A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013)

Page 95

3.1 – INTRODUÇÃO AO TERCEIRO CAPÍTULO Se o ciclo de 1943 a 1964 foi especial, em virtude da consolidação dos desfiles das Escolas de Samba e da atenção exigida para um decreto que visava “disciplinar” a escrita das canções, esse período de 1965 a 1985 destaca-se não somente pela abrangência maior de nossa pesquisa – no anterior coletamos 10 sambas-enredos que empregaram a palavra liberdade e nesse, 27 –, mas por se tratar de um contexto extremamente desfavorável para a expressão do pensamento. Afinal, o controle político, exercido pelos militares, era bem mais extenso e profundo que o anterior, do ciclo abrangido pela Era Vargas e pela Democracia Populista. Constatemos que Lilia Schwarcz e Heloísa Starling em Brasil, uma biografia, muito oportunamente, esclarecem-nos sobre os efeitos iniciais desse episódio histórico: A posse do general Castelo Branco era o prelúdio de uma completa mudança no sistema político, moldada através da colaboração ativa entre militares e setores civis interessados em implantar um projeto de modernização impulsionado pela industrialização e pelo crescimento econômico, e sustentado por um formato abertamente ditatorial. A interferência na estrutura do Estado foi profunda. Exigiu a configuração de um arcabouço jurídico, a implantação de um modelo de desenvolvimento econômico, a montagem de um aparato de informação e repressão política, e a utilização da censura como ferramenta de desmobilização e supressão do dissenso. (SCHWARCZ e STARLING, 2015, p. 448-449)

As pesquisadoras também advertem que os militares assumiram o governo de forma inconstitucional e conferiram a eles próprios poderes de exceção. Dessa maneira, foi necessário separar esse período histórico do anterior (1943 a 1964) e do posterior (1986 a 2013) por sua peculiaridade. Ademais, será muito relevante observar as formas com que a palavra liberdade adquiriu significados em momentos de censura e nos de livre expressão, levando em conta os seus referentes, quando foi possível encontrá-los, na escrita das composições. Enquanto, no ciclo passado, debruçamo-nos sobre três agrupamentos, a Segunda Guerra Mundial (20%), a Independência do Brasil (30%) e a Escravidão Negra (50%), nesse ciclo, analisamos dez, sendo Estácio de Sá, Semana de Arte Moderna, Batalha dos Guararapes, Indígenas (2,7% cada); Povo, República (5, 14%), Carnaval (8,11%), Independência do Brasil (16,22%), Significações Difusas (18,92%) e Escravidão Negra (35,14%). Classificamos como Significações Difusas aquelas elaborações com a palavra liberdade em que esse vocábulo não tivera, precisamente, um referente definido. Talvez 94


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ANEXOS – SAMBAS-ENREDOS

3hr
pages 201-278

4.13 – Considerações sobre este capítulo

11min
pages 170-176

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6min
pages 177-181

REFERÊNCIAS

3min
pages 182-184

4.12.4 – África

1min
page 158

4.12.5 – A Escravidão

18min
pages 159-169

4.12.3 – Palmares

1min
page 157

4.12.2 – Zumbi e Outros Referentes Negros

4min
pages 155-156

4.11 – A Liberdade e as Significações Difusas

7min
pages 149-152

4.10 – A Liberdade, o Carnaval e Outras Artes

9min
pages 144-148

4.8 – Liberdade, Mitologia e Religiosidade

4min
pages 139-141

4.9 – A Liberdade e Outras Representações

3min
pages 142-143

4.6 – A Liberdade e os Países

3min
pages 134-135

4.7 – A Liberdade e o Povo

6min
pages 136-138

4.5 – A Liberdade, as Mulheres e os Direitos Feministas

4min
pages 131-133

4.4 – A Liberdade e os Indígenas

3min
pages 129-130

4.2 – A Liberdade de Expressão

3min
pages 123-125

4.3 – A Liberdade e a Independência

6min
pages 126-128

3.9 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 4 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DEMOCRACIA

5min
pages 117-120

4.1 – Introdução ao Quatro Capítulo

2min
pages 121-122

3.7 – A Liberdade e as Significações Difusas

2min
pages 109-110

3.8 – A Liberdade e a Escravidão

10min
pages 111-116

3.6 – Liberdade e Independência

9min
pages 104-108

2.5 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 3 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DITADURA

5min
pages 91-93

3.2.3 – Guararapes

2min
page 98

3.3 – Liberdade e República

3min
pages 100-101

3.2.4 – Indígenas

1min
page 99

2.4.5 – Chico Rei

2min
pages 89-90

3.5 – Liberdade e Carnaval

1min
page 103

3.4 – Liberdade e Povo

1min
page 102

3.1 – Introdução ao Terceiro Capítulo

2min
pages 95-96

2.4.4 – Preto Velho

1min
page 88

2.4.3 – Palmares

7min
pages 84-87

2.4.2 – Castro Alves

2min
page 83

2.2 – A Liberdade e a Segunda Guerra Mundial

5min
pages 75-78

2.3.2 – José Bonifácio

1min
page 81

1.4 – Considerações Sobre Este Capítulo

5min
pages 69-71

1.3.12 – Os Primeiros Sambas-Enredos

11min
pages 63-68

1.3.11 – Samba-Enredo

4min
pages 61-62

2.1 – Introdução ao Segundo Capítulo

3min
pages 73-74

1.3.10 – As Escolas De Samba

1min
page 60

1.3.7 – A Primeira Música do Carnaval

2min
pages 51-52

1.3.9 – O Samba

4min
pages 58-59

1.3.8 – Tia Ciata

7min
pages 53-57

1.3.5- A Praça Onze

4min
pages 44-46

1.3.6 – As Sociedades Carnavalescas

6min
pages 47-50

1.3.4 – Os Ranchos

3min
pages 42-43

1.2 – Origens e Significados do Carnaval

22min
pages 25-35

1.3.3 – Os Cordões

3min
pages 40-41

1.3.2 – O Zé Pereira

2min
pages 38-39

INTRODUÇÃO À TESE

12min
pages 14-21

1.1 – Introdução ao Primeiro Capítulo

3min
pages 23-24

ABSTRACT

1min
page 12

RESUMO

1min
page 11

RESUMEN

1min
page 13
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