Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

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MEMORIAL DESCRITIVO VOLUME I

Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Maria Paz Loayza Hidalgo
2022

Memorial para Promoção a Professor Titular

Maria Paz Loayza Hidalgo

Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

2022

Memorial apresentado à Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul para promoção a Professor Titular

Porto Alegre, novembro de 2022.

Prefácio

Neste 20 de fevereiro de 2022 inicio a escrita deste memorial. Após 2 anos de pandemia, me atrevo a assistir a algum filme no cinema. A sala de cinema estava vazia. Assisti a um filme com características futuristas e que trabalha os conceitos das reações neste “novo” mundo. E, nestas coincidências que quem sabe não sejam tão coincidência (no creo en las brujas, pero que las hay las hay), no retorno, ligo a televisão e inicia o filme cujo final sempre me faz chorar: Cine Paradiso. Fico entre a lembrança do filme futurista, em um mundo que tenta se recompor de uma pandemia e o filme dirigido por Giuseppe Tornatore. Como o protagonista do filme, Salvatore, menino de 8 anos, relembro vivências que estão relacionadas ao presente. Tento encontrar a melhor estrutura para este memorial.

Para iniciar a escrita, observo o “estado da arte”. Busco por memoriais já apresentados em outros concursos. Comumente, ao prepararem suas promoções para Professor Titular, meus colegas mencionam que “fazer o memorial é uma tarefa árdua de relembrar o passado”. Eu complementaria que é árdua, pois existe a necessidade de rever o passado para projetar um futuro. Para reconstruir o passado, vejo que existem diferentes estruturas e linguagens nos diferentes memoriais.

Percebo que como toda produção intelectual, a produção se mistura a cenas do cotidiano. Segundo Morin (Edgar Morin, Método 3 - O Conhecimento do Conhecimento, p. 30) Enquanto as ciências “normais”, inclusive as cognitivas, baseiam-se no princípio disjuntivo, que exclui o sujeito (o cognoscente) do objeto (o conhecimento), ou seja, exclui o cognoscente do seu próprio conhecimento, o conhecimento do conhecimento deve enfrentar o paradoxo de um conhecimento que só é seu próprio objeto porque emana de um sujeito.

Assim, decido que neste memorial manterei a estrutura de ordem cronológica, a exemplo de meus colegas, porém utilizarei diferentes formas de linguagem para demarcar a temporalidade dos fatos. Além disso, para deixar a leitura mais fluida, deixarei organizado em três volumes. No primeiro narrarei e descreverei fatos e colocarei algumas produções que, apesar de não contribuírem muito com as métricas de produção científica, são marcos na história do Laboratório de Cronobiologia e Sono do HCPA/UFRGS. No segundo e no terceiro, deixarei organizado o curriculum vitae (atividades de ensino, pesquisa, extensão, gestão, produção profissional de toda a carreira e documentação comprobatória).

Refletindo sobre a trajetória, reafirmo que ciência é uma produção de muitos. Diversas vezes colegas têm me dito que o trabalho que realizamos é pioneiro. Pensando sobre este comentário, percebo que o pioneirismo é produto do trabalho árduo de um núcleo de pesquisa, que nós chamamos de Laboratório, por ser um local de produção, mas também por ter inseridas em sua estrutura formas de gestão inovadoras. Assim, este memorial também tem como objetivo refletir a produção deste Laboratório. Para tanto, este memorial segue a seguinte ordem:

Parte I

TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

Família e infância

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1967: o início de uma saga 19

Infância 22

A Clínica 24

A Construção 25

A Ponte 26 11 de Setembro de 1973 27

Primeiras impressões de uma terra distante 28 Misturando os sabores e sons 28

Escolarização 29

TEMPO II - Formação Universitária 31

Faculdade 31

A medicina e o corpo: o feminismo 34

A medicina e a ciência: Programa de Iniciação Científica 43 A primeira bolsa a gente nunca esquece 43

O final da faculdade e o início do estudo do comportamento humano 47

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Parte II

TEMPO III - Formação Lato Sensu 49

TEMPO IV - Liderança e Gestão 51

TEMPO V - Ensino 55

Parte III

TEMPO VI - Formação Stricto Sensu 59

Cronotipo 63 Aprendendo que nem tudo deve ser publicado 66

Parte IV

TEMPO VII - Geração do Conhecimento 71

O conhecimento adquirido na formação stricto sensu e a internacionalização 71

Tempo 73

Cronobiologia: a área da ciência do tempo na matéria viva 75 História da Cronobiologia 77

Cronobiologia e o Zeitgeber fótico 84

Cronobiologia e o neuro-hormônio do escuro: a melatonina ������������������������������������� 86

A necessidade de instrumentos de análise 91

Cronobiologia e o zeitgeber social 93

Parte V

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento pelos Pares e Construção de uma Referência Internacional na Área 99

Ingresso na UFRGS... um recomeço de uma história…�

Colaborações internacionais 104

Colaborações nacionais 110

Principais conferências proferidas 112

Formação de recursos humanos 115

Orientações concluídas no nível de Doutorado 115

Orientações concluídas no nível de Mestrado 116

Orientações de alunos de Iniciação Científica por ano 118

Orientações de alunos visando a internacionalização 125 Doutorado sanduíche no exterior: 125

Outras modalidades de bolsa: 125

Captação de Recursos 126 Captação de recursos por editais não competitivos 126 Captação de recursos por editais competitivos �������������������������������������������� 133

Transferência para a Sociedade 134 Residência 134 Mestrado profissionalizante 134 Ambulatório de Psiquiatria do Sono 135 Difusão da ciência 135

Desenvolvimento de novas estratégias de diagnóstico, prevenção e tratamento da depressão 145

Prêmios e destaques 147

Atemporalidade no futuro 150

Cronobiologia translacional: a aplicação da Cronobiologia à área da saúde 150 Metabolismo 151

Translação à Psiquiatria 152

Conclusão 155

Anexos

Anexo – A casa 157

Anexo – Amor incondicional: a Muna 161

Anexo – Para não dizer que não falei da Pandemia 164

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Este Memorial é dedicado a Maria Angélica del Pilar Hidalgo Fuentes (minha mãe) e a Guilherme Hidalgo Caumo (meu filho).

Apresentação

María Paz Loayza Hidalgo Brasileira, médica, nascida aos 06 de julho de 1967 em Santiago, Chile.

Filha de María Angélica del Pilar Hidalgo Fuentes, Chilena, Engenheira Civil, e Luís Efrén Loayza Vivanco, Equatoriano, Engenheiro de Minas.

Divorciada, mãe de um filho: Guilherme Felipe Hidalgo Caumo

RG: 2075782661

CPF: 676242190/34

CREMERS: 18900

Lotação: Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Categoria Funcional: Professora do Magistério Superior

Regime de trabalho: Dedicação exclusiva

Parte I

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

PARTE I TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

Família e infância

AAs pedras, os minerais sempre foram uma incógnita para mim. Creio que só consegui compreender parcialmente sua complexidade ao visitar Torres del Paine. Observando aquelas Torres não gêmeas, foi-me ensinado como elas guardam em sua composição a História da humanidade. Alguns diriam que é a história do planeta, mas como essa história passa pela interpretação dos dados por nós, seres humanos, prefiro reduzir a afirmação para esta pequena porção do planeta: os seres humanos. Meu pai, equatoriano, mudou-se para o Chile para estudar Engenharia de Minas, tendo aí encontrado irmãos e minha mãe que estudava o que chamamos, atualmente, de Engenharia Civil.

Herdei deles a observação de salitre, cobre, água, estruturas. Conheci o deserto, as geleiras, a cordilheira, e o Pichincha. Desta combinação de diferentes composições de carbono, nasci em Santiago, no ano de 1967 .

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Álbum de família

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PARTE I TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

1967: o início de uma saga

Nasci em 1967. Para ser mais precisa, nasci em 6 de julho de 1967, em Santiago, capital do Chile, situado entre duas cordilheiras: la de la Costa e la de los Andes. Ao Norte está o deserto e, ao Sul, o gelo da Antártida.

Tudo isto encontra-se no continente denominado América Latina, do qual faz parte também o Brasil. Explico este detalhe, pois muitas vezes, em conversas com amigos brasileiros, eles dizem: pois é, vocês, da América Latina, referindo-se ao pessoas como eu (americanos hispano-hablantes).

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Bem... sim... depois da cordilheira mora gente. Seres um pouco estranhos! Na minha infância, as pessoas daquelas terras eram visitadas por pessoas mais estranhas ainda. Todos os anos chegavam uns seres com os olhos mais puxados que os nossos e que trabalhavam em um circo, o circo Chinês. Também chegavam por lá umas moças russas que ficavam na ponta dos pés. Elas eram do Balé Bolshoi. Mas, o mais impressionante de todos, era um homem que não falava com a boca, mas com o corpo. Ele tinha um cachorro que ninguém enxergava. Eu enxergava! Anos mais tarde, vim a saber que o nome do maluco era Marcel Marceau e morava em uma terra na qual minha avó teria gostado de morar: Paris.

Agora vocês já sabem onde e quando nasci, mas o que não sabem é como.

Tudo era para ser muito tranquilo. Minha mãe não quis tomar nenhum remédio, pois existia o medo do efeito talidomida. Segundo ela, isso garantiu que eu nascesse com braços e mãos. Na geração da minha mãe, muitos homens perderam braços e pernas na guerra do Vietnã e bebês nasciam assim por causa da talidomida.

Tudo estava programado. Quem faria o parto? Obviamente, a Dra. Maria Fuentes, conceituadíssima em Santiago e, por coincidência, minha avó. Ela faria o parto.

Me imagino, eu, ingênua, nadando naquela piscina de aguas calientes, quando a água começa a diminuir e as paredes passam a apertar e me empurrar para um lugar desconhecido. Naquele momento, eu não temeria mal algum, pois a minha avó estaria comigo.

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PARTE I TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

— Abu, onde estais ?! (gritei na língua de bebê pré-recém nascido)

Escuto um grito: ¡No Maria! La tijera, No!

Oh oh... — ¡No Maria! El bisturí también No!!!! Queréis cortarle la cabeza a tu nieta?

Mas as paredes já estavam se fechando! Não havia retorno!

— Gracias a la vida, Dr. Montoya. Montoya, a essas alturas, meu íntimo, com voz grossa e mostrando liderança, falou:

— Maria sale de ahí! No te das cuenta que estas burra?!

— Ufa, finalmente, alguém sem tesoura, sem bisturi, apenas com as mãos!

Foi assim que eu nasci.

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Nós, que nascemos antes de 1969, já estávamos caminhando quando Neil Armstrong deu um pequeno passo para o Homem... Nós somos aqueles que corriam para um orelhão para nos comunicarmos entre nós, cujos pais insistiam que deveríamos fazer datilografia, que éramos viciados pelo cheirinho de álcool do mimeógrafo. Nós assistimos Blade Runner em salas de cinema como o Baltimore... Nós tomamos batida na Lancheria do Parque.

Sim, sou da geração que poderia ter visto o homem pisar na lua e que se transformou para se comunicar por videoconferência!

Infância

Uma de minhas comidas prediletas eram las almejas, moluscos que habitam o mar. Eu as conheci no Pacífico. Para chegar lá, é necessário atravessar a Cordilheira de la Costa. Mas também podiam ser compradas no mercado público da cidade que fica entre a Cordilheira de la Costa e a Cordilheira dos Andes.

O cheiro de marisco e o de peixe desaparecem depois de alguns minutos imersos nesse grande oceano que é o mercado. Frutas de todas as cores e muitos tipos de conchas. Todas as conchas com uma língua para fora. Comer almejas e desenhar era um excelente passatempo. Não que eu fosse uma grande desenhista, pois o único desenho que sabia fazer, quando pequena, eram duas montanhas, um lago e um pato dentro dele.

Acho que toda criança deve ter brincado com suas mãos. Eu aprendi a contar uma história um pouco modificada pelo meu tio René. Era assim: começa com o dedo mindinho... este perrito fue a comprar um huevito, este lo quebró, este lo puso a asar, este lo revolvió y (mostrando o polegar)... este burgués viejo se lo comió. Anos mais tarde fiquei sabendo que a história original era este perro viejo se lo comió.

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PARTE I TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

Todas as noites, minha mãe lia uma história. As minhas prediletas eram El Gigante Egoísta e El Ruiseñor y la Rosa (Oscar Wilde). Também cresci aprendendo músicas... Por quê? Porque no Chile da década de 70 efervesciam a cultura e a discussão política. Em todo canto, todos eram cientistas políticos, e era frequente escutar que não se tratava de trocar um presidente. Allende, depois de três tentativas, era eleito, pelo voto popular, em um processo democrático, presidente do país. Meio século depois, volto a escutar as mesmas canções e, como diz o Prof. Pablo Cottet, novamente não se trata de mudar um presidente, referindo-se ao processo constituinte e às eleições de 2021 no Chile. Cresci rodeada de primos e tios e claro... uma cachorra pastor alemã que era minha companheira predileta para brincar de circo. Percebo que os pets sempre fizeram parte da composição familiar e que pouco ainda foi elaborado sobre a ética que os inclui em uma matilha humana. Aqui deixo o registro da última canina Muna em um conto em anexo. Provavelmente, em um futuro não tão distante, os memoriais incluirão, na descrição de suas famílias os caninos e os felinos! (Anexo: Amor incondicional: a Muna).

A família também estimulava meu lado poético, os adultos da casa liam, entre outros, Gabriela Mistral e Pablo Neruda. O poema que lembro era El libro de las preguntas, gostava da maneira como era recitado. Mas o que os visitantes, que não eram poucos, pois minha avó recebia muita gente em sua casa, tinham que adorar eram as minhas poesias recitadas por mim mesma. Minha mãe guarda até agora uma fita (fita cassete) gravada com uma de minhas poesias, enquanto Allende discursava no rádio! Mas, apesar de todo o esforço familiar, minha vida poética ficou na infância.

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A Clínica

Em alguns momentos de paz, acompanhava minha avó até a clínica. Eu tinha meus próprios pacientes me aguardando para receber o tratamento adequado. Todas as pacientes (bonecas) já se encontravam no leito para os exames e para as injeções preparadas com unguentos de água e diferentes cores de tinta que representavam os diferentes compostos químicos. Enquanto a minha avó atendia as humanas, eu fazia um bem para a humanidade me entretendo com minhas pacientes bonecas e deixando a Dra. Maria trabalhar.

Essas práticas vinham da geração anterior à da minha avó. Na família existiu uma tia chamada Chiñura. Infelizmente não a conheci, portanto tudo o que sabemos é fruto da tradição oral. As tias e os tios-avós contavam que ela era Machi e tinha a sabedoria do conhecimento de unguentos. Essa tia era irmã de minha bisavó, defensora ferrenha do direito das terras Mapuches para os Mapuches. Ambas eram filhas de uma liderança Mapuche (Huentian) com uma castellana (Rosa). Contam os familiares duas versões para um mesmo fato. Uns dizem que o líder Mapuche raptou a Castellana. Outros, que a minha tataravó teria se apaixonado, fugido de casa e casado com o líder Mapuche. Gosto mais desta última versão. Das famosas fórmulas da tia Chiñura, conheci o famoso remédio de papas con limón: suco de batata crua, limão e óleo. Já sabíamos que, se ficássemos doentes, viriam o termômetro, os antibióticos e el remedio de la tía Chiñura

As preocupações de minha avó pela saúde das pessoas não se limitavam à família, às pacientes. Minha avó tinha uma consciência muito aguda sobre a necessidade de políticas públicas e sobre o direito das mulheres à anticoncepção. Ela escreveu sobre a diferença entre planejamento familiar e controle da natalidade e participou ativamente das campanhas da Unidade Popular.

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PARTE I TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

A Construção

Em outros dias, eram os dias da construção. Lanche, cadeira para me deixar na altura da motorista e lá íamos nós. A motorista, minha mãe, era inspetora de obras na municipalidade, íamos inspecionar residências e ver as condições de moradia da população. Segundo ela, não seriam necessários médicos se houvesse sanitarismo. Logo, o mais importante era ver se aquelas pessoas que iríamos visitar tinham casas condizentes com a moradia de um ser humano.

O triste era quando não era viável a vida no local de moradia. Ela teria a dura missão de dizer para o(a) morador(a) que sua casa seria derrubada. Nesses casos eu nunca ajudava, pois eu era o alvo predileto para tentar modificar o laudo. E eu sempre caía, me apaixonava por qualquer presente que quisessem me dar. Assim, ela tinha dois trabalhos: o de me convencer a não aceitar o presente e o de manter sua avaliação. Eu sempre ficava sem o presente!

Minha mãe nunca foi uma engenheira típica. Junto com os projetos vinha o gosto pela argila, pelo artesanato e pela leitura. Mas percebo que o que mais sentiu falta de Santiago foram as reuniões com a maçonaria. Esse sentimento de nostalgia, que anos mais tarde perceberia na Angélica, era devido a ela não ter um espaço para a discussão de questões da vida. Segundo ela, era na maçonaria mista que discutia artigos de filosofia com profissionais de diferentes áreas do conhecimento. Sim, no Chile da década de 70, existia uma maçonaria mista. Allende também era maçom e… médico! No Brasil não existia, nem existe a maçonaria mista.

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A Ponte

Minha infância se deu em três locais: na clínica, nas construções e na ponte. A ponte era muito especial. Meu companheiro, meu tio, e eu nos preparávamos para ir até à ponte. Uma mochila com balas, alguns exercícios para nos prepararmos para o lançamento de bombas. Camuflados, chegávamos ao local do bombardeio. Chegando no maior viaduto de Santiago, eu o seguia cegamente nas instruções do jogo. Paz, você cospe nos carros caros. Eu tinha uma dificuldade enorme de distinguir os carros, dificuldade que me acompanha até agora. Mal e porcamente diferencio uma kombi de um fusca! E lá passava eu tardes inteiras cuspindo em carros. Quando a saliva se esgotava, havia uma balinha na boca para reforçar a produção do combustível. Acertava em quase todos os carros. Meu tio René não se preocupava se eu acertava em carro pobre, pois o maior objetivo já estava conquistado: fazer uma menina de classe média santiaguina, com suas meias brancas, cuspir. Mas tínhamos o recreio, e como, na época, o avião era um luxo, meu tio colecionava selos e foi daí que fiquei sabendo da existência de outros povos como China, Brasil, Nicarágua. Na época não tinha noção das distâncias.

Esses três lugares guardavam uma linha em comum, neles existia um genuíno desejo de mudar o mundo. Os três tiveram seus sonhos e planos interrompidos.

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Memorial

PARTE I TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

11 de Setembro de 1973

Família americana, sul-americana visitando parentes no Brasil. Um sofá, uma TV ligada. A Dra. Maria, seu balde de laranjas de umbigo, uma faca e uma neta esperando o próximo pedaço.

A TV preto e branco, a família começa a se reunir na frente da caixa preta.

Aquela música irritante e o âncora do programa aparecendo antes do previsto com uma notícia avassaladora.

A primeira imagem: um bombardeio, um prédio bombardeado em plena Plaza de Armas. Um grito. Mas o mais aterrador foi/é o silêncio que permaneceu durante o resto da noite, cujo impacto se estendeu pela história da América Latina. La Moneda em destroços e nosso Presidente morto.

Este foi o meu 11 de setembro.

Cultivo una rosa blanca en junio como en enero para el amigo sincero que me da su mano franca. Y para el cruel que me arranca el corazón con que vivo, cardo ni ortiga cultivo; cultivo la rosa blanca.

José Martí

Cultivo uma rosa branca (Poema recitado por Angélica, antes de eu dormir)

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Primeiras impressões de uma terra distante

No Brasil, não podendo retornar à casa, a solução era construir uma segunda casa. As primeiras impressões que guardo na memória foram as pessoas, seus rostos eram muito diferentes dos que eu estava acostumada a ver, principalmente porque eu nunca tinha tido contato com afrodescendentes, estes eram rostos que não apareciam na coleção de selos de meu tio. Inicialmente, achava que era porque o sol e a temperatura eram diferentes, foram os adultos da casa que me explicaram que existiam diferentes cores e fisionomias e isto não tinha nada a ver com a rotação da terra e seu eixo, tinha muito mais a ver com continentes. Além dos rostos diferentes, eram as danças, os movimentos que chamavam minha atenção. Depois, mais velha, fui entender que as religiões também eram diferentes e os deuses e deusas poderiam ter intersecções, mas protagonismos diferentes, exigindo comportamentos e devoções diferentes. Ainda me surpreendo com as figuras de Iemanjá e as histórias das pombas giras.

Junto com as danças e músicas, havia os artistas. Para mim foi surpreendente ver a Maria Alcina e o Ney Matogrosso (na época Secos e Molhados). Como era possível existirem tais figuras em uma terra sob uma ditadura militar? Minha família dizia que não estávamos livres para expressar nossas opiniões nestas terras distantes, porém alguns comportamentos relacionados à sexualidade, que eram proibidos e castigados no Chile, no Brasil, eram “normais”. Contudo, a expressão de ideias era perigosa em ambos os países. Em casa, era o contrário, a expressão de ideias era estimulada, valorizada e admirada. Assim, ficava muito clara a diferença entre privado e público. No privado, não havia nenhuma dificuldade em dizer o que quisesse e todos me entendiam no meu castellano. No público, aprendi a me comunicar.

Misturando os sabores e sons

Várias foram as tentativas de juntar ingredientes e pratos, muitas frustradas! Por exemplo, marisco de entrada e feijoada não combinam. Mas asado con ensalada chilena e de sobremesa sagu, é tudo de bom.

Descobri que “construção” de Chico Buarque tem uma versão em Castellano que não é uma tradução literal. Pois, para manter o conceito, o sentido e o impacto, era necessário fazer uma nova versão no idioma.

Foi assim que entendi que, às vezes, nós não podemos usar os mesmos recursos gramaticais, linguagens, sons, gestos se quisermos de fato sermos compreendidos pelo outro.

Também aprendi que é importante ter uma compreensão de quem é o outro para buscar a comunicação.

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Memorial

PARTE I TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

Assim fui inventando palavras, que, por vezes, realmente existiam.

Como sabia que algo era real? As pessoas ao meu redor usavam as palavras em suas frases. Portanto, não eram ilusões, eram percepções de uma realidade.

Assim fui entendendo que, quando se fala de culturas, às vezes existem pontos de intersecção; outras vezes, não. E, nesses pontos em que não há intersecção, vive uma riqueza cultural que graciosamente pode desubicar Desubicarse é essencial para ubicarse

Escolarização

Não tenho muitas lembranças do meu primeiro colégio. Deve ser porque passei os primeiros anos aprendendo duas linguagens: matemática e português. Imagino como os colegas foram pacientes. Eu não falava nem uma palavra em português, devo ter inventado uma outra língua e aos poucos o idioma foi sendo incorporado como uma entidade que se apossa do corpo e começa a fazer parte da minha identidade. Só lembro de uma Professora, Maria da Graça, que pediu para falar com minha mãe e disse para ela para me tirar do colégio e colocar em outro onde eu fosse realmente aprender. Foi assim que começou a escolha...

Não sei quantas escolas visitamos. Mas o colégio com um tronco embaixo de uma grande árvore e sem grades e muros ... foi amor à primeira vista. Eu realmente queria aprender em um colégio sem muros. O João XXIII era uma dessas contradições deste país. Foi inaugurado no mesmo ano do golpe (1964). Para ver um pouco da história do colégio, é possível acessar o site (https://joaoxxiii.com/historia/acesso em: 21/04/2022) ou ler o memorial do professor Luiz Eduardo Achutti. Assim, fui matriculada em um colégio fundado pela Profa. Zilah Totta. Foi lá que escutei pela primeira vez os nomes Paulo Freire, Piaget… Foi lá que conheci a “tia Té” (Professora da quarta série). Adorava as balas de coco que ela fazia para estimular o aprendizado de matemática. Lá a gente não deveria decorar, não lembro de ter feito provas. Claro que deveriam ter existido, mas só lembro de provas quando estava no segundo grau (atualmente denominado de Ensino Médio). Foi no colégio que aprendi a tocar o único instrumento no qual tiro algumas notas: a velha e boa flauta doce. Aqui vou abrir um parêntese. Na minha família sempre quiseram que tocássemos algum instrumento. Eu tive aula de piano, órgão, violão, violino, xilofone, até bumbo... só consegui tocar no violão a canção “pra não dizer que não falei das flores” (o que foi muito útil no final da adolescência politizada... mas na realidade só aprendi porque são poucos acordes!). Bem... foi graças à Professora de música do colégio que, pelo menos, alguém da família (da minha geração e das gerações anterio-

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res) tirou algumas notas de algum instrumento. Mas foi graças aos meus colegas que conheci Rita Lee, Chico Buarque de Holanda, Geraldo Vandré, Caetano, Milton, Gilberto Gil, Miucha, Gal, Bethânia, e o balancê, balancê do Nordeste. Mas, principalmente, o Giba-Giba, pai de Edu Nascimento, um dos colegas que tenho o superprazer de, com frequência, ter caminhos interseccionados.

Foi no colégio que conversei pela primeira vez com Moacyr Scliar e pela primeira vez, mas não última, tive o prazer de discutir sobre sua literatura... do “Exército de um Homem Só” ao “Centauro no Jardim”. Muitos anos mais tarde, teria o privilégio de ter longas conversas sobre a beleza e o fardo da Medicina. Mas o meu imenso agradecimento fica para a Judith Scliar, que, com muita paciência, me ajudou a superar conflitos e ver na língua inglesa a oportunidade de conhecer novos mundos. Foi ela que, com sabedoria, me disse que a tradução para o inglês da “Dama das Camélias” era melhor do que a feita para o português. Foi assim que ela me emprestou uma cópia que tinha sobrevivido a uma enchente e eu a devorei, nem percebendo que estava em inglês. Foi fazendo as pazes com esse idioma que conheci Roald Dahl e pude ler, anos mais tarde, para o Guilherme: “Matilda”!

Bem, fechando o parêntese, foi nesse colégio que tive o privilégio de encontrar duas grandes amigas, Beth (Beth Camelier) e Dea (Andrea Lichtenstein), e é de lá que até agora tenho o privilégio de conversar com o Fábio, atualmente Professor de História da Faculdade da UFPEL. Não é raro encontrar meus colegas de João XXIII pelas ruas de Porto Alegre. Esses encontros são caracterizados por uma intimidade da infância, pois, quando você frequenta uma escola pequena que tem no máximo 20 alunos em cada série, sendo duas turmas por turno (manhã e tarde), acaba-se tendo experiências compartilhadas de forma que não se precisa falar diariamente. De um jeito ou de outro, acaba-se sabendo dos problemas, das intrigas, dos vícios, das maldades, das felicidades, das conquistas e dos valores de cada um.

Nessa escola, a maior parte dos trabalhos era feita em grupo, portanto era necessário compartilhar conhecimento. Os professores se orgulhavam de não ser uma escola voltada ao êxito no vestibular. O foco era aprender a ser crítico. E eu só precisava de um pequeno empurrãozinho ...

Foi nos últimos anos que lemos Veias Abertas da América Latina. À época, dividia minhas férias entre Santiago e Quito. Três países que não compartilham fronteiras: Chile, Equador e Brasil. Já durante o período de colégio comecei a me dividir entre ele e minhas atividades extracurriculares. Além de dançar (à época ballet), também comecei a ler com outros grupos o Manifesto, o Capital e o 18 Brumário. Percebi o quanto gostava não só de ler política como de debater sobre o futuro do mundo.

Claro que esse prazer era compartilhado com uns poucos colegas e assim começava a querer ir para um espaço maior, um lugar em que certamente poderíamos criar e nos contrapor a todas as ditaduras. Obviamente esse espaço se chamaria Universidade.

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TEMPO II - Formação Universitária

Uma vez eu tive uma ilusão E não soube o que fazer Não soube o que fazer Com ela…

Ilusión (Julieta Venegas, com adaptação de Arnaldo Antunes e Marisa Monte)

Faculdade

Em 1986 entrei na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAMED/ UFRGS), o que me colocaria na turma ATM 91/2, significando que, em 1991, no final do ano, haveria minha formatura, se eu não rodasse de forma a perder o semestre. Minhas primeiras impressões da faculdade, ao contrário da maioria dos meus colegas, foram, por vezes, desapontadoras.

Mas vamos começar com as boas impressões. Na fachada do prédio, está escrito Faculdade de Medicina, pois em outras épocas este era o prédio da Faculdade de Medicina. A FAMED foi fundada em 1898, tendo sido a terceira Faculdade de Medicina do Brasil. Na minha época o glamour tinha passado, mas o prédio mantinha em suas paredes a história das turmas anteriores. O melhor espaço, e onde passei boa parte do curso, era o bar. Adjacente a ele, ficava o Centro Acadêmico Sarmento Leite. Nas paredes do bar, era tradição que as turmas que se formassem naquele ano pichassem seus nomes na parede. Assim, nós teríamos o direito de escrever nosso nome na parede em dezembro de 1991. E foi o que ocorreu.

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PARTE I TEMPO II - Formação Universitária

Passando agora para os desapontamentos e que me levaram a frequentar o centro acadêmico: a primeira aula que lembro foi de Anatomia em um anfiteatro com toda a turma presente. O anfiteatro ficava no subsolo do prédio e tinha um cheiro forte de formol, devido à necessidade de conservação dos cadáveres que serviriam para as aulas práticas que ocorriam na frente do anfiteatro. Nessas primeiras aulas era esperado o trote, que na época não era nem um pouco solidário. O trote era o momento em que a turma mais velha faria “brincadeiras” com os novatos… O semestre continuou e logo vieram alguns incidentes. Eram frequentes as piadas sobre o fato de o número de mulheres estar aumentando nas turmas de Medicina a ponto de sermos quase 50% dos alunos. Eram poucas as professoras e menos ainda o número delas como regentes. Tivemos que esperar o século virar para termos a primeira mulher na direção da faculdade. Mas o mais triste era perceber que existia uma certa “normalização” em tudo isto.

Nesse cenário, era óbvio que me aproximaria da turma do centro acadêmico, onde tinha a esperança de encontrar pessoas com quem compartilhar o meu espanto quanto a alguns comportamentos que, na família e no colégio, pareciam inaceitáveis de ocorrer no século XX.

Porém, no Centro Acadêmico, o foco da discussão era o fato de estarmos finalmente elegendo o diretor da faculdade (Waldomiro C. Manfroi), em 1985, tendo sido o primeiro diretor eleito depois de anos de dirigentes chamados biônicos. Os “biônicos” eram os dirigentes escolhidos pelos governantes federais que, na época faziam parte do regime militar, uma vez que estávamos sob uma ditadura que iniciou com o golpe de 1964. Sentíamos que a ditadura estava dando seus últimos suspiros. O ano da Oitava Conferência Nacional de Saúde foi exatamente o mesmo em que entrei na FAMED (1986). E nesses diferentes movimentos respiratórios teríamos novos ares. Somos a geração “SUS” (Sistema Único de Saúde).

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Memorial

PARTE I TEMPO II - Formação Universitária

Era uma época em que parecia que poderíamos mudar o mundo. E por que não o currículo da faculdade? Foram muitas as reuniões de discussão. Como garantir que o currículo estivesse relacionado e comprometido com a solução dos problemas de saúde mais prevalentes que afligiam a população mais carente? A resposta nos parecia óbvia: a epidemiologia era a base. Como garantir que o currículo saísse do marco conceitual positivista para se tornar flexível às mudanças necessárias para fortalecer um sistema de saúde que fosse acessível a todos, comprometido com a sociedade mais vulnerável? O estudo de epistemologia era fundamental. E foi assim que encontrei autores como Lévi-Strauss, Barthes, Sartre, Merleau-Ponty, Morin, Sergio Arouca... E obviamente, como fiz algumas disciplinas em curso II das Ciências Sociais… Marx, Weber e Durkheim!

Nessa efervescência foram criadas novas agremiações que pudessem representar os estudantes de Medicina e foi assim que a Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM) surgiu. Foram muitos os congressos e muitas as representações discentes dentro da universidade. Reuniões nos conselhos universitários, nas diferentes comissões de carreira e nos departamentos que achávamos que eram colunas vertebrais. A discussão sobre a necessidade de mudar o currículo urgia. E trabalhávamos arduamente para que isto ocorresse. Foi assim que surgiu um dos meus primeiros artigos, produto de uma coleta de dados, análise estatística e discussão dos resultados (currículo oficial e currículo paralelo na Faculdade de Medicina da UFRGS).

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A medicina e o corpo: o feminismo

Dedicado in memoriam a Sofia Huentian (bisavó), María Cruz Fuentes (avó) e Carmen Muñoz (avó). Agradecimento especial a Maria Angélica del Pilar Hidalgo Fuentes (minha mãe))

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

PARTE I TEMPO II - Formação Universitária

Com toda essa energia voltada para uma mudança no eixo do mundo, envolvidos pelas ideias da Oitava Conferência de Saúde, sobrava pouco para problemas, que os “companheiros” da época chamavam de “causas secundárias”: o feminismo. Assim restava para elas e alguns deles, fazerem algo para mudar a humanidade e suas relações. O mundo do poder começava a ser questionado e, pouco a pouco, percebíamos que passava por todas as relações, como um fractal.

Para as incomodadas com as situações vivenciadas no dia a dia da faculdade, isto deveria ser uma realidade também a ser modificada. E eu estava muito incomodada.

As primeiras reuniões ocorreram em 1987. Graças à dedicação da Rosaura, temos até agora um histórico escrito das nossas atividades. Quando releio o material, me dou conta de como aquele grupo era utópico, corajoso, valente e muito criativo.

Atualmente, lendo Bell Hooks (pseudônimo de Gloria Jean Watkins), vejo que a nossa história, apesar de criativa, não foi original. No livro Feminism Is for Everybody: Passionate Politics, ela descreve a história do feminismo desde a década de 70. Nós, na década de 80, fomos um espelho.

Nossa primeira ação foi traduzir uma tirinha do alemão para o português.

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O objetivo era mostrar como, no cotidiano, passávamos por situações que pareciam “normais”, mas que, para quem as passa, são desgastantes, removem a energia, desvalorizam, nos tornando cidadãs de “segunda classe”.

Pensávamos em tarefas que ajudassem a modificar a realidade da tirinha! Uma delas era ir a um bar, sentar e poder comer e beber tranquilamente sem ser assediada. Aos poucos os garçons do Bar do Beto, da Caverna do Ratão, da Lancheria do Parque já nos conheciam. Eles perceberam nossa tática e eram supercúmplices. Até porque acabávamos gastando um pouquinho mais em comida do que em bebida.

Começamos como um grupo de discussão em que líamos um livro que minha mãe me deu. Era um livro lido por ela com muitas anotações: O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoire.

A cada capítulo era como conversar com alguém que entendia o que estávamos dizendo. Isso parecia muito mágico para todas nós.

Nesse momento, antes de 1987, éramos todas voltadas a Medicina, nenhuma de nós estava ligada a algum partido político.

Sentíamo-nos tão bem com o que estávamos lendo que achávamos que deveríamos nos autodenominar de grupo feminista universitário e convidar outras e outros a participar desse novo mundo que descobríamos e que se chamava feminismo. O gosto pela leitura sempre nos acompanhou, mesmo em momentos de maior ativismo. Foi assim que lemos, além da Simone de Beauvoir, Michel Foucault, Bell Hooks, Camille Paglia, Virginia Woolf, Margaret Atwood entre outras. Começávamos a nos questionar sobre as instituições que, na época, não tínhamos percebido que eram instituições como o casamento, família. E surgiam muitas críticas à forma como tínhamos aprendido a ver tais relações (Anexo: A casa).

Aos poucos, fomos tendo contato com outros problemas que atingiam diretamente a área da saúde, mas que iriam além dos muros de nossa faculdade. O foco da discussão estava muito centrado na sexualidade e na forma de exercê-la livremente. Foi assim que entramos em contato com grupos estadunidenses e recebemos o livro Nossos Corpos Nossas Vidas. Inclusive fizemos contato para poder traduzi-lo.

Algumas de nós tinham uma preocupação de não sermos caracterizadas como mal-amadas. Eu sinceramente achava que isto seria impossível e vendo, agora, retrospectivamente, percebo que realmente era muito pouco provável, pois todas nós éramos super “bem-amadas”. Mas, com o intuito de sermos feministas amigáveis, organizamos algumas festas que serviriam, também, para arrecadar fundos. Não arrecadamos fundos, mas nos divertimos muito. Assim, para manter as nossas atividades, concordamos em contribuir com 1 cruzado (na época, o salário-mínimo estava em, aproximadamente,

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1.641,60 cruzados). Agora, fico pensando que fazíamos milagres, pois isto era, na realidade, muito simbólico. Montamos uma estrutura com tesouraria, prestação de contas, atas. Tudo precisava ser transparente. Em todas as reuniões, dedicávamos os primeiros 10 minutos para conversar sobre essa estrutura de divisão de tarefas. Portanto, de um grupo de reflexão, começávamos a ter uma estrutura que comportava um nível de ativismo.

Aos poucos, começávamos a ser identificadas e com isto recebíamos encaminhamentos de problemas e de reinvindicações sobre situações de clara discriminação. Assim, concordamos que era necessário formalizar o grupo. Em 14 de abril fundamos o Grupo Feminista Universitário. Mantínhamos, nessa época a discussão sobre o “meu corpo me pertence” e tal discussão foi aprofundada com a colaboração do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde de São Paulo. Lá aprendemos a fazer oficinas e foi a primeira vez que vi um espéculo transparente, diafragma de todos os tamanhos. As oficinas eram pensadas para desenvolver o autoconhecimento do corpo para todas as classes sociais e níveis de educação.

As reuniões ocorriam às sextas-feiras às 18 horas no CASL no Instituto de Biociências. Os “mosquitos”, folhetos mimiografados para divulgação, eram todos produzidos por nós. Foi então que começamos a receber o pessoal da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA). Portanto, já eram duas Faculdades de Medicina. Por que não uma terceira? Foi assim que organizamos um evento na Pontifícia Universidade Católica (PUC) para onde expandimos as discussões. Lá encontramos a Laura. A primeira moradora da casa de estudantes da UFRGS (CEU). Fiquei apoplética em saber que até há pouco tempo (1980) a casa de estudantes era somente para homens. Isto era incrível! Ficamos sabendo que no passado, teriam existido outros grupos como o Germinal e o Liberta. Porém ambos muito mais ligados a grupos de esquerda. E nós queríamos manter a autonomia conquistada pela própria ineficiência da esquerda que nos rodeava e que nos jogava a uma discussão a ser feita para depois da “Revolução”.

Portanto, a autonomia do grupo era algo muito conversado. E por isso éramos também muito criticadas.

Havia confusão entre ser liberal do ponto de vista ideológico com ser neoliberal no sentido de defender um sistema econômico. Todas nós certamente éramos liberais no sentido ideológico da palavra. E isso nos aproximou da discussão sobre a legalização do aborto.

Aqui é importante lembrar que havia então uma discussão muito importante sobre a nova Constituição de 1988. Em 1986, em meio ao milagre econômico do plano cruzado, houve uma eleição para governadores, deputados e senadores. Do grupo de deputados e senadores, sairia o Congresso Constituinte, encarregado de redigir a Constituição Federal. Portanto, a Constituinte, que não era exclusiva, diferentemente da Comissão Constituinte formada no Chile em 2021, tinha representantes do governo

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militar. E esses seriam os responsáveis por estabelecer uma nova Constituição “democrática”. Para que um assunto fosse conversado, debatido e tivesse alguma chance de ser contemplado na nova Constituição precisava de Emenda Constituinte, com abaixo assinado que atingisse um certo número de assinaturas. Todas nós andávamos com listas para pedir assinaturas pela liberação do aborto. Sentimos necessidade de nos aproximar das feministas (para nós) históricas. E assim organizamos debates convidando-as. Mal sabíamos que existiam mágoas também históricas. Às vezes, os debates ficavam bastante acalorados. E muitas das divergências se davam por algumas estarem mais ligadas a alguma tendência do que outras.

Como algumas de nós já tinham alguma base de enquete e de como fazer estudos transversais, realizamos nosso primeiro “estudo” composto de 4 perguntas:

1. Você acha que a mulher que ficou grávida por estupro tem direito ao aborto?

2. Durante a gravidez, havendo risco de vida da mulher, deve-se fazer aborto para salvá-la?

3. Você acha justo que a mulher seja presa por ter feito aborto?

4. Você acha que uma vez comprovado defeito grave no feto (mongolismo, efeito da talidomida, etc) a mulher tem direito a recorrer à prática do aborto?

Para nossa surpresa, todas as perguntas tiveram, em algum momento, a resposta “Não”: a mulher não tem direito a fazer aborto! Fizemos muitos e muitos debates! Fomos a Brasília, organizamos manifestações. E a cada reunião ficava cada vez mais clara a diferença que existia entre movimento de mulheres e movimento feminista. As ruralistas (As Margaridas) diziam que não eram feministas, que lutavam por direitos iguais a ter a terra, e a maioria se dizia católica.

Na época, eu não conseguia entender como ser católica impediria alguém de ser a favor da legalização do aborto. Pois, para mim, a religião não deveria estar no Estado, ou seja, o Estado deveria ser laico. Também não entendia como, em um país com tanta influência afrodescendente, o catolicismo poderia se impor como regra a uma nação. Como as pessoas não percebiam que suas crenças não deveriam ser impostas aos outros, passando por uma interferência estatal que deixava milhares de mulheres condenadas à morte? E o pior foi ao ver um movimento se organizar e autodenominar-se “pró-vida”! Começamos a nos questionar sobre o que era a vida e que vida queríamos. Discutíamos sobre a Lei do Ventre Livre. Para que “a prole pudesse ser livre, o corpo deveria ser meu; e meu ventre, livre.”

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Memorial

PARTE I TEMPO II - Formação Universitária

Eu, claramente era feminista.

“Precisávamos unir forças”, e assim nos unimos com um outro grupo que tinha surgido nesse ínterim e viramos Grupo Feminista Universitário: Desperta Lilás, o que ocorreu em 27 de agosto de 1988.

E como Desperta Lilás achamos que deveríamos ter uma sede no Diretório Central Estudantil (DCE). E foi assim que deixamos o CASL para irmos ao DCE, onde ficamos até o início de 1990.

Éramos convidadas cada vez mais a eventos organizados por outras entidades, inclusive por atividades realizadas pelas várias organizações de esquerda que procuravam por quadros de liderança. Assim, algumas entre nós ocuparam cargos importantes quando a esquerda esteve no poder. Atualmente elas têm acumulado uma experiência fantástica de como o Estado se organiza. E eu? Eu tinha muita dificuldade com o centralismo democrático. Como poderia voltar a falar o que quisesse no privado e ter que defender algo com o qual não concordasse no público? A ideia da democracia não era a pluralidade?

Pensando nessa pluralidade, frequentemente propunha a discussão sobre poder. Eu era a grande defensora de que, no nosso grupo, o poder fosse fluído para construir relações sólidas, bem ao contrário de Zygmunt Bauman. Obviamente, quem estava de fora nos identificava como lideranças, e isso ocorria até pela forma como caminhávamos, dançávamos, falávamos. Fazíamos oficinas sobre o poder e de como lidar com as nossas diferenças. Porém faltou a questão de como nos construirmos como liderança. Isto não discutíamos, mas fazíamos na práxis.

Apesar de me considerar muito tímida, eu tinha especial facilidade para falar em público e foi assim que fiz os discursos na “esquina democrática” com microfone e tudo mais, pois tinha claro de que representava um grupo.

Nossas primeiras manifestações ocorreram no dia 8 de março – “Dia da Mulher”, seguindo a agenda do movimento de mulheres/feministas. Iniciamos timidamente. Organizávamos debates, participávamos das passeatas. Porém a campanha pela legalização do aborto que, no fim, virou descriminalização do aborto e que terminou com a continuidade da ilegalidade para a maioria dos casos, nos “obrigou” a perceber que precisávamos superar diferenças. Nos unimos ao Alerta Feminista. Foi no Alerta Feminista que conhecemos o grupo de São Leopoldo chamado Cora Coralina. Foi nesses encontros que conheci a Lelê e a Miriam, ambas eram ferrenhas e este grupo estava muito inserido nos sindicatos. Mas tanto o Cora Coralina como o Desperta Lilás tinham em comum a necessidade de manter uma estrutura, inclusive nas formas de organizar as reuniões.

Com o Alerta organizamos a “greve de mulheres”. Na época eu mal sabia usar a máquina de lavar. Escrevemos o manifesto feminista que, devido à falta de dinheiro, foi impresso em letras minúsculas para caber em uma folha. Organizamos a vigília na frente da Catedral Metropolitana de Porto Alegre.

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Passamos a noite na frente da catedral e no dia seguinte, na missa, as católicas do grupo receberam a hóstia. Tudo foi pacífico e com uma força que atingiu a imprensa de todo o país e a internacional. Fomos convidadas para um encontro internacional feminista que ocorreria em Santiago do Chile.

Foi o encontro mais impressionante de que participei, era em Santiago, e lá chegaram mulheres de todos os continentes, e os temas eram os que eu já estava acostumada a discutir no Desperta e que tentávamos teorizar no grupo, já fazendo algumas publicações, como o artigo publicado na própria revista da ATM.

No congresso, em Santiago, lembro de duas mesas: uma relacionada à SIDA e outra à Sexualidade.

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo
Adivinhem quem representou o grupo?

PARTE I TEMPO II - Formação Universitária

Nessa época, já tínhamos visto conhecidos morrerem de uma doença que atingia principalmente os homens homossexuais. A dualidade, característica de épocas de crise e guerra, aparecia claramente. Por um lado, a “liberação sexual”, por outro lado, o discurso do “pecado”. A vida não é dual.

O Estado não tinha uma solução para essa pandemia. Assim, os atingidos pelo HIV se agruparam em Organizações Não Governamentais (ONG). O HIV tinha vindo para mudar o comportamento e fazer perceber que a sexualidade era muito mais complexa do que imaginávamos. Como toda pandemia, além do vírus vem o terror, e neste terror era necessário manter a calma para não virar “carmelita”. O Estado não tinha uma solução, a Igreja muito menos, e as famílias continuavam exilando seus filhos “degenerados”.

A solução que se apresentava estava nas ONGs, e o modelo parecia muito interessante para muitas mulheres. Nesse período, poderiam ser aplicados projetos para algumas instituições capazes de financiar ações para as quais não havia política pública. Pessoalmente, eu não tinha interesse de ter minha vida financeira dependente dessas estruturas. Mas muitas, entre nós, acharam seu caminho se organizando nessas ONGs, muitas das quais existem até agora e fazem um importante trabalho social.

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Ainda nesse congresso, no Chile, no grupo de sexualidade, havia mulheres que falavam da clitoridectomia. Eu imediatamente pedi a palavra para fazer o encaminhamento de ações que pudessem impedir tal atrocidade. Foi quando uma delas disse: vocês, mulheres brancas, têm que parar de nos tratar como inferiores. Falou com tanta força que entendi que eu tinha expressado algum comportamento autoritário. Mas o que também me impressionou foi ter sido chamada de mulher branca. Eu não sou branca. Como tínhamos questões a esclarecer! Aqui começaram a aparecer as intersecções. Como entender a interseccionalidade? Isto ficará para um próximo memorial! Aqui apenas vou compartir o poema Strange Fruit, de Abel Meeropol, que se tornou uma linda música, cantada por Billie Holiday (1939):

Southern trees bear strange fruit

Blood on the leaves and blood at the root

Black bodies swinging in the southern breeze

Strange fruit hanging from the poplar trees

Pastoral scene of the gallant south

The bulging eyes and the twisted mouth

Scent of magnolias, sweet and fresh

Then the sudden smell of burning flesh

Here is a fruit for the crows to pluck

For the rain to gather, for the wind to suck

For the Sun to rot, for the trees to drop

Here is a strange and bitter crop

Algumas pessoas que viam o que fazíamos, diziam que “dávamos a cara a bater”. Eu discordo. Ninguém dava a cara à tapa. Mas, sim, trabalhamos com as nossas almas. Assim, em determinado momento, achamos que era importante ter alguém que nos ajudasse como grupo, que nos ajudasse a revisar o rumo. Foi então que surgiu a ideia de uma terapia de grupo. A experiência não foi muito boa! Mas quem sabe tenha ajudado a colocar um ponto. A maioria de nós já estava saindo da faculdade e cada uma iniciava a traçar um novo caminho.

Eu… namorei, casei, tive um filho, me separei!

Anos mais tarde, a Lelê me encontra em uma outra era e me diz: Pacy, precisamos nos reorganizar, o fascismo está voltando. E como em uma profecia… os sinais de autoritarismo retornaram. Esta é uma das razões que me motiva a deixar registrada estas experiencias neste memorial, pois me parece fundamental que a Universidade seja um ambiente plural no qual o questionamento seja possível de ocorrer. Levantar questões é a base da ciência.

Também trago aqui esta experiência de vida, pois muito do aprendido acaba sendo incorporado na forma de gestão do nosso Laboratório. Aprender que escutar o outro é um fundamento para estabele-

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PARTE I TEMPO II - Formação Universitária

cer relações construtivas e que essas relações são a base para o desenvolvimento de um ambiente no qual todos possam se sentir pertencendo são pilares para poder pensar, fazer perguntas, expressar-se e criar. Portanto, parte do pioneirismo do grupo vem desta necessidade de aprender com o outro.

A medicina e a ciência: Programa de Iniciação Científica

A primeira bolsa a gente nunca esquece

Na mesma época do Desperta Lilás, encontrei um outro grupo fantástico e que me ajudou a lidar com a faculdade. Muitas vezes falei em público e agora deixo aqui registrado. Um dos programas mais importantes para minha vida acadêmica foi o Programa de Iniciação Científica.

Em 1987, fiz o concurso para entrar no atual Departamento de Medicina Social. Lá encontrei dois professores que mudaram minha vida: o Prof. Bruce Duncan e a Profa. Maria Inês Schmidt. Ambos retornavam de um período nos Estados Unidos e vinham com uma proposta que me parecia muito atraente: Medicina Baseada em Evidências. Com eles veio a possibilidade de ter minha turma como monitora, mas também de fazer a leitura crítica de artigos e desenvolver pesquisa. Até agora guardo esse modelo no Laboratório. Sempre que subia até o quarto andar do atual prédio da Psicologia, encontrava um dos dois e ainda mais os colegas Cristina Karohl e Luis Henrique Canani. A Lúcia Pellanda e eu fomos aprovadas no concurso para monitoria. Era um prazer estar sentada a uma mesa e conversar sobre delineamento, testes estatísticos. Foi dessas reuniões da Assessoria Científica que surgiu a ideia de entendermos como os pacientes diabéticos compreendiam a sua doença. Partíamos do pressuposto de que conhecer a doença era fundamental para melhorar o prognóstico.

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Nessa época estava chegando uma maravilha tecnológica: um PC 286. Só o Prof. Bruce podia mexer nele. Eu cursava duas disciplinas de computação para poder compreender os mistérios daquela máquina distópica. Na primeira disciplina, “me ralei!” Na prova esqueci de colocar os números nos cartões. Ao entregar, tropecei e me senti como a Menina do Pote de Leite no conto do leite derramado: derrubei os cartões perfurados e perdi a sequência da programação. O computador ocupava uma sala inteira e, em vez de um teclado, tínhamos que perfurar cartões. Por muito tempo, quem fez vestibular próximo à minha geração vai lembrar dos cartões nos quais, ao se marcar a resposta, era preciso pintar com lápis grafite a letra correspondente à resposta que considerava correta. Pois bem, era muito parecido.

Na segunda disciplina já foi diferente, pois estava relacionada à compreensão da árvore de decisão, que era a base para a realização do diagnóstico e estabelecimento de um plano terapêutico. Como era boa a sensação de compreender como se desenvolvia o raciocínio no qual a Medicina era baseada.

Com a Iniciação Científica veio a minha primeira bolsa e foi a primeira vez que tive contato com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS).

Receber a bolsa me deu a clareza de que o que eu fazia poderia vir a ser uma carreira, no futuro. Posso dizer que esse foi meu primeiro emprego. Atualmente, vejo ser um dos programas mais importantes das nossas universidades. A apresentação dos trabalhos realizados pelos alunos de Iniciação Científica é um dos momentos que temos para estar no Campus do Vale, encontrar colegas de outras áreas e mostrar para os nossos alunos que é possível seguir uma carreira universitária. É um dos programas mais sólidos, razão pela qual considero fundamental que as universidades tenham programas sólidos, contínuos de

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PARTE I TEMPO II - Formação Universitária

fomento à ciência. Esse foi um período muito importante. Na época, não tinha ideia da transformação que tal programa faria em mim. No ambiente de Assessoria Científica com os Profs. Maria Inês Schmidt e Bruce Duncan, era como viver um momento de intersecção entre público e privado. Finalmente, na FAMED, era possível desenvolver um espírito crítico, apesar de perceber que o conhecimento gerado era obviamente cartesiano. E isto me gerou inicialmente um desconforto, cadê a dialética? Eu me perguntava! Porém era nesse espaço que entendia como o raciocínio e o conhecimento eram gerados. O que era uma pergunta científica? O que era levantar hipóteses? Como traçar objetivos relacionados a essas hipóteses? Como escolher e desenvolver um método rigoroso que pudesse responder às perguntas e às hipóteses levantadas? Como fazer a autocrítica e ser clara nas limitações? De que forma os resultados poderiam ser explicados e com o que esse trabalho contribuiria para o conhecimento já estabelecido? Todas essas perguntas me foram apresentadas durante a minha adolescência tardia. Saber que resultado negativo era resultado e não deveria sofrer discriminação foi um alívio. Entender o raciocínio do que é uma variável, o que são vieses e viés de publicação me trazia a um campo de paz com a Medicina. Foi a primeira vez que ouvi falar de conflito de interesses. Para me ubicar ideologicamente, li Descartes e Popper. A dialética se encontrava a cada volta nessa espiral chamada ciência. Entendi também que estava, como no filme Matrix, em uma programação, em um algoritmo que me permitia certos movimentos. Como no ballet clássico, aproveitei todas as possibilidades de movimento, aqui foi muito mais fácil ficar na ponta, e os saltos eram mais precisos. Era como sair de um estado de contenção. Eu parava de decorar e repetir na prova o que decorara, para entender como a matéria era formada. E melhor ainda, podendo ter críticas sobre o método. Muitas vezes, quando surgia um problema estatístico, eu acabava resolvendo de uma outra forma, e isto era admirado, o que me deixava segura para tentar novas estratégias de resolução de problemas. Claro, novas para mim. Ao revisar a literatura, alguém já tinha pensado. Mas, como os artigos demoravam para chegar, a sensação de ser original demorava mais do que agora.

Na época, a revisão de literatura era feita na biblioteca, em livros enormes com letra pequena (Index Medicus). Quando achávamos um artigo que pudesse estar relacionado ao que estudávamos, nos dirigíamos à(ao) bibliotecária(o) e perguntávamos se a biblioteca assinava essa determinada revista. Frequentemente, a resposta era não. E assim, para pedir, tínhamos que preencher um cartão, semelhante a um cartão postal, que seria enviado para a biblioteca mais próxima que tivesse um exemplar da revista. Quando era internacional, pagávamos, em média, 30 dólares pelo artigo. Era uma festa quando o material chegava! Mesmo que o artigo não fosse o que tínhamos imaginado, era igualmente uma festa. Também poderíamos entrar em contato direto com os autores. Existiam autores que colecionavam os cartões de solicitação de artigo. Agora tudo isso são no máximo cinco cliques!

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Com os trabalhos científicos encaminhados, precisávamos encontrar um lugar onde apresentá-los, e o fazíamos em congressos. Um dos espaços apresentação era o Salão de Iniciação Científica. Não éramos obrigados a apresentar os nossos trabalhos, mas foi fantástico estar lá. Todos diziam que quem ganharia o prêmio máximo da área seria o aluno do Prof. Ivan Izquierdo. Foi assim que o conheci. À primeira vez que o ouvi falar, foi possível compreender como as memórias se formavam. Para mim isso completava um ciclo.

Logo veio a primeira Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE). E com ela a compreensão de que havia diferença entre congresso científico e congresso de categoria. Compreendi a diferença entre Ciência Básica, Ciência Clínica e Prática Clínica. Para mim existia uma hierarquia, a FeSBE se tornava um dos congressos mais importantes, mais valorizados e onde encontrava pessoas com as quais adorava discutir sobre ciência. Foi um dos momentos mais importantes da minha carreira quando André Tonon, na época meu aluno de Iniciação Científica, recebeu a menção honrosa na XXXI Reunião Anual da FeSBE pelo trabalho Biological adaptability under seasonal variation of light/dark cycle. Atualmente, em conjunto com a Profa. Fernanda Amaral, ministramos, pela terceira vez, um curso anual denominado Ritmos Biológicos: mais próximo da sua pesquisa que você imagina.

Aos poucos, conseguia compreender o escopo do trabalho. Dependendo dele, o enviávamos para um congresso, o que, na época, era importantíssimo. Era onde sabíamos o que estava ocorrendo antes das publicações. Era onde poderíamos conversar com os autores dos artigos. Era onde poderíamos estabelecer parcerias e discutir ideias. Atualmente, isso se faz com no máximo seis cliques.

Mas havia algo que eu não conseguia encaixar, eu não tinha onde situar a Psicanálise. Por que isso era importante? Porque era uma área muito forte no nosso meio. Não se localizando em nenhuma das categorias, para mim se tornava algo entre a filosofia e a literatura. Para alguém que gosta de ler, certamente é um lugar valorizado com capacidade de modificar a forma de pensar. Porém não entrava nos conhecimentos de estatística: nenhum x-quadrado poderia explicar a existência ou a ausência de conflito. Não haveria uma média para sofrimento psíquico, apenas desvios padrões.

Nessa época eu estava apaixonada pela curva normal e a comparação entre as diferentes curvas que mostrariam a evidência para basear a tomada de decisão. E os desvios padrões explicavam muito do que era então a minha realidade. Foi com imenso orgulho que recebi o convite para fazer parte das atuais edições do livro Medicina Ambulatorial.

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O

final da

faculdade

e o início do estudo do comportamento humano

Quando cursava o final do Ensino Médio, a Medicina não era a minha primeira opção. Estava em dúvida entre Antropologia, Economia, Arqueologia, História. Portanto, parecia óbvia a escolha por Medicina Social e Comunitária. Durante a faculdade, todo meu currículo estava voltado à Medicina Social e Comunitária. Mas acabei conhecendo dois professores que mudaram essa trajetória: Olga Falceto e Cláudio Osório.

Eu tinha muitas críticas à Psicanálise e à maneira como ela compreendia o comportamento feminino. Para tal era necessário compreender as diferentes linhas que permeiam o conhecimento da Psiquiatria. Durante o período em que militava no feminismo e crescia no âmbito da assessoria científica, resolvi fazer o curso de Psicoterapia de Família com uma abordagem sistêmica. Além de ter me ajudado a compreender a dinâmica de grupos e as relações nessas microestruturas, eram muito gratificantes os encontros com profissionais de diferentes áreas (advogados, antropólogos, historiadores e médicos). Aliado a esse curso, ministrado pela Profa. Olga Falceto, o Prof. Cláudio Osório me convidou para participar de um grupo de discussão sobre Epistemologia. Parte dessas discussões foi publicada em artigos.

Acabei dando a guinada para o comportamento, o cérebro. A conclusão era óbvia: eu seria Psiquiatra!

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I TEMPO II - Formação Universitária

Parte II

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

PARTE II TEMPO III - Formação Lato Sensu

TEMPO III - Formação Lato Sensu

FFoi no período de formação como psiquiatra que fiz as pazes com a Medicina. Percebi como era fundamental ter uma visão global do ser humano, e isso inclui todas as interações entre os diferentes sistemas. Era incrível como doenças endocrinológicas, reumatológicas, poderiam modificar o comportamento e vice-versa. Menciono essas duas especialidades porque os primeiros pacientes que internaram sob meus cuidados apresentavam sintomas psiquiátricos associados às suas doenças de base (hipotireoidismo e lúpus, respectivamente). Reestudei clínica médica, e estar em um hospital geral em que podia discutir os casos com meus colegas era a base para a resolução de problemas. O que definia a ordem de prioridade nos meus estudos era a necessidade de resolver os problemas que os pacientes apresentavam, dentre eles, o que mais me mobilizava era o suicídio, o que equivalia para um cardiologista a um infarto. O transtorno com maior risco para o suicídio era depressão. Comecei então a me aprofundar no estudo de depressão e suas diferentes apresentações. Foi nesse momento que a presença do Prof. Cláudio Osório retornou. Havia evidência de que terapia de grupo poderia ser um manejo adequado para os pacientes. Fui supervisionada por ele. Mas, infelizmente, a estratégia não teve muito sucesso, e então veio a segunda empreitada: organizar um programa de atenção aos pacientes com transtorno de humor depressivo. Nesse momento, ingressavam na residência os colegas Eugênio Grevet e Flávio Shansis. Nós três, supervisionados pelo Prof. Cláudio Osório, abrimos a agenda no terceiro turno de sexta-feira, que foram as sementes do Programa de Transtorno de Humor (PROTHUM). Coincidentemente, o Prof. Marcelo Fleck passou a fazer parte do Departamento e veio a agregar com o conhecimento de Fenomenologia,

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levando-nos a estudar Jasper, e eu compreendi que era esse o idioma que se falava também no Chile. Diferentemente da Argentina, onde a Psicanálise era muito forte.

Nós nos formamos, o Prof. Cláudio Osório se aposentou, e o Prof. Marcelo Fleck mantém o PROTHUM até os dias de hoje. Atualmente, vejo como é fundamental ter coragem de perceber que algo não funciona, tentar novamente de outra forma, juntar esforços e passar o bastão. Passar o bastão requer muito cuidado. É preciso haver alguém comprometido para recebê-lo, com estabilidade na instituição. E essa instituição precisa ter flexibilidade para todos esses movimentos.

E eu? Fui me aconselhar com o Mestre (Prof. Ivan Izquierdo). Como todos os professores da Psiquiatria já tinham os seus alunos, não havia muitas possibilidades de cursar a Pós-graduação que, para mim, era algo muito óbvio a ser feito. Porém minha fobia pelos camundongos limitava um pouco minha atuação na Bioquímica (apesar de a maior parte dos estudos ser em ratos Wistar). O que importava era construir a ponte entre pesquisa básica e pesquisa clínica. Foi quando o Prof. Ivan Izquierdo disse que o meu animal seria o Homem e que a pessoa ideal seria a Profa. Márcia Chaves. Foi assim que cheguei até à Mestra.

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TEMPO IV - Liderança e Gestão

Seguindo os conselhos de minha avó, tentei trabalhar em diferentes cenários, ver o máximo de pacientes. Mas aqui vou deixar registrado a minha experiência no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV).

EEm 1993, o Prof. Ellis Busnello me informou que haveria uma seleção para preceptor na residência de Psiquiatria em uma unidade aberta há pouco tempo. No momento, me pareceu uma excelente oportunidade para aprender e desenvolver habilidades didáticas. Mal eu sabia que seria uma das experiências mais ricas nas áreas do ensino e da gestão.

Como atividades no HMIPV, tínhamos que dar aula para graduação da então FFFCMPA (atual Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre-UFCSPA), supervisionar residentes nos três anos do programa, ocupar cargos administrativos e, de preferência, desenvolver projetos de pesquisa e/ ou de desenvolvimento.

Como era um serviço novo, todos nós nos dividíamos nas atividades administrativas. Foram os primeiros cursos que fiz sobre como administrar grupos, utilizar ferramentas para auxiliar na organização de grupos, o que é ser uma liderança e assim por diante. Uma das primeiras funções foi organizar o fluxo do ambulatório do Serviço. E assim percebemos que o nosso maior problema ocorria na ocasião da entrada do paciente na instituição. Parte desse estudo para a reorganização do serviço foi publicada na revista da instituição denominado Avaliação da Demanda do Ambulatório de Triagem Psiquiátrica do HMIPV. Revista Científica Maternidade Infância e Ginecologia, v. 13, p. 16-22, 1993. Foi assim que reorganizamos o fluxo dos ambulatórios e criamos os novos ambulatórios especializados.

51 PARTE II
TEMPO IV - Liderança e Gestão

Nessa época houve uma mudança de equipe. Vários professores que iniciaram o Serviço estavam saindo e precisávamos de reforços. Assim, alguns colegas, como Madeleine Scop (Psiquiatra), Cláudia Godinho (Neurologista) e Carlos Salgado (especialista em álcool e drogas) ingressaram como supervisores da residência e com isto podíamos reorganizar a internação. Chefiei o Serviço de Internação em conjunto com a Cláudia Godinho e novamente organizamos a atenção terciária, revendo indicações de internações, primeiras avaliações, discussões semanais dos casos. Revisamos os indicadores de complexidade dos casos e chegamos, com frequência, à conclusão de que questões classificadas por nós como “sociais” eram as que prolongavam o tempo de internação. Com isso resolvemos que as discussões deveriam incluir todos os profissionais envolvidos no cuidado do paciente durante a internação. A mudança fez com que o tempo de internação diminuísse consideravelmente. Até hoje percebo que ter uma neurologista na discussão de todos os casos, identificar níveis de complexidade dos casos, discutir os problemas “sociais’ nos primeiros dias de internação, ter uma boa avaliação com a Terapia Ocupacional para planejar o tratamento e seguimento fazem a diferença no cuidado prestado aos pacientes durante uma internação aguda.

Com o tempo, percebemos que era necessário ampliar o local para as consultorias. Foi quando acirramos as negociações com a Santa Casa. Assim, enfrentamos os entraves de inovar, trabalhando na intersecção entre um hospital de alta complexidade e a Faculdade de Medicina. A posição de supervisor era muito frágil por não estar no rol dos contratados do hospital; por outro lado, o nosso contrato, apesar de termos horas cedidas para a faculdade, também não era estável. Desde então, considero fundamental para que um Serviço possa ter uma boa infraestrutura de ensino, dispor de um grupo com estabilidade de emprego e com plano de carreira.

Em 2005, devido à experiência nos diferentes níveis de atenção e ao fato de ter ocupado diferentes chefias, fui indicada para coordenadora da saúde mental do município de Porto Alegre. Esse cargo foi fundamental para compreender os nós, as dificuldades e a complexidade da rede de atenção aos pacientes e as limitações das instituições em seus diferentes níveis de complexidade. Conheci regiões que eu não tinha ideia fazerem parte da cidade. Descobri que, em Porto Alegre, existem áreas rurais, descobri que a rede de transporte é fundamental para decidir sobre abertura ou fechamento de Serviços. Ou seja, um dos principais problemas encontrados na rede era o acesso aos Serviços de Atenção: os pacientes não conseguiam manter o tratamento por dificuldade de transporte. Além disso, estávamos com um grave problema devido à redução considerável no número de psiquiatras. A reforma psiquiátrica tinha reorganizado a rede sem contar com a presença dos psiquiatras. Esse foi um dos motivos pelos quais tivemos que incentivar e organizar o programa de matriciamento.

Formamos uma equipe composta pelas Dras. Ana Cristina Tietzmann e Carla Bicca e pela Psicóloga Rosa Maria Rimolo Vilarino. Tivemos que aprender a nos comunicar com o público e com a mídia. Foram vários os cursos, reuniões e orientações que recebíamos para cada entrevista que precisávamos dar para rádio e televisão. Aprendemos a nos colocar frente aos diferentes movimentos, conselhos e ideologias com o intuito de prover aos pacientes o melhor atendimento. Tivemos que compreender

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PARTE II TEMPO IV - Liderança e Gestão

as diferenças entre simulação, simulacro, ética e confiar na experiência da rede e nas necessidades relatadas pela Atenção Básica. As discussões sobre ética eram constantes na nossa equipe. Tentávamos compreender os conflitos e focar naquilo que era possível modificar, implementar, organizar, construir. Sabíamos que algumas mudanças somente seriam percebidas e implementadas anos após. Traçamos prioridades.

Uma das prioridades era disponibilizar na rede antidepressivo serotoninérgico e contamos com a experiência da Profa. Valnitta Walmarker junto à Anvisa para definir todo o processo de inclusão de medicamentos na rede. Dentro dessa mudança incluímos os cursos de capacitação permanente para a rede de saúde em diagnóstico e tratamento baseados em evidência, para os quais procuramos estabelecer colaborações e convênios formais com as instituições de ensino. Dentre elas, nossa prioridade era a universidade pública. Outra meta era fortalecer a Atenção à Infância e Adolescência e, assim, todos os profissionais que conseguimos identificar com especialidade nessas faixas etária foram realocados para o HMIPV, que estava sendo municipalizado, a fim de organizar ambulatório e internação especializadas na Atenção da Infância e Adolescência. Ou seja, os recursos humanos já estariam disponíveis. A terceira prioridade era a atenção à dependência química, para o que a experiência da psiquiatra Carla Bicca foi fundamental junto às diferentes comissões, representações da sociedade e na tentativa de construir uma visão diferente em que os clínicos fossem incluídos na atenção a esse agravo. Essa experiência junto à rede, construindo protocolos baseados na melhor evidência disponível, considerando o uso racional de medicamentos e de tecnologias, carrego até os dias de hoje quando penso em translação do que fazemos no Laboratório.

Porém uma das questões que ficava em aberto no meu aprendizado era a relação entre o setor público e o setor privado. Naquela época, a participação de hospitais privados na rede pública era muito temida. Esse conflito somente foi superado na organização e liderança de projetos de pesquisa em que incluímos a participação da indústria como parceira na inovação tecnológica.

Ao ingressar na UFRGS como Professora, descobri como a experiência administrativa me dava condições de antecipar os problemas que o nosso Laboratório enfrentaria para se organizar como tal. A complexidade das instituições é muito parecida. Nisso vejo como é fundamental um plano de carreira para os cientistas. Como é fundamental para a ciência brasileira termos como manter os jovens, a importância de incluir a paridade na decisão da organização dos grupos e nas decisões de prioridades do grupo. Compreendo que um líder não nasce líder. Precisamos estabelecer um ambiente propicio para que possamos formar novas lideranças.

Encontrei vários colegas com dificuldade em compreender a estrutura universitária, o que muitas vezes torna difícil a comunicação com a Reitoria e seus Departamentos. Desde que ingressei na UFRGS, venho ocupando cargos como membro de comissões (Comitê de Ética em Pesquisa – CEP do Hospital de Clínicas de Porto Alegre – HCPA; Comissão de Residência Médica – COREME; Comissão de Graduação – COMGRAD; Comissão de Pós-Graduação da Clínica Médica e da Pós-Graduação em Psiquiatria e

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Ciências do Comportamento; Colegiado do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal; Comissão de Pesquisa – COMPESQ; Câmara de Pesquisa – CAMPESQ; Comissão Permanente do Pessoal Docente –CPPD).

Como parte das minhas atribuições na atividade de extensão junto à residência coordeno dois ambulatórios, o Psiquiatria Pré-Operatória, cuja função é a consultoria com diferentes especialidades, e o Psiquiatria Sono, onde aplicamos as diferentes técnicas e tecnologias com evidência de eficácia e desenvolvidas pelo Laboratório, além de ter uma equipe na internação de Psiquiatria.

Porém o grande desafio foi formar e coordenar o Laboratório. Aí vejo como uma liderança compartilhada é importante e, por outro lado, como a falta de uma política de carreira pode ser um limitante para a manutenção e crescimento da ciência no Brasil. Nos últimos anos, vários alunos têm migrado para outras instituições no exterior, em um verdadeiro êxodo acadêmico. Manter a energia frente a tais adversidades nos torna criativos.

Na estrutura universitária, a Pós-Graduação e os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) ocupam um lugar estratégico na formação de cientistas, na internacionalização e na transferência de conhecimentos, tecnologias e inovações para a sociedade, para o setor produtivo e/ou para o setor público. Porém a base da formação dos INCTs, que era a formação de redes foi perdendo a força. Assim, durante esses anos, o melhor formato de gestão foi o que acabou sendo incentivado por um edital da FAPERGS, em 2021, pelo qual não fomos contemplados que incentivava a formação de redes de trabalho. Apesar de não termos sido contemplados, formamos a Rede Redirecional (Redirecional –Rede de Pesquisa), formato de organização que permite flexibilidade, transdisplinariedade e gestão paritária em idade e sexo.

Todos os nossos novos projetos estão sendo discutidos na reunião da Rede. Estamos organizando um conjunto de capacitações que envolvem segurança de dados, inteligência artificial, uso de fármacos, estudos dos ritmos, análise de séries temporais. Esse conjunto de ferramentas constitui instrumentos para solucionar problemas identificados na rede pública. Nossa primeira meta: depressão.

Na Redirecional, avançamos na discussão sobre a relação com a indústria, que deve ser muito transparente e caracterizada por uma colaboração com o intuito de desenvolvimento de inovação e tecnologias. Parte do modelo se espelha nas instituições europeias em que a participação da indústria é muito mais frequente e bem-vinda.

Ou seja, vimos nesse edital, concretizada uma forma de gestão que já vínhamos praticando no Laboratório e que é o resultado de toda a experiência acumulada em gestão e liderança relatada desde o início deste memorial

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TEMPO V - Ensino

Desde o período da assessoria científica tive contato com alunos da graduação. Durante o Mestrado e Doutorado organizava os alunos de Iniciação Científica em clubes de revistas e em reuniões para a compreensão de todas as etapas do estudo. Mas foi durante minha estada no HMIPV e FFFCMPA que administrei as primeiras aulas expositivas para grande grupo, quando tive a oportunidade de exercer o papel de regente e propor métodos alternativos de ensino para a época

Portanto, quando entrei na UFRGS, já tinha experimentado uma série de metodologias didáticas. A que com mais me identifiquei foi a utilizada na disciplina de relação médico-paciente: pequenos grupos em que se misturam as aulas teóricas em forma de seminário e muita prática. Na prática, surgem os problemas; nos seminários, as discussões para solucioná-los coletivamente; e, nesses cenários, ocorre a construção de identidade profissional.

Porém o mais desafiante de todos os programas de ensino tem sido uma atividade de extensão voltada a alunos de escolas.

Esse programa iniciou de uma forma peculiar. Guilherme (meu filho) e eu tivemos uma daquelas discussões que, provavelmente, alguns de vocês já tenham enfrentado. Eu usava todos os argumentos para que ele diminuísse o tempo dedicado ao videogame e fosse dormir mais cedo. Ele, reconhecendo a autoridade materna, foi para seu quarto. Porém não dormiu. Ao contrário, procurou no Pubmed as evidências para me convencer de que videogame poderia, inclusive, ser benéfico. No outro dia, me

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deparei com um filho armado de artigos científicos. Contra-argumentei dizendo que existia um problema em aberto: exposição à iluminação durante a noite. Foi assim que Gui começou a desvendar se isto tinha base científica.

Essa experiência familiar me trouxe alguns questionamentos, pois percebi a quantidade de instrumentos que meu filho tinha para resolver problemas do dia a dia e, como adolescentes, assim como ele, poderiam se beneficiar ao dispor de um espaço para conversar sobre questões do cotidiano. Elaboramos atividades de aproximação com as escolas e fizemos um projeto-piloto no qual, em lugar de irmos até à escola, trazíamos, para uma atividade organizada pelo Laboratório, os alunos para a universidade.

A experiência nos deu a clareza do quão distante estávamos do mundo. Pois, mesmo sendo escolas compostas por famílias de classe média, era impressionante o espanto dos nossos visitantes em relação ao que fazíamos no Laboratório. Decidimos que essa atividade deveria ter um continuum. Começamos com um pequeno grupo que se dispôs a ser nosso piloto do programa de alunos da escola no Laboratório. Esses pioneiros participaram ativamente no processo de construção do programa: propunham métodos, criticavam as atividades que achavam não acrescentar e, aos poucos fomos compreendendo o que era conhecer, fazer e construir conhecimento. Nesse ponto, o que chamava a atenção era o nosso despreparo com métodos didáticos. Foi quando pedimos ajuda para a Profa. Beatriz Ferreira que veio nos instrumentalizar com os métodos didáticos, planos de aula, e com a Profa. Maria Elisa Calcagnotto, sentimos a necessidade de agregar uma disciplina em nível de Pós-graduação para discutir teorias e métodos de ensino. Obviamente achava que estávamos inovando. Mas, não completamente.

Maturana e Varela já descreviam esse processo em 1984 e, na UFRGS, inclusive existia um programa semelhante. Porém o programa era limitado a uma escola. Além disso, esse programa não tinha relação com a estrutura da Pós-graduação. Assim, o programa inova por tentar superar o que infelizmente observamos: na estrutura universitária, ainda o ensino nos diferentes níveis, a pesquisa e a extensão estão em compartimentos que muitas vezes não se comunicam. No programa, os alunos de Pósgraduação pensam e elaboram estratégias de ensino; os alunos das escolas aprendem desenvolvendo o método científico; e os bolsistas da graduação (Iniciação Científica) divulgam e difundem o que desenvolvem para a população por meio das mídias sociais e de eventos como a “Semana do Cérebro”. E, por fim, estamos formando uma rede de professores que se dispõem a receber esses alunos para atividades práticas nos seus Laboratórios.

Atualmente, estamos na sexta edição do programa que tem por objetivo não só trazer alunos de diferentes escolas e proporcionar um cenário de aprendizagem e desenvolvimento de um pensamento

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PARTE II TEMPO V - Ensino

crítico, mas também ser uma oportunidade para os alunos de Pós-graduação proporem e colocarem em prática métodos didáticos

…Esta circularidad, este encadenamiento entre acción y experiéncia, esta inseparabilidad entre ser de una manera particular y como el mundo nos aparece, nos dice que todo acto de conocer trae un mundo a la mano. Esta característica del conocer será, inevitablemente, a la vez que nuestro problema, nuestro punto de partida y el hilo directriz de toda nuestra presentación en las próximas páginas. Todo esto puede encapsularse en el aforismo: Todo hacer es conocer y todo conocer es hacer…

(Maturana, El A árvore do conhecimento - As bases biológicas do conhecimento humano, 1984)

Quais os proximos desafios do programa?

Nuestro objetivo está entonces claro: queremos examinar el fenómeno del conocer tomando 1a universalidad del hacer en el conocer, este traer a la mano un mundo, como problema y punto de partida, de modo que podamos revelar su fundamento. ¿Y cuál será nuestro criterio para decir que hemos tenido éxito en nuestro examen?

(Maturana, El A árvore do conhecimento - As bases biológicas do conhecimento humano, 1984)

Ainda precisamos avançar nos métodos de avaliação do programa. E é nisso que nos associamos ao Departamento de Ciências Sociais da Universidad de Chile. Precisamos de um outro método que considere o caráter transdisciplinar e transestrutural do programa. Esses são os desafios para os próximos anos. Assim, teremos um ciclo completo para poder difundir o programa como um modelo com experiência avaliada a ser implementado em outras universidades.

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Parte III

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

PARTE III TEMPO VI - Formação Stricto Sensu

TEMPO VI - Formação Stricto Sensu

Como continuidade na formação stricto sensu no Programa de Iniciação Científica, era óbvia minha busca por Programas de Mestrado e Doutorado. Foi concomitantemente com o último ano de formação em Psiquiatria que iniciei a busca por orientação e Programa de PósGraduação (PPG). Os programas já estavam estruturados, porém a CAPES ainda não tinha os pontos de avaliação muito claros, foi uma época em que se começava a falar sobre avaliações de programas. As disciplinas obrigatórias eram muitas e, por vezes, isso descaracterizava a missão do programa que dependia basicamente da disponibilidade dos professores em administrar um determinado número de disciplinas para permitir que os alunos pudessem completar o número de créditos necessário para adquirir o título de mestre e ou doutor.

Mas a Márcia e eu tínhamos acordado que, mais importante do que créditos em disciplinas, era a realização do projeto de pesquisa. E esse acordo mantenho até agora com os meus alunos.

Como a linha de pesquisa da Márcia era em memória, nada mais claro do que avaliar a memória em determinada situação de interesse.

Como todo aluno, não fugi à regra trazendo um projeto com milhares de variáveis a serem estudadas e controladas. O período que, nessa época, me parecia importante de estudar era o pós-parto, pois é um período em que podem ser observados sintomas depressivos, alterações cognitivas e diversas modificações fisiológicas capazes de explicar um transtorno de humor

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Após depurar o projeto, acabamos trabalhando com psicometria. Os conhecimentos de psicometria foram extremamente úteis no decorrer da minha carreira.

Durante esse período acabei estudando os diversos instrumentos de avaliação diagnóstica, e fazem parte dessa lista as seguintes contribuições para a área Psiquiatria.

Busnello ED, Tannous L, Gigante L, Ballester D, Hidalgo MP, Silva V, Juruena M, Dalmolin A, Baldisserotto G. Diagnostic reliability in mental disorders of the International Classification of Diseases in primary care. Rev Saúde Pública. 1999 Oct;33(5):487-94. doi: 10.1590/s0034-89101999000500008. PubMed PMID: 10576751.

Camozzato AL, Hidalgo MP, Souza S, Chaves ML. Association among items from the self-report version of the Hamilton Depression Scale (Carroll Rating Scale) and respondents’ sex. Psychol Rep. 2007 Aug;101(1):291301. doi: 10.2466/pr0.101.1.291-301. PubMed PMID: 17958137.

Kaipper MB, Chachamovich E, Hidalgo MP, Torres IL, Caumo W. Evaluation of the structure of Brazilian StateTrait Anxiety Inventory using a Rasch psychometric approach. J Psychosom Res. 2010 Mar;68(3):223-33. doi: 10.1016/j.jpsychores.2009.09.013. Epub 2009 Dec 9. PubMed PMID: 20159207.

Memorial
Hidalgo 60
Maria Paz Loayza

TEMPO VI - Formação Stricto Sensu

de Souza CM, Hidalgo MP. World Health Organization 5-item well-being index: Validation of the Brazilian Portuguese version. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2012 Apr;262(3):239-44. doi: 10.1007/s00406-0110255-x. Epub 2011 Sep 7. PubMed PMID: 21912931.

O estudo da psicometria nos possibilitou, como grupo de pesquisa, colaborar com outros centros no sentido de traduzir, adaptar e validar instrumento na área de concentração do Laboratório: a Cronobiologia.

Os artigos abaixo são diretamente relacionados à área da Cronobiologia e permitiram realizar estudos no Brasil e em colaboração com Laboratórios de outros países:

Harb AB, Caumo W, Hidalgo MP. Translation and adaptation of the Brazilian version of the Night Eating Questionnaire. Cad Saude Publica. 2008 Jun;24(6):1368-76. doi: 10.1590/s0102-311x2008000600017. PubMed PMID: 18545762.

Giglio LM, Magalhães PV, Andreazza AC, Walz JC, Jakobson L, Rucci P, Rosa AR, Hidalgo MP, Vieta E, Kapczinski F. Development and use of a biological rhythm interview. J Affect Disord. 2009 Nov;118(1-3):161-5. doi: 10.1016/j.jad.2009.01.018. Epub 2009 Feb 20. PubMed PMID: 19232743.

Schimitt RL, Zanetti T, Mayer M, Koplin C, Guarienti F, Hidalgo MP. Psychometric properties of Social Rhythm Metric in regular shift employees. Braz J Psychiatry. 2010 Mar;32(1):47-55. doi: 10.1590/s151644462010000100010. PubMed PMID: 20339734.

Schimitt RL, Benedito ICR, da Rocha BC, Chivia JIA, Hidalgo MPL. Adaptação transcultural da versão brasileira da escala Social Rhythm Metric-17 (SRM-17) para a população angolana. Rev. psiquiatr. Rio Gd Sul. 2011 33(1)28-34. https://doi.org/10.1590/S0101-81082011005000008.

Levandovski R, Sasso E, Hidalgo MP. Chronotype: A review of the advances, limits and applicability of the main instruments used in the literature to assess human phenotype. Trends Psychiatry Psychother. 2013;35(1):3-11. doi: 10.1590/s2237-60892013000100002. PubMed PMID: 25923181.

Allega OR, Leng X, Vaccarino A, Skelly M, Lanzini M, Hidalgo MP, Soares CN, Kennedy SH, Frey BN. Performance of the biological rhythms interview for assessment in neuropsychiatry: An item response theory and actigraphy analysis. J Affect Disord. 2018 Jan 1;225:54-63. doi: 10.1016/j.jad.2017.07.047. Epub 2017 Aug 1. PubMed PMID: 28787704.

Tonon AC, Amando GR, Carissimi A, Freitas JJ, Xavier NB, Caumo GH, Silva LG, de Souza DOG, Hidalgo MP. The Brazilian-Portuguese version of the Sleep Hygiene Index (SHI): Validity, reliability and association with depressive symptoms and sleep-related outcomes. Sleep Sci. 2020 Jan-Mar;13(1):37-48. doi: 10.5935/19840063.20190130. PubMed PMID: 32670491; PubMed Central PMCID: PMC7347373.

Naquela época, no século passado, a Márcia me recebia em uma sala de meio metro quadrado. Apesar do tamanho, aquele espaço se tornaria uma referência de produção intelectual. Esse foi outro aprendizado: é fundamental termos referências espaciais para produzir.

61 PARTE
III

Como tínhamos atividades relacionadas a assistência e ensino, nossas reuniões ocorriam frequentemente nas primeiras horas da manhã. Foi assim que surgiu a pergunta para ser estudada no Doutorado. Pois nós duas tínhamos muita dificuldade para cumprir com o horário combinado. Como duas pessoas super-responsáveis com horários, não conseguíamos cumprir com o que nós duas nos impúnhamos?

Pesquisei no PubMed, Scielo, Embase e encontrei uma característica denominada de “cronotipo”. Estava claro para nós duas que éramos vespertinas. Buscando literatura, encontrei a construção de uma escala denominada Horne e Osberg que avaliava esse comportamento, perguntando pelas preferências de horário para realizar determinadas atividades.

O interessante era que esse comportamento se correlacionava com um ritmo de temperatura. Isso me remetia ao conceito de ritmo biológico. Será que variações rítmicas e a fase em que ocorriam eram determinantes de certos comportamentos humanos? Inicialmente sentimos um certo desconforto em pensar que não éramos tão autônomos para decidir sobre apetite e horário de sonolência e de melhor performance cognitiva e física. E esse desconforto foi um propulsor para continuar estudando o assunto. Parte do trabalho de Doutorado foi publicada no artigo:

Hidalgo MP, Camozzato A, Cardoso L, Preussler C, Nunes CE, Tavares R, Posser MS, Chaves ML. Evaluation of behavioral states among morning and evening active healthy individuals. Braz J Med Biol Res. 2002 Jul;35(7):837-42. doi: 10.1590/s0100-879x2002000700012. PubMed PMID: 12131925.

Ou seja, diferentes características do comportamento humano têm um tempo para ocorrer nas 24 horas do dia.

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Memorial

Cronotipo

Imaginem se encontrássemos correlações do transtorno de humor tipo depressivo com variáveis fisiológicas.

Pois bem, pensando sob essa ótica, pode-se compreender o entusiasmo ao perceber que uma característica comportamental tem relação com a hora do pico de secreção de melatonina pela pineal, com a hora em que o pico de cortisol ocorre e com o ritmo de temperatura.

Eu vinha com o paradigma da doença e imediatamente me fiz perguntas se essa dimensão do comportamento poderia estar relacionada com algumas “queixas” como, por exemplo, a sonolência diurna. Os resultados foram publicados no artigo:

Hidalgo MP, de Souza CM, Zanette CB, Nunes PV. Association of daytime sleepiness and the morningness/ eveningness dimension in young adult subjects in Brazil. Psychol Rep. 2003 Oct;93(2):427-34. doi: 10.2466/ pr0.2003.93.2.427. PubMed PMID: 14650667.

E, claro, os vespertinos apresentavam mais sonolência diurna. O que eu esqueci?

Esqueci de perguntar a qual hora era percebida a sonolência.

Atualmente sabemos que cada cronotipo vai relatar sonolência em determinada hora. Os vespertinos têm mais facilidade de relatar, pois, como diz o ditado, “Deus ajuda quem cedo madruga”. Assim, a sonolência percebida pelos vespertinos ocorre no momento em que socialmente definimos como tendo que ser produtivos, o dia!

Porém, se perguntássemos para os matutinos a hora em que percebem a sonolência, dirão que é a noitinha e que isso dificulta a participação em festas e em uma vida “boêmia”. Mas isto não é socialmente percebido como um prejuízo.

Ainda entusiasmada pelos achados, propus para a Márcia um estudo populacional em que pudéssemos avaliar o quanto a dimensão matutinidade/vespertinidade poderia estar associada com sintomas depressivos em pessoas saudáveis. Assim, desenvolvemos o projeto cujos resultados foram publicados no artigo:

Hidalgo MP, Caumo W, Posser M, Coccaro SB, Camozzato AL, Chaves ML. Relationship between depressive mood and chronotype in healthy subjects. Psychiatry Clin Neurosci. 2009 Jun;63(3):283-90. doi: 10.1111/j.14401819.2009.01965.x. PubMed PMID: 19566758.

63 PARTE III
TEMPO VI - Formação Stricto Sensu

Os achados me levaram a avaliar, em outras populações, a relações entre cronotipo e outros comportamentos importantes para a psiquiatria. Dentre esses comportamentos, já que os vespertinos sentem mais sonolência no período em que se espera que os humanos sejam produtivos, será que eles utilizariam mais estimulantes? A resposta foi publicada nesse artigo: Schneider ML, Vasconcellos DC, Dantas G, Levandovski R, Caumo W, Allebrandt KV, Doring M, Hidalgo MP. Morningness-eveningness, use of stimulants, and minor psychiatric disorders among undergraduate students. Int J Psychol. 2011 Feb 1;46(1):18-23. doi: 10.1080/00207594.2010.513414. PubMed PMID: 22044129.

Porém uma das críticas dos referees a esses achados foi o fato de termos uma amostra urbana em que a poluição luminosa poderia ser um dos fatores que mediasse esta relação.

Assim, testamos a hipótese de que matutinidade/vespertinidade estariam associados a sintomas depressivos em uma população no interior do Estado. Desta vez, usamos o Munich ChronoType Questionnaire (MCTQ) que permite avaliar o ponto médio de sono, variável que caracteriza o cronotipo. O importante é que, medindo o ponto médio de sono, poderíamos caracterizar essa variável nos dias de trabalho e nos dias livres. O impressionante era que, mesmo em uma população rural, havia um comportamento bastante diferente nos dias de trabalho e nos dias livres.

Começávamos a perceber que o comportamento de atividade e repouso em humanos era mais complexo do que imaginávamos. Avaliamos a diferença entre o ponto médio de sono nos dias livres em relação aos dias de trabalho (variável nomeada por Till Roenneberg como jet lag social) e essa variável se mostrou associada aos sintomas depressivos. Ou seja, o mero fato de ser vespertino não representava uma associação com sintomas de depressão. Essa característica deveria provocar uma “dessincronização”. Os resultados e a ideia foram publicados no journal mais importante da área na época: Chronobiology International:

Levandovski R, Dantas G, Fernandes LC, Caumo W, Torres I, Roenneberg T, Hidalgo MP, Allebrandt KV.

Depression scores associate with chronotype and social jetlag in a rural population. Chronobiol Int. 2011 Nov;28(9):771-8. doi: 10.3109/07420528.2011.602445. Epub 2011 Sep 6. PubMed PMID: 21895489.

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PARTE III TEMPO VI - Formação Stricto Sensu

Respondida esta questão, apareciam mais questionamentos que ainda não estavam respondidas pela literatura. Será que se pudéssemos avaliar a A exposição à luz, a urbanização e controlar na analise como variáveis com potencial confundidor, o que será que se manteria associado a sintomas depressivos o ponto médio de sono ou o social jet lag?

A pergunta é respondida em um estudo que avalia comunidades quilombolas com diferentes histórias a exposição à luz artificial. O que está associado aos sintomas depressivos é o jet lag social.

Logo, a pergunta que gostaríamos de responder é sobre fator de risco, o que só seria possível em uma força-tarefa mundial em um estudo de coorte. Para tanto é necessário fomento. Portanto, para responder a algumas perguntas fundamentais, é necessário um espaço em uma instituição que valorize a ciência, mas também se precisa de uma rede internacional e de fomento.

Parte de nossa contribuição ao estudo dos cronotipos está resumida em uma revisão sobre o assunto com a participação dos colegas que trabalham com cronotipo ou tipologia circadiana: Adan A, Archer SN, Hidalgo MP, Di Milia L, Natale V, Randler C. Circadian typology: A comprehensive review. Chronobiol Int. 2012 Nov;29(9):1153-75. doi: 10.3109/07420528.2012.719971. Epub 2012 Sep 24. Review. PubMed PMID: 23004349.

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Aprendendo que nem tudo deve ser publicado

Vou esclarecer no início. O que deve ser publicado é aquilo que temos segurança de que a pergunta é relevante, que o dado foi bem coletado, bem analisado, que contribui científica ou socialmente, independentemente de corroborar ou refutar nossa hipótese inicial.

E então por que vou escrever sobre o que se segue aqui? Porque, apesar de não ser relevante cientificamente, me mostrou a importância das análises simples, confirmou que matemática é uma linguagem e que, por mais que coloquemos energia em algo, nem sempre teremos um produto e esse é o risco de ser pioneiro e inovar.

No Projeto de Doutorado estava prevista a avaliação polissonográfica e, com isso, surgiu a necessidade de compreender a análise que poderíamos desenvolver, o que me levou a cursar a disciplina de Cálculo I e II no Campus do Vale e a tentar uma aproximação com a Física a fim de compreender o que era uma série temporal

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PARTE III TEMPO VI - Formação Stricto Sensu

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Junto com a Física veio a análise do caos, e é assim que entra Amsterdam. Na revisão de bibliografia, vimos que, em Amsterdam, existia um centro de estudo dos sinais por análise complexa. Entramos em contato por e-mail. Como o Professor não respondia os e-mails, decidi que era importante ir até seu Laboratório para conversar com quem estava realizando essa análise. Infelizmente, o matemático que fazia as análises tinha tido um infarto e estava sendo buscado um outro colaborador. Para nossa surpresa, começamos conversando em Inglês e terminamos em Português. Ele era de Portugal. Sem bolsa era muito difícil manter-se por muito tempo no exterior. Assim, fazíamos viagens curtas que precisavam ser muito produtivas. Foi quando escutei pela primeira vez as expressões como atrator de Lorenz, expoente de Lyapunov e fractais.

Mas nada disso viríamos a publicar em jornais ou revistas, apresentamos em congressos para poder ter o feedback do que estávamos fazendo. Porém não tínhamos segurança para publicar. A análise das fases do sono nos trazia pouca informação relevante.

Até agora vejo que o estudo polissonográfico precisa sair dos estágios para ser compreendido como um ritmo ultradiano. Quem sabe o que nos falte seja desenvolver técnicas que avaliem esses ritmos e analisem estruturas ao longo do sono. Naquela época, para mim já era uma novidade perceber que existia uma área que estudava os ritmos biológicos. Aprendi a analisar uma polissonografia, identificar visualmente os estágios. Perdi o resto de medo dos números que me restava e compreendi uma linguagem matemática relacionada à complexidade que me foi muito útil na proposição de análises em outras situações.

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PARTE III TEMPO VI - Formação Stricto Sensu

No Brasil, fui descobrindo que existiam grupos de Cronobiologia, a maioria em São Paulo, e junto a eles mais viagens para buscar compreender que as análises que poderíamos realizar eram muito mais simples, como a do cosinor.

Nessa rede de colaborações me foi apresentado o Prof. Antoni Diez Noguera, Toni, e a parceria se solidificou em uma FeSBE onde ele nos apresentou um programa que usamos até agora no Laboratório. Um pouco ultrapassado pela liberdade que o R e o Python nos proporcionam, mas, além de realizar a análise nesses programas, sempre fazemos o double check no El Temps

Assim, a conclusão era clara: quanto mais simples a análise que fizéssemos nos nossos dados, mais fácil explicar o fenômeno e melhor compreender os dados. Aos poucos fui compreendendo que existia uma área da ciência chamada Cronobiologia. Com isso ficou tudo mais fácil, pois, procurar por algo na internet, tornava o mundo mais próximo; foi assim que comecei com os primeiros contatos, as primeiras perguntas e a formar uma rede com a qual conto até agora.

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Parte IV

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

PARTE IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

TEMPO VII - Geração do Conhecimento

O conhecimento adquirido na formação stricto sensu e a internacionalização

Os conhecimentos de Psicometria e a colaboração com a Faculdade de Psicologia nos permitiram ter a coragem para propor a construção de instrumentos que pudessem contribuir para a área do comportamento relacionada ao estudo de ritmos. Assim, surgiu, em 2015, a colaboração internacional com a Universitat de Barcelona e a McMaster University na criação do Mood Rhythm Instrument (MRhI).

O MRhI foi desenvolvido para avaliar a ritmicidade autopercebida ao longo do dia de fatores afetivos, cognitivos e somáticos, componentes que fazem parte do diagnóstico para depressão. A última versão revisada é composta de 11 questões que medem a ritmicidade percebida nos seguintes parâmetros: memória, concentração, energia, resolução de problemas, sono, libido, apetite, irritabilidade, pessimismo, tristeza e ansiedade. Desenvolvemos a versão em Português, Inglês e Espanhol. Cada item fornece uma resposta categórica e outra contínua. A pergunta categórica, que é respondida com “sim” ou “não”, avalia a presença ou ausência de um pico diário percebido para cada item (por exemplo, existe algum horário do dia em que você se sinta mais triste?). Se responde “sim”, o participante precisa indicar em uma régua qual o horário em que percebe esse pico. A soma das variáveis categóricas fornece uma pontuação total que varia de 0-11, sendo 0 o menor e 11 o maior ritmo percebido.

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Testamos as características psicométricas do instrumento. A versão para adultos não apresenta efeitos de vieses de memória. Também avaliamos a correlação com escalas que medem sintomas depressivos. O instrumento mostrou correlação com sintomas psiquiátricos e com sintomas depressivos. Quanto maior o nível de sintomas psiquiátricos, maior a ritmicidade percebida. Em sua tese Ana Paula Francisco valida a versão para adolescentes e mostra que os resultados em adultos se replicam em adolescentes. Assim, continuamos desenvolvendo medidas e, a partir dos resultados que obtivemos desse instrumento, propusemos um diário com 6 questões que foram incluídas na avaliação realizada pelo Aplicativo Regente desenvolvido pelo Laboratório.

Parte do resultado pode ser lida nas seguintes publicações:

de Souza CM, Carissimi A, Costa D, Francisco AP, Medeiros MS, Ilgenfritz CA, de Oliveira MA, Frey BN, Hidalgo MP. The Mood Rhythm Instrument: Development and preliminary report. Braz J Psychiatry. 2016 Apr-Jun;38(2):148-53. doi: 10.1590/1516-4446-2015-1763. PubMed PMID: 27304757; PubMed Central PMCID: PMC7111362.

Pilz LK, Carissimi A, Francisco AP, Oliveira MAB, Slyepchenko A, Epifano K, Garay LLS, Fabris RC, Scop M, Streiner DL, Hidalgo MP, Frey BN. Prospective Assessment of Daily Patterns of Mood-Related Symptoms. Front Psychiatry. 2018;9:370. doi: 10.3389/fpsyt.2018.00370. eCollection 2018. PubMed PMID: 30186188; PubMed Central PMCID: PMC6110875.

Carissimi A, Oliveira MAB, Frey BN, Navarro JF, Hidalgo MPL, Adan A. Validation and psychometric properties of the Spanish Mood Rhythm Instrument. Biological Rhythm Research (online). Fator de Impacto (2020 JCR):1, 2190, v. 50, p. 1-13, 2019.

Oliveira MAB, Epifano K, Mathur S, Carvalho FG, Scop M, Carissimi A, Francisco AP, Garay LLS, Adan A, Hidalgo MP, Frey BN. Validation of the English version of the Mood Rhythm Instrument. BMC Psychol. 2020 Apr 17;8(1):35. doi: 10.1186/s40359-020-00397-2. PubMed PMID: 32303262; PubMed Central PMCID: PMC7165411.

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Memorial

PARTE IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

de Oliveira MAB, de Mendonça Filho EJ, Carissimi A, Garay LLS, Scop M, Bandeira DR, Carvalho FG, Mathur S, Epifano K, Adan A, Frey BN, Hidalgo MP. The revised Mood Rhythm Instrument: A large multicultural psychometric study. J Clin Med. 2021 Jan 20;10(3). doi: 10.3390/jcm10030388. PubMed PMID: 33498431; PubMed Central PMCID: PMC7864209.

Francisco AP, Cunha AMD, Tonon AC, Scop M, Mathur S, Caropreso L, Frey BN, Hidalgo MP. Adaptation and validation of the Mood Rhythm Instrument for use in Brazilian adolescents. Braz J Psychiatry. 2022 MayJun;44(3):264-70. doi: 10.1590/1516-4446-2021-2092. Epub ahead of print. PubMed PMID: 35081211.

Dessa forma, vamos consolidando o Laboratório como referência no estudo dos ritmos do comportamento, colocando nossa Universidade no circuito internacional.

Tempo

Em determinado momento, queríamos compreender se a noção de tempo poderia mudar com a idade. Foi então que propus para meu filho, na época com 7 anos, a pergunta que faríamos para diferentes amostras de diferentes faixas etárias:

- Gui que es tiempo?

- Mamá… estoy con sueño

- Pucha, Gui!… ayudame en esto!

… Após alguns argumentos persuasivos…

- Mamá, tiempo es una forma de localizarse en la tierra. Si la tierra está cerca del sol, es día; Si esta lejos del sol es noche, como ahora. Y, por lo tanto, es hora de dormir.

Não consegui colocar essa explicação para pensar no protocolo de pesquisa. Ele poderia ter dito o que a maioria das crianças entrevistadas disse: “é quando a gente sabe que a mãe vai chegar!”

Mas a resposta do Guilherme e das outras crianças me fez pensar o quanto eles tinham razão. O Tempo é uma ferramenta.

O interessante é que é uma ferramenta invisível. Diferente do fogo que aparece depois de friccionar um graveto em uma pedra e daí poder ser enxergado por nós em cores que denominamos de amarelo, laranja e azul, o Tempo não tem cor.

Após o fogo, estou certa de que uma das ferramentas que contribuiu para a humanidade dominar e se perceber como espécie foi o Tempo.

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O Tempo passa a ter forma no espaço dos nossos corpos. A cada giro ao redor do Sol, nossas células mudam. É no nosso corpo que sentimos a passagem do Tempo que culmina com a Morte. A cada noite, morremos. A cada dia, negamos e dissociamos o Tempo de nosso corpo, dizendo que ele se encontra no relógio, no calendário, nas diferentes tonalidades do céu, nos movimentos das ondas, no comportamento dos rios, nas estações do ano.

Observar os fenômenos cíclicos e usá-los para a produção de alimento foi uma descoberta que mereceria o Nobel. As diferentes tentativas de desenvolver calendários revelam as necessidades de organização de cada civilização.

Agora, com 20 anos, o Guilherme, na Faculdade de Ciências, me mostra os gráficos das disciplinas de Física. Me chama a atenção para o Tempo ter estado sempre no eixo x. Passamos a ter uma representação do Tempo como uma ferramenta que se torna mensurável.

Segundo Norbert Elias, em seu livro Sobre el Tiempo, foi somente na Idade Moderna que o Tempo passou ter a forma como o conhecemos. Dificilmente paramos para pensar sobre quando o relógio passou a fazer parte do nosso cotidiano e por quê. Tais questões fazem parte das nossas discussões no Laboratório e algumas reflexões e resultados podem ser encontrados: no blog do Laboratório (Seu Corpo, Seu Tempo), no artigo

The concept of time in the perception of children and adolescents, Michel F, Harb F, Hidalgo MP. Trends Psychiatry Psychother. 2012;34(1):38-41. doi: 10.1590/s2237-60892012000100008. PubMed PMID: 25924218, na dissertação do Victor Hugo (O conceito de tempo de acordo com a idade, sexo e escolaridade), no artigo

Impact of the time in an animal model of mood disorder. Sasso EM, Vieira JL, Dantas G, de Souza CM, Levandovski RM, Hidalgo MP. J Neurosci Methods. 2012 Oct 15;211(1):84-7. doi: 10.1016/j.jneumeth.2012.08.014. Epub 2012 Aug 19. PubMed PMID: 22926194, e no artigo

The influence of school time on sleep patterns of children and adolescents. Carissimi A, Dresch F, Martins AC, Levandovski RM, Adan A, Natale V, Martoni M, Hidalgo MP. Sleep Med. 2016 Mar;19:33-9. doi: 10.1016/j. sleep.2015.09.024. Epub 2015 Nov 12. PubMed PMID: 27198945.

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TEMPO VII - Geração do Conhecimento

Cronobiologia: a área da ciência do tempo na matéria viva

Antes de entrarmos propriamente na área da Cronobiologia, é importante conversarmos um pouco sobre a estrutura dinâmica da matéria viva. É aqui que surge a definição de autopoiese, este é um conceito desenvolvido por Maturana e Varela. Segundo eles, os seres vivos são sistemas autopoiéticos moleculares. Surge a pergunta: é possível um sistema autopoiético fora do domínio da molécula? Para essa questão Maturana acrescenta a noção de sistema em diferentes “ordens” que dependem do domínio em que o processo se realiza. A célula seria de primeira ordem; os organismos, de segunda ordem. Já uma colmeia, uma colônia ou uma família seriam de terceira ordem. Aqui me parece que acrescentar o conceito de complexidade de Morin pode agregar, ou seja, modificaria a palavra ordem para níveis de complexidade. E se falamos de complexidade, podemos lembrar a teoria do caos e, portanto, pensar em cada organismo como um fractal ou uma composição de fractais. Porém, o que daria a característica dinâmica a estas composições? O Tempo.

Ainda mantendo o pensamento de Maturana e Varella, todo sistema fechado é dinâmico. Mas como entra a relação com o sistema temporal? Em 2017, Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young recebem o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina pela descoberta do loop que possibilita a organização temporal em nível molecular dos seres vivos. Ou seja, eles explicam como os genes clock estabelecem o ritmo circadiano. Em 1984, Jeffrey Hall e Michael Rosbash, em Brandeis University e Michael Young na Rockefeller University, conseguiram isolar o gene period. Jeffrey Hall e Michael Rosbash descobrem que PER, a proteína codificada por period, é acumulada durante a noite e degradada durante o dia. Portanto PER apresentava um ciclo de aproximadamente 24 horas. Os dois autores observaram que, por um loop inibitório, a proteína PER inibia sua própria síntese (https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/2017/press-release/). Onde entra o meio? O meio também tem um ritmo, e alguns ritmos têm o poder de se comunicar com o organismo de forma a encarrilhar o sistema temporizador. Encarrilhar não é sinônimo de ordenar ou desordenar. Significa ubicar. Aqui novamente podemos falar em ubicar em diferentes níveis de complexidade.

Ao estudo sistemático da organização temporal da matéria viva, em todos os seus níveis de complexidade, damos o nome de Cronobiologia.

Alguns trabalhos do Laboratório que versam sobre a relação dos genes relógios e síndrome do comer noturno, sintomas depressivos, e duração do sono se encontram abaixo:

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Harb, Ana Beatriz Cauduro (2013) - Aspectos cronobiológicos da síndrome do comer noturno (LUME UFRGS: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/87175).

Carvalho, Felipe Gutiérrez (2020) - Dos genes aos sintomas: Um estudo sobre a relação entre polimorfismos envolvidos na regulação dos ritmos biológicos e desfechos em saúde mental (LUME UFRGS: https://www. lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/211226/001115067.pdf).)

Allebrandt KV, Teder-Laving M, Cusumano P, Frishman G, Levandovski R, Ruepp A, Hidalgo MPL, Costa R, Metspalu A, Roenneberg T, De Pittà C. Identifying pathways modulating sleep duration: from genomics to transcriptomics. Sci Rep. 2017 Jul 4;7(1):4555. doi: 10.1038/s41598-017-04027-7. PubMed PMID: 28676676; PubMed Central PMCID: PMC5496883.

Ou seja, diferentes características do comportamento humano têm um Tempo para ocorrer nas 24 horas do dia. E isto tem relação com os genes do relógio.

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História da Cronobiologia

Como a Cronobiologia é uma área da ciência relativamente nova, há uma série de desafios para quem trabalha nela. Mas também há o lado gratificante. Entre os pontos gratificantes está o fato de poder conviver com alguns pioneiros na área. Conhecê-los e trocar ideias sobre a ciência e sobre a vida tem compensado os desafios.

Por outro lado, por se tratar de uma área pouco conhecida, existe a necessidade de aprender um conjunto de conceitos e de termos que, para alguém da área da saúde, não são muito usuais. Assim, a partir da história da área, comentarei os principais conceitos necessários para introduzir a produção do nosso Laboratório.

A maioria dos livros sobre Cronobiologia inicia relatando o experimento de Mairan. Portanto, aqui não serei diferente. A esse estudo, realizado em 1729 pelo astrônomo Jean-Jacques d’Ortous de Mairan, é atribuído o início do estudo dos ritmos biológicos. Mairan observou uma planta chamada mimosa pudica, que abre suas folhas com o aparecimento da luz do sol e as fecha com a escuridão. A partir dessa observação, ele decidiu retirar uma das variáveis, colocando a planta em uma caixa escura. Contrariando as hipóteses de que a planta fecha as folhas para sempre ou as deixa abertas para sempre, a mimosa continuou abrindo e fechando as folhas. Em seu artigo, Mairan faz várias deduções, mas atualmente o experimento se tornou importante por demonstrar a persistência do ritmo. Além de Mairan, Carl von Linne, no mesmo século (1707-1778) construía o “floral clock” indicando a preditibilidade do abrir e fechar das pétalas de várias espécies de plantas de acordo com a estação do ano.

Surgia a pergunta: a característica de se sincronizar ao meio poderia ser hereditária e espécie-específica? Um dos primeiros estudos que demonstrou a característica da matéria viva de ter um sistema temporizador foi o de Erwin Bünning, segundo o qual o ritmo poderia ser uma característica hereditária em feijões. E, obviamente, como na época a questão da adaptação como forma de evolução era muito forte, Bünning conclui que essa característica promove uma melhor adaptação ao ambiente.

Um outro nome importante para a área é Candole, que demonstrou que o ritmo foliar da mimosa pudica, quando em condições constantes (escuro ou claro constantes), variava entre 22 e 23 horas. Ou seja, para apresentar o ritmo de 24 horas, os seres vivos se encarrilham ao ritmo claro/escuro do ambiente que os circunda. Portanto, além de o ritmo persistir, ele pode ser encarrilhado pelo meio externo. Com o passar dos anos, se observou que o mais potente ritmo externo, com poder de encarrilhar e imprimir um ritmo ao organismo vivo, é o claro-escuro. Se o claro-escuro tem a capacidade de imprimir na matéria viva um ritmo, a matéria viva deve ter um sistema que responde a esse estímulo.

Foi em 1959 que Franz Halberg cunhou o termo circadian (Latin: circa = about; dies = day) para se referir às mudanças geradas endogenamente que mostravam uma variação de ritmos com um período

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IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

de aproximadamente 24 horas. Para ser um ritmo circadiano, a característica de se manter mesmo na ausência do input ambiental era necessária.

Os trabalhos seminais de Pittendrigh demonstram, em diversos níveis de complexidade (drosófilas a mamíferos), que os seres vivos apresentam um programa temporizador em nível celular cuja percepção pode se dar pela observação de ritmos como atividade e repouso, temperatura, eclosão dos ovos da drosófila. Esses ritmos se encontram sincronizados ou encarrilhados a ciclos ambientais. Pittendrigh resumiu as características de um ritmo circadiano no que conhecemos como as generalizações de Pittendrigh. A quarta generalização é particularmente importante por trazer a clara noção de que um ritmo circadiano deve frequentemente ser uma oscilação autossustentável. Outra generalização (XII) que se torna importante para a compreensão dos trabalhos realizados por nós é a de que o período de um ritmo em condições de livre curso (free running) é dependente da intensidade de luz. Assim, vários estudos de Pittendrigh descrevem a Curva de Fase Resposta (CFR) da atividade de diversas espécies ao estímulo fótico, mostrando a capacidade de atrasar ou adiantar a fase do ritmo, dependendo do horário em que o estímulo é aplicado. Além do horário em que o estímulo ocorre, um período pode variar conforme o histórico de exposição à luz experienciado antes de ser realizado o experimento em que é colocado em condições de claro ou escuro constante (Pittendrigh e Daan, 1976). Ou seja, o histórico de exposição à luz interferiria na expressão do ritmo quando colocado em alguma situação sem ter indicações temporais.

A XII generalização está relacionada à regra de Aschoff, que descreve que o animal noturno apresentará um período maior quando estiver em livre curso (free running) sob luz constante do que em escuro constante. O oposto será observado nos animais diurnos. E aos ciclos ambientais que têm a capacidade de sincronizar os ritmos biológicos, Aschoff cunhou com o nome de zeitgeber (“doador de tempo” no Alemão). Os zeitgebers são categorizados como fóticos e não fóticos e/ou sociais. Os estudos de Aschoff e de Pittendrigh têm-nos inspirado na elaboração de nossos estudos epidemiológicos. Assim como Aschoff encontrou, na existência de Bunkers da Segunda Guerra Mundial, uma possibilidade de montar Laboratórios para estudar o ritmo biológico de seres humanos em condições constantes, nós temos observado as diferentes organizações sociais para testar hipóteses relacionadas a zeitgeber fótico e social. Logo, fica clara nossa relação com o Prof. Till Roenneberg, que trabalhou com Aschoff, pois ele compreende o conceito de laboratório natural ou estudos em real life.

Foi buscando por metodologias simples a serem utilizadas em estudos populacionais que chegamos ao Prof. Roenneberg. Ele também estava desenvolvendo estudos em populações (na Alemanha e na Itália) na ideia de testar os conceitos de disrupção de ritmo. E nós estávamos desenvolvendo um estudo no interior do Rio Grande do Sul (Vale do Taquari) em cidades de imigração alemã e italiana. Foi assim que surgiu nossa primeira colaboração com a Ludwig Maximilian Universität (LMU) em 2008 e nosso primeiro edital PROBRAL (CAPES/DAAD).

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Nesse estudo, observamos que na mesma região, comparando as pessoas que moram no “campo” e na “cidade”, a diferença de comportamento relacionado ao sono já é considerável. Sendo que as pessoas da cidade apresentam uma fase mais atrasada de sono e uma menor exposição à luz solar do que aquelas que têm sua moradia no campo. Aqui vale a consideração de que, quando falamos de cidade, nos referimos a pequenas aglomerações ao redor de uma praça, igreja, um prédio da prefeitura. Não estamos falando de cidades industrializadas ou capitais ou metrópoles.

Parte dos resultados foram publicados no artigo:

A partir do estudo realizado no Vale do Taquari, surgiram outras inquietações, pois víamos que a pequena organização social trazida por uma tênue urbanização já mudava os padrões de sono. Portanto, seria possível que isso fosse relacionado a essa estrutura ou pelo fato de o sinal fótico ter sido modificado?

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Assim, naquela época eu fazia aulas de Alemão com o César, casado com a Mari (neta de líder quilombola). Em uma de nossas conversas, comentei sobre o estudo realizado em colaboração com a Alemanha e a questão relativa à influência da iluminação artificial. Esse é um daqueles momentos em que a sincronia parece magia. Ele imediatamente comentou sobre as comunidades quilombolas e me apresentou a Mari. Um mundo inteiro se revelou. Como eu não enxergava que havia, aproximadamente, 300 quilombos espalhados pelo estado? Assim, desenhamos o projeto que denominamos de Projeto Quilombo, e, em todos os nossos artigos publicados relacionados ao projeto, há agradecimentos a Mari.

No projeto, em colaboração com as comunidades quilombolas e com a LMU, comparamos comunidades com diferentes históricos de acesso à eletricidade:

Pilz LK, Levandovski R, Oliveira MAB, Hidalgo MP, Roenneberg T. Sleep and light exposure across different levels of urbanisation in Brazilian communities. Sci Rep. 2018 Jul 30;8(1):11389. doi: 10.1038/s41598-01829494-4.

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Fotografias do acervo do Professor Luiz Eduardo Achutti relacionadas ao projeto de extensão “Estudo Cronobiológico e Fotoetnográfico de uma Comunidade Quilombola em Gravataí - Rio Grande do Sul - Brasil”

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Essa contribuição do nosso Laboratório foi também incluída em uma rede internacional sob o nome de The Human Sleep Project e foi comentário na revista Nature:

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

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E assim nosso Laboratório vai entrando para a história da Cronobiologia.

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Cronobiologia e o Zeitgeber fótico

Portanto, se o ciclo claro/escuro do ambiente tem a capacidade de encarrilhar o nosso organismo ao ritmo de aproximadamente 24 horas, significa que esse organismo apresenta um sistema responsivo a esse estímulo.

A pergunta de como o sinal fótico chega ao nosso cérebro tem sido uma questão que vem estimulando um número cada vez maior de centros de pesquisa. Nos anos 70 houve um boom nesta busca. Robert Moore observou que projeções retino-hipotalâmicas terminavam no núcleo supraquiasmático (NSQ). Seus estudos foram a base para o descobrimento da estrutura rítmica do NSQ e de sua importância na geração de ritmo em estruturas cerebrais. Estudos demonstraram que a ablação do NSQ provoca a perda do ritmo do cortisol e da N-acetiltransferase na pineal. Além da perda de um dos mais importantes ritmos para os mamíferos: atividade/repouso.

Um dos trabalhos mais importantes da área foi o de Ralph e Menaker, publicado em 1990, que mediu o ritmo de atividade e repouso de hamsters. Retirado o núcleo e colocado no hospedeiro ele passou a apresentar o ritmo do doador. O papel do núcleo NSQ em mamíferos foi testado por transplante neural usando uma linhagem mutante de hamster que apresentavam um período circadiano curto. Foram implantados pequenos enxertos em animais arrítmicos cujo próprio núcleo havia sido ablacionado. Os ritmos restaurados sempre exibiram o período do genótipo do doador, independentemente do genótipo do hospedeiro. A conclusão foi que o ritmo circadiano era determinado pelo NSQ.

Após esses primeiros estudos, vários pesquisadores buscaram compreender as vias aferentes e eferentes do NSQ. Entre eles se encontra Ruud Buijs, que sintetizou o funcionamento em uma revisão de forma muito didática em 2016. Com base nesse conhecimento, tentamos realizar a cirurgia do NSQ no nosso Laboratório para poder criar um modelo comportamental. Porém, mesmo com a ajuda incessante de Ruud Buijs, não conseguimos realizar a ablação do núcleo. Pensamos então de que forma poderíamos estabelecer modelos em que conseguiríamos estudar o efeito da iluminação no comportamento.

Em estudo populacional, observamos o efeito à exposição à luz natural em interleucinas como a IL6: Levandovski R, Pfaffenseller B, Carissimi A, Gama CS, Hidalgo MP. The effect of sunlight exposure on interleukin-6 levels in depressive and non-depressive subjects. BMC Psychiatry. 2013 Mar 5;13:75. doi: 10.1186/1471-244X-13-75. PubMed PMID: 23497121; PubMed Central PMCID: PMC3599872.

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Memorial

PARTE IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

Os resultados nos entusiasmavam a estudar o efeito da iluminação, mesmo sem poder controlá-lo pelo NSQ.

Nossas primeiras tentativas foram mudando o fotoperíodo. Assim, um dos nossos primeiros modelos experimentais foi construído com o intuito de estudar o efeito da transição do fotoperíodo na atividade e repouso dos animais:

Quiles CL, de Oliveira MA, Tonon AC, Hidalgo MP. Biological adaptability under seasonal variation of light/ dark cycles. Chronobiol Int. 2016;33(8):964-71. doi: 10.1080/07420528.2016.1182175. Epub 2016 May 24. PubMed PMID: 27222076.

Como percebemos que havia diferença entre as mudanças de fotoperíodo de longo para curto e viceversa, perguntamos se essa característica poderia ser espécie-específica em relação a diferenças na resposta a regimes de iluminação. Ao que respondemos no estudo com camundongos.

Pilz LK, Quiles CL, Dallegrave E, Levandovski R, Hidalgo MP, Elisabetsky E. Differential susceptibility of BALB/c, C57BL/6N, and CF1 mice to photoperiod changes. Braz J Psychiatry. 2015 Jul-Sep;37(3):185-90. doi: 10.1590/1516-4446-2014-1454. Epub 2015 Mar 24. PubMed PMID: 25806472.

Precisávamos encontrar a melhor condição que se assemelhasse à exposição na qual deixávamos os animais nos experimentos. Nele pelo menos tínhamos duas situações de exposição à iluminação mais definidas. Foi então o momento em que, olhando para o hospital, percebemos o quanto essa estrutura se assemelhava à nossa estante de fotoperíodo. E observamos que poderíamos comparar espaços diferentes de trabalho. Logo surgiu a ideia de comparar os espaços com exposição à luz natural e aqueles sem janela com exposição à luz sem variação diurna. Os resultados foram publicados no artigo: Harb F, Hidalgo MP, Martau B. Lack of exposure to natural light in the workspace is associated with physiological, sleep and depressive symptoms. Chronobiol Int. 2015 Apr;32(3):368-75. doi: 10.3109/07420528.2014.982757. Epub 2014 Nov 26. PubMed PMID: 25424517.

Esse tem sido um dos artigos mais citados por outras mídias e com um impacto importante na arquitetura, mais especificamente no estudo da iluminação de ambientes. Assim, era necessário aprofundar o estudo da influência da iluminação. Mas faltava podermos realizar estudos em relação à qualidade da iluminação de uma forma controlada em um experimento. Isso não era possível, uma vez que no biotério a iluminação não muda nas 24 horas como ocorre na natureza. E, na nossa unidade de experimentação animal, não há janelas para poder expor os animais à luz natural. Nesse momento, entra em contato comigo a empresa Luxion Iluminações nos perguntando se gostaríamos de ter uma parceria para desenvolver luminárias e/ou sistemas de iluminação, o que nos possibilitou poder manipular em experimentos o fator do estudo: a luz. Desde então, tratamos a luz como um produto que, à semelhança dos medicamentos, pode ser manipulado e, em parceria com a indústria, vamos

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tentando encontrar a melhor receita para diversas situações. Os primeiros resultados do estudo foram publicados no artigo: de Oliveira MAB, Scop M, Abreu ACO, Sanches PRS, Rossi AC, Díez-Noguera A, Calcagnotto ME, Hidalgo MP. Entraining effects of variations in light spectral composition on the rest-activity rhythm of a nocturnal rodent. Chronobiol Int. 2019 Jul;36(7):934-944. doi: 10.1080/07420528.2019.1599008. Epub 2019 May 6. PubMed PMID: 31056973.

Diferentes características do comportamento humano têm, portanto, um tempo para ocorrer nas 24 horas do dia. E isso tem relação com os genes do relógio. Esse ritmo é encarrilhado pelos zeitgebers. Na maioria das espécies o zeitgeber fótico é o mais influente.

Cronobiologia e o neuro-hormônio do escuro: a melatonina

Foi em 1958 que Lerner publicou a descoberta de uma substância liberada pelo estímulo do escuro e que denominou de melatonina.

Desde então são diversos os grupos que estudam o efeito da melatonina em diferentes sistemas, como o sistema imune, o metabolismo e, obviamente, o comportamento.

A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) é uma indoleamina anfifílica. A escuridão desencadeia um caminho polissináptico que começa com o trato retino-hipotalâmico projetado para os núcleos supraquiasmáticos do hipotálamo e termina como um input simpático para a glândula pineal. A síntese de melatonina é induzida pela noradrenalina e requer serotonina como precursor. A melatonina produzida na pineal é produto da regulação advinda do NSQ e traduz a informação de luz-escuro para todo o corpo, coordenando diariamente funções e comportamentos fisiológicos. Na figura abaixo, publicada na Front Psychiatry em 2021, tendo Andre Tonon como primeiro autor, tentamos sintetizar essa via de produção.

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Nossos primeiros trabalhos envolvendo a melatonina foram em parceria com a Profa. Regina Markus e o Prof. Wolnei Caumo. A ideia surgiu enquanto cogitávamos sobre um estudo em histerectomias. Essas cirurgias poderiam ser um modelo de dessincronização e, portanto, seria possível verificar nelas o efeito da melatonina. As pacientes ficavam em média 3 dias internadas, o que facilitava a coleta de material biológico e de dados de actigrafia, para medidas de exposição à luz, ritmo de temperatura e ritmo de atividade e repouso. Além disso, poderíamos ter acesso aos dados de consumo de morfina em 24 horas, visto que estariam recebendo o opioide pela bomba de infusão onde ficavam registrados o horário e a quantidade.

Partindo do pressuposto de que a situação de estresse, gerado pela intervenção, pela internação e pelo significado psíquico e social, provocaria a dessincronização de ritmos, administramos às pacientes 5 mg de melatonina.

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Como já tínhamos estudado o efeito dos benzodiazepínicos, demonstrando um pior controle da dor, um fármaco que pudesse auxiliar no manejo da dor era muito bem-vindo:

Caumo W, Hidalgo MP, Schmidt AP, Iwamoto CW, Adamatti LC, Bergmann J, Ferreira MB. Effect of preoperative anxiolysis on postoperative pain response in patients undergoing total abdominal hysterectomy. Anaesthesia. 2002;57(8):740-6. doi: 10.1046/j.1365-2044.2002.02690.x.

Os resultados desses estudos foram publicados no artigo:

Caumo W, Torres F, Moreira NL Jr, Auzani JA, Monteiro CA, Londero G, Ribeiro DF, Hidalgo MP. The clinical impact of preoperative melatonin on postoperative outcomes in patients undergoing abdominal hysterectomy. Anesth Analg. 2007 105(5):1263-71, doi: 10.1213/01.ane.0000282834.78456.90.

Com isso, nos entusiasmamos e realizamos o ensaio clínico comparando os dois fármacos que tinham apresentado um bom resultado no controle da dor, a clonidina e a melatonina:

Caumo W, Levandovski R, Hidalgo MP. Preoperative anxiolytic effect of melatonin and clonidine on postoperative pain and morphine consumption in patients undergoing abdominal hysterectomy: a doubleblind, randomized, placebo-controlled study. J Pain. 2009 Jan;10(1):100-8. doi: 10.1016/j.jpain.2008.08.007.

Além do controle da dor, vimos que as pacientes que usavam melatonina tinham o ritmo de 24 horas mais próximo ao basal. Com isso hipotetizamos que o controle da dor estaria associado a um retorno do ritmo. Assim, além do conceito abrangente de dor, como um diagnóstico sindrômico que inclui ansiedade, sintomas depressivos, perda de funcionalidade, estávamos adicionando o conceito temporal e de relação entre sistemas. Isto significa que o sistema temporizador, como um sistema de integração, poderia estar integrando a modulação neuronal e o sistema imune, por exemplo,

Em contato com a Regina, que naquela época começava a propor a ideia do eixo imunopineal, decidimos testar a relação entre os níveis de melatonina e alguns marcadores inflamatórios: de Oliveira Tatsch-Dias M, Levandovski RM, Custódio de Souza IC, Gregianin Rocha M, Magno Fernandes PA, Torres IL, Hidalgo MP, Markus RP, Caumo W. The concept of the immune-pineal axis tested in patients undergoing an abdominal hysterectomy. Neuroimmunomodulation. 2013;20(4):205-12. doi: 10.1159/000347160.

Pacientes com maiores níveis de cortisol apresentaram maiores níveis de melatonina. Por outro lado, as pacientes com maiores níveis de TNF-alfa apresentaram menores níveis de melatonina. Com esse estudo, começamos a compreender como os sistemas são complexos e se comunicam. Agora nos parece óbvio que um neuro-hormônio que é lipofílico e hidrofílico teria múltiplas funções, inclusive agindo na resposta imunoinflamatória.

Isso mudava sensivelmente a forma como víamos o controle daquilo que denominamos dor. Vimos a relação do sistema imune com nosso neuro-hormônio marcador de ritmo, melatonina, e desse no controle da dor.

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PARTE IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

Como já tínhamos observado que diminuindo a ansiedade havia melhor controle do relato de dor, também queríamos observar se o controle dos sintomas depressivos teria o mesmo resultado. Dividimos esforços. Wolnei foi estudar os pacientes e eu queria fechar o ciclo com a melatonina. Como na época eram poucas as evidências da melatonina em transtornos depressivos, precisávamos testar em outros mamíferos. Procuramos a colaboração da Profa. Elaine Elisabetsky. Com ela pensamos no modelo de estresse crônico como uma possibilidade de testar o comportamento tipo depressivo. Como ela trabalha com camundongos, pode ser observado que a maioria de nossos trabalhos em camundongos é em colaboração com ela:

Detanico BC, Piato AL, Freitas JJ, Lhullier FL, Hidalgo MP, Caumo W, Elisabetsky E. Antidepressant-like effects of melatonin in the mouse chronic mild stress model. Eur J Pharmacol. 2009 Apr 1;607(1-3):121-5. doi: 10.1016/j.ejphar.2009.02.037. Epub 2009 Feb 26. PubMed PMID: 19249298.

Esses trabalhos nos fizeram pensar que, se a melatonina tem efeito no comportamento tipo depressivo, sua produção poderia ser um sinal de integridade do sistema. E essa integridade poderia estar relacionada à resposta ao antidepressivo. Portanto a ativação da arilalkilamina N-acetiltransferase (AANAT) pela ativação noradrenérgica poderia ser um sinal observável pela excreção do seu metabólito (6-sulfatoximelatonina). Assim, se pacientes deprimidos usassem um comprimido de antidepressivo noradrenérgico, haveria uma probabilidade de observarmos um aumento agudo da produção de melatonina pela glândula pineal e, portanto, se esse sistema estivesse intacto, o paciente deveria responder ao tratamento mais rapidamente.

Assim, testamos a hipótese, que foi confirmada pelo nosso estudo. Pacientes que, recebendo nortriptilina, apresentaram um aumento no metabólito da melatonina (6-sulfatoximelatonina) tiveram menos sintomas depressivos do que aqueles que não mostraram o aumento em 24 horas.

Também testamos a hipótese com um antidepressivo que tivesse o precursor da melatonina, um serotoninérgico, e os resultados novamente corroboraram a hipótese. Os pacientes que tiveram o aumento da 6-sulfatoximelatonina apresentaram melhora de sintomas depressivos em relação aos que não tiveram esse aumento.

Isto nos fez pensar que tínhamos um produto a ser utilizado na população que poderia ser um preditor de resposta aos antidepressivos. Avaliamos os valores preditivos do teste Melatonina e Efetividade de Terapia Antidepressiva (META) em um projeto com 72 pacientes, dessa vez não somente naquelas que estivessem em um primeiro episódio, mas em todas as pacientes diagnosticadas com transtorno de humor depressivo. Porém, agora, a 6-sulfatoximelatonina, medida na urina, não mostrou ser preditora de resposta. Assim, poderíamos concluir que, para pacientes em um primeiro episódio, o sistema que envolve a produção de melatonina participa da ação dos antidepressivos, porém, com a evolução do transtorno, esse efeito não é mais percebido. Uma outra hipótese é que haja subtipos de transtornos

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de humor, nos quais a rota de produção e secreção de melatonina seja mais evidente.

Logo, aprendemos que, para que ocorra a translação, são necessárias muita persistência e resiliência. Aqui uso a palavra resiliência como sinônimo de capacidade de se reconstruir a partir de uma experiência que frustra nossa expectativa:

Hidalgo MP, Caumo W, Dantas G, Franco DG, Torres IL, Pezzi J, Elisabetsky E, Detanico BC, Piato, Markus RP. 6-Sulfatoxymelatonin as a predictor of clinical outcome in depressive patients. Hum Psychopharmacol. 2011 Apr;26(3):252-7. doi: 10.1002/hup.1204. PubMed PMID: 21681816.

Freitas JJ, Xavier NB, Tonon AC, Carissimi A, Pizutti LT, Ilgenfritz CAV, Markus RP, Hidalgo MP. 6-Sulfatoxymelatonin predicts treatment response to fluoxetine in major depressive disorder. Ther Adv Psychopharmacol. 2019 Dec 27;9:2045125319881927. doi: 10.1177/2045125319881927. eCollection 2019. Fator de Impacto (2020 JCR): 5,0000.

Caumo W, Hidalgo MP, Souza A, Torres ILS, Antunes LC. Melatonin is a biomarker of circadian dysregulation and is correlated with major depression and fibromyalgia symptom severity. J Pain Res. 2019;12:545-556. doi: 10.2147/JPR.S176857. eCollection 2019. PubMed PMID: 30787633; PubMed Central PMCID: PMC6365222.

Toda essa experiência foi vastamente relatada na revisão sobre o assunto:

Tonon AC, Pilz LK, Markus RP, Hidalgo MP, Elisabetsky E. Melatonin and depression: A translational perspective from animal models to clinical studies. Front Psychiatry. 2021;12:638981. doi: 10.3389/fpsyt.2021.638981. eCollection 2021. Review. PubMed PMID: 33897495.

Portanto, diferentes características do comportamento humano têm um tempo para ocorrer nas 24 horas do dia, e isso tem relação com o gene do relógio. Este ritmo é encarrilhado pelos Zeitgebers. Na maioria das espécies, o zeitgeber fótico é o mais influente, e um de seus sinalizadores para o corpo é o neuro-hormônio melatonina, produzido, em sua maioria e de forma circadiana, pela pineal.

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PARTE IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

A necessidade de instrumentos de análise

Franz Halberg, ao cunhar a expressão circadian rhythm, também traz uma série de formalismos matemáticos para tentar caracterizar o ritmo. Atualmente, esse formalismo matemático tem sido aperfeiçoado pela Germaine Cornelissen com o uso de novos algoritmos computacionais que permitem otimizar a análise de grandes séries temporais. Mas a base pode ser encontrada no seminal artigo de Halberg, 1969.

Na Medicina, estamos acostumados a ver os fenômenos plotados sob uma curva normal. Se a distribuição é normal, nos sentimos confortáveis a fazer a comparação entre amostras ou populações utilizando os testes paramétricos. Porém, se a amostra é pequena ou a distribuição não é normal, solucionamos o problema por comparações de proporções, usamos x-quadrado, comparações entre medianas e assim por diante.

No entanto, ao estudar ritmos biológicos com as mostras que se distribuem oscilando nas 24 horas, a curva normal se torna insuficiente. Assim, durante o Doutorado, me deparei com a necessidade de ter outras ferramentas. A primeira que me foi apresentada foi a curva sinusoidal. Os dados que coletamos já não seriam plotados sob a distribuição da curva com formato de sino, mas em uma curva tipo cosseno. A base para a análise de séries temporais me foi apresentada na FeSBE de 1993 pelo Prof. Antoni Diez Noguera. Como a maior parte das análises estava espalhada por diferentes livros e a maioria não estava relacionada diretamente à análise de fenômenos biológicos, o autor compilou os testes em um programa denominado El Temps e as bases da Cronobiologia em um livro traduzido por nós para o português.

Na realidade, ele é o nosso Professor convidado pela disciplina que mantemos periodicamente no PPG: Psiquiatria e Ciências do Comportamento, denominada Análise de Séries Temporais.

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A representação gráfica dos dados passou a ser incorporada no dia a dia do Laboratório. Para quem entrar na nossa sala, será uma das primeiras observações: os gráficos nas paredes. Muitas vezes, solucionamos as questões pela observação da distribuição dos dados em um actograma, ou por simples caracterização do período em um periodograma, ou por comparação de fases usando as acrofases do ciclo. A comparação entre as fases, amplitudes podem ser observadas em nosso primeiro artigo publicado com o Prof. Antoni Diez Noguera. Nele, exploramos a comparação entre a relação de ritmos (correlação de ritmo de atividade/repouso e temperatura), avaliamos o comportamento de exposição à luz nas 24 horas. A partir dessa colaboração, fomos cada vez mais nos apropriando de ferramentas para nos tornarmos cada vez mais independentes.

Melissa Alves Braga de Oliveira, em seu artigo Entraining effects of variations in light spectral composition on the rest-activity rhythm of a nocturnal rodent, publicado na Chronobiology International em 2019, mostra a aplicabilidade de outras análises como a de harmônicos. E em The Revised Mood Rhythm Instrument: A large multicultural psychometric study, publicado no Journal of Clinical Medicine em 2021, ela utiliza partes dessas ferramentas para analisar comportamentos medidos por uma escala. Isso demonstra que, aos poucos, no Laboratório, passamos a dominar e utilizar as ferramentas em diferentes cenários da observação do comportamento. Passamos a ser uma referência na análise de dados de séries temporais. Recebemos alunos de outros países que se interessam em aprender conosco e contatos para utilizar os instrumentos que criamos no Laboratório.

Atualmente, no Laboratório, pesquisadores como Luísa Klaus Pilz, Melissa Alves Braga de Oliveira e André Comiran Tonon começam a propor formas de tratar os dados e de aplicar ferramentas para o estudo do comportamento. Artigos nos quais contribuímos com a metodologia para uso e análise de dados de séries temporais de atividade e repouso: Pilz LK, de Oliveira MAB, Steibel EG, Policarpo LM, Carissimi A, Carvalho FG, Constantino DB, Tonon AC, Xavier NB, da Rosa Righi R, Hidalgo MP. Development and testing of methods for detecting off-wrist in actimetry recordings. Sleep. 2022 Aug 11;45(8):zsac118. doi: 10.1093/sleep/zsac118. Epub ahead of print. PubMed PMID: 35598321.

Comiran Tonon A, Pilz LK, Amando GR, Constantino DB, Boff Borges R, Caye A, Rohrsetzer F, Souza L, Fisher HL, Kohrt BA, Mondelli V, Kieling C, Idiart M, Diez-Noguera A, Hidalgo MP. Handling missing data in rest-activity time series measured by actimetry. Chronobiol Int. 2022 Mar 30;:1-12. doi: 10.1080/07420528.2022.2051714. Epub ahead of print. PubMed PMID: 35350931.

Essa produção revela a maturidade que o Laboratório alcançou, mostrando a criatividade e a coragem de contribuir no cenário internacional de forma muito consistente e responsável, pois enfrenta um problema relacionado a missing data, um problema comum e que pode influenciar os resultados da maioria dos estudos em Cronobiologia

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IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

Cronobiologia e o zeitgeber social

No hay una discontinuidad entre lo social y humano y sus raíce biológicas. El fenómeno del conocer es todo de una sola pieza, y en todos sus ámbitos está fundada, de la misma manera (Humberto Maturana y Francisco Varela, El árbol del conocimiento. Las bases biológicas del entendimiento humano. Ed Universitaria, Santiago de Chile, 1984)

Vale a pena lembrar que os zeitgebers são pistas temporais do ambiente que têm a capacidade de sincronizar o relógio biológico, sendo o ritmo de claro/escuro o mais estudado. Além do claro/escuro, diversos estímulos externos, tais como atividade físicas, refeições e interações sociais têm mostrado importante influência no sistema temporal. A forma como ocorre essa regulação ainda precisa ser elucidada, pois há mais evidência de que esta regulação ocorra pela ação dos relógios periféricos ou indiretamente pelo núcleo supraquiasmático. Portanto, a rotina que estabelecemos na realização de atividade física e horários de refeição parece ser fundamental para manter a organização desse sistema temporizador, e dentro desta rotina está o horário de realizar o trabalho ou, no caso das crianças e adolescentes, o horário escolar. Tais horários podem, inclusive, determinar os horários aos quais a pessoa se expõe à luz natural durante o dia e à luz artificial durante a noite. Um exemplo mais dramático é o trabalho de turno que impõe uma rotina invertida ao trabalhador. Porém o ambiente de trabalho também afeta os níveis de melatonina e cortisol como vimos no estudo desenvolvido pela Dra. Betina Martau, resultante de uma colaboração com o Departamento da Arquitetura da UNICAMP.

Além disso, vimos que, mesmo em pequenas cidades do interior do Estado, já existem mudanças importantes em relação ao hábito de dormir quando comparadas as áreas rurais. Os resultados foram publicados no artigo:

Carvalho FG, Hidalgo MP, Levandovski R. Differences in circadian patterns between rural and urban populations: An epidemiological study in countryside. Chronobiol Int. 2014 Apr;31(3):442-9. doi: 10.3109/07420528.2013.846350. Epub 2014 Jan 7. PubMed PMID: 24397277.

Já que existiam tais diferenças, sendo uma delas a mudança de fases do sono (nas cidades se dorme mais tarde), resolvemos ver se essa variável estaria relacionada ao nosso desfecho de interesse na época: depressão. Camila Morelatto analisou os dados do Vale do Taquari e obteve resultado em que o atraso de fase nos dias de trabalho estava associado a maiores níveis de sintomas depressivos. Os resultados foram publicados no artigo

de Souza CM, Hidalgo MP. The midpoint of sleep on working days: A measure for chronodisruption and its association to individuals’ well-being. Chronobiol Int. 2015 Apr;32(3):341-8. doi: 10.3109/07420528.2014.979941. Epub 2014 Nov 13. PubMed PMID: 25392279.

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PARTE

Felipe foi avante e analisou se a rotina de trabalho moderava a relação entre ser vespertino e índices baixos de bem-estar:

Carvalho FG, de Souza CM, Hidalgo MPL. Work routines moderate the association between eveningness and poor psychological well-being. PLoS One. 2018;13(4):e0195078. doi: 10.1371/journal.pone.0195078.

A partir desses estudos surgiu a curiosidade em saber se tais diferenças e associações poderiam ser observadas em adolescentes e, infelizmente, o resultado se manteve:

de Souza CM, Hidalgo MP. Midpoint of sleep on school days is associated with depression among adolescents. Chronobiol Int. 2014 Mar;31(2):199-205. doi: 10.3109/07420528.2013.838575. Epub 2013 Oct 24. PubMed PMID: 24156519.

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PARTE IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

Os resultados nos levaram a desenvolver um projeto nas escolas em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul: Progresso. Alicia Carissimi fez um trabalho primoroso: Carissimi A, Dresch F, Martins AC, Levandovski RM, Adan A, Natale V, Martoni M, Hidalgo MP. The influence of school time on sleep patterns of children and adolescents. Sleep Med. 2016 Mar;19:33-9. doi: 10.1016/j. sleep.2015.09.024. Epub 2015 Nov 12. PubMed PMID: 27198945.

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Além das diferenças nos hábitos de sono por terem as crianças o sono modificado pelo fato de estudarem no turno da manhã, Alicia observou, dessa vez em crianças, que ocorriam alterações nos níveis de melatonina e cortisol:

Carissimi A, Martins AC, Dresch F, da Silva LC, Zeni CP, Hidalgo MP. School start time influences melatonin and cortisol levels in children and adolescents - a community-based study. Chronobiol Int. 2016;33(10):14001409. doi: 10.1080/07420528.2016.1222537.

Portanto, as condições de ambiente de trabalho e os horários escolares influenciam o sistema temporizador. O resultado novamente nos impele a compreender tais relações como fenômenos complexos em que diversas questões ambientais e de rotina interagem entre elas e sobre os nossos corpos.

Por esta razão, vemos com crítica nossos trabalhos anteriores sobre os estudos dos ritmos sociais, os quais tentamos dimensionar por meio de escalas um construto de zeitgeber social. Atualmente, vemos com otimismo a aferição por meio de métodos qualitativos e nisto é que a colaboração com a área das Ciências Sociais da Universidad de Chile se torna fundamental.

Assim, posso dizer que, nesse ponto da vida do nosso Laboratório, são vários os cientistas que aparecem: Aschoff, Franz Halberg, Pittendrigh, Daan, Reiter. Eles influenciaram o pensamento de cientistas como Till Roenneberg (Till), Antoni Diez Noguera (Toni), Regina Markus (Rê), José Cipolla Neto (Cipolla) e Fernanda Amaral (Fê) e, por consequência toda uma geração, o que nos ajudou a enfrentar um dos grandes desafios deste século: a pandemia (Anexo: Para não dizer que não falei da pandemia). Foi durante a pandemia que percebemos como a perda da rotina poderia afetar os hábitos de sono, os horários e a qualidade da alimentação, os níveis de atividade física e, por seguinte, nosso sistema temporal como um todo. Foi desenvolvendo esse projeto que ficou evidente que interações sociais e rotina podem estar associadas, mas são questões diferentes. No trabalho apresentado por Luísa Klaus Pilz na Semana Científica do HCPA em 2022.

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PARTE IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

Mostramos como a falta de manutenção de rotinas durante o período de pandemia ficou associada a sintomas depressivos e de ansiedade:

Durante a pandemia, aceleramos o processo de ocupar os espaços virtuais, o que modificou nossas interações sociais. A perda de rotina e a mudança na ocupação do espaço foram, em parte, responsáveis por muitos terem ganhado peso e ficarem insones. O quanto isso passou por alterações do sistema temporizador é o que continuamos investigando.

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Parte V

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento pelos Pares e Construção de uma

Referência Internacional na Área

Significado de Senioridade

Experiência; muitos anos no mesmo local de trabalho (seja no âmbito privado ou público). A relação obtida entre eficácia e senioridade dos líderes. Outra definição: condição ou estado de sênior, da pessoa mais velha, mais idosa, experiente. Período de tempo em que alguém trabalha ou ocupa determinado cargo numa empresa; experiência. Conhecimento ou experiência adquiridos pelo exercício contínuo de uma função. (Senioridade – Dicionário inFormal - SP. Acesso em: 10 set. 2012. Dicio, Dicionário Online de Português).

Para ter senioridade é necessário ter serenidade; e para ter serenidade é necessário ter condições para sobreviver. Para sobreviver é necessário um local, uma sede. Nossa sede se encontra na Ramiro Barcelos, 2350, no Centro de Pesquisa Clínica e no Centro de Pesquisa Experimental. Contamos com a infraestrutura da Unidade Experimental Animal, do Serviço de Psiquiatria e do Laboratório do Sono. Sem infraestrutura não há serenidade para trabalhar. Mas não para aí, também é necessário fomento para a pesquisa. Para nossas necessidades básicas, contamos com o Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos (FIPE) do HCPA. Mas, devido à nossa produção, temos ganhado diversos editais competitivos.

Como toda existência também necessita do reconhecimento dos pares, contamos com uma rede nacional e internacional. Nossas parcerias nos permitem, além das complementaridades de expertise, a

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discussão de ideias, o questionamento constante do que fazemos, as sugestões sobre como nos reorganizarmos e impulsionarmos para o futuro.

Além da infraestrutura, do fomento, das parcerias, é fundamental perceber que contribuímos com a produção de outros Laboratórios no mundo. No mapa abaixo pode ser observada a nossa rede ao transcorrer do tempo.

Rede de interações baseda nos documentos na base PubMed ao pesquisar por “Hidalgo MP”. Dos 306 autores encontrados na busca, 77 foram incluídos na rede quando o valor mínimo de documentos é maior ou igual a 2. O tamanho de cada ponto na rede indica a quantidade de documentos presentes na busca.

Esse trabalho acabou sendo reconhecido, e passei a ocupar um lugar como palestrante nos congressos que sempre admirei, como FeSBE, SBPC, FASEB e Gordon Meeting. Atualmente sou uma Sênior em redes como o Virtual Institute for Temporal Ethology (VITE) e na Sociedade Bipolar pela qual fui convidada a revisar os instrumentos que podem ser utilizados na avaliação de pacientes com transtorno de humor.

Passamos a nos organizar com outros grupos, como no edital para a ocupação de espaço no HCPA onde formamos o Núcleo de Pesquisa em Avaliação e Intervenção do Comportamento e Saúde Mental: Ritmos Biológicos, Humor e Qualidade de Vida e, posteriormente, na Rede Redirecional com 150 pesquisadores.

Como Laboratório, pensamos que nossa missão se encontra não apenas nos estudos mencionados nas seções anteriores, mas também na busca da Cronobiologia Translacional com uma de suas formas denominada de Cronomedicina. E nisso temos experiência. Contribuímos tanto na aplicação nos transtornos do humor como nos transtornos relacionados ao metabolismo.

Obviamente, um dos momentos que marcaram minha carreira para atingir a senioridade foi o ingresso como Professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Ingresso na UFRGS... um recomeço de uma história…

Entrei na UFRGS em 2006, cinco anos depois de ter defendido o Doutorado. Os projetos que antes encaminhava para captação de recursos começaram a ser contemplados pelos editais, o que me mostrou que fazer parte de uma instituição de ensino com prestígio em pesquisa modifica o desfecho nas avaliações.

Nestes 16 anos, a maior parte do trabalho foi produto da colaboração de várias pessoas que se reuniram para construir o Laboratório de Cronobiologia e Sono. Parte da história do Laboratório foi publicada no blog do mesmo, quando os alunos me pediram para escrevê-la em 2015. Portanto, o que vou apresentar é produto desse trabalho até a presente data.

Sou líder do Grupo CNPq Cronobiologia Humana desde 2008 e coordeno o Laboratório de Cronobiologia do HCPA/UFRGS desde 2006.

O Laboratório conta com a infraestrutura do Centro de Pesquisa Clínico para avaliação e coleta de material biológico de pacientes ou sujeitos de pesquisa. Quanto à infraestrutura física e de materiais, dispõe de microcomputadores em rede para uso de alunos e pesquisadores vinculados ao grupo; além disso, acesso via internet a diversos bancos de dados de literatura nacional e internacional. No Laboratório, contamos com sete computadores com software para análise linear de séries temporais: actogramas (double-plotted graphs), periodograma de Sokolove and Bushell, cosinor (amplitude, mesor and acrophase) e Rayleigh Z-test, bem como software para leitura dos dados a partir das interfases de cada aplicativo. Temos 70 actigrafos da companhia Condor e 10 da Philips. Dispomos, ainda, de infraestrutura laboratorial própria (16,7 m2) e compartilhada junto ao Centro de Pesquisa Experimen-

101 PARTE
V
ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

tal do HCPA/UFRGS, onde dispomos de centrífugas, leitor de ELISA, autoclave e estufas de secagem e esterilização, refrigeradores, freezers -20° C e freezer -80° C, material para coleta de sangue e acondicionamento do mesmo, 40 termístores (Ibutton), 20 actígrafos para avaliação de atividade/ repouso em roedores com interface e software para análise de dados, com controle de entradas e iluminação, e uma estante de fotoperíodo. Toda essa infraestrutura comprada com recursos de fomento das agências governamentais.

Como parte das minhas atividades em Projeto de Extensão, faço parte do Programa de Residência em Psiquiatria e do Programa de Residência em Medicina do Sono do HCPA e coordeno o Ambulatório de Psiquiatria do Sono da mesma instituição.

Outro ponto a ser destacado é a publicação de artigos em revistas internacionais de alto impacto com a participação discente. O reconhecimento científico, quantificado pelo índice de citações, demonstra o crescimento e a inserção internacional.

Meu índice H no Web of Science é 23 e, no Google Acadêmico, 34.

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PARTE V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Citações no mapa mundi pelo Publon em junho de 2022:

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Colaborações internacionais

Dentre as atividades de pesquisa que cabe ressaltar como base de experiência acumulada e que formam parte para execução deste memorial, está a liderança em projetos internacionais. Como colaboração internacional considero importante estabelecer relações com centros e pesquisadores com os quais se possa manter um aprendizado continuado, mas também com os que se possa ser centro de aprendizado. Aqui vou ressaltar três colaborações que têm tais características: a colaboração com a Universitat de Barcelona desde 1995, com a Ludwig Maximilian Universität (LMU) desde 2009 e com a McMaster University desde 2015..

Universitat de Barcelona

A colaboração com a Universitat de Barcelona ocorre desde 1995 por meio da relação com os Profs. Trinitat Cambras e Antoni Diez Noguera.

O Prof. Antoni Diez Noguera é um dos pioneiros na área do estudo dos ritmos biológicos, e sua expertise tem sido fundamental para estruturar o pensamento científico na área de Cronobiologia. Essa colaboração tem possibilitado a mobilidade acadêmica docente bidirecional (incoming and outcoming). Essa é uma relação sólida que tem possibilitado o constante desenvolvimento dos projetos tanto no campo do ensino quanto no da pesquisa. O mais recente projeto é de cunho pré-clínico e testa a iluminação circadiana e seu efeito no traçado eletroencefalográfico em ratos Wistar e, também envolve outros Laboratórios da nossa Universidade com a colaboração da Profa. Maria Elisa Calcagnotto. O caráter translacional do projeto permite elucidar os mecanismos pelo quais a luz artificial pode provocar efeitos benéficos ou deletérios no processo saúde-doença.

O interessante dos projetos pré-clínicos é que a eles estão associados outros projetos clínicos ou populacionais. Com base nesse projeto, desenvolvemos outros dois estudos: um implementado na Unidade Neonatal do Hospital Nossa Senhora da Pompeia de Caxias do Sul e outro na Unidade de Internação Psiquiátrica do HCPA. Os estudos visam avaliar o efeito, na recuperação e no tempo de alta dos pacientes, dos diferentes sistemas de iluminação (circadiana ou artificial de características

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

PARTE V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

fixas). Os resultados na Unidade Neonatal, mostrando que o uso de máscaras que bloqueiem a entrada de iluminação durante a noite permitiu desenvolver ações visando adequar o sistema de iluminação circadiana nessa unidade hospitalar.

Além dos estudos científicos, como resultado dessa colaboração temos uma disciplina de Análise de Séries Temporais junto ao PPG em Psiquiatria e Ciências do Comportamento que é oferecida anualmente com a participação dos parceiros internacionais. Mais recentemente, em 2015, estabelecemos a colaboração com a Profa. Ana Adan, também da Universitat de Barcelona, com quem elaboramos um projeto para construção de um instrumento para avaliação do ritmo de humor. O projeto conta com a colaboração do Prof. Benicio Frey da McMaster University.

Com a finalidade de ilustrar a produção dessas colaborações, apresentamos abaixo alguns exemplos: Moraes CÁ, Cambras T, Diez-Noguera A, Schimitt R, Dantas G, Levandovski R, Hidalgo MP. A new chronobiological approach to discriminate between acute and chronic depression using peripheral temperature, rest-activity, and light exposure parameters. BMC Psychiatry. 2013 Mar 9;13:77. doi: 10.1186/1471-244X-13-77.

Pilz LK, Carissimi A, Oliveira MAB, Francisco AP, Fabris RC, Medeiros MS, Scop M, Frey BN, Adan A, Hidalgo MP. Rhythmicity of Mood Symptoms in Individuals at Risk for Psychiatric Disorders. Sci Rep. 2018 Jul 30;8(1):11402. doi: 10.1038/s41598-018-29348-z.

Carissimi A, Oliveira MAB, Frey BN, Navarro JF, Hidalgo MP, Adan A. Validation and psychometric properties of the Spanish Mood Rhythm Instrument. Biological Rhythm Research. 2022 53(6):841-53. DOI: 10.1080/09291016.2019.1675023.

de Oliveira MAB, Scop M, Abreu ACO, Sanches PRS, Rossi AC, Díez-Noguera A, Calcagnotto ME, Hidalgo MP. Entraining effects of variations in light spectral composition on the rest-activity rhythm of a nocturnal rodent. Chronobiol Int. 2019 Jul;36(7):934-44. doi: 10.1080/07420528.2019.1599008.

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Ludwig Maximilian Universität

Já a colaboração com a Ludwig Maximilian Universität (LMU) iniciou em 2006 com a elaboração do nosso primeiro PROBRAL com o Prof. Till Roenneberg, pioneiro na área de Cronobiologia. Com ele temos desenvolvido a ideia de laboratórios naturais nos quais possamos testar hipóteses e intervenções relacionadas ao estudo dos ritmos circadianos.

Nosso Laboratório tem participação ativa no projeto internacional coordenado pelo Prof. Roenneberg que desenvolveu um questionário em que se pergunta pelos horários de sono e vigília em dias de semana e em fins de semana. O questionário foi preenchido online de 2003 a 2017 por mais de 300.000 pessoas; os dados produzidos ajudaram a quantificar uma série de “conhecimentos populares” (por exemplo, “adolescentes são mais vespertinos”), e produzir novos conceitos como o jet lag social - discrepância entre os relógios biológicos e sociais que pode levar à desorganização do sistema circadiano (Wittmann et al. 2006, Roenneberg et al., 2019). Como nosso grupo já estava investigando a relação entre cronotipo e vespertinidade (Hidalgo et al., 2009), buscamos a colaboração internacional com o Prof. Roenneberg, em um estudo no Vale do Taquari - Rio Grande do Sul. Nosso grupo publicou um dos primeiros trabalhos mostrando a associação entre sintomas depressivos e jet lag social (Levandovski et al., 2011), que tem indícios de estar associado a uma série de desfechos em saúde (Beauvalet et al., 2017).

O estudo suscitou novos questionamentos e, de comum acordo, decidimos testar as hipóteses levantadas, a fim de estudar como o sono e os ritmos biológicos vêm mudando com o advento da luz elétrica. Buscamos, em comunidades quilombolas com diferentes históricos de acesso à eletricidade e em diferentes estágios de urbanização, a possibilidade única para testar essas hipóteses (Pilz et al., 2018). Os resultados vêm mostrando que, além de menores níveis jet lag social, a exposição à luz durante o dia

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Memorial

V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

pode estar associada a menores níveis de sintomas depressivos (Pilz et al, 3022) Luísa Klaus Pilz deu continuidade a esses estudos em um novo projeto em comunidades rurais, onde tem sido estudado como a utilização de luz artificial em diferentes comprimentos de onda pode influenciar a organização circadiana e, consequentemente, sintomas depressivos.

Além das missões de trabalho na Alemanha, a parceria tem possibilitado a mobilidade acadêmica de discentes. Os alunos têm realizado Pós-doutorado e Doutorado Sanduíche como parte de sua formação. Nossos estudos contam com uma gama de colaboradores de diversas áreas e universidades e ganhamos visibilidade através de comentário na Nature como mencionado anteriormente. Nessa colaboração continuamos mantendo discussões de ideias e de resultados mensalmente em uma rede que reúne Laboratórios de diferentes países com o intuito de promover o crescimento de novos cientistas e líderes (VITE). Abaixo alguns resultados dessa colaboração:

Pilz LK, Xavier NB, Levandovski R, Oliveira MAB, Tonon AC, Constantino DB, Machado V, Roenneberg T, Hidalgo, MP. Circadian strain, light exposure, and depressive symptoms in rural communities of southern Brazil. Front Netw Physiol. 2022 Jan 26;1: (779136). doi: 10.3389/fnetp.2021.779136.

Constantino DB, Xavier NB, Levandovski R, Roenneberg T, Hidalgo MP, Pilz LK. Relationship between circadian strain, light exposure, and body mass index in rural and urban quilombola communities. Front Physiol. 2022 Jan 26;12:773969. doi: 10.3389/fphys.2021.773969. eCollection 2021.

Pilz LK, Levandovski R, Oliveira MAB, Hidalgo MP, Roenneberg T. Sleep and light exposure across different levels of urbanisation in Brazilian communities. Sci Rep. 2018 Jul 30;8(1):11389. doi: 10.1038/s41598-01829494-4.

Allebrandt KV, Teder-Laving M, Cusumano P, Frishman G, Levandovski R, Ruepp A, Hidalgo MPL, Costa R, Metspalu A, Roenneberg T, De Pittà C. Identifying pathways modulating sleep duration: from genomics to transcriptomics. Sci Rep. 2017 Jul 4;7(1):4555. doi: 10.1038/s41598-017-04027-7.

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PARTE

McMaster University

A colaboração com o Prof. Benicio Frey vem de longa data. Apesar de termos começado a trabalhar em pesquisa neste século, nos conhecemos desde que ele iniciou seus estudos em Psiquiatria na Residência de Psiquiatria onde fui supervisora. Atualmente, sua ampla experiência em pesquisa clínica e em Neurociência possibilita um enriquecimento e complementaridade entre os Laboratórios, impulsionando a produção e a internacionalização do PPG de Psiquiatria e Ciências do Comportamento da UFRGS. A colaboração do Prof. Frey com o Laboratório de Cronobiologia se dá em estudos envolvendo actigrafia em transtornos de humor e na construção e validação dos instrumentos clínicos de avaliação da ritmicidade de humor (de Souza et al., 2016; Pilz et al., 2018a, 2018b; de Oliveira et al., 2021).

Essa colaboração tem contribuído para aumentar a competitividade de nosso grupo no cenário global e captação de recursos em editais internacionais (por exemplo, Emerging Leaders of the Americas, Mitacs Research Award, CAPES-PVE).

Nos últimos 10 anos, temos coorientado alunos em nível de Doutorado pelo PPG de Psiquiatria e Ciências do Comportamento (Felipe Gutiérrez e Nicóli Xavier) e, mais recentemente, a aluna Adile Nexha do Department of Psychiatry and Behavioural Neurosciences, McMaster University Além disso, produzimos em conjunto trabalhos científicos publicados em revistas internacionais de forma a demonstrar o resultado da complementaridade de nossa expertise.

Atualmente solidificamos a colaboração desenvolvendo projeto que investiga a influência das alterações de iluminação na fisiologia e no desenvolvimento de sintomas de humor. O projeto fornece um ambiente rico para que jovens cientistas desenvolvam habilidades e construam sua rede. Além dos estudos já publicados (abaixo), outros três artigos encontram-se em processo de revisão em revistas internacionais.

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ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

de Oliveira MAB, de Mendonça Filho EJ, Carissimi A, Garay LLS, Scop M, Bandeira DR, Carvalho FG, Mathur S, Epifano K, Adan A, Frey BN, Hidalgo MP. The revised Mood Rhythm Instrument: A large multicultural psychometric study. J Clin Med. 2021 Jan 20;10(3):388. doi: 10.3390/jcm10030388. PMID: 33498431; PMCID: PMC7864209.

Oliveira MAB, Epifano K, Mathur S, Carvalho FG, Scop M, Carissimi A, Francisco AP, Garay LLS, Adan A, Hidalgo MP, Frey BN. Validation of the English version of the Mood Rhythm Instrument. BMC Psychol. 2020 Apr 17;8(1):35. doi: 10.1186/s40359-020-00397-2. PMID: 32303262; PMCID: PMC7165411.

Murray G, Gottlieb J, Hidalgo MP, Etain B, Ritter P, Skene DJ, Garbazza C, Bullock B, Merikangas K, Zipunnikov V, Shou H, Gonzalez R, Scott J, Geoffroy PA, Frey BN. Measuring circadian function in bipolar disorders: Empirical and conceptual review of physiological, actigraphic, and self-report approaches. Bipolar Disord. 2020 Nov;22(7):693-710. doi: 10.1111/bdi.12963. Epub 2020 Jul 5. PMID: 32564457.

Pilz LK, Carissimi A, Francisco AP, Oliveira MAB, Slyepchenko A, Epifano K, Garay LLS, Fabris RC, Scop M, Streiner DL, Hidalgo MP, Frey BN. Prospective assessment of daily patterns of Mood-Related Symptoms. Front Psychiatry. 2018 Aug 21;9:370. doi: 10.3389/fpsyt.2018.00370. eCollection 2018.

Pilz LK, Carissimi A, Oliveira MAB, Francisco AP, Fabris RC, Medeiros MS, Scop M, Frey BN, Adan A, Hidalgo MP. Rhythmicity of Mood Symptoms in individuals at risk for psychiatric disorders. Sci Rep. 2018 Jul 30;8(1):11402. doi: 10.1038/s41598-018-29348-z.

Allega OR, Leng X, Vaccarino A, Skelly M, Lanzini M, Hidalgo MP, Soares CN, Kennedy SH, Frey BN. Performance of the biological rhythms interview for assessment in neuropsychiatry: An item response theory and actigraphy analysis. J Affect Disord. 2018 Jan 1;225:54-63. doi: 10.1016/j.jad.2017.07.047. Epub 2017 Aug 1.

de Souza CM, Carissimi A, Costa D, Francisco AP, Medeiros MS, Ilgenfritz CA, de Oliveira MA, Frey BN, Hidalgo MP. The Mood Rhythm Instrument: Development and preliminary report. Rev Braz Psychiatry. 2016 Apr-Jun;38(2):148-53. doi:10.1590/1516-4446-2015-1763.

Krawczak EM, Minuzzi L, Simpson W, Hidalgo MP, Frey BN. Sleep, daily activity rhythms and postpartum mood: A longitudinal study across the perinatal period. Chronobiol Int. 2016;33(7):791-801. doi: 10.3109/07420528.2016.1167077. Epub 2016 Apr 20. PubMed PMID: 27097327.

Krawczak EM, Minuzzi L, Hidalgo MP, Frey BN. Do changes in subjective sleep and biological rhythms predict worsening in postpartum depressive symptoms? A prospective study across the perinatal period. Arch Womens Ment Health. 2016 Aug;19(4):591-8. doi: 10.1007/s00737-016-0612-x. Epub 2016 Feb 26. PubMed PMID: 26920913.

109 PARTE
V

Colaborações nacionais

Além das colaborações de projetos internacionais, tenho estabelecido colaborações nacionais. Alguns desses novos projetos deram início a novas linhas de pesquisa relacionadas ao PPG Psiquiatria e Ciências do Comportamento. Dentre eles está a avaliação da microbiota intestinal em modelos animais de tratamento farmacológico com antidepressivos, e em estudos clínicos sobre depressão unipolar. O projeto conta com a colaboração e liderança do Prof. Francisco Montagner, da Faculdade de Odontologia da UFRGS. Também em modelo animal, o início do estudo de ritmos cerebrais se deu desde 2016, através da colaboração com a Profa. Maria Elisa Calcagnotto, do Instituto de Bioquímica da UFRGS. Nesse estudo, buscamos compreender o efeito da exposição a diferentes sistemas de iluminação nos registros eletrofisiológicos de roedores. Ele fez parte do Mestrado e do Doutorado de Melissa Alves Braga de Oliveira.

A partir de resultados recentes de estudos do grupo de pesquisa sobre a influência de diferentes espaços de trabalho na saúde mental e no sono dos trabalhadores, o grupo organizou um núcleo de profissionais e estudantes de Arquitetura. A natureza interdisciplinar do projeto pretende trazer novos paradigmas de estudo da saúde mental de trabalhadores e de pacientes. Na mesma linha de investigação da qualidade dos espaços de trabalho e de saúde, o Laboratório iniciou uma colaboração externa com pesquisadores da Nanyang Technological University de Singapura

Também recentemente, iniciei uma nova linha de pesquisa em colaboração com o Prof. Marco Idiart do Instituto de Física da UFRGS. Os estudos têm como objetivo entender o conceito e a percepção do tempo em diferentes grupos e em diferentes situações. Nossa intenção é também avaliar, futuramente, correlatos clínicos relacionados à performance em tarefas de percepção temporal.

Abaixo as principais colaborações nacionais:

Colaborador Instituição Produções

1 Elaine Elisabetsky

PPG Bioquímica UFRGS 1. Beauvalet JC, Pilz LK, Hidalgo MPL, Elisabetsky E. Is chronodisruption a vulnerability factor to stress? Behav Brain Res. 2019 Feb 1;359:333-341. doi: 10.1016/j. bbr.2018.11.016.

2 Fernanda Gaspar do Amaral

UNIFESP

Curso na FeSBE anual 2019: "Ritmos Biológicos: mais próximo da sua pesquisa que você imagina"

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- Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Colaborador Instituição Produções

3 Regina Pekelmann Markus

Instituto de Biociências, USP Jury Freitas J, Bertuol Xavier N, Comiran Tonon A, Carissimi A, Timm Pizutti L, Vieira Ilgenfritz CA, Pekelmann Markus R, Paz Hidalgo M. 6-Sulfatoxymelatonin predicts treatment response to fluoxetine in major depressive disorder. Ther Adv Psychopharmacol. 2019; 9:2045125319881927. doi: 10.1177/2045125319881927.

4 Diogo Souza PPG Bioquímica UFRGS Tonon AC, Amando GR, Carissimi A, Freitas JJ, Xavier NB, Caumo GH, Silva LG, de Souza DOG, Hidalgo MP. The Brazilian-Portuguese version of the Sleep Hygiene Index (SHI): validity, reliability and association with depressive symptoms and sleep-related outcomes. Sleep Science. 2019.

5 Francisco Montagner PPG Odontologia UFRGS, PPG Ciências Biológicas: Farmacologia e Terapêutica UFRGS

Projetos em colaboração: 2019-0225 - Variações da microbiota no tratamento com inibidores seletivos da recaptação da serotonina: da teoria à prática; 2019-0413 - As modificações da microbiota intestinal de ratos Wistar em um modelo de restrição de sono: intersecções do sistema circadiano, resposta fisiológica ao estresse e sistema imune

6 Maria Elisa Calcagnotto PPG Neurociências, PPG Bioquímica, PPG Psiquiatria UFRGS

Oliveira MAB, Scop M, Abreu ACO, Sanches PRS, Rossi AC, Díez-Noguera A, Calcagnotto ME, Hidalgo MP. Entraining effects of variations in light spectral composition on the rest-activity rhythm of a nocturnal rodent. Chronobiology International. v. 99, p. 1-11. 2019.

7 Marco Idiart Instituto de Física UFRGS

8 Marcelo Fleck Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal

9 Wolnei Caumo Departamento de Cirurgia UFRGS

10 Christian Kieling Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal

Projeto em colaboração: 2018-0299 - O conceito de tempo de acordo com a idade, sexo, escolaridade e geolocalização

Projeto em colaboração: Transtorno de humor e ritmos Biológicos.

Projeto em colaboração: Ensaio clínico randomizado para avaliação do efeito de TDCS no ritmo biológico

Projeto em colaboração (Crono IDEA): Avaliação dos ritmos biológicos em três grupos de adolescentes (controles, risco para depressão e depressão).

111 PARTE V
ATEMPORAL

Principais conferências proferidas

Devido a todo esse trabalho tenho sido sistematicamente convidada para proferir conferências nos maiores congressos e encontros nacionais e internacionais da área:

1. Palestrante - Análises rítmicas na pesquisa clínica. Curso: Ritmos Biológicos: mais próximo da sua pesquisa que você imagina. In: XXXVI Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental - FeSBE, 2022, formato virtual.

2. Palestrante - Análises rítmicas na pesquisa clínica. In: XLIII Reunião Anual da Sociedade de Neurociências e Comportamento - SBNeC, 2020, formato virtual.

3. Palestrante - Discussão guiada de projetos - onde estão os ritmos e como lidar com eles. Curso: Ritmos Biológicos: mais próximo da sua pesquisa que você imagina. In: XXXIV Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental - FeSBE, 2019, Campos do Jordão, SP.

4. Palestrante - Análises rítmicas na pesquisa clínica. Curso: Ritmos Biológicos: mais próximo da sua pesquisa que você imagina. In: XXXIV Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental - FeSBE, 2019, Campos do Jordão, SP.

5. Palestrante - Biologicas rhythm: a translational challenge in Psychiatry. Symposium Relevance of circadian clock and cognition and performance. In: V World Congress of Chronobiology. Suzhou - China, 2019.

6. Palestrante - Implication of melatonin and social jetlag in depression. In: FASEB - Federation of American Societies for Experimental Biology - SRC: Science, Research Conferences - Melatonin Biology: actions and therapeutics, 2013, Niagara Falls, NY, USA.

7. Tema Livre Oral - Involvement of the temporal system in depression: from social jetlag to melatonin. In: FASEB - Federation of American Societies for Experimental Biology - SRC: Science, Research Conferences - Speakers Abstract, 2013, Niagara Falls, NY, USA.

8. Conferencista - Trastornos afectivos y ritmos circadianos. In: Departamento de Psiquiatría y Salud Mental, Facultad de Medicina, La Universidad Nacional Autonoma de Mexico, 2012, Ciudad de Mexico, Mexico.

9. Palestrante - Chronobiological approach to th mood disorders. In: The Behavior from the Chronobiology Point of View, 2012, Bologna, Italy.

10. Discussion Leaders - The clock in health and disease: translational research. In: 2011 Gordon Conference on Chronobiology, 2011, Barga, Italy.

Memorial
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Maria Paz Loayza Hidalgo

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Além disso, devido à produção e ao trabalho de internacionalização, colocamos a UFRGS, em conjunto com a Harvard University, Tokyo University, Zurich University e Tel Aviv University como um dos principais hubs da primeira “conferência virtual” em grande escala de Cronobiologia, tendo a cientista Luísa Klaus Pilz integrado a organização do evento. O evento contou com a participação de mais de uma unidade da UFRGS (PPG de Psiquiatria e Ciências do Comportamento e PPG em Neurociências. Nosso hub foi coordenado por mim e pela Profa. Maria Elisa Calcagnotto e contou com a participação da equipe de alunos pós-graduandos da UFRGS.

Outros 69 hubs em outras localidades, que se comunicaram via Twitter, participaram da conferência.

O evento foi matéria da revista Nature e da mídia:

‘Pop-up’ virtual meeting draws participants from 32 countries with no air travel. The Energy Mix. Disponível em: https://theenergymix.com/2020/01/10/pop-up-virtual-meeting-draws-participantsfrom-32-countries- with-no-air-travel/.

Für einen kurzen Vortrag um die ganze Welt fliegen? Mit ihrer CARE-Conference an der @LMU_Muenchen möchte Professorin @MarthaMerrow den CO2-Ausstoß der Wissenschaft reduzieren. #CAREchrono19#Klimaschutz. Disponível em: https://twitter.com/m945/status/1196879938101686272.

Have a CARE for lower CO2 emissions. LMU Munich. Disponível em: http://www.en.uni-muenchen.de/ news/newsarchiv/2019/care-conference.html.

Low-carbon, virtual science conference tries to recreate social buzz. Abbot A. Nature. 557.2019. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-019-03899-1

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PARTE V

Trabalhos apresentado por alunos orientados por mim em forma de poster ou apresentações orais

1. Pôster: Community with access to electricity shows higher variability in phase. Pilz LK, Levandovski R, Xavier NB, Constantino DC, Hidalgo, MP, Roenneberg, T. Chronobiology training school. MunichGermany, 2019.

2. Pôster: Circadian phase delays with industrialisation but changes with age independently of state of industrialisation. Pilz LK, Xavier NB, Levandovski R, Hidalgo MP, Roenneberg T. LMU-Harvard Young Scientists Forum 2019. Munich-Germany, 2019.

3. Pôster: Circadian misalignment and low light exposure are associated to depressive symptoms in rural communities (quilombos) of southern Brazil. Pilz LK, Xavier NB, Levandovski R, Oliveira MAB, Tonon AC, Constantino D, Machado V, Roenneberg T, Hidalgo MP. European Biological Rhythms Society conference Lyon-France, 2019.

4. Pôster: Phase changes with age independently of state of industrialisation. Pilz LK, Xavier NB, Levandovski R, Constantino DB, Hidalgo MP, Roenneberg T. European Biological Rhythms Society conference. LyonFrance, 2019.

5. Palestra em simpósio: The power of actimetry in circadian and sleep research. Roenneberg T. V WCC, 5th World Conference on Chronobiology. Sozhou-China, 2018.

6. Apresentação oral: Sleep in communities at different levels of electrification and urbanisation. Pilz LK, Levandovski R, Oliveira MAB, Hidalgo MP, Roenneberg T. Timelines in Biology 2018: From a Solo Recital to a Full Orchestra. Weizmann Institute of Science. Tel-Aviv-Israel, 2018.

7. Pôster: Sleep in women and men from quilombolas communities. Pilz LK, Levandovski R, Tonon AC, Roenneberg T, Hidalgo MP. Lisbon Sleep Summit. Lisbon-Portugal, 2018.

8. Pôster: Sex differences in circadian variations of Mood: the importance of sleep and alertness. Tonon AC, Carissimi A, Pilz LK, Francisco AP, de Oliveira MAB, Fabris RC, Medeiros MS, Medeiros MS, Garay L, Frey B, Adan A, Hidalgo MP. Lisbon Sleep Summit, 2018.

9. Apresentação oral: Human sleep and activity in quilombolas communities at different levels of electrification and urbanisation. Pilz LK, Levandovski R, de Oliveira MAB, Hidalgo MP, Roenneberg T. Gordon Research Seminar - Sleep Regulation and Function. Galveston-US, 2018.

10. Pôster: Human sleep and activity in quilombolas communities at different levels of electrification and urbanisation. Pilz LK, Levandovski R, de Oliveira MAB, Hidalgo MP, Roenneberg T. Gordon Research Conference - Sleep Regulation and Function. Galveston-US, 2018.

11. 11. Pôster: Objective chronobiology-based markers of depression: perspectives in diagnosis and treatment of mood disorders. Tonon AC; Fleck MP; Alencastro L; Pizutti LT; Freitas JJ; Ilgenfritz CAV; Carissimi A; Markus RP; Hidalgo MP. XIV Latin American Symposium on Chronobiology, 2017.

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Formação de recursos humanos

A formação de recursos humanos é um item importante a ser mencionado e compreende todos os níveis, de Iniciação Científica Júnior a alunos de Pós-doutorado e pode ser encontrada no meu curriculum lattes. Atualmente, oriento 4 alunos de Doutorado, 1 aluno de Mestrado e 14 alunos de Iniciação Científica. Aqui, saliento a formação que tem possibilitado a construção do conhecimento apresentados neste memorial, bem como a rede internacional que temos formado nos últimos anos.

Orientações concluídas no nível de Doutorado

1. Ana Paula Francisco. Percepção de ritmos afetivos, cognitivos e somáticos em adolescentes e sua relação com saúde mental. 2022. Tese (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

2. Andre Comiran Tonon. O desenvolvimento da Cronomedicina: estudo dos ritmos biológicos e sono aplicados à depressão. 2021. Tese (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

3. Felipe Gutiérrez Carvalho. Perfil genético da dimensão matutinidade/vespertinidade. 2020. Tese (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

4. Luísa Klaus Pilz. Tempo em movimento: relevância do estudo da organização circadiana e sua relação com estados de saúde e doença. 2018. Tese (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

5. Leticia Ramalho. Efeito do horário de alimentação no metabolismo periférico e atividade hipotalâmica em ratos Wistar. 2017. Tese (Curso de Pós-graduação Clínica Médica) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

6. Leandro Timm Pizutti. Preditores cronobiológicos de melhora na depressão unipolar: 6-sulfatoximelatonina como preditor de mudança no humor. 2017. Tese (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

7. Alicia Carissimi. Avaliação da influência do turno escolar e dos componentes circadianos do sono no comportamento de crianças e adolescentes. 2016. Tese (Psiquiatria e Ciências do Comportamento)Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

115 PARTE
V

8. Camila Morellato. Fatores demográficos e socioculturais implicados na relação entre o ritmo de sono e vigília e saúde mental. 2014. Tese (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

9. Regina Schimit. Aplicação clínica do Estudo do Ritmo Social. 2013. Tese (Medicina: Ciências Médicas)Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

10. Ana Beatriz Cauduro Harb. Aspectos cronobiológicos da alimentação: Síndrome do Comer Noturno. 2013. Tese (Medicina: Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

11. Marilene Alam. Estudo do perfil Cronobiológico em estudantes. 2012. Tese (Medicina: Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

12. Rosa Levandovski. Avaliação do perfil cronobiológico em amostra populacional caucasiana no Vale do Taquari-RS-Brasil. 2011. Tese (Medicina: Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Orientações concluídas no nível de Mestrado

1. Ademir Paulo Kirst Junior. Influência da fluoxetina na microbiota intestinal de camundongos: análise genômica e predição metabólica. 2021. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento)Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

2. Debora Constantino. Investigação de Parâmetros Circadianos Associados a Alterações Metabólicas e Obesidade. 2021. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

3. Juliana Jury Freitas. Preditores cronobiológicos de melhora na depressão unipolar: 6-sulfatoximelatonina como preditor de mudança no humor. 2021. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento)Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

4. Victor Hugo Fros Boni. O conceito de tempo de acordo com a idade, sexo e escolaridade. 2020. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

5. Luciene Garay. Propriedades psicométricas da Escala do Ritmo Social em indivíduos com depressão. 2020. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

6. Melissa Alves Braga de Oliveira. Análise eletrofisiológica dos efeitos da iluminação circadiana. 2018. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

Memorial
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Maria Paz Loayza Hidalgo

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

7. Juliana Castilhos Beauvalet. Efeito da exposição a luz circadiana e estresse crônico imprevisível na eletrofisiologia do SNC. 2018. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

8. Caroline Luisa Quiles. Avaliação do efeito da iluminação com ritmicidade circadiana nos ritmos biológicos em ratos Wistar. 2017. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

9. Felipe Gutierres. Análises de mediação e moderação na interrelação de bem-estar psicológico com parâmetros de sono, autoeficácia percebida e rotinas de trabalho. 2016. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

10. Fabiane Dresch. A influência dos horários alimentares sobre o ganho de peso na infância e adolescência. 2015. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

11. Ana Cristina da Silva. Aspectos cronobiológicos de pacientes dependentes de crack - o trabalho como Zeitgeber social. 2014. Dissertação (Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

12. Bianca Hirschmann. A influência do horário de realização exercício físico na prevalência de sintomas depressivos nos diferentes cronotipos. 2013. Dissertação (Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

13. Etiane Sasso. Avaliação do efeito da dessincronização circadiana sobre o câncer de mama e utilização terapêutica de melatonina em ratas sprague-dawley. 2013. Dissertação (Medicina: Ciências Médicas)Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

14. 14. Danielle Alves Milhão. Cronobiologia do comportamento alimentar. 2013. Dissertação (Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

15. Marlene Pooch Leuck. Aspectos cronobiológicos da terapia nutricional enteral em pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva. 2012. Dissertação (Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

16. Claudia Moraes. Avaliação do acoplamento entre os ritmos de atividade-repouso e temperatura cutânea em uma amostra de pacientes deprimidos. 2011. Dissertação (Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

17. Leticia Ramalho. Modelo de dieta experimental para avaliar alterações metabólicas. 2011. Dissertação (Medicina: Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

18. 18. Fabiana Bernardi. Síndrome do comer noturno em não obesos. 2010. Dissertação (Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

117 PARTE
V

19. Regina Lopes Schimitt. Adaptação transcultural da Social Rhythm Metric (SRM-17). 2009. Dissertação (Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

20. Luciana da Conceição Antunes. Aspectos cronobiológicos do trabalho de turno. 2009. Dissertação (Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

21. 21. Marcia Lacerda de Medeiros Schneider. Estudo do cronotipo em estudantes universitários de turno integral e sua influência na qualidade do sono, sonolência diurna e no humor. 2009. Dissertação (Medicina: Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

22. Julio Carlos Pezzi. Excreção de 6-sulfatoximelatonina como preditor de resposta a tratamento a antidepressivo. 2009. Dissertação (Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

23. Ana Beatriz Cauduro Harb. Síndrome do comer noturno: formas de aferição. 2008. Dissertação (Medicina: Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

24. Paulo Ricardo Martins Souza. Concordância entre o exame micológico direto e cultural em infecções ungueais por dermatófitos. 2007. Dissertação (Medicina: Ciências Médicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

25. Cristina Silveira Moraes Leite. Avaliação do sono e sua relação com sintomas depressivos e ansiosos em pacientes do sexo feminino com transtornos psiquiátricos. 2004. Dissertação (Psiquiatria e Ciências do Comportamento) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

Orientações de alunos de Iniciação Científica por ano

2021

1. Ana Carolina Odebrecht Vergle de Abreu. Análise eletrofisiológica dos efeitos da iluminação circadiana. 2021. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

2. Eduardo Giordani Steibel. Preditores cronobiológicos da melhora da depressão unipolar. 2021. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

3. Mariana Mendonça da Silva. Preditores cronobiológicos da melhora da depressão unipolar. 2021. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

4. Juliana Giordani Richter. Avaliação do efeito da iluminação com ritmicidade circadiana nos ritmos biológicos em ratos Wistar. 2020. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Memorial
118

5. Andressa Martins e Silva. Difusão da Ciência: respeitando a diversidade de ritmos e as fronteiras fisiológicas. 2020. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

6. Marina Elis Cavalli. Preditores cronobiológicos da melhora da depressão unipolar. 2020. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2019

7. Marina Scop Medeiros. Instrumento para avaliação de ritmo de humor: MRI (mood rhythm instrument). 2019. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

8. Jhonata Luiz Lino Aquin. Preditores cronobiológicos de melhora na depressão unipolar: 6-sulfatoximelatonina como preditor de mudança no humor. 2019. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

9. Thiago Maia Greco. Preditores cronobiológicos de melhora na depressão unipolar: 6-sulfatoximelatonina como preditor de mudança no humor. 2019. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

10. Ana Maria Delgado Cunha. Preditores cronobiológicos de melhora na depressão unipolar: 6-sulfatoximelatonina como preditor de mudança no humor. 2019. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2018

11. Nicóli Bertuol Xavier. Etologia do sono humano: estudo do processo evolutivo do sono humano em ambientes de luz natural e artificial. 2018. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

12. Paula Chiamenti. Preditores cronobiológicos de melhora na depressão unipolar. 2018. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

13. Juliana Jury Freitas. Preditores cronobiológicos de melhora na depressão unipolar. 2018. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

119 PARTE
V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional 2020

14. Danilo de Paula Santos. Avaliação do ritmo de temperatura e atividade e análise eletrofisiológica. 2017. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

15. Luana Lima Aniola. Difusão da Ciência: respeitando a diversidade de ritmos e as fronteiras fisiológicas. 2017. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

16. Guilherme Felipe Hidalgo Caumo. Difusão da Ciência: respeitando a diversidade de ritmos e as fronteiras fisiológicas. 2017. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

17. Maria Antonia Antinolfi Enriconi. Difusão da Ciência: respeitando a diversidade de ritmos e as fronteiras fisiológicas. 2017. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

18. Lauren Ferro da Silva. Difusão da Ciência: respeitando a diversidade de ritmos e as fronteiras fisiológicas. 2017. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

19. Débora Barroggi Constantino. Etologia do sono humano: estudo do processo evolutivo do sono humano em ambientes de luz natural e artificial. 2017. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

20. Flavia Araujo de Amorim. Influência das alterações dos parâmetros circadianos de sono em crianças e adolescentes. 2017. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

2016

21. Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz. Preditores cronobiológicos da melhora da depressão unipolar. 2016. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: PIBIC.

2015

22. Valdomiro Machado. Estudo da associação entre exposição à luz, sono e depressão em comunidades quilombolas. 2015. Iniciação Científica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

23. Melissa Alves Braga de Oliveira. Estudo da interação do estrese e da desincronização circadiana como fatores desencadeantes em estados depressivos. 2015. Iniciação Científica (Biomedicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: PIBIC.

Memorial
Hidalgo 120
Maria Paz Loayza
2017

V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

24. 25. Juliana Castilhos Beauvalet. Estudo da interação do estresse e da desincronização circadiana como fatores desencadeantes em estados depressivos. 2015. Iniciação Científica (Biomedicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

25. Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz. Estudo da interação do estresse e da dessincronização circadiana como fatores desencadeantes em estados depressivos. 2015. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

26. Alessandra Castro Martins. Influência das alterações dos parâmetros circadianos de sono em crianças e adolescentes. 2015. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

27. Livia Lopez Torres. Perfil genético da dimensão matutinidade/ vespertinidade. 2015. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

28. Juliana Jury Freitas. Preditores cronobiológicos da melhora da depressão unipolar. 2015. Iniciação Científica (Biomedicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul.

29. André Comiran Tonon. Ritmos biológicos e dinâmica da atividade neural nos transtornos neuropsiquiátricos. 2015. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

30. Raul Costa Fabris. Ritmos biológicos e dinâmica da atividade neural nos transtornos neuropsiquiátricos. 2015. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

31. Caroline Luisa Quiles. Ritmos biológicos e dinâmicos da atividade neural nos transtornos neuropsiquiátricos. 2015. Iniciação Científica (Biomedicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

2014

32. Carlos Augusto Viera Ilgenfritz. Estudo cronobiológico e fotoetnográfico de uma comunidade quilombola em Gravataí-RS-Brasil. 2014. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

33. Instituição financiadora: UFRGS.

34. Melissa Alves Braga Oliveira. Estudo da interação do estrese e da dessincronização circadiana como fatores desencadeantes em estados depressivos. 2014. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

121 PARTE

35. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

36. Juliana Castilhos Beauvalet. Estudo da interação do estresse e da dessincronização circadiana como fatores desencadeantes em estados depressivos. 2014. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

37. André Comiran Tonon. Ritmos biológicos e dinâmica da atividade neural nos transtornos neuropsiquiátricos. 2014. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

38. Caroline Luísa Quiles. Ritmos biológicos e dinâmica da atividade neural nos transtornos neuropsiquiátricos. 2014. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

2013

39. Caroline Luísa Quiles. Estudo cronobiológico e fotoetnográfico de uma comunidade quilombola em Gravataí-RS-Brasil. 2013. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

40. Melissa Alves Braga de Oliveira. Estudo cronobiológico e fotoetnográfico de uma comunidade quilombola em Gravataí-RS-Brasil. 2013. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

41. Marcelo Marques Puricelli. Estudo cronobiológico e fotoetnográfico de uma comunidade quilombola Gravataí-RS-Brasil. 2013. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Reestruturação e expansão das Universidades Federais.

42. André Comiran Tonon. Estudo cronobiológico e fotoetnográfico de uma comunidade quilombola Gravataí-RS-Brasil. 2013. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Reestruturação e expansão das Universidades Federais.

2012

43. Caroline Luísa Quiles. Avaliação do acoplamento entre os ritmos de atividade-repouso e temperatura cutânea em uma amostra de pacientes deprimidos. 2012. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

44. Melissa Alves Braga de Oliveira. Estudo cronobiológico e fotoetnográfico de uma comunidade quilombola em Gravataí-RS-Brasil. 2012. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul.

45. Andreo Valentim Rysdyk de Souza. Estudo cronobiológico e fotoetnográfico de uma comunidade

Memorial
122
Maria Paz Loayza Hidalgo

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

quilombola Gravataí-RS-Brasil. 2012. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Reestruturação e expansão das Universidades Federais.

46. André Comiran Tonon. Preditores cronobiológicos da melhora da depressão unipolar. 2012. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

2011

46. Fracine Harb Correa. Avaliação do perfil cronobiológico em amostra populacional caucasiana no Vale Taquari-RS-Brasil. 2011. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

2010

47. Fabiana Guarienti. Avaliação do perfil cronobiológico em amostra populacional caucasiana no Vale do Taquari-RS-Brasil. 2010. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 2009

48. Talita Zanette. Predição da eficácia terapêutica de antidepressivos. 2009. Iniciação Científica - Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

49. Manoela Jornada. Predição da eficácia terapêutica de antidepressivos. 2009. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

2008

50. Mayara Mayer. Predição da eficácia de antidepressivo através da dosagem de 6-sulfatoximelatonina urinária. 2008. Iniciação Científica (Medicina) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Instituição financiadora: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul.

123 PARTE
V

51. Fabiana Amaral Guarienti. Predição da eficácia de antidepressivo através da dosagem de 6-sulfatoximelatonina urinária. 2007. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: PIBIC.

52. Cristiane Koplin. Predição da eficácia de antidepressivo através da dosagem de 6-sulfatoximelatonina urinária. 2007. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Instituição financiadora: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul.

53. Melissa Amaral Zandonai. Qualidade do sono e sua relação com a intensidade diária de dor aguda pósoperatória. 2007. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

54. Natália Cardoso Luz. Verificação da qualidade da iluminação artificial e sua influência no ritmo biológico de usuários de espaços sem iluminação natural. 2007. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

55. Alessandra Gelain Dorneles Santos. Verificação da qualidade da iluminação artificial e sua influência no ritmo biológico de usuários de espaços sem iluminação natural. 2007. Iniciação Científica (Medicina)Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

56. Waleska Lissa Dalpra. Verificação da qualidade da iluminação artificial e sua influência no ritmo biológico de usuários de espaços sem iluminação natural. 2007. Iniciação Científica (Medicina) - Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

57. Marcelo Gregianin Rocha. Verificação da qualidade da iluminação artificial e sua influência no ritmo biológico de usuários de espaços sem iluminação natural. 2007. Iniciação Científica (Medicina) - Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

2006

58. Rebeca da Cunha Prado Correia Pereira. Avaliação entre sistema temporizador e depressão. 2006. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

59. Julio Carlos Pezzi. Predição da eficácia de antidepressivo através da dosagem de 6-sulfatoximelatonina urinária. 2006. Iniciação Científica (Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Memorial Maria
Hidalgo 124
Paz Loayza
2007

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Orientações de alunos visando a internacionalização

Doutorado sanduíche no exterior:

1. Rosa Levandovski - Institute of Medical Psychology - LMU Munich.

2. Camila Morelatto - Institute of Medical Psychology - LMU Munich

3. Alicia Carissimi - Universitat de Bologna - Italia

4. Leticia Ramalho - Universidad Nacional Autónoma de México - UNAM.

5. Luisa Pilz - Institute of Medical Psychology - LMU Munich.

6. Felipe Gutierrez - McMaster University - Canada.

7. Ana Paula Francisco - McMaster University - Canada

8. Nicoli Bertuol Xavier - McMaster University - Canada.

Outras modalidades de bolsa:

1. Caroline Quiles – Amigos do Weizmann – alunos que estão iniciando a graduação passam por processo seletivo para trabalhar juntos aos Laboratórios Weismann em Israel.

2. Giovanna Dantas - PNPD/CAPES – bolsa de Pós-doutorado recebida para desenvolver projetos em colaboração entre Alemanha e Brasil.

3. Luísa Klaus Pilz - DAAD/CAPES-PROBRAL – bolsa de Pós-doutorado recebida para desenvolver projetos em colaboração entre Alemanha e Brasil.

4. Rosa Levandowski - DAAD/CAPES-PROBRAL – bolsa de Pós-doutorado recebida para desenvolver projetos em colaboração entre Alemanha e Brasil

Além das orientações citadas acima, nosso Laboratório tem realizado um trabalho que vem atraindo alunos do exterior. A conhecer:

1. 2022: Adile Nexha - McMaster University - Canada

A aluna de Doutorado tem como objetivo aprender a analisar as séries temporais de dados de actigrafia. Além disso, finalizará a análise dos dados de instrumentos criados pelo nosso Laboratório e tem como meta finalizar a redação de dois manuscritos.

2. 2019-2020: Giulia Zerbini (Institute of Medical Psychology - LMU Munich)

A pós-doutoranda Giulia Zerbini participou da primeira saída de campo, em que coletamos dados préintervenção (projeto da linha de pesquisa Etologia do Sono Humano). A pesquisadora participou ainda da organização e da interpretação das primeiras informações coletadas, auxiliando na discussão e tomada de decisões relativas às adaptações do projeto. Dados de um manuscrito em preparação por ambas as equipes foram discutidos com a equipe brasileira.

125 PARTE
V

3. 2019-2020: Anna Biller (Institute of Medical Psychology - LMU Munich)

Em missão de trabalho, a doutoranda Anna Biller participou da saída de campo em que realizamos a intervenção (projeto da linha de pesquisa Etologia do Sono Humano), além de participar da organização e da análise preliminar dos dados já coletados. Dados de um manuscrito em preparação por ambas as equipes foram discutidos com a equipe brasileira.

4. 2017- Julieta Castillo - Laboratório de Neurociencias /Facultad de Ciencias, Universidad de la República, Montevideo-Uruguay.

Sua estada no Laboratório teve como objetivo a análise de séries temporais de dados de actigrafia de uma amostra de sujeitos que ficaram em isolamento na Antártida. Colaboramos nesse projeto cujos resultados foram apresentados em congresso Latino-americano de cronobiologia

5. 2009 - Magdalena Zaharieva (Institute of Medical Psychology - LMU Munich)

Em missão de trabalho, a aluna de Doutorado participou da extração de DNA de uma subamostra do projeto em colaboração com a LMU cujo objetivo era avaliar o polimorfismo dos genes Clock, cronotipo e padrões de sono.

Captação de Recursos

O Laboratório conta com fomento dos setores público e privado devido à coordenação dos seguintes projetos: Captação de recursos por editais não competitivos

O total de recurso recebido da FIPE/HCPA foi de R$ 354.287,24. Abaixo encontram-se os projetos dos quais fui coordenadora:

Nº Projeto

Título do Projeto

2021-0422 O impacto da pandemia de COVID-19 nas consultorias psiquiátricas de um hospital geral de referência: perfil de pacientes avaliados e desfechos neuropsiquiátricos

2021-0116 Influência da fluoxetina na microbiota intestinal animal: uma revisão de escopo e considerações funcionais

2020-0272 Impacto dos ambientes físicos de trabalho na saúde mental e nos ritmos biológicos de trabalhadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Tipo de Estudo

Clínico

Revisão

Clínico

126
Memorial

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Nº Projeto Título do Projeto

Tipo de Estudo

2020-0128 Ritmos biológicos, sono e humor em indivíduos em distanciamento social Clínico

2019-0527 Proposta de uma intervenção cronobiológica na prevenção/ tratamento de transtornos de humor Clínico

2019-0413 As modificações da microbiota intestinal de ratos Wistar em um modelo de restrição de sono: intersecções do sistema circadiano, resposta fisiológica ao estresse e sistema imune

Pré-clínico

2019-0288 O efeito de antidepressivos no microbioma de ratos Wistar adultos Pré-clínico

2019-0225 Variações da microbiota no tratamento com inibidores seletivos da recaptação da serotonina: da teoria à prática Clínico

2019-0218 Associação entre alteração de ritmos, sintomas depressivos e risco cardiometabólico em populações quilombolas urbanas Clínico

2018-0560 Marcadores cronobiológicos dos transtornos de humor: a relação entre marcadores inflamatórios e a excreção de 6-sulfatoximelatonina. Clínico

2018-0504 Desenvolvimento de um aparato de atividade forçada durante o período de repouso de roedores Pré-clínico

2018-0489 Marcadores cronobiológicos do transtorno depressivo maior na adolescência: parâmetros de sono, actigrafia e excreção de 6-sulfatoximelatonina

Clínico

2018-0437 Propriedades psicométricas da escala do ritmo social em indivíduos com depressão Clínico

2018-0299 O conceito de tempo de acordo com a idade, sexo, escolaridade e geolocalização Epidemiológico

2018-0207 A relação entre sono, ritmos biológicos e parâmetros inflamatórios de indivíduos que sofreram evento traumático

Clínico

2018-0194 A privação de sono na produção de melatonina e na ativação do eixo hipotálamo-hipófise adrenal: modelo experimental em ratos Wistar. Pré-clínico

127 PARTE
V

Nº Projeto

Título do Projeto

Tipo de Estudo

2018-0068 Validação do Instrumento de Ritmo de Humor (MRI) e avaliação dos ritmos de humor em adolescentes Clínico

2017-0617 Avaliação dos efeitos agudo e crônico de antidepressivos na 6-sulfatoximelatonina urinária em ratos Wistar

2017-0466 Distúrbios do sono em vítimas de trauma psíquico: um estudo sobre a correlação entre estresse pós-traumático e sono

Pré-clínico

Clínico

2017-0458 Relação entre tipos de aprendizado e de inteligência e níveis de ansiedade e depressão em estudantes universitários Clínico

2017-0441 Construindo pontes entre a escola e a universidade pública: iniciação ao ensino de ciências, pesquisa e inovação

Projeto de extensão

2017-0425 Caracterização da iluminação da unidade de internação psiquiátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Clínico

2017-0295 Efeito do horário de alimentação no metabolismo, atividade hipotalâmica e ritmo de atividade em ratos Wistar

Pré-clínico

2017-0284 Estagiamento eletrocorticográfico de ratos Wistar submetidos a diferentes fotoperíodos desde a gestação Clínico

2017-0208 Ensaio clínico randomizado sobre o uso de equipamentos de proteção contra a luz artificial na recuperação de neonatos prematuros

2017-0116 Efeito da exposição à luz circadiana e single prolonged stress na eletrofisiologia do SNC

2017-0096 Análise dos registros de potenciais eletrocorticográficos das fases cíclicas do sono e vigília em ratos Wistar

2016-0472 Influência do turno escolar em sintomas psiquiátricos e em marcadores inflamatórios

Clínico

Pré-clínico

Clínico

Epidemiológico

2016-0464 Contextualização do saber: desenvolvimento de estudos sobre o ciclo vital humano na disciplina psicologia médica I

Projeto de extensão

Memorial
128
Maria Paz Loayza Hidalgo

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Nº Projeto Título do Projeto Tipo de Estudo

2016-0378 Avaliação do efeito da iluminação com ritmicidade circadiana no desenvolvimento puberal de ratas Wistar

Pré-clínico

2016-0047 Efeito da exposição à luz circadiana e estresse crônico imprevisível na eletrofisiologia do snc Pré-clínico

2016-0044 Análise eletrofisiológica dos efeitos da iluminação circadiana Pré-clínico

2015-0568 Etologia do sono humano: um estudo do processo evolutivo do sono em ambientes de luz natural e artificial Epidemiológico

2015-0539 Validação do instrumento de ritmo de humor para discriminar sintomas psiquiátricos Clínico

2015-0459 Associação entre a tipologia circadiana e sintomas depressivos mediada pelo polimorfismo do gene transportador de serotonina 5-httlpr (slc6a4)

2015-0284 Sistema purinérgico e luz: relação-efeito da exposição alterada à luz sobre a expressão do receptor purinérgico p2x7 de roedores

2015-0263 Preditores psicológicos e cronobiológicos de estresse ocupacional no treinamento militar de recrutas da força aérea Brasileira em tempo de paz

Epidemiológico

Pré-clínico

Epidemiológico

2015-0125 Desenvolvimento de protótipo para testar fotoestimulação através de ressonância magnética nuclear funcional Clínico

2015-0059 Avaliação do efeito da iluminação com ritmicidade circadiana nos ritmos biológicos em ratos Wistar

2014-0564 Difusão da ciência: respeitando a diversidade de ritmos e as fronteiras fisiológicas

2014-0510 Ação da melatonina sobre a atividade neuronal e a neuroinflamação em modelos experimentais de carcinogênese hepática

Pré-clínico

Projeto de extensão

Pré-clínico

2014-0259 Fotoetnografia: uma caracterização do fotoperíodo na antártica Epidemiológico

129 PARTE V

Nº Projeto

Título do Projeto

Tipo de Estudo

2014-0192 Cronobiologia e meditação mindfulness Clínico 2014-0057 Efeito do fotoperíodo e temperatura no processo de adaptação a dessincronização forçada Clínico 2013-0268 Aspectos cronobiológicos como preditor de adesão ao tratamento de dependentes de crack Clínico 2013-0228 A relação entre marcadores inflamatórios e a excreção de 6-sulfatoximelatonina: implicações para a fisiopatologia e tratamento de pacientes com transtornos de humor

Clínico 2013-0213 Estudo da relação do núcleo supraquiasmático e sintomas tipo depressivo em ratos Wistar Pré-clínico 2013-0175 Avaliação do efeito do fotoperíodo nos estados tipo depressivos em ratos Pré-clínico 2012-0386 Avaliação do cronotipo e comportamento de adolescentes em escolas Epidemiológico 2012-0313 Estudo dos efeitos do estresse nos ritmos circadianos e do envolvimento destes em estados depressivos Pré-clínico 2012-0198 Estudo da inversão de turno e alterações metabólicas em ratos Wistar Pré-clínico 2012-0059 Estudo da interação da dessincronização circadiana como fator desencadeante em estados depressivos Pré-clínico 2011-0564

Cronobiologia dos transtornos do humor: valor preditivo da eficácia terapêutica de antidepressivos através do teste da dosagem urinária de 6-sulfatoximelatonina

2011-0502 Estudo cronobiológico e fotoetnográfico de uma comunidade quilombola em Gravataí - Rio Grande do Sul - Brasil

2011-0483 Relação entre o turno de realização do exercício físico e o padrão de consumo alimentar de macronutrientes

Clínico

Epidemiológico

Clínico

Memorial
130
Maria Paz Loayza Hidalgo

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Nº Projeto Título do Projeto Tipo de Estudo

2011-0353 Avaliação do efeito da dessincronização circadiana sobre o câncer de mama e utilização terapêutica de melatonina em ratas spraguedawley

Pré-clínico

2011-0143 A influência do horário de realização do exercício físico na incidência de sintomas depressivos nos diferentes cronotipos Clínico

2010-0454 Progressão da carcinogênese mamária em ratas com supressão de melatonina pela exposição à luz noturna Pré-clínico

2010-0375 O impacto da dessincronização circadiana decorrente do trabalho de turno sobre a síndrome metabólica

2010-0374 Estudo da relação entre dessincronização do ritmo circadiano e resposta imuno-inflamatória em ratos Wistar com síndrome metabólica

Pré-clínico

Pré-clínico

2010-0373 Estudo da relação da dessincronização do ritmo circadiano e síndrome metabólica em ratos Wistar Pré-clínico

2010-0274 Dessincronização circadiana como modelo de depressão em ratos Wistar Pré-clínico

2010-0192 Expressão gênica na síndrome do comer noturno e sua resposta ao tratamento Clínico

2010-0146 Predição da eficácia terapêutica de antidepressivos em pacientes com transtorno depressivo recorrente Clínico

2010-0128 Cronobiologia no ensino fundamental Clínico

2010-0090 Associação entre cronotipo, desempenho acadêmico, sintomas psiquiátricos e qualidade de vida em estudantes de escola pública de porto alegre, rs - Brasil

2010-0079 Estudo da relação entre parâmetros cronobiológicos e as condições de saúde e estilo de vida em universitários de angola

Clínico

Epidemiológico

131 PARTE V

Nº Projeto

Título do Projeto

Tipo de Estudo

2009-0559 Ritmo social em pacientes com diagnóstico de epilepsia mioclônica juvenil e transtorno depressivo Clínico

2009-0230 Dieta experimental para indução de síndrome metabólica Pré-clínico 2009-0127 Síndrome do Comer Noturno (SCN) em não obesos Clínico

2008-0653 Estudo da relação entre parâmetros cronobiológicos e as condições de saúde e estilo de vida em universitários do sul do Brasil

Epidemiológico

2008-0482 Avaliação do acoplamento entre os ritmos de atividade-repouso e temperatura cutânea em uma amostra de pacientes deprimidos Clínico

2008-0200 Aspectos cronobiológicos do trabalho de turno Clínico

2008-0190 Estudo de associação entre cronotipo e depressão em idosos atendidos numa unidade de cuidados primários de saúde Clínico

2008-0087 Avaliação do perfil cronobiológico em amostra populacional caucasiana no Vale do Taquari - Rio Grande do Sul - Brasil

Epidemiológico

2007-0497 Estudo da relação entre eixo imuno-pineal e neurotrofina (BDNF) em pacientes com transtorno depressivo Clínico

2007-0489 Verificação da qualidade da iluminação artificial e sua influência no ritmo biológico de usuários de espaços sem iluminação natural

2007-0417 Tradução, adaptação e validação da versão Brasileira da Social Rhythm Metric (SRM)

2007-0158 Predição da eficácia terapêutica de antidepressivo- dosagem urinária de 6-sulfatoximelatonina 24 horas após início da terapêutica

Epidemiológico

Clínico

Clínico

2006-0297 Avaliação da relação entre memória e depressão Clínico

2006-0268 Avaliação da relação entre sistema temporizador e depressão Clínico

Memorial
132
Maria Paz Loayza Hidalgo

V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Captação de recursos por editais competitivos

Também contamos com fomento ganho de editais competitivos aqui cito aqueles que foram fundamentais para a realização dos principais projetos do Laboratório, bem como a manutenção das colaborações internacionais::

Edital Número do processo Tipo de auxílio Valores não atualizados

Universal 2008 Faixa A 480076/2008-1 Auxílio a pesquisa R$ 15.000,00

Edital 33/2008 CT Saúde Mental 575079/2008-8 Auxílio a pesquisa R$ 19.064,25

Universal 2010 Faixa A 471348/2010-4 Auxílio a pesquisa R$ 13.645,00 Fluxo contínuo AVG 455610/2010-0 Participação em eventos R$ 3.500,00

PQ 10/2012 305331/2012-4 Produtividade em pesquisa Bolsa PQ2

Universal 2013 Faixa B 470301/2013-9 Auxílio a pesquisa R$ 35.000,00

PQ 2016 303707/2016-0 Produtividade em pesquisa Bolsa PQ2

Chamada pesquisador visitante 402109/2017-1 Auxílio a pesquisa R$ 19.600,00

PQ - 2019 302815/2019-8 Produtividade em pesquisa - bolsa vigente Bolsa PQ2

Apoio à Pesquisa Científica, Tecnológica e de Inovação: bolsas no exterior

402176/2022-7 Bolsa no exterior Doutorado Sanduíche

CAPES-epidemias 88881.507072/2020-01 88887.507070/2020-00

CAPES-DFATD

88887.468775/2019-00 88881.468776/2019-01

Auxílio a pesquisa e bolsas R$ 98.000,00

Bolsas: 2 para Mestrados, 4 para Doutorados e 3 para Pós-doutorados

Bolsa Missão no Brasil

CSF-PVE-S

88887.124294/2013-00 23038.007759/2013-14

Auxílio a pesquisa e bolsas R$ 221.259,42

133
PARTE

Edital Número do processo Tipo de auxílio

CAPES/PROBRAL 88881.144129/2017-01 88887.144127/2017-00

FAPERGS PPSUS/2017 17/2551-0001419-7

Valores não atualizados

Auxílio a pesquisa e bolsas R$ 200.000,00 € 24.716,00

Bolsa de Pós-doutorado e para Missões Alemãs (DAAD)

Auxílio a pesquisa e bolsas R$ 140.400,00

Bolsa de Iniciação Científica

Transferência para a Sociedade

Residência

Como parte da disciplina de Clínica Psiquiátrica Avançada, oferecida aos residentes do terceiro ano do Programa de Residência em Psiquiatria do HCPA, são realizadas atividades de aulas teóricas, discutindo os principais mecanismos nos níveis neuropsiquiátricos e psicológicos para um melhor entendimento do sono normal e dos distúrbios de sono. A atividade incluiu 8 aulas expositivas dialogadas, com conteúdos também relacionados a exames utilizados para realizar a avaliação de alterações do sono, como actigrafia e polissonografia. Um total de 12 residentes participa das aulas, as quais são ministradas também pelos alunos egressos e de Pós-graduação.

Mestrado profissionalizante

Está planejada a participação em cronograma programático para o Mestrado profissionalizante em transtornos aditivos, o qual inclui blocos de atividades teórico-práticas em sono. Nessas atividades, estão previstas 8 aulas expositivo-dialogadas, as quais abordam conceitos sobre Cronobiologia e Medicina do Sono e suas aplicações práticas nas rotinas clínicas em saúde mental. Além disso, atividades práticas com participação no Ambulatório de Psiquiatria do Sono são oferecidas como forma de estágio aos alunos. Há 12 vagas para essa modalidade de curso no presente ano.

Memorial
Hidalgo 134
Maria Paz Loayza

V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Ambulatório de Psiquiatria do Sono

Como atividade de extensão, na qual ocorre a translação do conhecimento produzido no Laboratório, coordeno o Ambulatório de Psiquiatria do Sono que ocorre todas as quartas-feiras, entre 8 e 12 horas. Nesse Serviço, estão disponibilizadas duas salas onde os atendimentos são conduzidos pelos residentes do terceiro ano do Programa de Residência em Psiquiatria do HCPA e pelo residente em Medicina do Sono. Estão previstas atividades observacionais pelos alunos do Mestrado profissionalizante ao longo do ano.

Difusão da ciência

Além do trabalho acadêmico, coordeno a Liga de Cronobiologia e Medicina do Sono – HCPA/UFRGS (Licronos), um Projeto de Extensão que organiza atividades de ensino, divulgação científica e promoção da saúde tanto para acadêmicos quanto para o público geral. Os eventos da Liga estão organizados para ocorrer mensalmente e contam com palestrantes de diversas áreas, dentre elas Medicina, Biomedicina, Psicologia, Nutrição, Filosofia e Arquitetura (tabela abaixo). A abordagem multidisciplinar adotada favorece a participação de ouvintes de diferentes formações profissionais e amplia a difusão do conhecimento científico sobre ritmos biológicos e saúde. A Liga também participa de eventos em que há grande interação com a comunidade externa, como o Domingo do Cérebro, que acontece no Parque Farroupilha, e a Mostra Interativa do Salão de Extensão da UFRGS. Neles são realizadas atividades dinâmicas e introduzidos conceitos básicos de Cronobiologia e Sono para um público composto por diversas faixas etárias e grupos sociais. Durante a pandemia foram substituídas por atividades remotas.

Evento

Por que você dorme mal? A relação entre ritmos biológicos e estresse (SAMED)

Atualização em Cronobiologia e Medicina do Sono (SAMED)

Cronobiologia e Medicina do Sono –Conceitos Básicos

Data

2016

12/09

Palestrante

Stefania Pigatto Teche, Felipe Gutiérrez Carvalho, André Comiran Tonon

12/09

Maria Paz Loayza Hidalgo, Ângela Beatriz John, Alicia Carissimi, Felipe Gutiérrez Carvalho

10/10 Felipe Gutiérrez Carvalho

135
PARTE

Evento Data Palestrante

Gilles Deleuze e a Poética do Conhecimento 07/11 Laércio Antônio Pilz 2017

Melatonina 04/04 Felipe Gutiérrez Carvalho

Privação de Sono e Desempenho Acadêmico 08/05 Raul Costa Fabris

Divulgação científica no Brasil 20/06 Jeferson Arenzon, Marco Idiart e Carolina Brito

Tempo, memória e acontecimento 11/09 Laércio Antônio Pilz

Uso de eletrônicos e sono 02/10 Nicóli Bertuol Xavier

Fatores associados à restrição de sono: o que fazer? (SAMED) 16/10 Melissa Alves Braga de Oliveira, Luísa Klaus Pilz, Alicia Carissimi

Qualidade de sono 06/11 Luísa Klaus Pilz 2018

Cronobiologia e Neurociência 14/03 Benicio N. Frey

Iluminação Artificial & Saúde 28/03 Betina Tschiedel Martau e Ana Carolina Abreu

Big Data e Machine Learning 15/05 Ives Cavalcante Passos

Cronobiologia e Estresse 13/06 André Comiran Tonon e Nicóli Bertuol Xavier

Adição à tecnologia 26/06 Daniel Tornaim Spritzer

As origens do sono humano 18/07 Luísa Klaus Pilz

Durmo, logo penso 08/08 Luciene Garay

Memorial
136
Maria Paz Loayza Hidalgo

PARTE V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Evento Data Palestrante

Mulheres na Ciência 19/09 Daniela Borges Pavani

O papel do sono no processo de aprendizagem (SAMED) 17/10 Luciene Garay

Comer à noite engorda? 28/11 Letícia Ramalho 2019

Luz, Espaço e Saúde 03/04 Mariana Novaes

Ética em Pesquisa 22/05 Márcia Raymundo

Insônia 12/06 Luciene Garay e André Tonon

Mitos e Verdades sobre o Sono e Vigília 10/07 Melissa Oliveira

Ronco e Apneia do Sono 14/08 Michelle Lavinsky

Os Benefícios da Sesta para a Saúde 11/09 Lina Marins

Eletrofisiologia do Sono 16/10 Humberto Moser Crononutrição 20/11 Letícia Ramalho

Qual o Impacto do Horário de Estudo para a Saúde Mental? 11/12 Alicia Carissimi

O Laboratório possui uma página no Facebook (“Seu corpo, seu tempo”), que atualmente conta com 2.311 seguidores e alcança, em média, 1.098 pessoas por publicação; e um blog (também chamado “Seu corpo, seu tempo”) que conta com 49 postagens sobre Cronobiologia, Sono e Divulgação Científica que tem uma média de 2.411 visitantes por ano, acessos a partir de mais de 50 diferentes países. As publicações do blog foram traduzidas para o inglês e com hospedagem em plataforma acessível globalmente.

137

BLOG: SEU CORPO, SEU TEMPO - PUBLICAÇÕES

Autores Referência

1 Grupo ICjr 2018

IC-Júnior: A oportunidade de aprender https://seucorposeutempo.wordpress.com/2018/12/18/ ic-junior-a-oportunidade-de-aprender/

Ano

2018

2 Ana Carolina Abreu, Ana Paula Francisco

Horário de verão: dicas especiais para quem vai fazer o ENEM

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2018/11/03/ horario-de-verao-enem/

3

Ana Carolina Abreu As interpretações dos sonhos https://seucorposeutempo.wordpress.com/2018/02/04/ as-interpretacoes-dos-sonhos/

4 Marina Scop Medeiros

Ritmos biológicos e depressão: a cronobiologia pode ajudar no diagnóstico?

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2017/09/15/ ritmos-biologicos-e-depressao-a-cronobiologia-podeajudar-no-diagnostico/

2018

5 Caroline Luísa Quiles

O que não me ensinaram no laboratório de Cronobiologia e Sono

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2017/08/22/ o-que-nao-me-ensinaram-no-laboratorio-decronobiologia-e-sono/

2018

6 Luísa Klaus Pilz

Bridging the science gap

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2017/03/24/ bridging-the-science-gap/

2017

2017

7 Juliana Jury Freitas

8

#NuncaMaisEuVouDormir

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2017/03/10/ nuncamaiseuvoudormir/

Melatonina - o hormônio do escuro

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2016/11/18/ melatonina-o-hormonio-do-escuro/

2017

2017

2016

Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo 138
Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

BLOG: SEU CORPO, SEU TEMPO - PUBLICAÇÕES

Autores Referência Ano

9 Juliana Castilhos Beauvalet

O estresse de estudar o estresse https://seucorposeutempo.wordpress.com/2016/10/25/ o-estresse-de-estudar-o-estresse/

2016

10 Alicia Carissimi

Horário de verão https://seucorposeutempo.wordpress.com/2016/10/16/ horario-de-verao/

11 André Comiran Tonon O Sequestro do escuro

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2016/09/25/ o-sequestro-do-escuro/

2016

2016

12 -

13

Letícia Ramalho

14

Caroline Luísa Quiles

15

Maria Paz Hidalgo

16

Letícia Ramalho, Alicia Carissimi, Luísa K. Pilz

17

Juliana C. Beauvalet, Melissa A. B. de Oliveira, Caroline Quiles, Alessandra C. Martins

I Jornada do Laboratório do Sono do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2016/09/01/ i-jornada-do-laboratorio-do-sono-do-hospital-de-clinicasde-porto-alegre/

Aleitamento materno https://seucorposeutempo.wordpress.com/2016/08/09/ aleitamento-materno/

Cronobiologia na inovação tecnológica https://seucorposeutempo.wordpress.com/2016/07/26/ cronobiologia-na-inovacao-tecnologica/

Carta aos ex-alunos https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/12/31/ carta-aos-alunos-e-ex-alunos/

Linhas de encontro com a cronobiologia https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/12/26/ linhas-de-encontro-com-a-cronobiologia/

Linhas de encontro com a cronobiologia https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/12/27/ linhas-de-encontro-com-a-cronobiologia-2/

2016

2016

2016

2015

2015

2015

139 PARTE V

BLOG: SEU CORPO, SEU TEMPO - PUBLICAÇÕES

Autores Referência

18 Leandro Pizutti, Juliana Freitas, Carlos Ilgenfritz

19 Ana Paula Francisco, Isabela Bandeira, Felipe Carvalho, Flávia Amorim, Danilo de Santos

20 Regina Schimitt, Ana Harb, Betina Martau

21 Leticia Ramalho

Linhas de encontro com a cronobiologia https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/12/28/ linhas-de-encontro-com-a-cronobiologia-3/

Linhas de encontros com cronobiologia https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/12/30/ linhas-de-encontro-com-a-cronobiologia-4/

Ano

2015

22

Laércio Antônio Pilz

Linhas de encontro com a cronobiologia https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/12/30/ linhas-de-encontro-com-a-cronobiologia-5/

Trabalho noturno: relação com a Nutrição https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/11/11/ trabalho-noturno-relacao-com-a-nutricao/

O Tempo... https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/05/21/ o-tempo/

2015

23

Luísa Klaus Pilz

Por que você PRECISA dormir? https://seucorposeutempo wordpress.com/2015/07/29/por-que-voce-precisadormir/

2015

24

Valdomiro Machado

A lei Áurea e a liberdade condicional https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/05/13/ a-lei-aurea-e-a-liberdade-condicional/

2015

25

Lilian Corrêa

26 Luísa Klaus Pilz

O dia das mães

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/05/10/ o-dia-das-maes/

Ainda...

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/05/09/ ainda/

2015

2015

2015

2015

2015

Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo 140

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

BLOG: SEU CORPO, SEU TEMPO - PUBLICAÇÕES

Autores Referência Ano

27 Alessandra Castro Martins

28

Francele Valente Piazza

29 Matheus Quiles

Entre culturas

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/04/16/ entre-culturas/

Tem bem-te-vi na Pediatria do HCPA: relato das experiências de uma doutora-palhaça https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/04/02/ tem-bem-te-vi-na-pediatria-do-hcpa-relato-dasexperiencias-de-uma-doutora-palhaca/

Eclipse solar - 20 de março de 2015 https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/03/19/ eclipse-solar-20-de-marco-de-2015/

30 André Comiran Tonon A língua que se fala

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/03/26/ a-lingua-que-se-fala/

2015

31 Carlos Augusto Ilgenfritz, Luísa Klaus Pilz

32 Regina Margis

33 Betina Martau

2015: o ano internacional da luz https://seucorposeutempo.wordpress. com/2015/03/18/2015-o-ano-internacional-da-luz/

Dia Mundial do Sono – 13 de Março de 2015 https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/03/13/ dia-mundial-do-sono-13-de-marco-de-2015/

2015

2015

34 Leandro Pizutti

Como arquitetos podem contribuir na regulação cronobiológica das pessoas https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/03/09/ como-arquitetos-podem-contribuir-para-manter-aregulacao-cronobiologica-das-pessoas/

Ritmos e depressão

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2015/02/20/ ritmos-e-depressao/

2015

2015

2015

2015

2015

141 PARTE V

ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

BLOG: SEU CORPO, SEU TEMPO - PUBLICAÇÕES

Autores Referência Ano

44 Carlos Augusto Ilgenfritz

Ritmos, relógios e o meu biológico circadiano https://seucorposeutempo.wordpress.com/2014/10/24/ ritmos-relogios-e-o-meu-biologico-circadiano/

45 Luísa Klaus Pilz

Till Roenneberg e o MCTQ - Questionário de Cronotipos de Munique

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2014/10/22/ till-roenneberg-e-o-mctq-questionario-de-cronotipos-demunique/

2014

46 Luísa Klaus Pilz

Por que alguns amam e outros odeiam o horário de verão?

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2014/10/08/ por-que-alguns-amam-e-outros-odeiam-o-horario-deverao/

47 Luísa Klaus Pilz

Laboratório de Cronobiologia na XVII Jornada Sul-RioGrandense de Psiquiatria

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2014/10/04/ laboratorio-de-cronobiologia-na-xvii-jornada-sul-riograndense-de-psiquiatria/

2014

48 -

Claro escuro na arte e na Psiquiatria

https://seucorposeutempo.wordpress.com/2014/09/25/ cronodica-claro-e-escuro-na-arte-e-na-psiquiatria/

2014

49 Luísa Klaus Pilz

Sobre o seu tempo interno e o que são cronotipos https://seucorposeutempo.wordpress.com/2014/09/16/ sobre-o-seu-tempo-interno-e-o-que-sao-cronotipos-2/

2014

2014

2014

Participamos e organizamos frequentemente eventos de extensão, como por exemplo, a Semana do Cérebro da UFRGS, atividade ligada à Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), que promove a divulgação de conhecimentos vinculados à Neurociência, abordando temas relacionados a Cronobiologia e Sono por meio de palestras e atividades interativas. Além disso, em 2020, integramos a Comissão Organizadora da II Jornada do Laboratório do Sono do HCPA, evento dividido em painéis para profissionais da saúde, funcionários do hospital e também abertos à comunidade externa.

143 PARTE
V

Resultados do nosso estudo em comunidades quilombolas, publicado em 2018, foram “traduzidos” em um texto para o público geral por jornalista da Revista Saúde (Quilombolas dão pistas valiosas de como a eletricidade mexe com o sono – disponível em: https://saude.abril.com.br/blog/tunel-do-tempo/ quilombolas-dao-pistas-valiosas-de-como-a-eletricidade-mexe-com-o-sono/#). Além disso, acreditamos na importância da comunicação responsável com a mídia quando nos solicitam informações.

PARTICIPAÇÕES NA MÍDIA

Nº Participantes

1 Melissa A. B. de Oliveira

2 Luísa K. Pilz

3 Luísa K. Pilz

4 Luísa K. Pilz

5 Maria Paz Hidalgo

Descrição

Entrevista sobre horário de verão para o Jornal Correio do Povo

https://www.correiodopovo.com.br/Noticias/ Geral/2018/11/665321/Horario-de-Verao-pode-provocaralteracoes-de-sono-e-humor?fbclid=IwAR3SJ00vBVINySF2 1Nj8P3dT3hSRl6YyBuaBXiw0BrHOVy60wSGuVuvjKBQ

Entrevista sobre horário de verão para a ZH https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/ noticia/2018/10/horario-de-verao-vejacomo-reduzir-os-efeitos-da-mudanca-dorelogio-cjnun367m09f501piwhqj2mor. html?fbclid=IwAR1hZp1H7BI3H_VGSajLFJnP2hHlBwr3IEH bi64j70Ii8OswCG6-JhKPsQo

Entrevista para matéria sobre o estudo Quilombo (blog Túnel do Tempo - Editora Abril)

https://saude.abril.com.br/blog/tunel-do-tempo/ quilombolas-dao-pistas-valiosas-de-como-a-eletricidademexe-com-o-sono/

Entrevista sobre iluminação para a Revista Saúde https://saude.abril.com.br/medicina/conheca-alampada-que-respeita-o-relogio-biologico/

Entrevista para a revista Grandes Empresas & Pequenos Negócios

https://revistapegn.globo.com/Startups/ noticia/2018/05/empresa-do-rs-chama-atencao-daalemanha-com-lampada-inovadora.html

Ano

2018

2018

2018

2018

2018

Memorial
144
Maria Paz Loayza Hidalgo

- Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

PARTICIPAÇÕES NA MÍDIA

Nº Participantes Descrição Ano

6 Maria Paz Hidalgo Entrevista sobre o Nobel de Medicina/Fisiologia para UFRGS Ciência

http://www.ufrgs.br/secom/ciencia/nobel-de-medicinajoga-uma-luz-sobre-problemas-da-modernidade/

2017

7

2017

8 Maria Paz Hidalgo, Melissa A. B. Oliveira, Juliana Castilhos, Raul Fabris

Influência da Luz Artificial no bem-estar da saúde do ser humano. Entrevista Rádio Caxias. 2016

9 Maria Paz Hidalgo Entrevista para Luxion Iluminação

https://www.youtube.com/watch?v=vSmi_-eIams

2016

Desenvolvimento de novas estratégias de diagnóstico, prevenção e tratamento da

depressão

Nossos dados vêm sugerindo que desalinhamento circadiano e baixa exposição à luz durante o dia estão associados a sintomas depressivos clinicamente significativos. Os primeiros resultados indicam o potencial de estratégias que minimizem o desalinhamento de ritmos biológicos (jet lag social) e a exposição à luz insuficiente.

Além disso, estudamos marcadores cronobiológicos que possam ser utilizados no diagnóstico e caracterização de pacientes. A partir de nossos resultados, esperamos que novas estratégias em diagnóstico, prevenção e tratamento de transtornos de humor possam ser desenvolvidos.

Nos últimos anos, contribuímos com revisões, protocolos e material para ser divulgado à população com importante impacto social como, por exemplo:

Tonon AC, Pilz LK, Markus RP, Hidalgo MP, Elisabetsky E. Melatonin and depression: A translational perspective from animal models to clinical studies. Front Psychiatry. 2021;12:638981. doi: 10.3389/fpsyt.2021.638981. eCollection 2021. Review. PubMed PMID: 33897495.

145 PARTE
V ATEMPORAL
André Comiran Tonon e Alicia Carissimi Entrevista RBS TV sobre horário de verão

Murray G, Gottlieb J, Hidalgo MP, Etain B, Ritter P, Skene DJ, Garbazza C, Bullock B, Merikangas K, Zipunnikov V, Shou H, Gonzalez R, Scott J, Geoffroy PA, Frey BN. Measuring circadian function in bipolar disorders: Empirical and conceptual review of physiological, actigraphic, and self-report approaches. Bipolar Disord. 2020 Nov;22(7):693-710. doi: 10.1111/bdi.12963. Epub 2020 Jul 5. PMID: 32564457.

Durante a pandemia, desenvolvemos uma série de materiais que foram disponibilizados para diversos setores da sociedade. Esse trabalho de revisão das recomendações durante o período de distanciamento social resultou na construção de um material em PDF disponível na mídia social e na rede de saúde. Além disso, foi desenvolvido um aplicativo para android com esse material.

Pilz LK, Couto Pereira NS, Francisco AP, Carissimi A, Constantino DB, Caus LB, Abreu ACO, Amando GR, Bonatto FS, Carvalho PVV, Cipolla-Neto J, Harb A, Lazzarotto G, Marafiga JR, Minuzzi L, Montagner F, Nishino FA, Oliveira MAB, Dos Santos BGT, Steibel EG, Tavares PS, Tonon AC, Xavier NB, Zanona QK, Amaral FG, Calcagnotto ME, Frey BN, Hidalgo MP, Idiart M, Russomano T. Effective recommendations towards healthy routines to preserve mental health during the COVID-19 pandemic. Braz J Psychiatry. 2022 Mar 7:S151644462022005003201. doi: 10.1590/1516-4446-2021-2109. Epub ahead of print. PMID: 35262615.

146
Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

Prêmios e destaques

Quanto a premiações e reconhecimentos nacionais e internacionais, o primeiro deles foi em 2013 recebido pela Profa. Ana Harb, na época aluna de doutorado.

O prêmio foi importante pelo reconhecimento pela comunidade científica da área de Cronobiologia. Porém o trabalho árduo realizado pelos alunos do Laboratório tem recebido reconhecimento local, nacional e internacional. A seguir cito alguns dos prêmios ganhos pelo Laboratório.

2019

• Destaque XIV Salão UFRGS. Jovem - a relação do comportamento aditivo a jogos com BDNF, sintomas depressivos e qualidade de sono em adolescentes (Trabalho apresentado???? Luana Lima Aniola). Seria desta forma?

• Destaque SIC. XXXI Salão de Iniciação Científica da UFRGS. Relação entre ritmos de humor e a resposta ao tratamento farmacológico do transtorno de humor depressivo (Trabalho apresentado por Ana Carolina Abreu).

• Menção honrosa. XXXIV Reunião Anual da FeSBE. What is “Time” for Brazilians? Age and chronotype relate to different conceptualizations of Time (Trabalho apresentado por Victor Hugo Fros Boni).

147 PARTE
V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

• Menção honrosa. XXXIV Reunião Anual da FeSBE, 2019. Development and testing of a mechanized apparatus for rodent models of chronic sleep deprivation. Tonon AC, Rossi AC, Sanches PRS, Cioato MJG, Garcez TNA, Campagnol D, Souza DOG, Hidalgo MPL. Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciências do Comportamento – UFRGS, Laboratório de Cronobiologia e Sono – HCPA, Laboratório de Engenharia Biomédica – HCPA, Unidade de Experimentação Animal – HCPA, Departamento de Bioquímica – UFRGS (Trabalho apresentado por André Comiran Tonon).

• Bolsista Jovem Pesquisador. Brain, behavior and emotions 2019. Entraining effects of variations in light spectral composition on the rest-activity rhythm of a nocturnal rodent (Trabalho apresentado por Marina Scop Medeiros). É isto mesmo?

2018

• Travel award to attend Timelines in Biology (trabalho apresentado por Luisa Pilz): From a Solo Recital to a Full Orchestra, Weizmann Institute of Science – Israel. Apresentação oral: Sleep in communities at different levels of electrification and urbanization.

• Destaque SIC. XXX Salão de Iniciação Científica da UFRGS. Avaliação dos efeitos agudos e crônico de antidepressivos na 6-sulfatoximelatonina urinária em ratos Wistar (Trabalho apresentado por Juliana J. Freitas).

2017

• Carl Storm International Diversity (CSID) Award to attend the 2018 Sleep Regulation and Function GRC, Trabalho apresentado por Luisa Pilz) Gordon Research Conferences. Human sleep and activity in quilombolas communities at different levels of electrification and urbanisation.

• Trabalho destaque. XXIX Salão de Iniciação Científica. Estudo do processo evolutivo do sono em ambientes de luz natural e artificial, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Trabalho apresentado por Débora Constantino).

• Destaque com indicação ao prêmio na modalidade Apresentação oral e poster, reapresentado na sessão especial Ciências da Saúde. XXIX Salão de Iniciação Científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Cronobiologia e depressão: perspectivas no diagnóstico e no tratamento dos transtornos de humor (Trabalho apresentado por André Comiran Tonon).

• 69a Reunião Anual da SBPC. Efeitos da melatonina e exposição a diferentes ciclos de claro/escuro em um modelo animal de carcinogênese (Trabalho apresentado por Victor Hugo Fros Boni).

• Melhor E-Pôster do dia. 37a Semana Científica do Hospital de Clínicas. Pesquisa: crise e resiliência. Atividade motora e exposição à luz noturna: marcadores objetivos de depressão melancólica e não melancólica medidos por actigrafia (Trabalho apresentado por Marina Scop Medeiros).

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Memorial

2016

• Aluno Jovem Pesquisador SIC XXVIII. Estudo da associação entre exposição à luz, sono e depressão em comunidades quilombolas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Trabalho apresentado por Valdomiro Machado).

• Prêmio Sony Santos. I Simpósio Internacional de Saúde da População Negra. Prevalência de hipertensão arterial sistêmica em comunidades quilombolas. Prefeitura Municipal de Porto Alegre, UFRGS, CONASEMS, ONU AMERICAS, UNFPA, OPAS, ONU MULHERES, MS, 2016 (Trabalho apresentado por Valdomiro Machado).

• Destaque na modalidade Apresentação oral e poster. XXVIII Salão de Iniciação Científica da UFRGS. Avaliação do efeito da iluminação nos ritmos biológicos de ratos Wistar (Trabalho apresentado por André Comiran Tonon).

• Menção honrosa na modalidade Apresentação oral e vídeo. Salão UFRGS 2016: Feira de Inovação Tecnológica da UFRGS – FINOVA. Resgatando o escuro: a luz ao encontro da fisiologia (Trabalho apresentado por André Comiran Tonon).

• Menção honrosa. XXXI Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental - FeSBE, Federação de Sociedades de Biologia Experimental - FeSBE, Ciências de Animais de Laboratório. Biological adaptability under seasonal variation of light/dark cycle (Trabalho apresentado por André Comiran Tonon).

2015

• Trabalho destaque. XXVII Salão de Iniciação Científica. Estudo do efeito do estresse e do fotoperíodo sobre ritmos de temperatura central e de atividade e repouso), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Trabalho apresentado por Juliana Beauvalet).

2014

• Prêmio Luís Guedes de Psiquiatria. Centro de Estudos Luis Guedes (Trabalho apresentado por Betina Martau).

2013

• Jovens Pesquisadores. XXV SIC. Late chronotype but not social jetlag is associated with depression among adolescents (Conheça os Jovens Pesquisadores do XXV SIC – Pró-Reitoria de Pesquisa – UFRGS) (Trabalho apresentado por Francine Harb Corrêa).

149 PARTE
V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

• Destaque. XXV Salão de Iniciação Científica UFRGS. Late chronotype but not social jetlag is associated with depression among adolescents. (Trabalho apresentado por Francine Harb Corrêa).

Atemporalidade no futuro

Cronobiologia translacional: a aplicação da Cronobiologia à área da saúde

Venho desenvolvendo, de forma mais clara, a ideia da translação dos resultados dos estudos experimentais e das ferramentas desenvolvidas para o estudo de séries temporais, desde 2009. No primeiro Gordon Meeting, dividi a coordenação da sessão sobre Cronobiologia Translacional com Till. Muitas das ferramentas, aprendidas e elaboradas por nós, as usamos nos estudos epidemiológicos nos quais encontramos pequenos efeitos avaliando grandes populações. Portanto, algumas condições clínicas passam a chamar a atenção por serem situações com grande potencial de ocorrência do misalignment/cronodisrupção/alterações de ritmo. Dentre tais condições, na Psiquiatria, estão os transtornos de humor.

Um dos conceitos que surgem ao falarmos de translação é o termo Cronomedicina ou Medicina Circadiana.

Chronomedicine may be conceptualized as dealing with the prevention, causation, diagnosis, and treatment of diseases in humans with a particular focus on the role “time” [Greek: chrónos] plays in our physiology, endocrinology, metabolism and behavior at many organizational levels. (Thomas Erren, Neuroendocrinol Lett 2012; 33(4):357–360)

Tanto Cronomedicina como Medicina Circadiana são termos que me parecem bastante limitados, preferiria manter o título mais longo: Cronobiologia Aplicada à Área da Saúde. Isso me parece respeitar o histórico do Laboratório que tem mantido sua característica transdisciplinar desde o início da formação.

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Memorial

Metabolismo

A especialidade médica na qual fica evidente a importância do estudo dos ritmos é a Endocrinologia, uma vez que todos os hormônios apresentam uma ritmicidade biológica. Portanto era óbvio que um Laboratório de Cronobiologia levantasse hipóteses relacionadas ao metabolismo humano, mesmo que o nosso foco fosse o comportamento.

Isso, em parte, explica a aproximação com a área de Nutrição. Dessa forma, uma de nossas primeiras revisões foi sobre como o trabalho noturno poderia estar relacionado com o ganho de peso devido ao efeito da cronodisrupção. Essa reflexão foi publicada no artigo:

Antunes LC, Levandovski R, Dantas G, Caumo W, Hidalgo MP. Obesity and shift work: chronobiological aspects. Nutr Res Rev. 2010 Jun;23(1):155-68. doi: 10.1017/S0954422410000016. Epub 2010 Feb 2. Review. PubMed PMID: 20122305.

A partir dessa revisão, vimos haver muitos hiatos que poderiam ser compreendidos se incluíssemos na equação o sistema temporizador. Assim, em um primeiro momento, como tínhamos clareza de que o cronotipo está ligado a sintomas depressivos, decidimos que poderíamos aprofundar o estudo dessa relação adicionando a obesidade:

Antunes LC, Jornada MN, Ramalho L, Hidalgo MP. Correlation of shift work and waist circumference, body mass index, chronotype and depressive symptoms. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2010 Oct;54(7):652-6. doi: 10.1590/s0004-27302010000700010. PubMed PMID: 21085771.

Ficamos entusiasmados com os resultados, parecia que poderíamos compreender a complexidade dos diversos comportamentos relacionados à forma como alocamos nosso sono, e isso nos levou a pensar que o modelo de comedor noturno poderia nos dar pistas de como abordar os diferentes comportamentos ultradianos e circadianos. Assim chegamos à síndrome do comer noturno:

Harb A, Levandovski R, Oliveira C, Caumo W, Allison KC, Stunkard A, Hidalgo MP. Night eating patterns and chronotypes: a correlation with binge eating behaviors. Psychiatry Res. 2012 Dec 30;200(2-3):489-93. doi: 10.1016/j.psychres.2012.07.004. Epub 2012 Aug 18. PubMed PMID: 22906954.

Diferentemente de outros grupos, vimos que a síndrome do comer noturno não se limitava ao fato de ingerir comida durante a noite, mas a uma série de sintomas.

Foi assim que o modelo de alimentação por sonda poderia responder à pergunta sobre os horários de ingestão, ou melhor, a frequência de ingestão e como ela poderia modificar algumas variáveis cronobiológicas. Esse estudo foi a Dissertação de Mestrado de Marilene Leuck, tendo os resultados sido publicados no artigo:

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ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Leuck M, Levandovski R, Harb A, Quiles C, Hidalgo MP. Circadian rhythm of energy expenditure and oxygen consumption. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2014 Feb;38(2):263-8. doi: 10.1177/0148607113482331. Epub 2013 Apr 18. PubMed PMID: 23599248.

TTodos esses resultados nos fizeram procurar auxílio em grupos que estudam o metabolismo e os ritmos biológicos. Foi assim que iniciamos a colaboração com a Profa. Carolina Escobar, da qual resultou a tese da pesquisadora Leticia Ramalho. Mas o primeiro passo era estabelecer um modelo e ter domínio do modelo escolhido. O trabalho foi publicado no artigo:

Ramalho L, da Jornada MN, Antunes LC, Hidalgo MP. Metabolic disturbances due to a high-fat diet in a noninsulin-resistant animal model. Nutr Diabetes. 2017 Mar 13;7(3):e245. doi: 10.1038/nutd.2016.47. PubMed PMID: 28287629; PubMed Central PMCID: PMC5380888.

Portanto, no Laboratório, acabamos desenvolvendo modelos experimentais, estudos clínicos e estudos epidemiológicos em que tentamos compreender o efeito de alterações do ritmo biológico em condições de saúde-doença. São ainda exemplo desse esforço os artigos abaixo:

Carissimi A, Adan A, Tonetti L, Fabbri M, Hidalgo MP, Levandovski R, Natale V, Martoni M. Physical selfefficacy is associated to body mass index in schoolchildren. J Pediatr (Rio J). 2017 Jan-Feb;93(1):64-69. doi: 10.1016/j.jped.2016.04.011. Epub 2016 Oct 3. PubMed PMID: 27712961.

Carvalho FG, Cunha AMD, Tonon AC, Pereira FDS, Matte U, Callegari-Jacques SM, Hidalgo MP. Poor sleep quality associates with self-reported psychiatric and cardiometabolic symptoms independently of sleep timing patterns in a large sample of rural and urban workers. J Sleep Res. 2020 Oct;29(5):e12969. doi: 10.1111/jsr.12969.

Constantino DB, Xavier NB, Levandovski R, Roenneberg T, Hidalgo MP, Pilz LK. Relationship between circadian strain, light exposure, and body mass index in rural and urban quilombola communities. Front Physiol. 2021;12:773969. doi: 10.3389/fphys.2021.773969. eCollection 2021.

Constantino DB, Tonon AC, de Oliveira MAB, Amando GR, Freitas JJ, Xavier NB, Ribeiro RJ, Idiart M, Hidalgo MPL. Effects of lighting patterns in pubertal development and metabolism of female wistar rats. Physiol Behav. 2022 Jan 1;243:113641. doi: 10.1016/j.physbeh.2021.113641.

Translação à Psiquiatria

Diversos são os estudos aplicados à área da Psiquiatria. Mas aqui vou salientar dois deles: um liderado por André Comiran Tonon e outro por Nicoli Xavier. Ambos os trabalhos sintetizam uma gama de ferramentas que foram testadas como preditores de resposta ou como auxiliar no diagnóstico de transtorno de humor tipo depressivo.

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

O estudo, que faz parte da tese de André Comiran Tonon (recebeu o prêmio de melhor tese pelo Centro de Estudos Luís Guedes, em 2022), é fruto da colaboração com o Prof. Christian Kieling e foi publicado na Sleep, no corrente ano:

Tonon AC, Constantino DB, Amando GR, Abreu AC, Francisco AP, de Oliveira MAB, Pilz LK, Xavier NB, Rohrsetzer F, Souza L, Piccin J, Caye A, Petresco S, Manfro PH, Pereira R, Martini T, Kohrt BA, Fisher HL, Mondelli V, Kieling C, Hidalgo MPL. Sleep disturbances, circadian activity and nocturnal light exposure characterize high risk for and current depression in adolescence. Sleep. 2022 May 6;. doi: 10.1093/sleep/zsac104.

Já o estudo que faz parte da tese de Nicoli Xavier foi uma colaboração entre três Laboratórios (o nosso, o da Profa. Regina Markus e o do Prof. Benicio Frey). Nele testamos se a 6-sulfatoximelatonina pode ser um marcador de resposta ao antidepressivo para uso em larga escala e também se algum dos parâmetros da actigrafia poderia indicar uma melhor resposta a tratamento e, ainda, se algum comportamento relacionado ao sono se modifica com a melhora. Nossos resultados apontaram novamente que a exposição à luz natural no turno da manhã e ter atividade no período do dia são indicadores de melhor resposta a antidepressivos.

Em algumas questões já avançamos. Conseguimos ter instrumentos e protocolos de coleta, de leitura e análise dos dados em séries temporais nos estudos experimentais, clínicos e epidemiológicos. Fazemos parte de uma rede de colaboração com expertises que se complementam e com colegas que são críticos e contribuem de forma a que o trabalho seja revisado em detalhe antes de ser divulgado. Porém, nesse tópico, ainda existem diversos pontos em aberto, dos quais alguns são foco do Laboratório. Existem fenótipos cronobiológicos associados aos diferentes diagnósticos psiquiátricos? Podemos falar de cronomarcadores de prognóstico e de resposta a tratamento? A partir de respostas às duas perguntas, poderíamos pensar em prevenção e tratamento baseados no manejo de cronovariaveis?

Abaixo listo algumas produções que têm como desfecho primário sintomas, transtornos psiquiátricos e comportamentos tipo-depressivo:

Murray G, Gottlieb J, Hidalgo MP, Etain B, Ritter P, Skene DJ, Garbazza C, Bullock B, Merikangas K, Zipunnikov V, Shou H, Gonzalez R, Scott J, Geoffroy PA, Frey BN. Measuring circadian function in bipolar disorders: Empirical and conceptual review of physiological, actigraphic, and self-report approaches. Bipolar Disord. 2020 Nov;22(7):693-710. doi: 10.1111/bdi.12963.

Tonon AC, Carissimi A, Schimitt RL, de Lima LS, Pereira FDS, Hidalgo MP. How do stress, sleep quality, and chronotype associate with clinically significant depressive symptoms? A study of young male military recruits in compulsory service. Braz J Psychiatry. 2020 Jan-Feb;42(1):54-62. doi: 10.1590/1516-4446-2018-0286.

Beauvalet JC, Pilz LK, Hidalgo MPL, Elisabetsky E. Is chronodisruption a vulnerability factor to stress?. Behav Brain Res. 2019 Feb 1;359:333-341. doi: 10.1016/j.bbr.2018.11.016.

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PARTE

Pilz LK, Carissimi A, Oliveira MAB, Francisco AP, Fabris RC, Medeiros MS, Scop M, Frey BN, Adan A, Hidalgo MP. Rhythmicity of Mood Symptoms in Individuals at Risk for Psychiatric Disorders. Sci Rep. 2018 Jul 30;8(1):11402. doi: 10.1038/s41598-018-29348-z.

Tonon AC, Fuchs DFP, Barbosa Gomes W, Levandovski R, Pio de Almeida Fleck M, Hidalgo MPL, da Silva Alencastro L. Nocturnal motor activity and light exposure: Objective actigraphy-based marks of melancholic and non-melancholic depressive disorder. Brief report. Psychiatry Res. 2017 Dec;258:587-590. doi: 10.1016/j.psychres.2017.08.025.

Krawczak EM, Minuzzi L, Hidalgo MP, Frey BN. Do changes in subjective sleep and biological rhythms predict worsening in postpartum depressive symptoms? A prospective study across the perinatal period. Arch Womens Ment Health. 2016 Aug;19(4):591-8. doi: 10.1007/s00737-016-0612-x.

Krawczak EM, Minuzzi L, Simpson W, Hidalgo MP, Frey BN. Sleep, daily activity rhythms and postpartum mood: A longitudinal study across the perinatal period. Chronobiol Int. 2016;33(7):791-801. doi: 10.3109/07420528.2016.1167077.

Ávila Moraes C, Cambras T, Diez-Noguera A, Schimitt R, Dantas G, Levandovski R, Hidalgo MP. A new chronobiological approach to discriminate between acute and chronic depression using peripheral temperature, rest-activity, and light exposure parameters. BMC Psychiatry. 2013 Mar 9;13:77. doi: 10.1186/1471-244X-13-77.

Vieira WS, Hidalgo MP, Torres Ida S, Caumo W. Biological rhythms of spinal-epidural labor analgesia. Chronobiol Int. 2010 Jun;27(4):865-78. doi: 10.3109/07420521003721914. (estudo relacionado ao desfecho da dor)

Hidalgo MP, Caumo W. Sleep disturbances associated with minor psychiatric disorders in medical students. Neurol Sci. 2002 Apr;23(1):35-9. doi: 10.1007/s100720200021.

Nas classificações como DSM e CID, a disrupção circadiana é incluída nas classificações de transtornos dos ritmos circadianos e nos transtornos de sono como insônia. Já o NIH apresenta uma alternativa via RDoc de incluir as alterações de ritmos na matriz que possa vir a explicar o desenvolvimento de situações patológicas.

No Laboratório, os resultados têm nos levado a pensar na interconexão dos sistemas e no fenômeno de misalignment/cronodisrupção como uma situação de base que obriga o organismo a se adequar e isto pode provocar alterações metabólicas, imunológicas, neuronais com expressão no comportamento. Também vimos que os diferentes parâmetros cronobiológicos estão associados aos diferentes estágios do diagnóstico de depressão, mostrando como o sistema temporizador deve ser compreendido, considerando a gravidade e o tempo da condição.

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Memorial
Maria Paz Loayza Hidalgo

PARTE V ATEMPORAL - Senioridade, Reconhecimento e Referência Internacional

Conclusão

Este memorial que apresento aqui é fruto de um trabalho de muitos. Só é possível construir uma linha de pesquisa, formar um Laboratório, manter o pioneirismo na área com muito trabalho de muitos, que se apaixonam por aprender. Atingindo uma maturidade científica, é possível pensar no futuro com mais tranquilidade e considerar uma agenda que inclua a consolidação do trabalho em rede, contribuindo de forma ativa com outros Laboratórios nacionais e internacionais, desenvolvendo conceitos importantes que ainda merecem atenção como zeitgeber social. Em uma era em que o Big data limitou o poder do p value, a Cronomedicina é algo em que temos muita facilidade em transitar e que, atualmente, se torna possível incluir o estudo da influência das diferentes culturas no comportamento humano.

Construindo uma rede, podemos pensar no ensino de uma forma mais flexível que permita criar um ambiente amigável e propício para o aprendizado e desenvolvimento do pensamento criativo e crítico.

Aprendemos que todo este trabalho científico, de ensino e de extensão universitária pode servir de base para que a sociedade possa ser inclusiva e o Estado possa ter políticas públicas comprometidas com a saúde como um direito humano.

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Anexos

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Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

ANEXOS

Esta seção foi mencionada no decorrer do memorial e é uma dedicatória à família, aos amigos e ao Laboratório.

Agradeço à Laura pelo estímulo e correção nas oficinas de literatura.

Anexo – A casa

Maria observa a calçada. De sua janela pode se ver um ipê amarelo e o pátio da frente onde plantou uma pitangueira e uma série de jasmins. Suspira com orgulho do seu escritório, o sótão de sua casa. Olha para os livros que a acompanham desde menina. Todos os seus discos estão ordenadamente classificados por ano. Olha para os pôsteres e relembra dos velhos tempos em que queria mudar o mundo. Aqueles tempos em que conheceu seu marido. Ambos queriam conhecer o mundo.

Desejavam visitar a Muralha da China, sentir o frio da Rússia, ver os azulejos portugueses, os mosaicos espanhóis, os mercados turcos... Viajar sem limites. Queriam visitar as diferentes formas que o ser humano tinha encontrado para viver.

Maria era estudante de Sociologia, magra, cabelos escuros e longos, olhos negros e vivazes. João cursava Direito.

Eles se conheceram no movimento estudantil. Participavam de duas tendências de esquerda diferentes, mas do mesmo partido. Foram às passeatas das Diretas Já e do Impeachment do Collor. Fizeram campanha para o mesmo Presidente, mesmo Governador, mesmo Prefeito, mesmo Senador. Ambos queriam mudar o mundo!

Terminaram a faculdade.

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Começaram a morar juntos. Não casaram, pois casamento era um ritual pequeno-burguês. Juntaram o que tinham em um apartamento de 65 metros quadrados. O quarto de empregada era o escritório. Lá Maria colocou todos os seus pôsteres de Che Guevara, congressos feministas e manifestações contra a ditadura. Fizeram uma prateleira que ia do chão ao teto para os livros e discos de vinil, do samba de raiz a Brahms, passado por Ella Fitzgerald.

Maria fez concurso público, e João foi convidado pelo Partido a assumir a Promotoria do Estado. O país estava mudando, os cargos públicos não eram mais assumidos por generais, coronéis e sargentos, passavam a ser ocupados por gente como a gente. O partido cresceu, e, com ele o cargo de João.

Já poderiam agora realizar um sonho: construir uma casa, sua casa.

Passeavam pela cidade com outros olhos, procurando uma casa. Viram uma, mas o que interessou foi o terreno. Compraram o terreno em um bairro de classe média alta. Demoliram a casa de madeira que fora habitada por uma família negra cujo avô tinha sido escravo alforriado.

Contrataram o arquiteto.

Na primeira reunião com o arquiteto, João e Maria sabiam muito bem o que queriam: uma casa simples com três quartos, dois banheiros, uma cozinha, um escritório e um jardim.

Na segunda reunião, suas necessidades aumentaram. Perceberam que era importante ampliar o espaço privado do casal e, para isso, seria necessário construir mais um andar.

No térreo ficariam a cozinha, um banheiro social e uma sala de estar. Como na região em que viviam o inverno era frio, a sala poderia ter uma lareira. No andar de cima ficariam a suíte do casal e outros dois quartos. Mas, para ter privacidade mesmo, cada quarto teria seu banheiro. E por que não uma sala de TV onde casal e filhos pudessem se reunir independentemente da sala de estar do andar térreo onde receberiam os amigos? A sala de cima para a família e a de baixo para os amigos.

Em um novo encontro, perceberam que seriam necessários uma sala de música e um espaço maior para os livros. Portanto, resolveram construir um sótão onde seria o escritório dos dois e uma biblioteca onde poderiam ficar os romances, livros de poesia de Mistral a Neruda, os livros técnicos de João e os ensaios de Maria. A sala de música poderia ficar no primeiro andar junto com a sala de estar. Ali ficariam o violão de Maria, suas flautas e por que não o piano para o futuro herdeiro ir praticando?

Nas reuniões seguintes, novas necessidades eram criadas. Com o arquiteto agregaram ao projeto as garagens para quatro carros, uma churrasqueira que agradou a João e, claro, uma adega para os vinhos. A essas alturas já eram 4 andares.

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ANEXOS

Na última reunião foi a vez dos vegetais: a sala precisava de uma vista, portanto a melhor solução era fazer um jardim de inverno. Maria já sonhava com seus jasmins. No pátio, uma piscina; um espaço com areia que seria a festa do futuro herdeiro. Mas, como o arquiteto não entendia de flores, foi necessário buscar uma especialista em jardinagem. Por isso contrataram uma profissional capaz de organizar, de uma forma supernatural e despojada, os desejos de Maria. Ela queria ter todos os tipos de jasmins, uma parreira, uma laranjeira, uma camélia. No jardim de inverno, cultivariam os maracujás, uma granada, trepadeiras e uma pequena horta de chás naturais. No pequeno jardim em frente da casa, mais jasmins, flores para atrair borboletas e uma pitangueira. E na rua, um ipê amarelo.

Maria insistiu que a fachada não deveria chamar a atenção, o que fez com que o arquiteto ficasse decepcionado, uma fachada simples que não propagandeasse quão magnífica seria sua obra!

Apesar de parecer simples por fora, para os transeuntes, devido ao bairro e por ser uma casa grande, seria fundamental um projeto de segurança.

O especialista em segurança sugeriu a cerca elétrica com seis fios e não quatro, pois com quatro o assaltante enrola uma toalha nos fios e consegue entrar. Instalariam câmeras internas para controlar o trabalho da futura babá, câmara no jardim dos fundos, câmaras na entrada. Alarme com um sistema que poderia ser monitorado pelo celular e com senha e contrassenha. E, por fim, uma porta semelhante às usadas nos cofres que separasse o andar da sala do andar dos quartos para proteger o sono dos moradores.

Ao iniciar a obra, o arquiteto percebeu que o terreno era muito profundo, seria necessário aterrar. Contra os princípios de Maria, seria necessário derrubar a árvore que fora plantada pelo avô da família à qual pertencia o terreno.

Após orçar a quantidade de terra, o arquiteto sugeriu que o melhor seria construir uma laje. Poderiam deixar um quarto subterrâneo. Maria achou a ideia perfeita, pois seria muito útil se houvesse algum golpe militar e precisassem se refugiar ou esconder algum amigo. O alçapão ficaria nos fundos do pátio, perto da parreira e da caixa de areia. Para disfarçar o alçapão, fizeram uma ponte que ligava a piscina à caixa de areia, assim deixariam o quarto do subsolo para refugiados mais seguro.

A construção demorou cinco anos, a cada ano um financiamento a mais. Estavam com o orçamento comprometido por 20 anos. Acabaram comprando uns azulejos portugueses na Carlos Chagas; no shopping center, uns tapetes persas vindos direto da Turquia; para decorar, bonecas russas.

A situação política do país estava cada vez mais complicada, o Partido tinha assumido todos os níveis de poder. João crescia junto com o Partido, mas o medo de ser infeliz aumentava. Maria tinha se tornado uma excelente funcionária pública, mas seu salário era limitado. O que garantia a manutenção

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da casa era o trabalho de João, que agora era assessor do Presidente. João voltava cada dia mais triste e mais tenso.

A casa foi terminada, e agora era necessário trabalhar para pagar os financiamentos e a manutenção do lar.

João não concordava com as alianças que o Partido fizera para chegar e se manter no poder. Mas não podia mais sair, toda sua vida tinha trabalhado para o Partido. O Partido era seu empregador. Há muito tempo parara de ler filosofia, para lidar com a burocracia do Estado.

Agora, aos 40 anos, sua diversão era assistir ao jogo, fazer o churrasco do domingo, o que justificava as cervejas abertas.

Maria nunca aproveitou a adega e, como a casa era grande, muitas vezes preferia se comunicar com João pelo Skype. Cada um tinha dois andares para morar. Mesmo com poucos encontros, tiveram um filho. Maria o levaria na creche do bairro e depois o matriculariam no colégio que também ficava perto de casa. João foi informado de que a escola era muito bem frequentada pelas outras crianças do bairro e preparava para o vestibular. Tudo estava perto, todos os seres humanos viviam ali. Não havia fronteiras, o universo era o bairro. Construíram um mundo e dele já não precisavam mais sair para viver.

O ipê amarelo florescia do lado de fora da casa.

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Anexo – Amor incondicional: a Muna

Quando penso em amor incondicional, imediatamente penso em filho.

A vida segue. Uma lista de perguntas.

Ao terminar a faculdade as pessoas me perguntavam: Quando vais arranjar namorado?

Quando arranjei namorado, me perguntaram: quando vais casar?

Quando casei, me perguntaram: quando vais ter um filho?

Quando tive o primeiro filho, me perguntaram: quando vais dar uma irmãzinha?

Como já estava farta da sequência infindável de perguntas sobre meu ciclo de vida social, pensei duas vezes e cheguei à conclusão: não dá, irmãzinha seria impossível!

O problema era minha memória. Para algumas situações é boa demais! Não esqueci jamais as noites não dormidas. Pensando bem, a gravidez também não foi nada agradável: três meses de enjoo, três meses com espinhas e fome cavalar, três meses não conseguindo caminhar direito e, no fim, nem respirar bem!

Bom, tudo isso me levava a buscar outra solução para a próxima demanda social denominada “cadê a maninha”. A solução seria um pet! Assim meu filho teria seu cachorrinho e quando me dissessem: cadê o maninho? eu apontaria o pet: que fofo!

Mas não podia ser um pet qualquer. Todos sabem que detesto gatos (seres egoístas, egocêntricos e narcisistas com dificuldade de manter intimidade com os seres da mesma espécie). Nunca vi ninguém dizer “olha aquele grupo de gatos brincando”, ou “como aquele gato cuida de sua família”. Já cachorro é tudo de bom!

Como sempre tive cachorros pastores alemães, imediatamente me veio à cabeça adotar um deles. Mas fui fortemente incentivada a desistir da ideia. O pastor alemão, de tanto procriar na mesma família, estava com o mesmo problema da nobreza: doenças hereditárias. Sugeriram-me um boxer. Eles são carinhosos, gostam de criança, babam..., mas o que é uma babinha perto do afeto que podem intercambiar?

Assim, fui à busca de boxer, não podia ser branco, pois branco tem câncer de pele. Ao aguardar o boxer ideal, surgiu uma situação supertriste. Uma salsicha tinha tido filhotes e eles estavam à venda! Puxa, compra de animais!

Salsichinhas também gostam de criança, me falaram, e o cocô é menor. Uhmm cocô pequeno era um bom argumento para trocar um boxer por uma salsichinha.

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ANEXOS

Foi assim que comecei a entender o que é o amor incondicional. Meu filho se apaixonou por aquela salsichinha.

A salsicha era filha de dois nobres salsichões, ganhadores de inúmeras medalhas em desfiles de pets. Os humanos que venderam a salsichinha nos recomendaram fortemente colocá-la imediatamente em treino para desfiles. Mas, infelizmente, não éramos o tipo de humanos que colocam seus pets para desfiles e, assim, deixamos a salsichinha correr livremente pelos bosques (imagino que para ela o pátio da casa era uma floresta), dormir com meu filho quando bem entendesse e se expressar latindo para se fazer presente.

Os anos passaram, e meu filho e a salsichinha cresciam juntos.

O mau tempo da família chegou ao ápice na separação do casal de humanos. Eu e meu filho nos mudamos da casa de quatro andares para irmos morar no quarto andar de um edifício sem elevador. A salsichinha ficaria melhor na casa, sem dúvidas! Não, tudo errado! A salsichinha não comia mais, portanto a família passou a ser a SALSICHINHA, meu filho e eu. Por que a Salsichinha em letras maiúsculas? Porque ficou evidente que ela passou a exercer seu papel de fêmea alfa, responsável pela casa e pelo cuidado da família.

Ela facilmente trocou o bosque pelos tapetes. Todos os tapetes passaram a ter um odor cetônico um pouco forte. Sua expressão vocal passou a ser percebida por todos os humanos do edifício, o que motivou uma lista de assinaturas que questionava o direito do terceiro elemento tomar posse no seio familiar. Com isto meu filho teve sua primeira atuação política defendendo a permanência de nosso membro canino em assembleias, fazendo conchavos com outros humanos que mantêm relações com pets, o que inclui outros edifícios, uma vez que a vocalização de nossa canina atingia quadras do bairro. Tudo isto com muita chantagem emocional!

Nesse ínterim ocorreram alguns percalços. A Salsichinha tinha problemas de convívio social com seus semelhantes e com outros humanos. Nos passeios, ela não deixava ninguém se aproximar de nós e latia para todos os cachorros grandes, como se fosse uma dobermann. Com as crianças e cachorros pequenos não havia problema. Mas esta cidade tem uma quantidade enorme de humanos e de cachorros grandes. Meu filho e eu, que gostamos de passar despercebidos na rua, com a Salsichinha era impossível! Além disso, ela passou a brincar com nossos sapatos e celulares. Foi quando vi que meu filho amava aquele ser. Ao ver destruído seu celular, ele segurou a raiva, colocou a Salsichinha en su casa (seu quarto) e informou o castigo:

- Tu não vais passear durante uma semana, estás de castigo!

Ohhhh, nãããooo! Pensei eu. E agora como seria com o cocô, xixi e etc.? Pois, depois de garantida a permanência da Salsicha no edifício, ainda persistia o problema relacionado às suas necessidades básicas. Como explicar para aquele ser livre que seu quarto (su casa) era o banheiro social do apartamento e que ela deveria realizar suas necessidades de excreção ali? Foi quando lembrei a figura do adestrador.

162

ANEXOS

O primeiro me chegou e, depois de uma primeira avaliação, disse que não tinha horários. O segundo, depois de algumas aulas, informou que já tinha ensinado para ela tudo que ele sabia; o terceiro visitou nossa casa e nos entrevistou:

- Quando vocês decidiram ter uma canina?

- Vocês desejaram a canina?

- Vocês planejaram a canina?

- Vocês queriam a raça da canina?

Oh, oh, pensei eu: aí está o furo! Todo o complexo da Salsichinha tinha origem na minha indecisão entre um boxer e uma salsicha. Este era o motivo pelo qual ela tinha uma imagem distorcida de seu self e achava que era uma dobermann! No fim de tudo, a culpa pelos traumas da canina era minha!

Mas ainda bem que o adestrador não percebeu minha responsabilidade nos traumas da canina e disse que o problema maior era ela ser bilíngue. Sim, os comandos a que a Salsichinha respondia eram em espanhol e, portanto, ela não respondia muito bem aos comandos do adestrador brasileiro. Agora imaginem a situação: como contratar um adestrador bilíngue?

O adestrador também tinha nos informado que ela obedeceria às ordens daquele que lhe dá comida. Doce ilusão... era eu que dava a comida e ela nem aí pra mim. Ela só obedecia a meu filho que não lhe dá comida, não limpa su casa, não paga as contas! Ou seja, um amor completamente desvinculado de bens materiais ou da noção de quem mantém a vida neste apartamento. Assim, aprendemos a ser tolerantes com as limitações do terceiro elemento da família. Ela não tinha a noção de hierarquia familiar. Ela continua se preocupando com nossa segurança (como cão de guarda) e não sabe o que é propriedade privada (muitos sapatos e outros objetos foram parar em seus dentinhos).

Mas o mais comovente é ver meu filho passeando com aquele pingo de vida, contando seus segredos mais íntimos, dormindo agarrado e brigando para ter seu espaço respeitado pelo pequeno grande ser que habita nossas terras.

Eles têm uma cumplicidade protetora e fiel, para ela meu filho é único e vice-versa. A comunicação entre os dois é clara, sem jogos, apenas brincadeiras. Apesar de não ter pisado em um desfile como miss-canina, parece ter lido O Pequeno Príncipe e se identificado com a raposa que ama seu piloto perdido no deserto de afetos e fragmentos amorosos.

163

Anexo – Para não dizer que não falei da Pandemia

O Laboratório conta com um grupo que se reconhece como grupo que produz como grupo e isto foi fundamental durante os períodos mais difíceis de nossa história, onde juntou uma crise política, econômica e de saúde.

Aqui deixarei registrada a nossa última história.

Em dezembro de 2019, começamos a ver as primeiras notícias sobre um vírus, na China. Guilherme me disse: aposto que vai chegar na Europa. E chegou na Europa. Em março de 2020 chega no Brasil. Neste período Benicio Frey estava em uma estadia pelo PVE/CAPES. Imediatamente, ao saber do primeiro caso, adiantamos seu retorno para o Canadá. Antes que todas as fronteiras entre os países fechassem. Tínhamos acabado de participar do último evento presencial no HCPA: a Jornada de Sono. Tinham vindo colegas de outros estados. E os sinais já apareciam. O anfiteatro já estava em um formato um pouco estranho, precisávamos deixar cadeiras sem ocupar. Foi neste momento que me veio o sentimento que seriam dias difíceis. E como em todos os momentos difíceis, precisaríamos crescer para não sucumbir.

A Luli decidiu que iria nesse final de semana para o Quilombo fazer a última coleta. Eu? Eu comecei a ter sintomas, como já tínhamos o primeiro caso no Hospital resolvi medir a temperatura e… febre!

Foi meu primeiro isolamento e após, meu primeiro PCR negativo. Digo primeiro, pois durante a pandemia fiz 8 viagens internacionais.

Meu filho, durante a pandemia teve de viajar sozinho para o Canadá, porque lá não aceitavam pessoas, como eu, que tinham sido vacinadas com CORONAVAC. E lá se foi ele…

Je vole (autor: Michel Sardou), cantada no filme La Famille Bélier Mes chers parents, je pars Je vous aime mais je pars Vous n’aurez plus d’enfant Ce soir Je n’m’enfuis pas, je vole Comprenez bien, je vole Sans fumée, sans alcool

Je vole, je vole

Elle m’observait hier Soucieuse troublée, ma mère Comme si elle le sentait, en fait elle se doutait Entendait

J’ai dit que j’étais bien, tout à fait l’air serien

164

Elle a fait comme de rien, et mon père dèmuni A souri

Ne pas se retourner, s’éloigner un peu plus Il y à la Gard, un autre gare et enfim, l’Atlantique

J’me demande sur ma route Si mes parents se doutent Que mes larmes ont coulé Mes promesses et l’envie D’avancer

Seulement croire en ma vie Tout ce qui m’est promis Pourquoi, où et comment Dans ce train que s’éloigne Chaque instant C’est bizarre, cette cage Qui me bloque la poitrine Je ne peux plus respirer Ça m’empêche de chanter

Je vole, je vole Je vole, je vole

Portanto, para eu conseguir entrar no Canadá, precisava que o reforço da vacina me permitisse ter o passaporte vacinal. Fui para Santiago, fiquei os 10 dias em hotel sanitário em isolamento, totalizei os 14 dias necessários em outro país autorizado para ingressar nos Estados Unidos da América, voei para lá a fim de receber uma vacina que me possibilitasse ir a Montreal, já que meu filho está estudando na McGill.

Fui duas vezes a Montreal, sendo que em uma delas fui a trabalho em Hamilton. Uma viagem para a Alemanha para cumprir com as demandas do PROBRAL DAAD/CAPES. E três viagens a Santiago. Em cada ida e vinda, um PCR. Todos negativos.

Foi impressionante a primeira viagem. O mais parecido era o começo do filme Os 12 Macacos, em que o protagonista entra no museu deserto.

Foi assim que me senti entrando nos aeroportos. Todos desertos. Sem um local para comprar souvenir, nem um café! A sensação de solidão era imensa.

Mas vamos retornar ao início da pandemia. A primeira medida foi criar um grupo no WhatsApp, pois, se algum de nós fosse contaminado, poderíamos nos ajudar. Foi assim que surgiu o grupo CRONO_CORONA no qual nos mantemos até agora.

165 ANEXOS

Ali surgiram dúvidas como de que forma diluir a água sanitária, até questões sobre edital a aplicar. A Melissa Alves Braga de Oliveira nos organizou em duas salas em diferentes plataformas para ter certeza de que pelo menos uma funcionasse. Uma delas está ativa até hoje.

Luli retorna do Quilombo com actigrafos e me liga. Eu, em isolamento, já terminando de revisar três artigos. Luli me pergunta: o que achas de fazermos uma coleta em quem está em isolamento?

Imediatamente me vieram à mente os trabalhos de Aschoff e dessa conversa surgiu o projeto guarda-chuva que nos manteve ativos durante os dois últimos anos.

Achávamos que poderíamos contribuir com o que tínhamos: capacidade de gerar informação confiável. Foi assim que, inicialmente, se organizou uma revisão de literatura sobre as consequências do isolamento e o que poderíamos esperar da situação de distanciamento liderada pelo André Comiran Tonon.

Concomitantemente o grupo CRONO_CORONA faz sua primeira publicação com o que tínhamos aprendido. Liderados pela Luli e pela Nati, organizamos uma série de recomendações para prevenir os sintomas de depressão, ansiedade e insônia.

166

Pilz LK, Couto Pereira NS, Francisco AP, Carissimi A, Constantino DB, Caus LB, Abreu ACO, Amando GR, Bonatto FS, Carvalho PVV, Cipolla-Neto J, Harb A, Lazzarotto G, Marafiga JR, Minuzzi L, Montagner F, Nishino FA, Oliveira MAB, Dos Santos BGT, Steibel EG, Tavares PS, Tonon AC, Xavier NB, Zanona QK, Amaral FG, Calcagnotto ME, Frey BN, Hidalgo MP, Idiart M, Russomano T. Effective recommendations towards healthy routines to preserve mental health during the COVID-19 pandemic. Braz J Psychiatry. 2022 MarAbr;44(2):136-146. doi: 10.1590/1516-4446-2021-2109. PubMed PMID: 35262615; PubMed Central PMCID: PMC9041970.

Acordamos que, nesse grupo, as primeiras autoras seriam a Luli e a Nati e todos nós viríamos em ordem alfabética.

Além disso, fizemos, em colaboração com a Profa. Fernanda Amaral, a maior coleta de que tenho conhecimento de dados de atividade e repouso.

Enviamos o projeto para cinco editais. Ganhamos um deles. Com isso recebemos financiamento para desenvolver nosso primeiro aplicativo liderado pela Profa. Maria Elisa Calcagnotto e pelo Prof. Marco Idiart. O projeto ainda se encontra em fase de desenvolvimento.

Com esse edital incluímos mais dois alunos: o Bruno e a Fernanda.

Tivemos que fazer novas seleções para alunos de Iniciação Científica e agregamos 20 novos alunos com diferentes tipos de bolsas.

Mantivemos o programa de Iniciação Científica Jr. com a inclusão do Prof. Angelo Piato. Concorremos ao edital de rede e nos organizamos em uma rede (a Redirecional).

Portanto, durante a pandemia, aumentamos o número de alunos, e os existentes se tornaram

167
ANEXOS

pesquisadores independentes. Dois alunos viajaram em intercâmbio (Nicoli Xavier e Adile Nexha), duas alunas foram completar a formação em universidades europeias, um aluno ingressou no Mestrado, três concluíram o Mestrado e uma terminou o Doutorado. Mas outros dois interromperam sua formação por dificuldades impostas pela pandemia.

E como tudo estava muito complexo, pedimos ajuda para a Universidad de Chile e estabelecemos uma colaboração com as Ciências Sociais.

Até casamento virtual tivemos.

Portanto, crescemos!

Mas sabemos que somos poucos os que cresceram. Também tivemos muitas perdas!

Atualmente vivemos além da rua Ramiro Barcelos: vivemos na nuvem.

Sabemos que o crescimento atingido precisa ser mantido. Mas o Laboratório nunca teve tanta identidade como agora.

Nos meus 55 anos, posso dizer que quero viver. E esse querer viver significa manter o entusiasmo, a paixão, a intensa busca por aprender, o risco por inovar e manter o pioneirismo, mas tudo com muita serenidade. Já não tenho tanta pressa. O passado está na memória, o presente é tão ínfimo que é impossível vivê-lo. Portanto, onde estamos? No futuro.

No futuro, o que fazemos será parte do currículo. No futuro, os locais de trabalho levarão em conta o tempo biológico. No futuro, a definição de trabalho incluirá a produção e a manutenção da vida com qualidade.

Portanto, nosso Laboratório se localiza em uma existência na Ramiro; em outras, em uma rede onde não há fronteiras; mas principalmente, no futuro.

Alcançada a serenidade posso dizer o que Violeta Parra cantava En volver a los 17:

Volver a los diecisiete después de vivir un siglo

Es como descifrar signos sin ser sabio competente, Volver a ser de repente tan frágil como un segundo Volver a sentir profundo como un niño frente a Dios Eso es lo que siento yo en este instante fecundo…

Mi paso retrocedido cuando el de ustedes avanza

El arco de las alianzas ha penetrado en mi nido Con todo su colorido se ha paseado por mis venas Y hasta la dura cadena con que nos ata el destino

168

ANEXOS

Es como un diamante fino que alumbra mi alma serena…

Lo que puede el sentimiento no lo ha podido el saber Ni el más claro proceder, ni el más ancho pensamiento Todo lo cambia al momento cual mago condescendiente Nos aleja dulcemente de rencores y violencias Solo el amor con su ciencia nos vuelve tan inocentes…

De par en par la ventana se abrió como por encanto Entró el amor con su manto como una tibia mañana

Al son de su bella diana hizo brotar el jazmín Volando cual serafín al cielo le puso aretes

Mis años en diecisiete los convirtió el querubín.

E assim termino este memorial para recomeçar uma nova história…

169

Concepção Maria Paz Loayza Hidalgo, com colaboração de Wolnei Caumo, Claudio Maria da Silva Osorio, André Comiran Tonon, Luísa Klaus Pilz, Melissa A. B. de Oliveira, Nicoli Bertuol Xavier.

Criação de imagens: Fernanda Bonatto, Guilherme Amando

Documentação: Mara Santos

Revisão e padronização técnica: Maria do Horto Motta e Clair Azevedo

Projeto gráfico e editoração: Ronald Souza

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Anexo – Para não dizer que não falei da Pandemia��������������������������������������

8min
pages 164-171

Anexo – Amor incondicional: a Muna �������������������������������������������������������������

6min
pages 161-163

Anexo – A casa �������������������������������������������������������������������������������������������������

7min
pages 157-160

Conclusão����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

1min
pages 155-156

Translação à Psiquiatria ����������������������������������������������������������������������������������

6min
pages 152-154

Metabolismo�����������������������������������������������������������������������������������������������������

1min
page 151

Prêmios e destaques ����������������������������������������������������������������������������������������������������

4min
pages 147-149

Orientações de alunos de Iniciação Científica por ano ���������������������������������������������

10min
pages 118-124

e tratamento da depressão ����������������������������������������������������������������������������

2min
pages 145-146

Orientações concluídas no nível de Mestrado �����������������������������������������������������������

3min
pages 116-117

Principais conferências proferidas������������������������������������������������������������������������������

4min
pages 112-114

Colaborações nacionais �����������������������������������������������������������������������������������������������

3min
pages 110-111

Colaborações internacionais ���������������������������������������������������������������������������������������

9min
pages 104-109

Ingresso na UFRGS... um recomeço de uma história…����������������������������������������������

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pages 101-103

uma Referência Internacional na Área ������������������������������������������������

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pages 99-100

A necessidade de instrumentos de análise �����������������������������������������������������������������

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pages 91-92

Cronobiologia e o zeitgeber social �������������������������������������������������������������������������������

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pages 93-98

Cronobiologia e o Zeitgeber fótico�������������������������������������������������������������������������������

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pages 84-85

História da Cronobiologia ����������������������������������������������������������������������������������������������

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pages 77-83

Cronobiologia e o neuro-hormônio do escuro: a melatonina �������������������������������������

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pages 86-90

Cronobiologia: a área da ciência do tempo na matéria viva��������������������������������������

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pages 75-76

Tempo������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

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Aprendendo que nem tudo deve ser publicado �����������������������������������������������������������

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TEMPO VI - Formação Stricto Sensu�����������������������������������������������������������������������������������

5min
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Cronotipo ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

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pages 63-65

TEMPO IV - Liderança e Gestão���������������������������������������������������������������������������������������������

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pages 51-54

TEMPO III - Formação Lato Sensu ����������������������������������������������������������������������������������������

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pages 49-50

TEMPO V - Ensino�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

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O final da faculdade e o início do estudo do comportamento humano���������������������

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Infância ���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

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A medicina e o corpo: o feminismo ������������������������������������������������������������������������������

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A Ponte ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

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A Clínica ��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

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11 de Setembro de 1973 ������������������������������������������������������������������������������������������������

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1967: o início de uma saga��������������������������������������������������������������������������������������������

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Escolarização ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

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A Construção�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

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