A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013)

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características do Carnaval é dar aos escravos de qualquer época o direito de criticar e zombar de seus senhores. (MORAES, 1958, p. 17-18) Hiram Araújo, abordando esse mesmo assunto, afirma que a palavra Entrudo veio do latim (introitu) e significa início, começo, abertura da Quaresma. Corroborando o pensamento de Eneida de Moraes, assegurou que essa manifestação cultural foi uma forma grosseira, violenta e primitiva de brincar o Carnaval, que teve suas origens nas Bacanais e Saturnais e se consolidou no começo da oficialização do Carnaval cristão, após 590 d.C. “O povo passou a comemorar o começo da Quaresma, bebendo e comendo, para compensar o jejum. O ritual foi se tornando bruto e grosseiro, consistindo em espargir água e nela as pessoas banharem-se para purificar o corpo”. (ARAÚJO, 2003, p. 26) O Entrudo brasileiro, segundo esse pesquisador, foi implantado aqui a partir de 1723, pelos ilhéus das ilhas de Madeira, Açores e Cabo Verde, portanto exatamente um século antes do registro de Debret.

1.3.2 – O ZÉ PEREIRA Outro fenômeno significativo presente nos estudos sobre as origens do nosso Carnaval é o Zé Pereira. Pautando-se nos estudos de Vieira Fazenda, Eneida de Moraes afirma que a origem do nome remete a certas localidades de Portugal em que chamam a bombo – um instrumento musical – de Zé Pereira e pondera que, por outro lado, aqui no Brasil, “o português José Nogueira de Azevedo Paredes, reunido com alguns patrícios, recordou com eles das romarias portuguesas e resolveram sair às ruas ao som de zabumbas e tambores em passeatas pela cidade”. (MORAES, 1958, p. 44) Hiram Araújo acrescenta outras informações acerca do José Nogueira, assegura que ele era sapateiro lusitano e fora o criador desse evento, sendo que muitos autores divergem, quanto ao verdadeiro ano de seu surgimento. “Para uns, foi em 1846; para outros, em 1848 ou mesmo em 1850”. (ARAÚJO, 2003, p. 92) O certo é que a manifestação denominada Zé Pereira, composta por um conjunto de bombos e de tambores, por muito tempo, foi um atrativo no Carnaval carioca. Edgar de Alencar, em O Carnaval carioca através da música, observa que “parece ter sido em 1852 que o sapateiro português José Nogueira de Azevedo Paredes, com oficina na Rua São José, 22, reuniu alguns companheiros e saiu na tarde de segunda-feira

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ANEXOS – SAMBAS-ENREDOS

3hr
pages 201-278

4.13 – Considerações sobre este capítulo

11min
pages 170-176

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6min
pages 177-181

REFERÊNCIAS

3min
pages 182-184

4.12.4 – África

1min
page 158

4.12.5 – A Escravidão

18min
pages 159-169

4.12.3 – Palmares

1min
page 157

4.12.2 – Zumbi e Outros Referentes Negros

4min
pages 155-156

4.11 – A Liberdade e as Significações Difusas

7min
pages 149-152

4.10 – A Liberdade, o Carnaval e Outras Artes

9min
pages 144-148

4.8 – Liberdade, Mitologia e Religiosidade

4min
pages 139-141

4.9 – A Liberdade e Outras Representações

3min
pages 142-143

4.6 – A Liberdade e os Países

3min
pages 134-135

4.7 – A Liberdade e o Povo

6min
pages 136-138

4.5 – A Liberdade, as Mulheres e os Direitos Feministas

4min
pages 131-133

4.4 – A Liberdade e os Indígenas

3min
pages 129-130

4.2 – A Liberdade de Expressão

3min
pages 123-125

4.3 – A Liberdade e a Independência

6min
pages 126-128

3.9 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 4 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DEMOCRACIA

5min
pages 117-120

4.1 – Introdução ao Quatro Capítulo

2min
pages 121-122

3.7 – A Liberdade e as Significações Difusas

2min
pages 109-110

3.8 – A Liberdade e a Escravidão

10min
pages 111-116

3.6 – Liberdade e Independência

9min
pages 104-108

2.5 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 3 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DITADURA

5min
pages 91-93

3.2.3 – Guararapes

2min
page 98

3.3 – Liberdade e República

3min
pages 100-101

3.2.4 – Indígenas

1min
page 99

2.4.5 – Chico Rei

2min
pages 89-90

3.5 – Liberdade e Carnaval

1min
page 103

3.4 – Liberdade e Povo

1min
page 102

3.1 – Introdução ao Terceiro Capítulo

2min
pages 95-96

2.4.4 – Preto Velho

1min
page 88

2.4.3 – Palmares

7min
pages 84-87

2.4.2 – Castro Alves

2min
page 83

2.2 – A Liberdade e a Segunda Guerra Mundial

5min
pages 75-78

2.3.2 – José Bonifácio

1min
page 81

1.4 – Considerações Sobre Este Capítulo

5min
pages 69-71

1.3.12 – Os Primeiros Sambas-Enredos

11min
pages 63-68

1.3.11 – Samba-Enredo

4min
pages 61-62

2.1 – Introdução ao Segundo Capítulo

3min
pages 73-74

1.3.10 – As Escolas De Samba

1min
page 60

1.3.7 – A Primeira Música do Carnaval

2min
pages 51-52

1.3.9 – O Samba

4min
pages 58-59

1.3.8 – Tia Ciata

7min
pages 53-57

1.3.5- A Praça Onze

4min
pages 44-46

1.3.6 – As Sociedades Carnavalescas

6min
pages 47-50

1.3.4 – Os Ranchos

3min
pages 42-43

1.2 – Origens e Significados do Carnaval

22min
pages 25-35

1.3.3 – Os Cordões

3min
pages 40-41

1.3.2 – O Zé Pereira

2min
pages 38-39

INTRODUÇÃO À TESE

12min
pages 14-21

1.1 – Introdução ao Primeiro Capítulo

3min
pages 23-24

ABSTRACT

1min
page 12

RESUMO

1min
page 11

RESUMEN

1min
page 13
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