A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013)

Page 139

o amor e a paz entre os governados e governantes: “Se povo e governo pudessem brindar/ Um elo de amor e paz/ Na festa dos 500 anos/ Não separar jamais”. A Inocentes da Baixada apresentou um samba escrito em primeira pessoa, cujos autores se identificavam com as classes menos favorecidas, negros e índios, e desejando “acertar na loteria”. (Anexo 139)

4.8 – LIBERDADE, MITOLOGIA E RELIGIOSIDADE A mitologia greco-romana inserida no emprego da palavra liberdade foi citada por quatro Escolas de Samba, a Unidos de Lucas, a Beija-Flor, a União de Jacarepaguá e a Boi da Ilha do Governador. “Diz o reino da mitologia/ Que Dionísio [sic] o criador/ Fez raiar a liberdade/ E Baco, em deus se transformou”, conforme samba-enredo O galo cantou e Lucas saboreou, Unidos de Lucas, 1993. (Anexo 75) “Inspiração que fez o homem voar/ Na mitologia construiu/ Asas de cera para a liberdade”, no samba-enredo O Brasil dá o ar de sua graça, de Ícaro a Rubem Berta, o ímpeto de voar, Beija- Flor, 2002. (Anexo 120) “Liberdade, sonho, sedução/ A mitologia nas asas da imaginação/ (...) / Com as asas de cera, Ícaro voou em busca da liberdade”, no samba-enredo Asas, sonho de muitos, privilégio de poucos, tecnologia de todos, 2002, União de Jacarepaguá. (Anexo 126) “Boi Ápis, cultuado no Egito/ Do labirinto sacrifício e liberdade/ Guerreiro e heróis, as crenças e o valor/ Que a mitologia consagrou”, no samba-enredo Do sagrado ao profano... E o boi, quem diria, foi parar na freguesia, em Boi da Ilha do Governador, 2010. (Anexo 204) Se, com Dioniso, Ícaro e Boi Ápis, temos as alusões à mitologia greco-romana, o contexto da religiosidade nos permite verificar a existência de duas vertentes, a cristã, a minoritária, composta por três sambas-enredos e a afro-brasileira, majoritária, mencionada em sete. A religiosidade cristã é simbolizada por anjos, querubins e serafins nos sambas Arautos do Brasil mulato e Sonhos, ao passo que Moisés, personagem bíblico, desafia o rei pela causa da liberdade e o Mar Vermelho é transformado em passarela, numa carnavalização completa do sagrado para o profano. Assim, seguem, respectivamente, Escolas, os versos e os títulos dos enredos que ilustram esta seção: Leão de Nova Iguaçu: “Querubins e Serafins/ Os anjos da liberdade/ Com a missão de semear a sedução/ Criara o tom da miscigenação (e assim)”, samba-enredo Arautos do Brasil mulato, 1995. (Anexo 83) 138


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ANEXOS – SAMBAS-ENREDOS

3hr
pages 201-278

4.13 – Considerações sobre este capítulo

11min
pages 170-176

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6min
pages 177-181

REFERÊNCIAS

3min
pages 182-184

4.12.4 – África

1min
page 158

4.12.5 – A Escravidão

18min
pages 159-169

4.12.3 – Palmares

1min
page 157

4.12.2 – Zumbi e Outros Referentes Negros

4min
pages 155-156

4.11 – A Liberdade e as Significações Difusas

7min
pages 149-152

4.10 – A Liberdade, o Carnaval e Outras Artes

9min
pages 144-148

4.8 – Liberdade, Mitologia e Religiosidade

4min
pages 139-141

4.9 – A Liberdade e Outras Representações

3min
pages 142-143

4.6 – A Liberdade e os Países

3min
pages 134-135

4.7 – A Liberdade e o Povo

6min
pages 136-138

4.5 – A Liberdade, as Mulheres e os Direitos Feministas

4min
pages 131-133

4.4 – A Liberdade e os Indígenas

3min
pages 129-130

4.2 – A Liberdade de Expressão

3min
pages 123-125

4.3 – A Liberdade e a Independência

6min
pages 126-128

3.9 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 4 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DEMOCRACIA

5min
pages 117-120

4.1 – Introdução ao Quatro Capítulo

2min
pages 121-122

3.7 – A Liberdade e as Significações Difusas

2min
pages 109-110

3.8 – A Liberdade e a Escravidão

10min
pages 111-116

3.6 – Liberdade e Independência

9min
pages 104-108

2.5 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 3 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DITADURA

5min
pages 91-93

3.2.3 – Guararapes

2min
page 98

3.3 – Liberdade e República

3min
pages 100-101

3.2.4 – Indígenas

1min
page 99

2.4.5 – Chico Rei

2min
pages 89-90

3.5 – Liberdade e Carnaval

1min
page 103

3.4 – Liberdade e Povo

1min
page 102

3.1 – Introdução ao Terceiro Capítulo

2min
pages 95-96

2.4.4 – Preto Velho

1min
page 88

2.4.3 – Palmares

7min
pages 84-87

2.4.2 – Castro Alves

2min
page 83

2.2 – A Liberdade e a Segunda Guerra Mundial

5min
pages 75-78

2.3.2 – José Bonifácio

1min
page 81

1.4 – Considerações Sobre Este Capítulo

5min
pages 69-71

1.3.12 – Os Primeiros Sambas-Enredos

11min
pages 63-68

1.3.11 – Samba-Enredo

4min
pages 61-62

2.1 – Introdução ao Segundo Capítulo

3min
pages 73-74

1.3.10 – As Escolas De Samba

1min
page 60

1.3.7 – A Primeira Música do Carnaval

2min
pages 51-52

1.3.9 – O Samba

4min
pages 58-59

1.3.8 – Tia Ciata

7min
pages 53-57

1.3.5- A Praça Onze

4min
pages 44-46

1.3.6 – As Sociedades Carnavalescas

6min
pages 47-50

1.3.4 – Os Ranchos

3min
pages 42-43

1.2 – Origens e Significados do Carnaval

22min
pages 25-35

1.3.3 – Os Cordões

3min
pages 40-41

1.3.2 – O Zé Pereira

2min
pages 38-39

INTRODUÇÃO À TESE

12min
pages 14-21

1.1 – Introdução ao Primeiro Capítulo

3min
pages 23-24

ABSTRACT

1min
page 12

RESUMO

1min
page 11

RESUMEN

1min
page 13
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