Após ter revirado isso na sua cabeça por algum tempo, chegou à conclusão de que havia tomado parte de um grande drama, que era, em si mesmo, senão um grande sistema de roubo e erro. “Sim”, ela disse, “o rico rouba o pobre, e o pobre rouba outro pobre”. É verdade que ela não havia explorado o trabalho dos outros, mas sentia que os havia explorado: pegou para si o trabalho de outras pessoas, que era o único meio que tinham para conseguir dinheiro, o que no fim dava no mesmo. Por exemplo, um cavalheiro lhe daria um dólar para que ela contratasse um homem pobre para limpar a neve recém-caída dos degraus e das calçadas. Ela se levantava cedo e fazia o trabalho sozinha, colocando o dinheiro no próprio bolso. Um homem pobre poderia aparecer, dizendo que ela deveria ter deixado que ele fizesse o trabalho: ele era pobre e precisava do pagamento para sua família. Ela endureceria seu coração contra ele e responderia: “eu também sou pobre e preciso do dinheiro para mim.” Mas, em seu exame retrospectivo, ela pensou em toda a miséria que poderia estar adicionando, em sua ganância egoísta, e isso perturbou sua consciência gravemente. Essa insensibilidade às reivindicações da irmandade humana e às necessidades dos pobres necessitados e miseráveis, ela agora via, como nunca havia feito antes, insensível, egoísta e perversa. Essas reflexões e convicções deram origem a uma repulsa de sentimentos no coração de Isabella e ela começou a encarar dinheiro e propriedades com grande indiferença, se não com
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