uma pequena ilha em um riacho, coberta de grandes arbustos de salgueiro, sob os quais as ovelhas haviam feito suas agradáveis trilhas sinuosas; e abrigando-se dos raios abrasadores do sol do meio-dia, regalavam-se nas frescas sombras dos graciosos salgueiros, enquanto ouviam as pequenas corredeiras das águas prateadas. Era um lugar solitário, escolhido por ela por sua beleza, seu isolamento, e porque pensava que ali, no barulho daquelas águas, pudesse falar mais alto com Deus, sem ser ouvida por quem pudesse passar por aquele caminho. Quando escolheu seu santuário, na ponta da ilha onde as águas do riacho se reencontravam, ela o melhorou, afastando os galhos dos arbustos do centro e os tecendo para que formassem um muro, arranjando uma alcova circular arqueada, feita inteiramente do gracioso salgueiro. Para esse lugar, ela recorria diariamente e, em momentos de angústia, com mais frequência. Naquela época, suas orações, ou mais apropriadamente “conversas com Deus” eram perfeitamente originais e únicas, e valeria a pena preservá-las, se fosse possível dar tons e trejeitos com as palavras; mas nenhuma ideia exata daquelas palavras pode ser escrita enquanto não houver forma de expressar seus tons e trejeitos. Ela às vezes repetia: “Pai Nosso no céu”, em seu baixo holandês, como sua mãe lhe ensinara; depois disso, tudo partia das ideias de sua mente ingênua. Relatou a Deus, em mínimos detalhes, todos os seus problemas e sofrimentos, indagando, enquanto pros-
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