Capítulo Vinte e Nove Eu finalmente dormi. Não havia outra opção para mim. Eu chorei até passar mal, chorei forte, e eu chorei até me exaustar mentalmente, o que só poderia ser curado voltando para a cama. Eu não sei quanto tempo dormi, mas acordar foi como me tirar de dentro da areia movediça. Meus olhos, inchados e molhados, pareciam grudados, e eu não estava pronta a tentar abri-los e encarar a realidade, encarar a perda do futuro que eu não sabia o quanto queria até que ele já não estivesse ao meu alcance. E enfrentar a realidade das minhas inseguranças e preocupações em relação ao meu relacionamento com Nick, válidas ou não, que tinham me levado a essas escolhas covardes, quando se tratou em envolvê-lo no que tinha acontecido. Eu, também, não queria... não queria vê-lo machucado, e tentar proteger ele disso tinha saído pela culatra. Eu o amava e o tinha machucado ainda mais. Como um fantasma, a imagem daqueles sapatinhos que eu e Nick vimos enquanto procurávamos a arvore de natal se formaram em minha cabeça, a dor voltando, forte e afiada, nunca acabando. Nesse momento, eu nunca estive mais grata pelo fato de não ter começado a fazer compras de nada relacionado ao bebê. Eu não tinha certeza se poderia aguentar ter de devolver macaquinhos ou empacota-los. Só a foto do ultrassom que estava na geladeira já tinha sido difícil suficiente de se ver. Cada célula em meu corpo parecia ter passado por um espremedor, assim como eu. A última coisa que queria era levantar, mas eu precisava por causa das coisas que meu corpo estava passando. Enquanto estava deitada ali, me forçando a levantar, eu vagarosamente fiquei consciente da presença de outra pessoa no quarto. Uma presença muito próxima, do tipo, na mesma cama, comigo. Eu podia ouvir a respiração ritmada. Eu não ficaria surpresa se Katie tivesse
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