#44 | jav. fev. mar. 2022
REVISTA RUMINANTES
Uma mão cheia de amêndoas contem 6 g de proteina, 4 g de fibra e 13 g de gordura insaturada.
A casca da amêndoa pode ser utilizada para diversos fins, nomeadamente para as camas dos animais.
A capota é a parte mais exterior da amêndoa. É um subproduto da produção de amêndoas, representando uma oportunidade para a produção de ruminantes.
Figura 1 A composição da amêndoa (adaptado de Almond Board of California, Março de 2016)
NUTRIÇÃO | BOVINOS
CAPOTA DE AMÊNDOA UMA FONTE DE FIBRA
QUANDO A DISPONIBILIDADE DAS FONTES DE FIBRA CONVENCIONAIS É REDUZIDA E CHEGA ÀS EXPLORAÇÕES A PREÇOS ELEVADOS, O PRODUTOR PODE OPTAR POR UTILIZAR FONTES DE FIBRA ALTERNATIVAS EXISTENTES NO MERCADO, COMO A CAPOTA DE AMÊNDOA. POR Pedro Castelo, Diretor Técnico Zoopan, Eng. Zootécnico, pedro.castelo@zoopan.com | Sara Garcia, Eng. Zootécnica, Depto. técnico-comercial, sara.garcia@zoopan.com Foto F123rtf (barmalini)
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evido à conjuntura mundial e ao seu interesse económico, a produção de amêndoa tem vindo a crescer exponencialmente em Portugal. Por esta razão, a disponibilidade de capota de amêndoa tem também vindo a aumentar, sendo um subproduto com elevado interesse nutricional para ruminantes. Atualmente são utilizadas inúmeras matérias-primas como fontes de fibra, que servem para equilibrar a dieta dos animais em termos de energia/fibra/proteína. No entanto, existe uma grande variabilidade das fontes de fibra no que diz respeito ao valor nutritivo, à digestibilidade e ao valor efetivo da fibra. A utilização de valores mínimos de fibra bruta e fibra efetiva é indispensável em ruminantes de elevada performance
(submetidos a um programa alimentar que permite exprimir o seu potencial genético, produção de carne ou leite). É fundamental para prevenir problemas metabólicos, como é o caso da acidose. FACTOS SOBRE A FIBRA
• A fibra é um ingrediente essencial na dieta dos ruminantes. Aporta energia, mantém o normal funcionamento do rúmen e tem um impacto elevado sobre a gordura no leite; • O valor da “fibra efetiva” de um alimento ou dieta é crítico. Refere-se à capacidade de um alimento para estimular a atividade de mastigação e, consequentemente, a produção de saliva. A produção de saliva funciona como um tampão, de forma a manter o pH ruminal em valores ideais para o crescimento da população microbiana no rúmen: 6,2 a 6,6; 050
• Se não houver fibra longa ou fibra efetiva, não haverá mastigação suficiente durante a alimentação e ruminação e, portanto, não será produzida saliva suficiente, levando a uma queda do pH ruminal e a um aumento do risco de acidose ruminal; • Os animais podem sofrer dois tipos de acidose: - acidose ruminal subclínica, quando o pH ruminal está entre 5,5 e 6 - as vacas podem não parecer doentes, mas ocorre uma ligeira diminuição no consumo de alimento ingerido, uma redução do teor de gordura no leite e ocorrência de diarreias; - acidose láctica, quando o pH do rúmen está abaixo dos 5,5 e o animal está visivelmente doente. Neste caso ocorre uma acentuada diminuição do consumo de alimento e, consequentemente, da produção.