Capítulo Vinte e Sete As fortes luzes da sala de emergência eram cegantes, deixando pouco espaço para esconder a realidade da situação. Tudo que conseguia fazer era encarar essas luzes até que halos se formassem em volta delas. Deitada no colchão inconfortável enquanto a enfermeira arrumava o jaleco do hospital e o fino lençol, eu não disse nada enquanto o médico se afastada da ponta da cama, fazendo um som com as luvas de borracha, como um trovão. Agua foi ligada. Eu não estava esperando que ela fosse falar, porque eu já sabia o que ela iria dizer. Eu não lembrava de ter dirigido até o hospital, o que provavelmente significava que eu não deveria ter dirigido até ali, mas eu lembrava do sangue que tinha ensopado a calça do meu pijama, e o sangue que começou a aparecer na calça de moletom que eu tinha me trocado. Eu lembrava das roupas quando me sentei no banheiro, eu lembrava... Mordi meu lábio enquanto a cólica voltava. Minha mão fechava em volta do lençol. A sombra da enfermeira caiu sobre mim e sua mão gelada cobriu a minha. Eu queria afastar minha mão. Eu não queria que ela nem ninguém me tocasse agora, mas não me movi. “Srta. Keith?” Meu olhar mudou para a médica. Ela era jovem. Poderia ter a minha idade. Sua sobrancelha levantou enquanto ela empurrava o banquinho para a cama, perto da minha cintura e se sentava. Seu olhar sério encontrou o meu. Seu olhar me lembrava o do técnico de ultrassom que havia estado no quarto antes dela. O enfermeiro tinha se introduzido, mas uma vez que ele começou a trabalhar, ele parou de olhar para mim. Quando saiu do quarto, eu nem sabia se ele tinha falado qualquer coisa. Eu pensei que tinha. E eu pensei que essas palavras não faziam sentido.
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