Cartaz de divulgação do enredo da Beija Flor 2007. Fonte: http://www.apoteose.com/siteantigo/beija-flor/sinopse2007.htm
A África aqui representada como referência da liberdade é um lugar de origem e de orgulho para aqueles que reescrevem a sua história. Aquele continente de diversidades étnicas, heterogeneidades, foi sempre representado, nos sambas-enredos, sem os seus conflitos de variadas ordens. A imagem da África, aqui, é também idealizada porque o propósito é exaltar o seu lugar, a sua história, a sua identidade como contraponto à história contada por outros sujeitos de fora, que muitas vezes desprezaram ou trataram as culturas daquele continente de forma pejorativa, procurando justificativas sociais, econômicas e históricas para legitimarem performances eurocêntricas. Portanto, os escritores dos sambas-enredos estavam realmente conscientes de que era necessário construir um novo discurso sobre o negro, sobre Palmares, sobre a África – afinal, eles eram parte de uma história silenciada que teria de ser ecoada nas passarelas e, quem sabe, para além delas.
4.12.5 – A ESCRAVIDÃO A seguir, apontamos, do período de 1989 a 2013, 26 sambas-enredos que abordam a escravidão propriamente dita. Igual aos períodos anteriores, os compositores permaneceram denunciando as heranças daquele regime, o preconceito, a discriminação, a desigualdade e outras injustiças. Dentre tantas leituras permitidas nesses escritos, destaquemos que, não é incomum, o narrador se identificar como negro, numa espécie de voz testemunhal, ao escrever sobre o nosso passado histórico. E se se escreve sobre os espaços dolorosos, senzalas e navios negreiros, a cultura sempre emerge como superação em danças, jongos e capoeiras. Se a indústria da 158