A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013)

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p. 44) Dessa maneira, poderemos verificar, nos próximos capítulos, como a letra do samba-enredo não se distanciava de grandes interesses do país, ao se remeter a liberdades coletivas e individuais, elaborando e reelaborando discursos sobre diferentes contextos em nosso país. Na percepção de Sodré, o samba é tática de resistência cultural, cujo movimento não pode ser interpretado como contrariedade do poder, mas uma forma de afirmação de valores culturais negros.

1.3.10 – AS ESCOLAS DE SAMBA O nome Escola de Samba tem ao menos duas versões. Hiram Araújo, por exemplo, afirma, com base em Almirante – Henrique Foréis Domingues, cantor, compositor e radialista – que o “termo nasceu da popularização do tiro de guerra, em 1916, quando se tornou um brado comum ‘escola, sentido!’ logo incorporando ao meio sambista”. (ARAÚJO, 2003, p. 220) Por outro lado, Sodré aponta que a palavra Escola é o resultado de uma transformação ideológica: o rancho-escola abandonava as características (mais negras) dos cordões, em favor de significações mais integradas na sociedade branca. “A partir dos ranchos escolas, surgiram, em 1932 em diante, as escolas de samba (no começo, apenas blocos), mantendo grande parte das antigas características (passeata, portabandeira, mestre sala, orquestra etc.), mas também o ‘direito’ de penetração no espaço urbano branco”. (SODRÉ, 1998, p. 36-37) Sérgio Cabral documenta que a primeira Escola de Samba – na verdade um bloco carnavalesco – foi criada no dia 12 de agosto de 1928, conforme o testemunho de Ismael Silva, um de seus idealizadores, e se chamava ‘Deixa Falar’. Aquela escola, que se situava no bairro Estácio de Sá, reunia jovens revolucionários e pretendia, na análise de Cabral, “melhorar as relações dos sambistas com a polícia, considerando que, sem o consentimento dessa força de segurança, não conseguiriam promover as rodas de samba nem no Largo do Estácio e nem nos desfiles no carnaval”. (CABRAL, 2011, p. 41) Com o surgimento das Escolas de Samba, os sambistas deixariam de ser perseguidos pelas forças policiais, de certo pelo fato da penetração avassaladora e inevitável do samba na vida de parte considerável da população. Segundo a maioria dos estudiosos do Carnaval, o primeiro desfile das Escolas de Samba foi realizado em 1932, na Praça Onze, idealizado pelo jornalista Mário Filho e promovido pelo jornal Mundo Sportivo. O que chamou atenção naquele evento é que o 59


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ANEXOS – SAMBAS-ENREDOS

3hr
pages 201-278

4.13 – Considerações sobre este capítulo

11min
pages 170-176

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6min
pages 177-181

REFERÊNCIAS

3min
pages 182-184

4.12.4 – África

1min
page 158

4.12.5 – A Escravidão

18min
pages 159-169

4.12.3 – Palmares

1min
page 157

4.12.2 – Zumbi e Outros Referentes Negros

4min
pages 155-156

4.11 – A Liberdade e as Significações Difusas

7min
pages 149-152

4.10 – A Liberdade, o Carnaval e Outras Artes

9min
pages 144-148

4.8 – Liberdade, Mitologia e Religiosidade

4min
pages 139-141

4.9 – A Liberdade e Outras Representações

3min
pages 142-143

4.6 – A Liberdade e os Países

3min
pages 134-135

4.7 – A Liberdade e o Povo

6min
pages 136-138

4.5 – A Liberdade, as Mulheres e os Direitos Feministas

4min
pages 131-133

4.4 – A Liberdade e os Indígenas

3min
pages 129-130

4.2 – A Liberdade de Expressão

3min
pages 123-125

4.3 – A Liberdade e a Independência

6min
pages 126-128

3.9 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 4 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DEMOCRACIA

5min
pages 117-120

4.1 – Introdução ao Quatro Capítulo

2min
pages 121-122

3.7 – A Liberdade e as Significações Difusas

2min
pages 109-110

3.8 – A Liberdade e a Escravidão

10min
pages 111-116

3.6 – Liberdade e Independência

9min
pages 104-108

2.5 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 3 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DITADURA

5min
pages 91-93

3.2.3 – Guararapes

2min
page 98

3.3 – Liberdade e República

3min
pages 100-101

3.2.4 – Indígenas

1min
page 99

2.4.5 – Chico Rei

2min
pages 89-90

3.5 – Liberdade e Carnaval

1min
page 103

3.4 – Liberdade e Povo

1min
page 102

3.1 – Introdução ao Terceiro Capítulo

2min
pages 95-96

2.4.4 – Preto Velho

1min
page 88

2.4.3 – Palmares

7min
pages 84-87

2.4.2 – Castro Alves

2min
page 83

2.2 – A Liberdade e a Segunda Guerra Mundial

5min
pages 75-78

2.3.2 – José Bonifácio

1min
page 81

1.4 – Considerações Sobre Este Capítulo

5min
pages 69-71

1.3.12 – Os Primeiros Sambas-Enredos

11min
pages 63-68

1.3.11 – Samba-Enredo

4min
pages 61-62

2.1 – Introdução ao Segundo Capítulo

3min
pages 73-74

1.3.10 – As Escolas De Samba

1min
page 60

1.3.7 – A Primeira Música do Carnaval

2min
pages 51-52

1.3.9 – O Samba

4min
pages 58-59

1.3.8 – Tia Ciata

7min
pages 53-57

1.3.5- A Praça Onze

4min
pages 44-46

1.3.6 – As Sociedades Carnavalescas

6min
pages 47-50

1.3.4 – Os Ranchos

3min
pages 42-43

1.2 – Origens e Significados do Carnaval

22min
pages 25-35

1.3.3 – Os Cordões

3min
pages 40-41

1.3.2 – O Zé Pereira

2min
pages 38-39

INTRODUÇÃO À TESE

12min
pages 14-21

1.1 – Introdução ao Primeiro Capítulo

3min
pages 23-24

ABSTRACT

1min
page 12

RESUMO

1min
page 11

RESUMEN

1min
page 13
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