvendo a ideia" Jax observou presunçosamente. Eu me virei. "Cale a boca." Ele riu alto, e fui para dentro do quarto. Depois de me trocar para um par de jeans escuros que estavam bem apertados, escorreguei em um par de sapatos bonitos, um top preto padrão, e uma fina camisa solta que escorregava fora de um ombro, mas não expunha as minhas costas. Quando soltei o meu cabelo, ele tinha secado em ondas por ter ficado preso ao coque, e depois peguei minha maleta roxa de maquiagem. Olhei para o espelho. Lavei meu rosto antes de me trocar e estava todo limpo e fresco. Me senti leve, sem toda a maquiagem carregada. Pressionando meus lábios, olhei para o tubo de base. Eu tinha passado toda a manhã e maior parte da tarde sem um pingo de maquiagem, e ninguém, nem mesmo nenhuma criança pequena que é fácil de assustar, tinha corrido gritando por minha causa.
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Ninguém realmente sequer notou. E honestamente não me importei sobre isso. O encontro com Ritchey e quase ser atropelada podem ter algo a ver com isso, mas ainda assim. Meu estômago deu um pequeno salto. A maioria das pessoas não entenderiam, mas era um grande negócio para mim, colocar a base de volta na bolsa sem aplicá-la. A maquiagem era como um escudo e era literalmente uma máscara. Havia um nó na minha garganta e meus dedos tremiam um pouco quando peguei a outra base que usava apenas para dar um aspecto luminoso, mas realmente não fazia muito para cobrir imperfeições. Apliquei alisando-a sobre a cicatriz ligeiramente levantada. Eu tive que piscar um par de vezes antes de começar a pintar meus olhos, dando-lhes um efeito esfumaçado, trabalhando um olhar apropriado. Coloquei algum gloss em meus lábios e então estava pronta. Me afastei do espelho lentamente. Respirando fundo, saí do banheiro e peguei minha mochila da cama. Quando entrei na sala, Jax olhou para cima e, em seguida, sentou-se para a frente, inclinando a cabeça para o lado. Seus olhos encapuzados, o olhar voltando preguiçoso quando derivou sobre o meu rosto. Então ele sorriu. E meu coração virou, não um pouco, mas muito.
Coisas sobre SUVs assassinas, guerra e ataque de Mack, viajavam à velocidade de um foguete. Clyde me agarrou no momento que entrei na cozinha para dizer oi e me deu um de seus gigantes abraços de urso. "Garota, Jax me disse que vocês estavam saindo procurar por sua mãe, mas eu não gostei disso." Eu não gostava disso também, mas quinta-feira não estava longe e precisávamos encontrá-la. "Pode ter sido um coincidência ", eu disse em seu peito enorme. 256
"Não existem coincidências nisso." Ele apertou-me de novo, e se fosse um brinquedo, teria quebrado. "Eu não quero você em perigo." A coisa era, eu tinha a sensação de que estava em perigo mesmo se não estivesse lá fora, procurando por minha mãe, mas não disse isso. "Eu vou ficar bem. Eu prometo." Clyde puxou para trás e passou a mão sobre a sua cabeça. "Garota, estou feliz em vê-la ao redor e sorrindo novamente... " Eu estava sorrindo de novo? Quando eu tinha parado de sorrir? Bem, quando morava aqui, não tive muitas coisas para sorrir. "Mas se voltando para a escola, significa estar mais segura, então eu prefiro vê-la segura. " "Eu não posso voltar agora," disse a ele, e sorri. "Você sabe disso." Mas deixei de fora a ameaça de Mack, que me encontraria onde quer que fosse. "Vai ficar tudo bem." Seu rosto formou um expressão preocupada e sabia que ele não acreditava nisso quando se virou, pegou a espátula com uma mão, e esfregou seu peito com a outra. Demorei-me na porta dupla, desejando que pudesse fazer algo para aliviar sua preocupação, mas a única coisa que podia fazer era ficar segura. Me virei e voltei ao trabalho, dando apenas uma pausa nessa situação preocupante. Assim que Nick veio para seu turno, ele se ofereceu para me dar uma carona de volta, o que me surpreendeu pra caramba, mas essa oferta foi rapidamente esquecida por um único olhar de Jax. Mas, se Jax não estava no bar enquanto nós trabalhávamos, notei que Nick nunca ficava muito longe. Eu não sabia o que pensar sobre isso. Eu mal conhecia Nick, mas isso era doce e um pouco desconcertante. Roxy estava em causa e ofereceu seu apartamento para eu dormir, mas também foi descartado quando Jax anunciou que estava "ficando" no seu lugar, antes dele desaparecer no almoxarifado.
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"Você vai ficar com Jax?", Ela perguntou quando estávamos no corredor. "Tipo como morar com ele?" "Eu acho que sim, pelo menos esta noite." Fiz uma pausa, franzindo a testa. "E ontem a noite, também. " Seus olhos se arregalaram por trás de seus óculos. "Você ficou com ele na noite passada? E na noite anterior fez você ter sua primeira bebedeira?" "Bem, sim... " Um sorriso largo apareceu. "Vocês estão juntos?" Eu não respondi, porque Jax tinha saído da sala de bebidas, carregando várias garrafas. Seus olhos se estreitaram em nós quando passou devagar, mas havia um pequeno sorriso em seus lábios cheios. Ele piscou para mim. Minha barriga vibrou, porque minha barriga era estúpida. "Você sabe, ele realmente é um grande cara", disse ela, nada do que eu já não tivesse percebido. "Aquele tipo que você realmente pode confiar. No ano passado, Reece... "Ela disse seu nome com um pausa que me fez levantar uma sobrancelha. "Ele estava envolvido em um tiroteio policial. Foi tudo correto, mas você sabe, acho que atirar em alguém meio que mexe com sua cabeça. Jax estava totalmente lá para ele. " Agora, ambas as minhas sobrancelhas estavam erguidas. Droga. Eu não sabia o que dizer sobre isso. Ela pegou minha mão e me puxou para o escritório. "Então vocês dois estão juntos." "Não. Quero dizer, eu não sei. " Fechei meus olhos e respirei. "Eu acho que nós estamos. Mais ou menos. " "Mais ou menos?" Suas sobrancelhas se ergueram sobre seus aros pretos. "Se vocês estão juntos, deve haver regras."
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"Regras?" "Sim, como estarem vendo apenas um ao outro." Oh. E aí estava o quarto Duh do dia. "Nós não discutimos sobre isso. " "Então vocês são amigos de foda?", Ela perguntou, com os olhos estreitando. Minhas bochechas aqueceram. "Eu não acho que somos isso, também." Ou éramos? Quero dizer, não era como se nada tivesse sido rotulado ou discutido ou qualquer coisa. "Ok." Roxy bateu no meu braço, e pisquei longe esse pensamento de amigos de foda. "Posso dizer então que ser amigos de foda não seria legal com você. Assim sobra, vocês estão juntos, como em um namoro, deixando rolar pra ver no que dá? " "Isso parece certo. Nós vamos sair amanhã, no Apollo ". Ela aplaudiu. "Oh, esse é um lugar muito bom. Ótimos bifes ". "Isso é o que ouvi," murmurei. "Amigos de foda não te levam para jantar no Apollo". O canto de seus lábios deslizaram para baixo. "Eles te levam para lugares como Mona’s. Confie em mim, eu sei." Notei-a franzir a testa, mas ela continuou. "Apollo é para aqueles que levam o namoro a sério. Assim como o cara que sabe o tipo de café que você gosta na parte da manhã e como você gosta disso. Apollo é impressionante. E mencionei que os bifes são enormes? " De repente, queria falar com Teresa. Eu queria dizer a ela o que estava acontecendo, porque tinha um sentimento que realmente não sabia o que estava acontecendo. Mas já era tarde e Teresa estava na praia com Jase. Olhei para Roxy e mordi meu lábio inferior. Eu não sabia... ah, foda-se. "Nunca tive um namorado. " Roxy piscou lentamente e, em seguida, deu um passo para trás. Ela levantou um dedo, caminhou até a porta e fechou-a, depois virou-se para mim. "Nem um único namorado?" Eu balancei minha cabeça.
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"Alguma vez você já teve um amigo de foda?" Eu balancei a cabeça novamente. Ela encostou-se à porta. "Então, estou supondo que sua virgindade continua intacta? " "Uh. Sim. — Sentei-me na borda da mesa, cruzando meus tornozelos. "Minha virgindade está intacta." "Uau," ela murmurou. Eu fiz uma careta. "O quê?" "Eu não sei. Jovens de vinte e um anos virgens são tipo uma espécie como o Pé Grande ". Meus ombros caíram. "Puxa! Obrigada. " "Você sabe o que quero dizer." Ela colocou os óculos no topo de sua cabeça. "Você ouve falar sobre o Pé Grande, mas ninguém nunca realmente o viu pessoalmente. Mesma coisa com jovens de vinte e um anos virgens ". Eu estava começando a pensar que foi uma má idéia dividir essa informação. "Por quê?", Ela perguntou e minhas sobrancelhas subiram. "Por que nunca namorou? " Inclinando a cabeça para o lado, olhei para ela. "Sinceramente?" "Sinceramente." Cruzei os braços sobre o peito. "Você pode me ver com esses óculos, certo? " Ela apertou os olhos, franzindo o nariz. "Sim, eu posso ver. E você é muito bonita. E legal. Você tem que ser inteligente para estar em um programa de enfermagem, então qual é o problema? " "Bonita?" murmurei.
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Então ela piscou novamente, se afastando da porta e se aproximando de mim. "Entendi. A cicatriz em seu rosto? Isso não distrai de sua beleza. Você tem que saber isso. Eu meio que queria dizer alguma coisa antes, mas pensei que seria muito chato por trazêlo à tona ", ela prosseguiu. "Mas você está mais bonita esta noite. Posso dizer que não está usando um monte de maquiagem, e você parecia ótima antes, mas hoje está impressionante sem ela. " Dermablend não era brincadeira, essa maquiagem era usada para cobertura máxima, e eu sempre soube que era perceptível. Apenas pensei que parecia melhor com ela. "Eu mataria para ter seus lábios", continuou Roxy, puxando minha atenção para os dela. Eram lábios agradáveis. Lábios em forma de arco. "E mataria alguém para ter seus seios. Você os cobre, mas sei que eles estão lá, e que são bonitos". "Eles não são", deixei escapar antes que pudesse me parar. Confusão marcou seu rosto. "O que você quer dizer? Ou você tem os sutiãs mais incríveis da história dos sutiãs? Se for isso, por favor me deixe saber onde conseguir um desses? "Ela colocou as mãos sobre os peitos pequenos. "Porque estes bebês poderia usar de alguma ajuda. " Eu sorri suavemente. "Não. Não é isso. Desculpe." "Droga." Ela fez beicinho. "Então o que é?" Eu nunca tinha falado com ninguém sobre como eu me via, e achar as palavras certas parecia muito difícil. "A cicatriz no meu rosto não é nada em comparação com o resto de mim. É muito ruim. De verdade." Roxy abriu a boca, mas estava claro que não sabia o que dizer, então continuei. "Eu não tenho um monte de experiência com homens, então acho que estamos namorando, e acho que ... gosto disso. " "Você gosta dele," ela corrigiu suavemente. Suspirando, assenti. "Gosto. Eu gosto dele. E sei que isso é estúpido. "
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"Não é estúpido." Continuei como se não a tivesse ouvido. "Quero dizer, ele é quente, tipo muito quente e tão legal, ele é a combinação perfeita; mas com tudo isso acontecendo com a minha mãe, agora provavelmente não é o momento mais inteligente para me envolver com ninguém. " "Sim, as coisas com sua mãe não são fáceis." Ela trocou o peso de um pé para o outro. "Uma merda grande, mas também não tem nada a ver com Jax, sabe? Eles são duas coisas separadas." Eu podia ver isso. "Mas estou pensando em voltar para a escola em agosto. " "Então?", Ela disse. "Shepherd fica há três horas daqui. Grande coisa. Vocês ainda podem namorar. Não só vocês podem dirigir, como existem essas coisas legais chamadas trens. " Eu ri. "Já ouvi falar dessas coisas uma vez ou duas". "Ele gosta de você", ela me disse assentindo com sua cabeça para afirmar sua declaração. "Jax gosta de você, Calla. Confie em mim, eu sei. " "Você acha?" Ela assentiu novamente, mas antes que pudesse continuar, a porta se abriu e Nick enfiou sua cabeça. "Se vocês duas já terminaram o que quer que seja que estavam fazendo aqui, nós realmente poderíamos usar um pouco de sua ajuda. " Olhei para Roxy, e ela revirou os olhos. "Meninos", disse girando ao redor. "O que fariam sem nós?" Não respondi, mas queria rir ao ver o olhar fulminante de Nick no seu caminho. Voltamos para fora e o bar estava lotado. Jax me parou, amarrando meu avental, me dando um tapa não tão sutil em meu traseiro, e enviou-me para o bar. "Menina, eu não sei o que está acontecendo hoje à noite, mas isto aqui está uma loucura" Pearl disse quando peguei o caderno de anotações.
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E estava realmente. A multidão era uma mistura de jovens e velhos, e no momento que Melvin me viu, ele fez um sinal para a mesa com seu dedo torto. Ele não estava sozinho, esta noite ele estava acompanhado de um cara que aparentava ter a mesma idade dele. "O que é isso que ouvi sobre você e Jackson quase serem atropelados por um carro hoje?", perguntou Melvin, e fui lembrada, mais uma vez, que as notícias voam. Olhei para seu amigo, e não tinha certeza do que dizer. "Este é Arthur." Melvin acenou para seu amigo. "Esta é a filha de Mona ". Arthur tinha seu rosto fortemente alinhado, com olhos escuros enrugados e centrados em mim. "É bom te conhecer, querida." Dei-lhe um curto e um pouco estranho aceno, e admiti ser quase atropelada, mas minimizei a história dizendo ter sido falha de um motorista muito ruim, pois não queria preocupar qualquer um deles. Melvin não parecia muito convencido quando bateu em meu braço e me disse para ter cuidado. A multidão não diminuía enquanto a noite avançava, e quando substituí Nick em sua pausa, fiquei feliz de estar por trás do bar e não correndo pelo chão como uma louca. Estava fazendo dois drinques de Jäger Bomb31 quando olhei para cima e os avistei. Bem, primeiro eu vi o cara e quase deixei cair o vidro menor do drinque de um jeito que não seria bonito. Ele era enorme, tipo muito maior e mais amplo do que Jax, e ainda mais alto. Ele usava uma camisa preta que se esticada por todo seu peito e braços definidos. Seu cabelo era castanho cortado baixo dos lados, um pouco mais alto no topo, e ficava espetado para cima, um pouco mais do que do Jax, dando a impressão que seria encaracolado se deixasse crescer. Esse cara tinha um rosto angular, definitivamente alguma ascendência hispânica ali. Pele marrom suave, com maçãs do rosto salientes e cílios castanhos espessos emoldurado de olhos escuros.
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O Jager Bomb é um drinque delicioso. A combinação do Jägermeister com o energético é perfeita.
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Havia uma cicatriz em forma de meia-lua em seu olho esquerdo e outra sob o centro do seu lábio, cortando-o. Ele parecia mal, um tipo de mal com uma boa aparência. A menina que estava atrás dele, poderia muito bem se passar pela Britney Spears, mais como um tipo colegial da Britney. Seu cabelo loiro era ondulado e cortado perfeitamente para emoldurar seu rosto em forma de coração. Ela tinha lábios carnudos, grandes olhos castanhos e um belo corpo. Como eu sabia que ela tinha um corpo bonito? Porque a maior parte estava em exibição. Ela estava vestindo um top rendado que mostrava sua barriga chapada e uma saia jeans curta que revelava impressionantes pernas bronzeadas. A garota tinha peitos de matar, e era universalmente quente. Mas ela não estava prestando atenção para o cara grande e bonito ao lado dela. Ela estava olhando diretamente para o bar. E não era nem um pouco para mim, muito menos para Roxy. O seu olhar castanho estava fixo na parte lateral do bar, um pouco mais distante onde eu e Roxy estávamos. Seu olhar estava em Jax. Eeeee, ela não estava apenas olhando para ele. "Você sabe quem é?", Roxy me perguntou enquanto cavava um monte de gelo. "Aquele cara quente como o inferno lá?" Meu olhar se desviou da garota para ele. "Como eu poderia não notar? "Entreguei os drinques de Jäger Bomb com um sorriso e peguei o dinheiro. "Quem é ele?" Perguntei quando na verdade queria saber quem ela era e por que estava olhando para o Jax como se fosse seu jantar. "Brock," Roxy respondeu, e começou a abanar-se. "O Brock." "Hum? Quem? " Perguntei quando me virei para um cara em idade de faculdade. "O que posso fazer por você?" "Esse é Brock 'Besta' Mitchell," o cara disse em vez de me responder, e piscou pra mim. "Você não sabe quem ele é? " Olhei para "a Besta" e balancei a cabeça. "Eu deveria?" 264
O cara riu quando balançou a cabeça. "Ele faz MMA, é um negócio muito grande. Ou prestes a se tornar um grande negócio. " Ele olhou com uma expressão de espanto em seu rosto. "Meu, ele não é um cara que eu gostaria de irritar. Não sabia que ele estava na cidade. De qualquer forma, eu vou querer uma Bud." Agarrando a cerveja, dei uma olhada sobre Brock. Eu sabia o que era MMA -artes marciais mistas- e estava adivinhando que ser um grande negócio, significava que ele estava lutando em um desses circuitos que Cam e Jase eram obcecados. De fato, sabia que o cara não era local. Eu teria lembrado de um rosto como este, mesmo se tivesse sido há muito tempo atrás. "Legal", murmurei, entregando a cerveja. O cara esqueceu de mim completamente quando pegou sua bebida e encaminhouse para Brock como se estivesse atraído pelo cara. "Oh merda." Roxy endireitou, e vi que ela estava olhando para a menina agora. Ela se virou, e seu olhar pousou em Jax. "Oh merda ". "O quê?" Meu coração fez um salto no meu peito. Roxy girou na minha direção, com os lábios franzidos como se tivesse provado algo ruim. "Esta é Aimee- Aimee com dois e´s e um i." "Ok." Era oficial. Eu estava confusa. "Eu não tenho ideia do que ela está fazendo com Brock. Bem, na verdade tenho algumas ideias, mas não sei o porque ela está aqui com Brock. " E agora eu estava começando a ficar com uma sensação ruim sobre isso, especialmente porque vários caras rodearam Brock, e Aimee com dois e’s, nem sequer estava prestando atenção nele. Ela estava começando a se afastar do círculo. Roxy parecia que não conseguia se mover e estava prestes a ter um colapso, e havia pessoas que precisávamos servir, mas meu olhar estava rastreando Aimee, enquanto ela se aproximava do balcão, então olhei para Jax. 265
Encostado no balcão, ele estava entregando duas bebidas mistas para um grupo de meninas risonhas, e quando endireitou-se e olhou para cima, seu olhar passou por Aimee com um i, e depois se recuperou. Ele piscou os olhos e se ajeitou como se alguém tivesse agarrado o seu traseiro. Meu estômago afundou um pouco. Ah não. "Oh, não", ecoou Roxy. Aimee com dois e’s, se espremeu entre as meninas risonhas e um cara mais velho, colocando as mãos no balcão superior e se esticou toda, o que fez com que seus peitos praticamente saltasse de seu top. Então, falou de uma maneira profunda, rouca. "Jax, baby, senti sua falta."
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Capítulo Vinte
‘Queridinho’ Jax encarou Aimee por um momento e deu um meio sorriso a ela" não um qualquer, mas aquele que me fazia revirar por dentro. Ele disse algo e ela jogou sua cabeça para trás, rindo histericamente. Eu me virei e voltei a focar nas pessoas que estavam esperando por suas bebidas. Eu não tinha certeza quanto tempo passou, e eu nem mesmo tentei me impedir de espiálos, mas eles ainda estavam conversando. Tudo bem, não é nada de mais. Quando procurei por Brock, o cara que ela tinha vindo, eu não o vi em lugar algum, mas havia um grande grupo em volta das mesas de sinuca, então imaginei que ele estava ali. Me sentindo estranha e como se tivesse engolido um lote de pílulas energéticas, eu estava ainda mais sorridente e feliz enquanto atendia os fregueses até que Nick voltasse. Nessa hora, eu estava pronta para voltar ao salão, enquanto fazia meu caminho passando por Roxy, que estava me atirando um olhar de ‘precisamos conversar’, o qual respondi com um olhar de ‘nós não precisamos conversar’. Eu estava correndo de trás do bar, meus olhos focados em Pearl, cujo cabelo loiro estava escapando do seu coque, quando fui agarrada pela cintura e puxada para o lado. Engolindo um gritinho, eu me virei e me encontrei entre Jax e o fim do bar, encarando Aimee. Hum. Aimee parecia confusa enquanto olhava para Jax e eu, até que seu olhar foi para o braço que estava em minha cintura. “Aimee, eu não tenho certeza se você teve a chance de conhecer Calla,” Jax disse, seu braço como uma marca em minha cintura. “Ela é daqui, mas esteve fora por causa da faculdade. Ela voltou por...”
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“Eu sei quem ela é,” ela respondeu e seu tom não era nem frio nem esnobe, na verdade era neutro. Minha sobrancelha levantou. Eu não tinha ideia de quem ela era e eu tinha a sensação que me lembraria dela se a conhecesse. Aimee sorriu enquanto jogava seu cabelo por cima do ombro. “Você obviamente não lembra de mim. Nós nos conhecemos a eras atrás.” Jax se virou para que sua lateral ficasse pressionada contra a minha. “Como você conhece ela? Você cresceu a estados de distância.” Eu realmente não ligava que ele soubesse que Aimee com os dois ‘es’ tinha crescido em um lugar longe. “Foi há muito tempo,” ela disse, levantando sua voz para que quem estivesse nas mesas de sinuca pudesse ouvir. “Nós participamos de alguns concursos de beleza juntas.” Puta merda. Eu enrijeci enquanto eu encarava ela. Aimee...? Aimee...? “Aimee Grant?” Seu sorriso aumentou e puta merda, ela era linda. Dentes perfeitos, como se ela estivesse usando um molde. “Sim! Você se lembra. Oh meu Deus, Jax.” Seu olhar voou para ele enquanto ela se aproximava do bar, colocando uma mão em seu braço como se ela tivesse feito isso um milhão de vezes. “Calla e eu praticamente crescemos juntas.” Uh, eu não teria chegado a tanto. Nós provavelmente esbarramos uma na outra a cada mês por causa dos concursos e nós nunca fomos amigas. Se eu me lembro bem, nossas mães se odiavam com uma paixão incandescente. Minha mãe era considerada ralé por ser dona de um bar e a mãe de Aimee era dona de casa, casada com um médico ou, levando em conta o sorriso perfeito, um dentista. “É mesmo?” Jax deslizou sua mão para a parte mais baixa das minhas costas e eu pressionei meus lábios juntos. Ele posicionou seu corpo pressionado ao meu, indo para trás para que a mão dela não estivesse mais em seu braço e, mesmo que eu não fosse expert em relacionamentos, eu sabia que ele estava dizendo isso com seu corpo. Eu tinha visto Jase fazer o mesmo. Eu tinha visto Cam também.
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Eu estava feliz por dentro. Aimee ou estava ignorando a mensagem ou não a estava entendendo. “Sim, isso é realmente ruim. Eu não te via a tanto tempo.” Seus olhos estavam em mim agora. “Não desde quando você parou de ir aos concursos de beleza.” Uma bola se formou no topo do meu estômago, pesando enquanto abaixava, e por reflexo, eu tentei me afastar, mas com Jax tão perto, não havia como eu sair. “Ela costumava ganhar de mim,” Aimee continuou e a bola em meu estômago estava crescendo exponencialmente. “Cada concurso. Eu ganhava o titulo de Supreme e Calla quase sempre conseguia levar pra casa o titulo de Grand Supreme.” Os lábios de Jax se curvaram e um pequeno sorriso enquanto ele me observava, mas eu estava fazendo de tudo para ir para longe dele, do bar e de Aimee. Ela inclinou sua cabeça para o lado enquanto se apoiava no balcão. “Eu não te vejo desde o incêndio.” Ar ficou preso em minha garganta enquanto os pequenos cabelos no meu pescoço se arrepiavam. “Vários organizadores ajudaram a levantar fundos. Eu lembro disso,” ela continuou despreocupada. “Durante seis meses, várias das meninas que ganharam os concursos abdicaram do premio em dinheiro por você.” Oh meu Deus. Eu também lembrava disso" lembrava do meu pai dizendo algo sobre enquanto eu estava no hospital e minha mãe estava ocupada de mais com o luto para se quer fazer uma visita. “Tão triste,” Aimee disse, piscando seus grandes olhos. “Tudo que aconteceu com você e sua família. Por quanto tempo você ficou no hospital?” Quem fazia perguntas desse tipo? Mas eu sabia a resposta. Durante toda minha vida, pessoas estranhas colocavam seu nariz onde não eram convidadas e faziam perguntas que outras pensavam que eram inapropriadas ou fora de contexto. Elas não pensavam ou, simplesmente, não se importavam.
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“Meses,” eu me ouvi dizendo. A mão de Jax enrijeceu contra minhas costas e eu senti seus músculos ficarem tensos. Os pequenos cabelos estavam arrepiados agora. “Com licença.” Minha voz estava rouca enquanto eu me livrava de Jax e do bar. “Eu tenho que voltar ao trabalho.” Eu me afastei, sem nem ouvir o que fosse que Aimee disse quando eu andava por trás do balcão e ia em direção ao salão para encontrar copos e garrafas vazias. Minha cabeça estava girando em pensamentos que eu não conseguia me focar em um só. Aimee era uma inesperada e indesejada visita do passado. Ela era parte de memórias que, depois de todos esses anos, eu não tinha feito as pazes e não tinha certeza se um dia faria. Não só isso, mas ela representava tudo que eu deveria ser. O nó voltou pra minha garganta enquanto eu pegava garrafas vazias, ignorando o leve cheiro de cerveja enquanto eu as colocava na caixa. Mais tarde, eu poderia dizer que Aimee não era ninguém mas agora, se eu pensasse nela, eu pensava em como as coisas foram antes do incêndio. Eu pensava em como a vida poderia ter sido para minha família— minha mãe, Kevin, Tommy e para meu pai e eu, se o incêndio nunca tivesse acontecido. Eu provavelmente estaria aqui. Eu parei, respirando pesadamente enquanto meus dedos se fechavam em torno de outra garrafa. Eu olhei para frente, para as costas das pessoas que estavam acumuladas em volta da mesa de bilhar. Então a ficha caiu, naquele momento, tão forte que meus dedos formigaram. Se o incêndio nunca tivesse acontecido, eu provavelmente estaria exatamente aqui onde eu estava. Eu teria sido criada para trabalhar no bar, porque ele teria sido bem sucedido, e foi algo que meus pais construíram para passar para nós. Kevin estaria administrando o lugar. Tommy estaria aqui. Assim como meus pais. Eu estaria exatamente onde estou, e eu não tinha ideia de como entender a epifania. Nem um pouco. Meus pensamentos cortavam como uma navalha, minha pele arrepiada.
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“Calla.” Meu coração estava apertado. Eu não queria me virar. “Eu tenho mesas para limpar,” eu disse a ele. “Muitas mesas.” A mão de Jax foi para meu ombro e ele me virou. Nossos olhares se encontraram e, quando ele falou, eu sabia" eu só sabia" o que ele quis dizer e isso me despedaçou. Ele se aproximou, abaixando sua cabeça para dizer em meu ouvido. “Eu sei.”
Eu estava quieta na volta para a casa de Jax, passando a viagem toda de carro olhando para fora da janela, para as casas escuras. Eu estava cansada, mentalmente e fisicamente, e tudo que eu queria era ir para a cama, jogar um cobertor sobre minha cabeça e dizer boa noite. Aimee tinha ficado até a hora de fechar, nem um momento voltando para se juntar a Brock, que terminou saindo bem antes dela. Roxy tinha dito que ele saiu com uma menina diferente, então eu não tinha idéia do que estava acontecendo entre ele e Aimee, mas ela parecia encantada. E eu sabia o porque ela tinha ficado. Ela queria ir para casa com Jax. E isso não aconteceu. Quando o último pedido foi feito e Aimee estava encarando Jax, Roxy me disse que ele gentilmente perguntou se ela tinha carona para casa, mas antes que ela respondesse, ele disse que ele poderia chamar um taxi. Suave. Roxy disse que Aimee parecia como alguém que tinha acabado de ver um fantasma e, por mais que isso fosse algo divertido de se ver, eu me perguntava se Jax a teria levado para casa se eu não estivesse aqui. Isso não deveria importar, mas importava, porque eu era uma menina e eu estava me sentindo extra idiota. Eu sei.
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Perdi a respiração quando Jax entrou na rua que levava a sua casa. Eu sabia que ele iria querer falar sobre o incêndio. Como ele havia trabalhado com minha mãe e ela tinha contado a ele sobre os grades dias dos concursos de beleza, não precisava muito para descobrir que ela também tinha falado sobre o incêndio. Mas quanto? Quanto ele sabia quando seus olhos pararam em mim pela primeira vez que entrei novamente no Mona’s? De volta a casa, eu levei minha mala para o andar de cima enquanto Jax foi para a cozinha, fazendo a mesma coisa que a última vez, tirando seus sapatos e deixando a chave no aparador. Eu me despi, dessa vez usando um top por baixo da minha camiseta de manga comprida e meus shorts de dormir e, depois de lavar meu rosto, eu prendi meu cabelo em um rabo de cavalo. Quando deixei o banheiro, eu peguei meu celular da minha bolsa e liguei o abajur. Um leve brilho iluminou o quarto. Havia uma mensagem não lida da Teresa, uma foto dela e de Jase na praia. Ela estava nos braços dele, fazendo chifrinho nele com seus dedos e ele estava sorrindo, seus lindos olhos cinzentos escondidos pelo mesmo estilo de óculos de sol que Jax usava. Passos chamaram minha atenção enquanto eu guardava meu celular novamente na minha bolsa e ali estava Jax, entrando no quarto. Ele tinha perdido sua camiseta em algum momento entre entrar na casa e no quarto e eu não iria reclamar, porque sua pele exposta, mesmo que marcada, era incrível de se olhar, especialmente quando seus jeans estavam baixos em seu quadril. Ele estava segurando uma cerveja em uma mão e uma caixa de suco na outra. Meu sorriso aumentou um pouco. “Para mim?” “Eu imaginei que você precisaria de uma bebida, ou de um suco pelo menos.” “Obrigada.” Eu peguei a caixinha de suco e sentei de pernas cruzadas na cama. O canudo já estava colocado, como da última vez. Perfeito. Levantando meus olhos, eu o vi tomar um gole da cerveja e, então ele abaixou a garrafa e passou a outra mão pelo seu cabelo. Eu senti uma certa ansiedade se formar em minha barriga enquanto eu observava seu peito subir e descer com sua respiração. “Está tudo bem?”
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Parecia como uma pergunta idiota. Seu olhar foi de encontro ao meu enquanto ele tomava outro gole. Ele não disse nada enquanto sua garganta se movimentava e, puta merda, ele tinha terminado aquela garrafa enquanto eu tinha tomado apenas um pouco do meu suco. A ansiedade aumentou como uma erva daninha em um jardim. Ele tinha mudado de opinião sobre eu ficar aqui com ele? Ele não parecia feliz. Talvez ele desejasse que estivesse aqui com Aimee de dois ‘e’. Dado sua pele e sorriso perfeitos, e uma mãe que não estivesse atualmente desaparecida e se enfiada em uma bagunça com traficantes, eu conseguia entender se ele estivesse repensando várias coisas. Afinal, ele quase tinha sido atropelado hoje e isso não foi sua culpa. Eu nem deveria estar em sua casa, ainda mais sentada em sua cama. Eu não pertenço aqui. Depois disso tudo eu queria voltar para Shepherd, sentar com Teresa e observar a Brigada dos Caras Quentes de uma distância segura. Lá eu estava protegida, porque ninguém sabia nada sobre mim e eu tinha meus três ‘F’s, era tudo que eu sabia e que tinha me forçado a aceitar. Apertando a caixa de suco a um ponto de quase transforma-la em um vulcão, eu comecei a sair da cama, minha barriga se revirando. “Eu posso dormir lá em baixo hoje e, então, amanhã...” “O que?” Meus pés estavam quase encostando no chão. “Eu disse que poderia ir dormir no andar de baixo e amanhã eu...” “Eu te ouvi.” Ele colocou a garrafa vazia no criado mudo e se virou na minha direção. Eu olhei ao redor. “Estou confusa. Se você ouviu o que eu disse então porque perguntou?” “Okay. Talvez eu devesse ter expandido minha pergunta.” Ele se corrigiu, e com os olhos arregalados, eu o observei se inclinar para frente e quando ele segurou meu quadril, eu congelei. Um calafrio percorreu minhas coxas, porque wow-wee, esse homem 273
sabia como segurar em um quadril. “Por que motivo você iria ir dormir no andar de baixo?” Vagarosamente, eu levantei meu suco e tomei um grande gole. “Eu só pensei que depois de... um, tudo...” eu me cortei quando ele me levantou, meus pés agora bem longe do chão. “Você pensou o que? Que eu não queria mais você aqui comigo?” Ele engatinhou pela cama. Não há outra palavra para descrever o que ele estava fazendo. Uma perna estava de um lado meu e a outra, do outro lado. Suas mãos ainda estavam no meu quadril. “Que eu não percebi o quão linda você estava hoje? E que nenhuma vez você virou sua bochecha para esquerda para tentar se esconder?” Oh meu Deus. Suco esquecido. “Você pensou que eu não iria querer dormir ao seu lado novamente? Você achou errado se esse foi o caso.” Seus dedos apertaram meu quadril, mandando uma onda de calor pelas minhas veias. “Eu realmente gostei de dormir com você e andar ao seu lado. O que é algo novo para mim. Eu não sou um grande fã de coisas como essas, mas você... Sim, você é diferente.” Eu nunca quis ser mais diferente na minha vida. Suas mãos deslizaram para minha lateral. “Ou você pensou que eu não reparei que você estava bem o dia todo, apesar da merda com que teve que lidar de manhã? Nós fomos em um buraco e quase fomos atropelados, mas você ainda sorriu, mesmo depois disso. Você aguentou firme, foi trabalhar. Até que Aimee apareceu.” Jax abaixou sua cabeça e passou seus lábios pelos meus. “Aimee e eu nunca namoramos.” Meus músculos travaram enquanto meu cérebro dizia que isso era mentira. “Eu não acho que isso é assunto meu.” Ele fez um som grave, não concordando. “Você está na minha cama agora, certo?” “Bem, sim.”
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“E minha boca esteve em você, certo?” Eu concordei. “Minha mão já esteve entre essas lindas pernas também, certo?” Oh wow. Aquele calor derreteu meu coração e foi parar entre minhas pernas. Ele pressionou sua testa na minha. “E eu vou te levar para jantar mais tarde. Então me diga, como uma menina qualquer aparecendo hoje a noite, se jogando em mim e insinuando que temos um passado tem nada a ver com você?” “Okay,” eu sussurrei. “Quando você diz desse jeito, eu acho que tem.” “Acha?” Ele se afastou, balançando sua cabeça. Então ele se sentou, suas pernas em cada lado das minhas, suas mãos em minha cintura. “Eu entendo que você nunca fez isso antes.” Eu levantei meu suco e tomei outro gole enquanto meu estômago flutuava. “Mas você precisa entender onde isso está indo. Eu já te disse que gosto de você. Eu acho que eu deixei isso bem óbvio. E, quando terminarmos com essa conversa, eu vou deixar isso ainda mais obvio para você.” Não vou mentir. Várias partes de mim gostaram de como isso soou. “Aimee e eu tivemos alguns casos.” Ele continuou, e um sentimento ruim cresceu no meu peito mesmo que eu já tivesse imaginado isso. “Ela normalmente fica em Philly e eu acho que ainda vai para a faculdade no norte. Eu não sei e, honestamente, não ligo. As coisas sempre foram casuais entre nós. Ela esteve na minha casa. Nunca passou a noite aqui. Nenhuma vez. E ela nunca pode tomar suco de fruta na minha cama.” “Fico feliz de ouvir essa última parte,” eu admiti. Um sorriso se formou em seu rosto. “Aimee é uma menina bonita. Ela sabe como se divertir, mas ela não é a menina para mim. Nunca foi.” Aquela bolha estava no meu peito novamente.
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E ele moveu suas mãos enquanto inclinava sua cabeça para o lado. “E eu sei o que está passando pela sua cabeça é mais do que uma menina que eu dormi no passado aparecendo. É sobre o que ela disse essa noite.” Eu fiquei tensa novamente. “Jax...” Ele colocou seu dedo indicador em meus lábios, me silenciando. Normalmente, se alguém fizesse isso comigo, eu estaria inclinada a morder seu dedo, mas o assunto em questão era intenso demais para isso. “Eu sei,” ele disse com a voz baixa. “Eu sei tudo sobre o incêndio.” Ar escapou de mim. Eu coloquei uma mão na cama enquanto me inclinava para longe dele, mas suas mãos se firmaram em minha cintura. Eu não consegui ir muito longe. Eu não consegui fazer isso. Eu podia sentir o pequeno fio de controle que eu tinha se soltando. “Mona falava sobre isso de vez em quando e Clyde preencheu as partes que ela não disse,” ele continuou naquela voz baixa e paciente. “Eu sei como isso aconteceu.” Meu coração começou a pular em meu peito e quando eu falei minha voz estava rouca. “Eu não quero fazer isso.” “Eu sei.” Jax se aproximou de algum jeito, sua pélvis sobre a minha, mas seu peso estava suportado pelas suas pernas. Ele estava perto, perto demais para isso. “O bar era um sucesso na cidade. Sempre cheio. Fazendo montanhas de dinheiro. Seus pais decidiram construir sua casa dos sonhos.” Eu desviei meu olhar de seus olhos castanhos, minha mão livre segurando firme o edredom. “Eu não quero fazer isso,” eu repeti, sussurrando. Ele abaixou sua cabeça, pressionando um leve beijo no meio da minha bochecha esquerda, e minha respiração falhou. “Era o tipo de casa que seus pais sonharam em criar uma família, espaço suficiente para todos vocês crescerem, especialmente Kevin e Tomy.” Oh Deus. Meu peito foi cortado por um ar gelado e eu balancei minha cabeça. “Eu não posso fazer isso.”
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Jax não aliviou. “Seus pais não perceberam que contrataram um eletricista que não era o melhor qualificado. Um que economizava no trabalho para que pudesse embolsar mais dinheiro. Sua licença estava sob investigação por um trabalho mal feito em outra casa. O que seus pais não sabiam quando eles se mudaram para o novo lugar, levando vocês, todos felizes e festejando, era que esse eletricista não tinha seguido o protocolo para a instalação no interruptor do corredor do segundo andar" o andar com todos os quartos das crianças.” Abaixando meu queixo, eu apertei meus olhos fechados. Foi uma péssima ideia pois eu conseguia ver nitidamente aquela noite. Até o dia que morresse, eu seria capaz de reviver aquela noite, da parte de andar até meu quarto novo, com suas paredes rosas e meu nome escrito em letras garrafais preso na parede, cheio de fumaça. Eu nunca iria esquecer aquele grande fôlego que eu inalei que tinha queimado minha garganta e meu peito por dentro. Eu entrei em pânico enquanto eu saia da cama e vi a tinta rosa descascando da parede, o terror quando eu abri a porta do banheiro e o mundo inteiro explodiu. A fumaça tinha ficado amarela e marrom" eu lembrava disso" um momento antes disso tudo acontecer. Estilhaços de vidro voaram pelo ar, cortando minha pele. Chamas estavam em todos os lugares, dançando pelo chão, chegando ao teto e as paredes. Era como um flash gigante. E haviam os gritos. Gritos horríveis que nem filmes de terror conseguiam replicar e algum deles eram meus. Outro eram de Kevin. “Estava tão quente. A tinta estava derretendo. Não havia ar e...” eu inalei, tremula, e eu não percebi que tinha falado isso em voz alta até que seus lábios pressionaram contra minha testa novamente. “Eu sei que você teve sorte por sobreviver,” ele disse, acariciando a lateral da minha cintura com seu dedão. “Seu pai chegou a você primeiro e a levou para o lado de fora. E quando ele e sua mãe tentaram voltar para dentro, para o segundo andar, já estava tomado pelo fogo. Eles não conseguiram subir as escadas... era tarde demais para seus irmãos.” Eu tentei me mover novamente, mas Jax me segurou. O gelo em meu peito estava expandindo, se tornando uma dor real e tangível. “Tommy nunca acordou.” Eu lembrava de minha mãe dizendo isso uma vez. Isso depois de uma autopsia ser feita que mostrou que ele morreu pela inalação de fumaça. Uma benção em meio a desgraça, porque quando
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o fogo foi apagado, seu quarto não era nada mais do que cinza e madeira. “Kevin... ele estava acordado.” Novamente, com sua voz calma, “Eu sei.” Eu abri meus olhos vagarosamente e meus cílios estavam úmidos. “Seus caixões,” eu sussurrei, apertando meus olhos fechados mais uma vez e os vendo. “Eles eram tão pequenos. Você sabe, menor que você pode imaginar que costumam fazer os caixões. E ainda assim, eu sei que fazem ainda menores, mas Deus... eles eram tão pequenos.” Seus lábios roçaram a pele ao lado do meu olho direito, e eu sabia — oh Deus, meu peito doía" eu sabia que ele tinha pego uma lágrima, e o gelo em meu peito, que agora invadia meu estômago e minha alma, aliviou um pouco. “Eles nunca tiveram chance,” eu disse, inalando profundamente novamente. “O fogo começou exatamente do lado de fora de seus quartos, no teto e nas paredes. Espalhou muito rápido.” Jax permaneceu quieto e alguns minutos se passaram antes que eu falasse novamente. “Nossa família recebeu uma grande quantia de dinheiro quando foi descoberto que o fogo... foi por causa dos fios. Meu pai colocou uma parte em um fundo para a minha faculdade. Esse... esse é o dinheiro que minha mãe pegou. E ela tinha muito dinheiro" milhares de centenas que ela deve ter apenas desperdiçado.” Meus dedos aliviaram o aperto no edredom. “Meu pai foi embora nem um ano depois”. Ele não pôde lidar com isso.” “Filho da mãe,” Jax disse. Meus olhos se arregalaram e eu pensei em defender meu pai mas me parei. Sim, ele era meio que um filho da mãe. Eu aceitei isso há muito tempo. Minha próxima respiração foi mais fácil. “Eu nunca falei com ninguém sobre isso. Nem meus amigos em casa. Não é como se eu não tivesse... aceitado isso, porque eu o fiz. Eu era jovem quando isso tudo aconteceu e eu ainda sinto falta dos meus irmãos. É só muito triste.” “É.” Nossos olhares se encontraram e eu senti meu coração se virar pesadamente em meu peito. Eu sabia que ele não tinha terminado.
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“Eu sei que essa não é a única coisa.” Ele levantou uma mão e passou ela pelo cumprimento de minha cicatriz. “Eu sei que você tem outras.” Eu não conseguia olhar para outro lugar. Merda, eu queria, mas seu olhar me segurou e seus olhos estavam quentes, eles estavam focados. “E eu sei que você foi queimada, Calla.” E nisso, meu peito se apertou com uma mistura de vergonha de alívio. “Eu sei que você fez algumas cirurgias e eu sei que elas pararam antes do que deveriam.” “Minha mãe... ela...” “Ela ficou presa em sua própria merda. Ela esqueceu ou não pôde lidar.” Ele confirmou. “Ela nunca disse o porquê, e eu sei que isso não faria nada melhor, mas ela sentia muita culpa sobre isso. Isso era bem óbvio.” Sim, isso não mudaria nada. Nunca poderia. Eu não sabia se isso me fazia uma pessoa insensível ou não, mas algumas coisas não podiam ser esquecidas tão fácil. Elas não foram feitas desse jeito. “Eu nunca... ninguém nunca viu as cicatrizes,” eu disse em um tom mal acima de um sussurro. “Elas não são bonitas.” “Elas são parte de você.” Eu concordei vagarosamente. Meus pensamentos estavam girando novamente enquanto meu olhar procurava pelo seu. Ele sabia desde o dia um que eu estava escondendo várias cicatrizes. Inferno, ele sabia disso antes de me ver pela primeira vez, por causa da minha mãe e Clyde. Eu não tinha certeza do que pensar sobre eles contando a alguém que era um total estranho para mim, mas eu não podia ficar com raiva sobre isso. Eu não conseguia sentir mais nada enquanto olhava para ele. “Você gosta de mim.” Seus lábios se curvaram. “Nenhuma novidade, querida. Eu gosto de você, sabendo que as cicatrizes são parte disso.” “Mas como?” Não era a primeira vez que eu o perguntava isso. “Eu já te disse como.” Ambas suas mãos estavam de volta a minha cintura e eu perdi o fôlego. “Eu acho que já passou do tempo de te mostrar.”
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Minhas sobrancelhas levantaram. “Me mostrar?” “Sim, te mostrar.” Sua mão se curvou sobre meus braços enquanto ele me levantava, e eu segurei minha bebida ainda mais forte. Ele me moveu até que eu estivesse perto da cabeceira, bem no meio da cama. Ele pegou a caixa de suco e a colocou no criado mudo. Então ele começou seu trabalho de deixar bem óbvio que ele gostava de mim.
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Capítulo Vinte e Um
Luz do sol entrava pela grande janela quadrada enquanto eu piscava e abria meus olhos, e eu acordei com uma boca em meu pescoço, traçando pequenos beijos pela lateral da minha garganta. Oh, wow. Meus lábios se curvaram e eu ofeguei quando sua língua passou pelo ponto sensível logo abaixo da minha orelha. Minhas costas se curvaram sozinhas quando sua mão, que estava na minha barriga, se moveu para minha camiseta para parar na curva do meu quadril. Esse era um ótimo jeito de acordar. Noite passada foi... bem, foi literalmente orgástica e apesar de não ter dormido por muitas horas, eu acordei sentindo como se tivesse dormido por um ano. Apesar que eu duvidava que o orgasmo que ele tinha me dado com suas mãos tinha algo a ver com isso. Era o fato que noite passada aconteceu algo. Um pouco do peso saiu do meu peito. Não havia uma parede entre nós. Será que um dia já houve uma? A coisa engraçada era que essa parede pode nunca ter existido, pelo menos não do seu lado. Ele sabia sobre o incêndio, sobre meus irmãos e o dinheiro, sobre as cicatrizes e o quão ruim tudo isso foi. Ele sabia antes de me conhecer cara a cara. E ele não se importava. Eu não entendia isso completamente. Provavelmente nunca iria, mas quando ele foi provar o que gostava de mim ontem a noite, com todos os beijos e toques, eu decidi que iria parar de tentar entender tudo isso. Meus shorts foram esquecidos em algum lugar do chão do quarto de Jax e quando sua mão viajou debaixo do elástico da minha calcinha, deslizando sobre minha pele nua, eu mordi meu lábio. Sua outra mão tinha feito seu caminho sobre minha coxa e estava, agora, atrás do meu joelho. Ele levantou minha perna, me forçando para seu colo. Havia mais que apenas um calor entre minhas pernas quando o senti pressionado contra minhas costas. O peso estava de volta em meu peito e, com um beijo sensual em
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meu pulso, eu estava pronta e levou tudo de mim para não começar a reagir imediatamente. Noite passada, Jax... ele não tinha se aliviado. Depois que ele terminou de fazer aquilo comigo, ele tinha me puxado de costas contra si, e só isso. Eu imaginava como ele poderia dar uma coisa sem esperar nada em troca, mas eu estava muito presa no momento — e eu não tive coragem de mudar isso. Principalmente porque eu tinha uma ideia geral do que eu deveria fazer para retificar isso, mas eu precisaria de uma curva de aprendizado. Mas hoje era outro dia e eu iria tomar coragem, a começar por agora. Eu me virei de costas, e Jax estava olhando para baixo diretamente para mim, todo sonolento e com aquela aparência sexy. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, seus lábios estavam nos meus, começando em um beijo calmo e doce. A leve aspereza em sua bochecha pinicou minha mão enquanto eu acariciava seu rosto. Ele se moveu sobre mim, apoiando uma perna entre as minhas, pressionando sua coxa contra a minha parte mais suave e tudo que eu conseguia sentir era sua ereção contra minha barriga. Essa sensação me deixou sem ar. “Bom dia,” ele murmurou contra meus lábios. “Hey.” Um lado dos seus lábios se curvou para cima. Meu coração começou a acelerar por vários motivos. Primeiro, sua boca estava na minha novamente, e o beijo foi muito mais profundo. Sua língua estava se movendo contra a minha assim como sua mão direita. Ela estava se movendo e eu tinha a sensação que ela iria para o mesmo lugar onde foi ontem a noite. Para meus seios. Eu fiquei tensa, como tinha ficado antes e tive de me forçar a não pegar sua mão, como eu tinha feito antes. Não dessa vez, porque eu sabia que não tinha razão. Quando ele quisesse me tocar, ele iria me tocar. E ele me tocou novamente. Sua mão estava sobre meu seio esquerdo e eu sabia que ele podia sentir as cicatrizes que eu tinha ali, mas a preocupação não importou enquanto ele circulava a minha ponta. Jax era bom... tão bom que mesmo com uma camiseta e um top, ele tinha meu mamilo duro enquanto seu dedão o circulava, mandando um arrepio pelo meus seios 282
para baixo. Eu estava ofegante durante o beijo, arqueando minhas costas, e eu não estava desapontada quando ele se moveu para meu outro seio. “Merda, eu amo esse som que você faz,” ele gemeu contra minha boca. E me beijou de novo. “Eu quero ouvir de novo.” Então ele fez aquele som novamente, e eu não conseguia evitar os gemidos, mas eu queria tocar ele. Eu sabia que precisava agir agora, porque se não o fizesse, sua mão estaria viajando para o sul novamente, e inferno, ai eu não conseguiria fazer nada. Tirando minha mão da parte de trás do meu pescoço, eu a deslizei pela pele áspera do seu peito, e quase me esqueci o que estava fazendo quando eu imaginei como seria a sensação da nossa pele sem nada entre ela. Não que isso um dia iria acontecer, então eu foquei no meu caminho, passando minha mão pela sua lateral até seu estômago. “O que você está aprontando?” ele perguntou com a voz rouca. “Nada.” Jax levantou para que houvesse um espaço entre nossos corpos e eu amei como seu abdômen se contraia com o movimento. Ele levantou uma sobrancelha. “Nada?” Balançando minha cabeça, eu mordi meu lábio enquanto meus dedos trilhavam para baixo até alcançar o elástico de sua boxer preta. Com um profundo suspiro, eu deslizei meus dedos debaixo do elástico. Ele pegou meu pulso. “Você quer me tocar?” Calor inundou meu rosto e, um calor diferente minhas veias. “Sim.” Eu forcei meu olhar para encontrar o seu. “Eu quero te dar... o que você me deu.” A fome em seu olhar me mandou um calafrio de reconhecimento pela minha coluna. “Eu gostei disso. Eu quero isso.” Abaixando sua cabeça, ele pegou meu lábio inferior em um rápido beijo. “Eu vou fazer um acordo.” “Acordo?” Ele passou seus lábios pelo meu maxilar. “Sim. Um Acordo. Você pode me tocar.” Ele moveu meu pulso alguns centímetros pelo caminho de pêlos. “Mas você precisa tirar sua blusa.” 283
“Minha blusa?” Ele beijou minha testa. “Sim. A blusa. Ela precisa sair.” Meu coração acelerou e eu fiquei tensa. Tirar minha blusa não significava que eu ficaria nua. Eu tinha um top por baixo, mas isso iria deixar as cicatrizes a mostra na parte de cima do meu peito e também iria expor algumas das minhas costas. Mas eu estava com as costas contra a cama, então não era como se ele fosse imediatamente vê-las. “Eu quero que você me toque” Jax disse, e eu tremi novamente. “Desesperadamente. Você quer isso também.” Seus dentes passaram pelo lóbulo da minha orelha. “Apenas a blusa.” Eu não sabia se podia fazer isso, mas eu concordei e sussurrei. “Okay.” Jax foi rápido. Ele afastou minha mão dele e pegou a barra da blusa. Sua outra mão deslizou para minhas costas para que ele pudesse me levantar o suficiente para subir minha camiseta e, em um segundo, ela estava saindo sobre minha cabeça. Eu estava deitada de costas, olhos arregalados e com o coração acelerado. Seu olhar encontrou o meu enquanto ele jogava a camiseta no chão e, então, seu olhar começou a descer pelo meu rosto, minha garganta e ainda mais para baixo. Seu olhar viajou pelo meu peito e eu me enchi de medo. Eu me movi para cruzar meus braços. “Não se atreva,” ele ordenou de uma maneira gentil. “Não tem nada que você precise esconder.” Eu estava com medo enquanto ele passava sua mão pelo meu seio. Foi quando eu percebi no que ele estava olhando. Não era a pequena parte exposta entre meus seios ou a parte de pele a mostra sobre meu seio esquerdo. Era algo diferente. Meus mamilos estavam duros e doloridos, marcando contra o fino material do meu top e eu estava meio rindo meio suspirando. Seu olhar voltou para o meu, congelando esse momento enquanto ele baixava sua cabeça. Sua boca encontrou a pele entre meus seios e ele me beijou ali, então foi para a ponta de um dos meus seios e também me beijou, por cima do tecido, e ele sugou
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profundamente, fazendo que minhas costas arqueassem fora da cama enquanto uma mistura de sensações passava por mim. Deus, eu nunca senti isso antes. “Você gostou disso?” ele perguntou. Eu respondi entre um fôlego e outro. “Sim.” Ele se moveu para meu outro seio, e isso foi incrível. Eu mal consegui respirar quando ele envolveu sua mão e eu quase esqueci do propósito dei ter tirado minha blusa, porque eu não tinha ideia do qual sensível eu poderia ser ali, até que ele levantou sua cabeça. Ele teve a sua parte do acordo, e ele foi rápido. Ele levou suas mãos até o elástico de sua boxer e a puxou para baixo, pelo seu quadril. Eu tive minha primeira visão completa dele. Wow. Isso também foi incrível. Jax era... eu o encarei, absorvendo a visão de sua grossura e comprimento e Sim, eu estava sem palavras. “Eu não ligo de você ficar me encarando assim, mas isso vai terminar antes de você sequer me tocar, se você continuar.” “Mesmo?” Eu movi meu olhar para o seu. Ele sorriu. “Mesmo.” “Eu meio que gosto disso,” eu admiti. Houve uma pausa então ele jogou a cabeça para trás e soltou uma risada profunda. “Eu aposto que sim.” Antes que eu perdesse minha coragem, eu me movi entre nós e coloquei minha mão nele. Sua risada foi substituída por um gemido masculino e seus lábios se afastaram enquanto eu deslizava minha mão sobre seu comprimento.
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Eu não precisei ficar testando diversas coisas para descobrir o que ele gostava porque ele colocou sua mão sobre a minha, colocando um ritmo e certa pressão. Ele até fez essa coisa com meu dedão, onde ele o moveu sobre a sua ponta e, pelo jeito que ele me beijou depois, um beijo profundo, eu sabia que ele gostava disso. Então, depois que eu fiz outro movimento, passando da base até a ponta, eu fiz isso novamente. “Merda,” ele gemeu, enterrando sua cabeça em meu pescoço, o beijar, lamber e tocar já me deixava excitada ao máximo. Quando ele colocou sua mão entre nossos corpos, tomando cuidado com o que eu estava fazendo, eu afastei minhas pernas para ele. “Deus.” Seu dedo se moveu sobre o centro da minha calcinha até que ele entrou em mim. No primeiro contato de sua pele contra a minha, eu gemi, e quando eu disse seu nome, ele rugiu outro “Merda.” Ele moveu suas mãos enquanto levantava meu quadril, puxando minha calcinha pelas minhas pernas. Minha mão apertou mais ele enquanto eu realmente começava a ficar sem ar. Eu abri meus olhos e tensão se acumulou na minha barriga. O que eu vi era quase uma bomba hormonal. Minha mão em volta dele, e ele estava inchado, rosado e duro. Mas além disso, minha calcinha estava no meio das minhas coxas, quase nos meus joelhos, minhas pernas abertas e sua mão entre elas. Então ele deslizou um dedo dentro de mim e meu corpo reagiu. Meu quadril se moveu e eu fiquei sem ar. “Calla, baby, você é tão apertada,” ele murmurou e pela profundidade da sua voz, eu imaginei que isso era uma coisa boa. Ele moveu seu dedo vagarosamente — muito mais devagar e suave do que eu estava fazendo com ele e, então, eu parei de me mover, porque ele pegou ritmo. “Eu acho que você gosta disso.” “Eu..” eu não sabia o que responder, mas eu sabia que queria mais. Eu queria ele. O dedo era ótimo, mas eu queria mais. Eu não parei para pensar onde isso levaria. “Eu quero você.” “Eu sei.”
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Meus olhos estreitaram e eu ri enquanto minha mão apertava mais em volta dele. Eu podia senti-lo pulsar contra minha palma. “Eu quero isso,” eu disse a ele em um sussurro. “Eu quero isso em mim.” Seu quadril se moveu ao ouvir o que eu disse e ele fez aquele som profundo que fazia meus dedos dos pés se enrolarem. Ele apoiou sua testa na minha, e o próximo beijo era doce e cheio de sentimentos, um tipo diferente de beijo. Enquanto esse beijo se transformava em algo muito mais sensual, ele adicionou outro dedo. “Oh Deus,” eu disse contra sua boca. “Eu não quero outra coisa do que estar dentro de você. Deus, eu poderia gozar só de pensar sobre isso.” Ele se moveu vagarosamente, me fazendo aproveitar a sensação. “Mas essa sua coisa precisa sair.” Suas palavras limparam a névoa. “Meu top?” “Yep, baby, precisa ir embora.” Sua língua passou pela ponta de meus lábios. “Você está pronta para isso?” Okay. Hoje era um dia diferente, mas não tão diferente assim e algumas coisas nunca iriam mudar. Minha camiseta pode ser saído, mas o top nunca, nunca iria sair. “Não,” eu sussurrei. “Foi o que pensei.” Ele beijou a ponta do meu nariz. “Mas você precisa entender uma coisa, querida, eu não vou estar em você até que estejamos pele contra pele.” Meu pulso acelerou pelas suas palavras, mas o olhar que eu dei a ele dizia que isso ainda seria discutido e ele respondeu com uma risadinha e outro beijo. Sua mão se movia entre minhas pernas, colocando seu dedão sobre a parte mais sensível de mim. Não demorou muito para meu quadril estar mexendo contra ele, seguindo o ritmo que ele criou, e criando o meu próprio. Ele me deu o que podia com seus dois dedos deslizando dentro e fora, seu dedão pressionando contra a bola de nervos. “É isso.” Ele abaixou sua boca na minha, inclinando sua cabeça e me beijando profundamente enquanto o nó crescia. “Guie a minha mão.”
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Qualquer outra hora, eu poderia morrer de vergonha ao ouvir essas palavras e, talvez mais tarde eu não fosse ligar, mas agora? Eu fiz o que ele disse. Eu guiei sua mão enquanto eu movia a minha sobre ele. Então houve apenas um pequeno aviso — uma palpitação — e o nó se rompeu, se desfazendo dentro de mim, e eu gemi enquanto gozava. Ele manteve o ritmo, prolongando a sensação até que minhas pernas ficassem fracas. Então ele foi retirando seus dedos de mim e colocou sua mão em volta da minha. Eu o observei — nos observei — pelos meus olhos pesados. Havia algo totalmente íntimo sobre isso, algo que se formou em meu peito e se alojou ali. Seu corpo se movia lindamente, cheio de uma graça masculina. Os músculos em seu quadril flexionaram enquanto ele investia contra minha mão. Sua boca estava na minha quando ele gozou e essa deve ter sido a coisa mais incrível de tudo isso. Podendo sentir os tremores em seu corpo, o gemido do prazer que ficou preso em minha língua e pelo jeito que seu quadril foi parando. Mas a parte mais incrível foram os minutos logo depois disso. Jax ficou comigo por alguns minutos, metade do seu peso em mim, e os beijos voltaram a ser algo doce, um carinho que significava mais, o que fazia aumentar ainda mais aquele peso em meu peito. Quando ele se levantou, ele correu para o banheiro em toda sua nudez gloriosa e voltou rapidamente com uma toalha úmida. Ele limpou o que deixou para trás e, então, deslizou minha calcinha de volta pelo meu quadril, mas ele não parou aí. Colocando suas mãos em meus pulsos, ele me forçou em uma posição sentada e era tarde demais quando eu percebi que isso expunha minhas coisas e tudo que ele poderia ver que o top não cobria. Eu entrei em pânico enquanto comecei a me jogar de volta para as cobertas, mas Jax era rápido e o imbecil era esperto. Ele deslizou para trás de mim, se sentando contra a cabeceira e colocou seus braços em volta da minha cintura. Ele me puxou, me colocando entre suas pernas e contra seu peito" minhas costas completamente encostada em seu peito. Eu sabia que ele podia sentir a aspereza das cicatrizes logo abaixo dos meus ombros, porque o top era um daqueles com as costas cavadas. E eu também sabia que ele
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as tinha visto antes de me puxar contra ele. Talvez não tenha tido tempo para dar uma boa olhada, mas ele com certeza as viu. Com meus músculos tensos, eu me foquei na janela do outro lado do cômodo enquanto seus braços apertavam em volta da minha cintura e ele abaixava sua cabeça, descansando seu queixo em meu ombro. “Eu já te contei sobre a primeira vez que conheci Clyde?” ele disse. Balançando minha cabeça, eu sussurrei. “Não.” “Foi em um domingo. Eu o conheci no bar. Ele terminou fazendo tacos para mim.” Ele pausou, rindo suavemente em minha orelha. “Disse que era tradição se eu iria fazer parte de sua família.” Minha próxima respiração foi falhada como se mais um pedaço de peso fosse retirado de mim.
Era mais tarde no mesmo dia e Jax estava terminando seu banho antes de me levar de volta para a casa para que eu pudesse me arrumar para nosso encontro. Nosso encontro. Wow. Parecia estranho sair para um encontro com tudo que estava acontecendo, mas Jax vivia sobre o mantra de ‘a vida é curta’, então eu não estava tão surpresa. E apesar de toda a loucura e minha bebedeira, eu estava me sentindo bem sobre o encontro" sobre essa manhã e sobre nós. Como ele estava ocupado, eu tentei ligar para Teresa e eu fiquei animada quando ela atendeu no terceiro toque. “Yo,” ela disse no telefone. “Eu estava pensando sobre você.” Eu me sentei na beira da cama de Jax. “Você estava?” “Yep. Eu estava me perguntando se você ainda estava trabalhando de garçonete e, se sim, se você seria nossa preparadora oficial de bebidas quando voltássemos para Shepherdstown.” 289
Eu ri. “Eu não sei se você gostaria disso. A maioria das pessoas que atendo pedem coisas direto das garrafas, ou a garrafa, ou shots, o que é uma coisa boa porque eu não sou tão boa assim preparando drinks.” “Eu ainda não acredito que você está trabalhando em um bar.” Eu tinha certeza que haviam várias coisas que Teresa não poderia acreditar sobre mim. “Como está a praia?” eu perguntei. O suspiro de Teresa era audível. “Está ótima. Eu tenho um ótimo bronzeado e Jack realmente adorou aqui. É a primeira vez que ele vem a praia.” Jack era o irmão mais novo de Jase, e eles eram super próximos. “E você precisa ver os dois juntos brincando na areia. Nada deixa seus ovários mais felizes do que ver um cara gostoso brincando com uma criança.” Ela explicou e eu sorri quando imaginei Jax com uma criança e houve um pequeno arrepio em algum lugar mais pra baixo. “De qualquer modo,” ela continuou. “Nós vamos embora daqui a alguns dias, mas eu juro, eu acho que poderia viver na praia.” Eu realmente precisava ir para a praia algum dia. “Então me conte sobre as coisas no grande estado da Pennsylvania. Algo de legal?” “Bem, Sim, as coisas estão... estão ótimas,” eu disse, olhando para as escadas. “Eu, hum... eu conheci um cara.” Silêncio. E mais silêncio. Eu franzi a sobrancelha. “Tá viva?” “Sim. Sim! Você só me pegou de guarda baixa. Você foi de coisas estarem bem para um cara e eu estava, bem, esperando por mais detalhes.” Ela praticamente gritou a última palavra. “Mais como vários detalhes.” Com outra olhada para a escadaria, eu disse a ela sobre Jax e nosso encontro hoje a noite. Eu terminei minha pequena confissão com um “Então, Sim, eu tenho certeza que ele gosta de mim.”
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“Bem, duh. Claro que ele gosta. Então o lugar se chama Apollo’s? Espere um segundo,” ela disse então sua voz soou a distância. “Hey, Jase, procure por Apollo’s ao redor de Philly. O que? Só faça isso.” Oh meu Deus. “De volta a parte de gostar de você. Por que você estaria surpresa dele gostar de você? Brandon totalmente gostava de você, mas você...” “O que?” eu a interrompi. “Ele não gostava.” “Oh, sim. Ele gostava. Era fofo. Você estava toda quieta quando ele começou a aparecer mais e ele estava sempre olhando para você, mas você nunca prestava atenção nele. Eu pensei que talvez tivesse te entendido errado e que você não estava interessada nele.” Teresa estava fumando crack. “Você gosta dele?” ela perguntou de repente. “Porque Jase acabou de pesquisar sobre esse Apollo’s" e por sinal, Jase mandou um oi.” “Oi” eu balbuciei de volta. “Ela disse oi!” ela gritou e, então, “Ele disse que o lugar parece bem chique. Você gosta dele, Calla?” Eu fechei meus olhos e concordei. “Sim, eu gosto dele. Realmente gosto.” “Bom. Eu mal posso esperar para conhecê-lo. E te ver. Mas eu realmente quero conhecê-lo.” Ela riu e eu terminei rindo também. “Eu estou feliz por você. Mesmo.” Suspirando, eu então admiti algo que era totalmente assustador. “Eu estou feliz também.” Eu desliguei o telefone depois de prometer a ela que daria todos os detalhes e foi quando eu coloquei meu cabelo atrás da minha orelha que eu senti" aquele sentimento de não estar sozinha. Oh não.
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Mordendo meu lábio, eu me virei e vi Jax parado na base da escadaria, já vestido para nosso encontro. Jeans escuro e uma camisa de abotoar branca. Ele estava muito bem. Ele também estava com um sorriso esperto. “Então você gosta de mim? Você realmente gosta?” Eu gemi, minhas bochechas se aquecendo. “Fique quieto.” Jax jogou sua cabeça para trás e riu. Ele tinha tanta sorte de ter uma risada tão incrível.
Brilho labial foi o toque final e eu estava feliz de estar finalmente pronta. Minha barriga estava fazendo barulho e eu realmente esperava que Jax gostasse de meninas com um grande apetite porque eu tinha a sensação que iria me deliciar com a comida. Eu tinha feito uns cachos soltos no meu cabelo e dividido ele de lado. Eu pulei novamente a Dermablend, optando por um look leve com olhos esfumados. O vestido que eu estava usando, desde que eu tive que trazer todas as minhas roupas comigo, era fofo e insinuante. Era um vestido azul marinho de alcinha que era justo do busto até a cintura. Talvez um pouco na área do quadril também, mas ele se abria logo depois, com a saia terminando no meio das minhas coxas. Eu vesti um par de sandálias com salto baixo. O toque final era o cardigã azul claro que terminava logo abaixo dos meios seios e também era mais justo. Me olhando no espelho, eu tinha que dizer que parecia muito bem. Eu balancei minha cabeça para meu reflexo como uma idiota e andei para a sala. Enquanto eu me arrumava, Jax tinha ficado a vontade na casa até fazer seu caminho para o sofá, onde ele estava lendo seu livro. Estudando seu perfil, com seu queixo baixo e seu rosto com uma máscara de concentração, eu tinha de dizer que ele era quente. Mas quando ele olhou para cima e me viu, ele era ainda mais quente. “Estou pronta,” eu disse e adicionei. “Para ir jantar e comer.”
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Yep. Era oficial. Eu era uma imbecil. Seus olhos se escureceram e esquentaram. Em um segundo ele estava de pé e, então, na minha frente. Uma mão estava em volta do meu pescoço e a outra em minha bochecha. Seu dedão se moveu pela parte de baixo do meu lábio, fazendo meu estômago se revirar. “Você está linda.” Ele disse. E eu me sentia linda quando ele dizia isso. “Obrigada. Você também.” Uma sobrancelha levantou. Ugh. “Você está masculinamente lindo,” eu adicionei, mas isso soou ainda mais estúpido. “Okay. Isso foi idiota. Você está quente.” Ele riu enquanto se movia, passando seus lábios sobre a curva da minha bochecha. Ele beijou a cicatriz novamente e eu fiquei tensa, mas por um motivo diferente do normal, porque seus lábios tinham ido para o lugar logo abaixo da orelha. “Eu sou quente e você gosta de mim,” ele murmurou. “É meu dia de sorte.” “Fique quieto.” Outra risada profunda e, então, sua boca estava na minha. Eu gostava" não, eu amava" o jeito que Jax beijava. Começava suave e. então virava algo inteiramente diferente, definitivamente não era mais devagar, e muito mais profundo e quente. Antes que eu percebesse, minhas mãos estavam em seu peito, deslizando para seus ombros. “Jantar.” Ele me beijou novamente, sua boca parando do jeito mais doce. “Ou vamos nos atrasar.” Eu apertei mais sua camisa como se eu estivesse me segurando nele. Eu não tive chance de responder, porque ele estava me beijando de novo de um jeito que fazia me sentir devorada. “Jantar,” ele repetiu, e seus lábios acariciaram os meus. “Eu fiz reserva.”
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Movendo minhas mãos pelo seu peito, eu inclinei minha cabeça para trás e abri meus olhos. “Sim. Comida.” “Carne.” Seus braços me apertaram mais. “Carne muito boa.” Um barulho veio do meu estômago e eu me soltei enquanto ria. “Fique quieto.” Eu disse novamente. “É fofo.” Sua mão caiu para meu quadril, para que eu não pudesse ir muito longe. Eu revirei meus olhos. “Não muito, mas meu estômago está com fome. Não é fofo. Então se não formos...” Minhas palavras foram cortadas quando algo pesado bateu na frente da casa. Engolindo um gemido, eu pulei e me virei. “Mas que porra?” Jax já estava indo em direção da porta quando eu ouvi pneus acelerando pela garagem. Meu coração foi parar na minha garganta enquanto eu seguia Jax. “Fique para trás,” ele mandou, indo para porta. Eu não o ouvi. Os músculos em seu ombro estavam tensos enquanto ele destrancava a porta da frente e a abria. Colocando minhas mãos sobre a minha boca, eu dei um passo para trás pelo horror. Jax xingou e se virou, escondendo o que esperava por nós na varanda, mas era tarde de mais. Não tinha como desfazer o que foi visto, o corpo pálido e imóvel ou o pequeno buraco vermelho no meio de sua testa.
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Capítulo Vinte e Dois
O jantar no Apollo’s foi cancelado. Um corpo jogado" literalmente" na frente da minha casa fez isso. E o corpo ainda estava lá, exatamente onde caiu, enquanto a polícia fazia qualquer coisa forense que precisava. O corpo tinha um nome, eu aprendi" um nome que mandava uma onda de medo pelo meu corpo. O corpo pertencia a Ronald R. Miller, também conhecido nas ruas como Rooster, o tal namorado da minha mãe. Isso não era bom. Rooster tinha uma bala no meio de sua testa e eu tinha ouvido Reece do lado de fora falando com outro policial. O jeans de Rooster tinha marcas de grama no joelho e não precisava de muita imaginação para entender que ele estava de joelhos quando o gatilho foi puxado. Estilo clássico de execução. Onde estava minha mãe? Essa pergunta rodava e rodava, porque todos disseram que ela tinha fugido com Rooster. Que agora tinha uma bala na cabeça. Eu tremi enquanto me foquei em Jax. Ele estava em pé perto da janela, suas costas e maxilar tensos. Ele não havia falado muito depois que tudo aconteceu. Nós já tínhamos dado nosso depoimento, o que não era muito. Clyde se aproximou e apertou minha mão. “Você está bem, menininha?” Eu concordei. Ele apareceu uma hora depois da polícia. Como ele tinha descoberto sobre o que aconteceu eu não sabia, mas ele chegou em sua picape velha, gritando e esbravejando para deixarem ele entrar na casa, para que ele pudesse ver sua
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‘menininha’ e ajudar nessa ‘experiência traumática’ que ‘não era certa’ e varias outras coisas que incluíam palavrões. Eles não deixaram ele passar pela porta da frente, por razões obvias, e eles não queriam que ele entrasse, mas ele gritou até que conseguiu entrar pela porta de trás, pela cozinha. “Quanto tempo você acha...” eu pausei, engolindo contra a náusea. “Quanto você acha que ainda vai levar até que tirem ele?” “Logo,” Clyde disse. “Tem que ser logo.” Meu olhar foi em sua direção e eu percebi uma fina linha de suor brilhando em sua careca. Jax se virou da janela e andou para onde eu estava sentada perto de Clyde. Ele não disse nada enquanto ele se apoiava no braço do sofá. Um segundo depois, eu ouvi a porta da frente se abrir e Reece entrou com um detetive usando uma calça bege e uma camisa de botão branca, como a de Jax, mas combinada com uma gravata da cor das calças. Por uma razão estranha, eu pensei sobre o que Roxy havia me dito sobre Reece estar envolvido em um tiroteio. Era a última coisa que eu precisava pensar, mas eu me perguntava se incomodava ele ver Rooster desse... desse jeito. Então, novamente, ele provavelmente via muito isso. Eu quase me esqueci do nome dele" do detetive. Ele não era muito mais velho que nós, no fim de seus vinte anos ou no começo dos trinta. Ele era bonito, muito, com seu cabelo castanho bem curto e olhos azuis claros. “Estamos terminando agora,” ele disse, seu olhar passando por nós três. “Nós temos alguns suspeitos e iremos encontrar quem fez isso.” Eu concordei. “Okay. Um. Obrigada?” Seus lábios se curvaram. “Agora, o oficial Anders me disse que vocês estão procurando pela Senhora Fritz.” Oficial Anders? Eu pisquei vagarosamente e percebi que ele estava falando sobre Reece. Meu olhar se moveu de Reece até o Detetive Anders. Espere um segundo... “Vocês são parentes?”
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“Irmãos,” Jax respondeu. “Eu sou o bonito,” Reece disse, sorrindo. Detetive Anders inclinou sua cabeça para o que, obviamente, era seu irmão mais novo. “Definitivamente, não é o inteligente.” Irmãos policiais. Quente. Eu precisava checar minha cabeça. “De qualquer maneira,” O detetive disse. “Ele estava me contando que vocês estão tentando encontrar sua mãe e que tiveram alguns problemas ontem quando estavam na cidade. Eu sei o que está acontecendo.” Os olhos se Jax se estreitaram e meu estômago afundou. Não importava o que, se o policial sabia o que tinha acontecido, ela estava com problemas. Muitos problemas. Reece me encarou com um olhar que suplicava por desculpas, mas que ele tinha que fazer algo. “Ele sabe sobre Mack. E aquele merdinha é o primeiro na lista de suspeitos.” “Isso foi, com certeza, um aviso para Calla,” Jax respondeu, com a voz rouca. “Mas não faz sentido. Se Mack encontrou Rooster, então como ele não encontrou Mona?” “Rooster pode ter decidido tentar sair dessa bagunça,” Detetive Anders disse, cruzando seus braços sobre seu peito. “Ele poderia ter voltado e se sua... sua fonte está dizendo a verdade, se ele voltou sem as drogas ou a quantia equivalente em dinheiro, ele pode ter recebido uma calorosa boas vindas.” Yah, ele tinha recebido uma bala em sua cabeça. Minha mãe não tinha a droga. E, com certeza, ela não tinha o dinheiro. Tinha que ter sido Mack porque como Ritchey disse, a merda rolava montanha abaixo e essa merda rolou sobre Mack. “Nós também estamos procurando pelo homem que veio a sua casa e pegou as drogas. Nós vamos encontrar eles.” Detetive Anders disse. “Mas precisamos que vocês se afastem. Nos deixem fazer nosso trabalho. Nós não queremos vocês perto dessas pessoas.”
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Eu não queria ficar perto dessas pessoas, mas eu tinha apenas uns dias antes que precisasse entregar minha mãe. Eu não respondi porque eu realmente não queria ouvir eles tentarem me convencer sobre o que precisava ser feito. Nós tínhamos uma pista. Ike. E Jax não tinha mencionado Ike para a policia ou para Reece até onde eu sabia. Outro policial entrou, anunciando que a varanda tinha sido limpa, e eu suspirei aliviada. Jax seguiu Reece e seu irmão mais velho para fora depois que tudo terminou aqui. Clyde passou sua mão pelo seu peito. “Isso é uma bagunça.” Eu suspirei. “Eu sei. Minha mãe... você acha que ela tem alguma ideia na bagunça que se envolveu?” Clyde concordou. “Eu acho que ela sabe e, se ela for esperta, ela está morando no México agora.” Deus, isso seria péssimo" ela tendo se mudado para longe e nunca vê-la novamente, mas se minha mãe fosse esperta, era o que ela devia fazer. Não tinha um jeito que ela pudesse voltar para cá. “Se ela não voltar... o que acontece com o bar?” eu perguntei, me focando na coisa menos importante, porque era melhor do que toda a loucura. Eu sabia que o bar ficaria para mim se ela... se ela morresse, mas eu não tinha ideia do que aconteceria se ela simplesmente desaparecesse. “Menininha, você não precisa se preocupar com isso.” Ele trocou seu pé de apoio, seu peito se movimentando com sua respiração profunda. “O bar vai ficar bem.” Minhas sobrancelhas levantaram com preocupação. “Você está bem?” “Sim, eu estou ótimo. Você não tem que se preocupar comigo.” Eu não tinha certeza disso mas, então Jax voltou sem a companhia dos irmãos policiais. Ele andou direto para onde eu estava sentada, pegou minha mão e me ajudou a me levantar. “Quer sair daqui?” ele perguntou. Concordando, eu queria sair dali mais que tudo.
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Clyde andou até mim e sem deixar a mão de Jax sair da minha, ele me deu um de seus abraços de urso. “Eu gosto que você não vai ficar aqui. Isso é bom. Muito bom.” Eu estava relutante em deixa-lo ir quando ele se afastou. “Tudo vai ficar bem,” eu disse a ele, porque eu sentia a necessidade de dizer isso em voz alta. Ele me deu um sorriso, mostrando os dentes, enquanto seu olhar foi na direção de Jax. “Sim, menininha, vai ficar.” Enquanto Clyde saia, eu arrumei mais roupas e coisas pessoais e as levei para a parte de trás da picape de Jax. Era difícil passar pela varanda sem imaginar o corpo ali. Uma vez dentro da caminhonete, Jax olhou para mim. “Você está bem?” Eu pensei nisso por um momento. “Tão bem quanto posso estar.” Um pequeno sorriso apareceu enquanto ele se aproximava, passando seu dedão sobre meu lábio. “Essa merda com Rooster e Mack" com sua mãe não está certa. É sério. Não é normal. E estar bem não está bem com tudo isso.” “Eu sei,” eu sussurrei. Seu sorriso aumentou para um dos lados de seus lábios. “Como eu disse. Você é forte.” Meu peito aqueceu e, em vez de negar isso, eu sorri um pouco. “Podemos parar no caminho da sua casa e pegar algo para comer?” “Qualquer coisa por você, babe.” Eu gostava do som disso. Muito. Estava tarde para jantar em qualquer lugar então o menu era fast food. Nesse ponto, eu provavelmente teria comido um cavalo, então eu não reclamei quando paramos na hamburgueria. Não eram os melhores bifes do estado, mas iria funcionar. Nós não falamos enquanto íamos para a casa ou enquanto comíamos. Foi só depois de termos comido e eu ter jogado meu refrigerante no lixo que eu sabia que tínhamos que falar sobre isso.
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Ou que eu tinha que falar sobre isso. “Você acha que minha mãe está bem?” eu perguntei. Jax estava na mesa perto da porta que levava a um pequeno quintal. Ele se virou para mim, seu queixo baixo. “Eu não sei.” Eu fechei meus olhos enquanto uma correnteza de emoções passava. “Eu odeio dizer isso, mas eu preciso ser honesto com você.” “Eu aprecio isso.” “Eu sei que você gosta,” ele disse, então eu senti ele se aproximar e abri meus olhos. Ele estava diretamente na minha frente. “Se Rooster caiu foi, provavelmente, porque ele sentiu o calor. Isso significa que sua mãe ainda deve estar por aí.” Porque ela não estava deitada na varanda ao lado de Rooster. “Mas isso não é bom,” ele terminou. Assim como Clyde tinha dito. “Não tem um jeito que ela possa consertar isso. Mesmo que eles prendam Mack pelo que aconteceu com Rooster, ainda tem esse Isaiah. Foi muita droga e muito dinheiro. Ela não vai poder passar por isso.” “Não. Ela não pode.” Uma bola se formou no fundo da minha garganta. “Ela realmente conseguiu dessa vez. Quero dizer, ela realmente conseguiu, Jax. Não tem como arrumar. Não tem como fazer tudo ficar bem. E ela me arrastou para isso, o que arrastou você. E eu sinto muito por isso. Você não precisa de nada disso. Você nem deveria ter visto Rooster hoje.” “Querida,” ele disse gentilmente, segurando meu rosto. Ele inclinou minha cabeça para trás. “Nada disso é culpa sua. Saiba disso. Não tem por que você pedir desculpas por nada disso. Você não pediu por isso ou fez isso com você mesma.” O que ele disse era verdade mas eu não conseguia evitar em sentir de alguma forma responsável, porque era minha mãe no fim de tudo. Colocando minhas mãos ao meu lado, eu fiz algo que eu realmente nunca tinha feito antes. Eu me inclinei para ele, colocando minha bochecha em seu peito.
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“O que vamos fazer?” E essa pergunta era importante e difícil de se fazer, por que eu estava querendo saber sobre ‘nós’, como se eu não esperasse fazer isso sozinha. Esse era um grande passo, um bem assustador. Jax me abraçou. “Ainda temos que falar com Ike. Se conseguirmos achar sua mãe...” “E o que?” eu perguntei. “Nós não podemos entregá-la. Nós vimos o que eles fizeram com Rooster.” “Eu não estava sugerindo entregá-la. Nós chegamos a ela primeiro, temos certeza que ela entenda o tipo de merda que ela esta e, então... bem, vamos a partir disso.” Ir a partir disso era fazer ela entender que pisar novamente na Pennsylvania e não levar um tiro na cabeça era praticamente improvável. “Mas e sobre Mack?” “Ele não vai chegar perto de você.” Jax se afastou, seus olhos encontrando os meus. “Você pode confiar nisso. Nem ele, nem Isaiah.” Eu queria acreditar nisso. Eu quase acreditei, porque ele disse de um jeito como se ele pudesse controlar essas coisas. Ele abaixou sua cabeça até a minha. “Uma merda o jantar.” Meus lábios se curvaram e eu disse com a voz rouca. “Sim, eu estava realmente ansiosa por aquele bife.” “Sempre existe o amanhã. Inferno, sempre existe o próximo domingo.” Eu fechei meus olhos, gostando do som do plano. Era apenas para uma semana, mas uma semana era muito tempo. A próxima coisa que disse meio que saiu sozinha. “Essa foi a segunda vez que eu vi um corpo.” “Babe...” “Não meus irmãos. Seus caixões estavam fechados e eu não... eu não os vi trazerem eles para a casa. Mas eu já tinha visto um corpo antes.” Eu pausei, inalando profundamente. “Várias pessoas estavam festejando com minha mãe. Esse cara, eu acho que ele teve uma overdose ou algo do tipo, e todos estavam altos demais para perceber. Eu vim para a sala e ele estava deitado com o rosto para baixo, sem se mover ou respirar.” 301
O peito de Jax levantou contra o meu. “Merda, babe. Eu não sei o que dizer. Você não deveria ter visto essas coisas.” “Eu não quero mais ver pessoas mortas.” Um momento de Silêncio se passou entre nós. “Não é algo que você se acostuma a fazer,” ele admitiu. “Eu vi muitos na caixa de areia" o deserto. Às vezes eram indigentes, outras eram civis inocentes pegos no fogo cruzado e...” “E às vezes eram seus amigos?” eu perguntei com a voz baixa. “Sim,” ele respondeu. “Eu nunca esqueci nenhum dos seus rostos.” Eu mordi meu lábio, forte. Eu entendia totalmente o que ele estava dizendo. Haviam coisas que você nunca iria esquecer. Haviam tantas coisas acontecendo na minha cabeça. Mack. Mãe. Corpos com marcas de bala na testa. Clyde esfregando seu peito, obviamente preocupado ou estressado. Jantares com bifes gloriosos que nunca aconteceram. Voltar para cá. Ir embora. O jeito que Jax me abraçou essa manhã com minhas costas pressionadas no seu peito. Eu não queria pensar mais. Levantando meu olhar, eu encontrei o dele. “Eu não quero mais pensar.” Jax não fez perguntas ou comentou. Havia um brilho de algo quente em seus olhos e, então, ele abaixou sua cabeça, sua boca na minha, e me beijou docemente" o tipo de beijo que ia além do pesado e sensual. O que significava algo, e parecia que eu respondia, realmente sentindo e acreditando. E isso era totalmente espetacular. Quando o beijo ficou mais quente, minha boca abriu para a dele e no momento que nossas línguas se tocaram, suas mãos foram para meu quadril. Ele me puxou contra ele, e eu podia senti-lo pressionado contra minha barriga. Eu lembrei dessa manhã, minha mão em volta dele, seu corpo poderoso tremendo com sua liberação. Essas memórias passavam por minha pele mas não eram nada comparadas aos beijos que ele deixou pelo
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meu maxilar, minha orelha e abaixo, sobre minha garganta. Minha cabeça inclinou para trás enquanto meus dedos viajavam pelo seu cabelo. “Você não vai pensar,” ele me disse entre os beijos. “Nem por um maldito segundo.” “Bom,” eu disse. Ele riu enquanto suas mãos deslizavam pelo meu quadril e faziam seu caminho para debaixo do meu vestido. Eu realmente gostava de onde isso estava indo, especialmente quando ele colocou seus dedos em baixo do elástico da minha calcinha. Elas foram parar no chão em um nano segundo. “Pronta para isso?” ele perguntou. Eu concordei enquanto abria meus olhos. Ele sorriu, me beijando rapidamente e, então segurou meu quadril. Ele me levantou do chão e me colocou na bancada da cozinha. Yep. Minha bunda estava no balcão da cozinha. Jax passou suas mãos pela parte de dentro das minhas pernas. Quando ele alcançou meu joelho, ele os afastou. Eu perdi a respiração e meu instinto dizia para fechar minhas pernas, mas seus cílios estavam levantados e ele estava olhando diretamente para mim. “Não as feche, baby.” Sua voz era profunda e vibrou por mim. Eu não as fechei. Quando ele as afastou ainda mais, eu podia sentir o ar gelado passando por mim. Calor subiu para minhas bochechas, se alastrando pela minha garganta e meu peito. Meu coração palpitava enquanto ele abaixava sua cabeça, me beijando suavemente enquanto suas mãos continuavam sobre a parte de cima das minhas coxas. Ele subiu mais a barra do meu vestido enquanto suas mãos viajavam. Eu mordi meu lábio quando a saia
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terminou enrolada sobre meu quadril, na cintura. Minhas mãos apertaram mais a borda do balcão. “Linda.” Ele murmurou. Oh meu Deus. Eu não tinha ideia do que fazer ou dizer. Eu estava completamente exposta. Como, totalmente aberta, e seus olhos estavam focados nas minhas partes femininas de um jeito tão intenso. Enquanto eu sabia o que ele estava" o que estávamos" prestes a fazer não era nada anormal, era completamente inspirador e novo para mim. Então suas mãos começaram a se mover novamente, sobre a parte de dentro das minhas coxas, começando em meus joelhos e vagarosamente, de um jeito torturante, fazendo seu caminho para cima. “Você é realmente linda, Calla. Nunca duvide disso. Inferno, não tem como você duvidar disso.” Meu coração ficou mais ou menos cinco vezes maior do que meu peito. Minha pele formigava com o peso das sensações que ele tirava de mim. “Confia em mim?” ele perguntou. Oh deuses, agora meu coração estava dez vezes maior. “Sim.” Um meio sorriso apareceu e, então, suas mãos estavam em meu quadril. Ele me puxou pelo balcão" um balcão que eu nunca olharia do mesmo jeito novamente" até que parecia que eu ia cair. Ele não me tocou ou provocou. Um momento ele estava sorrindo para mim e no outro, seu corpo estava abaixado e sua boca estava em mim. Eu tremi ao contato intimo e calor percorreu minhas veias. O que ele fez era molhado e quente e avassalador em maneiras que ultrapassavam minha mente. Jax sabia o que estava fazendo. O jeito que ele movia sua boca sobre mim, o jeito que ele trabalhava sua língua de uma forma provocante, me torturando até que minha cabeça estivesse jogada para trás, contra os armários, e meu quadril estivesse levantado do balcão, encontrando as investidas de sua língua. As sensações que passavam por mim eram puramente primal e lindas. Ele estava fazendo o que eu pedi. Eu não estava pensando sobre todas aquelas coisas ruins. Não mesmo. Meu cérebro tinha cortado e meu corpo tinha assumido. Eu 304
estava fazendo aqueles pequenos sons e eu nem mesmo sabia da onde eles estavam vindo. E, então, ele começou a ir mais profundamente, mais forte, mas rápido. Eu pensei que meus dedos fossem quebrar de quão fortes eles estavam agarrando o balcão. “Jax,” eu suspirei. Meu corpo estava se contraindo enquanto meus olhos se abriam. Eu não podia mantê-los fechados mais. Eu queria ver cada momento disso. Meu queixo abaixou e tudo que eu podia ver era o topo de seu cabelo escuro entre minhas pernas. Eu tentei respirar. Mas não ajudou. A visão dele me levou sobre a borda. Eu gemi e ele rugiu contra mim. A liberação passava por mim e eu estava perdida enquanto cada osso se liquefazia, um furação de sensações pulsando e se infiltrando por mim. Jax ficou comigo até que minha coluna se curvou e minha respiração se acalmou e, então, ele levantou seu corpo, pressionando sua boca em meu pescoço. “Eu amo os sons que você faz, querida. Melhor ainda, quando você diz meu nome como você fez...? Sim, eu realmente amo isso.” Eu abaixei minha cabeça, descansando contra a sua. “Isso... isso foi incrível.” “Você é incrível.” Aquelas palavras eram tão simples e doces que perfuraram algo profundamente esquecido em mim. Era como se o sol estivesse surgindo depois de um mês de nada a não ser chuva. Mas era mais do que aquelas palavras. Levantando minha cabeça, eu soltei o balcão e coloquei minha mão em seu ombro. Eu o empurrei para trás e ele foi, somente porque ele foi pego de guarda baixa. Eu sai do balcão, sentindo meu vestido baixar em minhas coxas. Era muito mais do que aquelas palavras. Eram as semanas que passei o conhecendo. Eram as coisas que eu compartilhei com ele e ele comigo. Era o fato de que ele me viu, por completo, e além do que minha pele, ele sabia o que existia dentro de mim, e não somente a parte física. 305
“Calla?” Ele inclinou sua cabeça para o lado enquanto dizia meu nome gentilmente. Deus, seus lábios estavam brilhando por mim, e isso era como levar uma pancada no peito do melhor jeito possível. Me envolver com alguém agora, com tudo que estava acontecendo, era loucura pura. Era idiota. Mas era o tipo certo de idiotice. Enquanto eu encarava aqueles olhos castanhos que me derretiam por dentro e fora, eu joguei meus três F pela janela enquanto eu pegava a borda do casaco que usava e deixava ele deslizar pelos meus ombros, pelo meu braço. E eu deixei ele cair no chão. Seu olhar seguiu o casaco e voltou imediatamente para meu rosto. Eu abri mão da consciência enquanto eu alcançava a lateral do meu vestido e abria o zíper, e eu não parei até que o vestido afrouxou em volta do meu corpo. Um olhar profundo apareceu em seu rosto, que atingiu direto meu coração. “Calla...” O jeito que ele disse meu nome era diferente agora. E eu me deixei admitir que eu não somente gostava dele enquanto eu pegava as finas alças e as deslizava pelos meus braços. Eu disse a mim mesma enquanto o vestido acumulava contra meu quadril e, com um pequeno tintilar, caia no chão, que eu tinha me apaixonado por ele. Então eu estava parada na frente dele, na cozinha, na luz clara, em nada mais do que minhas sandálias e, por Deus, eu estava assustada. Totalmente aterrorizada, e minha pele parecia dormente quando eu finalmente percebi que não era porque eu estava praticamente nua, pela primeira vez na minha vida, na frente de alguém, mas porque eu estava apaixonada por ele. Eu estava apaixonada por Jax.
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Capítulo Vinte e Três
Eu estava tremendo enquanto ficava na frente de Jax. Até meus dedos estavam se contorcendo. Eu o amava. Eu estava apaixonada por ele. Eu não tinha ideia de quando isso tinha acontecido, era um sentimento incrível e assustador, e puta merda, era algo esperançoso, porque mesmo que eu tivesse gostado de caras no passado, até sentido desejo por alguns, eu nunca tinha me apaixonado por um deles e nunca pensei que realmente fosse conhecer um cara o suficiente para me apaixonar por ele. Mas eu tinha. Os olhos de Jax estavam grudados no meu rosto e parecia que ele estava lendo algo na minha expressão, porque veio um som do fundo de sua garganta que enviou um calafrio por mim. E ele estava em mim. Suas mãos seguravam minhas bochechas e ele inclinou minha cabeça para trás enquanto sua boca alcançava a minha. O beijo era profundo e emocionante. Eu podia sentir ele e outro gosto meio salgado que eu sabia que pertencia a mim e isso ativou meus sentidos. Sua língua se movia com a minha, passando pelo céu da minha boca antes de ir mais profundamente. Tudo que eu precisava sentir estava naquele beijo. “Você tem certeza disso?” ele perguntou. Eu tomei um fôlego, mesmo que não tivesse expandido meus pulmões. “Eu estou aqui nua. Eu tenho certeza.” Jax riu e o som dançou sobre minha pele. “Eu esperava que sim mas querida, você nunca fez isso antes e eu quero ter certeza que você esteja cem por cento comigo.” Meu peito apertou enquanto eu concordava. “Eu tenho certeza, Jax.” Ele fez aquele som novamente antes de me beijar. “Eu estou tão feliz de ouvir isso, você não tem ideia.” Então ele pegou minha mão e colocou sobre seu peito, sobre seu coração. “Você pode confiar em mim.”
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Eu realmente confiava nele. Segurando minha mão, ele me levou para fora da cozinha, para longe das luzes, pela sala de estar escura, até as escadas. Meu coração estava acelerado enquanto nós subíamos e parávamos em seu quarto, na frente de sua cama. Ele soltou minha mão e eu observei ele andar para a cômoda. Ele abriu uma gaveta e pegou um punhado do que pareciam ser embrulhos de alumínio. Minhas sobrancelhas arregalaram. Um, quantas ele precisava? Ele sorriu quando viu minha expressão e jogou algumas na cama. Então ele se virou para mim. Com os olhos presos no meu, ele retirou sua camiseta antes de se mover para o cinto que usava. Desprendendo ele, ele abriu o botão e abaixou o zíper de seu jeans. Ele abaixou eles e a boxer preta rapidamente seguiu. E ele estava tão nu quanto eu. Ele era maravilhoso. Cada centímetro dele. Do topo de seu cabeço bagunçado, pelas suas maçãs do rosto e seus lábios cheios, seu pescoço, sobre os cumes do seu abdômen e estômago. Mais para baixo ele era ainda mais magnífico. Os músculos em cada lado de seu quadril chamaram minha atenção por um momento até que meu olhar foi para a fina parte de pelos onde ele era mais duro. Bom Deus. Eu suguei meu lábio inferior e senti um calor gostoso passar por minhas veias. Jax com certeza não deixava a desejar nesse departamento. Um lado de seus lábios se curvaram. “Venha aqui.” Com meu coração pulsando em todos os pontos, eu andei para onde ele estava ao lado da cama. Ele colocou suas mãos em meus ombros e me guiou para baixo, para que eu estivesse sentada na cama. Então ele se ajoelhou, passando seus dedos pela parte externa das minhas penas, das minhas coxas aos meus tornozelos. Uma vez que ele chegou nas tiras da minha sandália, ele a soltou. “Próxima vez, eu quero você usando esses sapatos,” ele disse olhando para cima. “Você entendeu?”
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Oh Deus. Eu concordei. “Essa é minha menina,” ele murmurou, movendo suas mãos para a outra sandália. Uma vez que ele tirou meus sapatos, suas mãos viajaram para a parte de trás das minhas pernas enquanto ele se levantava. Ele não parou. Passando pelo meu estômago, pela curva dos meus seios, ele, eventualmente, chegou as minhas bochechas e parou. Seus lábios estavam nos meus novamente, se movendo vagarosamente, provando e provocando até que sua língua passou pela borda da minha boca. Eu abri para ele e foi aquela pressa novamente, o calor instantâneo. Enquanto ele me beijava, suas mãos deslizaram pelos meus braços e embaixo deles. Ele me levantou, me levando ainda mais para o meio da cama, enquanto ele subia nela, suas pernas em cada lado meu, Eu perdi o fôlego enquanto ele me deitava e eu estava, de repente, encarando ele. Meus nervos explodindo na beira do meu estômago. E se eu fosse ruim? E se eu não gostasse? Nem todas as mulheres aproveitavam tanto o sexo. Eu sabia disso. E se... “Nós podemos parar qualquer hora que você queira. Okay?” ele disse, sua voz em um tom que fez meus dedos do pé se curvarem. “Se machucar, você me avisa. Se você não estiver gostando do que está acontecendo, você me diz. Okay?” “Okay,” eu respirei, me forçando a relaxar. Ele me deu um grande sorriso e, então, seus lábios estavam nos meus. O beijo era diferente, mais profundo, mais impactante. Sua boca trabalhou a minha até que eu estivesse implorando por ar, até que minhas mãos estivessem em seus ombros. Meus nervos se acalmaram enquanto seus lábios se moviam dos meus, viajando pelo meu pescoço e sobre a linha da minha clavícula, com uma série de pequenos e quentes beijos e passadas da sua língua. Deus, ele sabia como usar essa boca. Eu fechei meus olhos enquanto seus lábios se moviam para meus seios, sobre as cicatrizes, perto demais do meu mamilo. Minhas costas arquearam, saindo da cama, quando ele sugou profundamente e o som que saiu de mim iria me assombrar durante anos. Ele trabalhou o cume dolorido enquanto seus dedos iam para meu outro seio. Cada puxada da sua boca, cada investida de seus dedos enviava um raio de prazer pelo meu
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corpo diretamente para meu centro, onde a bola de tensão começou a se formar novamente. Ele moveu sua boca para meu outro seio e repetiu aqueles movimentos sensuais, fazendo meu sangue pulsar em vários lugares interessantes. Meu quadril se movia contra o dele, acariciando seu cumprimento duro e eu estava ofegante enquanto aquelas pequenas sensações passavam por mim. Sua boca continuou lambendo, provando e provocando enquanto ele movia seu corpo, levando uma de suas mãos para entre minhas coxas. Eu podia senti-lo lá, me segurando e meu quadril reagiu por puro instinto, pressionando contra ele. Ele levantou sua cabeça de meu seio enquanto deslizava um dedo dentro de mim. Eu arqueei minhas costas novamente, inalando profundamente enquanto ele adicionava outro. “Isso é bom?” ele perguntou. “Sim,” eu disse, e balancei minha cabeça junto, para caso ele não ter entendido. Seu sorriso virou algo diabólico enquanto ele baixava sua cabeça, sugando o pico no mesmo ritmo que a investida de seus dedos. As duas sensações juntas era como ter um raio em uma garrafa. Um fogo começou em meu sangue e meus dedos se enterraram em seu ombro. Sua mão virou, pressionando a palma contra o bolo de nervos e meu quadril se moveu contra sua mão novamente. A liberação se formou rapidamente e quando se quebrou, eu joguei minha cabeça para trás, meu gemido rouco enquanto o poder do orgasmo passava por mim uma segunda vez naquela noite. Jax se afastou rapidamente, alcançando o embrulho na cama. Pequenas ondas de prazer ainda passavam pela ponta dos meus nervos enquanto ele se erguia sobre mim, alinhando nossos quadris. Eu o sentia ali, contra minha pele húmida, e meus olhos se abriram. Eu mal conseguia respirar enquanto olhava em seus olhos. “Você tem certeza?” ele perguntou novamente, seus braços tremendo onde ele os tinha apoiado ao lado da minha cabeça. “Me diga que você tem , querida.” “Eu tenho.”
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Ele fechou seus olhos por um momento antes de voltar a olhar para mim. “Santo Deus, obrigado. Eu quero você tanto que parece que estou saindo do meu corpo.” Eu teria rido se ele não tivesse apoiado todo seu peso em um braço enquanto alcançava entre nós, guiando a si mesmo em mim. O primeiro ponto de pressão roubou meu ar e eu tremi. Ele nem deve ter percorrido um centímetro, mas eu me senti esticando. Havia uma queimação e eu não tinha certeza se gostava ou não. Eu mordi meu lábio Seu olhar estava fixo no meu enquanto ele movia sua mão para minha bochecha. “Ainda comigo?” Eu concordei porque eu não tinha certeza se podia falar. Seu dedão passou sobre meu lábio, retirando ele de entre meus dentes. Ele moveu seu quadril, uma leve pressão que o levou mais profundamente. Minhas coxas se fecharam nele enquanto a sensação de queimação aumentava, ativando algo que não era somente dolorido, mas mais como prazer. Seu braço ao lado da minha cabeça tremeu devido ao controle que ele estava exercendo. “Você é tão apertada. Merda, Calla, você está me matando.” Um pedido de desculpa estava na ponta da língua mas quando seu quadril se moveu novamente, as palavras saíram mais como um gemido. Ele congelou, sua mão curvada em meu maxilar. “Eu preciso ouvir que você está pronta, querida. Eu preciso ouvir você dizer isso.” Minha boca estava seca, mas eu forcei as palavras a saírem. “Eu estou pronta.” Jax segurou meu olhar por um momento e, então, me beijou. Meus lábios estavam selados, juntos, naquele ponto, mas ele trabalhou até que eu os abrisse para ele e, enquanto o beijo se aprofundava, ele investiu para frente, indo até o final. O beijo suprimiu o gemido enquanto uma onda de dor passava por entre minhas pernas, seguida por uma queimação intensa. Ele estava em mim, sem se mover, e eu sabia nesse segundo que não era mais virgem. Yep. Com certeza. “Você está bem?” Sua voz era gutural. Eu engoli. “Okay.”
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E isso era verdade. A dor tinha sumido. A queimação ainda estava ali. Não era algo ruim. Era só algo que estava ali. “Bem, eu estou prestes a transformar isso de algo okay para algo incrível,” ele disse contra meus lábios e eu tinha certeza que isso iria acontecer. Mas enquanto ele me beijava novamente, ele começou a se mover, vagarosamente se retirando até que estivesse na metade e voltando a investir. A sensação dele me esticando era algo estranho. Novamente, não era doloroso, mas algo mais, algo que toda vez que ele se retirava e investia novamente, eu sentia em meu corpo todo. Jax continuou devagar, mantendo o ritmo, até que a queimação não era mais dolorosa, mas algo totalmente diferente. A queimação virou uma pequena onda de prazer que reagia com cada retirada e investida. Me sentindo mais confortável com isso, eu deslizei minhas mãos para baixo, pela sua lateral, até chegar em seu quadril enquanto eu movia meu quadril no mesmo ritmo do seu. “Merda,” ele gemeu e eu descobri bem rápido que me mover junto a ele era uma coisa boa, uma coisa realmente boa, então eu fiz isso de novo e de novo, e suas próximas palavras eram ásperas contra minha boca. “Porra.” Eu movi meu quadril, no ritmo que ele me deixou criar e aquela bola de sensações estava de volta, crescendo e crescendo. Eu movi minhas pernas, passando elas em volta do seu quadril e, de alguma forma, ele conseguiu ir mais profundamente. Seus beijos viraram algo feroz, sua língua investindo no mesmo ritmo que seu quadril enquanto minhas unhas arranhavam a sua pele. “Mais,” eu me ouvi sussurrar, não tendo ideia de onde essa palavra veio, mas ele respondeu. Ele me deu mais. Muito mais. Seus movimentos aceleraram enquanto sua cabeça caia para o espaço entre meu ombro e meu pescoço. A pressão em meu centro se tornou tudo. Qualquer vestígio de dor estava há muito esquecido. Nossos movimentos ficaram fanáticos e qualquer ritmo que 312
havia estava completamente perdido. Ele gemeu em minha orelha enquanto minhas costas arqueavam, minhas mãos puxando ele para baixo. “Deus, Calla, eu amo sentir você,” ele sussurrou em meu ouvido. “Eu consigo sentir você contraindo. Fodidamente lindo.” Eu perdi a respiração. Eu estava a beira de algo maior, algo mais bonito e poderoso estava acontecendo em meu corpo, e ele parecia saber isso porque seu quadril começou a bater contra o meu. A fricção era intensa, poderosa. Eu sussurrei seu nome enquanto meu aperto nele intensificava. Tensão se formou e explodiu, o prazer intenso e nada como das vezes anteriores. Era mais profundo, mais concentrado. Seu quadril bateu contra o meu, todo o controle perdido enquanto ele enterrava sua cabeça em meu ombro. Ele investiu, indo mais profundamente e parou por um momento antes que seu quadril se movesse. Meu nome era um gemido contra minha pele enquanto ele encontrava sua própria liberação. Eu o segurei, mais emocionada do que achei que ficaria após o sexo, apertando meus olhos fechados enquanto respirava profundamente. Pareceu uma eternidade antes que ele se movesse, levantando sua cabeça o suficiente para colocar um beijo na lateral da minha garganta, logo abaixo do meu ponto pulsante. “Você está bem?” “Sim,” eu sussurrei. “Isso foi...” não haviam palavras para descrever o que eu estava sentindo. Nenhuma. Ele se apoiou nos seus braços e levou sua boca a minha. Ainda dentro de mim, ele me beijou suavemente. “Isso foi... perfeito.” Eu abri meus olhos. “Foi. Eu não...” “O que?” ele perguntou quando eu não terminei. “Eu não sabia que poderia ser assim,” eu admiti, me sentindo meio boba. “Eu só não pensei que poderia ser assim.” Algo como um sorriso apareceu novamente antes que ele me beijasse e saísse. Havia um pequeno desconforto e uma sensação estranha pela perda do que estava me preenchendo. 313
Meu corpo era apenas pele enquanto ele saia da cama e ia em direção ao banheiro. Quando ele voltou, ele tinha se livrado da camisinha e estava carregando uma toalha úmida. Enquanto ele se sentava na beira da cama, ao meu lado, e gentilmente limpava as provas do que havia acontecido, eu fiquei alarmada pela intimidade de seus movimentos. De alguma maneira parecia mais do que ele havia feito. Minha garganta estava presa enquanto ele se levantou para deixar o pano no banheiro. Eu não disse nada quando ele voltou para cama, para mim, e colocou as cobertas sobre nós. Ele me virou para que eu estivesse olhando para ele enquanto seu braço estava sobre minha cintura, nossos joelhos dobrados e pressionados juntos. Ele brincou com uma mecha de meu cabelo, torcendo ela em seus dedos. O silêncio se esticou entre nós por tanto tempo que eu comecei a me preocupar que ele não tinha gostado tanto quanto eu, que ele não estava tão movido quanto eu estava. “Obrigado,” ele disse. Eu pisquei. “O que?” Um sorriso engraçado apareceu em seus lábios. “Obrigado por confiar a mim isso.” Eu engasguei. “É uma coisa importante.” Seus cílios se moveram e seus olhos encontraram os meus. “O que fizemos. Foi sua primeira vez. Eu estou honrado.” Isso era real? “Então, obrigado.” Jax fechou a distância entre nós, juntando nossos lábios no que deve ter sido o beijo mais doce possível, me fazendo perceber que isso era real. Não uma alucinação induzida pelo orgasmo, não havia dúvidas que eu realmente tinha me apaixonado por ele.
Meus dedos cravaram no peito de Jax e eu joguei minha cabeça pra trás, gemendo enquanto gozava. Suas mãos apalparam meus seios e seu quadril investiu para cima enquanto eu fazia nada além de cair em seu peito. Seus braços me circularam enquanto 314
ele gozava e eu me foquei na respiração, porque era algo fácil enquanto eu sentia seu corpo se desfazer a minha volta. Eu estava sedada e não servia para nada além de respirar enquanto sua mão circulava a parte de trás da minha cabeça, pressionando minha bochecha contra seu peito. Eu podia sentir seu coração batendo tão rápido quanto o meu. Sorrindo, eu fechei meus olhos. Como ele me convenceu a fazer isso dessa maneira — eu por cima — eu não tinha ideia. Provavelmente começou com ele me acordando na manhã de segunda com sua boca em meu seio, sugando e lambendo. Isso tinha levado a ele se mover dentro de mim muito mais devagar que a noite anterior, se isso era possível. E pode ter tido algo a ver com o jeito que ele me deixou nua da cintura para baixo na noite de segunda em sua cozinha, e como tínhamos recriado o que tínhamos feito na noite anterior, mas com seu pau e não sua língua. Eu nunca, nunca iria olhar para o balcão da cozinha do mesmo modo. Ou pode ter sido a terça feira à tarde, depois de termos ido ao lugar onde Ike deveria estar acampado, o que no fim foi uma total perda de tempo. Ele não estava lá. Ninguém tinha visto ele há dias. Ele tinha sumido, como cinzas em um furacão. Isso foi decepcionante porque eu esperava que esse fosse uma boa pista, mas esse desapontamento sumiu na caminhonete, voltando para casa de Jax. Jax podia fazer várias coisas ao mesmo tempo como uma facilidade, como dirigir com uma mão no volante enquanto a outra estava nas minhas calças. E eu paguei pelo que ele tinha feito quando chegamos na sua casa, de joelhos e feliz no meio da sala. Havia algo incrivelmente safado sobre isso. Talvez foi a terça a noite que tinha ajudado ele a me convencer de ficar por cima essa tarde, porque eu tinha certeza que depois de ontem a noite, eu sabia em primeira mão o que a frase ‘foder até explodir a cabeça’ realmente queria dizer. E era algo bom. Poderia, também, ter sido por causa dessa manhã, porque ele, definitivamente, era uma pessoa que gostava de sexo de manhã. Era quando levava mais tempo para ambos
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e se tornava algo extremamente épico. Mas foi quando ele me interrompeu, tentando preparar um banho que eu terminei na sua cama, com ele de costas e eu por cima. Eu estava nervosa, apesar de tudo. Com ele por cima, eu realmente não estava pensando na condição do meu corpo. Ele podia ver toda a minha parte da frente, mas isso tinha funcionado. Muito bem. Do jeito que eu achava que estar por cima poderia ser minha posição favorita entre todas. “Nós precisamos nos arrumar para o trabalho,” ele disse. “Eu não quero me mover.” Ele riu. “Eu realmente não quero, mas...” Eu suspirei. “Não podemos só ficar aqui, assim, para sempre?” Isso levou ele a rir novamente enquanto ele dava uma palmada em minha bunda. Rindo, eu rolei de cima dele e terminei em uma pilha de ossos ao lado dele na cama. “Você pode tomar banho primeiro. Eu vou tirar um cochilo.” Ele se virou de lado, parando seus dedos sobre a curva do meu quadril. “Nós podemos tomar banho juntos.” Eu bufei. “Nós não iríamos tomar banho.” “Por que não?” ele provocou, beijando meu ombro. “Nós terminaríamos fazendo isso novamente e eu não tenho certeza se posso aturar mais um orgasmo sem perder alguns preciosos neurônios.” Ele riu contra minha pele. “Você tem razão.” Então ele moveu sua cabeça, achando meus lábios e me beijando. “Eu não vou demorar.” “Uh-huh.” Jax demorava mais no banho que qualquer outra menina que eu conhecia. Eu estava constantemente impressionada que ainda havia água quente quando chegava a minha vez. Mas que seja. Um banho frio poderia ser uma boa coisa, do jeito que tudo estava caminhando.
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Então eu fiquei ali deitada, entrando e saindo do sono, me deixando ir para aquele lugar quente e feliz que eu totalmente admitia que estava loucamente, profundamente e, talvez, idiotamente apaixonada por ele. Mas que seja. Eu não ligava sobre um possível coração quebrado, um término como se fosse o fim do mundo depois de todo o entorpecer do sexo. Quando Jax finalmente saiu do banho, levou um pouco mais de tempo para me arrumar. Eu estava me movendo na mesma velocidade de uma tartaruga. Enquanto eu secava meu cabelo com o secador, do jeito liso e sem graça, porque eu estava além do ponto de gastar qualquer energia nele, eu imaginava como seria o trabalho agora que nós tínhamos totalmente feito isso. Como, várias vezes. Por toda a casa. O tipo de sexo que explodia em qualquer lugar. Eu estava um pouco ansiosa enquanto ele dirigia para o Mona’s. Eu estava tentando de tudo para não me preocupar quando eu ouvir o telefone tocar na minha bolsa. Feliz pela distração, eu o peguei e descobri que eu tinha um e-mail do departamento financeiro de Shepherd. Meu coração acelerou. “Oh Deus.” “O que?” Jax perguntou, olhando para mim enquanto chegava na rua principal. “Eu tenho um e-mail do meu consultor financeiro. Tem de ser sobre os empréstimos estudantis, se eu consegui mandar meu pedido a tempo.” Eu disse a ele. Seu olhar voltou para a rua. “E?” “Eu estou com medo de ler.” “Quer que eu leia?” ele ofereceu. Eu poderia abraçá-lo e beijá-lo nesse momento. “Sim, mas você está dirigindo e se forem boas ou más noticias eu não quero morrer em uma pilha dos anos cinquenta.” Ele bufou. Inalando profundamente, eu abri o e-mail e esperei pelo download da mensagem. Claro que isso levou para sempre e eu estava prestes a bater minha cabeça contra o painel enquanto esperava, mas a mensagem finalmente apareceu. Eu rapidamente passei por ela,
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olhando as palavras chaves. Quando eu achei a palavra parabéns entre as outras como taxas do empréstimo, eu soltei um grito, animada, e me virei para Jax tão rápido que quase me enforquei com o cinto de segurança. Seus lábios se curvaram em um grande sorriso. “Eu estou presumindo que sejam boas notícias.” “Totalmente! Eu fui aprovada. É dinheiro suficiente. O departamento vai adiantar e programar minhas aulas,” eu disse a ele, praticamente pulando em meu banco. Ele se inclinou, colocando sua mão em meu joelho e apertou gentilmente. “Isso são ótimas notícias querida.” E eram. “Esse é um peso gigante que saiu dos meus ombros. Pelo menos eu sei que vou conseguir terminar a faculdade. Isso é grande.” “É. Eu estou feliz por você.” Pelo tom e o sorriso em seu rosto, eu podia dizer que ele estava realmente feliz por mim, e isso me deixou toda aconchegada e animada até que eu percebi que isso significava que eu estaria indo embora em Agosto, de volta a faculdade e Jax ficaria aqui. Merda. Como eu podia ter esquecido disso? Parte da minha felicidade foi por água abaixo, não a maior parte, mas o suficiente para que eu estivesse irritada comigo mesma por deixar isso acontecer e frustrada porque eu, de repente, precisava definir exatamente o que éramos e o que significaria quando eu voltasse para a faculdade. Quando entramos no Mona’s, e eu estava atrás do bar, cortando limões e algumas folhas frescas de menta, eu consegui encontrar um meio termo feliz entre os dois. Eu iria aproveitar o que eu tinha agora e não iria me preocupar com o que havia no futuro. Como o fato que eu precisava trazer minha mãe aqui até amanhã à noite. E isso não parecia com algo que fosse acontecer.
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O fato de Jax ter me beijado antes de desaparecer no escritório, na frente de Nick e Clyde, talvez tivesse algo a ver sobre não me preocupar com muitas coisas que eu não tinha controle. “Esse é meu garoto,” foi o que Clyde disse antes de voltar para a cozinha. Sorrindo, eu balancei minha cabeça enquanto movia a taboa para o lado. Dentre tudo, as coisas estavam boas, eu acho. Eu não era mais virgem. Eu estava apaixonada pelo cara que tirou minha virgindade e eu tinha certeza que ele gostava de mim. Muito. E minha ajuda financeira foi aprovada. E eu tinha chegado viva na quarta a noite sem ninguém nos atropelando, ou corpos sendo jogados na porta da frente ou tendo usado Dermablend. Eu decidi que foram três dias ótimos. O bar estava calmo, só comigo e com Nick atrás do balcão quando um casal jovem entrou. No tempo que eu estava ali, eu sabia que eles não eram clientes regulares e eu os observei enquanto ocupavam dois bancos vazios. Eles faziam um casal adorável" ela era baixa, como a pequena Roxy e ele era super alto, com um cabelo castanho bagunçado. A menina tinha os olhos azuis lindos, um contraste contra seu cabelo escuro. “O que eu posso pegar para vocês dois?” eu perguntei. A menina passou uma mão por sua camiseta da Universidade de Maryland. “Só uma Coca, por favor.” “E o menu.” O rapaz completou, colocando seus cotovelos no balcão do bar. “E outra Coca.” “É para já.” Depois de pegar suas bebidas, eu entreguei a folha coberta com plástico para eles. “As batatas fritas são ótimas. Assim como as asas de frango, se você é fã do tempero do tipo Old Bay32.”
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http://www.oldbay.com/Products/Old-Bay-Seasoning
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Os olhos da menina se iluminaram. “Eu amo Old Bay. Eu acho que é um pré requisito para cursar a faculdade em Maryland.” A Universidade de Maryland não era muito longe de Shepherd. “Vocês estão viajando?” Ele concordou. “Visitando Philly hoje. Syd nunca esteve aqui.” “Estão aproveitando?” Syd concordou. “Ele me levou pela primeira vez em um jogo dos Phillies, mas eu não pedi nada para comer então, agora estou faminta.” O cara olhou o menu. “Eu acho que vamos querer uma porção de fritas e de frango. Com osso. Dezesseis pedaços.” Eu fui levar o seu pedido e quando voltei, o velho Melvin estava no bar, esperando por mim. Oh não. Eu sorri para ele, mesmo que ele parecesse como se estivesse prestes a desabar, mas meu sorriso se perdeu quando a porta se abriu e Aimee com dois ‘es’ entrou. Seu olhar viajou pelo bar, além de mim, até o Nick, que parecia irritado. Eu coloquei uma cerveja em um guardanapo na frente de Melvin sem ele pedir, esperando que isso de alguma forma fosse levá-lo a ir embora. Não funcionou. “O que é isso que eu ouvi sobre o corpo de Rooster ter sido jogado na sua porta?” ele perguntou, colocando sua mão em volta da garrafa. O rapaz enrijeceu e os olhos da menina arregalaram. “É uma vergonha que esses drogados estão fazendo com a cidade,” Melvin continuou, trazendo olhares para si. Ele tomou outro gole de sua cerveja. “Essa cidade costumava ser boa, um bom lugar. Agora eles estão ajoelhando e colocando buracos de bala em suas cabeças. Uma vergonha.”
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“Kyler,” a menina sussurrou enquanto se movia para ele. “Um...?” Ele não disse nada enquanto seu olhar vinha na minha direção. Antes que eu pudesse falar, Melvin decidiu que ele não tinha terminado. “Não posso dizer que isso sobre Rooster é uma pena. Quem não sabia o fim terrível que ele teria? Ele era nada além de um vagabundo e...” “Você vai querer as asinhas ou as batatas hoje?” eu perguntei, esperando distraílo antes que ele mandasse o pobre casal correndo no meio da noite gritando sobre um assassinato. Distraído pela minha pergunta, ele eventualmente balbuciou sobre um pedido de frango. Enquanto eu saia para fazer seu pedido, as fritas e o frango do casal ficaram prontos. Quando eu voltei, eu estava agradecendo aos céus que o amigo de Melvin tinha aparecido e eles tinham saído do bar. “Desculpa sobre isso,” eu disse, colocando a cesta no balcão. “Nós normalmente não temos esse tipo de problema.” O rapaz se inclinou. “Havia mesmo um cadáver na sua varanda?” Eu pisquei. “Sim. Longa história.” “Whoa,” ele murmurou, voltando a se sentar. A porta abriu novamente e eu olhei para cima, vendo Katie caminhando para dentro. Eu sabia o exato momento que a menina a viu, porque seus olhos ficaram ainda maiores. Talvez tenha sido o fato de Katie estar usando um vestido vazado rosa sobre o que parecia ser um biquíni. Ou roupa íntima. Eu não olhei tempo suficiente para adivinhar. Sorrindo, ela andou para onde eu estava. “Menina. Olhe para você hoje. Apesar do fato que você teve cadáveres caindo em sua cabeça.” Oh. Meu. Deus. “Na verdade, você parece com alguém que foi comida recentemente,” ela continuou, e minha boca caiu aberta. “Sim, você parece. Você realmente parece.”
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Eu estava seriamente começando a imaginar se ela tinha super poderes ou algo do tipo. Mas eu não ia discutir isso com estranhos sentados logo ao nosso lado. “Está no intervalo, Katie?” “Nope. Indo para o trabalho. Pensei em passar aqui e ver se você não estava isolada em um canto, toda traumatizada ou coisa do tipo.” “Eu estou bem,” eu disse a ela. “Mas obrigada por vir me ver.” E eu realmente estava agradecida. Ela começou a dizer algo, mas Jax apareceu no fundo do corredor, vindo do escritório. Ele olhou para mim e piscou. Eu senti um sorriso estúpido se formando em meus lábios. “Ele realmente entrou nas suas calças,” ela fingiu estar sussurrando, fazendo o cara ao nosso lado engasgar com um pedaço de frango. Jax se afastou e antes que eu pudesse lidar com esse comentário, Aimee virou para nós, com uma elegante virada de seu pescoço. “Ele é tão quente, não?” ela disse, focando seus grandes olhos em mim. “Jax, quero dizer.” Revirando seus olhos, Nick se afastou dela e foi para o lugar onde ficavam as garrafas no fundo do bar. Eu abri minha boca mas Katie não me deu tempo. “Cara, você está drogada? Porque eu tenho certeza que aquele cara quente que se chama Jax estava flertando para Calla aqui e nem viu você sentada. Só PSC33.” Eu pressionei meus lábios juntos tão forte que eu achei que fosse explodir bem na cara de Aimee. Ela encarou Katie por um momento e, então se virou, indo em direção de onde Jax estava pegando copos e cestas vazias das mesas. Eu suspirei.
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PSC = Para Seu Conhecimento
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Katie virou para mim. “Eu vou yippie-ki-yay aquela puta desse bar um dia desses. Guarde minhas palavras, entregue a Deus, e todas essas coisas.” Por que, de repente, eu tive um vislumbre do Bruce Willis? Então ela andou na direção oposta, indo para a porta. Meu olhar foi para onde o jovem casal estava sentado, seus olhos arregalados e suas bocas em um leve sorriso. Eles olharam para mim juntos. “Bem vindos ao Mona’s” eu disse, secamente.
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Capítulo Vinte e Quatro
No sábado à noite, Roxy estava atrás do bar, seus braços finos cruzados em seu peito e suas pernas afastadas. Seus óculos com armação preta estavam para cima, parado apenas acima do perfeito coque bagunçado. Seus olhos estavam estreitos e sua expressão irritada, as linhas que apareceram em seu queijo, eram fofas. Eu disse a ela, uns minutos antes, quando eu fui no bar pegar umas cervejas para o grupo de caras que estavam sentados no fundo, e ela não tinha pensado que isso era fofo, o que a fez parecer ainda mais irritada. E mais fofa. A vitima de seu olhar mortal era Aimee com os dois ‘es’. Pela quarta noite seguida, Aimee estava aqui, sentada no bar com uma amiga que meio que parecia laranja. Roxy tinha apelidado sua amiga de Oompa 34Um. Eu tinha que rir porque seu olhar mortal era para meu benefício. Aimee tinha sido realmente gentil com Roxy e até mesmo comigo, mas ela tinha deixado bem claro porque estava aqui e Roxy não estava nada feliz com isso. Cada vez que Jax ia para trás do bar, Aimee monopolizava sua atenção o quanto podia. E como cada noite anterior, ele deveria estar contando ótimas piadas porque não passava nem um minuto antes que Aimee risse alto. Ou brincasse com seu cabelo. Ou se inclinando sobre o bar, dando a Jax uma visão privilegiada de seu decote. E de vez em quando, como nos últimos quatro dias, Jax ia encontrar meus olhos, realmente me olhando, e eu não iria me importar com Aimee sentada no bar, fazendo de tudo para conseguir alguma retribuição a seus flertes. E novamente, eu imaginei que Jax poderia muito bem acabar com essa coisa da Aimee dizendo a ela que ele não estava mais disponível. Quero dizer, nós não tínhamos dado nenhum título um ao outro, mas estávamos juntos em todos os jeitos que poderíamos estar juntos.
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Referência aos Oompa Loompas da Fantástica Fábrica de Chocolate
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E... eu o amava, apesar de tudo. Nós estávamos juntos. Ele não tinha dito essas palavras para mim, mas eu também não. E eu não iria pensar sobre isso agora ou transformar isso em uma coisa maior. Apesar de tudo, eu estava realmente feliz e já era domingo e ainda não havia nenhum sinal de Mack. Eu não iria estragar isso. Levando o pedido de asas de frango com Old Bay para a mesa de Melvin, eu sorri para o velho enquanto colocava a cesta entre eles. “Aqui está. Mais alguma coisa?” “Estamos bem.” A pele ao redor de seus olhos ficou ainda mais profunda enquanto ele sorria. “Enquanto você nos der um outro sorriso desses.” Eu ri. “Seu velho pervertido.” Ele riu enquanto pegando uma asa de frango. “Se eu fosse vinte anos mais novo, eu e você estaríamos deslizando por esse piso.” Eu levantei uma sobrancelha. Vinte anos? Eu imaginava que precisava o dobro disso, mas o que ele disse me fez sorrir e também me fez dizer. “Quando você quiser dançar, só me avise.” Eu quase não pude acreditar que disse isso, mas seus olhos pareceram acender. “Farei isso.” Dando a ele outro ‘desse sorriso’, eu me virei e andei até a outra mesa onde seus copos estavam vazios e, antes que eu percebesse, eu dei uma olhada para o bar. Roxy estava totalmente concentrada em seu trabalho de bartender, batendo coquetéis tão forte que eu meio que esperei que o conteúdo fosse sair voando pelo bar. Meu olhar mudou para onde Aimee estava e meus olhos arregalaram. Mas que...? Aimee estava praticamente sentada no balcão do bar e suas mãos estavam nas bochechas de Jax, nas suas bochechas. Ela estava segurando suas bochechas. Raiva passou pela minha pele, mas algo gelado e feio se formou na beira do meu estômago, e essa coisa pequena fez meu peito se contrair de um jeito nada agradável. Porque como"inferno– ela
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estaria tocando ele daquele jeito e porque - por tudo que é mais sagrado" ele teria permitido isso? Antes que eu percebesse, eu estava andando em direção ao bar. Eu não tinha ideia do que eu iria fazer quando chegasse lá, mas eu tinha certeza que não seria nada bonito e que eu iria me arrepender depois, mas foda-se... “Hey, menina.” Eu parei abruptamente ao ouvir essa voz familiar. Descrença passou por mim. Impossível. Pega com a guarda baixa, eu tirei meus olhos da Aimee e Jax e me virei. Meu queijo caiu no chão. Jase Winstead piscou. Jase, maldito, Winstead estava aqui. Jase" membro da Brigada dos Caras Quentes" estava parado no bar. “Surpresa!” Teresa apareceu de trás dele, toda bronzeada e linda. Meu olhar passou pela Teresa até Jase e foi para trás deles, e eu quase cai morta. Eles não estavam sozinhos. Cameron Hamilton" o presidente da Brigada dos Caras Quentes" estava com eles. Assim como Avery. Ele tinha um braço sobre seu ombro, puxando ela para perto do jeito mais adorável possível. Jase riu. “Eu acho que assustamos ela ao ponto dela perder a língua.” “Oh meu Deus,” eu disse, piscando algumas vezes. “Vocês realmente conseguiram. Eu não tinha idéia.” “É por isso que se chama surpresa.” Teresa olhou sobre seu ombro, para seu irmão e sua namorada. “Nós decidimos vir de última hora. Eu senti sua falta!” Então ela correu para frente e me abraçou. Eu também senti falta dela e estava feliz que eles estavam aqui, mas eu me afastei e Teresa começou a contar a Jase como ela não sabia que eu sabia usar um dosador, muito menos misturar uma bebida, e eu percebi que eles realmente não sabiam nada sobre mim. Pelo menos nada que fosse verdade.
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Puta merda, minha casa de mentiras estava prestes a me dar um tapa na cara. A única coisa que eu tinha ao meu favor era que Jax sabia sobre as mentiras que eu contei. Ele provavelmente seria consciente o suficiente para não me dedurar. Mas ainda assim, eu era uma grande mentirosa, acima de tudo. Meu coração acelerou. Além do fato que eles pensavam que minha mãe estava morta, isso poderia ser um desastre se mais corpos aparecessem na minha direção ou se alguém dissesse algo na frente deles. Eu pensei sobre o adorável casal de Quarta-feira que não-intencionalmente ouviram sobre o aparecimento de Rooster. De repente eu queria correr pelo bar, gritando o mais alto que pudesse. “Então, Teresa estava contando para gente que tem um cara que você está saindo?” Avery perguntou. “O que?” minha mente estava em todos os lugares, ainda imaginando corpos caindo do teto junto com bolsas de heroína. Seria como uma chuva de mortos e drogas. “Um cara,” Teresa disse, passando seu braço na cintura de Jase. “Você disse que seu nome era Jax. Vocês saíram para jantar? O que trabalha aqui? Não te lembra nada?” “Oh. Sim.” Eu soava como uma idiota. Minha mão passou pelo meu cabelo e eu coloquei uma mecha atrás da minha orelha. Eu percebi que Teresa piscou ao ver meu movimento. “Ele está aqui. Ele, um...” Eu me virei para o bar. Oh, não. Roxy tinha saído da sua concentração e virado uma arma cuspidora de fogo e Jax ainda estava trás do balcão. E Aimee, com um ‘i’ e dois ‘es’ não estava no bar mais, mas ela tinha suas mãos em seu peito, apalpando seu peito como se ela estivesse sentindo seus músculos. “O cara que está recebendo uma mamografia?” Jase perguntou. Eu engoli, mas minha garganta estava seca como um deserto durante a noite. Cam se moveu para frente, trazendo Avery com ele. “Não é ele, certo?”
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Oh meu Deus, meus amigos estavam aqui e eles queriam conhecer Jax e a Pequena Miss Poconos Aimee Grant estava atualmente se jogando nele. Teresa estava olhando ao redor, procurando por outro cara, mas havia apenas Roxy e ela não parecia em nada com um rapaz, então... Enquanto todos nós encarávamos o bar, Jax deu um passo para trás, saindo do alcance de Aimee, e disse algo que fez ela rir como se ele fosse uma cópia de Tyler Perry35. “Esse é Jax,” eu disse com uma voz estranha. Jase olhou para mim, inclinou sua cabeça para o lado e, depois, voltou a olhar para onde Jax estava. “É mesmo?” Oh não. O tom da sua voz disse que iria, de alguma forma, mudar o fato que esse cara era Jax. Eu vagamente imaginei se seria estranho eu me enfiar debaixo de uma mesa. Jax afastou seu olhar e seus lábios criaram um sorriso quando seus olhos encontraram os meus. Esse sorriso não durou muito porque Jase colocou sua mão em meu ombro e, quando eu olhei para trás dele, Teresa não estava abraçada nele como um polvo sexy mais. Seus olhos se estreitaram. Isso estava prestes a ir ladeira abaixo. Jax começou a andar atrás do bar, o que fez Aimee e sua amiga se virarem como se estivessem em uma cadeira giratória, mas ele passou por elas como se não existissem. O que eu acharia extremamente irônico qualquer outro dia. Ele parou na minha frente, mas seus olhos estavam em Jase. “Tudo certo aqui, Calla?”
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Ator, diretor, roteirista e produtor americano. https://pt.wikipedia.org/wiki/Tyler_Perry
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Eu não podia ver Jase, mas eu imaginava que ele tinha aquele sorriso pervertido em seu rosto. “Sim, esse é Jase.” Eu me virei um pouco. “E essa é Teresa. Esses são Cam e Avery. Eles...” “Seus amigos da faculdade.” Provando que ele realmente me ouvia quando eu balbuciava, ele relaxou e estendeu uma mão para Jase. “Prazer em conhecê-lo.” Jase abaixou sua mão e apertou a de Jax. “Mesmo aqui.” Sim, isso não soou sincero. E isso tudo era estranho. “Um, eles vieram de surpresa.” “Isso é legal,” ele respondeu, sua cabeça virada para o lado enquanto ele se virava para Teresa. “Calla realmente sentiu falta de vocês.” “Isso é porque somos incríveis,” Teresa respondeu. “E amamos Calla. Mesmo. Todos nós. Muito. E somos realmente super protetores com ela.” Jax ficou encarando ela. Exatamente agora, eu ficaria contente com um corpo caindo na minha cabeça e, estranhamente, eu me perguntei quem estava cuidando de Raphael e Michelangelo, as tartarugas, desde que Cam e Avery estavam aqui. Cam enrijeceu de repente. “Mas que...?” Eu sabia quem ele tinha visto no segundo que Cam e Jase viraram meninas adolescentes. “Puta merda.” Jase disse. “Você pode dizer isso mais uma vez.” Brock estava parado a alguns passos atrás de Jax, segurando um bastão de sinuca. Era obvio que Cam e Jase estavam encarando ele abertamente, e ele não se importou, dando aos caras um aceno com a cabeça. “Quem é esse?” Teresa murmurou.
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“Quem é esse?” Jase se virou com os olhos arregalados para ela. “Eu não acho que posso continuar com você.” Seus olhos reviraram enquanto ela batia em seu braço. “Que seja.” “Vocês querem conhecer ele?” Jax ofereceu, piscando para mim, fazendo meu coração cair um pouco porque, sério, ele tinha uma boa piscada. Jase e Cam, prontamente, esqueceram a existência de suas namoradas e seguiram Jax como se ele fosse um agente de lutadores do UFC. “Sério?” Teresa cruzou seus braços. “Quem é esse?” “Ele é um lutador de MMA, ou um ninja do tipo. Luta na TV,” eu expliquei. “Ele treina aqui em Philly.” “Oh.” Avery concordou. “Cam gosta dessas coisas.” Teresa ainda parecia meio entediada. “Vocês querem alguma coisa?” “Um refrigerante seria bom,” Avery disse e foi quando eu lembrei que Teresa não era velha o suficiente para estar aqui, mas nesse ponto, que seja. Eu os levei para o bar e fui para a parte detrás do balcão pegar dois refrigerantes. “Amigos?” Nick perguntou. Eu concordei. “Tire um tempo. Nós cuidamos do bar.” “Não é isso...” “Tire um tempo, Calla,” ele repetiu solenemente. “Está tudo bem. Eu e Roxy cuidamos do bar.” Sorrindo para ele, eu concordei. “Okay. Obrigada.”
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Eu peguei as bebidas e as levei ao outro lado do bar onde as duas meninas estavam paradas atrás dos bancos ocupados. Roxy estava ocupada servindo os drinks e eu fiz uma nota mental que precisava apresentá-la. Depois de entregar as bebidas, eu me apoiei contra a parede, perto de uma foto de um cara que parecia pertencer a Hells Angels36. Avery estava me olhando de uma forma estranha e quando meus olhos encontraram os seus, ela deu uma tentativa de um sorriso. “Você está muito bem, Calla.” “Obrigada. É... um, é a maquiagem.” Minhas bochechas coraram e eu me senti uma idiota por dizer isso. “Bem, quero dizer, não estou usando tanta.” “Eu gostei.” Ela balançou seu pulso para que a pulseira prateada ficasse em seu lugar. “Você realmente está ótima.” Teresa disse mordendo seu lábio e, então, foi direto ao ponto. “Quem é a menina?” Eu queria chorar. Eu queria bater minha testa na parede e chorar. “Ela é só uma menina que ele saia há um tempo atrás.” “Há um tempo?” Teresa estava olhando para Jax enquanto ele estava em pé, virado para nós. Seu tom aumentou e eu queria me jogar na frente de um caminhão em movimento. “Sim,” eu sussurrei, inalando profundamente enquanto Jax olhava na minha direção. O sorriso em seu rosto sumiu. Eu desviei o olhar, focando em meus amigos, e eu realmente sorri, porque eu estava animada que eles estavam aqui. “De qualquer modo, eu estou feliz que vocês estejam aqui. Vão ficar quanto tempo?” “Fizemos check-in em um hotel não muito longe daqui.” Avery colocou seu cabelo para trás, por cima de um dos ombros. Ela era tão linda com seu cabelo ruivo e sardas. “E vamos fazer um city-tour amanhã.” “Você está de folga, certo?” Teresa perguntou.
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Famoso Moto Clube
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Eu concordei. “Sim, eu posso ir com vocês. Vai ser divertido.” Pelo menos, eu esperava que podia me juntar a eles, considerando tudo. “Perfeito. Avery nunca esteve aqui em Philly antes,” ela explicou. Ela riu. “Eu praticamente não estive em nenhum lugar.” Avery e eu... Sim, nós éramos meio que parecidas apesar que eu não a conhecia tão bem quanto Teresa. Eu sorri para ela. “Eu nunca fui a metade dos lugares também, então está tudo bem.” Seu sorriso ficou ainda maior, alcançando seus olhos, e ela olhou para ao rapazes no mesmo momento que Cam olhou para nós. Seus lábios se curvaram. Merda, eles eram tão fofos quanto nos romances. Eu abri minha boca mas a porta se abriu e Katie entrou, brilhando como uma fada. A menina brilhava do topo de seu cabelo loiro, por todo seu corpo até a ponta de seus dedos rosas que apareciam na ponta de sua plataforma dourada. Seu vestido era mais uma saia ou um top longo. Ele apertava seus seios e quadril mas era solto na cintura e terminava no meio da coxa. E ela realmente o ‘usava’. E ela até tinha asas. Asas rosas translúcidas" não do tipo angelical" mas asas de fada estavam presas as suas costas, e ela também as ‘usava’. Teresa abriu sua boca mas a fechou, e eu ri quando nossos olhares se encontraram. Katie olhou pelo bar, seus olhos se estreitando quando ela viu Aimee e sua amiga, mas ela desviou logo. Um grande sorriso se formou em seu rosto. Ela andou em nossa direção. “Menina, eu estou no intervalo. Você está no intervalo. Obvio!” ela continuou. “Nossos intervalos eram para acontecer.” “Totalmente,” eu disse sorrindo. “Katie, eu quero que você conheça...” “Suas amigas da faculdade?” ela colocou sua mão em sua cintura.
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Eu não fazia ideia de como ela adivinhou que essas eram minhas amigas da faculdade, mas eu não queria perguntar porque eu tinha ideia que ela diria que foi porque ela caiu do poste. Então eu só deixei isso de lado. “Yep. Essas são Teresa e Avery.” Avery balançou seus dedos de um modo tímido. “Oi.” “Totes-ma-goats37, você tem um cabelo lindo!” Katie se aproximou, levantando uma mecha vermelha. “Eu tentei usar meu cabelo vermelho uma vez mas terminei parecendo uma cenoura.” Totes-ma-goats? Oh meu Deus. Eu inalei profundamente mas isso terminou em uma bufada. “E na minha linha de trabalho, parecer uma cenoura não ajuda a pagar as contas.” Katie continuou enquanto parava de brincar com o cabelo de Avery, se virando para Teresa. “E OM Gee38, você é linda. Como do tipo que eu consideraria trocar de lado.” Há! Teresa sorriu. “Eu vou levar isso como um elogio.” Katie inclinou sua cabeça para o lado. “Você faria muito dinheiro dançando.” “Oh. Na verdade, eu costumava dançar. Assim como Avery.” Oh não. Os olhos de Katie foram em direção a Avery e, de volta a Teresa, que estava tomando um gole de seu refrigerante. “Eu estourei meu joelho,” Teresa incluiu. “Mas dancei por anos.” “Eu duvido que seja o mesmo tipo de dança que eu faço. Para as duas.” Katie explicou sem nenhum pingo de vergonha, e eu a amava por isso. “Eu trabalho do outro lado da rua.” As sobrancelhas de Avery arregalaram e eu sabia que ela estava imaginando o lado de fora e, no momento que ela entendeu, seus olhos arregalaram. “Você...”
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Algo como “macacos me mordam” ou coisa do tipo. Seria OMG = Oh My God, mas ela fala como se estivesse soletrando.
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“Tiro minhas roupas?” Katie riu. “Eu mostro um pouco do produto de tempos em tempos, mas é mais elegante que simplesmente mostrar sua vajaja na cara dos outros.” Eu mão pude evitar. Eu ri, mas Teresa se manteve séria. “Você tem que odiar quando isso acontece.” “Ou quando é um pênis,” Katie respondeu. Meu maxilar estava doendo do quão forte tive que manter meus lábios pressionados juntos e Avery ria por trás de seu copo. “Você sabe, eu sempre quis fazer isso" strip" pelo menos uma vez,” Teresa disse pensadora, e meus olhos quase saíram da minha cabeça. “Parece algo muito divertido.” A expressão de Katie mostrava só alegria. “Eu poderia te ajudar com isso!” Um. Eu imaginava que Jase não ficaria muito feliz com isso, nem seu irmão. Na verdade, eu queria estar ao lado de Teresa quando ela contasse que iria tirar isso da sua lista. Pearl estava começando a correr como uma louca e eu estava me sentindo mal por estar aqui parada, conversando. “Gente, eu preciso ajudar. Me desculpe mas...” “Está tudo bem.” Teresa balançou sua mão, sorrindo para Katie. “Não se preocupe. Nós provavelmente ficaremos aqui mais tempo.” “Okay.” Eu andei para frente e beijei sua bochecha e a de Avery. “Se comportem.” Teresa riu enquanto eu abraçava Katie e, então, corria, esperando que quando eu voltasse, Teresa não estivesse do outro lado da rua esquentando o poste. Eu passei pelas pessoas mas eu mal tinha andado uns metros quando Jax apareceu ao meu lado. Ele colocou um braço sobre meu ombro e me guiou corredor abaixo, em direção ao escritório antes que eu pudesse piscar. Ali, ele parou do lado de fora da porta e se virou para mim. Sua cabeça baixou e ele falou com a voz baixa. “O que aconteceu?” “Nada.” Seus olhos se estreitaram. “Tem algo de errado com você.”
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Havia muitas coisas erradas comigo nesse momento mas eu realmente não queria falar sobre isso com Jax. “Estou bem. Eu provavelmente vou sair com o pessoal amanhã já que eles vão ficar na cidade.” Um músculo em seu maxilar tremeu. “Você não está bem. E você está mentindo para mim.” Eu cruzei meus braços sobre meu peito. “É mesmo?” “Você estava ali fora, falando com seus amigos como se alguém tivesse chutado seu cachorrinho no meio do trânsito.” “Eu não parecia como...” Meu peito levantou enquanto eu respirava profundamente e, então, eu decidi mandar tudo ir se ferrar e me preparei para descarregar, por que qual era o ponto em mentir sobre isso? Eu encontrei seu olhar. “Você sabe o que? Eu não estou bem. E, talvez seja porque eu disse a Teresa sobre você.” “Você disse?” Frustação emanava de sua expressão e ele começou a sorrir. “Bom.” Eu ia bater nele. “Não é bom. Porque ela disse a Jase, que contou a Cam, que no final contou a Avery, que por sinal são o casal mais perfeito em todo mundo dos casais, e eles vieram aqui para me surpreender, mas eu sei que eles têm uma missão secreta, que é observar você, porque eu abri minha boca grande sobre isso.” Seu sorriso aumentou. “Bons amigos. Eu gosto disso.” Na verdade, eu iria dar um soco em sua garganta. “Bem, fico feliz que você gosta disso, porque a primeira vez que eles o viram havia outra menina que tinha suas mãos sobre você.” Jax deu um passo para trás, ficando ereto. “Sim. Isso,” eu continuei. Agora que eu não estava escondendo nada dele, eu tinha pegado ritmo. “Eles viram você e viram Aimee antes que eu tivesse a chance de apresentálos e isso... bem, isso foi uma merda.” “Babe...” “Não me venha com ‘babe’.” Eu retruquei, dando um passo para trás. “Eu sei que não tem nenhum rótulo entre a gente e que nós nos conhecemos há pouco tempo, e que 335
talvez isso seja algo casual para você, mas eu realmente esperava que a primeira vez que você conhecesse meus amigos fosse quando Aimee não estivesse fazendo um exame mamário em você.” “Algo casual?” Ele repetiu, e eu imaginava se ele tinha ouvido qualquer coisa que eu disse. “Isso é algo casual para você?” Eu queria responder que sim porque... bem, porque eu queria ser malvada e aquela onda gélida estava de volta em meu estômago. Meus sentimentos estavam machucados e eu estava envergonhada, e eu queria jogar esse jogo, mas não foi isso o que eu disse por que eu não tinha ideia de como jogar. “Não. Isso não é casual para mim. Nem um pouco.” Sua expressão suavizou enquanto ele dava um passo para frente. “Baby, isso não é casual para mim também e o fato que você acha que pode ser realmente me impressiona.” “Sério?” “Querida, cada sinal, cada ação e cada palavra que eu disse para você desde o primeiro dia diz que isso não é casual para mim,” ele disse, apoiando seu quadril contra a parede. “Eu sei que você não tem muita experiência com relacionamentos e isso não importa, mas eu realmente não sei mais o que posso fazer para te mostrar isso. E toda essa coisa de rótulo?” ele continuou enquanto colocava seus dedos em meu queixo. “Eu acho que você sabe o que somos.” A coisa era que, eu não sabia. Eu poderia ter adivinhado no Domingo a noite, quando eu tirei minha roupa e ele idolatrou meu corpo como um tipo de deus, o que ele tinha feito desde aquele dia, mas vê-lo com Aimee? Sim, eu não tinha experiência com relacionamentos, mas eu não era burra e eu não era estúpida. E não era como se ele tivesse sido pego aos amassos com ela ou que ele soubesse que meus amigos estivessem chegando, mas ainda havia o fato que cada noite que ele trabalhava, Aimee estava aqui. E cada noite que ele trabalhava, Aimee estava grudada nele. E cada noite que ele trabalhava, até onde podia ver, se eu fosse ser honesta comigo mesma e se ela não fosse a menina mais forte do mundo, ele não fazia nada para pará-la. E ele deixava ela tocar ele. 336
Repetidamente. E isso não estava certo. A parte detrás dos meus olhos doía, porque era isso. O que estava acontecendo não era uma coisa grande, mas era inapropriado. Porra, eu trabalhava aqui. E eu realmente não sabia o que dizer agora, por que eu não estava contente com isso. Eu inalei profundamente. “Olhe, eu tenho que ir ajudar no salão. Estamos ocupados.” “E nós não terminamos de conversar.” “Sim, terminamos. Por agora, Okay? Nós podemos falar sobre isso mais tarde.” Eu comecei a me virar, e sua mão saiu do meu queixo. “Eu nunca pensei que você seria do tipo ciumenta.” Meus pés pararam completamente enquanto eu me virava e o encarava. Oh cara, essa foi a coisa errada para se dizer. “Eu não estou com ciúmes.” Ele levantou uma sobrancelha. Eu estreitei meus olhos para ele. “Tudo bem. Talvez eu esteja. Isso é alguma surpresa? Quero dizer, eu acabei de dizer isso”" eu balancei minha mão entre nós como se estivesse tendo um ataque" “Isso não é casual, então sim, eu não vou ficar por ai ao ver uma menina ficar em cima de você noite após noite. Especialmente sendo uma menina que você já saiu.” Com o maxilar tenso, ele inclinou sua cabeça. “Você não tem nada para ficar com ciúmes, Calla.” Uma risada seca saiu de mim. “Mesmo?” “Sim, mesmo. E além do mais, tudo que você tem que fazer é confiar em mim. Não nela. Mas em mim. E se você confiasse em mim, então você não estaria com ciúmes.” Eu estava boquiaberta. Parte disso fazia sentido. Precisava de duas pessoas para dançar tango e tudo mais, mas sério?
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“E se isso vai funcionar entre nós, você vai ter que confiar em mim”, — ele continuou, e isso — o se for funcionar entre nós" fez meu estômago cair. “Porque sua ajuda financeira saiu e se você vai voltar para a faculdade em Agosto, vão haver alguns quilômetros entre nós e tudo que vamos ter é confiança. Você entende o que estou dizendo?” Eu totalmente entendia o que ele estava falando. Metade do meu coração estava dando pequenos pulos e gritinhos, porque ele estava planejando quando eu voltasse para a faculdade, e isso era ótimo, mas a outra parte do meu coração estava em algum lugar do meu estômago. Confiar nele era uma coisa, mas isso não estava certo. Eu poderia confiar nele o quanto quisesse, mas isso não significa que eu ficaria feliz dele deixar meninas passarem a mão nele e isso me levava a ficar com ciúmes. Eu precisava de tempo para pensar sobre isso. Ele suspirou. “Calla...” Balançando minha cabeça, eu me afastei. “Eu realmente preciso voltar para o salão.” Quando eu me virei dessa vez, Jax não fez nada para me parar. Eu andei de volta para o salão e precisou de toda a minha força de vontade para não pular em seus luminosos cabelos loiros como um macaco-aranha. Sim, eu estava com ciúmes. Mas eu era humana. Jase e Cam estavam com as meninas e Brock estava com eles. Katie não estava em nenhum lugar a vista e eu imaginava se Teresa iria procurar uma nova profissão. Eu queria conversar com eles, mas quando eu vi Pearl, ela parecia perdida. Mandando a Pearl um olhar arrependido, eu comecei a trabalhar nas mesas e levar os pedidos da cozinha pelo salão. Antes que percebesse, meu cérebro estava vazio com a exceção de pedidos de bebidas e comida, e isso era perfeito. Mesmo que eu precisasse de tempo para pensar no que aconteceu, eu não queria fazer isso agora. Eu tinha acabado de pegar um pedido de fritas com queijo derretido e carne de siri — que eu planejava me presentear com uma em meu intervalo — para uma mesa 338
perto da porta, quando eu me virei para voltar para as mesas que ficavam em volta da mesa de bilhar, eu senti uma mão em meu braço, logo acima do meu cotovelo, e ouvi uma voz que não reconheci, logo em minha orelha. “Faça um escândalo e eu vou acender esse lugar.” Cada molécula em meu corpo ficou tensa enquanto eu congelava. A única coisa que se movia era meu coração acelerado. “Boa menina,” o homem disse, sua mão ainda em volta do meu braço. “Nós vamos andar para fora desse bar. Se comporte e ninguém vai se machucar. Entendeu?” Minha boca ficou seca, e eu tremi quando senti algo pressionado na parte baixa das minhas costas. Uma arma? Eu estava em choque quando compreendi o que estava acontecendo. O homem atrás de mim começou a me guiar para a porta, e eu imaginava que para qualquer um a nossa volta, pareceria que nós nos conhecíamos. Bem, além do meu olhar horrorizado, mas nós estávamos na porta em segundos. Havia uma multidão no bar. Roxy, Nick e Jax estavam servindo bebidas e haviam pessoas suficiente para que eu não conseguisse ver nem Aimee nem meus amigos enquanto o homem abria a porta. Ninguém olhou para nós. Ninguém nos parou.
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Capítulo Vinte e Cinco
Sequestrada! Eu estava sendo sequestrada! Isso não acontecia na vida real. Talvez nos livros e nos filmes, mas não com pessoas reais. Mas estava acontecendo a não ser que eu estivesse alucinando. Meu coração estava rápido demais enquanto eu era levada para a lateral do Mona’s, em direção ao estacionamento, onde era cheio de árvores, onde tinha galpões vazios e onde, provavelmente, as pessoas eram levadas para morrer. A mão que estava em meu braço era áspera, cortando minha pele, e eu não sentia mais o que suspeitava ser uma arma pressionada contra as minhas costas. Minhas pernas estavam tremendo tanto que eu estava surpresa que ainda podia andar ou até ficar de pé, até que vi a SUV escura, parada perto das lixeiras, com o motor ligado. A janela abaixou do lado do motorista e uma voz profunda e grossa disse “Se apresse Mo.” Oh meu Deus, havia dois homens e haviam boas chances que eu fosse terminar como Rooster. Cada mulher no mundo foi ensinada e nunca deixar que o sequestrador te levasse a qualquer lugar. Que o risco em lutar e consegui um furo no corpo era maior do que ser deixada levar. Perceber que eu tinha esquecido isso, algo que aprendi a anos atrás, me tirou do choque. Eu me movi para frente, pegando meu sequestrador de surpresa. Ele cambaleou, mas ele me segurou mais firme até que eu chorasse. Eu me virei para ele, tendo um vislumbre do rosto desconhecido. Eu abri minha boca para gritar mais alto que já tinha feito na minha vida toda. Eu consegui fazer um pequeno gemido antes que o homem
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puxasse meu braço com força. Minhas costas estavam, de repente, pressionadas contra a sua frente e sua mão estava segurando minha boca. Eu conseguia sentir cheiro de cigarro e algum tipo de sabonete antibacteriano e imediatamente entrei em pânico enquanto tentava respirar pelo meu nariz, mas eu percebi algo importante. Com uma mão na minha boca e outra em volta da minha cintura, ele não estava segurando uma arma a não ser que tivesse um terceiro braço. Então eu mordi sua mão, mordendo forte até que eu senti a pele romper. Meu estômago revirou, mas eu continuei mordendo. “Merda!” Mo gritou, puxando sua mão. Eu estava livre por um segundo, conseguindo me afastar dele um passo, e me virei para que eu estivesse de frente para ele. Eu o vi levantar sua mão e esse foi o único aviso que tive. Dor passou pelo meu maxilar e minha boca, e eu cambaleei para trás. Pequenas estrelas explodiram em minha visão enquanto a dor se estendia pelo meu pescoço. “Mas que porra?” o cara da SUV gritou, deixando sair uma linha de xingamentos em seguida. “A puta me mordeu!” Mo gritou em resposta. “Eu estou sangrando.” “Seu mariquinha. Jesus. Entre no carro e vamos...” Eu não ouvi o resto porque minha pressão deve ter chegado ao teto, afundando todos os sons enquanto eu me virava e corria. Os chinelos que estava usando não ajudava nisso mas eu ignorei as partes do chão que dava para sentir pelas solas finas. Eu corri para frente do prédio, soltando um grito tão alto enquanto algo me atingia por trás. Eu cai para frente, abrindo meus joelhos no chão. Um braço circulou minha cintura, me levantando, e isso não era bom. Isso era ruim, muito ruim. Mo se virou, me carregando em direção a SUV, que agora tinha a porta do motorista aberta.
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Eu me contorcia como um gato prestes a ser jogado em uma banheira. Eu estava puxando minhas pernas para cima e movendo meus braços como um cata-vento. Mo lutou comigo e minhas ações o deixaram mais lento. O tempo todo eu estava gritando. “Mas que porra?” veio uma voz atrás de mim. Me enchi de esperança ao ouvir essa voz. “Clyde!” Eu gritei, colocando tudo em mim para jogar meu peso para o lado, usando meu pé como alavanca. “Clyde!” A porta do motorista se fechou e o homem que estava me segurando xingou e, então me soltou, simplesmente me largando. Não que eu estava reclamando, mas eu cai no chão em cima dos meus joelhos e minha palma. “Puta merda,” eu engasguei, tentando controlar minha respiração enquanto eu liberava minhas mãos e olhava para ver a grande estatura de Clyde vindo na minha direção. “Puta merda.” Minhas mãos tremiam enquanto as levantava e tirava o cabelo do meu rosto. Eu percebi que agora haviam ainda mais pessoas do lado de fora, perto da esquina onde ficava a frente do Mona’s. Enquanto Clyde me alcançava, a SUV saiu gritando pelo estacionamento, pneus gritando e fazendo barulho, assustando as pessoas que estavam por perto . Haviam gritos. Alguém estava jogando algo na SUV. Vidro se quebrou. “Calla,” Clyde disse sem fôlego. “Você está bem?” Eu tinha quase certeza que estava a segundos de ter um colapso, mas além da dor em meu maxilar e por ter caído no chão, eu estava viva. “Estou bem.” “Tem certeza?” Ele gemeu, e esse som me fez esquecer sobre o que acabou de acontecer. Era o tipo errado de som" um som que um ser humano não deveria fazer. Eu me sentei, pronta para levantar. “Você está bem Clyde?” Sua cabeça se moveu rapidamente, e eu não tinha certeza sobre isso. “Eu te vi andando... para fora. Eu não... reconheci o homem. Eu... eu não tinha certeza. Com tudo que vem acontecendo...”
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De repente tinham mãos em meus ombros. Jax estava aqui, ajoelhado ao meu lado. Seu rosto estava pálido, sério como no dia em que quase fomos atropelados. “Mas que inferno está acontecendo? As pessoas estão dizendo que alguém tentou te pegar.” “Alguém realmente tentou.” Minhas palavras soaram estranhas enquanto eu encarava Clyde. As mãos de Jax apertaram meu ombro. “E por que raios você estava aqui fora?” “Eu não vim aqui porque eu quis. O cara estava do lado de dentro. Ele me disse que se eu fizesse um escândalo, ele iria acender o lugar.” Eu disse, e meu olhar voltou para Clyde. Ele parecia melhor. Um pouco pálido, mas ele não estava gemendo mais. “Eu pensei que ele tinha uma arma.” “Jesus. Merda.” Jax disse. Uma mão deslizou em volta do meu pescoço enquanto ele guiava minha cabeça para trás. Meu olhar se moveu com o seu, e eu inalei profundamente. Seu rosto estava cheio de fúria e preocupação até que a raiva tomou conta. “Ele bateu em você.” Não era uma pergunta e não havia como negar. “Eu o mordi.” “E ele te bateu? Porra, baby.” Jax baixou sua cabeça, pressionando seus lábios em minha testa. Ele se afastou, segurando meu olhar. “Precisamos ligar para a polícia,” Clyde resmungou. O maxilar de Jax estava cerrado e seus olhos nunca deixaram meu rosto. Havia esse brilho em seus olhos que era assustador, como se uma raiva explosiva estivesse prestes a emergir. “Filho, eu sei o que você está pensando,” Clyde anunciou. “Mas você precisa ligar para seu amigo, Reece. Isso não é algo para você lidar.” O que? Jax queria resolver isso? Então eu entendi. Eu vivia esquecendo que ele não era como Cam ou Jase. Não que tivesse qualquer coisa errada com eles, mas Jax era diferente. Ele era mais áspero e tinha visto coisas que Cam e Jase nem podiam começar a entender. Ele não era como eles então, ele potencialmente poderia lidar com as coisas.
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Sua mão apertou em volta do meu pescoço enquanto ele me ajudava a levantar e me puxava contra seu peito, enquanto um tremor passava por mim. “Eu vou ligar para Reece.” Sobre o ombro de Jax eu podia ver várias pessoas do lado de fora. Parecia ser metade do bar mas, os mais importantes eram meus amigos. A boca de Teresa parecia estar pendurada, aberta. Jase e Cam pareciam irritados e a pobre Avery tinha uma expressão em seu rosto que dizia que ela não tinha entendido o que estava acontecendo. Até Brock estava do lado de fora, e pelo olhar em seu rosto, ele parecia estar pronto para usar algumas de suas técnicas ninjas de MMA. Então Teresa correu para frente, suas mãos fechadas em casa lado seu. “O que está acontecendo Calla?” Eu apertei meus olhos fechados. Não tinha mais como esconder meu passado deles agora.
Era tarde e eu me encontrei de pé no quarto de Jax. Eu nem sabia como eu tinha terminado ali. Não era como se eu estivesse me arrumando para ir para cama, porque a casa estava cheia no andar de baixo e estava assim desde que o Detetive Anders e o pessoal da polícia chegaram ao Mona’s, pegaram meu depoimento e tudo mais, o que estava virando um processo estranhamente familiar. Pior era o fato que o nome Mi não estava na lista dos conhecidos do Detetive Anders. Claro, isso tinha a ver com a minha mãe então não era como se ele tivesse alguma pista, mas Mack estava escondido em algum lugar e nada" nem um pedaço de evidência" levava ao misterioso Isaiah. Teresa e Jase, e Cam e Avery estavam no andar de baixo junto com Brock. Meus amigos tinham sido informados sobre todo o meu drama, parte por mim e parte por estarem perto quando Reece tinha aparecido com seu irmão mais velho. O que trazia a real pergunta do porque eu estava aqui. Eu não sabia por que eu estava no quarto de Jax se todos estavam lá em baixo.
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A casa de mentiras tinha desabado mais rapidamente do que eu tinha percebido. No meio de tudo que eu disse a Reece e a seu irmão e o que tive de dizer a eles, eles sabiam agora que minha mão estava em um emaranhado de porcaria e estava perdida por ai e que isso tinha espirrado para minha vida. A única coisa que não estava aberta para discussões era o incêndio, mas essa era a última coisa a se saber sobre mim nesse momento. Então, Sim, eu sabia o porque eu estava sentada na beira da cama de Jax, sem poder ir lá para baixo e encarar meus amigos. Eu iria ficar aqui, cercada pelo cheiro de Jax e de imagens das coisas que tínhamos feito aqui, nessa cama, nesse chão... no banheiro. Yep, eu iria penas ficar aqui para sempre. Parecia como um plano decente, legítimo. Talvez eu poderia convencer Jax a me trazer comida pelo menos duas vezes ao dia. Se conseguisse, esse plano ficaria ainda melhor. “Calla?” Levantando minha cabeça, eu me virei em direção a porta aberta. Minhas costas ficaram retas. Teresa estava na porta. Ela não estava sozinha. Avery estava com ela. “Jax nos disse que podíamos vir aqui,” Avery explicou enquanto Teresa abria ainda mais a porta com seu quadril. “Então nós subimos.” Eu imaginei que Jax tinha feito isso. Só Deus sabe que eu estava aqui há um bom tempo. “Desculpa,” eu disse, focando minha atenção em meus dedos do pé. “Eu perdi a noção do tempo.” “É compreensível. Você teve uma noite louca.” Avery disse gentilmente. Teresa entrou e se sentou na cama ao meu lado. “Aparentemente, você teve uma vida louca.” Eu gemi. Avery atirou um olhar para Teresa que passou direto sobre sua cabeça. “Você está se escondendo aqui,” Teresa disse.
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Meus lábios se contorceram e o movimento meio que doeu. Quando eu olhei no espelho mais cedo, um leve hematoma estava se formando em meu maxilar e meu lábio inferior estava com um corte no canto. “Isso é tão óbvio?” Ela deu de ombros. “Meio que é.” Eu inalei profundamente. Desde que eu não conseguiria me esconder aqui, eu precisava crescer. Mas isso era uma merda. “Me desculpe gente. Eu sei que menti para vocês e tudo mais mas eu realmente não tenho um bom motivo para ter feito isso.” Teresa inclinou sua cabeça para o lado enquanto Avery se sentava na beira da cama, seus pequenos dedos brincando com seu bracelete. “Então... você não é das redondezas de Shepherdstown, né?” Mortificada, eu balancei minha cabeça. Eu não me sentia assim desde que tinha seis anos e acabei jogando um chiclete no cabelo da menina que iria entrar no palco antes de mim. Eu não queria jogar ele em sua bola de cachos, mas minha mãe estava na beira do palco e quando ela percebeu que eu ainda estava com o chiclete na boca, ela teve uma crise de mãe de estrela e eu tinha entrado em pânico. “Eu estou em Shepherd desde meus dezoito e, sendo honesta, parece como minha única casa.” Eu disse, olhando para Teresa. Ela estava me observando de perto. “Eu sei que isso não justifica minha mentira, mas eu só... eu nunca pensei que aqui fosse minha casa, pelo menos não há um bom tempo.” Teresa concordou vagarosamente. “Mas e sobre quando você disse que iria visitar sua família nos feriados? Pelo que percebi mais cedo, você não voltava aqui há anos.” “Eu não ia para casa.” Minhas bochechas esquentaram. “Eu ficava em um hotel nessa época.” Suas sobrancelhas estavam franzidas, juntas. Os olhos de Avery se encheram de simpatia. “Oh, Calla...” “Eu sei que isso é idiota. Eu, honestamente, só disse porque eu queria fugir um pouco, e era a minha única opção. É meio que legal, na verdade. E eu sei que dizer que minha mãe estava morta é algo horrível e vocês provavelmente estão pensando que eu sou uma péssima pessoa.” 346
“Na verdade, não, não pensamos.” Teresa se virou na minha direção enquanto ela esticava a perna que tinha machucado enquanto dançava e, depois, novamente quando o namorado da sua colega de quarto a empurrou, terminando definitivamente com os sonhos de Teresa de ser uma dançarina profissional em uma renomada escola de Ballet. “Calla, eu não sei todos os motivos por você não ter nos contado sobre sua mãe e sua vida daqui, mas pelo que aprendemos nessas poucas horas, eu entendo o porquê você não queria contar." “Nós entendemos totalmente,” Avery concordou, e eu senti uma pequena chama de esperança acender em meu peito. Teresa me cutucou com seu joelho. “Mas eu espero que você saiba que qualquer que seja o seu passado, nós não vamos julgar você. Você pode ser sincera com a gente.” “Confie em nós,” Avery adicionou, “Nós somos as últimas pessoas que vão te julgar.” Meu olhar vagou entre as duas, e elas estavam de olhando de um jeito que eu não entendia totalmente. Então, Avery se moveu para se sentar ao meu lado. Nervosa, ela colocou uma mecha de cabelo atrás da sua relha. Então ela inalou profundamente, e eu ouvi, olhou para Teresa mais uma vez e, então, seu olhar estava em mim. Os músculos no meu estômago se torceram e eu sabia que ela estava prestes a me contar algo grande. Estava escrito sobre seu rosto pálido. “Quando eu era mais nova, eu fui a uma festa que um cara mais velho da escola que estava dando em sua casa. Ele era fofo e eu flertei com ele, mas as coisas saíram do controle. Ficaram bem feias.” Oh, Deus não. Parte de mim sabia onde isso estava indo e eu me inclinei, passando minha mão na dela, e a apertando. Ela pressionou seus lábios juntos e eu podia dizer que o que ela estava prestes a dizer era difícil" mais difícil que qualquer coisa que eu tivesse para admitir. “Ele me estuprou,” Avery disse com a voz baixa, tão suavemente que eu mal pude ouvir, mas ouvi, e em resposta meu coração se apertou. “Eu fiz a coisa certa. A princípio. Eu disse a meus pais e a polícia, mas seus pais e os meus eram amigos e eles ofereceram a meus pais muito dinheiro para ficar quieta. Além disso, havia uma foto minha mais cedo naquela noite
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sentada em seu colo e eu tinha bebido. Meus pais estavam preocupados no que as pessoas iriam falar sobre mim em vez do que foi feito comigo, então eu concordei. Eu peguei o dinheiro e isso me consumiu, Calla. Eu me sentia uma merda por isso.” Lágrimas se formaram em meus olhos enquanto ela soltava sua mão da minha e, vagarosamente, retirava seu bracelete. Ela virou seu pulso para cima e eu inalei fortemente e imediatamente desejei que eu não tivesse feito isso. Eu vi a cicatriz. Eu sabia o que isso significava. Avery deu um pequeno sorriso. “Essa não é a pior parte. Porque eu não prestei queixa, o cara continuou fazendo a mesma coisa que fez comigo.” “Oh meu Deus,” eu inalei, querendo abraçá-la. “Querida, não é culpa sua. Você não obrigou ele a fazer essas coisas com você ou com o resto.” “Eu sei.” Seu sorriso ficou um pouco mais firme. “Eu sei, mas eu sou um pouco responsável por isso. E o motivo que eu estou te contando isso é porque eu passei anos sem contar a ninguém o que realmente aconteceu comigo e quando eu conheci Cam, me levou ainda mais tempo para conseguir me abrir e dizer a ele a verdade. Eu quase o perdi por causa disso.” Ela inalou profundamente de novo. “Moral da história? Eu tenho vergonha que eu tentei tirar minha própria vida e que eu joguei a culpa em meus pais, mas eu cheguei a um ponto" com terapia" que eu entendo porque eu fiz tudo isso e isso não me transforma em uma pessoa má ou uma amiga pior para as pessoas se eu não me abrir.” “Não.” Eu sussurrei, piscando para afastar as lágrimas. “Você não é uma pessoa má.” Teresa limpou sua garganta então falou, sua voz grossa e, quando olhei pra ela, fiquei tensa novamente. “Quando eu estava no colegial, meu namorado me bateu. Mais de uma vez. Várias vezes, na verdade.” Oh Deus. Eu não podia acreditar. Teresa nunca pareceu o tipo de pessoa que ficaria em um relacionamento abusivo, mas logo que esse pensamento começou, eu percebi o quão julgadora eu estava sendo.
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“Eu era nova, mas isso não é a maior desculpa por estar com um cara que me batia.” Ela disse, seguido meus pensamentos. “Eu mantive para mim mesma e escondi. Eu inventava histórias sempre que os hematomas eram visíveis, mas um ano, logo depois do Thanksgiving, minha mãe viu e não tinha mais como esconder o que estava acontecendo. A coisa pior não era estar em um relacionamento abusivo, mas o que isso fez com meu irmão. Ele enlouqueceu, Calla. Ele dirigiu até a casa do meu namorado. Cam o confrontou e... e ele entrou de cabeça. Cam bateu tanto nele que o cara terminou no hospital e meu irmão foi preso.” “Puta merda,” Eu disse, com os olhos arregalados. Teresa concordou. “Cam teve vários problemas, e eu vivi com a dúvida por um bom tempo. E se eu não tivesse ficado com ele? E se eu tivesse dito a alguém? Cam teria perdido praticamente tudo? E ele perdeu muito. Um semestre da faculdade. Ele estava fora do time de futebol e ele, também, teve de lidar com a merda que ele fez. Eu carreguei muita culpa por causa disso. Até os dias de hoje, eu ainda me arrependo.” “Eu tenho certeza que Cam não te culpa,” eu disse. “Ele não o faz.” Foi Avery que respondeu. “Ele nunca o fez.” O sorriso de Teresa era bobo. “Isso é porque meu irmão é incrível.” Eu me inclinei para apertar sua mão, sentindo as lágrimas realmente começarem a se formar em meus olhos. Avery pressionou contra meu lado. “Assim como Jase. Ele também é bem incrível.” Uma risada fraca saiu de mim. “E ele tem seus segredos. Uns realmente grandes e importantes" segredos que não posso contar, porque isso é assunto seu, mas eu estive no escuro por muito tempo e quando ele me deixou entrar, eu entendi porque ele manteve algumas coisas para si mesmo.” Emoção enchia o rosto de Teresa enquanto ela continuava. “O ponto disso, Calla, é que nós todos tivemos coisas que passamos e que temos vergonha e coisas que gostaríamos que pudéssemos falar com alguém muito antes.” “Mas contar a alguém, confessar tudo...” Avery sorriu novamente quando eu olhei para ela. Ela apertou minha mão de volta e eu percebi que por minha causa, todas nós 349
estávamos conectadas nesse momento. “Sem querer soar totalmente cliché e boba, mas isso muda tudo.” “Especialmente quando você conta a seus amigos,” Teresa adicionou gentilmente. Pressionando meus lábios juntos, eu concordei algumas vezes mas não tinha certeza do que exatamente eu estava concordando. Provavelmente com tudo e, talvez, um minuto se passou antes que eu pudesse encontrar o que foi que me deu a habilidade de contar a Jax que não envolvesse tequila. Eu contei a elas sobre minha mãe" tudo. O jeito que ela era antes e como ela era agora e o que causou essa mudança. O incêndio. Eu contei sobre Kevin e Tommy, meu pai, que desistiu de nós. E eu contei sobre as cicatrizes, todas elas, e eu fiz isso tudo choramingando como um bebê que tinha acabado de jogar seu brinquedo favorito no chão e ninguém foi pegar. Na verdade, nós estávamos tendo um festival de lágrimas, mas havia algo limpo em se abrir e compartilhar com elas depois de todas as histórias poderosas que elas me contaram. Também havia algo limpo nas lágrimas. Quando eu terminei, nós tínhamos nossos braços em volta uma da outra e eu finalmente senti o que Jax tinha acreditado" que eu era corajosa, porque precisou muita força de vontade para contar a elas. Não importava que Jax sabia, e essas meninas entendiam que não importava quantas vezes você contasse a alguém, poderia ficar um pouco mais fácil, mas ainda era complicado. Enquanto nos segurávamos, eu percebi algo importante. Era o tipo de tristeza que levava vinte e um anos para perceber, que família não era apenas as conexões de sangue e DNA. Família era além disso. Assim como com Clyde, mesmo que eu não fosse parente de Teresa ou da Avery, elas eram minha família. E tão importante quanto isso, mesmo com meus olhos inchados e lágrimas correndo pelo meu rosto, eu senti o que Jax disse sobre mim, algo que eu só senti quando me despi para ele. Eu me senti corajosa. Fungando, Teresa se afastou e limpou seus olhos com seus dedos. “Agora que temos tudo isso, qual a bunda que precisamos chutar para te manter longe dos problemas da sua mãe?” 350
Capítulo Vinte e Seis
Faltava um pouco mais de uma hora para o amanhecer quando todos saíram da casa de Jax. Teresa e o pessoal ainda iriam fazer o tour por Philly amanhã mas, por mais que eu quisesse passar tempo com eles, não era algo inteligente e Detetive Anders poderia enlouquecer se eu fosse passear pela cidade. O que era uma merda, porque eu sentia falta dos meus amigos e havia mais de um momento onde eu me perguntava se essa seria minha vida agora, não poder fazer diversas coisas, por causa dessa ameaça que havia sobre minha cabeça. Mas eu tinha que admitir algo. Eu não sabia o que, mas eu não tinha certeza se poderia viver assim por muito tempo sem enlouquecer. Apesar disso, Jax veio com uma ótima ideia" um café da manhã tardio ou um almoço cedo em sua casa com todo mundo antes que eles fossem para a cidade e, mais provavelmente, voltassem para West Virginia. Então eu poderia ver eles... atrás de quatro paredes. Era melhor que nada. Eu tinha acabado de me trocar para meu pijama quando eu finalmente, depois de horas, estava sozinha com Jax. Ele tinha acabado de entrar no quarto e sua expressão estava fixa, maxilar tenso e seus lábios pressionados em uma linha firme. Um nervosismo, de repente, cresceu em mim, misturado com linhas de ansiedade. Com tudo que aconteceu, eu não tinha me esquecido que tínhamos meio que discutido e que isso não estava resolvido, mas era algo que não estava no topo da lista. Mas agora estava aqui, passando pelas outras coisas no meio do caminho. Não importava que os problemas com Aimee não chegassem perto de todos os outros. A intensidade que estava no rosto de Jax me imobilizou enquanto ele andava, parando diretamente na minha frente. Nossos olhares estavam presos e eu engoli forte enquanto ele levantava uma mão. Em vez de tocar minha bochecha esquerda, algo que eu
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já vinha me acostumando, a ponta de seus dedos passaram pelo meu maxilar até o canto do meu lábio cortado. “Machuca?” ele perguntou. Eu dei uma pequena balançada com a cabeça. “Não. Não muito.” A íris de seus olhos escureceu enquanto ele baixava sua mão. “Não deveria ter acontecido.” Bem, eu não ia discordar disso. Ele passou sua mão pelo seu cabelo. “Eu nem percebi que você saiu. Você estava com uma arma nas suas costas e eu estava logo aqui, não muito longe, e nem percebi. Eu deveria ter visto.” “Whoa. Espere um pouco. Isso" tudo isso" não é culpa sua, Jax. Você estava ocupado no bar e eu estou feliz que você não viu isso acontecendo,” eu disse a ele. “Você poderia ter se machucado.” Sua expressão era de alguém incrédulo. “Eu poderia ter me machucado? Você se machucou, Calla. O maldito te bateu e você está preocupada comigo?” “Bem, Sim... isso e o bar cheio de pessoas que ele ameaçou atirar.” Logo que eu disse essas palavras, eu percebi que elas não importavam. Isso, provavelmente, só ajudou a provocá-lo mais. Me afastando, eu sentei na cama. “Eu estou bem, Jax. Sério.” “Você teve de morder uma pessoa. Você tinha sua boca na pele de algum imbecil e teve de morder para se defender. Como isso te faz ficar bem?” “Quando você coloca desse jeito, eu não sei.” Seu maxilar tremia enquanto ele andava para frente e se ajoelhava na minha frente. “Eu prometi que você não iria se machucar.” “Jax...” “E você se machucou.” Suas mãos se fecharam na parte de trás dos meus joelhos e ele os afastou enquanto se inclinava. Ele estava encarando meu braço, e meu olhar
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seguiu o seu. Havia um hematoma ali também. “Eu não estou bem com isso. Isso fode com minha cabeça" apenas o suficiente. Eu estive nessa situação antes.” Eu não peguei logo de cara o que ele estava dizendo e quando finalmente entendi, eu balancei minha cabeça. “Não é a mesma coisa que foi com sua irmã.” Jax não disse nada. “Você sabe disso, certo? Eu não sou sua responsabilidade. Não assim,” eu insisti. “Assim como Jena não era.” Ele desviou o olhar, maxilar tenso. “Mesmo se você estivesse...” “Calla,” ele avisou. Eu o ignorei. “Mesmo se você estivesse em casa, Jax, não haveria nenhuma dúvida envolvida.” “Apenas... apenas deixe isso.” “Não.” Eu não ia parar agora. “Ela teria tido uma overdose mesmo se você estivesse no cômodo ao lado. Você estar lá não teria mudado o resultado. De um jeito ou de outro, ela teria encontrado seu caminho.” Seu olhar voltou para o meu. “Como você sabe isso?” “Porque eu vivi isso também.” Eu segurei seu olhar. “Não tinha nada que eu pudesse fazer para alterar o caminho da minha Mãe e eu tentei. Eu tentei um milhão de vezes. Você sabe lá no fundo que seria o mesmo com a sua irmã.” Alguns minutos se passaram até que ouvi um suspiro profundo vindo dele. “Eu não sei, Calla. Isso... Sim, é difícil realmente aceitar.” “Eu sei.” Oh Deus, eu sabia, e eu também sabia que não tinha muito que eu pudesse dizer para mudar qualquer tipo de culpa que Jax carregava. Era algo que poderia levar muito tempo e ele teria que encontrar por conta própria.
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“Eu acho que você vai precisar ficar aqui por alguns dias,” ele disse depois de um momento. Minhas sobrancelhas juntaram. “Eu já estou ficando aqui, não estou?” “Não foi isso que quis dizer, babe.” Seus dedos passaram pelas marcas acima do meu cotovelo. “Ficar longe do bar até... bem, até que isso se acalme.” “O que?” Eu puxei meu braço e seu queixo levantou, seus olhos de volta aos meus. “Eu não vou me esconder nessa casa ou em qualquer lugar. E não é porque eu não entendo o que está acontecendo, mas é porque eu preciso do dinheiro.” Suas mãos se fecharam na parte de trás dos meus joelhos novamente. “Calla...” “Eu realmente preciso do dinheiro. Eu tenho mais de cem mil em débitos, Jax. Eu não estou fazendo muito dinheiro, mas eu estou conseguindo algo. Eu não posso me dar ao luxo de relaxar no Programa de Realocação do Jax.” Seus lábios se curvaram. “Programa de Realocação do Jax?” Meus olhos se estreitaram. Ele riu um pouco, mas não todo, a raiva passou em sua expressão. “Eu gosto de como isso soa.” “Tenho certeza que sim,” Eu retruquei, secamente. “Eu só... eu preciso ser mais cuidadosa, mais atenta ao meu redor. Quero dizer, eu tenho certeza que Mo pareceria inofensivo no bar. Eu preciso prestar mais atenção.” “Assim como eu,” ele concordou firmemente. Eu comecei a negar mas imaginei que não havia propósito. Um pouco da raiva ainda estava em seu rosto e eu me lembrei do olhar quase assassino em seus olhos mais cedo no bar. Enquanto eu o observava, algo mudou em seus olhos. A cor ainda era escura, mas era mais quente, bem mais. Estava tarde. Ou cedo. Dependia de quem olhava. E ainda havia muito que precisávamos conversar, começando por Aimee com um ‘i’ e dois ‘es’ e o seu ‘você precisa confiar em mim’, a solução para ela toda em cima dele como se fosse um pedaço suculento de carne. 354
Sim, nós realmente precisávamos falar sobre isso. Mas enquanto ele me encarava, eu podia dizer o que ele estava pensando" eu podia sentir o que ele estava pensando. E depois de quase ser raptada e finalmente ter me aberto para Avery e Teresa, a última coisa que eu queria fazer as quatro da manhã era falar sobre Aimee, suas mãos bobas e como elas me faziam querer me transformar em um canguru raivoso e chutar sua cabeça fora de seus ombros. Eu precisava falar com ele. Era algo sério e ele estava certo, haveriam algumas milhas entre nós no outono, e eu precisava confiar nele. E eu confiava. Meio. Meu cérebro suspirou, literalmente suspirou. Mas meu corpo fez um sinal contente quando as mãos de Jax se moveram para minhas coxas, alcançando a barra dos meus shorts. Um lado de seus lábios rapidamente se curvou para cima, naquele seu meio sorriso sexy. Okay. Nós poderíamos falar mais tarde. Sem dar uma chance para meu cérebro argumentar que isso era uma má ideia e que eu iria estar jogando todo meu poder feminino ou qualquer merda do tipo fora por um bow-chick-a-wow, eu peguei a lateral da sua camiseta e a puxei para cima. Sem palavras, Jax se afastou e levantou seus braços. Sem perder tempo, ele estava sem camisa e minhas mãos estavam em seu peitoral duro, e mais uma vez eu me perguntava como passei tanto tempo sem saber como o peitoral de um homem" o peitoral de Jax" parecia abaixo dos meus dedos. Eu baixei minha cabeça e Jax cruzou o resto do caminho, me encontrando antes que eu conseguisse chegar na metade do caminho, e o beijo era doce, carinhoso e gentil. O doce passar de seus lábios atingiram diretamente meu peito e fez meu coração apertar. Deus, eu estava perdida por ele.
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Suas mãos deslizaram pela minha lateral, pegando a barra da minha blusa e, então, ele tinha conseguido tirar ela. Eu estava nua da cintura para cima e o ar frio passava por minha pele quente enquanto Jax se levantava, colocando suas mãos em meus ombros. Ele beijou o canto dos meus lábios gentilmente e sua boca viajou sobre o hematoma em meu maxilar enquanto ele me deitava de costas. Os pêlos em seu peito pinicavam o meu enquanto sua boca deslizava pela minha garganta. Minhas mãos pararam em seus braços, sentindo os músculos flexionados em seus bíceps enquanto ele se levantava. Então seus lábios estavam na ponta dos meus seios e meu corpo estava vivo. Minhas costas arqueadas e minha boca aberta em um ganido. “Você é tão sensível,” ele disse contra meu seio. “Faz te deixar excitada e pronta tão mais fácil.” Ele estava certo. “Desculpa?” Jax riu. “Só você quer se desculpar por isso.” Então ele passou sua língua sobre a ponta enrijecida e minhas unhas enterraram em sua pele. Ele mudou seu peso de um braço para o outro e, então, sua mão estava em volta do meu outro seio, e isso virou meu local feliz, especialmente quando eu podia senti-lo duro pressionando contra minha coxa. Sensações corriam pelas minhas veias enquanto sua mão esquerda deixava meu seio e descia pela minha barriga. Sua mão parou logo abaixo meu umbigo e deslizou abaixo dos meus shorts. Eu gemi enquanto ele sugava profundamente, como se ele pudesse me retirar do meu próprio corpo. E eu realmente pensei que ele pudesse. Ele beliscou a pele sensível e se levantou, rolando para longe de mim enquanto ele se sentava e tirava meu shorts e minha calcinha. Assim que eles se foram, suas roupas acompanharam. Ele desapareceu e voltou logo em seguida, com um pacotinho de alumínio em sua mão. Uma vez que tinha se protegido e seu corpo estava sobre o meu novamente, ele começou tudo de novo, beijando o canto do meu lábio gentilmente, movendo sobre o machucado no meu maxilar e para baixo, para meu seio esquerdo e, então para o direito. Um gemido escapou de mim enquanto minhas costas arqueavam. “Jax...”
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“Merda.” Sua voz era grossa e profunda enquanto seu quadril estava sobre o meu, e eu abri minhas pernas, o convidando, o querendo. Quando ele começou a se afastar, eu sabia que ele queria ir devagar, me deixar a beira da loucura, mas eu não iria aceitar isso. “Nem pense nisso,” eu respirei, ofegante. “Eu quero você. Agora.” Uma de suas sobrancelhas levantou. “Ser paciente vai valer a pena, babe.” “Que se foda a paciência.” Ele riu, mas sua risada terminou com um gemido quando eu alcancei entre nós, passando minha mão na base de seu pênis. “Merda, babe, você realmente está impaciente hoje a noite.” Meus dedos envolveram ele enquanto seu quadril se afastava, me dando uma visão privilegiada daqueles músculos sexys de cada lado do seu quadril. “Talvez um pouco.” Uma de suas mãos passou pelo meu quadril, pela minha coxa enquanto ele me levantava, eu o guiei exatamente para onde eu o queria. Sua ponta pressionada e alinhada com meu núcleo. Eu movi minhas mãos, passando um braço em volta de seu pescoço. Tão forte quanto ele era, ele me segurou. Seu sorriso ficou convencido. “Jax” eu sussurrei. Posicionado, ele deslizou para dentro talvez um centímetro enquanto ele baixava sua boca até que estivesse próxima a minha. “Você quer isso?” “Isso é uma pergunta idiota.” “Oh? É?” Ele passou seu dedão sobre meu seio e, quando segurou meu mamilo entre seus dedos, eu gemi a sensação de prazer. Eu suspirei. “Não é justo.” “Não sei como eu me sinto sobre você dizendo que a pergunta é idiota.” Baixando sua cabeça, ele fez um caminho de beijos pelo meu ombro enquanto continuava a beliscar
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meu mamilo até que meus seios estivessem pesados e inchados. “Ainda é uma pergunta idiota?” “Sim,” eu forcei a me soltar até que estivesse com uma perna livre. Eu passei elas em volta do seu quadril e o puxei enquanto empurrava meu próprio quadril para cima. Ar escapou por entre seus dentes enquanto ele afundava, direto para o centro. A sensação dele me preenchendo era algo que eu nunca iria esquecer. “Babe,” ele gemeu. “Eu acho que você está precisando de mim.” E eu estava. E ele não estava se movendo. Nope. O cara tinha um auto controle infinito. Ele estava completamente imóvel, profundamente em mim, e eu estava completamente sem paciência. Eu investi meu quadril contra ele e nós gememos juntos. “Deus, você realmente quer isso agora.” Ele beijou onde podia sentir meu pulso. “Você está pedindo.” Eu senti minhas bochechas esquentarem enquanto eu dizia. “Estou.” Jax baixou sua cabeça, passando sua língua pelo centro dos meus lábios até que eu os abrisse para ele. Ele me beijou profundamente, ainda consciente do corte em meu lábio e, então, levantou sua cabeça. “Você está comigo?” Lembrando que ele havia dito isso antes, na nossa primeira vez, eu concordei e sussurrei. “Sim.” Ele me beijou novamente. “Então fique comigo.” Antes que eu pudesse questionar isso, ele quebrou o aperto das minhas pernas e saiu. Meu gemido de protesto foi perdido quando ele pegou meus lábios e me virou de costas. Eu congelei. Meu cabelo tinha sido jogado sobre meu ombro e minhas costas estava completamente exposta para ele, a pior parte de mim, e ele tinha visto antes, mas agora era diferente. Eu comecei a me mexer, tentando me virar, mas ele segurou meu quadril e
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me levantou de joelhos. Sua frente estava pressionada contra minhas costas e eu estava em pânico, misturado com outras emoções. “Fique comigo, baby,” ele disse contra meu pescoço. “Jax...” eu perdi a habilidade de falar quando ele investiu em mim por trás. Sentir ele assim era diferente, mais cheio e apertado. Eu estava apoiada nos meus joelhos e mãos e ele estava enterrado em mim. Eu não conseguia respirar. A sensação era tão intensa, esmagadora e poderosa. “Ainda está comigo?” ele perguntou. Eu estava. Eu não podia acreditar. Mas eu estava. Eu estava completamente com ele. Ele passou uma mão sobre meu ombro. “Calla?” “Sim,” eu disse. “Estou com você.” “Bom,” ele murmurou. E, então, ele ficou mais áspero. Ele se movia dentro de mim forte e profundamente, alternando com investidas mais vagarosas para me levar e, nessa posição, por trás, era totalmente diferente das outras vezes. Um carrossel diferente de sensações me acendiam. Meus dedos estavam agarrando o edredom enquanto meu quadril naturalmente respondia as suas investidas. “Oh meu Deus,” eu sussurrei. Eu não sabia muito sobre sexo e todas as vezes que eu tinha feito com ele, eu tinha sido surpreendida, mas eu não sabia que eu poderia sentir assim. Os sons de aprovação vindos dele passaram por mim e ele colocou um braço em volta da minha cintura, selando seu corpo com o meu. Então sua mão foi para entre minhas pernas, seu dedão pressionando contra meu centro e foi simplesmente muito de tudo. Meu corpo tremia enquanto o prazer aumentava tão rapidamente que me fazia sentir tonta, enquanto ele investia contra mim, e meus movimentos ficaram frenéticos enquanto eu empurrava contra ele.
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Contra meu pescoço, ele grunhiu. “Nunca foi assim. Não com ninguém. Só com você.” Eu perdi a respiração e fiquei perdida nessas palavras, em como seu corpo se movia atrás de mim, rápido e lindo em sua selvageria, e logo o quarto estava cheio com os sons dos nossos corpos colidindo e nossos gemidos. Perdemos o ritmo e ele estava no controle, a tensão se formando e eu podia sentir que ele estava perto pelo jeito que ele espasmava dentro de mim. “Nunca foi assim,” ele gemia em minha orelha. Eu cheguei a beira nesse momento. Meu corpo contraiu no seu, meus braços, minhas pernas e cada parte de mim enquanto eu jogava a cabeça para trás e gemia. A pressão dentro de mim explodiu, serpenteando por mim enquanto ele gemia com cada investida poderosa. Meus braços cederam. Minha bochecha estava contra a cama e ele continuou a me levar por trás enquanto tinha um braço em volta da minha perna, levantando-a e atingindo cada parte de mim. A sensação, os sons que ele fazia, nossos corpos, isso me atingiu novamente e dessa vez eu gritei seu nome e, quando ele entrou em mim mais profundamente que antes, seus gemidos eram pesados e sensuais na minha orelha enquanto ele gozava. Só assim ele acalmou, seu corpo parecendo deslizar por conta própria enquanto ele trabalhava sua liberação e, os espasmos que vinham depois ainda me surpreenderam. Eu não sabia quanto tempo tinha se passado com ele se movendo dentro de mim antes que parasse, saísse e levantasse para lidar com a camisinha. Eu não me movi. Isso estava além da minha capacidade. Meus músculos eram gelatina. Eu estava exatamente onde ele me deixou quando ele voltou para cama e eu não era nada enquanto ele me colocava debaixo das cobertas ou quando ele me rolou de lado, colocando meu corpo contra o dele. “Você está bem?” ele perguntou. “Mmm-hmm,” eu murmurei sonolenta. Houve uma pausa. “Eu te machuquei?” “Não. Foi ótimo.” 360
Ele beijou a parte de trás do meu ombro. “Você gostou disso.” Não era uma pergunta, não do jeito que ele disso, mas eu murmurei novamente. “Mmm-hmm” A risada de Jax arrepiou meu pescoço enquanto ele me puxava mais para perto dele, para que não houvesse espaço entre nós. “Você ainda está comigo?” “Eu ainda estou com você.”
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Capítulo Vinte e Sete
Jogada na cama com minha barriga para baixo, com um braço enfiado por baixo do travesseiro, com minha bochecha descansando sobre ele e o outro braço sobrado ao meu lado, eu vagarosamente acordei para sentir um toque, como uma pena, trilhando sobre meu quadril até a curva das minhas costas. Eu me movi, pisquei, abrindo meus olhos e fui imediatamente cegada pela luz do sol que entrava no quarto. Gemendo, eu fechei meus olhos e tentei me cobrir. Meus ossos não pareciam estar presos a nenhum dos meus músculos e, de alguma forma, essa era uma sensação prazerosa. Assim como a leve pressão traçando minha pele. Eu nunca dormi com a barriga para baixo antes e honestamente nem me lembrava de ter pegado no sono. Eu imagino que foi alguma hora depois que Jax tinha passado seu braço em volta de mim. Meu corpo ainda parecia cansado, mas da melhor maneira possível. Tanto que... Então meus olhos abriram, arregalados. Tudo que eu vi quando meus olhos se ajustaram a luz foram as portas do armário de Jax e eu imaginei que ele era o responsável pelo que eu podia sentir como se fosse um desenho sendo feito na minha bunda, a não ser que algum artista tivesse subido na cama comigo. Minhas costas estavam nuas. Inferno, o lençol e as cobertas estavam enroladas nas minhas coxas e eu tinha certeza que Jax podia ver a bagunça que era a minha pele, assim como na noite passada quando ele me virou para me pegar por trás. Minhas costas estavam visíveis na noite passada e isso foi... algo okay porque eu duvidava que ele estava realmente prestando atenção. Eu fiquei tensa e minha respiração era irregular enquanto me preparava para rolar para longe dele, o que o daria uma visão privilegiada dos meus seios. E, enquanto eu estava consciente que teria de mostrar ou minha frente ou minhas costas para ele, eu tinha
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certeza que tinha umas linhas estranhas feitas pelo lençol bagunçado na minha pele e isso, a cima de tudo, não seria sexy. Como se eu fosse totalmente o oposto de sexy agora. “Não.” Eu encarei o armário, considerando fingir que eu ainda estava dormindo mas tive que abandonar essa ideia porque era idiota, então eu resolvi brincar de ser a idiota. “Não o que?” A mão de Jax segurou meu quadril nu. “Não esconda. Eu sei que você estava se preparando para fugir. Não.” Meus olhos se fecharam e eu me forcei a ficar imóvel. Depois de um segundo, ele voltou a traçar carinhas felizes na minha bunda ou qualquer que fosse o que ele estava fazendo. Parecia que seus olhos estavam cavando buracos na pele descolorida e áspera, como se pudessem ver através das camadas como raio x. “Você tem uma bunda linda.” Uh. “É serio. Sua bunda é extremamente linda, babe.” Ele continuou, e meus cílios levantaram enquanto minhas sobrancelhas franziam. “Você é uma das mulheres que somente nasceram com uma boa bunda. Nenhum tipo de exercício pode criar uma bunda assim.” “Você está certo,” eu disse depois de uns segundos. “Eu acho que foram os Big Macs e os tacos que criaram essa bunda.” Jax riu profundamente e isso me fez sorrir, então eu senti suas pernas se moverem sobre as minhas, seguida por seu cumprimento duro e quente pressionado sobre minha bunda. “Então nunca pare de comer esses Big Macs e tacos.” Imediatamente eu estava molhada. Totalmente. Eu não sabia se era a sensação dele tão perto a minha parte mais sensível, ou o fato que ele tinha acabado de falar para eu nunca parar de comer os Big Macs e tacos. De qualquer forma, eu estava pronta. “Eu posso fazer isso, “ eu disse com a voz tremula. “Comer Big Macs e tacos.”
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Ele colocou um beijo no meu ombro enquanto seu joelho separava minhas coxas e sua mão deslizava entre nossos corpos. “Nós devemos estar saindo logo.” Eu posso ter gemido algo negativo. Sua risada dançou sobre meu ombro. “São quase dez. eu não tenho ideia de que horas seus amigos vão chegar.” “Nós temos tempo,” eu disse a ele quando realmente não tinha certeza se tínhamos ou não. A mão de Jax foi parar entre minhas pernas e meu quadril levantou quando seus dedos encontraram minha umidade. “Merda, querida, você é insaciável. Eu amo isso.” Oh, meu coração fez uma pequena dança feliz quando ele usou a palavra amor mesmo que isso não significasse nada. Sua mão desapareceu e eu esperei que ele saísse de mim e fosse pegar uma camisinha, mas ele não se moveu e, depois de uns segundos, eu comecei a sentir aqueles arabescos novamente. Me apoiando em meu cotovelo, eu olhei para ele sobre meu ombro. Deus, só ele poderia parecer incrivelmente, ridiculamente sexy depois de ter dormido apenas algumas horas, com seu cabelo bagunçado e uma leve sombra em seu maxilar. Por um momento, eu meio que me perdi olhando para ele e quando eu percebi que ele estava encarando minhas costas. De verdade. Tensão se acumulou em meus olhos e depois do que pareceu uma vida, seu olhar encontrou o meu. E eu disse o que precisava dizer. “Eu não gosto disso.” Sua expressão ficou séria. “Por que, baby?” Eu sabia pelo jeito que ele tinha perguntado que era algo genuíno e, por alguma razão, isso criou uma bola em minha garganta. Meus braços se moveram e eu voltei a descansar minha bochecha no travesseiro. “É feio,” eu sussurrei. Jax estava quieto enquanto ele tirava algumas mechas de cabelo das minhas costas. “Você quer saber o que eu vejo quando olho para suas costas?” “Que parece como o mapa das Montanhas Appalachia?” Eu brinquei, mas me sentia dura como ferro. 364
“Não, querida.” Ele inalou profundamente. “Eu vou ser honesto, okay? Eu não vou ficar sentado aqui e te dizer que o que eu vejo é algo fácil.” Oh Deus. Meu coração caiu e eu pensei que ele fosse fugir. “Mas não é pela razão que você acha,” ele continuou e eu senti, senti sua mão sobre a pior parte nas minhas costas e meu corpo todo pareceu reagir ao toque, mas eu não podia ir a lugar nenhum porque ele estava praticamente deitado sobre mim. “Quando eu vejo suas costas, o que eu penso é sobre a dor que você experimentou. Eu não sei exatamente como isso é, mas eu tive estilhaços perfurando minha pele e eu tenho certeza que isso não chega nem perto do que você sentiu. Mas quando a bomba acionou no deserto, eu vi soldados" meus amigos" serem queimados vivos.” Eu apertei meus olhos fechados, mas suas palavras dispararam imagens na minha cabeça que eu não queria ver, mas precisava. “E eu sei que não tem uma dose de analgésicos que pode realmente amortizar o tipo de dor que essas queimaduras fizeram e você sobreviveu a isso. Isso é o que eu penso quando eu as vejo. Também penso sobre como essas malditas cicatrizes moldaram sua vida. Como elas te derrotaram e ainda assim você é uma das meninas mais lindas que eu já vi e essas cicatrizes não mudam isso. Elas não são nada comparadas com seu sorriso, com seus olhos azuis ou com sua linda bunda.” Oh meu Deus. E ele não tinha terminado. “Você sabe o que mais eu vejo? Um lembrete físico de quão forte você é Calla, o quão corajosa você é. Isso é o que eu vejo quando olho para suas costas. Um mapa de braveza, de força e de coragem.” Oh meu Deus. Meus olhos se encheram de lágrimas. Uma bola de emoções estava na minha garganta novamente, pronta para explodir e inundar a terra. “E essa merda não é feia.” Ele baixou sua voz até virar um sussurro. Eu me virei, me apoiando em meus cotovelos e olhei sobre meu ombro para ele novamente. Seu rosto estava embaçado. “Jax...”
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“Essa merda é linda em seu jeito único, mas ainda assim linda.” Algumas lágrimas caíram e eu sabia que eu realmente iria começar a soluçar, porque essa era a coisa mais perfeita que eu já tinha ouvido, e tudo que eu consegui dizer foi um sem graça. “Obrigada.” Um lado de seus lábios se curvaram para cima. Eu queria dizer mais e eu iria chorar mais, e era uma coisa boa que seu telefone começou a tocar porque eu estava a segundos de dizer a ele que o amava e que queria ter seus bebês. Não ter seus bebês agora, mas depois, mas eu imaginava que era cedo demais para dizer uma coisa dessas, mas por Deus, eu o amava. Jax ignorou seu telefone enquanto me virava de costas. “Eu acho que você entendeu,” Apoiando um braço no travesseiro, ele afastou as lágrimas com sua outra mão. “Finalmente.” A semente do entendimento esta lá, e era pequena e frágil, mas estava lá, enterrada em meu estômago como uma que tinha acabado de desabrochar. Precisava de amor e cuidado, mas eu estava começando a compreender. Ele sorriu e disse, “Sim.” Então ele baixou sua cabeça, beijando minha bochecha esquerda assim que seu telefone começou a tocar novamente. Ele se afastou, atirando um olhar para o criado-mudo. “Você deveria atender.” Minha voz era grossa. Jax não parecia que queria, mas com um palavrão, ele saiu de cima de mim e pegou seu celular. Ele atendeu a chamada com um “O que?” Eu tinha acabado de me ajustar contra o travesseiro, prestes a repassar todo seu discurso novamente de um modo meio obsessivo, quando Jax se sentou de repente. “Que?” O tom em sua voz me fez ficar ansiosa e eu reagi. Me sentando, eu peguei o lençol e cobri meus seios. “Sim, eu sou Jackson James. O que está acontecendo?” Houve um período de silêncio e, então, ele estava de pé e eu estava encarando seu traseiro definido. Ele olhou sobre seu ombro para mim, com o maxilar tenso. “Sim. Obrigado. Yep.”
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“O que está acontecendo?” Eu perguntei logo que ele abaixou o telefone. Jax pegou seu jeans e roupa de baixo do chão. “Você precisa acordar e se vestir querida.” O seu tom dizia que não havia lugar para argumentar e eu sabia que algo tinha acontecido, então fiz o que ele pediu. Eu joguei as cobertas pro lado e me levantei. Jax já estava de jeans e logo estava na minha frente. Fiquei sem ar quando eu vi o olhar que ele tinha. Oh não. Meu coração acelerou. “É minha mãe, não é? Eles acharam seu co...” “Não, querida. Não é sua mãe.” Ele segurou minhas bochechas, seus olhos procurando os meus. “É Clyde. E é serio. Ele teve um ataque cardíaco.”
Uma das razões que eu queria ser uma enfermeira era porque eu odiava hospitais. Eles eram o centro de memórias de perdas, dor e desespero e de um modo, me tornar uma enfermeira era um jeito de superar esse medo. Mas mesmo por razões óbvias, eu não estava pensando na minha futura carreira e eu odiava eles ainda mais hoje que eu tinha em muito tempo, porque eu estava a beira de ter mais uma memória horrível atrelada a um hospital. Nós estávamos na sala de espera do lado de fora do tratamento intensivo, e estávamos ali por pelo menos meia hora. Nós tínhamos chegado, onde fomos avisado que o médico de Clyde iria nos ver logo, mas ninguém tinha vindo. Isso não podia ser bom. O lugar estava vazio com a exceção de Jax e eu, e eu estava grata por isso porque eu mal estava me contendo. Quando Teresa ligou dizendo que estava a cinco minutos da casa de Jax, eu tinha esquecido totalmente deles. Uma vez que expliquei o que aconteceu, ela disse imediatamente que iria para o Hospital Montgomery, mas eu disse para eles não virem e que eu os manteria informado. Primeiro, eu queria que eles aproveitassem o dia em Philly e, depois, eu iria perder a calma se eles estivessem aqui. Eu iria perder de qualquer maneira.
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Agora eu encarava o quarto branco e estéril com cadeiras marrons e sofás. Tudo que eu sabia que que ele tinha tido um ataque cardíaco e que era feio. Clyde estava na cirurgia. Era isso. “Querida, eu acho que você deveria se sentar,” Jax sugeriu. “Não posso.” Eu passei pela fila de cadeiras. “Quanto tempo mais você acha que vai levar?” Ele se inclinou para frente, apoiando seus braços em suas coxas. “Não sei. Esse tipo de coisa pode levar muito tempo.” Concordando, eu cruzei meus braços sobre meu peito e continuei andando. “Eu sabia que havia algo de errado com ele, especialmente noite passada. Ele estava esfregando muito seu peito, ficando com o rosto vermelho ou extremamente pálido. E ele estava suando...” “Calla, você não sabia. Nenhum de nós sabia. Você não pode se culpar por isso.” Ele tinha um bom ponto, mas eu tinha visto o jeito que Clyde estava noite passada quando ele apareceu e correu para cima do sequestrador. Eu balancei minha cabeça enquanto a raiva crescia dentro de mim como uma sombra na noite. “Foda-se ela,” eu suspirei. Jax se endireitou. Eu olhei para ele por um momento então desviei o olhar. “Eu sei que ele deveria estar muito estressado por causa do bar e por causa dela estar desaparecida. Inferno, você está estressado! Você esteve cuidando do bar por ela e pelo que? Gorjetas e pagamento mínimo?” Uma expressão estranha apareceu em seu rosto enquanto ele esfregava a mão em seu maxilar. “Eu quase fui sequestrada ontem a noite por causa dela e Clyde estava lá. Ele não precisa desse tipo de stress. O que isso fez com ele?” Eu parei, descruzando meus braços e apertando minhas mãos em punhos. A raiva tinha virado veneno em meu sangue enquanto eu dizia. “Eu odeio ela.”
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Jax piscou. “Babe...” Perdi a respiração. “Eu sei que não devia mas não consigo evitar. Olhe o que ela fez com tudo mundo. E pelo que? Eu sei que sua vida foi difícil porque eu a vivi! Eu estava ao seu lado, Jax! Eu vivi isso também, mas eu...” “Nós provavelmente não estaríamos aqui hoje. Você sabe disso, certo?” ele disse com a voz baixa. “Ela nos deu isso.” Ela nos deu isso. Eu fechei minha boca, meus ombros tensos. Eu encarei seus olhos e tive que desviar o olhar. A queimação em meu peito doía. E tão rápido quanto o veneno entrou nas minhas veias, ele diminuiu e eu sussurrei. “Sim, ela nos deu isso.” “Você não a odeia.” Meus olhos se fecharam para evitar o fluxo de lágrimas. “Eu sei.” A verdade era que às vezes eu queria odiá-la, porque ai eu não me importaria com o que acontecesse com ela e com o que ela tinha feito da sua vida. Eu não teria de me preocupar com quais drogas ela estava usando. Eu não teria que me preocupar se ela tinha um teto sobre a cabeça ou roupas limpas. Eu não teria que me preocupar e, merda, importar dói.” Uma emoção crua esteve ali por tanto tempo antes de hoje, dessa semana ou até mesmo desse ano, começou a crescer em mim, e eu comecei a tentar controlá-la. Eu precisava focar em outra coisa. “Por que eles te ligaram?” “Eu acho que sou seu contato de emergências.” O que significava que eu não era. Eu não era o contato do homem que ajudou a me criar. Era burrice me sentir culpada sobre não ser o contato de emergência de Clyde, mas eu sabia que se eu viesse mais aqui, eu estaria na posição de ser contatada. Me assustava saber que isso poderia ter acontecido e ninguém teria me avisado. E isso me atingiu com a força de um caminhão em alta velocidade. Eu estava fazendo isso errado. Minha vida. Completamente errada, porque haviam sido minhas escolhas que levaram a minha saída dessa cidade e tinham sido 369
minhas escolhas que praticamente acabaram o relacionamento com o homem que tinha sido o único modelo na minha vida. Eu poderia ter mantido contato. Eu poderia estar por perto. Porra. Talvez se eu tivesse, minha mãe teria achado mais difícil de me cortar. Quem sabia? Mas eu tinha corrido na primeira chance que tive e eu sabia que Clyde não me culpava por isso, mas ainda assim. Eu disse a mim mesma que odiava o bar, mas minhas memórias mais felizes tinham sido ali. Eu mentia para mim mesma. Muito. Se eu usava um mapa de coragem, bravura e força nas minhas costas, eu certamente não me comportava assim há muito tempo. Não desde que minha mãe roubou meu dinheiro e eu conheci Jax. Meus joelhos estavam fracos, e eu não tinha ideia de como eu não cai de bunda no chão. “Oh meu Deus.” Jax olhou para mim. “Querida, ele vai ficar bem.” “Se eu não tivesse voltado aqui esse verão e se ele ainda tivesse esse ataque cardíaco, eu não teria como saber.” Eu parei na frente dele. “Jax, eu nunca iria saber, e se ele morresse? E se essa fosse a última oportunidade que eu teria de vê-lo?” Sua expressão ficou tensa enquanto ele passava um braço em volta da minha cintura e me puxava para seu colo. Sua outra mão foi para minha bochecha. “Querida, se algo acontecesse com Clyde eu teria entrado em contato com você.” Lágrimas caiam. “Mas como? Você não me conheceria ou teria um jeito de me encontrar. Você sabia sobre mim, mas isso é diferente.” Aquela expressão estava novamente em seu rosto, mas sua mão deslizou para meu pescoço e ele guiou minha bochecha para seu peito. “Eu teria encontrado você, querida, mas você está aqui e é isso que importa.” Fungando, eu passei meus braços em volta dele e fiz algo que não tinha feito a anos. Eu rezei, realmente rezei para que Clyde ficasse bem. E eu meio que me senti uma paga pau por estar rezando, mas eu fiz mesmo assim. Eu fiquei ali até que a porta se abriu, então me afastei., esperando ver o médico, mas era Reece que entrou, usando seu uniforme. Ele estava trabalhando. Eu fiquei tensa e
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ele deve ter visto isso em meu rosto e imediatamente correu para me tranquilizar. “Eu soube sobre Clyde. Só queria saber se está tudo bem.” “Ele está fazendo uma cirurgia,” eu disse a ele. “Eu não sei nada mais que isso.” “Conhecendo Clyde há uns anos,” Reece disse depois que se sentou ao nosso lado. “Ele é um homem forte. Ele vai passar por isso.” Eu respirei, ainda sem certeza, e Jax passou sua mão pelas minhas costas. “Obrigada.” Reece não disse muito mais, mas ele se sentava como se estivesse planejando ficar por um tempo, o que me deixou calma e aquecida. Quando a porta abriu novamente uns dez minutos depois, eu vi Teresa passando pela porta, seguida dos meus amigos e meu coração apertou. Eu os encarei enquanto eles faziam seu caminho até onde eu estava. “O que vocês estão fazendo aqui?” “Nós tínhamos que vir,” Teresa disse, se sentando do outro lado. Ela se inclinou e apertou meu braço. “Nós queríamos ter certeza que você estava bem.” Cam e Avery ficaram na mesma posição que nós do outro lado as sala, ela em seu colo descansando sua cabeça contra o peito dele. “Nenhum de nós se sentiu bem.” “Nós queríamos estar aqui com você,” Jase disse, se sentando ao lado de Teresa. Eu abri minha boca, balbuciei um tipo de obrigada, e me virei, enterrando meu rosto no pescoço de Jax. Seus braços me apertaram mais e eu disse a mim mesma para não chorar, porque era idiota, mas eu estava transbordando emocionalmente, e eu fiquei daquele jeito até que meus olhos pareciam de alguma forma secos, então eu os agradeci novamente. Eu me recompus e consegui segurar e seguir a conversa ao meu redor. Pelas próximas horas, Roxy e Nick apareceram em momentos diferentes, ficando até que eles tivessem que voltar para o bar. Roxy tinha ficado longe de Reece, mas quando ela saiu, ele misteriosamente levantou e saiu também. Eu imaginava o por que. Todos que trabalhavam no bar apareceram alguma hora, e foi bom para minha alma ver que tantas pessoas se importavam com Clyde.
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Quando eu sussurrei isso para Jax, ele sussurrou de volta. “Eles também se preocupam com você.” E ele estava certo. Como sempre. E isso estava ficando meio irritante. A porta se abriu novamente logo depois disso e meu estômago caiu quando eu vi que era a médica. Eu comecei a me soltar, mas Jax me apertou ainda mais, e tudo que eu era capaz de fazer era encarar o médico. “Como ele está?” Eu perguntei, meu coração batendo rápido. Vestido de azul e parecendo extremamente exausto, a mulher passou sua pequena e delicada mão sobre seu cabelo salpicado de branco. “Você é da família?” “Sim,” eu imediatamente respondi. Consanguínea ou não, Clyde era família. Seus olhos passaram pela sala de espera. “Vocês todos são da família?” “Sim, nós somos todos da família,” Jax respondeu, sua mão em meu estômago. “Como ele está?” Ela andou para a pequena poltrona do outro lado onde estávamos sentados e colocou suas mãos nos joelhos. “Ele sobreviveu a cirurgia.” “Oh, graças a Deus,” eu sussurrei, quase pulando contra Jax. “Nós ainda não eliminamos todo o risco,” ela continuou dizendo e eu sabia pelos meus anos de faculdade que as próximas coisas que ela iria dizer eram sérias. “Ele sofreu um grande ataque por causa de vários bloqueios. Nós colocamos stents, porque normalmente...” Eles normalmente viam uma recuperação mais rápida naqueles que tinham stents sobre os desvios. Enquanto a médica continuou, duas partes do meu cérebro funcionavam independentes da outra" a clínica e a pessoal. Mas, além de tudo, Clyde tinha sobrevivido a cirurgia e eu sabia que as coisas poderiam ficar muito piores nesse ponto, mas ele tinha sobrevivido e isso era ótimo. Lágrimas de alivio se formaram em meus olhos. “Ele está dormindo agora e provavelmente vai ficar assim pelo resto do dia e agora, nós realmente precisamos deixar ele descansar” A médica levantou, sorrindo. “Se tudo se acalmar amanhã, pelo menos um de vocês pode visitá-lo se ele estiver bem.” 372
Eu levantei e Jax não me parou. “Obrigada" muito obrigada.” Seu fraco sorriso permaneceu. “Agora todos vocês deveriam ir para casa descansar. Se algo mudar entre agora e amanhã, nós avisamos. Okay?” Enquanto a médica saia, eu me virei e Teresa estava ali em pé. Ela passou seus braços em volta de mim, e eu a abracei de volta. “Isso é bom,” ela disse. “Isso é muito bom.” Piscando para afastar minhas lágrimas, eu concordei. “Eu sei. Clyde é forte. Ele vai superar isso.” Fungando, eu me afastei e sorri para ela. Jax estava de pé ao meu lado e ele pegou minha mão, entrelaçando seus dedos com os meus. Ele os apertou. “Obrigada,” eu disse novamente, totalmente emocionada enquanto me virava para meus amigos. “Obrigada.” Avery sorriu em resposta e meus olhos caíram para sua cintura por alguma razão. Eu não sei bem porque, mas eu vi que eles estavam sendo o casal tipicamente adorável do mundo inteiro; sua pequena mão estava na de Cam, suas palmas pressionadas juntas e seus dedos seguravam os dela. Assim como os de Jax me seguravam.
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Capítulo Vinte e Oito
Demorou até segunda a tarde para Clyde estar bem o suficiente para uma visita rápida. Jax teve de ficar na sala de espera enquanto uma enfermeira jovem me guiava para seu quarto. Vê-lo deitado naquela cama estreita, sua grande forma parecendo tão frágil, e coberto de tubos e fios me assustou. Meus joelhos bateram juntos enquanto ele piscava vagarosamente e eu tive que engolir a emoção que estava se formando em minha garganta. Eu me sentei na pequena cadeira ao lado da sua cama. Alcançando-o, eu coloquei meus dedos sobre os seus. “Hey.” Um sorriso fraco e cansado apareceu em seus lábios. Sua pele estava terrivelmente pálida. “Menininha...” Eu perdi a respiração. “Como está se sentindo?” “Pronto para... para correr uma maratona.” Eu ri e meu sorriso ficou bobo. Alguns segundos se passaram enquanto encarávamos um ao outro e eu tive que engoli as lágrimas de novo. “Eu quero que você melhore.” Aquele pequeno sorriso ficou maior. “Pode deixar.” “Eu quero que você fique melhor para quando minhas aulas voltarem e eu vier para casa nos finais de semana, você faça tacos para mim,” eu disse a ele. “Okay?” Suas sobrancelhas levantaram uns centímetros e ele murmurou, “Casa?” Preocupada que o ataque cardíaco tivesse afetado mais que seu coração, eu concordei. “Sim, quando eu vier para casa, eu quero que você...” eu me cortei quando a afiada faca do entendimento passou. Casa. Eu tinha chamado aqui de casa. 374
E eu não tinha chamado aqui de casa em anos, porque não parecia isso desde que minha mãe tinha se afundado e meu pai nos deixou. Minha boca abriu, sem palavras, mas eu não sabia o que dizer. O mais estranho era que eu não tinha intenção de corrigir o que eu tinha dito porque aqui... aqui era, de novo, minha casa. Wow. Eu não tinha ideia do que fazer com isso. Aquele sorriso cansado soltou uma pequena risada que sumiu rapidamente. “Menininha, eu nunca... pensei que ouviria... isso novamente.” “Eu... eu nunca pensei que diria isso novamente.” Merda. Lágrimas estavam se formando em meus olhos e eu me perguntava se esse seria o verão que eu começaria a tomar Prozac39. “Mas isso...” “É verdade.” Ele inalou profundamente e gemeu. “Isso é bom, menininha. É.. muito bom.” Eu apertei seus dedos gentilmente e me inclinei para frente, sussurrando. ”É mesmo.” E eu não estava mentindo. Realmente era. Meu coração acelerou em meu peito enquanto eu limpava minha bochecha com a parte de trás da minha mão. “Você sente isso?” ele perguntou. “O que?” eu respondi. “O peso, levantando um pouco... de você,” ele disse. “Você sente isso?” Meus lábios tremiam enquanto eu concordava. “Sim, Tio Clyde, eu sinto.” Tive que respirar profundamente de novo e precisou de muito esforço dele para virar sua mão. Ele apertou meu dedos novamente, com a pressão de uma criança, e isso era difícil de se ver. “Sua mãe... ela te amava, menininha. Ela ainda ama. Você.. sabe disso, certo?”
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Medicamento anti depressivo.
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Pressionando meus lábios juntos, eu concordei. Eu realmente sabia. Apesar de todas as coisas ruins que ela fez, eu sabia que ela ainda me amava. Ela só precisava ficar alta mais do que precisava do meu amor ou de mim. Era apenas a triste verdade sobre alguém viciado em drogas. Seu aperto relaxou e ele fechou seus olhos. Eu fiquei ali, sentada, por alguns minutos. “Você precisa descansar. Eu volto mais tarde.” Ele concordou vagarosamente, mas quando eu comecei a me afastar, seus olhos se abriram e sua mão se fechou contra a minha. “Aquele menino... ele se importa muito com você por um...” Sua voz sumiu e eu congelei, meio sentada, meio de pé. Então ele falou novamente. “Ele é um bom menino, menininha. Jackson sempre foi perfeito para você.” “Sempre foi?” eu perguntei. Mas não houve resposta. Tio Clyde estava apagado e suas palavras me deixaram confusa. O jeito que ele falou sobre Jax parecia que ele estava na minha vida por um longo tempo quando ele não estava. Mas, novamente, Clyde estava tomando alguns analgésicos bem fortes. Eu fiquei por mais alguns minutos, vendo seu peito subir e descer, garantindo para mim mesma que ele estava vivo e que ele iria ficar bem. Eu dei um beijo em sua bochecha e sai do quarto. Caminhei pelo corredor, passando várias enfermeiras e voltando para a sala de espera. Detetive Anders estava apoiado contra a parede, esperando por mim. Eu não podia evitar a tensão que se formou em mim quando o vi. “Hey,” eu disse, diminuindo meu passo. Eu olhei para as janelas da sala de espera. Ela estava vazia. “Jax desceu para pegar uma bebida naquelas máquinas,” Detetive Anders explicou. “Ele deve voltar logo. Eu disse a ele que esperaria por você. Eu liguei para seu celular e quando ninguém atendeu, eu liguei para Jax.” “Oh,” eu cruzei meus braços enquanto o encarava, agradecida que eu não estivesse pensando sobre o quão bonito ele estava. Merda. Agora eu estava pensando
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nisso. O homem realmente usava um terno. Desviando o olhar, eu queria me dar um chute na boca. “Eu deixei meu celular em seu carro.” “Como ele está?” ele perguntou. Inalando profundamente, eu me foquei. “Ele estava acordado ainda há pouco, então pude falar com ele.” Eu odiei o que disse depois. “Ele está bem fraco e eu sei que ele tem dor, mas ele... ele vai superar.” “Ele é um cara valente. Eu tenho que acreditar que ele vai superar isso também.” Eu concordei, cruzando meus braços de novo pelo ar gelado do hospital. “Detetive Anders-“ “Me chame de Colton.” Colton? Seu nome era Colton? Eu passei minha vida toda sem conhecer outra pessoa com esse nome e era um nome que realmente combinava com ele, um nome áspero e sexy. “Colton, você estava apenas se atualizando sobre Clyde ou...” “Um pouco disso, e eu queria falar com você e te dizer que ainda estamos trabalhando em tudo.” “Então não tem más noticias?” Um olhar de piedade passou em seu rosto. “Não, Calla, realmente não tem noticia nenhuma agora. Nós não fomos capazes de localizar ninguém que entra na descrição que você nos deu, nem nos registros criminais, e Mack ainda está fora do radar, mas isso é uma boa coisa. A última parte, pelo menos.” Eu franzi a sobrancelha. “Como?” Ele olhou ao redor, então indicou a sala de espera com um movimento do seu queixo. “Vamos falar lá dentro.” Ruh-roh. Eu andei pela porta, enquanto ele a segurava, aberta, e me sentei na primeira cadeira. Enquanto ele desabotoava o paletó do seu terno, ele se sentou na minha frente. “Nos temos feito várias visitas a Isaiah. Não temos nada que leve isso tudo até ele,
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nenhuma surpresa aqui, e mesmo que ele mantenha suas mãos limpas, nós sabemos que essas mãos estão sobre tudo isso. Você me entende?” O misterioso Isaiah ataca novamente. “Okay.” “Ele não gosta de bagunça ou peças soltas. Mack é exatamente essas duas coisas e ele está trazendo tudo pro colo de Isaiah, além do que ele não está feliz pelo desaparecimento das drogas,” ele explicou, seus olhos fixos em mim. “Mack está no meio dessas duas pontas com Isaiah. Ele está no mesmo barco que...” “Que minha mãe?” Ele não quebrou o contato do seu olhar. “Sim. Eu odeio dizer isso para você, mas sim.” Passando minha mão sobre meus jeans, eu suspirei. Não havia nada que eu pudesse dizer. Nada. “Se você tiver noticias da sua mãe, você precisa nos avisar,” ele continuou. “Eu sei que isso vai ser difícil mas não é seguro para ela. Nós somos o melhor de dois demônios. Você entendeu o que quero dizer?” Sem saber se poderia fazer isso, entregar minha mãe para a polícia, eu desviei meu olhar. Eu sabia que era a coisa certa a fazer caso minha mãe aparecesse e mesmo que eu quisesse dizer que poderia, seria diferente se isso viesse a acontecer. Detetive Anders levantou e eu imaginei que a conversa tinha acabado. Ele parou na porta, virando sua cabeça. “Você tem uma boa coisa acontecendo aqui, certo?” Pensando que era algo estranho para ele dizer, tudo que fiz foi concordar. “Então pense com carinho no que te disse, Calla. Eu sei que ela é seu sangue. Eu sei que você a ama. E eu sei que essas coisas são difíceis, mas não deixe que ela tire as coisas boas de você.”
As palavras do Detetive Anders ficaram comigo pelo resto da tarde, até a noite. Eu tentei não pensar sobre quando Jax e eu saímos para jantar em um pequeno
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restaurante na cidade ou enquanto descansamos em sua sala. Era muito para se lidar" tudo" e era exaustivo, tanto mental quanto emocionalmente. Eram quase oito da noite e eu tinha acabado de me deliciar com um pacote de Twizzlers. Na volta de ter jogado o pacote no lixo, eu passei minha mão pelo meu cabelo mesmo que ele parecesse uma bagunça e dei a volta pelo sofá. Da onde Jax estava sentado, ele se inclinou para frente e colocou suas mãos em meu quadril enquanto eu passava por ele, para me sentar ao seu lado. Aparentemente isso não ia acontecer. “Eu acho que vou pular a despedida de solteiro do Dennis.” Deus, eu tinha esquecido totalmente que era amanhã a noite. “Por que?” Um ombro levantou enquanto ele passava suas mãos em meu quadril. “Com tudo que aconteceu com Clyde e com você, eu acho que a última coisa que preciso é ficar sentado em um clube de strip.” “Eu tenho certeza que com tudo que aconteceu, você poderia aproveitar o descanso. Só não vá para um dos quartos privados,” eu brinquei. “As noites de quinta são movimentadas, querida, e eu não acho-“ “Nós cuidaremos do bar e da cozinha. E eu prometo não ser sequestrada ou qualquer coisa louca.” Uma sobrancelha levantou. “Você promete?” “Totes-ma-goats.” Ele piscou. “Eu não acho que isso é algo que você tem o poder de decidir.” “Se eu ficar atrás do bar, eu acho que ficarei bem. Além do mais, Nick vai estar lá. E você já fez ele vir na quinta para te cobrir. Nós ficaremos bem.” “Você está bem mesmo.” Eu suspirei. “Jax.”
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Com um sorriso pervertido em seus lábios, ele me puxou para seu colo e eu fui com ele, montada em suas coxas. Eu gostava disso. Muito. Mas ele não iria me distrair. “Vá. Okay. Eu ficarei no bar e você pode ir me pegar antes de fecharmos. Eu vou ficar bem.” Ele apoiou suas costas no sofá. “Mas e se eu quiser levar uma garota para casa comigo?” “Eu não sei nada sobre isso. Do jeito que Katie fala, aquelas meninas passam muito óleo. Você pode não conseguir segurar em nenhuma delas.” Jax inclinou sua cabeça para trás e riu. “Boa.” Então eu percebi algo. “E se Katie estiver dançando?” Ele balançou sua cabeça. “Essa seria uma pausa para ir ao banheiro para mim.” “Ela é bem gostosa.” Passando seus braços em volta do meu quadril, ele abriu suas pernas e eu deslizei ainda mais contra ele. “Não é isso. É porque ela é Katie... e eu não quero vê-la daquele jeito.” Eu sorri e esperava que ela se vestisse de fada novamente. “Então você vai?” Uma mão traçou a linha da minha coluna, se enrolou em meu cabelo e, então, guiou minha cabeça para seus lábios. “Eu vou.” “Bom.” Ele mordeu meu lábio inferior. “Você é, provavelmente, a única menina no mundo que diz ‘bom’ para o fato que seu homem vai em um clube de strip.” Meu homem? Eu fiquei meio surpresa por essa frase então eu não apontei o fato que muitas meninas não ligavam para clubes de strip, porque nesse momento, ele estava me beijando, vagarosamente. Quando sua boca deixou a minha, seus lábios passaram para a curva do meu maxilar. O hematoma da tentativa de sequestro já tinha começado a sumir, mas ele colocou um beijo ali e meu coração fez uma pequena dança.
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Eu me aconcheguei em seus braços enquanto ele ia passando pelos canais da TV e não demorou muito para que meus olhos se fechassem. Eu fui levada pelo movimento constante da sua mão passando pela minha coluna. Era estranho. Eu nunca pensei que deixaria alguém me tocar, mesmo se estivesse usando roupas e ali estava eu, confortada por um carinho que me faria fugir não muito tempo atrás. Tanto havia mudado. Uma vez que ele tinha parado em um jogo de baseball, ele largou o controle e sua mão terminou no meu cabelo. “Reece ligou mais cedo, quando você estava no computador vendo as coisas para a faculdade.” Meus olhos abriram, mas eu não me movi. Eu estava meio desconexa, preguiçosa demais para esse tipo de esforço. “O que ele queria?” “Apenas atualizando sobre Mack. Reece e Colton realmente acham que ele sumiu, especialmente desde que eles tão forte em cima de Isaiah, o que não vai ser bom para Mack.” Ele disse enquanto brincava com meu cabelo. “Sim, Detetive Anders disse algo do tipo ontem quando falou comigo.” Minha mão estava em seu peito então eu comecei a desenhar um circulo imaginário com meu dedo. “É só que é uma loucura. É como se todos soubessem que a culpa é de Isaiah mas ninguém faz nada.” “Eles não podem, querida. Isaiah é esperto. Ele limpa tudo depois e nada leva de volta a ele. É por isso que ele não está feliz com Mack. Ele pisou na bola, com essa situação da sua mãe e Rooster, obviamente derrubou Rooster-“ “Não poderia ter sido Isaiah?” eu perguntei. Jax passou meu cabelo sobre meu ombro. “Eu não acho. Ele é mais limpo que isso. E, ele é esperto. Ele não deixaria um corpo em sua varanda no meio do dia. Ele é mais como a pessoa que levaria para um mergulho no cimento.” Eu tremi. “Quão bem você conhece Isaiah?” “Tão bem quanto eu quero e nada mais.” Sua mão estava parada na curva das minhas costas e ali ficou. “Ele esteve no Mona’s algumas vezes. Eu acho que ele estava analisando o lugar.” 381
“Isso é meio assustador.” “Esse é Isaiah.” Ele me deu uns tapinhas nas costas. “De qualquer modo, se Mack desapareceu, há uma boa chance que você está livre dessa merda.” Foi isso que Detetive Anders tinha dito mas realmente não me fazia sentir como se eu devesse parar de me preocupar. “Eles encontraram Ike?” “Nope.” “Você acha... que algo aconteceu com ele?” “Eu não sei. O tipo de vida que essas pessoas levam, não é incomum elas desaparecerem. Pode não ter nada a ver com isso.” Eu esperava. Bem, eu esperava que quem quer que esse Ike fosse, ele não estava desaparecido de um jeito ruim. Eu não o conhecia, nunca o tinha visto, mas ainda assim ele era humano. “Eu tenho pensado,” ele disse enquanto gentilmente desembaraçava seus dedos do meu cabelo. “Quando você voltar para Shepherd, você vai ficar no dormitório, certo?” Eu concordei. “Eu vou ficar no Printz esse ano. Bom, era o que eu tinha sido aprovada. Eu acho que ainda vou ficar, mas Printz é um dormitório com dois ou três quartos por apartamento.” “Então, privacidade?” “Sim. É como um conjunto de apartamentos normal, mas melhor.” Eu ri. “Isso é bom, porque vamos precisar da privacidade.” Eu mordi meu lábio, mas isso não me fez parar de sorrir. “Vamos?” “Querida, eu não quero ficar nu com você em uma cama com uma menina qualquer a alguns metros de distância de nós.” “Bom ponto.” Eu ri. Eu ri de verdade. Eu era tão idiota.
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“Se eu manter meus horários assim, eu posso ir no sábado e ficar com você alguns dias.” Ele pegou uma mecha do meu cabelo e a colocou para trás. “E, talvez, quando seus horários na escola não estiverem tão pesados, você pode vir no final de semana.” Levantando minha cabeça, eu encontrei seu olhar. “Claro, para trabalhar.” Eu ri e ele sorriu. “Eu posso fazer isso.” Seu sorriso virou algo genuíno e eu disse. “Eu acho que você gosta de mim, Jackson James.” Ele levantou uma sobrancelha. “Wow. Finalmente você percebeu?” Eu dei um tapinha em seu peito e ele riu. “Não. Eu acho que você realmente gosta de mim.” “Como eu disse, você está finalmente percebendo?” “Que seja.” Ele beijou o canto do meu lábio. “É uma boa coisa você ter uma bunda tão linda.” Eu bati em seu abdômen dessa vez, mas então ele pegou meu pulso e levantou minha mão para sua boca. Ele beijou o centro da minha palma. “Sim, babe, eu realmente gosto de você.” Meus olhos ficaram presos nos seus. “Eu realmente gosto de você também.” “Eu sei,” ele disse. “Convencido.” “Confiante.” “Arrogante.” Eu sussurrei e o beijei rapidamente antes de me aconchegar contra seu peito novamente, sem querer que visse que o meu ‘realmente gosto’ estava mais para um ‘realmente amo’. A conversa foi terminando enquanto ele voltava sua atenção para o jogo de baseball e eu relaxava completamente, enrolada em seus braços. Eu nunca pensei que teria isso com alguém, especialmente com alguém tão incrível quanto Jax. 383
E de um jeito estranho, eu tinha que agradecer a minha mãe por isso. Não demorou muito para que eu pegasse no sono daquele jeito e quando ele estava pronto para ir para cama, ele simplesmente desligou a TV, me puxou mais para perto e levantou. “Eu posso andar,” eu balbuciei. Seus braços se apertaram. “Eu peguei você.” Eu gostava do som disso e era algo bom, ele fazer isso. Enquanto eu passava um braço em volta do seu pescoço e fechava meus olhos, eu me permiti ser uma total manteiga derretida enquanto meu interior se derretia também. Apesar de tudo, eu era sortuda. Muito sortuda. Ele me carregou escada a cima e eu também gostei quando ele me ajudou a me despir, o que terminou comigo usando nada além de uma de suas camisetas. Eu fui levada para cama enquanto ele descia e trancava tudo. Não demorou muito para que ele estivesse na cama comigo, minhas costas pressionadas contra sua frente, uma perna entre as minhas e um braço segurando na minha cintura. Os lábios de Jax passavam pela parte de trás do meu pescoço e antes que eu voltasse a terra dos sonhos, eu o ouvi dizer por razão nenhuma, “Você é linda, babe.”
Quando eu acordei, eu sabia que havia algo diferente. Jax não estava trás de mim, tão perto quanto possível. Eu rolei para seu lado, pegando um leve cheiro de seu perfume e pisquei até que minha visão se adaptasse a escuridão. A luz verde neon do relógio no criado mudo marcava três da manhã. Me levantando, eu olhei ao redor do quarto. Não havia nenhuma luz entrando pela porta fechava do banheiro, mas a porta do quarto estava aberta. Isso era estranho para meu cérebro sonolento. Eu não podia pensar sobre um dia em que dividimos sua cama onde ele se levantou no meio da noite. Apesar que não estávamos dividindo a cama há muito tempo.
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Eu fiquei ali, sentada, por um momento enquanto minha mente voltava a funcionar. Eu sabia que várias pessoas que estiveram em batalhas tinham problemas para dormir e Jax disse que quando ele voltou, ele teve problemas. Preocupação me consumiu, me acordando. Ele estaria tendo uma má noite? Desde que não estávamos dormindo juntos a tanto tempo era possível que ele estivesse e eu não sabia. Jogando as cobertas de lado, eu sai da cama. Sua camiseta terminava nas minhas coxas enquanto eu saia pela porta do quarto aberta. E foi aí que ouvi sua voz. “Agora não.” Minha sobrancelha franziu enquanto eu abria mais a porta e andava a curta distância para o começo das escadas. No meu ponto de vista, eu podia ver toda a escadaria e a porta da frente. Ela estava aberta, mas não tinha ninguém ali. Então eu ouvi a segunda voz. “Eu sei, eu deveria ter ligado.” Meu coração parou em meu peito" parou como se tivesse atingido uma parede de tijolos. Essa era, definitivamente, uma voz feminina. Dentro da casa. As três da manhã. Se Jax respondeu, eu não o ouvi, mas eu ouvi a menina novamente. “Eu estava fora e eu senti sua falta, baby. Eu senti tanto sua falta.” Oh. Meu. Deus. Eu me inclinei, pegando a barra de madeira para me ajudar a me equilibrar. Eu tinha de estar sonhando. Não eram três da manhã e alguma menina, que soava vagamente familiar, não estava na casa de Jax, dizendo a ele o quanto ela sentiu sua falta e chamando ele de baby. Não pode ser. Então eu ouvi Jax, mas era apenas partes do que ele estava dizendo. “... agora não é uma boa hora.. sem tempo... ligue antes, mas...” Gelo percorria minhas veias. Pelo que eu podia ouvir, era bem obvio. Ligue antes de vir, porque pode haver alguém aqui. Um segundo depois, minha teoria foi confirmada.
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“Tem alguém aqui?” A voz ficou mais alta. Oh Deus... Então eu ouvi Jax alto e em bom tom. “Mantenha sua voz baixa, Aimee.” Não era de se esperar que a voz parecia familiar. Aimee? A linda ex-miss com os dentes perfeitos, Aimee, que teve uma historia com ele e que dava exames mamários de graça no bar? Talvez uma história não tão distante assim? Eu acho que precisava me sentar. “Essa é uma bolsa?” Aimee disse. “Mas que porra, Jax? Você tem alguém aqui. Onde ela está? E ela sabe que da última vez que estive na cidade estivemos juntos? O que, por sinal, não faz nem um mês?” Meu estômago caiu nos meus pés. Um mês? Eu fiz uma pequena conta de quando eu cheguei e agora e realmente, isso não ajudou em nada meu estômago voltar ao lugar. “Merda, Aimee, faz mais de um mês,” Jax disse, sua voz mais alta também. “Olhe, você sabe que eu me importo com você-“ “Você se importa?” ela retrucou. Você sabe que eu me importo com você. Eu apertei meus olhos fechados. Há algumas horas trás, nós estávamos na cama, e ele me segurava e eu me segurava nele e era lindo e a algumas horas antes disso ele tinha me dito que realmente gostava de mim, e estávamos fazendo planos para quando eu voltasse para Shepherd, mas agora Aimee com dois ‘es’ estava nessa casa e eles estiveram juntos mês passado, e ele se importava com ela. Eu abri meus olhos. Eles não estavam secos. A porta da frente ainda estava aberta. Isso estava acontecendo. Isso estava realmente acontecendo. Algo doía em meu peito, como uma dor física, e eu deixei o corrimão e pressionei minha palma entre meus seios.
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Então, Aimee estava no pé das escadas. “Puta...” ela parou enquanto seus olhos arregalavam. “Não. Isso não está acontecendo.” Bem, Aimee e eu concordávamos com algo pela primeira vez, porque eu estava pensando exatamente a mesma coisa. “Você está com ela?” Sua voz estava mais aguda enquanto sua cabeça virava na outra direção, e eu imaginava como ela podia ficar virando a cabeça assim como a menina do Exorcista. “Sério? Calla Fritz?” Eu tremi. Filha da puta. Eu realmente tremi. Porque eu poderia totalmente entender a expressão de WTF que ela estava usando e a surpresa em seu tom. Eu entendia. Jax era lindo de um jeito praticamente irreal. Ele podia fazer meninas tirarem suas calcinhas apenas dando a elas um meio sorriso e uma balançada de seu dedo. Eu tinha uma cicatriz gigante no meu rosto e algumas outras mais. E minha mãe era uma drogada conhecida. Eu não era exatamente o tipo de pessoa que a maioria imaginasse com Jax. Eu realmente entendia isso porque era da natureza humana juntar pessoas perfeitas com pessoas perfeitas. Jax apareceu na minha linha de visão. Sem camisa. Todos seus músculos expostos. Por alguma razão isso me atingiu ainda mais forte. Ele estava semi nu com Aimee em sua casa, que havia esse nível de intimidade entre eles. O que era bem estúpido porque eles haviam fodido um ao outro como se fosse nada em algum momento, que não era há muito tempo. “Você precisa ir embora,” Jax disse, sem olhar para mim. “Agora.” Aimee ignorou isso. Ela levantou seu fino e bronzeado braço e apontou para mim. “Você deve estar brincando, certo? Ela? Quero dizer, eu sei que vocês homens gostam de uma favelada de vez em quando mas sério? Outro tiro direto no meu peito, mas cara, aquela pequena vagabunda me atingiu como uma faísca em uma piscina de gasolina, e isso aconteceu.
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Eu explodi.
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Capítulo Vinte e Nove
“Mas que porra?” As palavras saíram de mim como um foguete e eu tinha descido a escada e estava na frente de Aimee sem perceber. “Primeiro, eu não acho que alguém usa a palavra favelada há muito tempo, mas provavelmente você saberia disso se você não tentasse fritar seu cérebro com todo essa água oxigenada para chegar nessa cor.” Eu peguei uma mecha de seu cabelo e ela deu um passo para trás. Eu avancei, ainda furiosa. “Sim, o meu é natural. E segundo, eu já me cansei de você.” Sua pele ficou um pouco mais pálida debaixo de todo o bronzeado e um tom de vermelho percorreu seu rosto e seu pescoço. “Me desculpe. Lixo é uma palavra melhor para você?” Jax deve ter saído do seu estupor e pelo canto dos meus olhos eu podia vê-lo se movendo para frente. “Já basta. Aimee, você-“ “Lixo?” Eu intervi, minhas mãos fechadas em punhos. Jax estava errado. Não era nem um pouco suficiente. “Quem você acha que está chamando de lixo?” Seu olhar passou por mim, do topo da minha cabeça até minhas pernas nuas. Ela bufou. “Poderia ser a puta que está na minha frente vestindo nada mais que uma camiseta?” Jax disparou para frente, passando um braço em volta da minha cintura e me tirando do caminho, até que ele estivesse na frente da Aimee. “Você vai pedir a porra de uma desculpa. Agora.” “Desculpa pelo que?” ela gritou. Seu maxilar estava cerrado, seus músculos tensos nas suas costas. “Se desculpe, Aimee. Eu estou falando sério.” Aimee deve ter sentido sua raiva, porque ela diminuiu um pouco, como uma planta ofuscada por uma roseira. “Jax,” ela sussurrou.
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Ouvindo ela sussurrar seu nome desse jeito, como se ela não acreditasse que ele estava me defendendo, me mandou para a estratosfera. Eu não iria ficar de lado. Eu andei para frente, chegando a Aimee pelo outro lado. “Você sabe o que? Você não precisa se desculpar. Eu não preciso de sua maldita desculpa. O fato é que você gostaria de ser a menina usando a camiseta dele e que estava dormindo na sua cama. Você está com inveja.” Ela me atirou um olhar mortal, mas meu refletor de putas estava ligado. “Eu fuii a menina, querida, e por muito mais tempo que você.” Ouch. Okay. Queimadura. Ela me pegou nessa. E minha raiva torcia, misturando com o machucado que tinha se cortado fundo em meu peito. “Você sabe o que Aimee? Me chame de lixo. Que seja. Eu não sou a menina que fica no bar toda noite se jogando para um cara que está com outra. E eu não sou a menina que tem a ideia de uma vida sendo uma ‘ring girl40’.Eu estou na faculdade. Serei uma enfermeira. Você sabe, fazendo coisas com a minha vida. Então, sim, se isso me faz um lixo e uma puta? Eu estou bem orgulhosa disso.” Ela riu secamente. “O que? Você acha que é especial para ele?” Antes que eu pudesse responder, ela continuou. “Que você é a sua menina pro resto da vida?” “Aimee,” Jax disse, com a voz baixa. “Porque você não é,” ela retrucou. “Sua cama é como a estação de trem de Philly, especialmente agora.” Um pedaço atingiu meu peito. Eu... eu não sabia disso, e enquanto eu olhava para Jax, não havia nada em seu rosto que negasse isso. Eu hesitei. “Então eu acho que você é somente uma na multidão também.” Seus olhos brilharam e eu não sabia se foi porque eu a tinha machucado ou se isso não fazia diferença para ela. “Pelo menos eu não tenho essa cara, sua puta.” Yep. Eu não tinha feito diferença. Meus pés se moveram e eu honestamente não sabia o que eu iria fazer, se eu iria introduzi-la ao épico tapa ou se eu iria jogar meu joelho na virilha de Jax, mas ele se virou
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As meninas que ficam passando com as placas dos rounds antes das lutas.
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para mim. Passando um braço em volta da minha cintura, ele me levantou do chão enquanto se movia e virava seu corpo para que eu estivesse encarando a parede e ele estivesse de frente para Aimee. Eu torci meu pescoço tentando ver ela. Ele tinha um dedo em sua cara. “Saia daqui.” O branco sob seu bronzeado aumentou. “Mas-“ “Saia daqui, Aimee, porra.” Ela inalou profundamente e seus olhos azuis viraram vidro. Seu rosto desabou e pode ser que eu fosse a maior idiota no mundo, mas havia uma pequena parte de mim que realmente se sentia mal por ela, porque eu reconhecia a dor que estava estampada em seu rosto. Eu a tinha sentido há minutos atrás. Então Aimee piscou e engoliu suas lagrimas. “Eu entendi. O que seja isso. Eu entendi.” Eu imaginava que porra ela tinha entendido. Ela sorriu, como se ele não tivesse acabado de dizer para ela sair da sua casa. “Falo com você mais tarde, babe.” E ela saiu da casa. Mas que porra? Jax apenas deu um chute na porta e a fechou, então se virou para mim, me colocando no chão. Eu comecei a me soltar, mas seu braço na minha cintura estava firme, então ele me puxou contra seu peito. “Me solte,” eu disse, segurando seu braço. “Okay,” ele murmurou em minha orelha. “Eu vou admitir. Você atirando para cima dela foi meio que excitante.” Raiva vazava e pulsava pelo dolorido e profundo corte. “Me deixe ir, Jax.”
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“Especialmente com você aqui, toda atiçada e usando minha camiseta? Sim. Quente pra caralho.” Ele continuou e minha raiva sobressaia a dor. Uma mão tinha caído da minha cintura e estava contra a minha barriga. Ele pressionou e minhas costas estavam contra ele e sim, eu entendia totalmente que ele achava isso quente. A evidência estava logo aqui e meu corpo, porque ele era estúpido, reagiu. Meu estômago se contraiu e a idiota área entre minhas pernas pulsou. E isso me deixou ainda mais irritada. “Se você não me soltar, eu juro por Deus, Jax,” eu o avisei, apertando seus braços com minhas mãos. Ele abaixou seu queixo para meu ombro e disse. “É tão errado que eu ache isso quente também, porque eu meio que acho.” Eu perdi e gritei alto o suficiente para acordar todos os vizinhos. “Porra, me deixa ir!” Jax soltou seus braços como se eu fosse uma batata quente e eu me virei para ele, respirando pesadamente. Nossos olhares se encontraram e o tom de brincadeira que havia em sua voz tinha saído totalmente de seu rosto. Ele me encarou. Eu encarei de volta. Nesse momento, eu ouvi de novo o que tinha presenciado quando estava no topo das escadas novamente. Eu senti a mesma coisa quando vi o rosto de Aimee quando ela me viu no topo das escadas. Tensão se formou em volta da sua boca. “Calla...” Meu pé se moveu para trás. Eu precisava de espaço. Eu precisava de tempo para pensar em tudo que tinha acabado de acontecer. Ele deu um passo para frente e eu continuei movendo minhas pernas até que esbarrei contra o braço do sofá. Ele parou um pouco distante de mim. “Eu não sei o que você está pensando nesse momento, mas eu vou me arriscar e chutar aqui, e dizer que o que aconteceu não é o que você está pensando.” No meu peito, meu coração se jogou contra minhas costelas. “Não é?”
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“Eu não tinha ideia que ela iria aparecer essa noite. Ela não esteve na minha casa há-“ “Há um mês?” Eu terminei por ele. “Um mês inteiro?” A tensão em sua boca aumentou. “Faz mais de um mês, Calla. Eu não sei exatamente o tempo, mas ela não esteve aqui desde que você veio. Você tem que acreditar nisso. Eu praticamente passei todas as noites com você desde que você esteve aqui.” “Não todas.” “Todas desde que ela voltou a cidade,” ele disse e eu tinha que admitir que isso era verdade. “Nós não estamos juntos a cada segundo, mas não me culpe por isso. Não é como se eu tivesse todo o tempo do mundo para estar dormindo com ela.” Outro bom ponto.” Mas você esteve dormindo com ela há um pouco mais de um mês.” “Antes de você chegar, Calla.” Isso importava? Eu sabia que não deveria. Eu nem estava na cidade e não poderia ficar brava com quem ele dormia antes de mim, mas merda, eu estava. Eu estava tão puta e eu estava com inveja. Eu era mulher suficiente para admitir minha raiva irracional era sobre isso, mas ainda havia mais. “Para alguém que você não esta namorando, ela estava brava o suficiente pelo fato de haver uma menina aqui, Jax. Ela aparece no meio da noite como se ela tivesse o direito de estar aqui.” “Calla-“ “E cada noite que ela esteve no bar, ela estava se jogando em você e você deixou.” Minhas mãos se fecharam em punhos novamente. “A primeira vez que meus amigos te conheceram ela estava em cima de você.” Frustração se espalhou por sua expressão. “Nós voltamos a isso?” “Sim!” eu gritei. “Nós voltamos a isso, baby. Você sabe, todo aquele ‘você precisa confiar em mim’ e basicamente ter de lidar com o fato de você ter uma menina sobre você na frente dos meus amigos.” 393
“Eu nunca disse que você tinha que lidar com isso, Calla.” “Não?” eu ri secamente. “Não é assim que eu me lembro de ter terminado a nossa conversa.” Jax inalou e um músculo sobressaiu em seu maxilar. “Na verdade, a conversa terminou com você indo embora. Você não me deu a chance de dizer nada ou de me explicar.” “O que havia para explicar? Ela estava em cima de você, várias vezes, e você apenas sorriu para ela!” Minha cabeça parecia que ia explodir. “E eu apenas deveria confiar em você e ficar feliz com tudo isso? Mesmo quando ela aparece na sua casa às três da manhã como se pertencesse aqui e não tivesse ideia que você estava saindo com outra pessoa?” “Correção,” ele rugiu. “Ela não liga que eu esteja saindo com outra pessoa.” Totalmente presa na minha raiva, eu continuei. “E ela saiu daqui como se vocês ainda fossem transar!” “Calla-“ “Você disse que se importava com ela!” O momento que essas palavras saíram da minha boca, eu percebi o quão ridículas elas soavam. Eu me virei, indo para a sala de jantar. Eu sabia que ele tinha me seguido, mesmo sem o ouvir. “Você disse que se importava com ela. Eu te ouvi. Eu também ouvi você dizer que agora não era uma boa hora e que ela precisava ligar antes de aparecer aqui.” “Espere um pouco,” sua voz ficou mais alta, mas bem mais alta. “Eu não sei o que você acha que ouviu ou que merda você entendeu, mas porra, Calla. Ela precisa ligar antes de aparecer na minha casa e três da manhã não é uma bora hora.” Eu me virei para ele, meu coração acelerado. “Então se ela tivesse ligado antes e se eu não estivesse aqui, então aí seria uma boa hora, Jax?” Seus ombros ficaram tensos enquanto ele se afastava. “Você está falando sério?” “E você?” eu retruquei, meus punhos tremendo. “Eu não sei se você percebe isso ou não, mas eu não sou a pessoa aqui que tem caras aparecendo no meio da noite ou me
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dando exames de mama grátis. E você não me ouviu dizer a outro cara que eu me importo com ele quando ele, obviamente, estava tentando transar comigo.” Jax se afastou enquanto passou uma mão pelo seu cabelo. “Sim, eu costumava pensar que Aimee era uma menina okay, você sabe? Eu nunca tive nada sério com ela e, para ser honesto, eu nunca tive a sensação que ela queria algo sério comigo. Então, sim, eu me importo com ela. Não quero ver nada de ruim acontecendo com ela. Ainda não quero, mas eu estou começando a repensar essa coisa toda de boa-menina depois de hoje.” Ele baixou sua mão, seu olhar voltando para mim. “Se importar com ela não é a mesma coisa. Calla. E me desculpe-“ “É por isso que você tem tantas escovas de dente?” eu despejei nele. “O que?” “Escovas de dente,” eu comecei a gesticular, apontando para as escadas. “Você tem todos esses pacotes fechados de escovas de dente no seu banheiro. É uma para cada menina que você está? Uma para mim e outra para Aimee ou quem quer que seja?” Um momento de completo silêncio se passou entre nós enquanto ele me encarava. Estava tão quieto que você podia ouvir um grilo. “Você está falando sério,” ele disse, e isso não fez nada para me acalmar. “Primeiro, eu tenho tantas escovas de dente porque minha mãe me da uma a cada aniversário ou feriado. Ela sempre deu. É uma maldita tradição e eu as guardo.” Oh. Bem, isso soava crível. “Segundo, nenhuma menina" nenhuma exceto você" já usou uma daquelas escovas de dente. Nem mesmo Aimee. Quando eu estava com ela, quando eu estava com outras meninas, eu as fodia, elas me fodiam, algumas podem ter ficado durante a noite, mas todas foram embora de manhã ou antes disso e, com certeza, nunca usaram nada meu. Nem mesmo o maldito chuveiro.” Eu realmente não queria ouvir sobre ele fodendo ninguém.
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“Eu não quero soar como um imbecil, e eu sei como isso parece para você, e me desculpe" realmente, porque a última coisa que você precisa lidar é com ela estando aqui. E eu entendo que você não tem muita experiência com essas coisas,” ele continuou, e eu senti minhas bochechas esquentarem, porque o que ele disse era verdade. Eu tinha vinte e um e não tinha experiência nenhuma com homens. “Então eu entendo e estou tentando aceitar o fato que você não entende a diferença entre as meninas que eu fodi e você.” “Eu realmente não quero ouvir sobre as meninas que você fodeu,” eu disse, transformando meus pensamentos em palavras. “Mas desde que você tocou no assunto, e sobre sua cama ser uma estação de trem?” Algo passou por seu rosto enquanto ele se afastava e eu não sabia porque isso pareceu tê-lo machucado, porque ele era a última pessoa que eu deveria estar com pena. “Sim, okay, eu não tenho orgulho de algumas merdas que eu fiz no meu passado" não a bebida e nem o sexo. Más decisões, mas essa coisa... está no passado.” Oh meu Deus. Então eu percebi" a coisa que ele nunca me disse, o que ele tinha feito quando ele voltou para os Estados Unidos e quando ele estava aqui, e eu não conseguia fazer minha mente se afastar disso. O álcool e o sexo andavam lado a lado. Um pouco de culpa se manifestou. “Eu não quero ouvir isso.” “Mas você vai ouvir, Calla, desde que é uma coisa tão importante e se estamos brigando sobre isso no meio da noite.” Sua voz ainda estava no mesmo nível mas seus olhos estavam tão escuros, quase pretos. “Eu só vou dizer isso uma vez. Eu já estive com pessoas o suficiente que eu sei a diferença entre o que aconteceu com elas e o que está acontecendo com você. Você não é uma delas. Você não é Aimee. Você não está nem no mesmo nível.” Vacilando, eu enrijeci. “Oh não, não leve isso como se eu tivesse acabado de te insultar. Você não está no mesmo nível que elas, porque eu não estou brincando com você. Você me entende? O que eu tive com elas ou o que eu fiz não é nada parecido do que tenho com você. Okay?” Ele continuou antes que eu pudesse responder. “E eu queria falar com você sobre o que aconteceu no bar quando seus amigos apareceram, mas você quase foi raptada e, então,
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Clyde teve um ataque cardíaco, então realmente não houve uma hora boa para falar sobre essa merda.” Mais uma vez, ele tinha razão e eu odiava isso. De verdade. “Mas vamos falar sobre isso agora" nós vamos terminar a conversa que deveríamos ter tido antes de você sair andando.” Ele deu um passo para frente e, puta merda, ele estava bravo. Eu me forcei a não me mover. “Você estava certa.” Eu pisquei. “Eu deveria ter me esforçado mais para ter certeza que Aimee entendesse que eu não estava interessado nela. Cada vez que ela me tocava ou se jogava em mim, eu me afastava. Eu não fiquei parado e apenas deixei. Mas, Sim, eu obviamente não fiz o suficiente. E eu nem percebi o quanto eu não fiz porque eu nunca esperei ela aparecer aqui. E não apenas isso, mas quando eu percebi o quão magoada e machucada você ficou, eu me senti um merda por isso. Eu ainda me sinto assim por isso. Não tive muito tempo para te falar isso ou até mesmo te mostrar, mas eu me sinto assim.” Ele pausou, seu olhar sombrio segurando o meu. “Eu nunca quis que você ficasse envergonhada de mim ou de qualquer coisa que faço, mas você estava e por isso eu estou realmente arrependido. Realmente estou. E essa merda não vai acontecer novamente.” Um pouco da minha raiva começou a passar e eu me segurei a isso, tentando trazer ainda mais para perto, porque a raiva me fez passar por muita coisa mas o que ele disse era a coisa certa. E ele estava certo. Muita coisa aconteceu entre Sábado e hoje. Tanto que eu nem tive tempo de realmente pensar sobre como Aimee estava se comportando no bar até ela aparecer hoje. “Você tem algo a dizer?” ele perguntou. Eu tinha. Havia muito que eu poderia falar. Esse era o momento que ele estava me dando para eu levar toda essa bagunça para algo mais racional, mas eu não disse nada, porque ainda tinha uma parte de mim que estava com raiva e ainda estava machucada e eu estava com vergonha sobre isso e muito mais. E eu não queria ser uma puta. Então eu fiquei encarando-o em silêncio. “Boa,” ele retrucou.
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Uma onda de arrepios passou pela parte de trás do meu pescoço. Eu precisava abrir minha boca. Eu precisava dizer algo. Então ele deu outro passo e ele estava exatamente na minha frente. “Eu vou te falar outra coisa, Calla. Sua vida não foi normal. Não foi muito uma vida.” E foi ai que eu encontrei a habilidade de falar. “Eu tenho uma vida!” “Você tem? Sério?” ele desafiou. “Porque eu tenho certeza que você nunca fez nada realmente quando se trata de viver. Tudo que você tinha eram seus três ‘F’. Que porra é essa? De verdade.” Eu estava surpresa. “Como você sabe sobre eles?” “Tequila, babe. Você estava bem falante.” Merda! Claro que ele lembrava disso. E agora minha vergonha não tinha mais limite. Eu tinha compartilhado meus três “F’ e eles eram tristes. E merda, ele estava certo sobre realmente não ter vivido. Mas isso não deixava mais fácil de ser ouvido. “Eu sou o primeiro homem que você esteve ou que você beijou.” Ele disse. “Oh, obrigada,” eu respondi maliciosamente, porque agora eu estava agarrada a minha raiva. Ele balançou sua cabeça. “Você não está entendendo o que estou dizendo. Essa merda não é algo que você precisa ter vergonha. Tudo que estou dizendo é que você nunca deixou ninguém se aproximar de você e eu aposto que tiveram caras que queriam e você nunca viu isso. Como eu disse, você não tem muita experiência com isso.” “Sim, eu acho que entendi isso. Você já disse o suficiente.” Ou ele estava sabiamente me ignorando ou ele estava terminando comigo, porque ele disse. “Mas só vai haver o suficiente quando eu estiver bem com tudo isso.” Ar escapava de mim e respirações fracas enquanto meus músculos se contraíam. “O que você está dizendo?” “Você obviamente não confia em mim, mas essa não é a pior parte disso, Calla. Você, obviamente, não me considera muito se você realmente acha que eu estaria bem em
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fazer planos de ficar com alguma menina enquanto eu tenho outra na minha casa, na minha cama, usando minha camiseta, você, obviamente, não me conhece.” Dessa vez quando eu tremi, foi por uma razão diferente. “E essa merda queima,” ele disse. Jax segurou meu olhar enquanto eu respirava profundamente então ele se virou e saiu. Eu o vi chegar a escada e subir. Então uma porta bateu fechada. Eu não sabia quanto tempo eu fiquei ali antes de colocar meus braços em volta de mim mesma. Eu apertei meus olhos fechados, não mais brava, apenas confusa. Como tínhamos saído de mim estar certa e ele errado para ele irritado e me deixando para trás? Eu não tinha feito nada de errado. Ou tinha? Eu tinha tomado conclusões precipitadas? Eu não tinha ouvido tudo que ele disse a Aimee. Eu só tinha ouvido partes. E ele tinha se desculpado por sábado à noite. Ele tinha dito que não aconteceria novamente, mas isso compensava pelo que tinha acontecido? Eu não sabia. Esse era o problema. Eu não sabia. Deus sabe quanto tempo eu fiquei parada ali antes que eu juntasse minha coragem e subisse as escadas, bem devagar. Quando eu cheguei no andar, eu esperava encontrar a porta do quarto fechada, mas estava aberta. Era o quarto extra que tinha a porta fechada. Eu comecei a andar em direção a ele, para bater na porta, mas eu parei, congelada pela indecisão. Eu estava do lado de fora do quarto, minhas mãos fechadas contra meu peito, mas eu não sabia o que dizer se eu batesse e ele respondesse. Pedaços de pura raiva ainda estavam em mim, misturados com vergonha e confusão. Eu ouvi movimentos dentro do quarto extra, pensei serem passos perto da porta e fiquei tensa antecipando que a porta fosse aberta, mas depois de alguns momentos, eu percebi que não iria. Mordendo meu lábio, eu fechei meus olhos, esperando mais um pouco, então me virei e, porque eu não sabia o que mais poderia fazer, eu voltei ao quarto principal e subi na cama. Eu fui para meu lugar e esperei, olhando o relógio no criado mudo. Minutos 399
passavam vagarosamente e eu finalmente me deitei, virada para porta aberta. Tudo isso parecia errado, estar deitada em sua cama com ele bravo comigo e eu com ele. Eu engoli, mas o nó na minha garganta não saiu do lugar e com as próximas piscadas dos meus olhos, meus cílios estavam úmidos. Assim como minhas bochechas. Eu peguei o travesseiro que ele usava para dormir e apertei contra meu peito enquanto eu fechava meus olhos. Meu interior estava vazio, eu deitada ali, tentando dar sentido em como tudo ficou errado e como eu deveria consertar isso. Em algum momento meus pensamentos devem ter acalmado e eu devo ter pego no sono, caindo em um sonho onde eu estava nessa casa seguindo Jax e gritando por ele, mas eu nunca conseguia chamar sua atenção ou alcançá-lo. E quando esse sonho sumiu, eu sonhei que senti sua mão em mim, acariciando o topo da minha cabeça, cuidadosamente colocando meu cabelo atrás da minha orelha. E eu senti seus lábios passando pela minha bochecha. Isso pareceu tão real que quando eu acordei, cansada e com os olhos inchados, eu quase pensei que ele estaria na cama ao meu lado. Que o lugar perto de mim não iria estar frio, mas estava. Eu ainda tinha seu travesseiro perto de mim e Jax não estava ali. Eu não queria acordar. Parecia que eu não tinha dormido mais do que alguns minutos e meus olhos doíam, minha garganta e minha boca estavam secas. Minha cabeça doía. E eu imediatamente comecei a pensar no que aconteceu entre nós e com Aimee. Na luz da manhã, eu podia simplesmente admitir que Jax estava certo. Eu não tinha muita experiência com nada disso. Eu não sabia a diferença entre os tipos de relacionamentos, não pessoalmente. Tudo que eu sabia era o que tinha visto dos meus amigos. Haviam tantas coisas que ele estava certo. Eu estava certa de estar brava com ele no sábado, mas eu não tinha dado a ele uma chance para se explicar e ele tinha pedido desculpas. E ele não tinha controle sobre Aimee. Não era como se ele a tivesse convidado. Eu apertei mais o travesseiro.
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Agora que a raiva tinha se dissipado, eu também podia admitir que eu não tinha ouvido tudo que ele tinha dito na noite passada, como realmente admitir isso e, além de não fazer o suficiente para parar os avanços de Aimee, Jax não tinha feito nada de errado. Ele, na verdade, tinha me defendido na noite passada. Ele tinha pedido desculpas e ele tinha admitido se sentir mal. E ele tinha dito isso para mim. Eu precisava falar com ele sem gritar, sem reagir precipitadamente, e eu precisava falar com ele enquanto estivesse realmente ouvindo. Soltando o travesseiro, , eu sai da cama e meus pés descalços encontraram o assoalho. Eu corri para o corredor. O quarto extra estava com a porta aberta e ele não estava lá. Me virando para as escadas, eu desci e cheguei a sala, Silênciosa, e depois na cozinha. Ele também não estava lá. Meu coração acelerou e comecei a me sentir mal enquanto eu me virava vagarosamente. Onde ele estava? A casa não era grande o suficiente para eu não conseguir encontrá-lo, mesmo chamando. Meu olhar se fixou na janela da frente. Eu corri em direção a ela, abrindo a cortina branca e olhando para fora. Todo ar em meus pulmões escaparam enquanto eu olhava para a garagem, uma e depois duas vezes. Sua caminhonete não estava ali. Não estava alí. Jax tinha ido embora.
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Capítulo Trinta
Eu não sabia o que fazer ou o que pensar. Jax tinha saído e ele não tinha dito nada. Não havia bilhete, mensagem ou recado no meu celular. Ele só tinha saído da casa sem me acordar e enquanto isso pudesse não parecer uma grande coisa, ele estava realmente chateado. Eu me sentei na beira do sofá e pude ouvir novamente o que ele tinha dito. Que ele não conseguia acreditar que eu pensava certas coisas sobre ele e que eu não o conhecia. Minhas unhas cravaram na minha palma. Ele estava realmente bravo, tinha ido para cama assim ou tinha feito o que fosse que ele tinha no quarto extra, e ele tinha dito coisas bem estupidas também. Eu sabia que algumas palavras não podiam sumir, não podiam ser retiradas. Será que tinha chego nesse ponto? Era esse seu jeito que terminar as coisas? Oh meu Deus. E se ele tivesse saído e me quisesse fora daqui antes que ele voltasse? E eu estava aqui, sentada no sofá, ainda em sua camiseta, como uma idiota? Isso era totalmente possível. Ele estava irritado por que eu tinha insinuado que ele estava dormindo com Aimee. Eu pulei, ficando de pé, minhas mãos tremendo enquanto eu tirava meu cabelo do meu resto. Jax era um bom homem. De verdade. Ele não iria querer confusão. Inferno, ele tinha sido gentil com Aimee até que ela tinha falado meu nome. Ele provavelmente só me queria longe daqui. Deus, ele realmente tinha me defendido e eu tinha sido tão... idiota.
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Eu corri escada acima, arranquei sua camiseta e a joguei em sua cama. Eu rapidamente coloquei uma roupa, prendi meu cabelo em um coque bagunçado e enfiei minhas coisas na minha mala. Enquanto eu fechava o zíper da bolsa, eu parei por um momento e a pequena voz atrás da minha mente me fez me acalmar, pensar, porque eu poderia estar exagerando, mas o medo de estar se ele voltasse e não me quisesse aqui era demais. Eu comecei a ir embora, mas me virei e peguei sua camiseta que eu tinha usado para dormir. Eu nem sei porque eu fiz isso, mas eu a peguei e a levei comigo enquanto eu pegava minha bolsa e deixava sua casa. Muitas coisas estavam passando na minha cabeça enquanto eu dirigia, primeiro sem saber para onde eu estava indo, até que reconheci onde meu subconsciente tinha me levado. Para casa da minha mãe. Eu nem sabia como tinha chegado lá, porque eu não me lembrava de ter dirigido. A casa estava Silênciosa, mais quente que o normal porque eu não tinha estado aqui para ligar o ar. Eu deixei minha mala no sofá e peguei meu celular. Não haviam ligações ou mensagens, e eu não sabia o porque eu pensei que teriam. Meu coração estava acelerado, meu estômago se remoendo e eu comecei a ligar para Teresa porque eu precisava falar com alguém, mas ela não conhecia Jax. Eu dei algumas voltas no sofá antes que eu apertasse o nome de Roxy na minha lista de contados. Ela atendeu no terceiro toque. “Hey,” ela disse, sua voz rouca pelo sono. Eu me encolhi. “Me desculpe. É muito cedo, certo? Eu posso ligar depois.” “Tudo bem.” Ela limpou sua garganta. “Está tudo certo?” Eu quase disse que sim. “Não.” “É sua mãe ou Clyde?” A sonolência tinha sumido da sua voz. “Não. Nada disso. É...” eu me preparei. “Eu acho que eu e Jax terminamos.”
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Houve uma pausa e, então, ela gritou. “O que?” Eu me larguei no sofá. “Quero dizer, nós estávamos juntos, eu acho. Nós não nos chamávamos de namorados. Nós não tivemos essa conversa.” “Menina, eu não acho que as pessoas tem essa conversa. Isso meio que acontece. Vocês dois estavam realmente juntos.” “Ele disse que era meu homem, então sim, mas ontem a noite...” eu me interrompi, me sentindo enjoada novamente. “Eu não sei. Ele sumiu.” “O que você quer dizer com sumiu?” Aquele enjoo viajou para meu peito. “Quando eu acordei ele tinha ido embora e ele não dormiu comigo noite passada.” “Onde você está?” ela perguntou, de repente. “Eu estou em casa.” “Na de Jax?” “Não. Na casa da minha mãe. Eu não consegui ficar na sua casa. Eu nem sei se ele me quer la e eu não queria estar quando ele chegasse, se esse for o caso.” Minha mão apertou mais o telefone. “Então eu... eu estou na casa da minha mãe.” “Você acha que essa é uma boa ideia?” ela perguntou e sua voz mudou, como se ela estivesse se movendo apressadamente. “Com tudo que está acontecendo?” Meu coração virou. Puta merda. “Eu sou uma idiota. Mais que uma idiota normal. Eu sou ultra idiota. Eu nem pensei sobre isso.” Puta merda, eu realmente não tinha pensado nisso. Eu me levantei e corri para porta da frente para me certificar que estava trancada. “Eu realmente sou idiota o suficiente para não merecer viver.” “Okay. Você está estressada. Não está pensando claramente. Não que você seja idiota para não viver. Ou talvez um pouco.” Ela respondeu e sua voz soou mais distante. “Eu coloquei você no viva-voz. Eu estou me vestindo. Fique onde está. Eu vou aí. Me mande o endereço por mensagem.” Meus olhos arregalaram. “Você não precisa fazer isso.”
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“Sim, preciso. Eu sou sua amiga. Você está com problemas e quase foi sequestrada há uns dias atrás. Isso é o dever de um amigo então eu estou indo. Fique onde está, tranque as portas e esconda as crianças. Eu estou chegando.” Eu ri. “Você acabou de citar Antoine Dodson41?” “Talvez.” Roxy gritou para responder. “Eu vou chegar no máximo em quinze minutos. Okay? Eu só preciso escovar meus dentes e, talvez, meu cabelo.” “Tudo bem. Estarei aqui.” Eu acho que nem se passaram vinte minutos, o que me fez imaginar onde ela morava exatamente, porque eu não sabia isso nem o quão rápido ela estava dirigindo, mas ela apareceu na casa usando um short jeans cortado e uma regata grande demais que mal cobria seu sutiã esportivo, e seu cabelo estava em um coque mais bagunçado que o meu. Ela parecia incrivelmente fofa, de um jeito que eu não conseguiria ficar se me vestisse desse jeito. Ela também estava carregando uma caixa branca que colocou na mesa. “Eu trouxe doughnuts. Vamos precisar de gordura para essa conversa.” Eu não pensei que pudesse comer sem vomitar, mas isso foi bem legal da parte dela. Ela se sentou no sofá e se inclinou para frente, abrindo a tampa e revelando uma variedade de delicias. Eu peguei alguns guardanapos de fast foods na cozinha e me juntei a ela no sofá. Quando voltei ela já tinha devorado metade de um doughnet coberto de chocolate. “Me conte tudo.” Exalando, eu me sentei ao seu lado e disse tudo, começando com Aimee, algo que ela estava bem familiarizada, e terminando essa manhã. Eu até contei sobre os planos que fizemos para quando eu voltasse para a faculdade. Quando eu terminei, eu surpreendi a mim mesma quando peguei um doughnut de glacê. “Okay.” Ela pegou seu quarto doughnut e eu imaginei onde ela tinha colocado os outros três. “Vamos começar com Aimee. A menina não acha que nenhum cara vai recusá-
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Celebridade da internet. https://en.wikipedia.org/wiki/Antoine_Dodson
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la e eu tenho certeza que ela sabe que ele gosta de você, porque todos sabem. Inferno. Eles veem.” “Vêem?” Roxy sorriu com a boca cheia de doughnut. “No minuto que você apareceu, Jax colocou seus olhos em você, literalmente e figuradamente. É bem óbvio.” Calor passou por mim enquanto eu absorvia isso. Eu gostava de saber o que as pessoas pensavam. Então eu me senti meio idiota porque não era tão legal para as outras pessoas como era para mim. “Você sabe que eu percebi o jeito que Aimee se joga em Jax,” ela continuou. “Eu vim aperfeiçoando meu olhar mortal desde que ela entrou no bar. Tristemente, não está funcionando.” Eu sorri ao ouvir isso enquanto eu mordia um pequeno pedaço. Seu olhar mortal não estava funcionando em Reece também. “Jax não alimenta isso. Apesar que ele poderia fazer mais para que ela entendesse a mensagem, mas ele não está retornando o sentimento. Nem uma vez. Mas ele é um bom homem.” Pegando um guardanapo, ela limpou seus dedos. “Precisa de muito para irritálo. Você já viu isso. E ele é bom para as meninas. Ele, simplesmente, foi educado corretamente.” “Ele foi,” eu sussurrei. “Mas você tem direito de estar irritada com tudo.” “Eu tenho? Certo?” Ela concordou. Obrigada a Deus, eu não era uma louca e fodida total. “Eu mataria a cadela se ela aparecesse no meio da noite na casa do meu homem, se eu tivesse um, mas que seja. Eu provavelmente iria castrá-lo também, e me levaria um tempo para superar isso, mas...”
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Eu me encostei, trazendo meus joelhos para meu peito. “Aqui vem a parte de ‘eu estraguei tudo’?” “Sim. E não.” Roxy sorriu enquanto se virava para mim. “Esse é seu primeiro relacionamento e sua primeira briga. Esperançosamente, não vai ser seu único relacionamento, mas definitivamente não vai ser sua última briga. Isso, provavelmente, vai acontecer muitas vezes.” Eu sabia disso. Eu só tinha me esquecido por que eu era uma idiota. “E você basicamente acusou Jax de ser um puto enquanto ele estava com você, então ele vai estar irritado, mas ele não vai parar de gostar de você. E se ele parar, ele não vale seu tempo. Mas não é assim que Jax é. Ele vai se acalmar e vocês vão ficar bem.” Mordendo meu lábio, eu deixei suas palavras girarem em volta da minha cabeça. Tudo que ela disse era razoável. Esperança surgiu. “Você acha que eu devia ligar para ele?” “Eu acho que você tem que dar a ele um pouco de tempo,” ela sugeriu. “Não é errado deixar o cara vir até você. Certo? Vocês dois estão errados e precisam se lembrar que não são os únicos que estragaram tudo.” “Você está certa.” Eu suspirei, jogando minha cabeça contra o sofá. “Você acha que eu deveria ter ido embora essa manhã?” “Um...” ela ajustou seus óculos. “Bem, se você não tivesse todas essas coisas loucas acontecendo? Provavelmente não teria importância. Jax provavelmente não está feliz, mas ele vai te ver hoje a noite.” “Não. Ele vai para a festa. Você e Nick vão trabalhar hoje à noite, lembra?” “Merda,” ela disse, batendo um braço no sofá. “Eu esqueci completamente.” “Você fez planos? Porque tenho certeza que estaremos tranquilos hoje.” Roxy riu. “Eu preciso ter uma vida para fazer planos, mas eu estava pensando em ficar deitada, lendo e comendo porcaria até altas horas da noite como qualquer menina linda e gostosa de vinte e dois anos.” Eu ri.
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Seu sorriso aumentou e, então, nosso olhar se encontrou quando ela se inclinou para dar um tapinha no meu braço. “Vai ficar tudo bem.” Eu sorri de volta e mesmo que eu estivesse a beira de um colapso essa manhã, eu me senti muito melhor, como se tudo fosse ficar realmente bem. “Obrigada.” “Se não, tenho certeza que sua mãe tem um pequeno caderno preto aqui e ela provavelmente sabe alguém que poderíamos contratar para dar uma surra nele.” “Oh meu Deus,” eu disse, rindo. Ela riu enquanto se aconchegava contra meu braço. Ela era tão pequena que mal ocupava meia almofada. “Vamos chamar isso de Plano B.” “E qual é o Plano A:” “Você aparecer em sua casa usando nada além de um sobretudo e quando ele abrir a porta, você pula nele.” Rindo novamente, eu balancei minha cabeça. “Eu gosto do Plano A.” “E aposto que ele gostaria também.”
Era Quarta a noite e eu estava uma pilha de nervos. Meu estômago estava cheio deles e eu mal conseguia segurar o lanche que tinha comido depois que eu e Roxy visitamos Clyde, o que era nada além de metade de um sanduiche de salada de frango. Por alguma maldita razão feminina, eu tinha levado meu tempo me arrumando para meu turno enquanto Roxy me esperava. Eu deixei meu cabelo ondulado e me maquiei, colocando um tom um pouco mais claro que vermelho nos meus lábios. Eu sabia que os caras da festa de solteiro poderiam aparecer no bar alguma hora e isso significava que Jax estaria com eles. Eu não tentei saber sobre Jax enquanto entrava no meu próprio carro e Roxy no dela. Eu tinha mandado a ele uma mensagem rápida dizendo que eu esperava vê-lo hoje a noite. Então, porque eu estava assustada como uma menininha com um monstro em seu
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armário, eu larguei meu celular na minha bolsa e liguei musica alta. Eu não olhei para ver se ele tinha respondido até que chegamos no bar. Sem respostas. “Nada demais,” eu disse a mim mesma enquanto saia do carro e entrava no bar, meu coração palpitando. Não havia nenhuma resposta às seis. Não havia nenhuma resposta às nove. Para deixar tudo ainda mais fodido, Aimee estava estranhamente longe do bar. Com certeza, ela finalmente entendeu a mensagem, mas meu coração não tinha diminuído e eu estava começando a pensar que, talvez, Roxy estava errada essa manhã. Talvez ele tivesse mudado de opinião. “Você está bem?” Roxy perguntou depois que eu entreguei um Martini de Maçã que eu não estava certa se tinha feito corretamente. Eu estava totalmente paranoica. “Sim.” Ela me observou cuidadosamente. “Você não teve noticias dele, né?” Fechando minha boca, eu balancei minha cabeça. “Calla, eu não...” A porta abriu e meu olhar foi direto para ela e meu coração pulava cada vez que eu fazia isso hoje. Não era Jax. Katie entrou, usando saltos que poderiam ser usados também como arma. Ela nem tropeçava neles. Ela andou até o bar, dando um tapinha no ombro de uma mulher. “Você está no meu lugar.” Eu suspirei. Roxy riu.
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A mulher devia estar acostumada com Katie porque ela murmurou algo enquanto saia do lugar. Katie se sentou, ajustando o pequeno vestido na parte dos seios, o puxando para cima. “Whiskey. Puro.” Minha sobrancelha levantou. “Noite ruim?” Seus olhos reviraram. “June" uma das meninas" está tentando uma coreografia nova. Dança do Ventre. A menina nem pode dançar hip-hop sem mandar os homens correndo pela porta como se tivesse aparecido um tsunami.” “Então como ela consegue tirar a roupa?” Roxy perguntou. Até Nick parecia estar ouvindo da onde ele estava, há alguns metros a frente, do outro lado da bancada. “Quem sabe? Ela tem bons peitos e uma boa bunda. De qualquer forma, eu não consigo lidar com isso.” Eu sorri enquanto colocava uma dose e deslizava o copo para ela. Nenhuma gota foi derramada. “Aw, veja, você é como uma bartender de verdade agora,” Roxy apontou. Nick bufou. Eu olhei para eles e, então, a porta se abriu. Minha cabeça virou rapidamente em direção a ela que eu fiquei surpresa que isso não me deixou tonta. Perdi a respiração e quase deixei cair a garrafa de whiskey. Reece foi o primeiro a entrar, usando um jeans velho e uma camisa de botão, parecendo elegante. “Merda,” gemeu Roxy. “Sério. Eu pensei de verdade que não precisaria lidar com ele olhando para mim hoje.” Eu olhei para ela. Katie bufou enquanto levantava seu copo. “Eu teria várias longas noites com ele. “Então ela engoliu o whiskey e um gole. “Holy guacamole,” ela quase engasgou.
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Merda. Mais alguns outros caras entraram. Eu vi seu irmão mais velho e fiquei surpresa ao ver Colton com eles, mas fazia sentido. O noivo era policial. Meu coração estava dançando agora, porque Jax estaria com ele. Katie olhou sobre seu ombro. “Viu! June expulsou até eles.” Ela jogou suas mãos pra cima. A porta se fechou e a risada vinda do grupo de homens se moveu para uma das mesas de sinuca. Meu coração caiu para meu estômago. Jax não estava com eles. “Eles estavam no clube, certo?” Eu me ouvi perguntando. “Yep. Não dava para não vê-los.” Katie inspecionou suas unhas por um momento e olhou para cima, seus olhos azuis cheios de simpatia. Oh não. Eu dei um passo para trás, esbarrando em Sherwood, que era como um maldito fantasma pois tinha ido para trás do bar e estava fazendo algo com os copos. Roxy me observava, suas sobrancelhas juntas. “Calla...” Eu realmente duvidava que Katie tinha caído do poste e desenvolvido super poderes, mas ela estava me encarando como se soubesse exatamente o porque eu estava preocupada. “Jax estava com eles,” ela disse. Nenhuma surpresa. Eu sabia que ele poderia estar. Roxy se moveu mais para perto enquanto olhava pelo bar. Seu olhar pegou o de Nick e ele se moveu para ajudar um cliente. “Okay,” eu sussurrei, e eu não estava certa de como ela me ouviu por causa de todo o barulho.
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Katie sugou seu lábio com gloss rosa. “Os caras estavam se divertindo, mas Jax não parecia tão feliz então, talvez meia hora antes de vir aqui, Aimee apareceu.” O pior tipo de emoção explodiu em meu peito. “Foi bem estranho porque Aimee nunca colocou o pé dentro do clube.” Claro que não, porque Aimee só estava ali por que Jax também estava. “Uns dez minutos depois que ela apareceu, Jax foi embora.” Os olhos de Katie encontraram os meus. “E Aimee foi embora, também, logo atrás dele. Eu não estou dizendo que eles estão juntos. Mas ela estava literalmente atrás dele.” Oh meu Deus. “Calla,” Roxy tocou meu braço. “Aimee está a um passo de ser considerada uma perseguidora. Você sabe que Jax não pediria para ela aparecer lá.” Eu olhei para ela, sem ter certeza se a estava vendo. O vazio de antes tinha voltado. “Ele não respondeu minha mensagem que mandei antes de vir trabalhar. Eu mandei uma mensagem. Ele não respondeu.” “Okay. Isso não significa nada,” Roxy disse rapidamente. Mesmo? Aimee aparecendo ontem a noite. Ele a expulsou mas a conversa foi duvidosa. Nós tivemos uma grande briga. Ele não dormiu comigo, tinha ido embora quando acordei e não tinha tentado falar comigo o dia todo e ele não tinha me respondido. Nada disso parecia bom. Minha garganta queimava. Algo poderoso saia de mim enquanto eu ficava ali de pé, como se estivesse sangrando de uma ferida de faca que iria te matar vagarosamente. “Vocês dois são mais que amigos. Vocês não disseram isso para mim, mas eu sei.” Katie disse enquanto ela batia seus dedos na lateral da sua cabeça. “Eu sei.” “Katie,” Roxy suspirou.
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“Eu te disse que sua vida iria mudar,” ela continuou. “Lembra? Eu te disse. Eu não disse que seria fácil.” Eu estava encarando ela. Por sorte, uma multidão veio chegando no bar então eu não tive chance de responder a Katie, fui me ocupando em atender os pedidos de um jeito quase obsessivo. Eu nem notei quando Katie saiu. Roxy tentou falar comigo várias vezes, mas eu a evitei, porque ela queria falar sobre Jax e eu não podia fazer isso. Eu não conseguiria. Eu fiz três Long Island e sorri. Eu ri. Eu peguei o dinheiro. Eu fiz gorjetas. E fiz várias Jäger Bombs para a mesa de Reece por que, do nada, Roxy estava ajudando Gloria. Ele não falou sobre Jax. Eu também não. Quando os rapazes saíram faltava quase uma hora para que fechássemos pela noite e tudo que eu queria era ir para casa e me jogar na cama. Provavelmente não era a coisa mais sensata a se fazer. Uma hora durante a noite, Roxy mencionou que eu poderia ficar com ela, mas eu precisava ficar sozinha. Eu estava disposta a arriscar ficar sozinha, porque o que quer que estivesse sangrando de mim mais cedo, ainda não tinha parado. Eu olhei para as portas mais uma vez naquela noite e meus lábios tremiam com a dor que enchia meu peito vazio, revirando meu interior. Eu podia sentir aquilo se transformando dentro de mim. Eu iria quebrar e isso seria apenas a cereja do maldito bolo. Indo em direção a Roxy e Nick, eu inalei profundamente. “Está tudo bem se eu aproveitar e ir embora?” Roxy concordou. “Sim, nos cuidamos de tudo, mas...” “Okay. Obrigada” Eu corri para ela, dei um rápido abraço e passei por eles. Eu peguei logo minha bolsa do escritório e quando estava saindo, Nick estava vindo do bar. “Eu posso te dar uma carona,” ele ofereceu.
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“Não,” eu disse rapidamente, inclinando minha cabeça para a esquerda. “Eu vim de carro. Você não precisa fazer isso.” Nick olhou para Roxy e eu aproveitei isso como um sinal para ir embora antes que eu terminasse indo para casa com um dos dois, acabando chorando em cima de um dos dois. Eu corri para fora do bar onde o cheiro da chuva empregava o ar da noite. Eu parei, peguei meu celular da minha bolsa e apertei o botão. A tela acendeu. Nenhuma chamada perdida. Nenhuma mensagem. Eu soltei uma risada seca enquanto eu levantava minha cabeça, colocando meu celular de volta na minha bolsa. Meus dedos doíam para ligar para ele enquanto eu encarava o estacionamento do outro lado da rua. Claro que a caminhonete de Jax não estaria ali, porque ele tinha ido embora segundos antes de Aimee e ele não tinha aparecido no Mona’s hoje a noite. Ele não tinha tentado entrar em contato e ele não tinha respondido minha ligação. Eu não deveria ter deixado Jax entrar. Eu não deveria ter me apaixonado por ele. Não. Isso não era verdade. Limpando meus olhos, eu andei pelo estacionamento. O Wal-Mart que ficava no fim da rua estava aberto. Eu iria usar um pouco do meu dinheiro e pegaria uma cesta cheia de porcarias e sorvete. Então eu iria para casa e comeria até que não ligasse mais. Então amanhã... bem, eu ainda não sabia. Eu estava a alguns passos do meu carro quando eu ouvi meu nome. “Calla?” Meus olhos arregalaram e meus dedos tremiam em volta da alça da minha bolsa enquanto eu me virava, minhas costas para a rua, desacreditando enquanto meu olhar ia e terminava na origem da voz. Ela estava parada debaixo de um poste de luz no estacionamento. Mesmo com a luz baixa, eu podia ver seu cabelo loiro claro desbotado com as raízes bem escuras, seu rosto e forma magros. Suas roupas estavam amassadas. Uma camiseta velha estava sobre seus ombros estreitos. O jeans era justo mas alargava na altura do joelho. 414
Ela deu m um passo em minha direção, mas eu me movi um passo para trás. Seu sorriso era grande e brilhante. “Bebê...” Eu não conseguia acreditar. Minha mãe estava parada na minha frente, parecendo acabada e me chamando de bebê. Eu estava, literalmente, pregada onde estava, totalmente embasbacada. Eu não sabia o que dizer a ela, porque haviam trocentas coisas que eu queria gritar na sua direção, mas nenhuma delas veio a tona. “Você está bem?” foi tudo que consegui dizer. Ela abriu sua boca, mas qualquer coisa que fosse dizer foi cortada pelo som alto, como um motor acelerando. Minha cabeça virou e eu olhei para trás de mim. Um carro de quatro portas com janelas escuras acelerou pelo estacionamento, parando abaixo de uma placa. Uma janela se abriu. Várias faíscas voaram pela noite. Houve um disparo. Minha mãe gritou e eu pensei que ela tivesse gritado meu nome, mas houveram mais disparos, como uma dúzias sendo atirados ao mesmo tempo, e mais faíscas. No meio de tudo eu percebi que eram tiros assim que vidro explodiu em volta de mim. Metal voou perto de mim, muito perto, e minha bolsa escorregou dos meus dedos enquanto um grito se formava em minha garganta. O som nunca me deixou, por que eu fiquei sem ar quando uma queimação começou em meu estômago, afiada e de surpresa, intensa e roubando meu ar. Eu olhei para baixo enquanto cambaleava, batendo em um Jeep. Eu pensei ter ouvindo um grito, mas minha cabeça estava girando de um jeito estranho. Minhas mãos tremiam enquanto eu as pressionava na minha lateral. Eu senti algo quente e molhado. “Mãe,” eu gemi enquanto os ossos sumiam da minha perna. Eu não lembrava de ter caído, mas a parte de trás da minha cabeça doía, mas não tanto quanto meu estômago. Eu estava encarando o céu, mas as estrelas estavam se movendo, como se elas estivessem caindo. “Mãe?”
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NĂŁo houve resposta.
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Capítulo Trinta e Um
Quando abri meus olhos de novo eu não estava olhando para estrelas ou para uma luz brilhante. Era um teto, um teto totalmente branco com uma luz suave. O resto estava sombrio e enquanto meu olhar ia para a parede oposta, eu vi uma cortina azul clara. Meus pensamentos estavam confusos e eu me sentia estranha, como se eu estivesse flutuando, mas eu sabia que estava em um hospital. Havia uma sensação amortizada de algo na minha mão direita e meu olhar foi, vagarosamente, para onde ela estava na cama, e eu podia ver um IV. Definitivamente um hospital. Oh Sim, verdade, eu tinha levado um tiro. Um tiro vindo de uma arma. De verdade. Eu comecei a me sentar, mas a dor ficou pior, passando pela minha barriga e eu perdi o fôlego. As paredes giraram como se eu estivesse drogada. Movimentos vindo do lado esquerdo da cama mudaram o ar a minha volta e uma mão gentil terminou em meu ombro. Eu pisquei para recuperar o foco enquanto minha cabeça era guiada de volta contra a pilha de travesseiros. “Acordada por alguns minutos e já está tentando levantar.” O monitor cardíaco registrou o aumento dos meus batimentos enquanto eu virava minha cabeça para a esquerda. Meu coração batendo fora de ritmo. Jax estava sentado na cadeira do lado da cama e ele parecia... mal. Olheiras escuras estavam abaixo de seus olhos que estavam da rotineira cor de whiskey. A sombra da barba em seu maxilar estava mais escura que o normal. Mas ele sorriu quando meus olhos encontraram os seus e ele disse em uma voz que era mais pesada que o normal. “Aqui está você.” “Eu peguei sua camiseta.” Suas sobrancelhas franziram. “O que?”
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Eu não sei porque disse isso. Eu podia dizer que haviam alguns bons medicamentos brincando dentro de mim agora. Então eu iria culpá-los. “Eu peguei sua camiseta quando você saiu da sua casa porque eu queria ter uma parte de você se você decidisse que não queria mais me ver.” Ele se endireitou na sua cadeira e seus lábios se afastaram enquanto ele me encarava. “Eu me sinto estranha,” eu admiti. “Eu acho que levei um tiro.” Sua expressão ficou tensa. “Você levou um tiro sim, querida. No estômago.” Eu umedeci meus lábios secos. “Isso soa ruim.” Eu sabia que isso podia ser ruim, agora que estava pensando nisso. Nós tivemos uma semana inteira dedicada a ferimentos de bala em uma das minhas aulas. “Você teve sorte, na verdade. O médico disse que a bala não acertou nenhum órgão vital. Limpa, da entrada a saída.” Ele explicou com a voz baixa. “Houve um pouco de hemorragia interna.” “Oh. Isso é definitivamente ruim.” Ele inclinou sua cabeça para o lado e fechou os olhos. “Sim, querida, isso é ruim.” Jax parecia tão preocupado, tão... eu não sei, fora da realidade, que eu senti a necessidade de tranquiliza-lo. “Não está nem doendo.” “Eu sei,” ele murmurou. “Eles disseram que estão te dando analgésicos. Eu... merda. Calla.” Ele se inclinou para frente, trazendo seu rosto tão perto do meu que eu conseguia sentir o cheiro do seu perfume. “Oh, querida...” ele balançou sua cabeça e a escuridão em seus olhos ficou torturante. Ele colocou sua mão na minha bochecha esquerda e eu senti um arrepio vindo disso. “Eu sei que você provavelmente tem perguntas mas tem algo que eu preciso dizer, okay?” “Okay.” “Quando você acordou ontem e eu tinha ido embora, não foi o que você pensou.” As últimas vinte e quatro horas começaram a tocar na minha cabeça, passando como um livro de figuras em câmera lenta. 418
Ontem foi uma merda. “Eu tive que ir no centro da cidade para prova da roupa do casamento e eu tive que sair cedo. Eu deveria ter deixado um recado, mas eu ainda estava irritado sobre a noite anterior. Eu sai pensando que quando voltasse poderíamos conversar, mas Roxy me ligou.” Eu franzi minha testa pra ele. “Ela.. ela te ligou?” “Sim.” Seu olhar se moveu para meu rosto, depois para baixo, e eu podia jurar que ele estava olhando meu peito se mover como se estivesse garantindo a si mesmo que eu estava respirando. “Ela me ligou no caminho para sua casa, porque estava preocupada com a sua segurança. Eu sabia que você tinha ido embora e sim, eu estava com raiva disso. Eu pensei que estávamos na mesma página.” Ele riu secamente. “Eu liguei para Reece, para que ele soubesse que você estava na sua casa. Eles tinham um carro te seguindo.” Eu não tinha percebido isso. Aparentemente, eu não era a pessoa mais observadora do mundo, então talvez eu devesse repensar na minha carreira como enfermeira. Seu dedão passou pelo meu maxilar enquanto seu olhar encontrava o meu novamente. “Eu passei o dia todo ontem bravo com você, com nós, comigo.” Bem, essas eram as coisas que eu realmente não queria ouvir agora, mas eu sabia que o que quer que ele precisasse dizer, ele tinha que tirar isso logo de si, então eu permaneci quieta enquanto o observava. Um músculo escapou no canto de seus olhos. “Todo dia,” ele disse, balançando sua cabeça. “Um maldito dia inteiro perdido com uma merda idiota, e eu deveria saber melhor. Eu já provei esse tipo de arrependimento, você sabe, com minha irmã. Passei tanto tempo bravo com Jena que quando ela se foi, eu não podia nem mesmo contar todas essas horas perdidas que eu poderia estar lá com ela.” “Jax,” eu sussurrei, meu coração apertado. Ele descansou seu peso em seu outro braço, tomando cuidado para não balançar muito a cama, apensar que eu não tinha certeza do quanto eu conseguia sentir a essa altura. “O ponto é, eu estava bravo, mas isso não mudou o que eu sinto sobre você ou o
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que eu quero de você. Eu não sou perfeito. Pelo contrário, e eu estava sendo um cuzão. Eu poderia ter ligado para você e ter certeza que você entendesse isso. Eu poderia ter respondido sua mensagem. Eu não o fiz. Eu pensei que, talvez, nós dois precisássemos de espaço para acalmar as coisas para que quando conversássemos, nós nos entenderíamos. E noite passada, quando eu fui ao clube, Aimee apareceu.” Agora eu lembrava disso também, e aquela dor aumentou, não tanto quanto antes e por isso eu estava grata. “Isso me irritou ainda mais. Eu fui embora. Ela me seguiu. Nós discutimos no meio do estacionamento. E eu juro, mesmo o término de namoro mais bagunçado que eu já tive com alguém foi mais fácil do que falar com ela. Ela não vai ser mais um problema, mas porra, foi mais tempo perdido. Depois disso, eu voltei para casa. Eu estava planejando em ir ao bar antes de fechar. Eu não pensei que você fosse sair mais cedo, mas eu estava indo para você. Eu só nunca consegui chegar.” Quando ele continuou falando, a rouquidão em sua voz, a dor era real, e isso me atingiu. “Eu estava me arrumando para sair. Eu tinha minhas chaves na minha mão, Calla. Eu estava quase passando pela porta. Eu estava pensando em te mandar uma mensagem e meu telefone tocou. Era Colton. Eu quase não atendi porque eu sabia que eles ainda estariam festejando e eu não estava no humor para essa merda, mas eu atendi. E ele me disse que ele tinha acabado de receber um telefonema de um dos seus oficiais, que tinha acontecido um tiroteio no bar e que alguém tinha se ferido. Isso era tudo que eu sabia, e porra, babe, meu coração... fez a mesma coisa de quando eu recebi a ligação dos meus pais. Era um sentimento de merda, como se não machucasse, mas machucou. Eu tentei te ligar e quando você não atendeu, eu sabia" eu simplesmente sabia, porque se houve um tiroteio no bar, você teria atendido o telefone se pudesse.” “Eu estou bem,” eu sussurrei o melhor que pude, porque eu pensei que ele precisasse ouvir isso, mas ele continuou, ignorando. “Quando eu cheguei ao bar e vi seu carro cheio de marcas de balas, e você não estava lá. Nem Roxy...” Ele parecia estar se recompondo enquanto sua mão tremia contra minha bochecha. “Foi Nick que me contou que foi você. Ele estava do lado de fora. Chegou a mim antes da polícia. Tudo que ele sabia era que você tinha sido baleada e que não estava acordada quando os paramédicos chegaram. Calla, eu... eu nem consigo expressar com palavras o que senti naquele momento ou o que senti enquanto vinha para esse hospital. 420
Tudo que sabia era que tinha fodido com tudo ontem.” Seu peito levantou com sua respiração profunda. “Eu poderia ter perdido você. Merda, eu podia realmente ter te perdido. E se eu não tivesse tido a chance de estar conversando com você agora, se você tivesse sido levada de mim e se eu tivesse perdido a oportunidade de passar o dia de ontem com você, estar com você, te amar, eu nunca me perdoaria por isso. Então, para que você saiba Calla, eu vou esquecer qualquer merda agora. E eu espero que você esteja comigo nisso, mas mesmo se não estiver, eu preciso tirar isso de mim e não vou me arrepender de dizer a você.” Eu estava começando a respirar pesadamente, não como se estivesse com taquicardia, mas eu sabia que algo estava vindo, e minha garganta queimava e não era porque estava seca. Assim como meus olhos. Eles pareciam úmidos por que aquelas duas palavras sobressaíram mais do que todas as outras palavras poderosas que ele disse. Te amando. “Eu preciso dizer que eu te amo, Calla,” ele disse eu fiquei surpresa que o monitor cardíaco não marcou o fato que meu coração havia parado por um momento. “Sem brincadeiras, eu amo. Eu amo o jeito que você pensa, mesmo que seja irritante às vezes e mesmo quando ainda é fofo. Eu amo que tem um monte de merdas que você nunca experimentou e que vai poder experimentar comigo. Que eu vou poder ter essa honra. Eu amo sua força e tudo que você sobreviveu. Eu amo sua coragem e eu amo que seus drinks são uma merda mas ninguém liga, porque você é legal demais.” Uma risada suave me surpreendeu quando saiu de mim, minhas palavras soando bobas quando eu disse. “Eu realmente faço péssimos drinks.” “Sim, você faz. É verdade. Tenho certeza que seus Long Island poderiam matar pessoas, mas está tudo bem.” Seus lábios se curvaram de um lado enquanto seu olhar segurava o meu. “Eu amo seu senso de humor e o fato que você nunca tinha comido grits antes. Há tantas coisas que eu amo em você que eu sei que eu estou apaixonado por você. Então, querida, você pode ficar com quantas camisetas minhas você quiser.” Eu perdi a respiração de novo, e eu abri minha boca mas nenhuma palavra saiu, por que havia tanto que eu queria dizer a ele. Eu queria listar as coisas que eu amava sobre ele também, mas tudo que conseguir dizer foi “Eu estou apaixonava por você.”
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Jax inalou profundamente e seus olhos se arregalaram, e eu percebi que ele não pensava que eu fosse dizer isso. Ele era um idiota por isso, mas ele era o idiota que eu amava, então eu disse de novo e, então, ele se moveu, baixando sua cabeça para a minha e aquele beijo... oh Deus, eu conhecia esse beijo porque ele já tinha me beijado assim antes e ele estava com tanto amor quanto das outras vezes que ele tinha me beijado assim. E então, talvez porque Jax me amava" estava apaixonado por mim" e eu estava apaixonado por ele, ou porque eu tinha acabado de ser baleada e estava sob efeito de alguns bons medicamentos, eu comecei a chorar. Jax murmurou algo contra meus lábios e pegou algumas lágrimas com seu dedão. Como não tinha como ele se juntar a mim nessa cama, ele fez a coisa mais próxima. Ele trouxe sua cadeira o mais perto que pode e esticou seu corpo em direção ao meu, colocando um braço em volta do meu ombro enquanto descansava sua bochecha no travesseiro ao lado do meu. Um tempo passou antes que a enxurrada de lágrimas parasse e eu me encontrasse sorrindo para ele. Eu consegui fazer meu braço direito funcionar e coloquei minha mão na parte de trás do seu pescoço, meus dedos brincando com seu cabelo enquanto ele me explicava detalhadamente como ele planejava me mostrar o quando me amava, em tantos detalhes que eu tinha certeza que meu rosto estava vermelho como um tomate, mas rapaz, como eu tinha algo para ansiar. Mais tempo passou, o suficiente que eu imaginasse como ele conseguiu para que os funcionários deixassem ele no meu quarto, mas isso não importava. Ele estava aqui e era tudo que eu ligava. Nós estávamos ficando cansados quando ele disse. “Tem uma coisa que precisamos conversar mas isso pode esperar para quando você sair daqui. Okay?” Naquele momento, ele disse tudo que eu desesperadamente precisava que ele dissesse, então eu poderia esperar o que quer que ele fosse me dizer. Eu concordei e senti minhas pálpebras pesando e era isso, depois de estar acordada vai se saber a quanto tempo, o sono me atingiu. “Oh Deus,” Eu comecei a me sentar novamente, mas Jax estava ali, gentilmente mantendo meus ombros para baixo. “O que?” Sua voz soou preocupada. “O que está errado?”
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Eu segurei seu pulso com minha mão direita. “Minha mãe. Ela estava lá, Jax. Ela estava no estacionamento. Ela foi ferida?” Ele me encarou por um momento e, então, balançou sua cabeça enquanto suas sobrancelhas baixaram. “Mona estava lá?” “Sim! Ela estava do lado de fora esperando por mim, mas um carro chegou e alguém começou a atirar. Ela foi atingida?” “Okay. Você precisa se acalmar.” Ele colocou sua mão em volta da minha bochecha de novo. “Essa é a primeira vez que alguém está sabendo sobre sua mãe, querida. Ninguém sabia que ela estava lá.” Confusa, eu fiquei encarando ele. “Espere. Ela estava lá. Eu falei com ela. Ela me chamou de bebê. Ela estava lá, Jax.” Ele não disse nada. Minha mente estava correndo. “Ela estava lá quando eles começaram a atirar e eu ouvi o carro saindo...” “A polícia encontrou o carro que eles acreditam que foi usado, abandonado a alguns quilômetros do bar.” Ele explicou. “Eu não sei o nome que ele estava registrado, mas eles acham que provavelmente era roubado. Tenho certeza que teremos mais informações depois.” “Mas... mas isso não faz sentido.” Seus olhos encontraram os meus e ele beijou minha bochecha. “Querida, eu... eu sinto muito.” Eu comecei a perguntar a ele pelo que ele estava se desculpando mas eu sabia. Eu entendi. Ele estava se desculpando porque minha mãe tinha aparecido no bar, tinha me visto e eu tinha visto ela, pessoas estavam irritadas com ela e abriram fogo e eu fui atingida e... e minha mãe deveria saber disso. Eu pisquei devagar e balancei minha cabeça. “Ela tinha de saber que eu estava ferida.”
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Ele passou seu dedão sobre meu lábio e eu me senti incrédula. Eu lembro de chamar por ela e não haver resposta. “Ela me deixou lá, Jax, em um estacionamento, sangrando de um tiro que deveria ser para ela. Ela me deixou.” “Querida,” ele disse gentilmente. “Eu não sei o que dizer.” Por que o que se diz para algo assim? Minha própria mãe tinha me deixado sangrando em um estacionamento. Bom Deus, será que ela se importava? Meus lábios tremiam e Jax se moveu mais para perto, seus dedos espalhados pela minha bochecha enquanto ele virava minha cabeça para ele. Seus lábios encontraram com os meus e ele disse. “Eu te amo.” Eu fechei meus olhos enquanto concordava. Ele pressionou sua testa na minha, me segurando do único jeito que ele conseguia até que a exaustão finalmente chegou, levando tudo que era bom e ruim.
Durante os próximos dois dias eu fui mantida no hospital para observação, meu quarto virando uma turbulência. Detetive Anders tinha entrado e saído mais de uma vez, assim como Reece. Roxy e Nick apareceram, a menina trazendo doughnuts sorrateiramente, coisa que eu não estava permitida em comer ainda, mas eu não tive coragem de dizer isso a ela e ele estava com seu humor mais oscilante que nunca. Eu me sentia responsável por isso. Ele tinha se oferecido para me levar para casa e talvez se eu tivesse aceitado a oferta, minha mãe não teria tentado se aproximar de mim e eu não estaria deitada em uma cama de hospital enlouquecendo por estar presa. O tiroteio tinha chegado aos noticiários e de alguma forma Cam tinha ficado sabendo, ou Teresa tinha continuado a ligar no meu celular até que Jax atendeu" eu não sabia o que era ou se era ambos, mas meus amigos" Deus os proteja" estavam de volta a cidade, tendo dirigido no momento que eles ficaram sabendo que eu tinha levado um tiro. Eles estavam hospedados em um hotel a algumas quadras do hospital e eles estavam levando tudo na boa. Jase até tinha brincado como as férias de verão estavam interessantes para todos, mas eu podia dizer que eles estavam realmente preocupados, especialmente quando Teresa disse que ela queria que eu voltasse para casa, para Shepherd logo que possível. Mas eu não precisei dizer a ela que isso não resolveria tudo.
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No final, eu estava no mesmo hospital de Clyde. Ele estava bem o suficiente para ficar de pé por pequenos períodos e isso significava que ele estava no meu quarto, soltava uma tempestade de palavrões e era levado de volta para seu quarto antes que tivesse outro ataque cardíaco. No meio disso tudo, Jax raramente saia do meu lado. Ele tirou uma folga do bar e Nick e Roxy realmente se voluntariaram para ajudar. Ele tinha algum poder Jedi de um cara quente sobre os funcionários porque ele ficou no meu quarto durante a noite e eu sabia que isso era proibido, mas eu não questionei. Aquelas longas horas no meio da noite, quando eu não conseguia dormir e tudo que eu queria era sair dali, ele estava comigo. Nós conversamos sobre coisas importantes, como o que brigamos e falamos sobre coisas bobas, como o que faríamos no caso de um apocalipse zumbi ou quais era nossos reality shows favoritos. Eu admitir que ainda assistia Toddlers & Tiaras, que tinha uma quedinha por Property Brothers 42e mais que uma quedinha por Robbie Welsh de Shipping Wars43. Quando ele começou a falar sobre seu time de futebol favorito, eu apaguei e quando acordei um tempo depois, ele estava dormindo no que deveria ser a posição mais desconfortável conhecida pela humanidade. Ele tinha dormido na sua cadeira, mas sua cabeça estava descansando em seus braços que estavam dobrados em cima da cama ao meu lado. Sua bochecha estava virada para mim e eu tinha atingido um nível novo de total estranheza porque eu não sabia quanto tempo eu tinha ficado ali, vendo o jeito que seus cílios se mexiam em seu sono ou somente olhando seu rosto. Foi assim por duas noites e na manhã do terceiro dia, eu estava sendo liberada e poderia ir para casa se tomasse cuidado. As enfermeiras me deram permissão naquela manhã para lavar meu cabelo enquanto Jax ia para a casa e pegava algumas roupas para mim. Banhos de esponja não estavam servindo, mas a pequena cicatriz por cima das outras já cicatrizadas e toda a dor que eu tinha quando me virava muito rápido ou quando respirava muito profundamente me diziam para tomar cuidado. Mesmo agora eu não podia acreditar que tinha sido baleada.
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Chamado de Irmãos a Obra no Brasil, é um reality sobre dois irmãos gêmeos que ajudam pessoas a comprarem e renovarem casas. https://en.wikipedia.org/wiki/Property_Brothers 43 Reality sobre pessoas que transportam cargas que transportadoras normais não aceitam. https://en.wikipedia.org/wiki/Shipping_Wars
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Meus amigos ainda estavam na cidade e eu não tinha ideia de quanto tempo eles planejavam ficar, mas eu sabia que eles iriam me visitar amanhã, já que hoje eu fui ordenada a não fazer nada, então eu acho que eles transformaram essa segunda viagem em uma miniférias. Enquanto o médico me examinava, Jax estava de volta, esperando na porta, e os pensamentos que eu vinha evitando desde a primeira noite no hospital enchiam minha mente. Minha mãe. Eu fechei meus olhos enquanto o médico checava minha pressão. Minha própria mãe, de carne e osso, tinha me deixado deitada no meu sangue. Isso doía mais que ter um prego enferrujado enfiado em seu coração. Repetidamente. Não importava quantas desculpas ela tivesse ou quão assustada ela estivesse, não havia justificativa, e isso era difícil de se reconhecer, por que eu não entendia até o momento que eu percebi que ela tinha me deixado que eu ainda mantinha um pouco de esperança que ela, um dia, seria como antes do incêndio, das mortes e das drogas. Não havia esperança agora. Eu tinha feito a coisa certa quando falei com o Detetive Anders. Eu disse que eu tinha visto minha mãe, ele não pareceu muito feliz de ouvir isso e eu não estava muito animada de estar falando sobre isso. Agora, eu não podia me deixar pensar nela, porque mesmo que ter levado um tiro fosse uma merda e ser forçada a uma divida não fosse bom também, eu estava viva e eu tinha muito pelo que agradecer. Eu olhei sobre meu ombro para Jax enquanto o médico tirava a cinta do medidor de pressão. Ele piscou e eu me contorci. Quase morrer realmente colocava as coisas em perspectiva. Eu fui liberada e nós fizemos uma parada no quarto de Clyde antes de ir para a casa de Jax. Pelo que eu aprendi, Clyde seria liberado no final da semana, talvez amanhã se seus exames fossem bons.
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Quando cheguei na casa de Jax, eu fui para o sofá e me joguei ali, cansada pela viagem de carro. “Você está bem?” Jax se ajoelhou na minha frente. Eu concordei. “Sim, só estou cansada. Sem sono.” Ele não parecia convencido. “Seu estômago não dói?” Eu sorri. “Só se eu fizer alguma coisa estupida.” Seus olhos procuraram o meu e ele se levantou, colocando uma mão no braço do sofá. Ele passou seus lábios pelos meus. “Você acha que consegue comer alguma coisa? Eles disseram comidas leves, né? Como canja de galinha?” “Isso seria bom.” Ele se levantou, seus olhos cheios de preocupação. Ele pegou um daqueles cobertores mega confortáveis das costas do sofá e colocou em volta de mim. “Fique aqui.” Enquanto ele se afastava, eu afastei o cobertor e peguei seu braço. “Obrigada.” Uma sobrancelha levantou. “Pelo que?” “Por tudo e por qualquer coisa.” Seus lábios se curvaram e ele se abaixou, me beijando mais uma vez. “Não tem nada que você precise me agradecer, querida. Se por tudo, é ao contrário.” Confusa, eu franzi minha testa. “Como assim?” Antes que ele respondesse, ele aliviou o franzido com meus lábios e criou vários arrepios na minha barriga. “Você está sentada aqui no meu sofá e nada que eu fizer vai mudar isso.” Wow. Meu peito ficou todo derretido, o que era outro motivo para estar agradecida por ele. Quando ele saiu para preparar a sopa, eu me aconcheguei ainda mais no cobertor e, então, comemos sopa enquanto assistíamos a uma maratona de Property Brothers, o que me fez querer comprar uma casa velha e reformar ela até virar uma
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maravilha. E o fato que eles eram gêmeos gostosos talvez tivesse um pouco a ver com isso também. Mal tinha anoitecido quando ouve uma batida na porta. Eu me estiquei no sofá, minhas costas contra a parte da frente de Jax e eu quase cai. Eu virei meu pescoço e vi a tensão em seus lábios. “Não está esperando visita?” eu perguntei. Ele balançou sua cabeça enquanto cuidadosamente tirava seu braço de baixo dos meus ombros. “Fique aqui, okay?” Concordando, eu me sentei depois dele ter passado por cima de mim. Ele deu a volta no sofá, indo para a porta, onde ele espiou pelo olho-magico. “Mas que porra?” Preocupação explodiu em mim e eu fiquei de pé, puxando a pele dolorida. Eu coloquei uma mão sobre o ferimento. “O que é?” Sua cabeça foi para o lado enquanto eu ouvia uma voz masculina vindo do outro lado da porta. Eu não tinha ideia do que estava sendo dito mas vários minutos se passaram e, então, Jax virou. Meu maxilar caiu enquanto ele foi até a sala de jantar e pegou uma arma. A preocupação foi para um nível totalmente novo. Mesmo eu sabendo que ele tinha uma arma e já a tinha visto antes, ainda era chocante sempre que ele a pegava. “Jax...” “Está tudo bem,” ele disse, vindo para onde eu estava. Sua mão passou pela parte de trás do meu pescoço enquanto ele inclinava minha cabeça para trás, me dando um rápido beijo. “Apenas por precaução.” Até onde eu sabia, não havia nada sobre uma arma ser uma medida de precaução e meu coração estava pulando enquanto ele voltava para a porta, abrindo a fechadura. Meus músculos ficaram tensos enquanto ele a abria, segurando a arma a vista. “Eu não dou a mínima para quem você é, faça um movimento que eu não goste e você não vai sair dessa casa andando.” Jax avisou com a voz baixa enquanto dava um passo para o lado.
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Houve um minuto de silêncio uma voz masculina respondeu. “Eu gosto de pensar que sou inteligente o suficiente para não fazer você usar essa arma que está em sua mão.” “E eu sou inteligente o suficiente para saber que você, provavelmente, cercou minha casa e se eu não deixasse você entrar, você teria encontrado seu próprio meio.” Mas que porra estava acontecendo? Uma risada masculina profunda ressoou. “Isso pode ser verdade, mas eu não estou aqui para causar problema, Jackson. Eu estou aqui para terminá-lo.” Essas palavras eram como gelo que veio cortando minha coluna. Jax ficou parado um momento e, então, concordou. Um segundo se passou e, então, um homem entrou na casa. Bem, ele deslizou para dentro. Vestido em um terno cinza escuro que obviamente era feito sob medida para servir seu quadril estreito e seus ombros largos, cabelo escuro que estava penteado para cima de uma testa e bochechas grandes, ele exalava dinheiro e poder. O homem parou logo dentro, seus olhos castanho escuro me encontrando e eu não pude evitar o tremor que veio acompanhando de seu olhar fixo. Xingando baixo, Jax fechou a porta e se virou para nós. Colocando a arma na parte de trás do seu jeans, ele suspirou. Eu estava presa no meu lugar, respirando espaçadamente enquanto o homem esperava até que Jax viesse ao meu lado e colocasse um braço em volta da minha cintura, me protegendo. O homem andou e parou na nossa frente, estendendo uma mão. “Calla Fritz, é um prazer finalmente conhecê-la.” Meu olhar caiu de seu lindo rosto para a mão na frente de mim. E dei a ele um aperto de mão fraco e imediatamente soltei sua mão. “Oi. Um, e você é?” Ele sorriu, exibindo dentes perfeitamente retos e brancos. “Alguns me chamam de Sr. Vakhrov.” Sr o que? Eu não tinha ideia de como soletrar ou repetir isso. “Mas outras pessoas me conhecem como Isaiah.”
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Capítulo Trinta e Dois
Meus olhos arregalaram até que pareciam que iriam pular do meu rosto. Puta merda. Esse era Isaiah? E ele estava na minha frente, na casa de Jax? E Jax tinha deixado ele entrar na casa? Eu estava entrando em pânico enquanto virava minha cabeça na direção de Jax. Seu braço me apertou mais. “Está tudo bem,” Jax disse. “Isaiah nunca faz o próprio trabalho sujo.” Meu olhar voltou a ele. O sorriso de Isaiah aumentou e isso realmente me assustou muito. “Algumas vezes eu faço uma exceção. Raro, mas acontece.” Uh, isso não me deixou nem um pouco melhor. “Posso?” Isaiah apontou com seu queixo para velha poltrona e quando Jax concordou, ele se sentou. Eu quase ri, porque ele parecia tão desconfortável sentado em uma cadeira que já tinha visto dias melhores, usando um terno que provavelmente custava mais que cada móvel dessa sala. Mas rir teria me feito parecer louca, e eu estava me sentindo meio assim. O cara que minha mãe devia milhões e que provavelmente tinha algo a ver com o novo buraco em meu corpo estava sentado na minha frente. Jax me guiou para o sofá, mantendo seu braço em volta de mim. Ele foi direto ao ponto. “O que está acontecendo Isaiah?” Ele virou sua cabeça para o lado e seu sorriso ainda estava lá, apesar de ser um sorriso falso. O lendário Isaiah era mais novo do que imaginei para o que imaginei ser o deus das drogas e sabe-se lá o que mais. Talvez estivesse com trinta e poucos? “Primeiro,” ele disse, desabotoando seu paletó, e eu pude sentir Jax ficando tenso ao meu lado, mas Isaiah cruzou suas mãos juntas. “Eu gostaria de me desculpar por Mo.” Mo? Não era aquele...? “O cara que tentou me sequestrar?”
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“Eu não sou fã da palavra sequestro, minha querida.” Mesmo? Então do que ele gostaria de chamar isso? “Meu sócio deveria te trazer a mim e não forçadamente, mas eu precisava falar com você. Infelizmente, ele foi um pouco enfático demais na sua tarefa.” “Enfático?” eu repeti embasbacada. “Ele bateu nela,” Jax disse com a voz seca. “Eu não chamaria isso de enfático.” Ele balançou sua cabeça, concordando. “E isso já foi resolvido. Eu abomino violência contra mulheres inocentes.” Minhas sobrancelhas foram jogadas para cima da minha testa. Contra mulheres inocentes...? “Eu precisava falar com você sobre o que vem acontecendo. Ele deveria apenas te trazer a mim. Isso é tudo e eu sinceramente peço desculpas pelas suas ações naquela noite.” Isaiah disse. “Como falei, já tomei conta disso. Assim como outro problema seu foi... ou será... resolvido.” Isaiah me observou por um momento e, então, se encostou na poltrona, cruzando as pernas enquanto colocava seu braço no da cadeira. “Eu tenho vários trabalhos, Senhorita Frits, alguns deles você pode não saber e outro que você pode especular, e eu tenho ainda mais responsabilidades. Além do mais, eu tenho uma imagem a manter e sempre que ela é ameaçada, bem, eu levo essas situações bem seriamente.” Eu me encontrei balançando a cabeça mesmo que não soubesse exatamente onde isso iria. Eu entendi o que ele estava dizendo sem realmente colocar em palavras. Ou seja, ele tinha um negócio legal e ilegal, como eu já sabia. “Um certo sócio meu era responsável por uma transação grande. Ele distribuiu um pouco dessa responsabilidade para pessoas que, francamente, não deveriam ser confiadas.” Ele explicou, seu olhar sombrio segurando o meu. Eu sabia totalmente de quem ele estava falando" Mack, Rooster e minha mãe" e eu também sabia que transação era. “No fim, quando essa transação não deu certo”" novamente, em outras palavras, frustrada e arruinada pelo Cara Gorduroso roubando a heroína" “meu sócio era o
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responsável por isso e ele estava bem ciente de quanto eu repudio quando as coisas não dão certo.” Eu tremi, sabendo que nunca queria estar perto do desapontamento de Isaiah. “Não só meu sócio falhou em assegurar a transação, como ele também impactou minha imagem. Nem passam quarenta e oito horas sem que alguém da nossa estimada força policial esteja no meu pescoço.” Aquele sorriso fácil e frio saiu do seu rosto e sua expressão ficou gélida. “E uma vez que meu sócio percebeu isso, ele ficou razoavelmente incomunicável, e pelo que pude descobrir, imaginou que o melhor jeito de retificar a situação era te ameaçando, um inocente em tudo isso, e tomando decisões por si próprio. Aparentemente, ele pensou que lidando com aqueles a quem ele confiou a responsabilidade de alguma forma me deixaria feliz. Ele estava errado.” Oh. Wow. “Então você está dizendo que não teve nada a ver com Mack bagunçando com Calla ou com ela levanto um tiro a uns dias atrás?” Jax perguntou. “Como eu disse, Jackson, eu abomino violência ou qualquer coisa contra mulheres inocentes. Meu sócio estava desesperado. Ele bagunçou tudo. Ele continuou bagunçando, deixando ainda mais difícil de continuar com meus negócios sem lidar com interferências e claro, seu impacto em você, Senhorita Fritz. Eu estou sinceramente aliviado de vê-la sentada aqui, hoje. Eu sei que poderia ter terminado de uma forma bem mais triste.” Novamente, eu me encontrei concordando e imaginando se isso estava realmente acontecendo. Eu não tinha certeza do porque Isaiah iria se importar se algo acontecesse comigo e, honestamente, ele provavelmente não ligava e era mais sobre não ser arrastado junto pelo que Mack estava fazendo. “Com isso dito,” Isaiah continuou, sorrindo daquele jeito assustador. “meu sócio não vai mais ser um problema.” “O que?” eu pisquei. O braço de Jax saiu dos meus ombros e sua mão terminou em volta da minha. “Você está dizendo o que acho que está?”
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Ele inclinou sua cabeça. “O que estou dizendo é que ele não vai mais ser uma ameaça. Você não vai mais ter de se preocupar com alguém aparecendo no Mona’s, na sua casa ou em algum carro aleatório.” Eu o encarei. Jax apertou minha mão. Eu sabia o que ele estava dizendo sem realmente falar. Mack não seria mais um problema para mim e desde que Isaiah, aparentemente, nunca foi um problema desde o início, o respingo do que minha mãe tinha feito finalmente sairia de mim e, pela maior parte, eu estaria livre. Mas eu tinha de saber. “Isso significa que Mack...” “Nós entendemos,” Jax me cortou, apertando minha mão novamente, e eu atirei a ele um olhar, mas ele estava focado em Isaiah. “Isso é tudo?” O olhar de Isaiah foi para ele e um minuto se passou. “É.” “Então, eu odeio ser rude, mas...” Seus lábios se curvaram. “Eu sempre gostei do seu atrevimento, Jackson.” “Eu estou presumindo que isso é uma coisa boa.” Isaiah simplesmente sorriu enquanto se levantava, abotoando seu paletó. “Eu desejo a vocês dois sorte no futuro. Eu acho o caminho da saída.” Ele andou, passando pelo sofá, mas parou de frente a porta e olhou para nós. “Uma última coisa, Senhorita Fritz.” Meu coração batia contra minhas costelas. “Sim?” “Se você ver sua mãe ou ouvir falar dela, por favor, a deixe saber que ela não é bem vinda nesse estado ou nesse país,” ele disse suavemente. “Como eu disse, não gosto de pontas soltas.” Então ele foi embora. “Oh meu Deus,” eu sussurrei.
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Jax se levantou, de repente, e beijou minha testa antes de correr para a porta da frente. Ele olhou o lado de fora antes de trancá-la. Se virando para mim, ele esticou seu pescoço e suspirou. “Quem diria.” Eu balancei minha cabeça de vagar. “Eu não sei o que dizer. Basicamente, ele me disse que tudo iria ficar bem e ameaçou minha mãe, certo? Quero dizer, foi só isso que aconteceu?” “Isso aí.” Jax andou para mim e se agachou um pouco, para que nossos olhares estivessem da mesma altura. “Eu não estava esperando por isso.” Eu tossi, rindo, e tremi. “Eu também não. Quero dizer, wow. Isso pareceu com algo saído direto de um filme. Você...” Seu telefone tocou em seu bolso. Se endireitando, ele o pegou, olhou para a tela e xingou antes de atender. “Sim?” Eu o observei virar e andar em direção a janela da sala. “Sério?” Ele passou sua outra mão pelo cabelo e deixou cair seu braço. “Bem, não posso dizer que estou animado com isso.” Franzi as sobrancelhas. O que poderia estar acontecendo agora? Eu peguei o cobertor, o enrolei em uma bola gigante e segurei contra meu peito. “Okay. Sim, precisamos conversar. Amanhã é bom. Eu tenho que voltar para o bar amanhã a noite.” Ele se virou para mim. “Sim, Calla está indo bem. Ela vai ficar bem.” Outra pausa. “Tudo certo, falo com você depois cara.” Jax desligou e eu esperei tão paciente quanto possível para que ele viesse na minha direção. “Bem, isso foi rápido. Realmente rápido.” “O que?” Ele se sentou, colocou seus braços em volta de mim e cuidadosamente me puxou contra seu peito, com o cobertor em formato de bola e tudo. Abaixando seu queixo, seus olhos encontraram o meu. “Era Reece. Provavelmente você vai receber uma visita amanhã de manhã do seu irmão.” Aquela ansiedade familiar corria pelas minhas veias. “Por que?”
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Seus olhos procuraram os meus por um momento. “Eles acabaram de encontrar o corpo de Mack em uma estrada de terra. Uma bala na cabeça. No estilo de uma execução.” “Puta...” eu parei para respirar. “Oh meu Deus.” Ele não disse nada enquanto tirava meu cabelo do meu rosto e nós ficamos quietos por vários minutos enquanto eu absorvia essas informações. Eu não sabia como me sentir. Mack tinha atirado contra mim" em mim. Ele tinha me ameaçado. E ele provavelmente não ligava se eu vivesse ou morresse enquanto ele tentava consertar sua relação com Isaiah, mas ainda assim, ele estava morto agora e eu não sabia se estava bem me sentir assim sobre isso. Então eu não sabia o que sentir. “Isso foi rápido,” eu disse, estupidamente. “Sim.” “Então Isaiah realmente...” “Não termine isso.” Ele pressionou um dedo contra meus lábios. “Nós não queremos saber de tudo e não queremos levar isso conosco, Calla. Simples assim. Negação plausível e, merda, você não quer isso na sua consciência. Okay? Isso não é pra gente.” Eu baixei meu olhar. “Eu sei que não é assunto nosso. Mack não está onde está por minha culpa. É pelo que ele fez. Eu só... eu não sei como me sentir sobre isso.” Seus lábios encontraram minha testa. “Querida, você não precisa sentir nada a não ser um pouco de alívio. Você está segura. E merda, isso é tudo que importa.” Eu concordei e finalmente percebi. Eu sussurrei. “Acabou.” Seus braços se apertaram ainda mais em volta de mim enquanto seus lábios acariciavam minha bochecha. “Sim, querida, acabou.”
Eu acordei com a sensação mais prazerosa do mundo, tão boa que eu pensei que estava sonhando. Mas não estava. Oh não, isso era um sonho, mas o tipo vivo. Eu pisquei, abrindo meus olhos, e mordi meu lábio inferior enquanto abaixava meu queixo e olhava para a extensão do meu corpo.
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Olhos quentes, da cor de chocolate, cheios de uma perversão brincalhona encontraram os meus. “Bom dia,” ele disse em uma voz rouca que foi direto para meu ponto mais sensível. Devia ser o meio da noite ou bem cedo, mas ainda estava escuro do outro lado da janela. A luz no criado mudo estava ligada e os lenços haviam sido tirados de mim e a barra da camiseta dele que estava usando" a mesma que eu havia roubado há uns dias atrás" estava levantada até minha cintura. A barra da minha calcinha estava baixa até meu quadril, baixo o suficiente para que não houvesse nada entre sua boca e eu. “Bom dia,” eu suspirei e antes que pudesse dizer outra palavra, ele se moveu para cima e me beijou docemente, tão carinhosamente que uma bola se formou em minha garganta. Ele levantou sua cabeça, me beijou novamente, mas dessa vez foi na ponta do meu nariz, e se moveu para baixo de mim. Colocando seus dedos por dentro do elástico da minha calcinha, ele a puxou para baixo até que estivessem em algum lugar do desconhecido. Estando entre minhas coxas, ele me olhou pelo meio de seus cílios. “Você promete se comportar?” “Eu? Você está me pedindo para prometer me comportar?” Ele sugou seu lábio inferior entre seus dentes e disse. “Você precisa ficar imóvel, baby. Eu não quero estragar seus pontos.” Seu olhar caiu para a parte mais intima minha e ele lambeu seus lábios. Pela barrinha de granola mais sagrada, eu quase gozei ali. “Eu deveria esperar até você estar cem por cento, mas eu estou com fome por você e não consigo esperar.” Arrepios passaram por mim. Ele olhou para cima de novo. “Você vai ficar quieta?” Eu realmente não podia fazer nenhuma promessa, mas concordei. Seus olhos seguraram os meus por um momento e, então ele se esticou e colocou um beijo acima do meu umbigo, na pele danificada. Isso nem me assustou. Ofegante, eu o observei fazer um caminho com sua boca em volta do meu umbigo até me lambeu, indo mais para baixo. Eu inalei bruscamente novamente enquanto ele 436
continuava, beijando e lambendo como se ele estivesse procurando provar cada curva ou cada elevação minha. Ele levou seu tempo no meu estômago e quando chegou na área entre minhas coxas, minha cabeça caiu de volta no travesseiro. Ele primeiro me tocou, uma passada suave do seu dedo e eu me forcei a ficar parada, mas houve um leve movimento do meu quadril e isso não fez nada pro meu estômago. Seus dedos se moveram de novo, circulando e, então, entrando. Eu gemia enquanto me agarrava no lençol, mas ele não tinha terminado enquanto vagarosamente se movia para dentro e para fora. Minha respiração acelerou quando eu senti sua boca contra a parte de dentro da minha coxa e, então, sua língua. Eu estava devagar" tão devagar que cada toque dos seus lábios ou passada de sua língua me consumia. Um som reprimido escapou de mim quando sua língua se aprofundou, tomando o lugar de seus dedos e meu quadril se moveu mais uma vez. Antes de conhecer Jax, eu nunca pensei que gostaria de algo assim. Parecia muito estranho, muito intimo, mas por Deus, eu estava errada. Isso era incrível. Talvez fosse porque era Jax. Talvez todos os homens tivessem uma língua que era, literalmente, uma arma de sedução. De qualquer modo, ele tirava cada suspiro, cada gemido e me possuía até que eu estava além de conseguir respirar ou fazer qualquer som. Ele se moveu, colocando um braço sobre meu quadril, me segurando no lugar. Ele parecia saber que eu estava próxima. Tensão e calor se acumulavam em mim, explodindo como uma flash, uma combustão de sensações que atingiram cada nervo com uma onde quente de prazer. Espasmos pós o tremor passavam por mim enquanto ele levantava sua cabeça, beijando a parte de dentro da minha coxa e logo acima do meu umbigo. Enquanto ele se levantava, eu alcancei a borda dos shorts que ele usava. Ele suspirou enquanto meus dedos passavam pela parte dura através do nylon. “Calla,” ele me alertou. Eu lambi meus lábios. “Eu posso devolver o favor.” “Não foi por isso que eu fiz.”
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“Eu sei.” Eu me virei cuidadosamente para o lado não machucado e o encontrei ali, seu corpo apoiado em um de seus braços. Sua boca estava tão perto que eu fui em frente e o beijei, pega pelo gosto dele e de mim mesma misturados. Jax gostava de beijar. Isso eu aprendi de cara. Ele gostava de fazer isso, aproveitava e era realmente bom. E enquanto estávamos nos beijando, eu alcancei entre nós novamente. Sexo talvez estivesse fora de questão pelos próximos dias, para ter certeza, mas isso não significava que eu não podia usar minha mão. Ou minha boca. Eu alcancei seus shorts mas ele pegou meu pulso, falando contra meus lábios. “Calla, queri...” “Eu não estou inválida, Jax. Eu quero fazer isso.” Ele não se moveu pelo que pareceu uma eternidade e, então, pegou minha mão, a guiando por dentro de seu shorts. Bem, bom saber que ele estava a bordo. Seu corpo tremeu quando minha mão envolveu sua grossura e ele soltou meu pulso, colocando seus dedos em seu shorts. Ele o abaixou até sua coxa enquanto beijava meu pescoço. Aliviando, eu o empurrei para baixo com minha outra mão enquanto ele me encarava da onde estava deitado de costas. Meu olhar vagou sobre ele, tão devagar como o movimento da minha mão. Deus, ele era incrível. Cada pedaço de pele, cada musculo e cada imperfeição. Seu quadril se moveu enquanto meu dedão acariciava sua ponta, e eu sorri, lembrando dele me mostrando isso e o quanto ele gostava. “Deus, Calla,” ele gemeu enquanto se movia, entrelaçando seus dedos em meu cabelo. “Você está me enlouquecendo.” Eu sorri. “Eu nem fiz nada.” “Oh, você está fazendo o suficiente. Você...” suas palavras terminaram em um gemido profundo, porque eu tinha me abaixado e colocado minha boca sobre ele. “Merda, Calla...”
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Houve um pequeno desconforto vindo do machucado mas nada muito grande e com certeza não era isso que iria me parar do que queria fazer por ele. Minha boca deslizava sobre ele e a mão que estava no meu cabelo se moveu para meu pescoço. Seu dedão se movia na base do meu crânio enquanto eu levantava minha cabeça, lambendo e sugando até que seu quadril estivesse se movendo em pequenas e controladas investidas. Sua mão apertou meu pescoço e eu podia sentir os espasmos em sua base, pequenas pulsações. Sua respiração ficou mais rápida e, enquanto eu ia mais profundamente quanto podia, o que provavelmente não era muito, ele soltou um gemido alto. No último minuto, ele me tirou de si. Os pontos na minha lateral protestaram um pouco. Minha mão ainda estava em volta dele e eu pude sentir sua liberação enquanto suas costas se curvavam e suas mãos apertavam meus braços. Eu observei seus músculos flexionarem, veias saltando em seu pescoço e a tensão aliviando em seu rosto enquanto seu quadril parava e ele se acalmava, respirando pesadamente. “Merda, Calla.” Ele me puxou para cima e colocou sua boca na minha, me beijando tão profundamente que eu senti o calor entre minhas coxas aumentando enquanto ele me colocava de costas. “Você é perfeita, sabia disso?” “Não, não sou.” Apesar disso eu sorri, por que eu gostava de como isso soava. “Que seja. Se eu disse então é verdade.” Eu ri suavemente enquanto ele se afastava. “Já volto,” ele disse e sumiu por um momento, voltando com um pano úmido. Ele nos limpou e quando terminou, ele colocou meu corpo contra o seu. “Hora de dormir?” eu perguntei. Sua risada me percorreu. “Uh-huh.” Eu sorri para a escuridão. “Que horas são de qualquer modo?” “Não sei,” ele respondeu, beijando meu ombro. “Não ligo.” “Então você me acordou no meu da noite só para...” “Com certeza.” Rindo novamente, eu me aconcheguei contra seu calor. “Te amo.”
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Seu peito levantou bruscamente contra minhas costas e ele colocou um beijo contra minha garganta e pescoço. “Também te amo.”
“Tem certeza que você vai ficar bem aqui?” Teresa perguntou enquanto ela se afastada do nosso abraço. “Nós podemos ficar. Jase não se incomoda.” Eu olhei para Jase que estava apoiado contra a parede da casa de Jax. Pela última hora, ele estava observando Teresa como se quisesse tê-la para sobremesa. Então eu duvidava que ele não se incomodasse com isso. Sorri para ela. “Estou bem. Eu vou apenas relaxar e ver TV pelo resto da noite e eu não acho que Jax vai ficar para o turno todo. Eu acho que ele disse que voltava por volta da meia noite.” “Bem, nós vamos ficar acordados até tarde,” Jase respondeu. “Então se precisar de qualquer coisa, é só ligar.” “Aposto mesmo que vão ficar.” Eu respondi secamente. Sorrindo, ele saiu da parede e abraçou a cintura de Teresa por trás. Ele piscou para mim enquanto abaixava sua cabeça, beijando sua testa. “Vamos, querida, vamos pegar a estrada.” Teresa colocou suas mãos sobre seu braço enquanto ele começou a andar para trás, para a porta. “Não se esqueça de amanhã! Se você e Jax ainda quiserem, podemos todos sair antes de voltarmos. Tudo certo?” “Não vou esquecer.” Eu segui um Jase que tinha um olhar desesperado até a porta. Eles estava aqui há horas depois que Cam e Avery tinham ido embora fazer qualquer coisa que casais adoráveis faziam em seu tempo livre. “Eu vou ficar bem. Vocês se divirtam.” O sorriso de Jase virou maquiavélico. “Nós vamos.” Teresa revirou os olhos enquanto ele a arrastava para fora da porta mas no último momento ela se soltou, correu de volta para onde eu estava e me abraçou de novo. “Eu estou feliz que tudo vai ficar bem,” ela sussurrou, se virando, usando a perna boa de apoio.
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Teresa correu e pulou de cima dos pequenos degraus. Jase, que estava embaixo, xingou enquanto ele a pegava, dando um passo para trás. “Jesus, você ainda vai me matar do coração.” Ela riu enquanto passava suas pernas em volta da sua cintura. Quando ele se virou para ir para o carro, ela me deu tchau por cima do seu ombro. Eu balancei meus dedos de volta pra ela, pensando que eles iriam dar uma disputa acirrada para Cam e Avery. Eu fechei a porta e voltei para o sofá. Meio cansada depois de passar o dia todo com meus amigos e com Jax, eu me envolvi com o cobertor e me aconcheguei no sofá. Não demorou muito para que eu dormisse, e por mais que isso soasse bobo, eu dormi cercada por pensamentos felizes. Hoje tinha sido um bom dia, talvez ótimo. Tinha sido normal" meu novo tipo de normal" cheio de risadas, sorrisos, conversas e beijos, muitos beijos doces e outros não tão doces. Eu podia me acostumar com isso e iria. Seria difícil voltar para Shepherd, mas nós faríamos isso funcionar. Aquela nuvem de felicidade iria manter tudo lindo e maravilhoso. Eu não sabia quanto tempo dormi, mas eu fui tirada do sono por dedos gelados que passaram contra minha bochecha. Piscando meus olhos para se abrirem, eu esperava ver Jax ao meu lado, pensando que eu tinha dormido mais do que deveria. Mas não era Jax sentado do meu lado. Meu coração foi parar na minha boca e eu me sentei tão rápido que repuxou a pele do meu estômago e eu me contraí. “Oh meu Deus.” Minha mãe estava aqui.
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Capítulo Trinta e Três
Eu a encarei pelo que pareceu uma hora inteira antes que eu encontrasse minha habilidade de falar. “Como você entrou aqui?” eu perguntei, torcendo meu pescoço para saber se Jax estava em algum lugar, mas aparentemente nós éramos as únicas pessoas na casa. Talvez essa não fosse a melhor pergunta para se começar mas eu fui pega de surpresa, totalmente despreparada. Ela se afastou do sofá e se levantou. Foi quando eu percebi que ela estava usando a mesma roupa que da última vez que eu a tinha visto e quando inalei profundamente, meu coração... Deus, doeu como se alguém tivesse enfiado a mão dentro de mim e apertado ele. Ela cheirava como alguém que não tinha visto um chuveiro há dias. Deus. Esfregando sua mão esquerda por seu braço direito, ela olhou ao redor. “Eu me deixei entrar.” “Como?” “A porta de trás. Ela tem uma daquelas fechaduras antigas. Sem segredo. Eu arrombei.” “Você... você sabe como arrombar uma fechadura?” Quando ela concordou eu apenas fiquei encarando-a. “Você sabe como arrombar uma fechadura?” Ela concordou de novo e parou de esfregar seu braço. Sua mão ficou parada do lado de dentro do seu cotovelo. “Bebê, eu não tenho...” “Você me abandonou.” Saindo do meu estupor, eu levantei meu pé enquanto seu olhar voltou rapidamente para mim. Minha mãe piscou rapidamente. “Eu preciso falar...” “Eu não ligo para o que você tem de falar pra mim.” E isso era verdade. Tão terrível quanto fosse, era completamente verdade. “Eu levei um tiro. Você tem noção disso?”
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“Bebê...” “Pare de me chamar assim!” eu retruquei, minhas mãos fechadas. “Responda minha pergunta, mãe. Você tem noção que eu levei um tiro?” Ela abriu seus lábios, mas não falou. Em vez, ela levantou seu queixo enquanto começava a coçar seu braço direito. Dor se alojou na minha garganta como se eu tivesse engolido uma pílula amarga. Eu encarei ela, minha mãe, e era como ver um fantasma. “Você sabia que eu tinha tomado um tiro e você me deixou no estacionamento, sangrando. Eu fiquei dois dias no hospital. Eu tive hemorragia interna. Você ao menos se importa?” Ainda com o queixo levantado, seu olhar marejado encontrou o meu por uma fração de segundo antes de se afastar. “Eu me importo com você, Calla. Eu te amo. Você é minha filha. Eu só... eu...” “Ama mais ficar alta?” Uma risada estranha escapou de mim. “História da minha e da sua vida. As drogas sempre foram mais importantes.” Ela não disse nada a principio e, então, ela disse aquilo que eu sabia que diria. “Meus bebês se foram, Calla. Kevin e Tommy, eles...” “Eles estão mortos!” Eu gritei enquanto as lágrimas se formavam em meus olhos. Ar escapava dos meus pulmões enquanto tudo... tudo saia. “Eles estão mortos, mãe. Eles estão mortos há um bom tempo. E você sabe o que mais, papai se foi há muito tempo também. Você não é a única pessoa nesse maldito mundo que os perdeu. E não há quantidade de merda nenhuma que você coloque no seu corpo que os vá trazer de volta.” Suas pernas se moveram, se afastando, como se ela pudesse fugir de tudo que eu estava falando, mas essa não era a primeira vez que eu tinha dito essas coisas para ela. Mas eu sabia que seria a última. Eu estava no ritmo. Anos e anos de frustração, desapontamento e dor trepidavam dentro de mim, explodindo como uma garrafa mexida. “Você me roubou , mãe. Você pelo menos se lembra disso? Você limpou minha conta, acumulou alguns mil dólares em débitos no meu nome e agora eu preciso pedir ajuda financeira para terminar a faculdade!” Minha mãe tremeu. 443
“Não apenas isso, mas você quase me matou. Como realmente morta" tão morta quando fodidamente morta, mãe.” Ela recuou novamente, mas não podia ser a primeira vez que isso passava em sua cabeça. “Clyde teve um ataque cardíaco por causa das pessoas que estão irritadas com você e que estavam mexendo comigo. Ele quase morreu.” Ela moveu sua boca, mas eu não a ouvi. “Minha vida inteira foi virada de cabeça para baixo. De novo.” Balançando sua cabeça, ela olhou em volta da sala de Jax enquanto mechas do seu cabelo cobriam sua visão e as suas bochechas. “Eu pensei... eu pensei que conseguiria de volta o dinheiro.” “Sim, roubando a heroína do Isaiah. Bem, isso não funcionou, certo?” Eu estava respirando pesadamente enquanto meu coração palpitava com raiva e um pouco de tristeza. “Você sabe, ele esteve aqui. Ele disse que você não pode nem ficar nesse estado. Você sabe o que isso significa, mãe?” “Eu estou indo embora,” ela engasgou, seu olhar saindo de mim e indo para as paredes. Ela estava tão encurralada quanto um rato assustado. “Eu tenho alguns amigos no Novo México que estou conversando. Eu queria te ver antes de ir.” Ela estava indo embora, realmente indo embora. Okay. Wow. Isso mexeu mais comigo do que pensei que iria, o que era estúpido. Eu imaginei que isso fosse acontecer. A única opção era ela ficar, o que era igual a uma sentença de morte, no estilo de Mack. Eu a observei se mover devagar, dando pequenos círculos na minha frente, cravando suas unhas sujas em seu braço. Eu pressionei meus lábios juntos, cortando o que teria sido um soluço. “Você está alta agora, não está?” Ela parou com o pequeno circulo que estava fazendo. “Eu não estou alta. Eu só precisava de alguma coisa, bebê. As coisas não estão boas.” Eu fechei meus olhos e inalei profundamente. Tanta raiva crescia em mim, me consumindo como um câncer. E era um veneno isso que estava dentro de mim, se 444
infiltrando desde que eu era pequena. Não era nada novo, mas eu abri meus olhos e a observei coçar seu braço enquanto ela tentava fazer um caminho dentro do chão. De repente eu estava exausta para segurar as partes mais afiadas da raiva. Depois de hoje a noite, eu nunca iria ver minha mãe de novo. Ela iria sumir. Nos últimos anos era como se ela estivesse morta, mas agora seria ainda mais real. Antes, eu sabia que ela estaria aqui ou pelo menos perto daqui, mas depois de hoje a noite, eu não tinha ideia de onde ela iria. Se ela se ferisse ou algo pior acontecesse, não haveria um Jax ou Clyde para me ligar. Eu nunca saberia. Ela iria realmente desaparecer. Eu me sentei, exalando. “Me desculpe,” ela disse. Levantei meu olhar e ela estava mais próxima agora, ainda impaciente e ainda coçando o que provavelmente eram marcas de picadas. Eu fiquei tensa. “Eu sei.” Ela parou, olhando para mim como um veado na frente de um carro, então começou a falar. Franzindo o cenho, eu me virei e a observei fazer seu caminho até a mesa de jantar que eu duvidava que Jax se quer usasse. Haviam algumas folhas de papel. Com as mãos trêmulas, ela pegou os papeis e virou para mim. Ela caminhou para frente, passando alguns metros atrás do sofá. “Isso... isso é seu.” Comas sobrancelhas juntas, eu me levantei e andei até ela. “O que é isso?” Ela limpou sua testa soada com a parte de trás do seu braço. A temperatura era congelante. “É sua vida de volta.” Eu a encarei, não tendo ideia do que isso significava. Então ela esticou seu braço, segurando os papeis para mim. Me preparando para qualquer coisa, eu os peguei e rapidamente passei por eles. Então eu realmente dei uma boa olhada neles. Os papeis eram apenas três folhas, e uma era mais longa, dobrada e, enquanto eu a abria, perdi a respiração. “Mãe...”
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“É sua. A casa.” Ela disse e enquanto eu olhava para cima, ela estava correndo ambas as mãos pelo lado de suas bochechas. “Nunca houve um empréstimo em cima dela. Eu nunca fiz isso. Eu... eu apenas deixei ela quieta.” Eu não sabia disso. Eu tinha assumido que tivesse um empréstimo e que ela tivesse a meses atrasada no pagamento e que o lugar seria tomado a qualquer minuto. O fato dela não ter usado a casa como uma fonte adicional de fundos realmente me impressionou. Eu olhei para os papeis para ter certeza que suas palavras não haviam mudado. Nope. Ainda quitado. Ainda assinado pela minha mãe e algum cara que o nome eu não reconheci. “Tudo que você tem de fazer é assinar, mas está feito.” Ela se afastou da mesa e parou. “A casa é sua. Venda. Você vai consegui, pelo menos, cem mil por ela.” Minhas mãos tremiam e parecia como se o chão estivesse se movendo em baixo dos meus pés. Eu não conseguia processar isso. A casa era minha" se isso fosse legitimo" a casa era minha. Eu poderia vendê-la, conseguir quase todo o dinheiro de volta para pagar as dividas. Minha vida estaria de volta no lugar, mas melhor, mais brilhante, porque eu tinha muito mais nela agora. Eu olhei para ela, a bola de emoções de volta, mas dessa vez do tamanho de uma bola de basquete no meu peito. “Mãe, eu não sei o que dizer.” “Não me agradeça. O que quer que você faça, não me agradeça.” Ela engoliu forte. “Você e eu sabemos que não mereço.” Meus lábios tremiam. “Mãe.” “Eu te amo bebê.” Ela deu um passo para frente, ficando a um braço de distância de mim, mas se afastou rapidamente. “Eu sei que não parece, mas eu te amo. Eu sempre te amei. Sempre vou amar.” Eu fechei meus olhos e inalei, minha respiração trêmula. “Você me deixa tão orgulhosa,” ela sussurrou. Meu corpo tremia e meus olhos se abriram. Ela estava parada ali, me encarando enquanto vagarosamente andava para trás, para longe de mim, e eu sabia que poderia
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abraçá-la. Seria a última vez que eu a veria pelo resto da vida. Eu deveria abraçá-la. Ela era minha mãe e por mais que eu a odiasse às vezes, eu a amava. Eu sempre a amaria. Mas ela não me deu essa opção. Minha mãe se afastou, indo para a porta de trás e eu sabia que esse era seu jeito de dizer para não tocá-la. Ela estava indo embora e, com meu coração estava na minha boca, eu a observei abrir a porta" aquela que ela tinha arrombado a fechadura. E, então, eu pensei no Mona’s. “Espere,” eu chamei, segurando os papeis mais perto do meu peito. E eu sabia que não era da minha conta me preocupar com o bar ao ponto de chama-la. Eu estava atrasando o inevitável. “E sobre o Mona’s" o bar?” Suas sobrancelhas levantaram. “O que tem ele, bebê?” Okay. Eu duvidava que ela tinha se esquecido dele. “O bar, mãe. O que você vai fazer com ele? Se você me deixou a casa, você também entregou o bar?” Porque o bar só passaria para mim no caso da sua morte, e eu não queria pensar nisso agora. Minha mãe balançou sua cabeça. “Bebê, eu não sou mais dona do bar. Eu não sou há... um ano ou algo do tipo.” O chão se moveu de novo. “O que?” “Eu o vendi para...” ela soltou uma risada fraca e seca. “Isso não importa. Eu o vendi e está em boas mãos bebê.” Os cabelos na parte de trás do meu pescoço levantaram e um calafrio estranho passou pela minha pele. Eu, de repente, pensei que precisava me sentar. “E você está nas mesmas boas mãos. Eu sempre pensei que... você e Jackson seriam perfeitos um para o outro. Ele é um bom menino. Sim, realmente um bom homem. Ele ama intensamente e se importa, realmente se importa,” ela continuou enquanto eu ia para frente, me abraçando e colocando uma mão na parte de trás de uma cadeira de jantar. “Ele está sendo bom para o bar. Ele vai cuidar dele como sempre fez.” Eu inalei rapidamente. “Jax é dono do bar?”
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Minha mãe concordou e sua mão apertou mais a maçaneta da porta. “Eu não queria esse tipo de vida para você. Você vai ser uma enfermeira, certo? Você vai fazer diferença na vida das pessoas. Boas coisas. Esse é... seu caminho.” Eu pisquei. Espere. O que? “Como você sabe disso?” Ela abriu sua boca e uma mecha do seu cabelo passou por sua bochecha novamente. “Eu tenho que ir, bebê. Seja boa. Eu sei que você vai, mas seja boa e... e seja feliz. Você merece isso.” Então ela foi embora, deslizando pela porta como uma sombra e eu fiquei ali, presa entre muitas emoções para me mover. Minha mãe tinha ido embora. Ela tinha realmente ido agora e antes dela sair, ela tinha me dado o mundo. E ela também tinha estragado uma grande parte dele, direto em suas fundações que agora estavam rachadas.
Eu me sentia como uma idiota. Pegando os papeis que minha mãe tinha me dado, eu os levei comigo para o sofá e peguei meu celular da mesinha de centro. Eu desejava que tivesse meu carro. Desde que a janela de trás tinha sido estourada e haviam alguns furos desnecessários no corpo dele devido a uma versão da Pennsylvania de O.K. Corral44, meu carro estava na manutenção pela segunda vez e eu duvidava que os reparos seriam de graça. Nada disso importava agora, apesar de tudo. Eu só queria sair daqui. Eu precisava fazer algo porque minha cabeça estava girando e a pressão no meu peito estava aumentando. Eram quase onze da noite. Jax estaria em casa logo e eu soltei o aperto no meu telefone, considerando mandar uma mensagem ou ligar para ele. Em vez disso, coloquei ele de volta na mesa. Eu era tão avoada e estúpida. Tudo fazia sentido agora e eu deveria saber que minha mãe não tinha mais nada a ver com o bar. A condição estava lá, do jeito que tudo estava indo suavemente, e todos 44
Referência a um filme de velho oeste dos anos 50. http://www.imdb.com/title/tt0050468/
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os papeis organizados no escritório gritavam que outra pessoa estava no comando. E Clyde tinha me dito que eu não precisava me preocupar com o bar. Claro que não. Minha mãe tinha vendido ele para Jax e ele nunca tinha me dito. Nem tinha Clyde, mas eu não estava dormindo com Clyde, eu não estava apaixonada por Clyde; então esse pequeno segredo não compartilhado parecia ainda mais importante. Eu não sabia o que pensar. Eu nem mesmo entendia o porque dele não ter me contado, especialmente desde a primeira vez que estive no escritório olhando a papelada e pensando que eu tinha todo o direito de estar fazendo isso quando, aparentemente, eu não tinha direito nenhum. Passando minha mão pelo meu rosto, eu encarei os papeis da casa da minha mãe" agora minha casa, meu bilhete para fora das dívidas que minha mãe tinha forçado. Isso arrumaria o maior problema que estava sobre minha cabeça, o que eu não tinha me esquecido mas tentava não pensar muito porque me deixaria louca, mas agora... agora havia isso. Jax tinha mentido para mim. Eu não sabia como me sentir sobre isso e eu estava sentindo muita coisa, porque minha mãe estava aqui e ela tinha ido embora de verdade, e Jax tinha mantido algo grande escondido de mim. Minha confiança estava abalada. Estava estilhaçada, mal se segurando junto. Se ele tinha mentido sobre isso, se ele tinha mantido isso de mim, o que mais ele tinha mentido ou mantido de mim? Eu não achava que essa era uma pergunta sem razão. Por experiências passadas eu sabia que quando uma pessoa tinha coisas escondidas de outras havia mais por trás. Bem, eu era um bom exemplo para começar. Meu olhar foi para meu telefone enquanto eu baixava minhas mãos, então eu me inclinei para frente, peguei ele da mesa e fiz uma coisa que nunca tinha feito antes.
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Eu meio que me senti mal por ligar para Teresa, porque estava tarde e eu tinha certeza que tinha interrompido seu tempo sozinha com Jase devido as suas roupas amassadas e a bagunça que estava seu cabelo. Mas como uma boa amiga, ela atendeu a ligação. Não apenas isso, mas ela e Jase tinham dirigido de volta para a casa de Jax e me pegado, me levando para a suíte que eles estavam dividindo com Cam e Avery. Já se passavam da meia noite, a porta da suíte estava aberta e eu estava sentada ali com eles. Enrolada em uma poltrona floral desconfortável, eu disse a eles o que tinha acabado de acontecer. Avery parecia embasbacada. Cam, que estava sentado atrás dela no chão, com seus braços em volta da sua cintura, suas longas pernas envolvendo seu corpo, não parecia muito feliz com as últimas noticias" toda a parte de Jax ser dono do bar que eu pensava que um dia seria meu. Teresa tinha uma expressão pensativa em seu rosto. Jase estava apoiado contra a cabeceira da cama e sua expressão era indecifrável, mas ele foi o primeiro a realmente dizer alguma coisa diferente de ‘mas que porra’ e ‘puta merda’. “As pessoas tem seus motivos para manter certas coisas em segredo,” ele disse. “Eu não estou dizendo que isso justifica tudo isso ou o que seja, mas você precisa ouvi-lo.” Cam revirou os olhos. “Cara, isso não é algo que você esconde.” “Sim, eu sei tudo sobre coisas que não devem ficar em segredo.” O olhar que Jase atirou a Cam fez meu radar apitar. Havia alguma coisa ali. “Mas as pessoas tem seus motivos. Ele parecia um rapaz legal e ele não escondeu isso apenas para ser um imbecil.” “Jase está certo,” Teresa disse antes que Cam pudesse responder. “Quero dizer, não é legal que ele tenha escondido isso de você. É importante, mas tem que haver um motivo.” Eu concordei enquanto meu olhar ia para meu telefone, que estava no meu colo. Há uns vinte minutos atrás Jax tinha ligado. Eu não tinha atendido mas mandei uma
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mensagem dizendo que eu estava com Teresa. Ele respondeu, mas eu não tinha me permitido olhar. Ele tinha ligado novamente, e eu tinha desligado o som. Não foi a coisa mais madura a se fazer, mas eu ainda não tinha ideia do que dizer a ele, ou o que pensar. Mas Teresa e Jase tinham um ponto. Nós todos tínhamos nossos segredos e contamos nossas mentiras. Eu era mulher o suficiente para admitir que eu tinha contado umas mentiras gigante para meus amigos e que quando eles me ouviram, eles me perdoaram. Eu só precisava clarear minha cabeça. Muito tinha acontecido em pouco tempo. Eu estava duvidando de tudo. “Ele realmente se importa com você,” Avery disse, e meu olhar se moveu para ela. Eu imaginava se ela lia mentes além de ser uma linda ruiva. “Quando você se machucou, ele não deixou o seu lado.” “Eu sei,” eu sussurrei. “Não,” ela disse. “Quero dizer, quando você estava apagada, nós ouvimos da sua amiga Roxy sobre como ele agiu. Ele travou uma batalha quando eles não queriam falar com ele sobre sua condição por ele não ser da família.” Meu coração se virou. “O que?” Ela concordou. “Ele quase foi expulso. Foi um de seus amigos policiais que finalmente o acalmou e falou com os médicos. Ele realmente se importa com você, Calla, então tem que haver um motivo para...” Uma batida na porta do hotel a interrompeu, me fazendo endireitar. Era tarde, então isso foi estranho. “Vocês estão esperando alguém?” Cam se soltou de Avery e levantou. “Não estamos mas estou disposto a apostar um beijo em quem provavelmente é.” Os olhos de Teresa arregalaram em mim, e meu pulso acelerou. Eu descruzei minhas pernas e soltei o aperto no braço da cadeira. Cam espiou pelo olho-mágico. “Yep. Eu estava certo.” Oh wow. 451
Eu comecei a me levantar, pensando que provavelmente deveria ter atendido o telefone, mas agora eu tinha uma boa suspeita de quem era. Cam abriu a porta e deu um passo para o lado, revelando quem estava na porta, confirmando minhas suspeitas. Jax estava ali, e sua expressão, a tensão em seus lábios e em volta dos seus olhos escuros me dizia que ele sabia o que eu sabia. Que eu sabia de tudo. Ele entrou no quarto enquanto Cam fechava a porta, dizendo. “Pode entrar.” Jax o ignorou e seu olhar estava fixo em mim. “Nós precisamos conversar.” Meu coração estava acelerado enquanto eu me levantava, segurando meu celular na minha mão. “Sim, precisamos conversar.” “Eu sou o único que está imaginando como ele sabia que ela estava aqui, nesse hotel?” Cam perguntou enquanto andava de volta para onde Avery estava. “Não existem muitos hotéis perto do hospital,” ele respondeu, ainda olhando para mim. “E eu tenho amigos que podem descobrir qualquer merda para mim bem rapidamente.” “Bem, isso é meio estranho,” Cam murmurou sobre sua respiração enquanto estendia um braço, ajudando Avery a se levantar. Os ombros de Jax estavam para trás, tensos. “Eu sei.” Eu pisquei. “Talvez precisássemos...” “Tenho certeza que eles já sabem também, porque você foi para eles em vez de vir para mim, então eles também vão ouvir isso.” Oh, duplamente wow. Cam e Avery pararam onde estavam, perto da porta da suíte, pegos saindo de fininho do quarto. Um olhar rápido para Jase e Teresa me disse que eles desejavam ter pipoca para compartilhar agora.
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“Jax, nós podemos ir lá pra fora.” “Eu cheguei em casa e você não estava lá,” ele disse e continuou. “Considerando tudo que aconteceu, isso realmente mexeu comigo. Sim, eu sei que estamos bem, mas ainda assim apreciaria uma mensagem avisando.” “Agora. Espere,” eu disse. “Eu te contei que estava com meus amigos.” “Depois que eu cheguei em casa e vi aqueles papéis na mesinha,” ele corrigiu, seus olhos brilhantes, quase pretos. Merda, ele tinha um ponto, então eu mantive minha boca fechada e ele continuou. “Você viu sua mãe. Então, logo de cara eu sabia que isso deve ter mexido com sua cabeça e que ela te deixou a casa. Isso é bom, eu fiquei feliz de ver isso.” Eu olhei ao redor do quarto sentindo minhas bochechas esquentarem enquanto meus amigos me observavam com interesse, incluindo Cam e Avery. “Mas eu sei que não é por isso que você está sentada nesse quarto de hotel em vez da minha cama agora.” Oh. Meu. Deus. Meu rosto estava completamente vermelho. Teresa pressionou seus lábios juntos enquanto seus olhos acendiam. Boa hora para trazer esse tópico para a conversa. Se ele quer falar na frente dos meus amigos, então vamos colocar isso pra fora. “Você é o dono do Mona’s. Você é do dono do Mona’s pelo último ano e nunca pensou que deveria me falar isso?” Seu peito levantou. “Eu planejava te contar. Eu ia contar...” “É isso o que você estava dizendo enquanto eu estava naquele hospital, sobre precisar falar algo comigo? Você teve tempo suficiente para me contar. Muito tempo antes disso, como quando eu apareci no primeiro dia e estava passando pela papelada no escritório!” A cabeça de Jase se virou na direção de Jax, como se quisesse dizer que agora a bola estava com ele. Ele não respondeu imediatamente, o que estava okay, porque agora eu sabia que estava me preparando para toda a batalha de palavras e perguntas e, talvez, um pouco de xingamentos, mas quando ele falou, pela segunda vez nessa noite, meu mundo foi abalado. 453
“Eu te conheço há mais de um ano,” ele disse, e a tensão saiu de seus ombros, como se algum tipo de peso o estivesse prendendo. “Eu não estou falando de saber sobre você através de Clyde ou pelo que sua mãe contou. Eu conhecia você. Eu tinha visto você antes mesmo de você saber que eu existia.” Eu abri minha boca enquanto a confusão me consumia. “O que?” “A primeira vez que eu te vi foi na última primavera, há mais de um ano atrás. Você estava do lado de fora do seu dormitório, indo para aula.” Ele disse e eu, de repente, senti como se precisasse me sentar. Todos no quarto ficaram em segundo plano. Era apenas eu e ele. “Eu estava lá com a sua mãe. E não foi a última vez. De mês em mês, quando Mona ficava sóbria por um dia ou dois, ela queria te ver. Então eu a levava para ver você, porque eu sei... eu sei como é não ter uma segunda chance. Você sabe disso. Então eu a levava. Uma vez você estava do lado de fora de um outro prédio falando com ela.” Seu queixo apontou para Teresa. “Você estava lá com outro cara. Só os três até que Jase apareceu.” Oh meu Deus, minha perna estava bamba. Meus pensamentos iam e voltavam e havia uma boa chance que ele estivesse falando sobre Brandon. “A última vez foi nessa primavera. Você estava sentada em um banco, sozinha, do lado de fora do que parecia ser a biblioteca. Você estava lendo. E cada vez que eu levava sua mãe lá, ela nunca conseguiu terminar. Ela não teve coragem de acertar as coisas que ela criou, mas ela queria. Só nunca deu certo porque você parecia estar sempre tão feliz.” Ele exalou. “Você sempre parecia tão malditamente feliz. Sorrindo. Rindo. Sua mãe não queria estragar isso.” Eu dei um passo para trás, achando difícil continuar de pé. “Em cada viagem, ela falava sobre você e era real, você sabe? Ela não estava alta ou brincando. É por isso que eu sabia de tudo. Não foi Clyde e não foi quando ela estava bêbada, mesmo que às vezes ela falasse sobre você nesses momentos também, mas ela realmente falava sobre você quando ela estava sóbria. Ela descobriu que você estava estudando para ser enfermeira e ela não ficou surpresa. Ela me disse que uma vez você ficou amiga das enfermeiras quando estava no hospital.”
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Eu fechei meus olhos contra a súbita inquietação. Isso era verdade, o que minha mãe tinha dito. Eu tinha ficado amiga das enfermeiras e agora eu sabia como minha mãe descobriu minha formação. Ela tinha estado em Shepherd, com Jax. “Todas essas vezes que ela vinha, ela vinha falar comigo?” Eu perguntei e minha voz soou incrivelmente pequena. “Sim, ela queria. Ela reconhecia seus erros e suas merdas mais que qualquer um,” ele disse, e quando eu abri meus olhos ele estava me observando. “Ela nunca quis a vida no bar para você. Ela sabia as chances dela estar por perto não eram boas. Quando ela soube que eu poderia tirar o bar das mãos dela, torná-lo bom, ela o vendeu para mim. Ela não queria você tivesse essa opção.” Eu realmente precisava me sentar. E ele não tinha terminado. “Eu não te contei sobre isso porque eu não sabia como você iria se sentir se soubesse que sua mãe tinha ido te visitar. Vocês duas não estavam bem e explicar isso me faz parecer estranho, mas era algo que eu não estava ansiando em fazer.” “Realmente um total estranho,” Teresa sussurrou impressionada. Os lábios dele se curvaram por um momento e, então, ele voltou seu foco para mim. “Cada vez que eu te vi, pareceu como... como se eu soubesse um pouco mais sobre você. Eu nunca falei com você mas te ver sempre sorrindo, ou rindo... ou estando pacifica...” Ele balançou sua cabeça e meu coração se apertou . “Havia algo sobre isso... e isso me consumiu, Calla. Merda. Eu me apaixonei por você antes mesmo de você saber meu nome.” Oh, holey moley. Lágrimas corriam dos meus olhos e seu rosto ficou embaçado. “E eu deveria ter te contado sobre o Mona’s. Eu ia naquele dia no escritório, mas quando você disse que o venderia, eu não achei que você se importasse. E quando eu percebi que mesmo você não falando, eu sabia que o bar significava muito para você.” Ele deu um passo para frente, seu progresso observado por todos no quarto. “Eu não sabia como contar isso para você. Eu vim lutando com a ideia de mantê-lo. O lugar me deu um propósito depois que eu voltei para casa, mas não parecia certo. Não com você aqui. Não comigo realmente te conhecendo.” 455
Eu engoli, mas a bola estava presa na minha garganta. Seus olhos procuraram os meus. “Eu te amo, Calla. Eu ser o dono do bar não muda isso. E se mudar, então eu não quero nada dele. Tudo que quero é você.” Encarando ele de volta, eu não conseguia fazer nenhuma palavra sair da minha boca. Tudo que ele disse rodopiava ao redor da minha cabeça. Eu estava impressionada. “Calla,” ele sussurrou. Eu balancei minha cabeça, uma causa perdida sobre o que dizer. “Diga algo, querida. Eu não quero desistir de você, mas você precisa dizer algo para me parar de sair por aquela porta.” Tantas coisas que eu queria e precisava dizer se formaram em minha garganta, mas nada saiu. Era como ter um ataque de ansiedade. Eu estava congelada no lugar e o quarto estava tão quieto que eu jurava que todos podiam ouvir meu coração bater. Jax exalou enquanto segurava meu olhar, então ele se virou e andou. Ele foi em direção da porta, e eu estava lá, parada, encarando ele, observando a porta se fechando. Eu não disse nada. Eu realmente apenas fiquei parada. E eu assisti ele ir embora.
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Capítulo Trinta e Quatro
“Oh Deus,” Avery disse, se sentando na beira da cama. Ela me encarou. “Ele se apaixonou por você antes mesmo de você saber seu nome?” Teresa também estava me encarando com os olhos arregalados e lacrimejando. “Calla...” Eu ainda não conseguia respirar, não conseguia pensar em nada para dizer. Eu era uma estátua. Jase virou sua cabeça para mim, com as sobrancelhas levantadas. “Se eu gostasse de caras - você sabe, nadasse nessa onda, eu teria ficado nu depois disso.” Eu pisquei. Um. “E eu teria colocado um anel nele,” Cam adicionou, se movendo para onde Avery estava sentada. Eu pisquei de novo. Uh. Teresa bufou. “Eu estou feliz e tenho o amor da minha vida então, Jase, não leve a mal o que estou prestes a dizer, mas eu apoio ambas as coisas. Meu Deus, menina, isso foi lindo. Isso foi real. E dói ouvir que você apenas deixou ele sair andando daqui.” Eu fiz. Eu deixei ele sair andando daqui “Calla,” Teresa chamou gentilmente. Balançando a minha cabeça, eu olhei para ela. “O que eu estou fazendo?” “Eu não sei,” ela disse. “Mas eu acho que você sabe o que precisa fazer.” Eu sabia. Oh Deus, eu realmente sabia o que eu precisava fazer. O bar. Os segredos. Qualquer coisa. Não importava. “Eu sou incrivelmente idiota,” eu disse. Cam arregalou as sobrancelhas. 457
Então eu corri, segurando meu celular como se ele me desse uma habilidade extra na corrida, como se um T. Rex estivesse me perseguindo. Eu abri a porta sem olhar para trás e fui para o corredor.
Claro, Jax não estava lá. Eu corri por lá, passando pelo elevador e cheguei nas escadas. Eles estavam hospedados no terceiro andar e eu nunca desci degraus tão rápido quanto fiz naquele momento, ainda sem quebrar o pescoço. Quando eu cheguei ao lobby e corri, passando por um funcionário assustado do hotel, o incomodo da minha lateral estava se espalhando para todo meu estômago. Eu voei pelas portas como algo que saiu direto de um filme do Hallmark e respirei. “Jax!” Eu gritei, passando por baixo da entrada do hotel. Meus olhos foram para o estacionamento, não achando sua caminhonete. O lugar estava lotado. “Jax!” Não havia resposta vindas do chão ou das estrelas. Eu parei na beira do estacionamento, respirando pesadamente enquanto me virava e corria pela calçada, meu olhar passando pelos carros. Ele já tinha ido embora? Meu coração afundou quando parei de novo, pendendo e pressionando minha mão contra minha lateral. Bem, pressionando meu celular contra minha lateral. Eu podia ligar para ele. Deus, eu era tão idiota. Eu poderia apenas ter ligado para ele. Me endireitando, eu toquei na tela quando meu coração parou. “Calla. Me virando, eu quase deixei cair meu celular quando vi Jax parado a alguns metros de mim. Eu não parei para pensar sobre o que estava fazendo ou para virar outra estátua idiota. Minhas sandálias quase voaram do meu pé quando eu disparei de novo, correndo diretamente para ele, sem parar. Nope. Eu bati direto contra seu corpo duro e joguei meus braços em volta de seus ombros, segurando tão forte que eu poderia passar por um ‘agarradinho’44.
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Jax não se moveu por um segundo até que seus braços me envolveram enquanto eu dizia. “Eu te amo. Fique com o Mona’s. É seu. E Sim, você deveria ter me contado, mas eu ainda te amo. Eu amo.” Ele se afastou para que eu pudesse ver seu rosto sombrio. Quando ele não disse nada, eu comecei a balbuciar. “Eu sou idiota, okay? Eu tenho esse histórico de fazer coisas idiotas, então eu só fiquei ali parada. Mas em minha defesa, muitas coisas loucas aconteceram últimamente e você apenas admitiu que tinha me visto antes mesmo que eu soubesse que você existia. Isso, sozinho, é muito para processar. E você disse que se apaixonou por mim antes mesmo de me conhecer, e agora as coisas fazem sentido para mim, porque eu não conseguia entender como você conseguia me aceitar se tinha acabado de me conhecer, mas você...” Ele cortou minhas palavras com sua boca e não havia nada de gentil sobre seu beijo. Era rico e profundo, consumindo tudo e não era uma sedução lenta. Seu beijo me selou, me reivindicou e, enquanto sua língua passava pela minha, eu gemi em sua boca. Quando ele parou o beijo, seus lábios passaram sobre os meus quando ele falou. “Tudo que você precisava dizer era que você me amava. Isso era tudo.” Uma risada escapou de mim. “Eu te amo, Jackson James. Eu te amo. Eu te...” Seus braços me apertaram de novo e o rugido que saiu de seu peito me Silênciou. Nossos olharem se encontraram. “Eu preciso estar em você. Agora.” Meus olhos arregalaram. “Não tenho tempo de voltar para casa.” Então ele pegou uma mão e começamos a voltar para a entrada do hotel. “Jax?” Ele olhou para mim, seus olhos famintos. “Sem tempo.” Tudo bem. Eu estava dentro Nós terminamos de volta no hotel, parados de frente para um funcionário assustado. “Eu preciso de um quarto,” Jax disse, batendo na sua carteira. “Agora.”
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Talvez amanhã eu fosse ficar envergonhada, porque os olhos do funcionário foram para mim, depois para Jax, até seu braço que apertava meu quadril. Tudo que o velho fez foi sorrir e concordar. Nós conseguimos um quarto. No primeiro andar. Logo que ele fechou a porta atrás de nós, Jax estava em cima de mim. Suas mãos estavam nas minha bochechas, guiando minha cabeça para trás, e ele me beijou profundamente. Quando nos afastamos, eu tentei alcançar sua camiseta, mas ele pegou meu pulso.“Antes que as coisas vão além, nós precisamos esclarecer algumas coisas.”Eu concordei. “Okay. Diga.” “Me desculpe por não te contar. Eu estraguei tudo. Você merece estar brava comigo.” Eu ouvi isso. Entendi. “Você está certo, mas eu disse uma mentira pior para meus amigos por muito mais tempo. Você não é a panela e eu não sou a tampa. Eu preferia que você tivesse me contado e eu realmente me importo com o Mona’s, e você estava certo, mais ainda do que consigo imaginar, mas é seu Jax. Não meu. Nunca foi realmente meu, mas de um jeito... ainda é, por sua causa. É.” “Estou falando sério.” Eu queria tocar nele. Ficar nua. Mostrar a ele o quanto isso significava. Ele fechou seus olhos rapidamente e disse. “Há apenas mais uma coisa. Eu te amo, mas se você vai ficar comigo, você precisa entrar de cabeça. Você precisa ficar realmente comigo, Calla. Quando algo acontecer, você não pode me ignorar. Você tem de vir a mim. Nós falaremos sobre isso. Okay?” Pressionando meus lábios juntos, eu concordei. “Eu aceito.” “Isso...” “Mas isso não significa que não vou fazer nada de idiota. Que eu sempre vou saber como reagir ou que eu não vou precisar de tempo para digerir as coisas,” eu continuei. “E eu faço muitas coisas idiotas regularmente. Como toda a...” “Querida,” ele murmurou. “Eu entendi.” Eu sorri. “Estamos bem?” 460
Em vez de falar que estávamos, ele me mostrou o quão bem estávamos. Nossas roupas voaram em tempo recorde. No fim, ele tinha um preservativo em sua carteira, o que levou as minhas sobrancelhas a arregalarem. “Nunca saio de casa sem uma,” ele brincou. Eu balancei minha cabeça. “Me beija logo.” Nós estávamos nus e na cama, nossas mãos e bocas possessivas. Ele tomou cuidado extra com a cicatriz nova e, então, sua cabeça estava entre minhas pernas, meus dedos cravando no lençol. Logo antes da tensão explodir em meu corpo, ele subiu em cima de mim, se ajeitando entre minhas pernas. “Eu vou ser cuidadoso,” ele disse, sugando meu lábio. “Eu não quero que você seja cuidadoso.” Sua boca se curvou em um canto. “Essa é uma das suas coisas idiotas.” “Fique quieto.” Eu envolvi minhas pernas em volta dele, trazendo ele ainda mais para perto. Ele riu, mas quando deslizou dentro de mim, não havia nada realmente para se rir. Era devagar e suave como nossa primeira vez, ele tomando cuidado extra e eu esquecendo completamente sobre meu lado gentil. Minhas costas arquearam e meus quadris se mexiam, investindo contra o dele. Uma de suas mãos estava em meu seio, seus dedos trabalhando a ponta dolorida enquanto ele suportava seu peso com o outro braço ao lado da minha cabeça. Eu tinha ambas as pernas em volta dele agora, meu calcanhar cravado nas suas costas, implorando para ele se mexer mais rápido. “Tão impaciente.” Ele beijou o canto dos meus lábios e, então, o outro, antes de aprofundar o beijo. Então ele se moveu mais rápido. Sua mão saiu do meu seio esquerdo e encontrou a minha e ele entrelaçou nossos dedos juntos enquanto investia em mim, nos conectando em mais um lugar. Ele disse meu nome em minha orelha e isso reverberou em mim. Calor fluía e eu estava nadando em sensações cruas enquanto meu peito pressionava contra o dele, tão perto que eu podia sentir seu coração batendo. Então ele levantou sua cabeça, seu olhar travando com o meu, e a pressão dentro de mim aumentou ainda mais. Eu o apertei dentro de mim.
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“É isso,” ele disse com a voz rouca. Meus gemidos suaves aumentaram, justando aos dele enquanto o ritmo ficava enlouquecido. Eu me movia mais rápido, agarrando seu quadril ao meu. Eu estava perdida, levada para longe enquanto gemia seu nome e gozava de em ondas sensuais, seguida por ele, se juntando a mim enquanto enterrava sua cabeça em meu ombro. “Eu acho que você gosta de mim,” eu disse, minha voz rouca e grave, trêmula conforme arrepios passavam por mim. Jax riu no meu ombro e nos rolou de lado para que estivéssemos olhando um para o outro. “Você é uma boba.” “Sim.” Eu coloquei minha mão em sua bochecha. “Eu sou, mas você me ama.” Ele colocou seus dedos em volta do meu pulso e trouxe minha mão para sua boca. Ele beijou minha palma. “Eu amo.” Eu mantive Jax acordado metade da noite, falando e beijando, e nos fazendo desejar que ele tivesse mais camisinhas estocadas em sua carteira. Nós caímos no sono algumas horas antes do amanhecer e quando eu o senti beijando minha bochecha de manhã, eu senti como se apenas minutos tivessem se passado em vez de horas. “Está na hora de levantar, bela adormecida.” Ele disse. Me curvando em uma bola, eu balbuciei algo sobre precisar dormir mais, mas ele não ficou convencido, gentilmente acariciando meu cabelo. “Nós temos planos para hoje. Eu abri um olho. Então abri o segundo quando percebi que ele já estava vestido e sentado na cama. “Por que você já está vestido?” “Porque se não colocasse algo sobre mim, eu terminaria dizendo adeus a responsabilidade e estaria em você sem nada entre nós.” Bem. Quando colocado desse jeito. “Eu preciso começar a tomar pílula,” eu disse a ele, fechando meus olhos. Jax riu alto. “Eu acho que eu posso te apoiar nisso mas você precisa tirar sua linda bunda da cama”
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“Boo. “Nós temos planos, querida, e precisamos fazer o checkout, ir para casa, tomar banho e se você se levantar agora vamos ter tempo suficiente para foder um ao outro.” Meus olhos abriram de novo. Eu gostava do som disso. “Que planos temos para hoje?” “Bons planos. Eu estou de folga do bar e você e eu vamos fazer algo divertido. Então se levante.” Ele bateu na minha bunda quando eu não me movi. “Seus amigos estão esperando.” “Eles estão?” Como uma idiota, eu olhei ao redor do quarto e fiquei aliviada quando não os vi no quarto. “Nós vamos cuidar de mais uma de suas primeiras vezes.” Eu levantei um cotovelo, apertando mais o lençol. “Minhas primeiras vezes?” Ele sorriu e seus olhos estavam calorosos, de uma cor linda de whiskey. “Sim, aquele monte de coisas que você nunca experimentou? Nós precisamos começar com elas hoje se vamos ter a pequena chama de esperança de tirar umas delas da lista antes de você voltar para Shepherd.” Oh wow, meu coração fez algo como uma acrobacia no meu peito. Ele soltou meus dedos do lençol e ele deslizou para minha cintura. Eu estava ocupada demais encarando ele para parar ou me importar que metade do meu corpo estava a mostra. Ele passou seu dedo por um mamilo inchado, agora distraído. “Qual primeiro?” eu perguntei. Ele abaixou sua cabeça, beijando onde seu dedão estava anteriormente. “Nós vamos ao Hershey Park” “Hershey Park?”
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Levantando sua cabeça, ele colocou uma mão atrás do meu pescoço. “Sim, querida, é um parque de diversões. Você nunca esteve em um. E quando eu encontrei com Jase do lado de fora, no lobby, eu disse a ele que queria te levar lá. Eles toparam.” Eu precisei respirar e isso pareceu estranho. “Você vai me levar a um parque de diversões?” Sorrindo, ele concordou. “Olhe para você. Você está pronta para derramar as lágrimas.” “Fique quieto,” eu sussurrei, piscando para afastar as lágrimas. “É só que" você é incrível, Jax. Você realmente é.” “Nah,” ele murmurou. “Você lembra da minha lista estupida de coisas.” Eu me levantei e ele me seguiu. Eu me inclinei, pressionando minha testa contra a dele. “Isso faz de você incrível.” Seu outro braço passou em volta da minha cintura e ele me puxou para seu colo. Eu me segurei nele, apertando meus olhos fechados. Eu pensei em uma coisa, algo que Jax disse uma vez. Ele estava certo, também. As circunstâncias eram uma merda e eram loucas, mas eu tinha que agradecer a minha mãe por isso - por Jax. Nosso relacionamento se tornou um raio brilhante no meio de uma nuvem sombria e triste. “Você ainda está comigo?” ele perguntou contra minha boca. Meus lábios se curvaram em um sorriso enquanto eu passava meus dedos pelo cabelo na base de seu pescoço. Enquanto meu coração inchava, lágrimas se formavam em meus olhos novamente, mas elas não caíram e, mesmo se caíssem, seriam lágrimas de felicidade, porque não importava onde eu estivesse, se eu estava de volta em Shepherd, eu estaria com ele. Eu sabia disso como sabia que precisava respirar de novo. “Eu estou com você.” Jax sorriu enquanto seu braço que estava em volta das minhas costas apertava mais. “Essa é minha menina.”
FIM. 464