2003 – Mocidade Independente de Inhaúma: Ilê Saim à nação malê: “Glórias à princesa que, afinal, assinou a redenção/ Sou livre, sou negro, sou raiz/ Nessa folia sou um rei, sou feliz/ Nas asas da liberdade/ Vou voar com a mocidade”. (Anexo 140) Assim percebemos que nos anos subsequentes ao centenário da Lei Áurea, 1989, 1991 e 2003, a memória da Princesa Isabel, no que se refere à inscrição da liberdade, permaneceu enaltecida. Há de se considerar, também, que falar sobre ela é falar sobre a memória do Rio de Janeiro e da escravidão. E essa fala, essa escrita, por mais que possam ser questionadoras, com relação à permanência das desigualdades étnicas e raciais, não visam a reduzir o valor da carta assinada pela Princesa. Parece-nos que, para os compositores, ela cumpriu o seu papel, por exemplo, igual a Cabral diante da “descoberta”, Tiradentes, na Inconfidência, Dom Pedro I, no grito da Independência.
4.12.2 – ZUMBI E OUTROS REFERENTES NEGROS Do mesmo modo que a Princesa Isabel, Zumbi permanecerá como uma referência importante na luta contra a escravidão, especialmente na memória coletiva dos compositores dos sambas-enredos. Abaixo, apresentamos quatro textos a ele aludidos no emprego da palavra liberdade. Nessa perspectiva, também inserimos, no contexto das personalidades negras, Ganga Zumba, Chico Rei, Rainha Ginga (africana de Angola) e Agotime (da Casa das Minas, em São Luís do Maranhão). 2003 – Paraíso da Alvorada: Revoluções e revoltas no Brasil de Palmares: “Enfim, raiou o sol da liberdade/ E assim surge o Quilombo de Palmares/ E Ganga Zumba sucumbiu, surgiu Zumbi/ (...)/ A Alvorada é o meu Quilombo/ Paraíso é liberdade/ Rei Zumbi é estrela guia”. (Anexo 141) 2006 – Mocidade de Vicente de Carvalho: África, alma gêmea brasileira: “Zumbi guerreiro valente/ Conquistou terras no Brasil colonial/ A liberdade foi a voz da igualdade”. (Anexo 168) 2008 – Acadêmicos da Rocinha: Rocinha minha vida, nordeste minha história: “Lutas, em cada canto uma esperança, uma razão/ Zumbi valente não se rende à opressão/ E vai buscar a liberdade”. (Anexo 186) 2010 – Unidos de Vila Santa Tereza: Que rei sou eu/ Do castelo real à corte do carnaval: “No mundo animal manda o leão/ Na mata Oxossi é soberano/ Candaces não perderam a majestade/ Zumbi só quis pro negro liberdade/ Rei momo abre as portas pra folia”. (Anexo 208) 154