A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013)

Page 155

2003 – Mocidade Independente de Inhaúma: Ilê Saim à nação malê: “Glórias à princesa que, afinal, assinou a redenção/ Sou livre, sou negro, sou raiz/ Nessa folia sou um rei, sou feliz/ Nas asas da liberdade/ Vou voar com a mocidade”. (Anexo 140) Assim percebemos que nos anos subsequentes ao centenário da Lei Áurea, 1989, 1991 e 2003, a memória da Princesa Isabel, no que se refere à inscrição da liberdade, permaneceu enaltecida. Há de se considerar, também, que falar sobre ela é falar sobre a memória do Rio de Janeiro e da escravidão. E essa fala, essa escrita, por mais que possam ser questionadoras, com relação à permanência das desigualdades étnicas e raciais, não visam a reduzir o valor da carta assinada pela Princesa. Parece-nos que, para os compositores, ela cumpriu o seu papel, por exemplo, igual a Cabral diante da “descoberta”, Tiradentes, na Inconfidência, Dom Pedro I, no grito da Independência.

4.12.2 – ZUMBI E OUTROS REFERENTES NEGROS Do mesmo modo que a Princesa Isabel, Zumbi permanecerá como uma referência importante na luta contra a escravidão, especialmente na memória coletiva dos compositores dos sambas-enredos. Abaixo, apresentamos quatro textos a ele aludidos no emprego da palavra liberdade. Nessa perspectiva, também inserimos, no contexto das personalidades negras, Ganga Zumba, Chico Rei, Rainha Ginga (africana de Angola) e Agotime (da Casa das Minas, em São Luís do Maranhão). 2003 – Paraíso da Alvorada: Revoluções e revoltas no Brasil de Palmares: “Enfim, raiou o sol da liberdade/ E assim surge o Quilombo de Palmares/ E Ganga Zumba sucumbiu, surgiu Zumbi/ (...)/ A Alvorada é o meu Quilombo/ Paraíso é liberdade/ Rei Zumbi é estrela guia”. (Anexo 141) 2006 – Mocidade de Vicente de Carvalho: África, alma gêmea brasileira: “Zumbi guerreiro valente/ Conquistou terras no Brasil colonial/ A liberdade foi a voz da igualdade”. (Anexo 168) 2008 – Acadêmicos da Rocinha: Rocinha minha vida, nordeste minha história: “Lutas, em cada canto uma esperança, uma razão/ Zumbi valente não se rende à opressão/ E vai buscar a liberdade”. (Anexo 186) 2010 – Unidos de Vila Santa Tereza: Que rei sou eu/ Do castelo real à corte do carnaval: “No mundo animal manda o leão/ Na mata Oxossi é soberano/ Candaces não perderam a majestade/ Zumbi só quis pro negro liberdade/ Rei momo abre as portas pra folia”. (Anexo 208) 154


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ANEXOS – SAMBAS-ENREDOS

3hr
pages 201-278

4.13 – Considerações sobre este capítulo

11min
pages 170-176

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6min
pages 177-181

REFERÊNCIAS

3min
pages 182-184

4.12.4 – África

1min
page 158

4.12.5 – A Escravidão

18min
pages 159-169

4.12.3 – Palmares

1min
page 157

4.12.2 – Zumbi e Outros Referentes Negros

4min
pages 155-156

4.11 – A Liberdade e as Significações Difusas

7min
pages 149-152

4.10 – A Liberdade, o Carnaval e Outras Artes

9min
pages 144-148

4.8 – Liberdade, Mitologia e Religiosidade

4min
pages 139-141

4.9 – A Liberdade e Outras Representações

3min
pages 142-143

4.6 – A Liberdade e os Países

3min
pages 134-135

4.7 – A Liberdade e o Povo

6min
pages 136-138

4.5 – A Liberdade, as Mulheres e os Direitos Feministas

4min
pages 131-133

4.4 – A Liberdade e os Indígenas

3min
pages 129-130

4.2 – A Liberdade de Expressão

3min
pages 123-125

4.3 – A Liberdade e a Independência

6min
pages 126-128

3.9 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 4 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DEMOCRACIA

5min
pages 117-120

4.1 – Introdução ao Quatro Capítulo

2min
pages 121-122

3.7 – A Liberdade e as Significações Difusas

2min
pages 109-110

3.8 – A Liberdade e a Escravidão

10min
pages 111-116

3.6 – Liberdade e Independência

9min
pages 104-108

2.5 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 3 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DITADURA

5min
pages 91-93

3.2.3 – Guararapes

2min
page 98

3.3 – Liberdade e República

3min
pages 100-101

3.2.4 – Indígenas

1min
page 99

2.4.5 – Chico Rei

2min
pages 89-90

3.5 – Liberdade e Carnaval

1min
page 103

3.4 – Liberdade e Povo

1min
page 102

3.1 – Introdução ao Terceiro Capítulo

2min
pages 95-96

2.4.4 – Preto Velho

1min
page 88

2.4.3 – Palmares

7min
pages 84-87

2.4.2 – Castro Alves

2min
page 83

2.2 – A Liberdade e a Segunda Guerra Mundial

5min
pages 75-78

2.3.2 – José Bonifácio

1min
page 81

1.4 – Considerações Sobre Este Capítulo

5min
pages 69-71

1.3.12 – Os Primeiros Sambas-Enredos

11min
pages 63-68

1.3.11 – Samba-Enredo

4min
pages 61-62

2.1 – Introdução ao Segundo Capítulo

3min
pages 73-74

1.3.10 – As Escolas De Samba

1min
page 60

1.3.7 – A Primeira Música do Carnaval

2min
pages 51-52

1.3.9 – O Samba

4min
pages 58-59

1.3.8 – Tia Ciata

7min
pages 53-57

1.3.5- A Praça Onze

4min
pages 44-46

1.3.6 – As Sociedades Carnavalescas

6min
pages 47-50

1.3.4 – Os Ranchos

3min
pages 42-43

1.2 – Origens e Significados do Carnaval

22min
pages 25-35

1.3.3 – Os Cordões

3min
pages 40-41

1.3.2 – O Zé Pereira

2min
pages 38-39

INTRODUÇÃO À TESE

12min
pages 14-21

1.1 – Introdução ao Primeiro Capítulo

3min
pages 23-24

ABSTRACT

1min
page 12

RESUMO

1min
page 11

RESUMEN

1min
page 13
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