Revista Nó na Palavra - 2022

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8 62 74 Revista Digital 9 O Ano 2022

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Nó na palavra, nona palavra. A palavra do nono ano.

A voz que baixa o tom até o chão da sobriedade.

A fuga da resposta imediata, do grito oco, da conclusão veloz.

A luta do pensamento para achar a sua forma: Atar e desatar, tecer, refazer, ponderar, reavaliar.

A juventude e seu lugar. As juventudes e seus lugares. Arte, política, comportamento, educação. A casa, a rua, a escola, a cidade. A ciência e o desejo.

A opinião construída e em construção.

A palavra do nono ano sobre si e, principalmente, sobre os Outros: Eis o nó.

SUMÁRIO

Alice Romera Damberg Uso de drogas na adolescência 10

Beatriz Baptista Morelli Juventude e saúde 11

Beatriz Kirschner Castex A idealização de padrões estéticos não saudáveis 12

Bruna Volpe Arnoni Culpa da vítima ou da sociedade? 13

Carolina Sotto Aires Transtornos alimentares na adolescência 14

Daniel Velloso Altman Jovens, política e redes sociais 15

Davi Samuel G M de Oliveira Juventudes e esportes 15

Diego Gomes Corazza Desigualdade escolar 16

Diogo Pedroso Corradini Mundo do trabalho 17

Flora Tesser Aderaldo Benevides Impacto da pandemia na saúde mental dos jovens 18

Francisco de Arruda Rubano A importância da prática de esportes para os jovens 19

Francisco Varanda A evasão escolar no Brasil 19

Gabriel Frederico Pixa a Arte 20

Gustavo Alves Silva O que a internet pode nos oferecer 21

Isadora Conde Torres Gravidez precoce 22

João Dorin Baptista Escola pra quem? 23

João Petroni Galvão Escola para quê? 24

Leonardo Vertullo Bellim Esporte, Juventude e Saúde 25

Lívia Iozzi de Castro Serdeira Slam - A Nova Poesia 25

Malu Guimarães Juventude e Violência 26

Márcio Macedo de Faria Importância da prática de esporte para o desenvolvimento das crianças e jovens 27

Maria Clara Duarte de Barros Por que os jovens saem da escola? 28

Maria Victoria Pavani Costa Gravidez na juventude 29

Marina Prieto Moriya O segregacionismo enraizado no sistema educacional brasileiro 29

Mateo Doberti Desigualdade entre escolas 30

Mateo Linares A ameaça prematura da gestação e o aborto 31

Murilo Machado Niero Jovens no mundo da política 32

Pedro de Carvalho Baptista A minha vida na escola 32

Pedro Henrique Dantas Sousa A violência sexual contra os jovens brasileiros, uma área omitida pelo governo 33

Roberta Palomo Kruschewsky Saúde mental 34

Sophia Coutinho Camargo A desigualdade vai além da educação 35

Anna Bella R A Torres Camargo A influência da arte no coração dos jovens 36

Anna Clara De Aguiar Rodrigues Escola para quê? 37

Bernardo Inoue Kobayashi Investimentos nos esportes 38

Bernardo Saboya de Siqueira Abandono escolar e criminalidade 39

Bruno Cortez Celli O Atraso Educacional Brasileiro 40

Carolina Faidiga Da Costa Educação brasileira e suas falhas 40

Carolina Faidiga Jovens e as drogas em seu alcance 41

Érick Rodrigo Ribeiro Herling Qual o outro futuro? 42

Francisco Foschini Targa Drogas e juventude 44

Giovana Gadelha Baungartner A importância da música para os jovens da periferia 45

Joaquim S Albernaz Guimarães Mercado de trabalho para os jovens 45

Laura Sirelli Distúrbios alimentares entre os jovens 46

Leonardo De Oliveira Pereira Jovens desempregados 47

Leonardo Traversim M Pereira Inserção dos jovens no mercado de trabalho 47

Lívia Benedetti Transtornos alimentares na adolescência 48

Lorena Moreno Juventudes e a violência sexual contra mulheres 49

Lucca Maschietto Previtali Como as drogas afetam os nossos jovens nos dias atuais 50

Luiza Domingues Destro Violência doméstica contra os jovens 51

Marcos Vinicius de S da Silva Juventudes e drogas 52

Maria Clara dos Santos L Ribeiro O papel da escola 53

Maria Clara dos Santos L Ribeiro Gravidez na adolescência 53

Maria Lua Monteiro De Mello Transtornos alimentares na adolescência 54

SUMÁRIO - CONTINUA NA PÁGINA 6 E 7

Mariana Ferreira Tomé Machado A juventude e a arte nos dias de hoje 55

Marianna Marcondes Batista Como os Jovens produzem cultura? 55

Mathias B Martins de Oliveira Juventude e Violência 56

Natalia Rapoli Venna A importância da arte na juventude 56

Pablo Carvalho Reis O quão presente está a juventude no mercado de trabalho? 57

Paulo Amato Sanches Filomeno Juventude e esporte 58

Pedro Bittar de Pinho Escola para quê? 59

Thomas Coutinho Camargo “Escola: de onde parte a formação do jovem” 60

Ynaiê Da Silva Pedroso Slam e o impacto na vida dos jovens 61

ABaCaXYZ O Trem pra não sei onde 65

Everest Tempo 67

Everest Tempo 69

Lorena Moreno Teus Olhos 71

Lorena Moreno Vermelhazul 73

Beatriz Castex Flutuantes 76

Bruna Volpe Arnoni Silêncio na Cidade 78

Carolina Sotto Aires Maldita Cidade Grande 80

Diogo Pedroso Corradini Novas oportunidades 82

Francisco De Arruda Rubano A delegacia 84

Francisco Varanda Cidade Grande 85

Gustavo Alves Silva Fabiano e o seu carinho 87

Isadora Conde Torres Fome 88

João Dorin Baptista Cabra da cidade 90

Lívia Iozzi de Castro Serdeira Espelhos 91

Marina Prieto Moriya Tia contra sobrinha 93

Murilo Niero Mudança 95

Pedro Henrique Dantas Sousa A seca: Um ciclo sem fim 97

Roberta Palomo Kruschewsky Mudança para a cidade 100

Tiê Ornellas Toledo de Menezes Vidas Podres 102

Anna Bella R. A. Torres Camargo Vidas e Mortes 103

Anna Clara de Aguiar Rodrigues O encontro com a civilização 105

Bernardo Saboya de Siqueira A seca da cidade 107

Bruno Cortez Celli Vidas Secas: Cidade Grande 109

Carolina Faidiga da Costa Após o inferno 111

Carolina Faidiga da Costa Maternidade 113

Francisco Foschini Targa Vidas secas na grande cidade 115

Leonardo de Oliveira Pereira Heitor, João e Davi 116

Leonardo T Marques Pereira Arminda pai contra mãe 118

Lorena Moreno João, o menino mais velho 119

Lorena Moreno O fantasma de Utopia 120

Lucca Maschietto Previtali Quase vidas, inférteis 122

Marcos Vinicius O futuro da família 124

Maria Clara dos S Leite Ribeiro Vidas Secas na cidade 125

Mariana Ferreira Tome Machado Vidas, Não Tão Mais Secas 126

Marina Maia Kawaguchi Vidas secas na cidade 127

Marina Maia Kawaguchi Mãe contra dor 128

Mathias Bistriche M de Oliveira O Filho Perdido 129

Pablo Carvalho Reis Vida Nova 130

Paulo Amato Sanches Filomeno Vidas Secas na cidade 132

Pedro Bittar de Pinho Vidas à margem 133

Rosa Berger Kosminsky “Vidas secas na cidade” 134

Isadora Conde Torres Desenhos de Vidas Secas 134

Uso de drogas na adolescência

Muitas pessoas estão cientes do fato de que uma boa parte dos adolescentes consomem drogas e álcool, como podemos ver em filmes, séries e notícias, mas poucos realmente vão atrás para saber o quanto isso é frequente e o tanto que afeta os jovens.

A droga mais utilizada pelos adolescentes é o álcool, por ser algo que está presente em todos os lugares e é mais romantizado que drogas ilícitas. Consequentemente, mesmo tendo um efeito menos “pesado” (dependendo da quantidade), o álcool é o maior fator de risco de morte dos adolescentes entre 15 e 19 anos. Nas Américas, 14 mil mortes de jovens menores de 19 anos foram atribuídas ao álcool.

De acordo com pesquisas, a cada dez pessoas que bebem antes dos 15 anos, seis são por causa da influência de amigos ou em festas. Segundo o CISA (Centro de Informações sobre Álcool e Saúde), em 2019, 43,8% dos jovens relatam o consumo de álcool em festas e 17,8% entre amigos. Além disso, para uma visão mais geral, em 2015 a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), aponta

que 55,5% dos alunos do 9° ano do fundamental dizem já ter experimentado bebidas alcoólicas. Isso mais comumente em escolas públicas, com 56,2%. Em escolas privadas, 51,2%, e 21,4% dos alunos entrevistados já sofreram embriaguez.

Sobre outras drogas, tanto legais quanto ilegais. Mesmo sendo menos comuns que o álcool, ainda apresentam índices altíssimos na adolescência.

É estimado que, nos Estados Unidos, cerca de três milhões de crianças e adolescentes fumem tabaco. O jornal Dryfoos analisou que na população americana de 13 a 18 anos, existem 12% de fumantes pesados (um maço ou mais ao dia); 15% com um consumo pesado de álcool (mais de cinco doses por dia em três ou mais dias nos últimos 15); 5% com o uso regular de maconha (20 ou mais dias no último mês); e por fim, 30% com o uso regular de cocaína (três ou mais vezes no último mês, por isso a porcentagem é mais alta).

Isso é muito preocupante para nossa sociedade hoje em dia, tanto em relação aos jovens quanto com os adultos, mas principalmente na adolescência.

As drogas são substâncias químicas que alteram o jeito que nosso corpo funciona, não dão apenas um efeito momentâneo. Principalmente quando o cérebro não está completamente desenvolvido,

podendo trazer múltiplos problemas à saúde mental e física.

Cada um faz suas próprias escolhas e às vezes os jovens que se afundam nesse mundo não fazem de propósito, mas é importante saber as consequências e conscientizar as pessoas da quantidade de problemas que os jovens sofrem em relação às drogas.

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Beatriz Baptista Morelli

Juventude e saúde ( “temas” mais aprofundados: anorexia, bulimia, depressão, ansiedade e automutilação)

A saúde da juventude é algo com que devemos nos preocupar, não apenas a saúde física relacionadas a gripes, febre, mal estar, mas sim por sua saúde psicológica, não são todos os pais que acham que isso deva ser cuidado porque alguns pensam que é “falta de deus”, “ isso é mimimi” etc. E eu vou me aprofundar em alguns temas, como: anorexia, bulimia, depressão, ansiedades e automutilação Muitos pais acham que não é necessário que o filho faça terapia, ou apenas não ligam e acham que é frescura.

A anorexia é um distúrbio alimentar que nos leva a ter uma visão distorcida do nosso corpo e nos faz querer manter sempre um peso baixo, oque nos leva a uma obsessão por nosso peso e por aquilo que comemos. O principal sintoma desse distúrbio é tentar manter um peso baixo por meio de jejum ou da prática excessiva

de exercícios físicos. Assim como a anorexia, a bulimia também é um distúrbio alimentar que consiste em compulsão alimentar frequentemente sendo seguida de purgação, também sendo acompanhada da preocupação com o ganho de peso. Esses distúrbios afetam de certa forma mais os jovens de gênero feminino que muitas vezes estão em busca do corpo perfeito e fazendo de tudo para alcançá-lo, esses distúrbios chegam a afetar 4,7% da população geral porém pode chegar a 10% da população jovem.

A depressão consiste em sensação de tristeza ou perda de interesse,o que pode levar a uma variedade de mudanças físicas e comportamentais que podem alterar o sono, apetite, concentração, nível de energia , comportamento diário ou autoestima. A depressão pode ser associada a pensamentos suicidas. Algumas coisas que podem ser afetadas no humor são :ansiedade, apatia, culpa, descontentamento geral, desesperança, mudança de humor, perda de interesse ou prazer em atividades, tédio, solidão, tristeza e sofrimento emocional; já o corpo sofre aumento ou perda de peso . De acordo com a OMS, cerca de 5,8% da população brasileira sofre de depressão, no Brasil entre 2013 e 2019 houve um aumento de 34% nos casos,hoje em dia,20,5%

dos jovens têm depressão.

A ansiedade vem de um intenso, excessivo e persistente medo de situações do cotidiano, alguns sintomas que pode ocorrer são a frequência cardíaca elevada, respiração rápida ou desregulada, sudorese e a sensação de cansaço.

É normal se dizer que a ansiedade é um indicador de doença subjacente apenas quando os pensamentos se tornam excessivos, obsessivos e passam a interferir na vida cotidiana. Os casos de ansiedade aumentaram de 11,6% para 25,2%. Durante a pandemia seis a cada 10 jovens relataram ter sentido ansiedade.

No Rio de Janeiro aponta que 7 mil crianças com 5 a 17 anos, 26% apresentaram sintomas de depressão e ansiedade e afirma também que 23% dos jovens vão dormir depois da uma hora da manhã, 13% afirmam que se sentem solitários. Em 2019 a depressão afetou cerca de 2,6 milhões de jovens de 6 a 17 anos e que aproximadamente 35% dos jovens deprimidos tentaram suicídio 80% chegaram em ao menos pensar em experimentar pensamentos suicidas.

A automutilação é um ferimento causado de forma proposital causado pela própria pessoa, cortes, arranhões,queimaduras ou mordidas, que geralmente

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são feitos em braços pernas ou abdomens porque nesses locais fica mais fácil de esconder o que fizeram, usando roupas longas que cubram seu corpo.As pessoas fazem isso com o objetivo de tentar amenizar o sofrimento emocional, isso sem intenções de suicídio. A pessoa que se machuca dessa maneira deseja aliviar sentimentos intensos de vazio emocional, ansiedade, tristeza, culpa e raiva,sentimentos negativos que ela própria não se sente capaz de suportar,há relatos de que é como se a dor física amenizasse ou tirasse o foco da dor emocional e o sangramento do ferimento fizesse a pessoa se ´´sentir viva. Esse ato é mais comum em adolescentes que ainda estão na transição de infância para a vida adulta, oque os deixa mais vulneráveis. As pessoas que se automutilam costumam ter. pensamentos suicidas e muitas tentam se matar, pode cuasar também outros transtornos mentais como depressão, extresse pós tramático etc. Esses casos aumentaram de 2,4% para 6,4%.

Ansiedade consiste em Não existem apenas esses transtornos, existem diversos outros e é importante tratá-los pois se deixar de lado isso vai apenas se estender cada vez mais. Alguns dos transtornos citados acima precisam ser cuidados com urgência.

Beatriz Kirschner Castex

A idealização de padrões estéticos não saudáveis

Os padrões estéticos existem há muito tempo, e sempre afetaram os jovens, que estão em uma fase da vida na qual há forte insegurança em relação à aparência. Um corpo que segue esses padrões de beleza é tido como “ideal”, esses impulsos se tornam problemáticos quando tratam de uma estética somente alcançável através de hábitos extremamente perigosos para a saúde. Os padrões de beleza, ao longo dos anos, foram mudando. Hoje em dia, idealizam um corpo extremamente magro que é dificilmente alcançável sem que sejam causados danos à saúde.

Principalmente nos dias de hoje, por razão da internet e das redes sociais, os jovens - que são os que mais utilizam estas plataformas - têm acesso total e, muitas vezes, involuntário a esses padrões estéticos. Por estarem em uma fase da vida onde, como já foi dito, desenvolvem dúvidas e inseguranças com sua aparência, os jovens são especialmente afetados por esses padrões. Principalmente, por serem constantemente expostos à associação de corpos

que seguem os padrões com o que é bom e desejável, nas redes sociais.

Segundo a OMS, 10% dos jovens sofrem de transtornos alimentares. Valeska Bassan, psicóloga e coordenadora da AMBULIM na USP, traz alguns dados sobre transtornos alimentares. Ela diz que as redes sociais têm um papel importante no desencadeamento destes transtornos, uma vez que muitos influenciadores supervalorizam a magreza extrema.

Estes padrões tratam de corpos extremamente magros, com ossos ressaltados, em níveis não saudáveis. É claro que, em casos específicos, a magreza pode ser alcançada de forma correta e até um certo limite que não apresente riscos à saúde, porém, este padrão estético não só passa desse limite como idealiza e propõe hábitos alimentares péssimos para que a magreza seja alcançada. Eles são hábitos como a ingestão de quantidades preocupantemente baixas de alimento durante o dia e em casos mais graves, a bulimia e a anorexia nervosa.

Não só a magreza em si é idealizada, como os transtornos alimentares causados propositalmente para alcançá-los são encorajados e romantizados. Apesar disso, felizmente, hoje em dia o debate sobre os padrões de beleza é muito mais forte e é uma das coisas que as redes sociais podem trazer de bom para os

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jovens, que também têm acesso livre a influenciadores digitais que promovem uma conscientização sobre o perigo que os transtornos alimentares trazem à saúde.

Por isso é importante que estes padrões sejam discutidos e questionados, de forma que mais jovens entendam que eles não são o “ideal”, e que sua beleza e valor não dependem deles. Ainda mais do que questionar os padrões, é preciso acabar com a romantização de uma estética associada a transtornos alimentares, que acabam sendo banalizados por jovens que pagam um preço muito alto para alcançar essa estética e acabam trazendo danos graves e, às vezes, inesperados para a saúde.

Bruna Volpe Arnoni

Culpa da Vítima ou da Sociedade?

Em 2019 um estudo realizado pela organização mundial de saúde (OMS) aponta que suicidio foi a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Essa taxa só não supera a de 2016, que mostra que suicidio ficou em segundo lugar como morte dos mesmos.

Desde o início da pandemia, o fechamento das escolas, o confinamento com familiares e a impossibilidade de ver outras pessoas, fez com que os adolescentes fossem os mais afetados psicologicamente. Apesar de não existirem taxas de aumento precisas nessa média de suicidio, muitos psicanalistas e estudiosos do assunto afirmam que existiu um aumento considerável na morte desses jovens, 53% dos mesmos afirmam terem o bem estar afetados pela pandemia e pelo isolamento social. No Reino Unido o número é maior ainda, 81%.

A pressão emocional, a perda de emprego, falta de acesso à saúde, além de alterações hormonais são causas para problemas como depressão e ansiedade, que ocasionalmente levam ao suícidio.

No Brasil, o instituto basileiro de geografia e estatísticas (IBGE), não

divulga a taxa se suicídio, e isso faz com que não tenhamos informações para aprender e nos conscientizar sobre a questão. A antiga geração não se sente confortável em falar sobre alguns assuntos, e consequentemente jovens são afetados por isso. Dizendo que doenças mentais e problemas psicológicos são besteiras, muitos pais negam o pedido de ajuda dos filhos.

Uma professora da universidade federal de São Paulo diz que para os adolescentes é importante manter o sono regulado, fazer exercícios físicos, ter contato com a luz do sol e seguir uma rotina para manter o bem estar e uma boa condição mental. Além disso, evitar estresse e mudança brusca de emoções também é importante.

Divulgado no relatório “Suicide worldwide” da organização mundial de saúde, na frente de doenças como HIV, malária e câncer de mama, mortes por conta de problemas psicológicos matam 1 a cada 100 brasileiros.

Tudo que foi apresentado anteriormente, nos faz questionar por que não tratamos doenças mentais e problemas psicológicos com tanta seriedade. Isso porque, por não serem “visíveis”, muitas vezes são inferiorizados e até jogados de lado, sendo que são tão importantes quanto qualquer outra doença. Precisamos começar a falar sobre assuntos desconfortáveis para que crianças e adolescentes parem de morrer.

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Transtornos alimentares na adolescência

A adolescência é um período de descobrimento próprio, com diversas mudanças radicais e grandes dificuldades para os jovens, tanto na vida acadêmica como na particular. As alterações no corpo, como é a mais evidente, normalmente causam mais inseguranças nos adolescentes, o que pode ocasionar diversos problemas, como o transtorno alimentar. Segundo o Ministério de Saúde, cerca de 4,7% da população sofre com transtornos alimentares, anorexia e/ou bulimia, no entanto, isso pode chegar a ser 10% da população jovem. Os adolescentes, muitas vezes, têm a grande necessidade de encaixarse em seu grupo social, o que os faz tentar adquirir, de qualquer maneira, o padrão daquele determinado grupo.

A ocorrência dos transtornos alimentares, também pode ser motivada pelas mídias sociais. O uso diário da internet, e

principalmente das redes digitais, acabam influenciando, em sua maioria, os adolescentes; suas vidas passam a refletir-se na internet, e consequentemente o que ocorre ao redor dela também. Os padrões de beleza e de vida não fogem disso. A internet criou uma espécie de “vida modelo” que, muitas vezes, as pessoas passam a seguir. No entanto, esse padrão, acaba tornando-se problemático, pois muitos perdem sua autoestima, e em busca de aprovação, tentam encaixar-se, postando fotos editadas com photoshop, e inventando uma vida perfeita, que muitas vezes, não é verdade.

Os adolescentes são mais propícios a terem problemas alimentares pelos diversos motivos citados. Devemos orientar estes jovens, mostrar-lhes que existem diversos tipos de corpos. Por mais que seja um caminho longo e difícil, precisamos quebrar esses padrões de beleza; ter o cuidado de mostrar e normalizar, todo tipo de diversidade em propagandas, mídias sociais, filmes etc.

Jovens, política

e redes sociais

Hoje em dia, as redes sociais são ponto central na vida dos jovens.

Eles usam-nas para se comunicar, compartilhar momentos, vídeos engraçados e também para se informar. A juventude raramente consome notícias pela imprensa tradicional, como revistas, jornais, rádio e televisão. A nova moda é se informar por meio de vídeos curtos no Tik-tok, manchetes no Instagram ou notícias de 280 caracteres no Twitter. É muito prático se informar em um minuto ou menos, contudo essas notícias são sempre superficiais e muitas vezes — dependendo da fonte — falsas. Isso se reflete numa juventude cada vez mais influenciável, desinformada e despolitizada.

No Brasil, segundo uma pesquisa da TIC kids online, 78% dos jovens utilizam redes sociais, sendo que 51% deles as usam para ler notícias. As informações lidas nas redes sociais são sempre muito superficiais, não fornecendo ao usuário conhecimento suficiente para que ele forme uma opinião.

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Outro problema se dá no fato de que 67% dos jovens brasileiros não sabem diferenciar fatos de opiniões, como mostra um relatório da OCDE. No Twitter, rede que 70% dos jovens acessam diariamente no Brasil — de acordo com a própria empresa —, os usuários expõem muitas vezes suas opiniões e o que acontece é que um jovem lê certa opinião e leva isso como verdade, sendo totalmente influenciado pelo autor da mensagem.

As fake news também são um problema. Segundo o TSE, as notícias falsas circulam 70% mais rápido que informações verídicas. Outra pesquisa, do Poynter Institute, mostra que 44% dos brasileiros recebem notícias falsas diariamente. Ao lerem essas notícias falsas os jovens tendem a acreditar no “fato” mencionado, sendo influenciados de maneira antiética, pois formariam opiniões a partir de uma notícia falsa.

Um estudo da Universidade de Nova York mostrou que as informações falsas têm mais engajamento em perfis de direta. Essa tendência acaba alienando jovens direitistas que muitas vezes seguem políticos da mesma maneira como torcem para um time de futebol, sem nenhum argumento para esse apoio a não ser a reprodução das falas de quem o influencia, que podem ser fake news.

É essencial que os jovens brasileiros sejam politizados e para isso é

preciso que atentem ao lugar onde consomem informação e devem sempre checá-las. Além disso, é importante que não consumam notícias apenas por meio de redes sociais, mas devem, também, usufruir da imprensa tradicional. É importante saber diferenciar opinião de notícia para que ao ler um artigo opinativo o jovem não entenda um ponto de vista como fato, mas para que ele pare para refletir e forme uma opinião própria. A política deve ser levada a sério e o jovem tem o dever de decidir o que acha melhor para a nação, por meio do voto consciente.

Juventudes e Esportes

É difícil botar no papel todos os benefícios que o esporte traz para a saúde física e mental, a contribuição ao bemestar individual e coletivo, à comunicação e interação entre os esportistas, as vantagens são muitas. Não sei que o quão tão produtivo é ponderar, promover ou falar de esportes num país que é reconhecido mundialmente pelos craques de futebol e que ganhou quinze medalhas nas olimpíadas de Pequim e China, em atividades diversas, como atletismo, judô, vela, vôlei de praia, taekwondo. Melhor se me contentar apenas com recordar a importância da atividade esportiva.

Já se tentou definir esporte como qualquer prática que tenha competição, o que nos serve de antecedente. O Brasil é propício inclusive a práticas esportivas mais aventureiras como arborismo, canoagem, escalada, rapel, etc. Vantagem de ser nacional de um país grande e diverso.

A Copa de 2014 foi aqui (Brasil), o Brasil tem mania desse esporte.

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Nestes jogos, até quem detesta futebol, veste a camisa da seleção para assistir aos dribles e a seleção fica mais famosa que o elenco de um filme que tem êxito de bilheteria. Já que o futebol todo mundo conhece. Poderiam aparecer novas modalidades acessíveis, dessas que só vemos em jogos olímpicos, ou em outros países, como, baseball, cricket, golf, etc.

Depois que vi uma reportagem na televisão mostrando a prática de esqui em um hotel em Dubai, acredito que qualquer esporte é viável onde quer que seja. Muitos jovens têm admiração completa por futebol ou qualquer esporte. Mas o futebol salva alguns jovens das drogas, tráfico de drogas, crimes, entre outros. Então eu garanto que o futebol, assim como qualquer outro esporte, salvam vidas, mas também é uma “profissão” que exige do esforço físico, mental., uma profissão que exige você parar antes, ou seja, com 37 anos você tem que ter uma segunda opção, com 14 anos, você tem que andar com uma 2a opção, por que se der errado você tem uma saída. Mas o futebol tem um ditado muito famoso dito pelos jovens e adultos a peneira de futebol é o seguinte, 1 de 1 bilhão. Isso significa que UM jovem passa entre os 1 bilhão.

Diego Gomes Corazza

Desigualdade escolar

Escolaridade, este período que pode durar até 17 anos na vida de uma pessoa, será que realmente vale a pena em todos os casos? Sabemos porque um adolescente protegido acorda todos os dias de manhã para ir estudar em sua escola privada e sabemos que os resultados serão muito visíveis em sua carreira profissional, mas e se trocássemos a visão para um adolescente de classe baixa do Brasil, será que realmente vale a pena para ele ir à sua escola pública? Ou será que abandonar a escola será mais plausível para que ele consiga trabalhar e ajudar sua família? Será que a escola realmente funciona em todos os casos? Muitos podem achar que a culpa do Brasil não se desenvolver melhor é a falta de dedicação dos jovens nas escolas, mas será que isso não é só mais uma desculpa para a qualidade extremamente preocupante das escolas públicas?

Segundo o INEP a taxa de abandono escolar de 2021 foi de 5,6% em escolas públicas, enquanto nas

escolas privadas, do 6º ao 9º ano esse número está em 0,2%.

Esses números nos mostram o quão visível é a diferença entre as escolaridades do Brasil. Enquanto as escolas públicas deveriam proporcionar um local agradável e acolhedor aos jovens para que pudessem estudar, sabemos que não é esse o caso, já que 17,4% dos jovens acabam optando em estudar nas escolas privadas e se as escolas públicas oferecessem condições de aprendizagem razoáveis, sabemos que essa taxa seria muito menor.

Como podemos visualizar em documentários sobre as escolas públicas no Brasil, muitos consideram a culpa do país não ir para a frente, a falta de comprometimento dos jovens com suas escolas, mas como um jovem com medo de sair na rua e ser baleado, além de não saber se vai poder almoçar e jantar naquele dia, estuda? Vemos que muitos jovens abandonam as escolas, porque eles já sabem que não vale a pena continuar lá e tentar seguir uma carreira profissional, pois na maioria dos casos as vagas profissionais não são alcançadas, assim ficando muito mais plausível o abandono da escola e a migração para trabalhos manuais de baixa remuneração. E eles acabam estando certos nessa escolha, pois segundo o IBGE a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos no Brasil atualmente é de 19,3%.

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Apesar da grande disparidade entre escolas públicas e privadas no Brasil, também não podemos dizer que todas as escolas privadas no Brasil são ótimas e todas as públicas são ruins, como tudo existem exceções, mas na maioria dos casos as escolas públicas oferecem muito menos do que as escolas privadas, considerando que uma escola deve oferecer, um currículo profissional, socialização entre colegas, preparação ao mercada de trabalho, segurança e, claro, um lugar agradável e acolhedor aos estudantes.

Não acho que será fácil mudar esses fatos, pois a cada dia o Brasil só vem se afundando mais e abandonando completamente o quesito educação, considerando que o país está muito mais preocupado em armar a população para “protegê-la” e assim dar-lhe mais segurança. Acho que estamos em um grande ciclo vicioso, em que a educação não proporciona o suficiente para seus alunos, que então tem que muitas vezes se arriscar em trabalhos mal remunerados, ou até se envolverem com crimes, o que prejudica a segurança do país, pois com mais criminosos, mais a chance de ser assaltado nas ruas, mas a solução que vem do governo não ajuda a acabar com esse ciclo e sim, aumentá-lo e deixar o país cada vez mais violento, desigual e com falta de educação.

Diogo Pedroso Corradini

Mundo do trabalho

Pode-se afirmar que os jovens da nossa sociedade tem uma grande dificuldade em se inserir no mundo do trabalho, porém essa grande dificuldade é superior na inserção de jovens negros no mercado de trabalho que reflete o racismo estruturado na nossa sociedade ocasionado pela discriminaçao e falta de incentivo para o jovem negro poder ter um espaço no mercade de trabaho, tal mercado que eles estao desigualmente excluido em comparaçao com os brancos.

Analisando dados do IBGE de 2020, podemos notar que, entre a população desempregada, 32,83% são jovens negros. Isso ocasiona devido ao racismo estrutural na sociedade, que coloca obstáculos no acesso desse grupo ao mercado de trabalho. Tal situação é confirmada por uma pesquisa realizada pela plataforma de vagasInfoJobs, divulgada pelo jornal Tribuna do Norte ao ser perguntados se a questão racial dificulta a colocação no mercado de trabalho, 75% dos respondentes que se autodeclaram negros

afirmaram que “sim” ou “as vezes”. No mesmo levantamento, 73% dos consultados afirmaram que pessoas negras não possuem as mesmas chances que outros profissionais.

Além de outras evidências apontarem uma crescente dificuldade na incersao dos jovens negros no mercado de trabalho, como em momentos de crise aonde os jovens são os mais prejudicados no mercado de trabalho. A taxa de desocupação entre jovens atingiu 13,8% em 2020. Em 2019, os números apresentavam 11,8%. As métricas consideram pessoas de 14 a 29 anos. O estudo faz parte da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) em parceria com o SCN (Sistema de Contas Nacionais).

Entre tudo temos que pensar que dos 10 milhões de jovens brasileiros entre 14 e 29 anos de idade que deixaram de frequentar a escola sem ter completado a educação básica, 71,1% são pretos ou pardos. A maioria afirmando ter abandonado a escola porque precisava trabalhar. As profissões que exigem maior nível de escolaridade e cargos com maiores salários são ocupadas majoritariamente por pessoas brancas. Informação, administração pública, educação, saúde e serviços sociais. Nos mostrando a desigualdade no mercado de trabalho que decorre a falta de

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educação para uns e outros com um ensino superior avançado, podendo ter mais oportunidades aos que não tiveram.“Não ter ensino superior já é uma desvantagem no mercado de trabalho, mas seria equivocado atribuir somente a essa característica os resultados desiguais”, afirma Luanda, mestre em sociologia pela Universidade do Estado do Rio Janeiro (Uerj). A pesquisa do IBGE revela que, enquanto brancos com ensino superior completo ganham, em média, R$ 33,90 por hora, pretos e pardos recebem R$ 25,50. Essa diferença de 44% apenas nos mostra a grande desigualdade ao jovem negro incerido no mercado de trabalho.

Ficando evidente como o jovem negro ira enfrentar grandes empecilhos no mundo do trabalho comparado aos outros, alem da grande desigualdade na remuneraçao de negros na sociedade e seu papel trabalhista em sua coperativa. Temos que acabar com essa desigualdade e diferença de tratamento para que nós possamos ter um ambiente de trabalho mais igualitário e agradável para todos.

Impacto da pandemia na saúde mental dos jovens

Em março de 2020, iniciou-se a pandemia fruto de um vírus chamado COVID-19, que apareceu pela primeira vez na China no ano de 2019. Ele se espalhou em velocidade avassaladora, contaminando milhares de pessoas. Por conta disso, depois de décadas da última pandemia mundial, o mundo inteiro precisou entrar em isolamento social.

Neste período de isolamento, jovens do mundo inteiro sofreram muito com impactos negativos em sua saúde mental.

Pesquisas divulgadas durante o período pandêmico, mostram que 22% dos jovens de 15 a 24 anos se sentem deprimidos ou tem pouco interesse em fazer atividades outras pesquisas mostram que 39% das pessoas na faixa de idade entre 15 a 24 disseram que a saúde mental ficou ruim e 11% respondeu que ficou extremamente ruim; casos de ansiedade e depressão foram as maiores ocorrências entre jovens durante o isolamento social.

A principal fonte desse grande impacto na saúde mental se relaciona ao fato de que, por conta do isolamento, fechamento de

escolas, faculdades, shoppings, cinemas etc, isso tudo fez com que jovens do mundo todo parasse de ver amigos e colegas e acabassem por passar muito tempo em casa com familiares, o que para pessoa nessa fase da vida é algo negativo, pois para os adolescentes é importante passar por situações difíceis e diferentes, e ficar com familiares pode impedir que isso aconteça fazendo muito mal para o jovens.

É importante ressaltar que, antes mesmo da pandemia, o Brasil já estava em sétimo lugar na lista de países com maior índice de depressão. Porém, a pandemia fez com que esses números aumentassem em velocidade rápida e em grande quantidade.

Com isso, é possível afirmar que a pandemia e principalmente o isolamento social fizeram com que uma grande parcela dos jovens tivesse a saúde mental extremamente afetada.

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A importância da prática de esportes para os jovens

Os jovens estão cada vez mais deixando de praticar esportes físicos para ficar de frente para as telas de computador, televisão e celular. Isso é ruim porque nessa fase é muito importante para o desenvolvimento, para o crescimento, para a saúde física e mental.

Na década de 1970 e 1980, os jovens faziam mais exercícios, andavam de bike, faziam mais esportes, brincavam de correr, jogar bola, skate, etc.

Uma pesquisa publicada pela Revista Lancet Child and Adolescent Health em 2016, mostrou que 80% dos jovens entre 11 e 17 anos, que frequentavam escolas não faziam atividades físicas. Essa pesquisa foi feita em 298 escolas em 146 países do mundo.

Esses dados preocupam porque como será a saúde desses jovens quando ficarem mais velhos? O que deve ser feito para os jovens terem uma adolescência mais saudável?

As escolas devem proporcionar muitas atividades físicas, aulas de esportes, competições e várias atividades que ajudem a movimentar o corpo.

Além disso, os adolescentes têm que saber o que causa a falta de exercício na saúde, no corpo e no desenvolvimento. Tem que ter aulas sobre saúde física e mental, sobre alimentação saudável e, também, é fundamental o incentivo da família à prática esportiva.

Se isso for feito pelas escolas e pelas famílias, os adolescentes saberão da importância dos exercícios físicos para o corpo e a mente Eles irão se preocupar em fazer esportes e sair da frente do computador.

Francisco Varanda

A evasão escolar no Brasil

Atualmente no Brasil, a evasão escolar é um fenômeno presente entre os jovens. Eles não concluem o ensino médio e/ou o ensino superior, prejudicando suas vidas no mercado de trabalho e futuramente a economia do país. Mas afinal, por quais motivos os índices de evasão escolar são tão elevados no Brasil?

De acordo com um estudo feito pelo Banco Mundial, cerca de 11 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 29 anos não estão estudando ou trabalhando. Eles são conhecidos por “nem-nem”, nem trabalham nem estudam. Entre os jovens que não concluíram os ensinos, entre os adultos não é muito diferente, cerca de 52% dos adultos brasileiros nao possuem diploma de ensino secundário e/ou de ensino superior, segundo uma pesquisa feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Há diversos fatores associados à alta evasão escolar no Brasil, sendo um deles, a gravidez na adolescência entre as jovens brasileiras, como mostra um

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estudo feito a partir de dados do Ministério da Saúde reunidos pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). De acordo com este estudo, são mais de 19 mil nascidos vivos por mães com idade entre 10 e 14 anos. Um segundo estudo feito pelo IPEA aponta que cerca de 76% das jovens que engravidam durante a adolescência abandonam a escola, sendo que 58% destes jovens nem estudam, nem trabalham. Entre os diferentes motivos para a gravidez precoce mostrados em um estudo feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), está a falta de acesso à educação sexual e a falta de acesso a métodos contraceptivos.

Outro fator relevante à evasão escolar no Brasil é a pobreza. Por ser um país subdesenvolvido, no Brasil existem problemas como a fome, a pobreza extrema entre outros. Cerca de 11,8% dos jovens mais pobres tinham abandonado as escolas sem concluir o ensino secundário em 2018, que em comparação com os jovens mais ricos esse número seria oito vezes maior, mostrado em pesquisa feita pelo IBGE.

A falta de motivação também é um fator que agrava a evasão escolar no Brasil. Por ser um fator não muito grande, vamos dizer, possui muito menos dados sobre. Cerca de 8% dos estudantes brasileiros

de até 17 anos abandonaram a escola por falta de motivação ou interesse, mostra um estudo feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV, 2006). Em um estudo realizado pelo UOL, observa-se que os principais motivos para a falta de motivação dos alunos está associado direta ou indiretamente ao ambiente escolar, condições financeiras e a falta de apoio familiar.

Levando-se em consideração esses aspectos, a evasão escolar no Brasil é um problema que merece atenção e pode ser enfrentado combatendo suas possíveis causas. Políticas que visem a melhorar o acesso à educação sexual, incentivo à participação nas escolas e o combate à pobreza podem reduzir os índices de evasão escolar presentes no Brasil.

Gabriel Frederico

Pixa a Arte

O que é arte? Segundo a professora Laura Aidar, a arte tem uma importante função social na medida que expõe características históricas e culturais de determinada sociedade, tornando-se um reflexo da essência humana. A arte pode ser expressada por infinitas formas, uma das mais discutidas, controversas e atuais é a pixação, a qual é possivelmente a forma de expressão artística mais violenta e visualmente exposta na cidade de São Paulo. Pixação é uma forma de expressão artística baseada na transgressão às leis e ao Estado. No entanto, sobretudo, é uma expressão artística que dá voz a grupos silenciados.

A arte como um todo, é algo pouco incentivado no Brasil, tanto por parte da sociedade de modo geral, como também pelas instâncias governamentais. As famílias, majoritariamente, veem em seus filhos um meio para concretizar seus sonhos não realizados durante a juventude. Já nas escolas, por outro lado, tal questão pode ser percebida ao analisar a grade curricular, em que a disciplina de artes é a de menor

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carga horária, isto escancara a falta de investimento do governo no setor artístico, o que faz com que a arte deixe de ser um bom caminho de carreira e vire um setor que pouquíssimos jovens veem como futuro e efetivamente consigam seguir nesse trajeto. Tudo isso combinado favorece a criação de uma geração de jovens que não veem arte como caminho a seguir e reprimem seus desejos de expressão, e quando esses desejos explodem eles aparecem na forma da arte da contravenção, a arte da infração, o Pixo.

A constante tentativa de repressão do Estado em combater essa manifestação artística, torna o pixar ainda mais significativo. Ao reprimir essa arte também está se reprimindo toda uma classe social que grita, silenciosamente, em forma de letras, uma classe que usa São Paulo como uma apostila onde as páginas são preenchidas com pixações - uma vez que, tal manifestação surge principalmente em contextos periféricos.

”Que país é esse que gera uns jovens que precisam se expressar através da destruição?“, pontua um entrevistado do documentário PIXO, dirigido por fulano. O país que faz isso é o mesmo que tem 15,5% da sua população passando fome, o país que tem 30% da sua população na extrema pobreza, e olhando um pouco mais para São Paulo é uma cidade com 40 mil moradores de rua e ainda assim tem mais de 150 edifícios desocupados, esse é o tipo

de Estado que gera a juventude destrutiva que necessita da prática do pixo para escancarar essas incoerências e a própria violência sofrida pelos jovens.

Pixação. Algo atemporal que permanece nas ruas de São Paulo desde a ditadura, a arte da destruição, arte da transgressão, a arte do grito silencioso. Tal arte feita para escancarar graves problemas que estão impregnados em nossa sociedade, e por que não dar uma chance de apreciar tal arte? Ver a beleza dessas letras gritantes e até talvez um dia realmente entender toda a emoção que esta arte envolve.

Gustavo Alves Silva

O que a internet pode nos oferecer

As mídias digitais estão sempre presentes no dia a dia dos jovens, por meio da internet eles conseguem mandar mensagens, ver aplicativos de entretenimento, estudar etc. Conforme uma pesquisa publicada pela organização Common Sense Media, constatou-se que o uso geral de internet entre crianças e adolescentes aumentou 17% de 2019 a 2021 e está crescendo mais rapidamente do que nos quatro anos anteriores, segundo reportagem do New York Times.

Em média, o uso diário da internet entre as crianças de 8 a 12 anos aumentou de 4 horas e 44 minutos para 5 horas e 33 minutos, já dos 13 a 18 anos, o tempo gasto passou de 7 horas e 22 minutos para 8 horas e 39 minutos, isso é bem preocupante, pois os adolescentes e as crianças estão perdendo muito tempo fazendo coisas que normalmente não são produtivas para terem um desenvolvimento intelectual

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ou ter experiências diferentes para deixar marcas positivas em suas vidas, como ir a um parque, sair com os amigos, conversar, entre outras coisas do convívio social e familiar.

Quero dizer também que os jovens não são apenas utilizadores das redes sociais, eles também produzem conteúdos nessas plataformas, como vídeos de danças, comédia, podcast.

Se os recursos digitais forem utilizados com moderação e consciência, as redes sociais trariam muitos benefícios, podemos aprender muito pela internet com vídeos educativos, tutoriais, aprender ou aperfeiçoar um idioma. Porém, não posso deixar de dizer que como tudo, existe uma parcela ruim: Os Hackers roubam dados e podem fazer uso deles para qualquer coisa, golpistas que podem mandar mensagem falando que são de uma banco específico e assim com os dados bancários em mãos realizarem saques e fraudes, são diversas coisas perigosas que podem acontecer.

Com todos esses dados podemos concluir que as mídias sociais têm seus pontos positivos e negativos e o uso vai depender de como vamos utilizar esses recursos da internet.

Gravidez precoce

Isadora Conde Torres

A gravidez precoce é um tema normalmente considerado um tabu, isso porque a discussão desse tema acaba resvalando sobre o tema da legalização do aborto. A gravidez precoce é um problema, porque a pessoa que engravidar pode ter sérios problemas físicos e psicológicos, já que seu corpo não está totalmente desenvolvido. Além disso, o cansaço mental de conceber uma criança e após isso ter a responsabilidade sobre a mesma, pode gerar doenças psicológicas graves, as chances de ocorrer complicações no parto aumentam e os riscos de o bebê nascer com doenças graves ou problemas físicos aumenta.

Uma pessoa adolescente que engravida geralmente é obrigada a abandonar os estudos e uma pessoa pobre é colocada em uma situação pior do que a que estava, porque além de abandonar os estudos será difícil encontrar emprego estando grávida, já que normalmente empresas ou contratantes em geral evitam mulheres grávidas porque em alguns meses essa pessoa terá licença para maternidade.

Estudos realizados pela Fundação Abrinq mostram que 30% das mães adolescentes no Brasil não concluíram o ensino fundamental, isso reforça a ideia anterior, de que ao engravidar a pessoa abandona os estudos, já que agora ela precisa sustentar não só a si própria.

Esse percentual sobe para 35% quando se fala das regiões Norte e Nordeste, regiões mais pobres.

Uma pessoa considerada adolescente é uma pessoa entre 12 e 18 anos, é claro que uma pessoa de 12-18 anos sabe de onde vêm os bebês e algumas formas de prevenção, assim como têm acesso a preservativos, que podem ser encontrados em postos de saúde e até em metrôs, mas então por que jovens continuam engravidando? Em muitas escolas a educação sexual não é apresentada de uma forma direta, é comum a ideia de que, dar aula sobre o tema vai incentivar os alunos a terem relações sexuais, então isso é tratado como um tabu e não é discutido da devida forma, e explicar da devida forma não é somente explicar sobre o uso de preservativos e sim, como funciona a fecundação e as consequências de engravidar precocemente.

A gravidez precoce não é enfatizada em discussões e a educação sexual não é tratada da devida forma em escolas, de modo geral.

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Escola pra quem?

O tema escolhido são as raízes históricas do atual sistema educacional brasileiro e o entendimento de como as decisões históricas do Brasil se relacionam com a completa falência da escola pública nos dias de hoje. Na minha opinião, a Educação do Brasil sempre foi elitista e nunca fez jus ao verdadeiro nome que seria educação pública, ou seja, para todos.

Os primeiros registros de educação no Brasil datam de 1530, onde a igreja catequizava os indígenas e os filhos de grandes famílias, sendo o grande ponto de partida da educação, dos interesses políticos e das elites.

Já no Brasil Império (1822-1889), o espectro desse marco zero na educação brasileira tem como consequência 82,6% da população analfabeta. Em 1889 o pensamento positivista (fortemente baseado no iluminismo) ganhou bastante força no Brasil e em 1920 o diretor geral da instrução pública Sampaio Dória implementou uma reforma nas escolas públicas paulistas, onde crianças de 7 a 12 anos teriam de ir obrigatoriamente a uma escola

semelhante ao fundamental I. Com o tempo, Paraná, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco também aderiram à reforma, fazendo o número de analfabetos cair para 72,4%, queda de 10,2%, comparado por exemplo com a Argentina que tinha 71,2%. Ainda assim, a maior parte dos brasileiros permanecia analfabeta.

A partir de 1950 a taxa de pessoas de 15 anos ou mais analfabetas já era menor, com taxas entre 40% e 30% entre os anos de 1960 e 1980. Novamente comparando com a Argentina, em 2015 apenas 0,8% da população acima de 15 anos era analfabeta. O país só perdia para Cuba, que tinha 0,2% de sua população analfabeta. Em 2020 o analfabetismo desses jovens de 15 anos ou mais no Brasil chegou a 10%. No entanto, o número de crianças de seis e sete anos que não sabem ler e escrever cresceu.

Ao todo, 2,4 milhões de crianças brasileiras não estão alfabetizadas nesta faixa etária. O número corresponde a quase metade (40,8%) do grupo inteiro. Em 2012 o percentual atingiu 28,2% chegando a 40,8% em 2021, muito devido à pandemia.

Compreende-se portanto que não há uma prioridade de governo para que a taxa de escolaridade no Brasil fique menor, pois ao longo da trajetória da escola pública no Brasil ainda 10% dos jovens não possuem escolaridade e são analfabetos.

No atual cenário Brasileiro, recentemente o presidente Jair

Messias Bolsonaro bloqueou mais 1 bilhão nos investimentos relacionados à Educação e notícias apontam que esse orçamento foi desviado para o orçamento secreto utilizado para compra de interesses de parlamentares.

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Escola para quê?

A escola tem a função de educar a população. Sua ideia é ser uma fonte de conhecimento e uma formação de profissionais, preparando-os para a vida adulta. Porém, quando se fala do Brasil, não é isso que ocorre em grande parte dos casos. Falta ao governo investimentos, principalmente em escolas públicas, para que um bom futuro e uma boa educação sejam fornecidos a todos.

Em outros países, estudar em escolas particulares não é um requisito necessário para receber uma boa educação e ter oportunidades de se tornar um profissional. Mas no Brasil é diferente, quando não se nasce com suficientes condições para se ter um ensino privado, as oportunidades se fecham, tornando o processo drasticamente mais difícil.

É muito comum pais de crianças que estudam em escolas particulares dizerem aos filhos que, caso eles reprovem, sejam enviados à escola pública. Isto deixa claro o fato de que o método de ensino

público se tornou uma ameaça, algo ruim. Dados do Censo Escolar dizem que 80% dos alunos do Brasil estudam em escolas públicas, ou seja, a maior parte dos estudantes do país frequentam ambientes que não lhes fornecem uma boa base escolar.

Claramente a má distribuição do dinheiro no Brasil é grande contribuidora para que problemas como o citado anteriormente ocorram. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) apresenta dados que dizem que 5,6% dos alunos abandonaram a escola pública em 2021. Isso se deve à desigualdade do país, que contribui para que crianças com más condições financeiras tenham que deixar de estudar para trabalhar, pois caso contrário a falta de dinheiro irá prejudicá-los.

Mesmo a educação de uma escola pública apresentar baixa qualidade, dificultando a aprendizagem dos alunos, não é certo repetir alguém nessas circunstâncias. Repetir um aluno nesse tipo de escola é como empurrá-lo ao tráfico. Ele não é protegido, em seu ciclo social econômico não há opções além de ir para o crime.

No documentário “Pro dia nascer feliz”, alunos como esse citado anteriormente (estudantes de

escola pública) são culpados, muitas vezes, pelos professores, que dizem que eles não estudam. Quando na realidade a culpa é do governo, por não investir em escolas públicas.

Então por esse motivos o governo deve agir com urgência para que a educação seja transformada.

Não é certo a maior parte do Brasil estudar em escolas que não fornecem um bom futuro, uma boa educação. O governo deve mudar o seu sistema, deve preparar todos para o futuro. E isso começa desde a melhor distribuição de dinheiro até o investimento em escolas públicas.

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Esporte, Juventude e Saúde

A adolescência é uma fase de mudanças, vivenciada por transformações físicas, emocionais, sociais, nas quais o sujeito modifica seus domínios e concepções. Sabe-se que a vulnerabilidade expõe os indivíduos a situações de risco a sua saúde mental e acaba por potencializar os efeitos consequentes.

No final do ano de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou novas diretrizes sobre atividade física e comportamento sedentário. O documento defende que a prática de exercícios deve ser frequente na vida de todas as pessoas, independente da idade. Segundo o profissional de educação física Henrique Cruz, o sedentarismo tem relação direta com a obesidade –presente em 10% da população mundial e doenças associadas como hipertensão, diabetes tipo 2, asma, esteatose, apneia do sono, cancro, doenças cardiovasculares e câncer. Infelizmente, os dados levantados pela OMS revelam que entre os adolescentes quatro em cada cinco são sedentários. Apenas 15% dos adolescentes brasileiros se exercitam o suficiente. O Relatório da Organização Mundial da Saúde

mostra que 89% das adolescentes entre 11 e 17 anos, brasileiras, não praticam atividade física suficiente, contra 78% dos garotos. No Brasil são 38,8 milhões de pessoas de 15 anos ou mais (24,0% da população) que praticam esportes e 28,1 milhões (17,4%) praticam atividades físicas.

A importância do esporte para a manutenção da saúde física é indiscutível. Mas, os benefícios também envolvem a saúde mental. Existem diversos estudos que apontam que transtornos mentais são minimizados em alguns casos com a ajuda do esporte, e que a prática de esportes é importante no tratamento da depressão. Quando se é fisicamente ativo, a mente é distraída dos estresses diários. Isso pode ajudar a evitar pensamentos negativos. O exercício reduz os níveis de hormônios do estresse em nosso corpo. Ao mesmo tempo, estimula a produção de endorfinas que também tendem a deixar-nos mais relaxados e otimistas após um treino intenso.

A relação entre a prática de exercícios físicos e a manutenção da saúde mental já é um consenso entre os profissionais de saúde. Novos estudos apontam que a atividade física regular diminui os riscos de depressão e reduz a perda cognitiva em pacientes com mal de Alzheimer, por exemplo. O esporte parece favorecer a construção de um perfil mais resiliente, além de contribuir para uma melhor qualidade de vida.

Slam - A Nova Poesia

É fácil observar que a poesia é uma das artes que sofreu grandes mudanças nas últimas décadas, há até quem diga que está à beira da extinção, por não ser cultivada em sua forma tradicional. E é justamente de uma ruptura na poesia que surge o Slam, prometendo ser a voz das novas juventudes cheias de opinião. Enquanto um jovem renascentista declamava para declarar seu amor, o jovem contemporâneo declama, de peito aberto e fala direta, suas defesas e ataques ao sistema.

A originalmente chamada Poetry Slam, foi criada nos anos 80 pelo poeta estadunidense Marc Smith, que moldou-a com aspectos da cultura periférica e urbana do hiphop. Os campeonatos são formados pelas etapas geral, semifinal e final, com declamações de até três minutos. Embora o tema seja livre, o recorrente é que sejam abordadas questões políticas ou causas sociais, sempre levando em conta as vivências do poeta.

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A palavra Slam em si já dá muito significado ao movimento. Por ser uma onomatopeia para algo como uma pancada, um “baque”, nos faz pensar na intensidade e repercussão que essa poesia infere no âmbito social e também individual do poeta que a declama.

Em 2008, o Slam foi trazido ao Brasil pelo Núcleo Bartolomeu, um grupo teatral com influências do hip-hop, como o grafite e o break dance, que luta por direitos das mulheres e pessoas pretas. Roberta Estrela D’Alva foi a poeta e atriz do grupo que decidiu trazer e disseminar essa nova vertente poética, vendo ali uma oportunidade de dar mais voz aos jovens pobres e sempre tão pensantes. Ao longo do tempo, passaram a existir também os saraus não competitivos.

O Campeonato Slam BR ocorre anualmente em São Paulo, onde é decidido quem representará o país na Copa do Mundo de Slam, sediada em Paris. Atualmente, os grupos brasileiros mais famosos de Slam Poetry são o Slam RS, o Slam Chamego, o Slam Peleja e o Slam das Minas. Uma das organizadoras do Slam das Minas paulista, Mel Duarte, declama sobre sua vivência enquanto jovem negra e mulher. Em versos como “Se cair a gente levanta. Mulher, sim. Negra, sou. Punhos cerrados até o fim. Meu

tempo é agora”, ela também motiva mulheres negras a lutarem e terem esperança.

Inegavelmente, o Slam é poesia. Mais que isso, o Slam é uma mistura de artes, uma deselitização da poesia e uma formalização do rap ao mesmo tempo. É um espaço aberto aos jovens que querem se manifestar. Um lugar onde os pensamentos, ideias e opiniões são ouvidos e envolvidos em arte. O movimento tem se fortalecido no Brasil, e é cada vez mais alimentado por obras fortes de resistência negra, feminina e periférica. É engano dizer que a poesia está morrendo, uma vez que desdobramentos como esse aproximam os jovens da arte.

Malu Guimarães

Juventude e Violência

A violência é um dos temas mais conturbados e preocupantes para os brasileiros hoje. Recentemente, tornou-se urgente discutir e implementar medidas capazes de lidar com esse fenômeno.

Infelizmente, nesta situação de medo e insegurança, sempre surgem argumentos arriscados e precipitados, como os que culpam os jovens pela escalada da violência.

As estatísticas mostram que a violência se transformou em uma das principais causas de morte de jovens. De acordo com o Unicef, 16 crianças e adolescentes brasileiros morrem por dia, em média, vítimas de homicídios. E as pessoas com idades entre 15 e 18 anos representam 86,35% dessas vítimas. Enquanto a taxa de mortalidade por homicídios de adolescentes está em torno de 35/100 mil habitantes a da população geral encontra-se em 27/100 mil, segundo dados do Datasus. Por outro lado, de acordo com o Ilanud, o percentual de jovens com idade inferior a 18 anos que comete atos infracionais é de menos de 1% da população total nessa faixa etária. No universo

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de crimes praticados no Brasil, os delitos cometidos por entes não chegam a 10%.

O Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) oferece um sistema que trata os delinquentes juvenis como sujeitos de direitos e responsabilidades. Em caso de descumprimento, institui medidas de educação social cuja finalidade é punir, mas ao mesmo tempo prepará-los para a vida social. Portanto, o problema não está na lei, mas no fato de que muitos governantes não a aplicam. Pesquisas mostram que, se essas medidas forem implementadas corretamente, as taxas de reincidência entre os jovens no mundo do crime são baixas. Mas na prática o que acontece é priorizar o internamento em instituições que mais parecem galpões para jovens cujas deficiências vão desde a falta de espaço para atividades esportivas e sociais até más condições de manutenção e limpeza.

Em vez de lhes dar oportunidades de desenvolver e reconstruir suas vidas, essas instituições agem como verdadeiras escolas do crime, afastando o jovem da possibilidade de uma ressocialização e selando seu destino na vida do crime.

Faria

Importância da prática de esporte para o desenvolvimento das crianças e jovens.

Hoje já não há mais dúvida sobre a importância do esporte para o desenvolvimento de crianças e jovens.

Dentre os benefícios da prática esportiva, podemos citar, em primeiro lugar, aspectos relacionados à saúde. Crianças e adolescentes que fazem esporte costumam ter músculos e estruturas ósseas mais resistentes e saudáveis. Outra vantagem de praticar esporte desde pequeno é a garantia de um melhor funcionamento do metabolismo que, por sua vez, é muito importante para o controle de calorias. A prática de esporte também melhora a circulação sanguínea, fortalece o músculo cardíaco, ajuda na fixação do cálcio nos ossos e reduz riscos de doenças pulmonares e cardíacas.

As atividades físicas têm um papel fundamental no desenvolvimento motor das crianças.

Mas os benefícios da prática esportiva não se limitam a melhora de saúde física , envolvendo também questões relacionadas à saúde mental e qualidade de vida dos jovens. Crianças e adolescentes que fazem esportes têm menos chances de desenvolver transtornos mentais, sendo também a prática de esporte uma das medidas recomendadas no tratamento da depressão. A prática de exercícios físicos leva a liberação de hormônios, como a endorfina, que produz uma sensação de prazer. Crianças e jovens que fazem atividades físicas têm, ainda, uma melhor capacidade de socialização e são mais preparados para enfrentar os desafios da vida adulta. Isto porque, tanto nos esportes coletivos quanto nos individuais, são desenvolvidas habilidades como perseverança, confiança, motivação, poder de decisão e respeito.

Por fim, o esporte é uma importante ferramenta para tirar os jovens da vida da criminalidade. Vários projetos sociais focados no esporte são desenvolvidos em regiões periféricas das cidades de modo que, ao invés de buscarem nas ruas diversão e distração, os jovens têm a alternativa de se dedicarem a alguma atividade esportiva que pode, inclusive, gerar uma melhora na sua situação econômica.

Nao é a toa que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

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prevê em seu artigo 4º que “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”

Para melhorarmos o futuro de nossa sociedade, é, portanto, muito importante investirmos cada vez mais no esporte como ferramenta que ajuda na saúde física e mental dos jovens e que é fator determinante para um futuro fora da criminalidade.

Maria Clara Duarte de Barros

Por que os jovens saem da escola?

A educação no Brasil sempre foi um desafio, não é à toa que a maioria ou se não todos os candidatos à presidência ou para cargos menores como governadores etc, sempre mencionam melhorar a educação como promessa de campanha.

É importante lembrar que uma educação precária pode afetar o futuro de toda uma geração, pois prejudica o desenvolvimento pessoal, a qualificação profissional e a mobilidade pessoal e social. Uma de suas grandes causas é a evasão escolar durante o ensino médio.

Muitos jovens saíram da escola durante a pandemia para ajudar a família financeiramente, isso já afetou 39,1% entre 14 e 29 anos para piorar esse cenário, três a cada dez jovens ouvidos , para a pesquisa, não pensam em voltar para a escola, segundo os dados da Plataforma Juventude, Educação e Trabalho. A pandemia conseguiu agravar um problema que já era

crônico no país. Os estudantes que mais saem das escolas estão no ensino médio, segundo uma Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho. “Quando olhamos a taxa de evasão ao longo das etapas de ensino, claramente observamos um aumento nos anos finais do ensino fundamental com um pico na entrada do ensino médio”, fala Katcha Poloponsky, especialista da Assessoria de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho. Muitos dos jovens evacuam as escolas no ensino médio por busca de um emprego e, quando conseguem, depois não têm mais tempo para os estudos, ou também podem abandonar os estudos por falta de interesse em aprender. Alguns chegam até a pensar que continuar estudando não vai render o dinheiro suficiente, diferentemente se começarem a trabalhar durante o ensino médio.

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Gravidez na juventude

Gravidez na adolescência, algo muito discutido em nossa sociedade. Nos séculos passados, a gravidez precoce era comum devido à baixa expectativa de vida, porém, nos tempos de hoje isso se tornou algo ruim e temido entre as jovens, capaz de gerar várias consequências negativas em suas vidas.

Os adolescentes, durante essa época da vida, estão passando por diversas mudanças corporais, hormonais e sociais, a gravidez nesse período pode alavancar todos esses aspectos de forma prejudicial. Dados retirados da Febrasgo afirmam que no ano de 2019, a cada 30 minutos, uma jovem de até 14 anos de idade, dava à luz no Brasil, totalizando cerca de 19.330 nascimentos. E que em 2011, de 2.913,60 partos realizados, 533.103 foram de meninas entre 15 a 19 anos.

Existem várias razões para que isso aconteça com tanta frequência, uma delas é a falta de conhecimento de anticoncepcionais e a ausência da educação escolar, como afirma o relatório “Acelerando o progresso em direção à redução de gravidez

na adolescência na América Latina e no Caribe”, que diz que adolescentes que não completaram o ensino regular ou que não tiveram acesso aos estudos formais, têm quatro vezes mais chances de ter uma gravidez precoce do que uma menina que tenha cursado o ensino médio ou superior.

Outro motivo é a violência sexual que, infelizmente, é algo muito presente no nosso país. Devido aos estupros a meninas jovens, em grande maioria menores de idade, muitas acabam engravidando, por medo não conseguem realizar abortos e então tem esses filhos, frutos de abusos sexuais.

Também devemos enfatizar que a gravidez precoce afeta em diversos fatores a vida da mãe e da criança. Como a saúde da adolescente que pode ser prejudicada, tanto mentalmente como fisicamente causando crises de ansiedade, muitas vezes levando à depressão e podendo causar problemas, como ruptura do colo do útero, hipertensão e anemia.

Grande parte das jovens meninas que enfrentam a gravidez em uma idade precoce, não a viveram de forma desejada, e sim geradas a partir de violência sexual, ausência de educação ou falta de conhecimento sobre métodos contraceptivos. Isso pode afetar muito a saúde mental e física das jovens mães.

Marina Prieto Moriya

O segregacionismo enraizado no sistema educacional brasileiro

O acesso à educação de qualidade é um direito fundamental para o desenvolvimento da cidadania e da democracia. “A educação é mais que necessária, é um requisito de cidadania, que possui inúmeros bens sociais” afirma o pesquisador Rogério Barbosa. Mas essa não é a tese que ele defende. Ele acredita que somente a educação não equilibra um país. “Os aumentos do salário mínimo, por exemplo, foram a principal política distributiva na década de 2000. Muito mais rápida e efetiva do que a educação”.

Uma pesquisa realizada por um grupo de sociólogos do Ipea diz que se, desde 1956, todos os alunos brasileiros tivessem concluído o ensino médio ou tivessem o ensino superior incompleto, a desigualdade não teria caído nem 10% nos dias de hoje. Aleḿ disso, oferecer educação de elite para toda a população trabalhadora é algo irrealista, e afirma que a educação formal no Brasil não é organizada de forma a acabar com a desigualdade. Não é qualquer educação e diploma que garante a inclusão dos jovens no mercado de

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trabalho e estabilidade econômica. E há razões históricas para esses problemas que estão presentes até hoje dentre os brasileiros.

O pesquisador norte-americano Peter Lindert fez um estudo para saber por que algumas nações no século XIX começaram, a de repente, dar tanta atenção ao ensino primário, sendo que o Brasil não era uma delas. Ele constatou que pouco a pouco se passou a cobrar cada vez mais impostos para investir na construção de escolas e na contratação de professores. “No século XIX, finalmente, a educação começou a ser mais bem distribuída. Pelo poder público. Não dá para aumentar a oferta de educação sem dinheiro público”. Essa última parte é importante, porque nos lembra de que são necessários investimentos e verba na educação para que continue funcionando, e não apenas boa vontade, muito menos dos alunos, que têm sido frequentemente responsabilizados pela precariedade das escolas brasileiras.

O professor da Uerj, Adalberto Cardoso, diz que o Brasil gasta hoje em educação, em termos de PIB per capita, a mesma coisa que a Europa, ou seja, em torno de 20%. O problema é que o PIB per capita no Brasil é menor.

Lindert confirma uma tese que afirma que quanto maior a participação eleitoral dos cidadãos, maior a necessidade das figuras políticas de responder às demandas

por educação, usando dados de diversos países do mundo. Segundo o pesquisador, não adianta apenas uma pequena parcela dos homens adultos votar, pois as suas pautas de interesse não abrangem as preocupações dos mais pobres. Se para eles há algum problema com a educação, a elite resolverá o seu problema contratando professores e escolas particulares. Esse tipo de “democracia elitista” existia em muitos lugares no século XIX, com o uso de voto censitário, que limitava o voto a apenas uma minoria com certos níveis de renda. Apesar de o voto censitário não existir mais no Brasil, o pensamento por trás dele permanece.

A transformação dessa profunda questão da precariedade e ignorância no sistema educacional brasileiro necessita de políticas públicas em diversos setores, e que sejam contínuas, que assegurem uma educação de qualidade competente para a população em geral, não só para as classes média e alta. Essas políticas precisam assegurar que os jovens ampliem seu repertório cultural e social, conheçam novas tecnologias, sejam criativos, explorem a cidade, e que sejam protagonistas na construção de seus próprios currículos, como defende Wagner Santos. O Brasil já é um país bem desenvolvido economicamente. Precisamos garantir as necessidades do povo, dando-lhes poder de participação e quebrando a estrutura complexa e enraizada que não fornece até hoje aos nossos alunos a base para que possam estudar.

Desigualdade entre escolas

A desigualdade entre o ensino particular e o ensino público é o que compõe o maior problema educacional no Brasil

Muitos jovens em escolas públicas não chegam a terminar o ensino fundamental e o ensino médio. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que a taxa de abandono escolar no ensino médio na rede pública mais do que dobrou no ano passado. Em 2020, o percentual de estudantes que abandonaram instituições foi de 2,3%, enquanto que, em 2021, a taxa foi de 5,6%. Ainda segundo o levantamento, a região Norte do país foi a que mais sofreu com o abandono dos alunos. Enquanto o país teve um índice de 5% no ensino médio, os estados do Norte, juntos, acumularam uma taxa de 10,1% de abandono. Já na etapa do ensino fundamental. O valor foi de 2,5% nesta região. a tendência na queda de jovens de 15 a 17 anos que deixaram a escola sem concluir o ensino médio: o patamar era de 7,1% em 2019 e está agora em 4,4% no segundo semestre deste ano.

Como apresentado nos dados acima, o índice de pessoas que abandonam o ensino médio na escola pública é muito grande, porque algumas vezes não tem aula por falta de professores e a baixa qualidade educacional faz os jovens desistirem de terminar o ensino médio em escolas públicas.

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Mateo Linares

A ameaça prematura da gestação e o aborto

Todos sabemos que criar um filho não é fácil, educar uma criança tanto socialmente quanto culturalmente diante das diferentes questões que vivemos não é tarefa fácil. Pense então num adolescente exercendo este papel! Alguém que está se descobrindo e possivelmente se preparando para sua vida adulta ter que cuidar de uma criança!Infelizmente, esta situação de gravidez precoce é muito comum em nosso país.

Apesar de este problema estar melhorando, tendo uma queda de aproximadamente 17% entre 2004 e 2017(Sinasc) a situação ainda é muito preocupante, dados divulgados em 2017 pelo Ministério da Saúde, revelam que a redução foi de 661.290 recém nascidos de mães entre 10 e 19 anos em 2004 para 546.529 em 2015. Segundo estudos, na América latina, a média de adolescentes com filhos em idades prematuras é mais do que o dobro da média mundial. A América Latina só perde em números para a África Subsaariana. O Brasil sozinho possui 21 mil jovens grávidas com menos de 15 anos(UNFPA).

A gravidez precoce traz diversos problemas em diferentes áreas na nossa população, por mais que 21 mil pessoas possam não parecer muito, imagine 21 mil pessoas que têm de prejudicar sua vida social e sua educação( estudos também relatam um aumento de chance de suicidio por mães prematuras, além de um aumento de doenças psicológicas entre este mesmo grupo).

Existem diversas formas de lidar com este problema, assim como informar a população sobre a doação de preservativos gratuitos, e aumentar a cobertura desta iniciativa, que está muito pouco presente justamente em lugares de maior necessidade do Brasil, como zonas rurais ou cidades com menos condições financeiras, que tem menos opção de comprar preservativos. Outra forma de lidar com este problema é a legalização do aborto, este é um método muito controverso, que divide muito a população Brasileira, alguns defendem que ameaça a vida de um ser, mesmo que ainda em desenvolvimento, já alguns abominam completamente esta ação independente de como isso pode afetar a mãe, ou da situação em que ela se encontra.

Muitas vezes a gravidez pode ser consequência de um caso de estupro, que infelizmente acontecem frequentemente

no Brasil: em 2018 ocorreram aproximadamente 66 mil casos de estupro, 53,8% destes contra meninas de até 13 anos de idade, sendo mais ou menos quatro vítimas violentadas, por hora, no país(segundo o Décimo terceiro anuário brasileiro de segurança publica).

Mesmo que os casos estejam caindo, ao longo dos anos, precisamos conscientizar nossos jovens deste grande problema que assola nossa sociedade, para desta forma termos um Brasil melhor constituído.

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Jovens no mundo da política

A participação dos jovens na política vem sendo pautada por nossa sociedade há alguns anos. No Brasil, os jovens entre 18 e 25 anos representam 23% da população brasileira, e podem fazer a diferença na política. Mas será que os jovens estão mesmo participando da política?

Na história do Brasil, vários movimentos políticos e greves foram lideradas ou tiveram a participação dos jovens. As “Diretas já” foram movimentos políticos contra a ditadura militar, e tiveram uma participação dos jovens que foram às ruas. É importante ressaltar que as “Diretas já” foram um movimento que tinha relação com todo o país, todas as pessoas que eram contra a ditadura apoiavam o movimento, porém as mudanças políticas que precisam ser feitas no país também giram em torno dos jovens, então é preciso que eles liderem o movimento. Em 2013 houve uma revolta popular para fazer com que os transportes públicos tivessem tarifa zero, esse movimento se estendeu até hoje, e está em processo de regulamentação. É preciso que o jovem participe da política porque eles são o alvo de muitos problemas em nossa sociedade, sabem quais são seus efeitos e também como lidar com eles.

Em 2022 o número de eleitores com voto facultativo (entre 16 e 17 anos) cresceu 47% em relação a 2018, um fruto de movimentos feitos para o incentivo do voto de jovens, com campanhas políticas e o programa da Semana do jovem eleitor. Cada vez mais os eleitores entre 16 e 17 aumentam, mas mesmo assim se foi preciso fazer-se uma campanha, é porque muitas pessoas não sabiam que podiam votar. A desinformação afeta muito o país, as chamadas fake news também são uma forma de desinformação, portanto é preciso dizer a todos os jovens, que eles podem e devem escolher seus representantes.

Na câmara de deputados do Brasil hoje, apenas 4 dos 513 deputados federais eleitos são jovens, ou seja, a representatividade é mínima nesta questão, o que dificulta a mudança na política. A constituição do nosso país, não permite que pessoas com menos de 30 anos sejam eleitos como governadores ou presidentes. Esta lei mostra que por mais que alguns poucos candidatos tentem melhorar a vida dos jovens, várias pautas importantes são deixadas de lado.

Os jovens têm, sim, participação na política e já fizeram grandes movimentos políticos em prol da democracia e igualdade, mas mesmo assim o resto do Brasil prefere manter seus votos em pessoas ultrapassadas em relação à cultura atual. Por isso os próprios jovens precisam fazer estas escolhas e votar, para que o Brasil tenha mais representatividade.

Pedro de Carvalho Baptista

A minha vida na escola

Eu gosto da escola, a minha turma é muito legal. A escola é para aprender. Pode melhorar o uso de celulares que não é permitido durante as aulas, conversas e atrasos. Eu acho bom perguntar para a escola se está tudo bem, se tiver um acidente precisa perguntar se está tudo bem. Eu gosto de fazer companhia para os meus amigos, e a aula que eu mais gosto é educação física, porque tem jogo de futebol. Eu não gosto de ficar de recuperação, porque eu não fico de férias.

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Pedro

A violência sexual contra os jovens brasileiros, uma área omitida pelo governo

A partir da fala do atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, durante uma entrevista em um podcast, onde fora dito que “pintou um clima” entre ele e garotas de 14 e 15 anos em determinada ocasião, a pauta do enfrentamento à violência sexual contra criancas e adolescentes veio à tona novamente. O que não é divulgado na internet é a forma leviana com que o tema é tratado, tendo, inclusive, orçamento cortado . A violência sexual contra nossos jovens está cada vez mais presente em nossa sociedade, e leis e medidas mais efetivas devem ser tomadas para que haja uma maior transparência em relação à forma com que o governo lida com esse tipo de situação.

De acordo com o site Mídia Ninja, apesar de haver fake news do governo afirmando que foram criadas melhorias na prevenção à violência sexual, é perceptível, na prática, o oposto. Com cortes de orçamentos no setor, durante o período onde aparentemente

houve melhorias no sistema, o SUAS (Sistema Único de Assistência Social), houve uma redução de 70% de orçamento, com uma previsão de até 90% para 2023.

Apesar de não haver um investimento e atenção do governo, o próprio Centro de Defesa da Criança e Adolecente busca mais transparência e mais investimentos para a área, mas acabam sendo ignorados pelos representantes do congresso, como apontado na fala de Gillard Laurentino, assessor técnico no CEDECA (Centro de Defesa da Criança e Adolecente): “O que foi feito nos últimos anos é um pequeno avanço na legislação e um retrocesso imenso no orçamento para criança e adolescente, que deveria ser prioridade absoluta de acordo com a Constituição no Artigo 227”.

Em concordância com o site “G1”, Brasil registra, em média, 130 casos por dia de violência sexual contra crianças e adolescentes. De acordo com site Rede Brasil Atual, uma a cada cinco meninas entre 13 e 17 anos já sofreram violência sexual no Brasil. 20% de todas as jovens meninas entre 13 e 17 anos ja sofreram algum tipo de abuso sexual durante suas trajetórias. A violência sexual contra crianças e adolescentes é recorrente e, de longe, um dos crimes mais cometidos no Brasil, mas em mesmas circunstancias, nenhuma medida real é tomada, seja ela diretamente ao infrator ou mudancas nas leis e regimes do país.

A transparência vinda do governo com a sociedade brasileira é mais do que necessária, principalmente para assuntos tão presentes no nosso pais, como a violência sexual contra crianças e adolescentes. A cada caso onde não há justiça, a cada 1% de orçamento para esta área que é rescindido e a cada nova medida pronunciada por nosso governo que não é cumprida, 20% das crianças e adolescentes do Brasil continuam sofrendo uma violência da qual deveriam ser integralmente protegidas. No nosso país, falta a comunicação e o comprometimento, e cabe ao governo revisar suas metodologias e abordagens em relação aos jovens brasileiros.

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Saúde mental

A saúde mental é algo que preocupa a todos nós atualmente, porém a juventude tem se mostrado mais vulnerável aos sofrimentos psíquicos.

mental e que é uma fatia da sociedade com mais exposição à depressão, automutilação e ao suicidio.

Segundo o OPAS, o suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos e as condições de saúde mental são responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões entre eles, estima-se que entre 10 a -20% dos adolescentes têm doenças mentais.

Analisando esses fatos é fácil de se perceber que mesmo que um adolescente possa ter uma boa saúde mental, o seu entorno pode, de várias formas, prejudicar sua estabilidade psíquica. Por ser uma fase muito conturbada da vida, se proteger de danos à saúde é necessário.

Segundo o Unicef, após o relatório de 2021 sobre a situação da infância, temos o resultado que quase um em cada seis meninos e meninas de 10 a-19 anos de idade, no Brasil, tenha um transtorno

No mesmo artigo também é relatado que, de fato, a situação se agravou muito durante a pandemia do coronavírus mas também é mostrado que a família, amigos, cuidadores, pais etc., são fundamentais para o desenvolvimento e fortalecimento da saúde mental de um adolescente, assim como o impacto negativo que a pobreza e a discriminação têm sobre a felicidade e bem-estar nessa faixa etária.

Ter depressão, ansiedade ou qualquer outro transtorno mental é um tabu na sociedade, muitos que sofrem de alguma doença psíquica se recusam a receber um diagnóstico ou a tratar o problema. A OMS fez um relatório sobre a depressão no mundo, 322 milhões de pessoas são afetadas, e é estimado que em 2030 será a doença mais comum entre nós, e para muitos a depressão é vista como um problema moral, falta de pensamento positivo ou de fé, e isso pode fazer com que os jovens e adolescentes não se tratem adequadamente.

Promover uma boa saúde mental é

fundamental Metade das doenças mentais surge por volta dos 14 anos, mas a maioria dos casos não é diagnosticado, nem tratado, alerta a Organização Mundial da Saúde. É por isso importante que pais e professores estejam alertas e compreendam os primeiros sinais e sintomas, não tratar a doença mental na adolescência traz sérias consequências na vida adulta.

A Saúde mental é algo que é banalizado mesmo sendo fundamental para a produtividade e bem estar humanos, as juventudes precisam ter em quem se apoiar quando os tempos ficarem difíceis e ter um auxílio garantido para conversar, quando necessário.

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A desigualdade vai além da educação

O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Um relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento aponta que o Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo. Essa posição é sustentada pela má distribuição de renda, em que os ricos ficam cada vez mais ricos enquanto os pobres continuam na mesma posição. Uma das soluções frequentemente discutidas para a resolução de diversas questões enfrentadas pelo país, como a desigualdade, é a educação da população, uma vez que ela é vista como a raiz de todos esses transtornos, no entanto, segundo especialistas, o problema vai muito além e há diversos fatores a serem enfrentados para a diminuição dessas diferenças.

O ensino precário é realmente algo que deve ser discutido e enfrentado no brasil, porém, não é apenas isso que irá fazer com que a desigualdade desapareça, uma vez que ela é desencadeada pela união de diversos outros problemas.

O Brasil está entre os países com o maior número de habitantes que não terminaram o ensino médio. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 52% dos adultos entre 25 e 64 anos possuem essa formação. Os principais motivos dessa evasão escolar são a falta de interesse e a necessidade de trabalhar.A desigualdade econômica e social também é uma dura realidade a ser enfrentada no país. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, no Brasil, os 10% mais ricos possuíam cerca de 43% da renda nacional em 2019.

Enquanto isso, outro estudo feito pelo IBGE aponta que o contingente de pessoas, no Brasil, com renda domiciliar per capita de até R$497 mensais chegou a 62,9 milhões em 2021, representando um total de 29,6% da população.

A falta de estudo é quase sempre indicada como o principal

fator que desencadeia essa desigualdade, porém, uma pesquisa feita pelos sociólogos Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Rogério Barbosa, da Universidade de São Paulo (USP), e Flávio Carvalhes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indica que se todos os alunos, desde 1994, tivessem no mínimo terminado o ensino médio e saído para o mercado de trabalho, a desigualdade recuaria em apenas 2%.

Os principais fatores a serem combatidos para a diminuição da desigualdade no Brasil são o racismo, a desigualdade de gênero e a tributação de impostos, diz Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

A baixa escolaridade é sim um problema no Brasil e devemos estar cientes de que ela existe, no entanto, não deve ser considerada o único fator a ser combatido para a diminuição da desigualdade. Mesmo que pudéssemos garantir que todos conseguissem finalizar o ensino médio, não haveria uma grande diminuição da disparidade econômica, por isso, devemos ficar atentos a outros fatores que também contribuem para ela, como o preconceito e a má distribuição de renda no país.

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Anna Bella Rodrigues Autran Torres Camargo

A influência da arte no coração dos jovens

Arte: o que realmente é arte? Ela é algo distante, um dom dado para poucos, o tipo de coisa que só se veria em museus? Ou é algo que se sente e expressa em diferentes formas e lugares, podendo ser feita por qualquer pessoa, vista em qualquer ambiente, desfrutada por todos os públicos? A opção certa deveria ser a segunda, mas muitas pessoas acabam nem conhecendo sobre as artes direito. Na realidade, o significado de arte é muito relativo, o que para algumas pessoas é lixo para outras pode ser uma obra linda, ela não tem uma forma fixa e sólida, não é tão fácil entendê-la.

Na minha visão, a arte é algo mais relacionado com a emoção do que a razão, ela é algo que sentimos e pensamos, então tentamos tirar do nosso coração e colocar em prática, seja em forma de música, dança, pintura, teatro, cinema, escrita, arquitetura, da forma que for, e assim transmitimos nossos sentimentos com o mundo, deixando cada pessoa interpretar o que ela quiser vendo aquilo. Talvez

não seja tão profundo, talvez a arte seja considerada tudo o que é pois ela é livre, arte cultura e política sempre andam juntos, e a arte vai contra muitas morais, pois fazer arte é ser livre e fazer algo que vem de dentro de si, com ideias e emoções que nos fazem pensar e sentir.

É importante o balanceamento na vida, não precisamos passar o tempo todo no mundo da lua fazendo tudo que sentimos vontade, mas também não faz bem viver em uma realidade dura onde se precisa fazer tudo que te mandam o tempo todo, e só usar e desgastar a mente, precisamos também ouvir o nosso coração. A percepção do mundo na cabeça de uma pessoa pode mudar totalmente depois de simplesmente assistir a um filme, um personagem de um livro pode inspirar e ajudar a formar a personalidade de alguém, tirar fotos de momentos importantes e felizes pode lembrar uma pessoa sobre os sentimentos bons que a vida traz às vezes, ouvir certas músicas em certos momentos nos faz criar memórias e sensações incríveis ou horríveis, só de ouvir um certo som! Um bairro todo cinza e melancólico ao ter grafites nas construções traz mais vontade de se passar por lá, a inserção da arte em nossas vidas

desde a infância nos faz ter um ponto de vista muito mais aberto e criativo sobre o mundo.

As cidades pequenas ou do interior do Brasil têm muito pouco recursos artísticos, 40% da população vive em municípios onde não há cinemas, em lugares mais pobres o governo investe o dinheiro com outras coisas e a arte vai ficando para trás, fazendo o interesse em grande parte da cultura brasileira se afastar mais ainda da cabeça dos jovens. Em muitos casos, em cidades assim, os jovens não têm nada para fazer e se divertir, passando o tempo livre, e infelizmente isso contribui muito para o uso das drogas e bebidas, já que a diversão de muitos acaba se tornando ir para a praça se drogar com outros adolescentes, e isso não acontece com poucas pessoas. Mesmo esse sendo o caminho que alguns seguem, quando o estado não providencia a arte, algumas pessoas trazem a arte para suas casas. O grafite nos muros das ruas é arte, a dança que uma criança cria com seus amigos é arte, a música de rua tocada nas comunidades é arte, o poema que um adolescente escreve no seu quarto é arte, a arte é algo que vem do coração e faz bem para a alma, não devemos tirar a arte do povo nunca.

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Escola para quê?

Quando pequenos, somos ensinados que a escola serve para desenvolvermos conhecimentos em disciplinas clássicas. Porém ao longo dos anos, percebemos que a escola desenvolve algo além da educação intelectual: as relações sociais.

Estudos fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que passamos cerca de 9 anos na escola, na média brasileira. Com isso, concluímos que a escola afeta nosso desenvolvimento como pessoas dentro de uma sociedade, já que grande parte das relações que vamos adquirir e como nós vamos adquiri-las, vão acontecer na escola.

A vida social e emocional andam juntas com a escola, já que o nosso desenvolvimento social e emocional acontecem em período escolar.

Estudos comprovam que as relações de afeto fornecidas às crianças desenvolvem capacidades de construir amizades,

compreender o que é certo e o que é errado, sentir empatia, se expressar e lidar com desafios.

Porém, por conta do alto índice de pobreza, muitas pessoas deixam de ir à escola, e além de isso afetar negativamente suas capacidades intelectuais, acaba afetando o desenvolvimento da pessoa em sociedade.

A ida frequente à escola praticamente garante um lugar na faculdade; quando a ida passa a ser parcial ou inexistente, as chances da pessoa conseguir passar em alguma faculdade com mais facilidade acabam caindo, junto do desenvolvimento social.

Segundo pesquisas do IBGE fornecidas pelo ecodebate.com. br, 3,8 milhões de jovens não frequentam a escola por diversos motivos, como por exemplo a pobreza extrema e falta de acesso. Porém, mesmo assim, existem adolescentes que têm acesso à escola e não a frequentam. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostra que 28,8% dos adolescentes que não frequentam a escola, não vão às aulas pois são mães. Outros estudos mostram que 4,3 milhões de crianças na casa dos 5 aos 17 anos já trabalham, tornando a rotina do

dia a dia desbalanceada e fazendo com que se preocupem mais com a situação financeira de suas famílias do que com a situação intelectual delas mesmas. 19,9% dos estudantes que largaram a escola, desistiram do ensino por discriminação racial e geralmente acompanhada de conteúdos muito distantes de suas realidades.

Além desses problemas do lado do aluno, algumas escolas simplesmente não conseguem achar professores, e quando acham, o salário tende a ser injusto, chegando a ser 10 vezes menor que o de um juiz, por exemplo.

Com isso, chegamos à conclusão de que as injustiças que a sociedade atual nos condena, acabam excluindo parte da mesma sociedade, causando grandes problemas educacionais e emocionais para os jovens dessa geração.

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Investimentos nos esportes

No Brasil não há o investimento estadual nos esportes, merecido. O único esporte que recebe um mínimo de estrutura é o futebol, mas mesmo assim, podemos encontrar pelas cidades quadras públicas, com uma qualidade lamentável. Muitas vezes, vem ao caso de crianças não terem uma quadra esportiva, e assim jogam na própria rua.

Pela própria internet, podemos ver que nos Estados Unidos, por exemplo, o governo dá uma boa atenção e reconhecimento aos esportes. Por isso, nos Estados Unidos, as estruturas, materiais e profissionais da área possuem muito mais investimentos monetários do que no Brasil. O governo do nosso país deveria fazer igual os Estados Unidos, nesse quesito, ou seja, melhorar as estruturas dos esportes. Segundo o site El País, nas Olimpíadas de 2020 em Tóquio, os Estados Unidos conquistaram o total de 113 medalhas, liderando a lista de medalhas conquistadas pelos países. Enquanto, em 12o lugar, está o Brasil com 21 medalhas.

Esses dados são o resultado final da comparação que eu fiz sobre os Estados Unidos e o Brasil, em relação ao esporte.

A prática de esportes pode ajudar no desenvolvimento da vida de uma pessoa, principalmente os jovens, de muitas maneiras. Existem dois principais tipos, um que é o mais facilmente reconhecível, é a questão da saúde, que ela melhora de muitas maneiras. O segundo jeito, não é muito valorizado e reconhecido, que é a questão disciplinar e educacional que se desenvolve em uma pessoa, normalmente jovens. Esse segundo benefício que eu citei, ajuda na formação do indivíduo, ou seja, é muito importante para o desenvolvimento dos jovens do país.

A prática de esportes força um jovem a jogar com uma equipe, perder e ganhar jogos, respeitar os adversários e regras, e se esforçar para se tornar bom nele. Todos esses fatores ensinam o trabalho em equipe, lidar com a derrota e vitória, senso de respeito e superação dos limites individuais. Ou seja, com o esporte estaríamos educando um jovem e preparando-o para uma vida adulta. “Na escola, nós criamos desafios que tiram os

estudantes da zona de conforto durante a prática esportiva,o que desperta o interesse deles pela atividade, estimula o aprendizado e transforma o ambiente em um espaço motivador”, explica Mariana Rodrigues Reupke, coordenadora do departamento de Educação Física do Colégio Etapa São Paulo. Essa citação nos mostra como o esporte também pode ajudar no aprendizado acadêmico, além de todos os outros benefícios que eu já havia citado.

Os esportes não tem a estrutura merecida, no Brasil. Eles podem impactar positivamente a vida de um jovem, de várias maneiras. Por isso, investimentos do governo no esporte é necessário, principalmente o Brasil, um país que parece não se importar com infraestruturas esportivas.

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Abandono escolar e criminalidade

A escola tem a função de preparar os jovens para as responsabilidades da vida adulta. Um dos maiores desafios que a população brasileira enfrenta é a falta de uma educação de qualidade. Existem vários fatores que contribuem para este desafio, sendo para mim o principal fator a falta de investimento do estado em educação. O investimento começou cem anos depois da maioria dos países desenvolvidos e em 1870 por exemplo apenas 6% de jovens de 5 a 14 anos frequentavam a escola. Porém o que temos que pensar é quais são as consequências que isto pode gerar, e como afeta principalmente a parte “abandonada” pelo estado, que é a população periférica. Eu acredito ser uma parte desta população abandonada pelo estado que acaba sendo empurrada para o mundo da criminalidade.

Segundo uma pesquisa do G1, a cada 1% de jovens de 15 a 17 anos fora das escolas a taxa de homicídio aumenta em 2% . O número de jovens fora das escolas é altíssimo, chega a 30% o número de jovens que não completam o ano letivo regularmente. Isso está relacionado à alta desigualdade do país. Pois sabemos que esses

jovens são de origem periférica, que são abandonados pelo estado e têm pouquíssimas oportunidades e opções logo cedo.

O que acontece é que há pouco investimento em educação, que acaba desestimulando os alunos a frequentarem as escolas. Muitos desses jovens também têm a necessidade de ingressar cedo no mercado de trabalho para ajudar a família em casa, o que faz com que também não tenham como focar em estudo, que para eles não iria adiantar nada, pois praticamente não tem aulas, greves, falta de infraestrutura… E assim então, quando precisam começar a ganhar dinheiro, uma parcela desses jovens escolhe o caminho mais tentador, o da criminalidade, mas isso não acontece de uma hora para outra, eles não estão estudando e de repente decidem sair da escola para cometer crimes. Esses jovens desde cedo, como já dito antes, tem poucas oportunidades, e são excluídos pela sociedade, então de certa maneira eles sempre estão no “meio do caminho”, e o exemplo perfeito disso é o Deivson Douglas do documentário “Pro dia Nascer feliz”. Onde ele fica no meio do caminho, Não é como se ele já tivesse decidido ser criminoso, ou seguir um caminho “correto”, é que a falta de estímulo para estudar, o ambiente que a escola é, acaba gerando uma “bola de neve” e faz com que o crime pareça ser o caminho mais fácil. Então constantemente existem garotos que estão divididos entre o caminho do crime e o caminho do trabalho, que por muitos é o caminho correto.

Para entendermos melhor, vamos comparar alguns países com o Brasil. Na lista da OCDE, por exemplo, o Brasil ocupa a 350 posição na questão da escolaridade, ficando apenas à frente da Venezuela e Colômbia na América Latina; Já a Argentina pela UNESCO e UNICEF é uma das melhores e mais avançadas educação da América Latina. Em questão de segurança de jovens no Brasil entre 2000 e 2019, por volta de 444 mil pessoas entre 15 e 29 anos foram assassinadas por armas de fogo no Brasil e o índice de desocupação juvenil chega a 45,5%, de acordo com o SUS. E na Argentina eles apresentam a melhor segurança e o menor número de jovens infratores da América Latina. Outro país agora distante, por exemplo, é a Finlândia que é considerada o país com a melhor educação do mundo e sua taxa de abandono escolar no ensino primário é de apenas 0,2% de acordo com o Atlas mundial. E a maioria dos países com excelentes números de segurança como a Islândia por exemplo tem o seu governo focado em investimentos na educação.

Portanto, o governo deve ser responsabilizado pela alta taxa de desocupação juvenil e por um dos motivos desse alto número, que é a falta de investimento em educação. Agora a solução para este problema tem que vir do governo também. Devem haver investimentos na área acadêmica e em algum tipo de apoio para que os jovens que sofrem com a exclusão escolar possam ter mais opções e oportunidades.

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O atraso educacional brasileiro

A função da escola é preparar as crianças e jovens para a vida acadêmica e social, fazendo com que até a maioridade a pessoa fique na escola para aprender a conviver em sociedade e desenvolver seu conhecimento. Mas diversas vezes, ao longo da nossa história tivemos uma grande falha com a parte acadêmica. Isso faz as pessoas questionarem se realmente o sistema de hoje em dia está se aperfeiçoando ou se com o passar das décadas a escola continua tendo a mesma técnica de ensino.

Quando refiro-me a esse atraso penso em algo que aconteceu há centenas de anos, desde o começo da “democracia”. Que era um jeito de decidir quem seria a pessoa para governar o estado, mas era muito injusto pois uma pequena parcela da população votava, ou seja: homens brancos privilegiados. E essa lógica caminhou até 1930 quando finalmente as mulheres começaram a ter seus direitos mas até aí só haviam homens

na política, sempre tendo uma educação melhor do que mulheres e negros.

Porém esse atraso não ocorreu somente com as minorias e sim com todos. Por exemplo, no texto “Pátria Iletrada” vemos que nos Estados Unidos 50% da população entre 5 a 14 anos estavam na escola no ano de 1830. E no Brasil mesmo depois de se passarem 40 anos, em 1870 somente 6% dos jovens estavam aprendendo dentro das instituições e de acordo com o texto havia diversos pedidos de vários estados para construir novas escolas.

Além do atraso educacional nas escolas particulares, também vemos isso nas escolas públicas. Por exemplo, no documentário visto em aula “Pro dia nascer feliz” conseguimos perceber três grandes problemas, sendo o primeiro: a falta dos professores que, pelas entrevistas com os alunos, parecia ser algo muito comum. O segundo seria a desvalorização dos alunos que fica nítido, pois a reação da professora ao ver um texto bem feito pela menina foi não acreditar que ela mesma tinha-o feito. E o terceiro é a estrutura das escolas que estão destruídas, tornando um ambiente muito mais precário para se dar aula.

Carolina Faidiga da Costa

Educação brasileira e suas falhas

A educação brasileira é cercada de fracassos e problemas. De salários de professores defasados à estrutura escolar inadequada, o país tem uma classificação muito baixa quando se trata do sistema de ensino público, principalmente. Infelizmente, a evasão escolar é um dos maiores desafios educacionais do Brasil, com consequências para crianças e adolescentes, para a instituição de ensino e até para a sociedade como um todo. No país, embora essa prática ocorra durante o ensino fundamental, se repete com mais frequência no ensino médio. Em 2019, 7% da população de 15 a 17 anos estava fora da escola. No ensino fundamental, alguns indicadores mostram que os principais fatores que levam ao abandono escolar precoce são a distância da residência do aluno à unidade de ensino relacionada à dificuldade de transporte escolar ou a ausência de alguém para buscar e deixar a criança. O que tem contribuído para as taxas de evasão do ensino médio é a falta

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de interesse pelo conteúdo que é percebido pelos alunos, até mesmo pelos professores, como muito amplo e fora de contexto. Mesmo entre os adolescentes, a gravidez e a necessidade de geração de renda também são fatores que se refletem nas taxas de frequência escolar.

A desigualdade social também afeta o setor educacional. Para auxiliar suas famílias, muitos alunos ingressam no mercado de trabalho antes mesmo de concluir o ensino fundamental. Convencidos de que é inútil continuar na escola, muitos alunos desistem por completa falta de motivação, porque não acreditam que são capazes de vencer. O medo domina as sensações prazerosas do aprendizado, pois as repetições anteriores, a exposição diante dos colegas, a humilhação em sala de aula limitam o sujeito e provam que ele não é capaz.

Segundo a UNESCO, o Brasil tem 6,6% de analfabetos maiores de 15 anos, excluindo os analfabetos funcionais. A alta taxa de analfabetismo do Brasil ameaça o futuro do país. Afinal, com o rápido desenvolvimento tecnológico, o crescimento nacional dependerá cada vez mais de uma população altamente educada. E a alfabetização é um pilar fundamental do desempenho acadêmico do aluno nos anos

seguintes, do ensino fundamental à universidade.

Quando o investimento em educação cessa acelera-se a vulnerabilidade social de crianças e jovens. O acesso à educação é essencial para equalizar as oportunidades e reduzir as desigualdades e funcionará como um escudo contra a criminalidade. Além disso, permite que crianças e jovens imaginem um futuro cheio de sonhos. A educação vem enfrentando cortes constantes há vários anos, com implicações agora e no futuro. De acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a despesa média nos países membros para cada aluno, na escola primária , em 2016 atingiu 8,6 mil dólares. No mesmo período, o Brasil gastou cerca de US$ 3.800 por aluno. A situação piora na escola secundária: o Brasil investiu US$ 3.700 por aluno, enquanto a média da OCDE por aluno por ano foi de US$ 10.200.

Carolina Faidiga

Jovens e as drogas em seu alcance

As drogas trazem problemas sérios que afetam a vida de inúmeras famílias, além dos próprios usuários. E há um grupo que pode ser considerado o de maior risco de cair no mundo dessas substâncias: os jovens.

O adolescente brasileiro tem consumido um número maior de álcool e drogas nos últimos anos. Esse consumo pode causar uma série de problemas para os adolescentes que podem durar a vida inteira e causar vários tipos de transtornos.

Os adolescentes aumentaram o consumo de álcool e cigarros em 1,6% e 5,2% entre 2012 e 2015. Isso se deveu a vários motivos, incluindo as duas principais causas listadas abaixo. Os jovens geralmente percebem maior status social e felicidade ao usar essas substâncias pela maneira como são retratadas nas mídias sociais. Além disso, muitos acreditam que o consumo de álcool é aceitável pelos pais devido à falta de regulamentação sobre o assunto. Adolescentes que abusam de drogas e álcool podem sofrer danos físicos significativos ao seu desenvolvimento. Isso pode incluir retardar a progressão da puberdade ou até mesmo levar

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a desequilíbrios hormonais que podem levar a transtornos mentais.

Muitas pessoas acreditam que beber álcool como pai não é regulamentado pelo governo. Isso leva muitas pessoas a acreditar que os pais devem beber álcool.

Muitas pessoas acreditam que beber álcool como pai não é regulamentado pelo governo. Isso leva muitas pessoas a acreditar que os pais devem beber álcool. O abuso de álcool e substâncias pode ter consequências significativas para o desenvolvimento físico e mental dos adolescentes.

A série “Two and a half men” conta sobre dois irmãos adultos e o filho de um deles. Durante a história, acaba ocorrendo o consumo de álcool descontrolado de Charlie, na presença de seu sobrinho Jake. A juventude brasileira enfrenta a realidade do abuso de drogas e álcool além da tela. É imperativo examinar seus problemas e propor soluções para o problema.

O IBGE informa que 70% dos adolescentes de 13 a 15 anos já experimentaram álcool. Isso provavelmente se deve ao fato de a criança estar exposta ao álcool na família ou por querer se encaixar em um grupo social específico.. Existem muitas outras razões pelas quais uma criança escolheria beber, que variam de membros da família bebendo em sua presença, até buscar a atenção de seus colegas. Jovem sujeito ao abuso de drogas que alteram a

mente, resultando em um estado de infelicidade e doença. De fato, os efeitos adversos podem ser graves, exigindo dependência e privando o indivíduo de apoio financeiro, social e psicológico.

Apesar dos esforços para resolver o problema, a situação continua a se deteriorar. Campanhas de mídia e marketing de produtos costumam fazer com que os jovens brasileiros fiquem ainda mais curiosos sobre a bebida em pó. Além disso, muitas empresas ainda vendem cigarros e cerveja para menores. Com leis fracas em torno desta área, muitos continuam a vender drogas ilegais para menores – especificamente cerveja e cigarros. Ao considerar o problema, é necessário encontrar soluções. Isso pode ser resumido por Confúcio, que afirmou: “Continuar a perceber nossos erros é o mesmo que cometer novos.” Para reduzir efetivamente o uso de drogas nas escolas, o ministério da educação deve trabalhar com profissionais de pedagogia e psicologia para criar um manual escolar. Também deve ser fiscalizado pela justiça em conjunto com a OAB. Esse esforço colaborativo será necessário para criar um panfleto para compartilhar nas escolas que explique os perigos do uso de drogas. Além disso, essa colaboração é necessária para que a OAB possa fiscalizar toda a publicidade de bebidas alcoólicas enquanto estão sendo distribuídas durante o tempo da família.

Érick Rodrigo Ribeiro Herling

Qual o outro futuro?

Este trabalho tem como finalidade explicar as principais causas que levam um jovem a deixar a escola. Segundo levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2019, 1,1 milhão de crianças e adolescentes estão fora da escola. Até 2020, esse número deve chegar a 1,5 milhão.

As escolas não são mais capazes de atrair jovens brasileiros, como comprovam as estatísticas do Ministério da Educação (MEC). Segundo o Ministério da Educação, na última década (2002-2012), as matrículas no ensino médio caíram de 8,7 milhões para 8,3 milhões. Uma pesquisa sobre as percepções de jovens de baixa renda sobre a escola, realizada em São Paulo e Recife, com 1.000 alunos do ensino médio, de 15 a 19 anos, descobriu o que impedia os alunos de frequentar as aulas. A pesquisa foi realizada pela Fundação Victor Civita em colaboração com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, Banco Itaú e Fundação Telefônica Vivo.

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Elas mostram que os jovens não estão cientes da utilidade do conteúdo dos cursos. 78,8% e 77,6% dos alunos, respectivamente, consideraram as disciplinas de Português e Matemática as mais úteis. Por outro lado, 36% dos entrevistados consideram a geografia, a história, a biologia e a física, pontuais.

A pior avaliação foi a literatura: apenas 19,1% dos jovens acharam o conteúdo útil. Os alunos querem mais atividades práticas e afirmam que exemplos cotidianos usados em sala de aula ajudarão no aprendizado. Independentemente do conteúdo do curso relevante para sua vida, os jovens acreditam que o ensino médio garante mais oportunidades no mercado de trabalho.

Assim que terminam o ensino médio, a maioria dos jovens quer entrar no mercado profissional. Eles querem começar a trabalhar antes de terminar seus estudos. No entanto, Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita, acredita que o método de ensino da escola não atende às expectativas dos jovens. Isso levou muitos alunos a abandonar a escola e trabalhar em vez disso.

As escolas não estão passando a importância da educação para seus alunos. Em vez disso, cerca de um em cada cinco alunos dizem que

frequentam a escola apenas para obter um diploma. Esses dados foram revelados por um porta-voz de uma organização de pesquisa.

A pesquisa revelou que uma grande porcentagem dos adolescentes pesquisados teve acesso à nova tecnologia. 46,6% dos domicílios pesquisados eram considerados de baixa renda e apenas 70,7% tinham acesso à internet em casa. Uma pequena porcentagem, ou 57,6%, dos adolescentes pesquisados usavam telefones celulares para acessar mídias sociais e sites.

No entanto, pesquisas mostram que as escolas parecem desinteressadas em desviar recursos tecnológicos para manter os jovens na sala de aula. Enquanto 73,8% dos entrevistados disseram que suas escolas estavam equipadas com computadores, 37,2% disseram que nunca usaram esses dispositivos. Baixo nível de uso de tecnologia em sala de aula, dificuldade de acesso à internet e proibição do celular foram os fatores que mais incomodaram os alunos.

As constantes ausências de professores também reduzem as chances da escola de reter os alunos. Por exemplo, cerca de 42% dos entrevistados não agendaram pelo menos um curso no dia anterior à pesquisa. As relações com os educadores também são problemáticas aos olhos dos jovens. Outra queixa foi conhecida como

problemas de infraestrutura nos ambientes escolares, com 38% dos alunos destacando questões relacionadas à proteção dos espaços físicos. Pesquisas mostram que a adoção de equipamentos básicos nas escolas, como computadores, bibliotecas e quadras esportivas, não é universal. Mesmo que existam, esses recursos são raramente usados.

No Brasil, a evasão escolar é um grande desafio para escolas, pais e sistema educacional. Segundo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira), 5 em cada 100 alunos matriculados na 1ª série não concluíram o ensino fundamental, ou seja, 95 concluíram a 8ª série (IBGE, 2007).

Em 2007, 4,8% dos alunos da escola primária (1º-8º/1º-9º ano) desistiram. Embora o índice possa parecer pequeno, corresponde a cerca de 1,5 milhão de alunos.

Com base em tudo que vimos, percebemos as principais causas da evasão escolar, sendo elas a falta de dinheiro, desinteresse pelo aprendizado, dificuldades de aprendizagem, falta de tempo, cansaço, vontade de trabalhar. As escolas estão procurando formas de fazer com que os jovens consigam se sentir bem dentro do espaço escolar, assim fazendo com que o número de alunos saindo das escolas diminua.

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Drogas e juventude

A adolescência é um período de experimentar e vivenciar novidades, um constante período de transformações, impulsionado pela intensidade dos hormônios à flor da pele. O contato com novos amigos, as primeiras experiências sexuais, as mudanças do corpo, as primeiras festas, a importância de se destacar em um grupo, os conflitos existenciais e as influências externas, e assim claro as drogas acabam tendo um espaço de acesso na vida dos jovens.

Os riscos, de qualquer maneira, são muitos e podem levar a sequelas irreversíveis, isto porque o desenvolvimento do cérebro, ocorre até os 24 anos. Consequentemente o uso de drogas durante a adolescência até essa idade é mais prejudicial e tem pior prognóstico, bem como uma maior predisposição de desenvolver comorbidades.

No Brasil e ao redor de todo o mundo, de acordo com o último Relatório Mundial Sobre Drogas, documento de referência internacional, mais de 275 milhões de pessoas usam drogas por ano. Dessas, destacam-se a maconha,

opioides, anfetaminas, ecstasy e cocaína. Os dados impactam em torno de 5,6% da população de todo o mundo, com idade entre 15 e 64 anos.

Seja para se sentirem partes de um grupo no qual convivem em sociedade, compartilharem experiências sociais únicas, aliviarem o estresse, buscarem novas experiências, assumirem riscos, terem dificuldade de encontrar seu autocontrole ou devido a transtornos mentais já existentes, crianças e adolescentes podem acabar recorrendo às drogas.

Seja pelo acesso facilitado ou pela glamourização que existe em torno do consumo de bebidas, os números requerem medidas de saúde e atenção.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o álcool sobressai como o maior fator de risco de mortalidade entre jovens na faixa etária de 15 a 19 anos. Ainda, segundo a organização, em relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 3 milhões de pessoas morrem vítimas da substância anualmente.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, PENse, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, diz que 55,5% dos jovens que estão concluindo o 9° ano do Ensino Fundamental já fizeram ingestão de álcool. Além

disso, 9%, indo além, já utilizaram drogas ilícitas.

Entre os estudantes da escola pública (13,3%), a exposição era maior do que entre os da rede privada (11,4%). Regionalmente, os maiores percentuais se encontravam no Sul (16,7%) e Sudeste (16,2%) e os menores, no Nordeste (7,9%) e no Norte (9,3%).

O principal motivo do uso de drogas entre os jovens é a fuga da realidade e busca de um sentido além do mundo real. E, ao deslocarse do aqui e agora, as drogas podem causar sérios quadros de esquizofrenia e doenças mentais.

Por conta desses e outros motivos é importante devida atenção para esse assunto. Os efeitos das drogas, que já são ruins em adultos, podem ser ainda piores para quem está em fase de desenvolvimento. O uso de drogas na adolescência pode fazer com que os indivíduos de um mesmo grupo incentivam uns aos outros ao uso, ampliando o poder de um círculo problemático sem fim.

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A importância da música para os jovens da periferia

Você sabe a importância da música e de sua criação para os jovens da periferia? A música desperta um interesse cultural e artístico quando nos ligamos a ela, principalmente quando é feita nas periferias.

De fato as composições da periferia são as melhores, principalmente quando feitas pelos jovens. Em suas composições, os jovens colocam seus sentimentos, valores, expressões políticas, culturais e sociais, pontos de vista e ideias.

De acordo com a matéria “Rio2C: Futuros diversos na música que vem da periferia”, a música é uma ferramenta que estimula o aprendizado de várias outras manifestações culturais. Um dos estilos musicais mais presentes na periferia é o funk. Mesmo sendo alvo de muitos preconceitos, o funk é um dos maiores movimentos dos jovens da periferia. Os bailes funks são um entretenimento e uma área de lazer para a juventude, onde não precisam de dinheiro para se divertirem, além de ser um movimento cultural de grande importância.

Os movimentos culturais são de grande importância para a juventude periférica, para o enriquecimento cultural e para migrar os jovens para fora do mundo da criminalidade.

Joaquim Scaranello Albernaz Guimarães

Mercado de trabalho para os jovens

As rendas obtidas pelos jovens estão em decadência, o mercado de trabalho é pouco receptivo aos jovens, isso ocorre por diversas causas, entre elas o não desenvolvimento do espaço de trabalho para os jovens, assim não possibilitando sua total introdução.

O mercado de trabalho diz respeito a diversas atividades remuneradas. Seja um serviço intelectual ou manual, o objetivo é suprir as necessidades financeiras do trabalhador e movimentar a economia do país.

Com isso, a inclusão de jovens no âmbito profissional proporciona crescimento, aprendizado, autoconfiança e, principalmente, responsabilidade profissional e pessoal.

O jovem faz parte de um grupo que enfrenta maiores dificuldades de inserção, por isso, tendem a se alocar em situações precárias que resultam na baixa qualidade dos postos de trabalho. De acordo com a pesquisa Juventude e Trabalho, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV) Social, entre 2014 e 2019 as pessoas que têm entre 15

e 29 anos perderam 14% da renda proveniente do trabalho.

A solução principal é o investimento na educação, que atualmente, é uma necessidade para encarar o mercado de trabalho formal e qualificado. Porém, apenas o investimento na educação é suficiente para garantir uma vaga no mercado de trabalho?

Há inúmeros fatores que podem prejudicar a entrada de um jovem em um ambiente de trabalho, impedindo o seu crescimento profissional, como as relações familiares a falta de confiança, amadurecimento e compreensão da família que pode impedir o engajamento na vida acadêmica, problemas culturais, como morar em uma cidade pequena com limitações das possibilidades de empregos, e o preconceito. E porque eles encontram todas essas dificuldades?

As exigências atuais para um jovem no mercado de trabalho seria hoje, ter o principal requisito de “saber fazer”, ou seja, ter determinação para obter mais do que apenas um certificado, é necessário aplicar o conhecimento vindo dele.

Com isso, podemos concluir que, o mercado de trabalho é um local difícil para o jovem concorrer,muitos jovens sofrem ao tentar ganhar um cargo melhor, muitas vezes começando por um cargo inferior ao almejado. Porém, sempre é importante ter jovens no mercado de trabalho para que cresçam e tenham carreiras bem sucedidas.

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Distúrbios alimentares entre os jovens

Os transtornos alimentares são condições psíquicas que afetam a forma com que as pessoas se relacionam com os alimentos. Segundo o site do Ministério da Saúde do Brasil, mais de 70 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo de distúrbio alimentar. Apesar de os transtornos alimentares afetarem qualquer pessoa, os jovens, especialmente as mulheres, se encontram mais vulneráveis a desenvolvê-los. Isso acontece por questões culturais e sociais.

Os transtornos alimentares mais comuns entre os jovens são: a anorexia nervosa - necessidade de manter um peso abaixo do padrão e visão distorcida do corpo; compulsão alimentar - ingestão de grande quantidade de alimentos de uma vez e com frequência; bulimia - quadros de compulsão, seguidos por medidas para perder peso, como vomitar; TARE (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo)pode ser mais comum em crianças e se caracteriza por não se comer certo grupo de alimentos, causando forte restrição alimentar.

Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, tais doenças afetam cerca de 4,7% da população em geral, mas podem chegar a 10% entre a população mais jovem.

As razões pelas quais os jovens foram mais afetados foram a pandemia e o uso intenso da internet. A pandemia, além de provocar problemas psíquicos, agravou os casos de transtornos relacionados à alimentação. De acordo com estudo recente, publicado na revista Pediatrics, a hospitalização de adolescentes nos Estados Unidos por transtornos alimentares mais do que dobrou nos primeiros 12 meses de pandemia, quando comparada aos últimos três anos antes da covid-19.

Além disso, como já comentado, a internet é outro fator agravador.

Os jovens estão sempre muito conectados ao mundo digital e, nele, são estabelecidos padrões irreais de beleza. Fotos e vídeos publicados podem causar gatilhos impulsionadores de transtornos alimentares.

Esse tipo de transtorno pode induzir a problemas como ansiedade, depressão e doenças físicas relacionadas à desnutrição. Dentre eles, a anorexia nervosa é o transtorno mental com maior taxa de mortalidade, tanto pelas complicações físicas, quanto pelas cardiovasculares, por alterações psiquiátricas e por suicídio.

Em suma, defendo que precisamos,

como sociedade, cuidar dos jovens. Devemos fortalecê-los e estar mais atentos aos sintomas relacionados aos distúrbios alimentares. Se as gerações futuras continuarem a adoecer, desse jeito, vamos regredir como corpo social.

Não podemos deixar que esses transtornos, já muito frequentes, continuem a se espalhar entre eles.

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Jovens desempregados

O desemprego no Brasil afeta diversas pessoas de várias faixas etárias, porém, os que mais afetados são os mais jovens que estão iniciando sua carreira, tentando entrar no mercado de trabalho, muito por causa da falta de experiência, já que na maioria dos casos as empresas vão optar por contratar alguém que já está no mercado, enquanto os inexperientes são deixados de lado e acabam por ter imensas dificuldades se não os dão primeiras oportunidades como irão se manter no mercado de trabalho? Alguns dos cenários que envolvem trabalho são desanimadores, isso gera uma desmotivação para algumas pessoas.

Uma recente pesquisa do IBGE concluiu que o país possui 14,8 milhões de pessoas desempregadas, isso representa 14,7% da população economicamente ativa, com esse índice atingindo principalmente jovens na faixa dos 14 a 17 anos,

com 46% deles afetados pelo desemprego e também afetando 31% dos que estão entre os 18 e 24 anos. Com essa mesma publicação afirmando que os mais novos são os que mais sofrem com o chamado desemprego de longo prazo, que é quando uma pessoa está procurando emprego por mais de dois anos. A nota técnica afirma ainda que, quanto mais tempo a pessoa está desocupada, menor a chance de se inserir ou recolocar no mercado.

E no recorte por escolaridade, a desocupação atinge principalmente os jovens trabalhadores que não concluíram o ensino médio, com um aumento de 18,5% para 23,7%, enquanto por outro lado, a ocupação dos que possuem o ensino superior continuou a crescer com uma alta de 4,7% na comparação entre os números de trabalhadores nesta condição, nos respectivos trimestres de 2019 a 2020.

Com isso os jovens devem se readaptar e entender as exigências do mercado ou pensarmos em políticas públicas que resolvam esse problema e incentive a inserção corporativa de jovens pelas empresas. Certamente precisamos de um pouco de tudo.

Inserção dos jovens no mercado de trabalho

É de conhecimento comum que os jovens precisam se inserir no mercado de trabalho, pois além de dar estabilidade financeira, proporciona ganhos de experiência, aprendizado, autoconfiança e responsabilidade. Porém, a inserção neste mercado não é algo fácil e simples, principalmente para os mesmos, que muitas vezes estão em busca de uma única e primeira oportunidade. Devemos nos perguntar se o sistema de educação e o apoio familiar auxiliam os jovens de maneira adequada a inserir-se. Devemos rever as formas de inserção, para que a taxa de desemprego caia e haja cada vez mais oportunidades.

Segundo o site EXAME, levantamentos recentes mostram que, apesar da taxa de desemprego de pessoas entre 18 e 24 anos acompanhar o índice nacional de queda, ela ainda é o dobro da taxa geral. Dados consolidados da virada de 2021 para 2022, mostram um desemprego jovem de 22%.

Diversos fatores podem acentuar esse problema como, condições

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Leonardo Traversim Marques Pereira

financeiras, pois sem dinheiro, prosseguir com estudos é mais difícil, consequentemente dificultando a inserção no mercado de trabalho. Muitos jovens, são chamados de “nem-nem’’, aqueles que não trabalham nem estudam. Uma pesquisa do IDados mostra que no Brasil, dentro da faixa etária dos 29 anos, 12 milhões de pessoas se encontravam em tal situação, sem emprego e sem estudo. Ou seja, há um estereótipo da geração “nem-nem”, sendo que a condição do sujeito se dá em grande parte por sua situação socioeconômica.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na síntese de indicadores sociais de 2019, revelou que entre os jovens, 11 milhões de Brasileiros não trabalham e não estudam, sendo 23% entre 15 e 29 anos. Esses dados mostram também que, muitos deixam a escola sem a formação do segundo grau, uma gigantesca fragilidade no sistema educacional Brasileiro.

Para o jovem se inserir do capitalismo global, no mercado de trabalho, os sistemas de educação devem ser revistos, pois há muitas escolas em que o ensino é totalmente precário, por conta disso aqueles que estudam em colégios de mais alto nível, entrarão no mercado de trabalho com muito mais facilidades, deve haver uma equidade. Além disso, um consentimento e apoio familiar deve ser estabelecido, para que os pais incentivem e apoiem os jovens a se preparar para o futuro cada vez mais, apesar de todas as dificuldades por eles enfrentadas.

Transtornos alimentares na adolescência

Transtornos alimentares são padrões de comportamento em relação à alimentação, sendo os principais: anorexia nervosa (deixar de comer para perder peso), bulimia nervosa (vomitar ou tomar laxantes após refeições) e compulsão alimentar (comer compulsivamente, perdendo o controle) e, em muitos casos, são acompanhados de distorção de imagem. Atualmente, esses distúrbios são um grave problema na saúde brasileira, atingindo principalmente os adolescentes e jovens, na maioria mulheres. Os casos estão aumentando cada vez mais. Segundo o ministério da saúde, 10% dos jovens apresentam algum tipo de transtorno alimentar. Um dos motivos para que isso se dê é o enrijecimento do padrão de beleza, muitas vezes ligado à internet.

Com o surgimento de redes sociais como o Instagram e o Tik Tok, cada vez mais podemos observar uma busca excessiva pela magreza, por meio da idealização dos corpos de outros jovens, que muitas vezes nem são reais. A imagem de uma vida perfeita, com o corpo perfeito, é muitas vezes propagada na Internet, já que as pessoas só postam aquilo que elas escolhem e muitas vezes editam suas fotos etc. Desta forma se inicia um processo de contínua comparação, que pode desencadear na tomada de medidas extremas como parar de comer e tomar laxantes ou vomitar, na tentativa de alcançar o padrão de extrema magreza, ou até mesmo episódios compulsivos por conta da ansiedade causada por esse processo.

Além disso, a Internet oferece uma facilidade e até mesmo um estímulo para as pessoas se inserirem nesse mundo de transtornos alimentares. Contando com planos de dietas extremamente restritivas, encorajamento às pessoas a pararem de comer, vídeos ensinando a vomitar forçadamente e conteúdos estimulando a alimentação compulsiva. |Segundo uma pesquisa feita pela psicóloga Ana Helena Rotta Soares, foram encontradas 120 comunidades no Orkut que estimulavam anorexia e bulimia, em 2007, podemos imaginar que com o avanço da

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Internet, esse número cresceu muito atualmente. Portanto, o próprio ambiente da Internet em si já oferece conteúdos que influenciam diretamente os jovens a entrarem nesse mundo, já que, ao se compararem na Internet, criam problemas em relação aos seus corpos e a própria Internet já oferece a “solução” para os mesmos.

Outro fator que estimula os transtornos alimentares entre os jovens é a exaltação de pessoas com corpos muito magros, como por exemplo na indústria da moda, contando apenas com modelos muito magras e colocando esse aspecto como algo decisivo para suas contratações. E já que são justamente essas modelos que ditam os padrões de beleza, novamente a ideia de que esse é o corpo que mais chega perto da perfeição, quando muitas vezes, não são nem mesmo saudáveis. Portanto, é preciso cuidar dos conteúdos consumidos pelos jovens e adolescentes na Internet e dos padrões de beleza que nós estabelecemos como sociedade e como propagamos nas redes. Desta forma, podemos evitar que esse índice de transtornos alimentares continue aumentando, para que assim possamos garantir uma melhor saúde mental e física para os jovens brasileiros.

Lorena Moreno

Juventudes e a violência sexual contra mulheres

Ao longo da última década a superexposição dos jovens à violência de todos os tipos e graus de intensidade é crescente, principalmente com relação a crimes sexuais e domésticos, cometidos contra mulheres, em sua maioria, jovens. Grande parte dos crimes de cunho sexual são consumados por membros da família da vítima.

estupros registrados naquele ano foram 85% contra as mulheres vulneráveis (menores de 14 anos ou em situação que impossibilita a resistência contra o ato) e 84,1% dos estupros cometidos vieram de pessoas conhecidas da vítima, colocando o Brasil na posição de país onde a maioria das vítimas de agressão sexual são jovens mulheres que sofrem a violência de pessoas próximas ou da própria família.

Em uma matéria publicada em 2020 (realizada pelo SBMFC) é citado o caso da menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio e estava em busca de poder abortar legalmente, durante 3 meses, mas teve o acesso a esse direito negado durante tempo suficiente para que 6.300 estupros fossem cometidos contra adolescentes, apresentando assim como a justiça e o governo brasileiro lidam com a questão da violência contra a mulher. Ainda na mesma matéria (agora referente a uma pesquisa realizada em 2019 pelo mesmo órgão governamental) é apresentado que 70,5% dos

Outra dimensão da violência sexual contra mulheres é a gestação em decorrência do estupro, sendo que 20.000 meninas com até 14 anos deram a luz, sem a chance de poder recorrer ao aborto legal, que é garantido por lei, mas como tal procedimento ainda é visto como um tabu e muitas vezes o processo de permissão do aborto é longo e cheio de manipulações para que a menina seja convencida a parir um bebê, nessas condições, ainda na sua adolescência. Com todas essas complicações essas meninas costumam recorrer a abortos clandestinos (que têm uma taxa de mortalidade altíssima por conta da precariedade do procedimento).

A necessidade da legalização do aborto e do entendimento de que o problema da violência contra a mulher está enraizada na nossa sociedade, tanto por conta do status baixos que as mulheres e

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jovens estão na sociedade, quanto pelo patriarcalismo sistêmico, a necessidade de revisão da masculinidade ideal que os homens têm como parte constituinte de suas criações é urgente!

Se a violência sexual contra a mulher continuar a ser minimizada, deixada de lado, jovens seguirão sendo estupradas, dando à luz e perdendo a oportunidade de estudo, trabalho e vivência de uma adolescência “normal” e saudável, e, se os homens desde jovens tiverem o comportamento de impossibilitamento de sentir emoções e sentimentos de superioridade em relação a mulheres, comportamentos que reforçam a cultura do estupro e pedofilia como “bons” e “exemplos de masculinidade”, nós continuaremos a ter um índice de violência contra jovens mulheres apenas aumentando ao decorrer dos anos até que em certo ponto o dano cometido por anos de desmerecimento do sofrimento quando se trata de crimes sexuais ser de toda forma irreversível.

Sendo assim, é preciso garantir a aprovação de leis que protejam as mulheres que sejam, rigorosamente, seguidas e aplicadas.

Lucca Maschietto Previtali

Como as drogas afetam os nossos jovens nos dias atuais

O objetivo proposto neste trabalho é efetuar uma leitura crítica sobre como as drogas atuam no mundo atual, em que se encontram de fácil acesso para menores com mais facilidade, e também a pressão social perceptível para que o grupo social que irei comentar use-as, para que estejam dentro dos padrões desejados a quem quer que seja o grupo que queiram impressionar.

Bom, pode-se dizer que a fase da adolescência é uma fase muito importante para o desenvolvimento pessoal do jovem brasileiro, pois, neste período da vida, indivíduo não aceita nenhum tipo de orientação, pois está tentando se adequar ou então experimentar o que seria a fase adulta, em que se pode ter mais controle sobre suas decisões e ações.

Essa pressão social entre grupos está muito presente e de fácil relação às drogas. É nessa fase da vida em que adolescentes se afastam um pouco de sua família e aderem-se a grupos com valores congruentes aos dele, a partir deste momento é criado uma pressão

para que pelo menos um dos integrantes do grupo em questão seja forçado a experimentar algum tipo de droga, acaso o grupo em questão esteja usando também, e é aí que temos o período mais problemático para utilizar desses tipos de substâncias, devido à vulnerabilidade e presença familiar do adolescente.

Com base nestes pontos, irei mostrar alguns dados que podem nos mostrar a imensidão e até banalidade em relação à essas histórias de adolescentes que iniciam o mundo das drogas logo cedo. Os levantamentos epidemiológicos sobre o consumo de álcool e outras drogas no brasil e parte da américa latina mostram que a faixa etária geral em que se começa o uso de drogas no brasil é no período da infância à adolescência, normalmente chegando até a vida adulta, em média de 8 a 15 anos, nas partes mais periféricas do país. Durante o passar desses anos, o panorama brasileiro mudou completamente, estudos apontam que, até a década de 80, os estudos epidemiológicos não encontraram taxas de consumo que chegaram a ser alarmantes entre os estudantes. No entanto, outros estudos realizados um pouco depois, em 1987, pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (CEBRID) , tem mostrado um aumento na taxa de consumo de drogas no país, esses estudos foram

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realizados entre estudantes do fundamental II e ensino médio em dez capitais diferentes. Em 1997, o CEBRID mostrou que existe uma tendência ao aumento do consumo dos inalantes, maconha, cocaína e crack em determinadas capitais.

Um estudo realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro nesta mesma época aponta que, 3.139 estudantes do início ao fim do ensino médio de escolas públicas. O estudo encontrou dados sobre o consumo ao longo da vida e habitualmente, comparando ambos, respectivamente, de 77,7% e 19,5% para álcool, 34,9% e 4,6% para o tabaco, 9,2% e 2,8% para inalantes, 7,1% e 1,6% para tranquilizantes, 6,3% e 2,0% para maconha e 1,9% e 0,6% para a cocaína. Um dos principais fatores que levam os jovens a esse vício seriam a pressão social e sofrimento psicológico. Como tratar esses adolescentes de forma preventiva e amigável ainda são assuntos bastante complexos e alvo de discussões, “como meu filho estará com esses outros adolescentes os induzindo ao mundo das drogas”, são perguntas que são muito comuns em conversas casuais, sendo debates escolares ou até uma conversa em família, mostrando o quão presente esta pauta pode estar.

Utilizando uma metodologia rigorosa utilizando como base as pesquisas epidemiológicas

podemos fundamentar projetos para a prevenção em todos os níveis, fornecendo dados e elucidando questões sobre esse assunto, além da procura da solução dos altos preços, então, mesmo no Brasil, em que não temos boa trilha nesta área, é preciso priorizar as políticas preventivas, gerando projetos que realmente condizem com a nossa realidade, prevenindo antes que o problema tome maior tamanho.

Luiza Domingues Destro

Violência doméstica contra os jovens

No Brasil, a violência é um problema extremamente presente, tendo a agressão e o homicídio como uma das principais violências causadas nas ruas. De acordo com o Monitor da Violência, durante o ano de 2022, houve o total de 20.126 casos de homicídio só no Brasil. Porém as ruas não são os únicos lugares onde um jovem pode sofrer um ataque físico. O nível de agressões contra os jovens dentro de suas próprias casas também é alto, e com toda certeza pode ser tão perigoso quanto as ruas.

Como foi mencionado, o ambiente dentro das casas pode muitas vezes ser perigoso, deixando os jovens expostos a mais de um tipo de agressões. De acordo com o site diferenca.com pode-se classificar alguns tipos de violência, podendo ser: física, psicológica, sexual, moral, econômica e social. A mais comum é a violência física, porém é comum que ela esteja acompanhada de um ou mais tipos de violência.

Além da agressão física, a mais relatada pelos jovens é a violência sexual. O site abrasco.org.br relata que entre os jovens de 0 a 13 anos o estupro é a violência mais atendida em unidades de saúde. Cerca de

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58% dos casos aconteceram dentro da casa das vítimas, e o agressor na maioria das vezes eram pessoas próximas que viviam com as próprias vítimas (pais, padrastos, irmãos, entre outros).

Mesmo a agressão física e a violência sexual, ainda há outros tipos de violências que podem afetar os jovens de maneiras diferentes. A violência psicológica e moral são tipos de opressões que também causam danos graves na vida da juventude. De acordo com o site tjdft.jus.br a violência psicológica pode se manifestar por atos de humilhação e desvalorização, enquanto a violência moral se mostra por meio de uma falsa afirmação. Ou seja, o agressor ou agressora afirma calúnias sobre a vítima.

Um estudo realizado por Edson Arthur Scherer, Jaqueline Rodrigues Stefanini, Luciana Aparecida Cavalin e Zeyne Alves Pires Scherer comprovou que 96,3% dos adolescentes já sofreram violência psicológica. De um total de 268 jovens, 82,5% moram com os pais, e já sofreram algum tipo de violência psicológica leve e/ou moderada vindo dos responsáveis.

Com análise de todos os dados apresentados acima, podemos perceber que o âmbito familiar pode ser extremamente perigoso para os jovens. Os pais devem tomar muito cuidado tanto com as ações físicas como com as palavras, pois tudo pode afetar gravemente a saúde física e mental dos jovens. Ao contrário do que muitos pensam, a família pode, por vezes, ser até mais perigosa que as próprias ruas.

Juventudes e drogas

Nesses tempos, o uso de drogas está sendo algo cada vez mais comum entre as pessoas, e realmente, na situação que estamos vivendo é muito difícil aguentar sem ter algo para nos “tirar da realidade”. Porém, um dos jeitos mais conhecidos é através do uso de drogas e bebidas, que por mais que na prática parecem ser coisas boas e até necessárias, tem como consequências o vício, prejuízos à saúde e muitas outras coisas que podem ser fruto do uso dessas drogas. Em 2019, cerca de 63,3% dos estudantes de escolas públicas e particulares entre 13 e 17 anos já experimentaram bebida alcoólica e mais de um terço deles tiveram pelo menos uma dose antes de completar 14 anos.

Realmente, é muito difícil julgar algo que apenas um percentual da população tem controle sobre. A cracolândia, por exemplo, é um lugar onde é visível os prejuízos da dependência química e como isso pode destruir uma vida. Porém, por

um outro lado, algumas pessoas usam certas drogas como uma forma de combater problemas psicológicos como ansiedade e depressão e assim conseguem viver um melhor estilo de vida.

Na minha opinião, se algumas plantas medicinais que causam um leve prejuízo como a cannabis, forem utilizadas de forma certa, não há motivo para proibi-las, podendo em alguns casos até ser usadas livremente, já que o álcool causa danos piores e é algo legalizado. Se nada for usado em excesso, não há motivo para se preocupar.

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O papel da escola

A escola deveria ser um dos principais complementos para a realização da formação social e acadêmica. A escola seria a responsável por garantir a todos os jovens ensinamentos básicos e necessários para a vivência em sociedade segundo o artigo 205 da Constituição Federal.

Com uma simples análise conseguimos ver por meio da “Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua” que em 2019 a taxa de analfabetismo dos jovens de 15 ou mais anos foi de 6,6%. Outra pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que 19,3% dos jovens entre 18 ou 24 anos estão desempregados em 2022. Ambas as pesquisas nos mostram uma contradição em relação ao papel da escola e o que ela realmente implementa.

O site Mises Brasil defende a ideia de que o atual modelo de escola compulsória não seria mais o ideal, considerando que para Flávio Augusto, o autor da matéria estamos entrando na era da imaginação e o atual modelo escolar foi criado na Era industrial e sua “função era preparar a mão-de-obra oriunda do campo para as indústrias”.

Em matéria publicada pelo G1 em 2011 por Paulo Guilherme é apresentada uma pesquisa feita por um grupo de cientistas: “O estudo revelou que de cada quatro alunos que concluem o ensino fundamental, três saem do ensino fundamental sem saber ler, escrever e fazer as quatro operações matemáticas (adição, subtração, divisão e multiplicação).”

Durante a entrevista da psicopedagoga Nadia Aparecida Bossa para o G1, ela afirma que “os problemas de aprendizagem revelam uma ‘infecção’ no sistema educacional que, como tal, precisa ser tratado”. Em outra parte da sua entrevista ela comenta: “(...) o fracasso escolar é o fracasso do sistema educacional. É um sintoma que revela que a educação brasileira vai de mal a pior.”

A escola deveria ser um dos principais complementos para a realização da formação social e acadêmica, mas quando analisamos e pesquisamos podemos ver que o papel da escola não está sendo cumprido. A entrevista da Nadia Aparecida Bossa demonstra que segundo a sua opinião a escola tem problemas que prejudicam a realização dos seus objetivos que seria a formação social e acadêmica dos jovens, a pesquisa do site G1 apenas reforça com dados o fracasso escolar no quesito ensino que consequentemente afeta a entrada dos jovens no mercado de trabalho.

Gravidez na adolescência

A gravidez é um momento de instabilidade emocional e mudanças constantes no corpo da mulher. Para uma adolescente, a gravidez pode ser ainda mais difícil, pois ela tem que lidar com fatores que vão além dos quesitos gravidez e maternidade.

Durante o período da adolescência o corpo dos jovens ainda está em formação, assim como diversos outros aspectos que são importantes para uma vida adulta. Portanto, as adolescentes têm que lidar com as mudanças causadas pela gravidez e pela adolescência. Além disso, elas também precisam enfrentar os obstáculos relacionados a questões sociais como evasão escolar e desemprego. Uma matéria publicada pela Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), do Ministério da Saúde, revela que no Brasil há em média 400 mil casos de gravidez na adolescência por ano. Em pesquisa realizada pela ONU, o Brasil tem 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a cada mil meninas de 15 a 19 anos. Esses são dados significativos que pedem por mudanças.

É válido ressaltar que a gravidez na adolescência pode trazer consequências emocionais, sociais e econômicas para a saúde da

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Maria

mãe e do filho. Segundo a Adriana Lippi Waissman, médica atuante como Obstetrícia e Ginecologia, tendo como uma das suas especialidades a gravidez precoce, grande parte das adolescentes que engravidam abandonam os estudos para cuidar do filho, o que colabora com o desemprego e dependência econômica dos familiares. Esses fatores contribuem para a perpetuação da pobreza, baixo nível de escolaridade, abuso e violência familiar, tanto à mãe como à criança.

Além disso, a ocorrência de mortes na infância é alta em filhos nascidos de mães adolescentes. A falta de apoio e de acompanhamento da gestação contribuem para que as adolescentes não recebam informações adequadas em relação à alimentação materna apropriada, à importância da amamentação e sobre a vacinação da criança. Também é grande o número de adolescentes que se submetem a abortos inseguros colocando em risco sua própria saúde até mesmo risco de morte, sendo uma das principais causas de morte materna.

Portanto, é importante entender que a gravidez precoce está relacionada à problemas sociais estruturantes (à descoberta da sexualidade precoce, à pobreza extrema, à violência sexual, à falta de acesso a métodos anticoncepcionais, à desigualdade de gênero, à evasão escolar) e devemos urgentemente pensar em caminhos para preveni-la.

Transtornos alimentares na adolescência

Não muito comentado, o transtorno alimentar na adolescência é um problema de diferentes causas e com consequências complexas. Eles trazem impactos significativos ao convívio social e familiar, além de intensificar outros comportamentos.

O TA (transtorno alimentar) tem como uma de suas causas a busca pelo corpo perfeito aos olhos das redes sociais, artistas, influenciadoras digitais ou até mesmo pela referência de pessoas próximas, como os colegas de escola. Além dessas influências da sociedade, existem doenças que favorecem o desenvolvimento dos distúrbios alimentares, como ansiedade, depressão, entre outras.

Os principais distúrbios fazem com que as pessoas apresentem comportamentos extremos. Algumas passam a comer pouco ou nada durante o dia, outras podem comer muito além do necessário para nutrir o corpo. Ambas as situações trazem sentimentos de culpa, angústia e tristeza, gerando uma percepção de falta de controle.

Para quem sofre de transtorno alimentar na adolescência, não importa se o hábito será prejudicial à sua saúde. A prioridade é conquistar a imagem dos sonhos, o que torna a condição ainda mais perigosa. A longo prazo, a combinação de ações negativas pode trazer consequências graves, tanto para a parte física quanto para o estado mental do indivíduo.

A pandemia certamente teve um grande impacto em tudo isso. De acordo com um estudo recente, publicado na revista Pediatrics, a hospitalização e casos de adolescentes por transtornos alimentares cresceu significativamente durante o período pandêmico, sendo os mais destacados anorexia, bulimia e compulsão alimentar. O ministério da saúde nos afirma que esses transtornos afetam cerca de 4,7% da população em geral, mas podem chegar a 10% entre a população mais jovem.

Longe da vida considerada “normal’’, as pessoas passaram mais tempo nas redes sociais, o que certamente intensificou as comparações de imagem e a queda da autoestima.

Sendo assim, sintomas caracterizados como baixa autoestima, sentimento de culpa, culto excessivo ao corpo, entre outros, devem ser cuidadosamente observados.

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A juventude e a arte nos dias de hoje

Hoje em dia as juventudes têm muito mais acesso à internet e, consequentemente, mais acesso à informação, cultura e comunidades virtuais todo dia. Podemos dizer que isso mudou o jeito com que os jovens veem a arte no dia a dia. Como por exemplo, arte na forma de animação.

Qualquer um pode fazer uma animação e divulgá-la na internet, tornando-se muito fácil adquirir uma identidade em torno de suas animações, especialmente se for em um site ou aplicativo usado diariamente por várias comunidades e ter sido feito para ganhar visualizações rapidamente todo dia. Isso pode variar, mas depende de pessoa para pessoa. Graças ao crescimento da internet ao longo dos anos, a facilidade de consumir e produzir todo dia vai crescendo ao seu lado. A arte online pode até ajudar a juventude a começar a ganhar seu próprio dinheiro sozinha, usando um serviço chamado commision, em que alguém pede um desenho a um artista e paga-o no processo.

Em conclusão, a internet mudou muito o jeito que a juventude vê a arte, seja esse jeito positivo ou negativo, mas isso depende de pessoa para pessoa.

Marianna Marcondes Batista

Como os Jovens produzem cultura?

Cultura, uma palavra que pode ser usada para se referir a muitas coisas, pode vir de algo que veio do passado junto dos nossos ancestrais ou até mesmo alguma coisa que vem dos nossos tempos atuais. O conceito Cultura é muito amplo, nele entram crenças, artes, costumes, então basicamente muitas coisas que nós fazemos atualmente se encaixam na cultura. Mas como os jovens produzem cultura? Os jovens se expressam culturalmente através de grandes movimentos como o movimento Hippie, movimento Punk e até mesmo o Rock’n Roll. Atualmente a juventude tem formas diferentes de se expressar, como por exemplo o grafite que usa o formato de arte na rua, que surgiu da realidade da periferia, nesses desenhos vemos críticas sociais, reflexões, ou apenas uma forma de expressar a arte. Hoje em dia, é raro andarmos por cidades grandes e não ver grafite nas paredes.

De acordo com o portal, Openedition, a cultura tem sido priorizada nas escolas desde de 2008, um dos movimentos escolares que levava a arte e cultura é a realização de bienais, inclusive atualmente as redes sociais, isso influencia muitos jovens a quererem ir em bienais do livro que mostram uma outra forma de aumentar o consumo e a produção de cultura, através das redes. Bienais de arte e cultura realizadas, tiveram como consequência a criação da CUCA (Centro universitário de cultura e arte) com a ideia de trazer discussões envolvendo cultura. O CUCA nasceu entre duras críticas ao corpo estudantil, a primeira é a maneira em que o movimento estudantil trata a cultura e a segunda crítica é a falta de realização de eventos culturais.

Os jovens sempre estão conseguindo produzir cultura desde do início dos tempos até hoje em dia, passando por grandes movimentos como o Rock’n Roll, ou coisas como um grupo8 de leitores em uma rede social tentando trazer mais leituras para os jovens atualmente ou até mesmo uma arte de origem periférica que vemos hoje em dia por todo Brasil, como por exemplo o grafite e até mesmo o Funk.

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Escola para além do estudo

A escola cumpre um papel muito importante na vida dos jovens e faz parte dos primeiros anos de vida de todas as pessoas para poder prepará-las para o futuro e para suas carreiras. O objetivo e a função das escolas não é mistério, sempre foi ensinar os conceitos básicos de cada matéria para que os jovens compreendam o que é essencial para começar suas vidas.

Mas algo que é tão importante quanto o ensino, são as relações sociais criadas na sala de aula, tanto entre os alunos, quanto entre os professores Muitos jovens migram para o ensino particular com professores particulares, ou pensam em mudar para esse método, mas um ponto que é deixado de lado, é que a socialização entre os alunos interfere no aprendizado também, assim são trocadas ideias e hipóteses, criam-se amizades, paixões, aprende-se a lidar com conflitos e a conviver com diversas

pessoas. A escola é o primeiro espaço em que os jovens convivem entre si e por isso que existem as escolas e são tão importantes nas nossas vidas.

Vendo a chegada da pandemia, já sabemos os problemas financeiros, mas as crianças e os jovens foram afetados por razões hormonais e psíquicas, de acordo com Sabine Pompeia, professora do Departamento de Psicologia da Unifesp. Isso diz que o afastamento das escolas traz problemas psicológicos aos jovens justamente por causa dessa quebra das relações.

O MEC, em 1998, elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais, diretrizes feitas para orientar os educadores a usarem aspectos pedagógicos fundamentais aos alunos. É dito que os alunos têm que seguir para um ensino com certos objetivos para que os alunos estejam preparados para o mundo comercial e financeiro.

A escola é muito conhecida pela interação entre os alunos e prepara os jovens e socialmente e não podemos substituir a escola por aulas particulares.

Natalia Rapoli Venna

A importância da arte na juventude

A arte está em todos os lugares, música, dança, pinturas, teatro, cinema, literatura e etc. Ela diz muito sobre a realidade social, o tempo histórico e a cultura em que está sendo produzida, a arte mostra a evolução da sociedade e da tecnologia e tem um papel muito importante na formação de uma pessoa, ajudando no desenvolvimento da criatividade, do raciocínio, do senso crítico, da reflexão e da imaginação.

A arte também é um meio de inclusão social, permitindo aos jovens se expressarem e conhecerem novas culturas e realidades, assim, podendo construir sua identidade própria e conviver melhor com outras pessoas. “A Arte pode ter muitos papéis, pois tem muitos alcances. Pode fortalecer a identidade, pelo conhecimento das culturas das quais o aluno participa. Pode ampliar a visão de mundo, pelo contato com a produção artística de outros tempos e lugares.

Pode dar à criança um espaço de

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expressão e de participação como produtora de cultura. Pode e deve integrar-se com outras áreas do conhecimento, permitindo uma maior compreensão do mundo”, diz Selma Moura, professora e mestre em Linguagem e Educação pela USP.

Mesmo sendo uma parte importante da educação e do conhecimento, no Brasil, o investimento em arte e cultura ainda é muito baixo. De acordo com dados divulgados pelo IBGE em 2019, apenas 10% dos municípios brasileiros têm salas de cinema. A pesquisa também diz que a diferença no acesso de equipamentos culturais está diretamente ligada às diferenças regionais, sociais e raciais no país. As regiões que menos consomem a cultura são a população de baixa renda, pessoas negras, jovens e pessoas que vivem em periferias. Por causa da falta de acesso a museus, teatros, cinemas e espaços de produção cultural e artística, a arte aprendida na escola é muito importante. “Conhecer diferentes processos artísticos e, por conseguinte, diferentes processos de criação, interferem no processo de aprendizagem no sentido de se estar atento aos diferentes tipos de inteligência, respeitando e valorizando as diferenças de cada aluno. Essa atitude acrescenta

possibilidades de discussões enriquecedoras que fazem com que os alunos se percebam como sujeitos ativos de sua própria aprendizagem”, diz Mônica Bolsoni, professora de Artes Plásticas e História da Arte do CAP UERJ e Coordenadora do Polo UERJ Arte na Escola.

O incentivo à arte e a cultura desde a infância influenciam muito no desenvolvimento de uma pessoa e em suas relações sociais e podem até ajudar a diminuir preconceitos e discriminação, por isso a educação artística e o acesso à arte e cultura são tão importantes.

Pablo Carvalho Reis

Os jovens são as maiores vítimas do crescimento da taxa de desemprego do Brasil, sua inserção no mercado de trabalho está com um dos menores índices se comparada com as outras faixas etárias, junto com os profissionais acima de 50 anos são os mais afetados pelo desemprego.

De acordo com o G1 e com a CNN, a nova geração tem em média uma taxa de 20% de desemprego, um a cada cinco jovens está desempregado, essas duas gerações são as que mais possuem dificuldades para conseguir seu espaço no mercado de trabalho.

Uma matéria publicada pelo G1 mostra que um dos principais motivos dessa alta taxa de desemprego é a situação nacional, o Brasil estava na quarta colocação dos países com as maiores taxas de desemprego no ano de 2021, outro fator é a não preparação

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O quão presente está a juventude no mercado de trabalho?

dos jovens para o mercado de trabalho, isso pode ocorrer pela falta de desenvolvimento escolar das novas gerações, com a baixa escolaridade, a OCED (Organização para Cooperação e Desenvolvimento), mostra que quase 36% dos jovens não estudam e não trabalham. E um dos maiores fatores é a inexperiência dos novos trabalhadores, sites como o Correio Braziliense mostram que em termos de confiança os risco de empregar um trabalhador com menos bagagem traz mais risco para o empregador do que empregar um trabalhador mais velho e com maior conhecimento do mercado.

A nova geração tem uma relação nunca antes vista com a tecnologia, os sites “mundoeducacao” e “brasilescola” publicaram que as crianças e adolescentes que nasceram entre os anos 1995 em diante, possuem maior interação da tecnologia em suas vidas, como os celulares, TV e computadores. Essa grande utilização das tecnologias atuais fazem os mais jovens serem os principais trabalhadores nesse ramo.

O Diretor de gente e gerência da empresa Elfa, diz que essa década foi difícil para os jovens, mas espera que o jogo mude, pois com a grande inserção da tecnologia no mercado de trabalho pode haver

a valorização de conhecimentos sobre as novas técnicas, seja fazendo sites, modelos gráficos, computação e outros tipos de trabalhos que necessitam da utilização de tecnologia. Apesar de ter maior desenvolvimento com a computação, os jovens sofrem de etarismo, a gerente sênior de Cathos, Bianca Machado diz que a não compreensão ou não acompanhamento do desenvolvimento tecnológico faz os mais velhos terem receio de contratar novos trabalhadores.

O que fazer para ter uma maior chance no mercado? Algumas reportagens de sites como UniCesumar, mostram que as próximas profissões serão excepcionalmente ligadas à tecnologia, para ter uma maior chance de ganhar cargos com essas vagas os novos trabalhadores devem aprender tipos de programação e desenvolvimento de software.

Na internet é possível fazerse muitos cursos para o desenvolvimento nesse ramo, e caso queiramos aprofundar-nos nessa categoria pode ser necessário fazer faculdades nessa área, como ciência de dados.

Juventude e esporte

Não há dúvida de que os esportes trazem benefícios para o corpo e para a mente, pois evitam doenças, obesidade, depressão e ansiedade. Além disso, o esporte traz benefícios como a amizade entre atletas, melhora a qualidade de vida, disposição, e ajuda a evitar doenças no futuro por causa do desenvolvimento da força física. Nos dias de hoje, muitos jovens ficam muito nas redes sociais e jogos de videogame e com isso eles ficam muito sedentários.

Segundo a pesquisa nacional de amostras por domicílio (PNAD) realizada em 2017 pelo IBGE, 62% da população brasileira com 15 anos ou mais é sedentária. Esse é um dado a que as pessoas têm que ficar atentas porque a organização mundial da saúde recomenda que (OMS) você faça pelo menos 20 min de exercício moderado por dia para que sua saúde fique boa.

No Brasil , há uma evidente falta de possibilidade para que os

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jovens de menor condição social e que estudam em escolas públicas tenham um acesso mais amplo à prática esportiva. Por outro lado, existem diversos projetos sociais que incentivam a sua prática. No entanto, nos últimos anos, instituições educacionais, ONGs, igrejas e órgãos governamentais têm criado diversos projetos sociais para essas crianças e adolescentes.

Portanto, o esporte é muito mais que uma atividade física com benefícios individuais, pois constrói a identidade dos jovens, permite lidar com as diferenças e as limitações entre pessoas, facilitando a inclusão social. Além disso,melhora a convivência em grupo, permitindo aos jovens conhecer novas realidades. A prática esportiva ajuda na transformação não só do atleta mas da sua família e da sociedade.

Escola para quê?

e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um ranking mundial de qualidade de educação. Entre os 76 países avaliados, o Brasil ocupa a 60ª posição.

A função da escola não é apenas o aprendizado do conhecimento, mas também tem o papel de ajudar o aluno em sua formação cidadã e moral. É muito importante que normas , valores e formas de ver o mundo sejam transmitidos para preparar crianças e jovens para a sociedade.

Segundo o historiador Peter Lindert, em 1830, cerca de 50% dos norte-americanos entre 5 e 14 anos estavam matriculados no ensino primário e após a virada do século, 90% estavam em salas de aula. No Brasil, estima-se que apenas 6% de meninos e meninas estavam nas escolas e após meio século só 15% de crianças em idade escolar haviam feito a matrícula.

Segundo o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), o Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados.

A Organização para a Cooperação

No Brasil sempre houve falta de vontade política de investir em educação para os mais pobres, vemos que quem tem mais acesso a uma educação de maior qualidade é aquele que possui condições de arcar com um ensino privado, ou seja, as pessoas mais ricas do país, o que demonstra que a gigantesca desigualdade social que está presente no Brasil é um enorme problema para a educação do Brasil. A educação deve ser transformada para que as pessoas mais pobres no Brasil pudessem ter conhecimento de que são sujeitos de direitos, isto é, que possuem direitos garantidos por lei e podem exigir que eles cumprissem.

Acredito que, sim, a função da escola não é só o aprendizado do conhecimento, mas também tem o papel de ajudar o aluno em sua formação cidadã e moral e isso é muito importante para conseguirmos transformar o Brasil num país com uma melhor educação e com menos desigualdade social.

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Thomas Coutinho Camargo

“Escola: de onde parte a formação do jovem”

No Brasil, as escolas particulares são consideradas melhores do que as públicas, pois existem diversas razões atuais e do passado que contribuem para essa maneira de pensar. De acordo com o Censo Escolar, em 2021, mais de 80% dos alunos brasileiros estavam matriculados na rede pública, e 17% estavam matriculados na rede particular, no entanto, de acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 79,2% dos estudantes que concluem o ensino médio na rede privada ingressam no ensino superior. Quando o ensino médio é concluído em uma rede pública, este percentual cai para 35,9%.

A escola é de grande importância para as juventudes, pois, esse é o principal local onde as juventudes socializam-se, além disso, a escola é o local em que o jovem se alfabetiza e ganha conhecimentos gerais.

A função da educação é passar informações de uma geração à outra, de maneira que esta se desenvolva com o passar do tempo e termine sendo utilizada para a criação ou atualização de

tecnologias (quando é possível ou necessário).

No Brasil, diversos problemas na educação podem ser atribuídos ao atraso na construção de escolas públicas e na escolarização da população. De acordo com o artigo “Pátria Iletrada”, em 1870, cerca de 6% dos jovens brasileiros entre 6 a 14 anos de idade frequentavam.

Em 1920, cerca de 15% dos jovens frequentavam escolas.

Atualmente, a educação brasileira precisa de uma transformação, pois, hoje em dia, o único método de garantir ensino de qualidade para um jovem é pondo-o em uma escola particular, pois as escolas públicas sofrem de graves problemas, como a falta de professores, que pode ser observado no documentário “Pro dia nascer feliz”, além de que,segundo o INESC, entre 2019 e 2021, o valor autorizado pelo governo destinado para a educação foi de R$126,6 bilhões para R$118,4 bilhões. Se o governo começasse a direcionar mais recursos para a educação, escolas públicas se tornariam uma opção mais viável para o aprendizado de um jovem, dessa maneira, fazendo com que as escolas privadas não sejam a única opção para se ter educação de qualidade.

De acordo com a Folha de São Paulo, concluintes do ensino médio na rede pública tiveram nota média de 48,30 na prova objetiva do ENEM. Já na rede privada, a

nota média subiu para 68,72. É inegável dizer que esses dados mostram a ineficácia das escolas públicas atualmente e, novamente, mostram a necessidade de uma transformação na educação.

Em conclusão, no Brasil, é necessário transformar, pelo menos, a educação pública, pois mais de 80% dos alunos brasileiros estudam em redes públicas. No entanto, para essa transformação ocorrer, é necessário maior investimento do governo na área de educação para que, no futuro, qualquer jovem tenha acesso à educação de qualidade sem a necessidade de estudar na rede privada.

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Ynaiê da Silva Pedroso

Slam e o impacto na vida dos jovens

Algo inerente à humanidade é a necessidade de expressar-se. Isto é, falar das juventudes sem relacioná-las à arte e à cultura é impossível. Uma das inúmeras manifestações artísticas juvenis é o Slam. Slam é uma batalha de poesia falada que se espalha por todo o Brasil, é um movimento protagonizado pelos jovens, sobretudo, os da periferia, como um espaço de reconhecimento, empatia e militância. É a voz dos grupos histórica e socialmente silenciados.

A partir do Slam, jovens periféricos ousaram acreditar que era possível ocupar espaços de conhecimento nas universidades durante muito tempo dominadas pelas elites, na UFRGS os slammers estão presentes em diversos cursos, seja na graduação ou na pósgraduação. Hoje, no estado de São Paulo, estima-se que há cerca de 50 Slams, o movimento se espalhou pelo Brasil e, na estimativa geral realizada em 2018, havia cerca de 150 comunidades da competição no país todo, sendo que em praticamente todos os estados há pelo menos um.

interescolares (organizado pelo Slam da Guilhermina, a batalha de poesia interescolar é uma competição de poesia falada entre alunos das escolas públicas e privadas) são abertas.

Nas ruas, as batalhas de poesia falada têm aquelas características descritas anteriormente, as escolas se reforçam e são base para a produção de novos significados.

Os temas das batalhas trazem pautas do cotidiano, como: homofobia, racismo, machismo, violência entre outros temas. O cotidiano e suas discrepâncias sociais é fonte riquíssima para poetas da periferia, a batalha de poesia tem muito impacto na vida dos jovens periféricos, é uma forma de resistência em relação ao estado, pois eles unem vozes que entoam gritos de lutas.

A cantora, compositora e poetisa Cinthya Santos, conhecida como kimani, participa do Slam desde 2017, quando descobriu a poesia de militância como uma forma de entender as suas raízes e encontrar seu espaço no mundo. ”O Slam é um processo terapêutico, quase de cura mesmo. Os poetas são muito verdadeiros em relação às suas vivências, tem gente falando sobre como foi violentada, sobre ter enfrentado a depressão, sobre opressões diárias. A gente cria um vínculo forte entre todos que estão ali”.

O papel do Slam nas escolas é fundamental também, é a partir delas que as inscrições nos Slam

Nos últimos anos, o Slam tem sido implantado nas escolas de forma pedagógica, sobretudo na aprendizagem de literatura, exercitando a escrita e a leitura oral. Maira Mesquita, doutoranda em educação pela Universidade de São Paulo (USP), e coordenadora do núcleo Slam: poesia-corpovoz da arte da Feusp, aponta o Slam como uma ferramenta que ultrapassa a estrutura do conhecimento que temos na escola.

Jovens se interessam, aprendem, se expressam, compartilham seus sentimentos através do Slam Por meio da poesia marginal, jovens expressam seu modo de existir e suas reivindicações por uma cultura jovem popular, negra, criada por pobres, de moradores da periferia. É um mundo onde eles expõem e que as elites fazem questão de não enxergar.

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O TREM PRA NÃO SEI ONDE

-ABaCaXYZ*piuuui*

O trem! Senhoras e senhores está para partir 9:45! 9:45 o trem. Sairemos com ou sem atraso, você não é tão importante assim para te esperarmos… a não ser que você seja importante para te esperarmos, nesse caso te esperamos. Mas estamos indo! Em sentido único para não sei onde, o maquinista é um não sei quem e eu sou um zé ninguém, estamos prontos pra partir, quem falta? Cadê as malas? Passa o bilhete, já sabe onde vai descer? Não sabe? Eu também não, sobe… ah, eu amo quando vamos para não sei onde, esse negócio de saber de tudo me dá nos nervos, todo mundo age como se soubesse de tudo o tempo todo, só que nunca sabem de nada! quando vamos para não sei onde pelo menos tá todo mundo sendo honesto e eu amo a honestidade. Porque parando pra pensar mesmo, ninguém sabe exatamente pra onde tá indo. Sabe? Bom o trem pra não sei onde… ah…. O trem pra não sei onde! Ele já está partindo, talvez eu esteja atrasado, será que eu não sou tão importante assim… bom de qualquer forma, o próximo trem sai não sei quando você pode ficar para ele! Au Revoir bye bye!

Os dias parecem infinitos e repetitivos nada parece mudar sempre as mesmas pessoas os mesmos rostos os mesmos olhares as mesmas conversas mesmo nesse tempo infinito as pessoas parecem não ligar para vc não lembrarem de vc não darem importância para seus sentimentos, suas conquistas ou qualquer coisa vinda de vc. Nada muda são os mesmos dias chatos e entediantes nada de novo De novo Nada Everest

Vc deve seguir em frente mesmo que seja difícil, triste ou até mesmo doloroso o amor é traiçoeiro todos sabemos disso mesmo que coloquemos em nossas cabeças que o amor é uma coisa linda após uma decepção amorosa a verdade sobre ele aparece percebemos que fomos enganados não queríamos acreditar Mas o que podemos fazer não é mesmo? Everest

Lorena Moreno

olhei pelas janelas de tua alma esbanjavam temor e dor eram como a queda do anjo Lúcifer dolorosas e libertadoras mostravam todos os teus pecados e todos os teus milagres sentia teus olhos em minha derme sentia-os até em minha alma tu olhavas através de mim julgava-me admirava-me e voltava de teu transe voltava da dor tamanha

teu azul escaldante teu azul abundante cobriu e amou o vermelho de minha alma o vermelho que jorra e me mata o vermelho que nunca será curado foi amado e devotado por teu amor teu azul trouxe conforto à minha dor teu azul não cabe em palavras

Lorena

teu azul amou minha alma estilhaçada meu vermelho mesmo que abundante nunca resistirá ao teu azul nossas cores jamais serão uma só o roxo de nossas almas nunca existirá somos dois opostos um com mais força que o outro mas que se amam na mesma intensidade

Moreno
Arte: Marina Prieto Moriya

Beatriz Castex

Flutuantes

A viagem intercalava-se entre períodos de caminhada e de carona. Nos primeiros dias, Sinha Vitória, Fabiano e os meninos somente andavam. Ocasionalmente passava um carro ou outro que desacelerava para olhar novamente o que tinha passado no canto dos olhos: a visão de um grupo de viajantes composto por um vaqueiro, com olhar desconfiado, uma mulher igualmente cismada, e bem à frente, dois meninos que andavam com o passo sincronizado, olhando para o chão – todos estavam em silêncio, mas pareciam se comunicar através do pensamento.

A carona só se conseguia quando algum viajante era tomado pela curiosidade - ou pena -, o que o levava a oferecer transporte. Fabiano, com seu senso de independência – não por vontade própria, mas por necessidade – e mais suspeitoso do que nunca, nem sequer pensava em pedir ajuda. Mesmo assim, eventualmente, comovido pela exaustão das crianças, aceitava a oferta. O caminho, é claro, era feito em silêncio sepulcral. Tudo que havia de se processar

sobre a mudança drástica pela qual toda a família passava era processado nos pensamentos próprios de cada um deles.

Chegando a São Paulo, inicialmente sentiram um certo frescor. Talvez, de fato, o clima fosse mais fresco, mas Fabiano e Sinha Vitória tinham vivido tempo o suficiente para que a sensação de estar prestes a viver algo novo caísse em seu esquecimento. O motivo da mudança não era positivo, claro. Mas era preciso ter algum otimismo, alguma esperança. Fabiano lembrou-se do seu tempo de recém-casado, algo como a sensação de se sentir novo e inexperiente em algo. Isso trazia-lhe algum conforto – permitia-se reconhecer, às vezes.

Sinha Vitória conseguiu um trabalho antes de Fabiano. Era mesmo boa de conversa. Além disso, por motivos que já conhecia, notava menos desconfiança em sua direção, em comparação a Fabiano – era mulher. Trabalhava em uma lanchonete do bairro. Às vezes, reconhecia-se desestimulada. No sítio, mesmo cercada pelas dívidas de Fabiano, ao menos tinha cálculos para fazer, e sentia-se no mínimo lisonjeada pela curiosidade dos meninos em relação ao que fazia quando contava. Lembrava-se de Sinha Terta. Depois de algum tempo de procura incansável –possivelmente afetada por sua insegurança, que inevitavelmente traduzia-se em seu rosto como antipatia –, Fabiano conseguiu um trabalho como vigia de uma casa no Paraíso do Morumbi. Estavam morando em Paraisópolis. A mesma proximidade entre os dois lugares, que era estranha a Fabiano, por serem tão distintos, ao mesmo tempo era-lhe

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conveniente, por facilitar o caminho diário para a morada do casal para quem trabalhava.

Os meninos estudavam em uma escola municipal a algumas quadras de casa. Lentamente se adaptavam à rotina escolar, com dificuldade. Depois da escola, os meninos ficavam na rua. Por terem liberdade para ficar sem os pais e longe de casa no sítio, não haviam aprendido a desconfiar do ambiente à sua volta quando estavam sozinhos. Fabiano e Sinha Vitória, por serem adultos, já tinham este senso melhor desenvolvido – mas os meninos, especialmente o mais novo, eram ingênuos. Após alguns dias indo à escola, encontraram uma cachorra sem dono, na rua. Tentavam atraí-la para casa todos os dias quando decidiam voltar, mas a cachorra desconfiava deles –não era possível atraí-la e nem pegá-la à força.

Eventualmente, durante o trabalho, Fabiano se deparava com situações que lhe tiravam a constante expressão apática do rosto. Como vigia, tinha como função impedir a entrada de quem quer que julgasse não convidado na casa. Uma vez, deparara-se com um pedinte. O homem, pobremente vestido, numa noite de inverno, viera pedir dinheiro para Fabiano. Era madrugada, e com a pouca experiência que havia adquirido no seu tempo trabalhando como vigia, havia aprendido a evitar o distúrbio do sono de seus patrões. Fabiano, inicialmente, só pediulhe para se afastar. O homem, depois de algumas tentativas falhas de conseguir o que queria, começou a chacoalhar os portões da casa e a gritar, indignado. Fabiano, como reflexo, imediatamente foi fisicamente tirar o homem de perto da casa e, quase

acidentalmente, deu-lhe um soco no rosto. O pedinte se retirou, assustado, como um cachorro com o rabo entre as pernas.

Fabiano surpreendeu-se consigo mesmo, e entrou em estado de ansiedade. A mistura de seu cansaço físico com a adrenalina, deixou uma expressão assustada em seu rosto. Tentava recuperar o fôlego. Quando se tratava de defender sua família e agir como homem, agia desconfiado e covarde. Se preocupava com o olhar dos outros para si, mas não com os olhares perversos da cidade direcionados à sua mulher e seus filhos, que notava muito bem. Não demonstrava o amor que sentia por eles – mas quando se tratava de impedir um pedinte de acordar um casal de jovens ricos que não levantavam um dedo para ajudar-lhes, mostrava garras e dentes sem pensar duas vezes.

– Você é covarde, Fabiano.

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Bruna Volpe Arnoni

Silêncio na Cidade

Nos morros acinzentados, os prédios alargavam manchas pretas. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Fazia dias que procuravam um lugar para ficar.

Chegados à cidade grande, a família já exausta, não encontrava onde iria se encaixar. Andaram por todos os cantos, e já perto do sol se pôr, uma mulher os avistou e rapidamente foi oferecer ajuda. Em um lugar novo, sem conhecer ninguém, um ato de empatia amoleceu os corações dos viajantes.

Dona Lola, como era conhecida, vivia no bairro desde sempre. Conhecia tudo e todos. Quando viu os coitados completamente desalojados, perdidos, sentiu a necessidade de se aproximar. Com a melhor das intenções possíveis ela falou; — Vocês são novos por aqui? Precisam de alguma ajuda?

Se sentindo “ameaçados”, a primeira reação deles foi se esquivar. Mas após a mulher insistir que só queria ajudar, Sinhá Vitória acabou cedendo.

A mulher os levou para casa. Deu-lhes comida, roupas e um lugar para ficar. A casa não era grande, mas era melhor que ficar na rua. Os meninos

dormiram no chão, no pé da cama dos pais. Uma cama grande e macia, confortável e muito diferente da cama de varas. Do jeito que Sinhá Vitória sempre sonhou.

Passados alguns meses, a família estava instalada na cidade. Conseguiram uma pequena casinha, graças ao serviço de cozinheira de Sinhá Vitória. Ela não ganhava muito, mas recebiam ajuda de dona Lola e de outras pessoas da vizinhança. Claro que a família teve dificuldades. Não acostumados a uma convivência social estranha, foram jogados no meio de uma cidade grande e obrigados a lidar com as pessoas dali. Todos tiveram dificuldades e cada um expressou isso de uma maneira completamente diferente.

Fabiano, sempre muito fechado, encontrou desafios novos. Não sendo alfabetizado e tendo certos receios sobre praticamente tudo, o homem se isolou. Quando a família chegou à cidade, Fabiano foi em busca de um novo trabalho e nas primeiras semanas até conseguiu algumas oportunidades, mas nada fixo ou que garantisse algo para seus filhos. Ele entrou em uma crise, se questionando novamente: “Eu sou um homem? Sou um bicho?”.

Sem suportar a ideia de não conseguir ajudar sua família, o homem que não era de muitas palavras, encontrou o refúgio em outra coisa. Voltando para sua vida antiga, no interior da caatinga, a única maneira com que o pai conseguia se divertir era bebendo. Ele conseguia esquecer, conseguia imaginar, se sentia livre de julgamentos, livre da sua vida seca. Ele não sabia expressar o que queria, o que sentia. Não conseguia conversar. Tinha muitas palavras não

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faladas. Sua vida já não fazia mais sentido.

Os meninos começaram a estudar. Lola havia os matriculado em uma escola do estado, a algumas quadras de suas casas. O mais velho acabava de completar 13 anos, estava no oitavo ano do fundamental. O mais novo com seus 10 anos, estava no quinto ano do mesmo período. Tiveram facilidade para se encaixar. Estavam sempre prontos para mudanças. Acostumados com não ter nada, ficavam felizes com o mínimo. Tinham sofrido com a morte de Baleia, afinal ela era parte da família, era parte dos meninos.

A mãe da família que estava sustentando a todos. Trabalhava a semana toda, mais de 12 horas por dia. Não aguentava mais. Estava exausta. Seu marido não saía da cama, a não ser que fosse para beber. Os filhos brigavam o dia todo. Não tinha a quem recorrer, não conseguia fazer tudo sozinha. Simplesmente desejava que sua família voltasse ao normal, mas assim como seu marido, não tinha capacidade de expressar o que estava sentindo.

A bebida estava destruindo Fabiano aos poucos, mas ele nem se importava mais. Não tinha mais prazeres na vida. Ele via sua esposa triste, mesmo sem dizer. Queria ajudá-la, mas como, se não conseguia nem se ajudar? Ela se esforçava para tudo acontecer e ele se sentia cada vez mais inútil. Cada vez mais próximo de um animal, estava deixando de ser um cabra. Não tinha lugar para ele naquela cidade. Seu lugar era com os animais. Seu lugar já não era mais com os humanos. Fabiano desejava se juntar à Baleia. Ele queria ir da mesma forma que sua cachorra, doente,

pois ele sabia que o que ele tinha nada podia curar. A mesma arma que tinha matado um membro da família, agora matava dois. Sua vida já não era mais seca.

Após ter sobrevivido a tortura de todas as formas possiveis, Fabiano já não estava mais entre nós e agora só haviam restado três, que um dia foram cinco. A angústia era tanta, o medo era tanto, que Sinhá Vitória não conseguiu se conter. Chorou durante dias. Pensando por que ela não conseguiu ajudar Fabiano. Pensando em quem seria o próximo.

Não conseguiam se comunicar. Todos estavam abalados com a morte do pai, mas ninguém falava nada. O menino mais velho havia encontrado o pai recém morto. Foi o primeiro a ver a tragédia e dessa vez não podia conversar com Baleia. O silêncio dentro da casa era ensurdecedor. Vozes tão barulhentas não conseguiam escapar da cabeça. Eles já não eram mais os mesmos. O sangue derramado era tão molhado que nesse ponto nenhuma de suas vidas seria seca nunca mais.

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Carolina Sotto

Aires

Maldita Cidade Grande

Fabiano, Sinhá Vitória, o Menino mais velho e o Menino mais novo haviam acabado de chegar a São Paulo. Fora uma viagem longa, durara meses, por conta das longas caminhadas, paradas e das caronas que conseguiam de vez em quando.

A família estranhava a imensidão da cidade, era cinza e escura, totalmente diferente da caatinga; era repleta de gente, nunca tinham visto tantas pessoas no mesmo lugar. Sinha Vitória era a mais calma dali, de certa forma já teve que lidar com este tipo de situação; morou, quando pequena, em uma cidade relativamente grande. Pegaram suas malas, que eram poucas, e foram caminhando pela cidade sem nenhum rumo.

O Menino mais novo olhava encantado para os carros e motos que vagavam pelas ruas, via as grandes e iluminadas vitrines, nunca tinha visto algo assim na vida! Fabiano encarava mal o menino, não queria que ele ficasse mimado, imagina se ele se acostuma com este tipo de coisa? No entanto, de certa forma, Fabiano também olhava tudo interessado, tudo era cativante e diferente do que já vira antes.

Já era tarde, as nuvens estavam tão pretas; cansados e famintos, encontraram um lugar coberto, embaixo

de uma grande ponte, e abrigaram-se por lá. No meio da noite, uma grande tempestade começou, ouviamse grandes trovoadas, o vento estava forte e a família morria de frio. A água começou a aceitá-los, por conta das grandes rajadas de vento. Nunca tinham passado por algo assim, a família não esperava que chovesse em São Paulo naquelas proporções. Em terríveis condições, tiveram que ficar no mesmo local, pois já estava escuro, não sabiam para onde ir. Passaram frio até o amanhecer.

O dia amanheceu sem chuva, a família mal dormira. A cidade barulhenta cercava-os, lhe davam uma impressão de prisão e de estarem encurralados. sabiam para onde ir. Fabiano e Sinha Vitória teriam que achar um emprego logo. No entanto, Fabiano estava receoso, tudo que aprendera em sua vida não servia de nada em São Paulo. Os adultos logo caminharam por perto de onde ficaram à noite, Sinhá Vitória apenas disse aos meninos:

– Fiquem aqui por perto.

Isso já bastaria para os dois irmãos ficarem observando o enorme lugar que os cercava, não queriam de forma alguma, se perderem ou levarem uns tabefes de sua mãe.

Fabiano e Sinha Vitória caminhavam pelas ruas extensas de São Paulo, as pessoas os encaravam mal. Talvez por suas roupas? Eles achavam que sim. O homem estava confuso, não sabia que tipo de empregos aquele lugar tinha a oferecer, apenas ficava caminhando pelos lugares em busca de alguma coisa que lhe daria dinheiro.

Fabiano caminhava lentamente pela calçada

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desgastado e irregular, até que um homem veio até ele, parecia ter uns 50 anos de idade, era muito branco e não tinha cabelo algum, segurava alguns papéis na mão.

– E aí meu amigo? Vi você andando por aí, dando umas voltas. Você é novo na cidade, né? Parece que precisa de um emprego.

Fabiano apenas acena com a cabeça.

– Ótimo! – disse o calvo – se você ficar entregando esse papel pras pessoas eu te dou uma boa grana. Você só precisa ficar por aqui e quando acabaremse todos os papéis, eu te pago. Toma aqui – disse o homem, dando os papéis para Fabiano – Qualquer coisa estarei naquela casa ali – apontando para um local aparentemente velho, com uma pintura rosa desgastada, do outro lado da rua.

Fabiano ficou pasmo, olhando para os panfletos, não sabia ler, queria que Sinhá Vitória estivesse ali, mas a mulher acabou indo procurar algo para fazer e sumiu de sua visão. O homem estava pasmo, se soubesse o quão era fácil ganhar dinheiro na cidade grande teria vindo para São Paulo há tempos. Logo, Fabiano começou a entregar os papéis para qualquer um que passava na rua, a maioria o encarava feio, até ameaçavam bater nele, ele não sabia o porquê!

Sinha Vitória, cansada de tanto andar, sentou-se em um banco de madeira, ficara lá por algum tempo, até que um homem calvo, branco até demais e meio velho foi em sua direção.

– Ei moça, vi você aqui vagando pelas ruas, você está precisando de dinheiro?

Sinhá Vitória encarava-o estranhada, esse homem era bem esquisito e feio para falar a verdade, no entanto, acenou com a cabeça, precisava de dinheiro, afinal.

– Ótimo! Se você for para aquela casa – diz o homem apontando para um local pintado com um rosa desgastado – garanto que ganhará bastante dinheiro!

Sinhá Vitória encarou mal o local, aquilo parecia estranho demais, sabia que não se achava um bom emprego do dia pra noite. Quando criança viu a dificuldade de sua mãe para achar um emprego válido na cidade grande. A mulher levantou-se do banco e foi embora apressada, sem olhar para trás. Sabia que se arrependeria de certa forma, mas tinha um pressentimento de que fazia o certo.

Os dois irmãos brincavam de pega pega, faziam algum tempo que seus pais tinham saído e eles não sabiam o que fazer. O lugar era muito diferente do usual, não tinha poças de lama para brincarem, galinhas para atazanar e nem a cadela Baleia para conversar. O menino mais velho sentou-se no chão duro de cimento, cansado de brincar, encarava o irmão mais novo, que olhava para as diferentes pessoas que por cima da ponte passavam, estava encantado por cada um que andava por ali, todas tão diferentes. O menino mais velho, quando ficava cansado ou entediado, sempre pensava em Baleia, sentia muita saudade dela, desejava suas antigas conversas, às vezes fantasiava que ela ainda estava lá, ao seu lado.

Já estava anoitecendo quando Sinhá Vitória voltara para baixo da ponte, confessava que tinha se perdido, mas conseguiu localizar-se assim que viu a enorme

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árvore que ficava do lado da ponte. Quando chegou, viu os dois meninos sentados, dormindo juntos; Sinhá Vitória foi juntar-se a eles, estava exausta.

Fabiano estava cansado de tanto tentar entregar panfletos, quase ninguém os pegava e ele começava a se desesperar, se continuasse naquele ritmo, ele nunca conseguiria o dinheiro. Já estava anoitecendo quando Fabiano viu dois homens com roupas estranhas vindo em sua direção, quando chegaram pegaram um papel e se encararam.

– Você vai pra prisão por ficar vendendo esse tipo de porcaria – diz o homem mais alto entre eles. –enquanto pegava uma algema de seu bolso. – sabia que é proibido prostituicao nesse país?

Fabiano estava pasmo, protituição? Não acreditava que se meteu nessa encrenca, de certa forma, culpava a si mesmo, por que aceitou algo de um homem estranho que nunca vira em sua vida? Porém, estava morrendo de vontade de bater naquele calvo maldito.

– Você não fala, não? – diz o policial

Fabiano tentava falar algo, no entanto sentia medo de que lhe batessem de novo, como fizeram antes. Os dois homens arrastam Fabiano para a parte de trás do carro grande. “Maldito homem careca, Maldita cidade grande.”, pensava Fabiano, enquanto encarava da janela do carro, a imensidão de São Paulo.

Diogo Pedroso Corradini Novas oportunidades

Após muitas dificuldades, havia de se mudar do sertão nordestino, não tinham escolhas a não ser ir a Fortaleza, com a esperança de ter uma vida mais digna. Precisaram poupar por muito tempo os míseros trocados que lhe davam pelo seus serviços. Diante de tantos problemas, sem dinheiro, eles não teriam um transporte que os levasse à cidade grande.

O pouco que eles tinham, era cada vez menos , tiveram que enfrentar a fome, a seca e a pobreza, a falta de recursos era imensa para aquela família, tendo o objetivo de poupar o dinheiro que lhe era escasso, acreditando que naquele momento a fome era violenta mas no futuro, habitando Fortaleza, a triste situação que se encontrava a família seria amenizada por novas oportunidades que viriam a mudar a sua realidade triste e desigual. conseguiram juntar dinheiro suficiente para um ônibus de viagem levá-los a Fortaleza. À procura de novas oportunidades na tão distante cidade grande. Analfabeto, sem nenhuma experiência de trabalho na cidade grande, Fabiano não conseguia achar um emprego que lhe aceitasse. Sinha Vitória, mesmo

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escolarizada, enfrentava grandes dificuldades na inserçao do mercado de trabalho pelo fato do seu sexo receber menos oportunidades. Ela conseguiu trabalho na casa de uma senhora como doméstica e cuidadora, já seus filhos tinham um futuro guardado para eles,vender doces no farol.

A rotina da família era muito difícil, Sinhá Vitória tinha de acordar às cinco da manhã para chegar à casa da sua patroa às seis. Às seis da tarde vinha para a sua casa jantar a comida que ela trazia da casa de sua patroa, os filhos, às seis da manhã, iam à escola e saíam uma da tarde. o Vendiam doces no farol pois sabiam que, sem trabalhar, eles nunca conseguiriam mudar de vida e acabariam iguais ao seu pai.

Fabiano não conseguiu um emprego formal, o que lhe restava era catar latinha por mais de 12 horas por dia, no forte calor nordestino, para no final do dia não receber mais de R $20,00. O forte preconceito ao nordestino do sertão tornava-o um alvo fácil de discriminaçao e exclusão social. Não se adaptando à forma com que o tratavam na cidade grande, poeque ele era uma pessoa indefesa, sem educação e conhecimento. pareceu, finalmente, uma oportunidade de trabalhar como açougueiro em um pequeno frigorífico da cidade, ele já possuía algum conhecimento na área, devido às suas experiências na fazenda q. Primeiramente, lhe pareceu muito favorável esta profissão, ele foi aprendendo cada vez mais a forma de trabalhar com o animal abatido, seu chefe ciente da falta de escolaridade e conhecimento de Fabiano, o enganava drasticamente dizendo que o salário inicial seria de R$ 1.000,00, ele havia

doava os restos das piores carnes para Fabiano poder consumir em casa, para Fabiano estava ótimo. Ele recebia comida, coisa que sempre faltou em sua vida, mas na hora de receber seu chefe pagava-lhe R$ 500,00 pelos gastos .

Fabiano não conseguia se expressar da forma que ele queria, nem reclamar pelos seus ganhos, apenas trabalhava e recebia uma miséria em troca, restos bovinos deixados pelo açougue. Fabiano não tinha noção que as latinhas poderiam dar muito mais dinheiro no final do mês Sinha Vitória, não tinha olhos para enxergar a violência que Fabiano sofria dentro do trabalho, apenas conseguia pensar na crueldade de sua patroa que abusava dela diariamente, a forma com que ela era tratada, com descaso e inferiorizada, era totalmente abusiva Ela fazia comentários xenofóbicos contra Sinhá Vitória, humilhava-a de tal forma que fazia com que ela limpasse o chão de forma esdrúxula e depois sujava-o de novo, agredia-a tanto fisicamente como verbalmente. A senhora usava Sinhá Vitória como um saco de pancadas para descontar tudo o que ela sentia,

Não podia largar seu emprego que garantia a comida na mesa de sua família, ela sabia que caso ela abandonasse o emprego, as dificuldades seriam muitas para achar um novo O que restava para a família era sonhar qu, mesmo com o abandono do governo, estudando na educação pública, os filhos pudessem ter um ensino de qualidade, conseguindo mudar o seu destino Os filhos, ao menos, tinham o que comer, tinham acesso ao ensino

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Rubano

A delegacia

A família de Fabiano resolveu ir para a cidade grande, em busca de trabalho e melhor condição de vida para os filhos. Com o pouco dinheiro que tinham,compraram uma passagem de ônibus para São Paulo. Depois de mais de 24h viajando, a família de Fabiano chegou à rodoviária de São Paulo. O filho mais novo fica encantado com aquele lugar enorme, cheio de ônibus chegando e saindo, a Sinhá Vitória fica espantada com tanta gente, Fabiano assustado e o filho mais velho, com medo.

Resolveram sair da rodoviária e buscar informações sobre onde ficava o Jaguaré, uma prima distante de Sinhá Vitória mandou o endereço, para eles ficarem uns dias até arrumarem um lugar só deles. Estavam com poucas sacolas porque não tinham muita roupa. Eles chegaram à Favela do Jaguaré, e se perderam nas vielas perguntaram pela prima da Sinhá Vitória. Conseguiram, finalmente, achar a casa.

Depois de algumas semanas, a Sinhá Vitória arrumou um trabalho de diarista, Fabiano conseguiu um bico

de ajudante de pedreiro e os filhos conseguiram vagas numa escola da favela. Nessa escola, os professores não davam aulas, por falta de respeito dos alunos e já houve assassinatos entre os estudantes. Os filhos de Fabiano ficaram assustados com a escola.

Um dia, depois de mais uma aula que não teve, o filho mais velho e o filho mais novo resolveram sair da favela para conhecer o mundo lá fora. Sem avisar os pais.

De repente, foram abordados violentamente por dois policiais que implicavam com o sotaque e com a cor da pele deles. Por estarem sem documentos, o filho mais velho apanhou do policial, o filho mais novo começou a chorar e a dizer que eles moravam com uma tia na favela do Jaguaré. Os policiais achando que eles eram traficantes, os conduzem até a delegacia, onde foram jogados em uma cela, temporariamente.

Fabiano e Sinhá Vitória chegaram em casa e perguntaram para a prima, onde estavam os meninos. A prima disse que não chegaram,deveriam estar brincando na rua, para não se preocuparem.

Depois de algumas horas, eles começaram a ficar muito preocupados. Sem notícias dos meninos, começaram a perguntar para as pessoas vizinhas e todos diziam que não os haviam visto. Sinhá Vitória começou a rezar e chorar de desespero. Saíram da favela e um senhor disse ter visto dois meninos entrarem num carro de polícia. Fabiano, ainda calmo, perguntou onde era a delegacia mais próxima e o senhor disse que não sabia.

Fabiano entrou em um bar, um pouco desesperado,

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e perguntou onde seria a delegacia mais próxima e o dono do bar, percebendo o desespero de Fabiano e vendo a Sinhá Vitória chorando, levou os dois até a delegacia.

Chegando à delegacia, Fabiano falou com o delegado. Sinhá Vitória ouviu as vozes dos filhos, queria vêlos de qualquer jeito. O delegado disse que eles não tinham documentos e não poderia liberá-los. Fabiano mostra o documento dele e diz que os dois são seus filhos, que chegaram há poucos meses do nordeste para melhorar de vida.

O delegado percebeu que Sinhá Vitória estava desesperada e a levou até a sala em que estavam os meninos. Quando eles viram a mãe, o filho mais novo saiu correndo, abraçando e chorando muito e o filho mais velho aliviado de ver a mãe, com um ferimento na testa, abraçou o pai.

O delegado vendo essa cena, percebeu que eram realmente filhos deles e resolveu liberá-los, já que não fazia sentido eles ficarem presos.

Os meninos, assustados, perceberam que a cidade grande é cheia de perigos e resolvem não sair mais da favela, somente com os pais.

Francisco Varanda Cidade Grande

As árvores já estavam sem cor, a caatinga em tom amarelado sinalizava que a seca estava voltando. Olhando a fazenda despovoada e sem vida, Fabiano e Sinhá Vitória decidem ir rumo à cidade grande. Há algum tempo queriam sair da fazenda, principalmente Sinha Vitória. Fabiano por outro lado não gostava da ideia, principalmente porque tinha conquistado a duras penas a pequena estabilidade daquele momento, mas, sabiam que na cidade teriam condições melhores.

A partida foi de madrugada, os filhos estavam com sono, não sabiam direito para onde estavam indo, mas não questionavam. A família não possuía muitos pertences e levava poucas coisas, como trouxas com algumas roupas.

O caminho foi longo, durou semanas, com muitas noites dormidas nas ruas, nos bancos das praças de pequenas cidades que passavam. A grande São Paulo parecia cada vez mais longe.

A chegada em São Paulo foi em uma noite chuvosa e com a presença de ventos fortes que atrapalhavam

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o percurso. Uma vez escuro, por falta de opção, a família se viu obrigada a passar a noite em uma calçada, e cansados, acabaram adormecendo. Na manhã seguinte, foram acordados por uma voz de um senhor rabugento de barba branca, que dizia com raiva:

—Saiam daqui! Não quero nenhum fracassado na minha calçada!

Os quatro saíram assustados, sem rumo. A manhã estava fria e sem destino Sinha Vitória os guiava, se lembrava de sua infância, correndo pelas ruas da cidade, lembrava de sua mãe que havia falecido quando pequena, lembrava da antiga lojinha de seu pai onde pegava chiclete escondido.

Após horas andando pelas ruas da cidade, encontraram um pequeno centro comercial, e Fabiano começou sua procura por algum trabalho, qualquer que fosse. O tempo passou e começou a anoitecer, Fabiano não havia encontrado nada.

Ainda desempregado, Fabiano passava os dias à procura de empregos, e Sinha Vitória e seus filhos passavam o dia pedindo esmolas nos semáforos, e este dinheiro era usado para a compra de comidas e caso sobrasse algo, para roupas também

Os meses se passaram, a família estava ainda sem uma estabilidade, passavam o dia atrás de esmolas e de empregos, mas às sorte era pouca. Em uma manhã, Fabiano acordou adoecido, tossindo. Seus sintomas agravaram cada dia mais por falta de ajuda

médica. Fabiano faleceu, e não recebeu um enterro digno. Seu corpo foi deixado na rua onde morrera. A morte de Fabiano foi marcada, mas com o passar do tempo o esqueceram. Sinha Vitória havia conseguido um emprego como empregada doméstica, onde recebia em forma de pagamento moradia e alimento. Sinhá que agora estava mais solitária do que nunca criava os filhos sozinhos. Com o tempo, seus filhos foram adquirindo certa instabilidade, começaram a ser mais felizes e a se acostumar com a cidade. O filho mais velho junto com o mais novo já tinha feito amizades no bairro onde moravam e passavam o dia na inteiro na rua, dado que não estudavam, e sempre que brincavam com os cachorros de rua, se lembraram de Baleia e de Fabiano, que sempre estarão presentes junto as eles.

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Gustavo Alves Silva

Fabiano e o seu carinho

Fabiano e a sua família caminharam por mais algum tempo e perceberam que estavam perto de uma cidade. Então, Fabiano começou a refletir se tinha tomado a decisão certa ao abandonar o lugar que ele ficou por muito tempo com a sua família. Se tudo isso que eles estavam fazendo ia valer a pena, deixou esse pensamento de lado quando viu que não tinha mais volta, pois ele e a sua família já estavam lá. Sinha Vitória, vendo que Fabiano estava com um olhar de insegurança, disse: —O que está acontecendo com você, homem? —Eu só estava pensando se tomei a decisão certa.

—Como assim? Você sempre foi uma pessoa muito firme com as suas decisões!

Fabiano olhou para Sinhá Vitória com um sorriso genuíno que logo sumiu. Sinha Vitória ficou olhando para os meninos e se perguntando se eles conseguiriam estudar em uma escola e serem diferentes dela e de Fabiano, com isso na cabeça, ela foi perguntar para os meninos se eles tinham vontade de ser diferentes do seu pai e poderem estudar em uma escola. O menino mais novo falou:

—Eu quero ser igual ao meu pai e poder domar fera braba! Nada de estudar.

Com essa resposta, Sinha Vitória admirou-se de que o menino via o seu pai como um herói, mas ficou chateada que o menino não queria estudar, então falou:

—Nossa, filho, que legal! Eu só acho que aqui vai ser um pouco difícil você conseguir ser igual ao seu pai.

O menino mais velho falou: —Eu acho que quero estudar, para ajudar você e o pai!

Sinha Vitória começou a ficar com esperança de que poderia acontecer o que ela queria para o seu filho. Depois de um longo período caminhando pela floresta de pedra, eles acharam um amontoado de casas em cima de um morro e essas casas eram feitas de tijolos, construídas uma em cima da outra, Fabiano pensou que eles poderiam ficar naquele lugar. Logo eles começaram a subir aquele morro, mas com todo o peso que eles estavam carregando ficou um pouco demorado para achar ao lugar, logo após subirem por um certo tempo, eles acharam um lugar abandonado em que poderiam se abrigar por um tempo, até o Fabiano e Sinhá Vitória acharem um emprego.

A noite que eles passaram naquela casa foi horrível, pois eles não tinham uma cama ou alguma coisa confortável para deitar, então eles tiveram que se acomodar em algumas caixas de papelão que estavam no chão. De manhã, Fabiano foi procurar

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comida para comprar, depois de um bom tempo caminhando no meio da cidade com o sol em cima da cabeça, Fabiano achou uma feira e viu uma pessoa vendendo batatas, ele apressou o passo para comprar aquele legume, Fabiano perguntou para o vendedor:

—Oi, boa tarde! Quanto está o quilo da batata?

—Oi, boa tarde! O quilo está R$5,99.

Surpreso com aquele valor, Fabiano respondeu:

—Ah, entendi! Me vê um quilo então… —Aqui está. —Muito obrigado! —De nada

Ele voltou para casa contente, vendo que iria ter o que comer no almoço e no jantar. Chegando em casa, Fabiano mostra o saco de batatas para Sinha Vitória e seus dois filhos, todos ficaram felizes com a surpresa, e pela primeira fez, Fabiano conseguiu dar um abraço na sua família e também, pela primeira vez, conseguiu falar que gostava de estar perto deles.

Isadora Conde Torres Fome

Tudo começou quando a mamãe me mandou para cama sem jantar depois de uma briga. Eu estava com muita fome. Não podia dormir daquele jeito, era uma fome enorme, quase insaciável.

Então me levantei da cama e andei pelo meu quarto procurando algo para comer. Comecei pela ração do meu hamster, estava seca mas eu não me importei, comi tudo sem deixar sobrar nada, depois peguei meu gloss de cereja, o espremi inteirinho na minha boca e engoli tudo de uma vez. Era doce. Mas aquilo não era o suficiente, eu andei pelo quarto escuro até o banheiro, comi toda a pasta, engoli todas as bagasdoces falsas da velha decoração de natal que estava pendurada na janela, mas não era o suficiente.

Então eu ouvi um som vindo de fora, era um passarinho. Eu o vi pela janela, ele estava em uma árvore encostada na casa. Eu me debrucei no parapeito e pulei pra fora, quando dei por mim, havia me tornado um gato. Um gato preto com uma cauda longa e escura.

Eu pulei entre os galhos, de um em um, me aproximando do passarinho, quando dei um pulo para cima dele e em uma bocada o engoli inteirinho. Estava uma delícia! A carne rasgava entre os meus dentes

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e o sangue era tanto que vazou da minha boca. Mas não era suficiente.

Continuei a pular entre os galhos quando eu caí da árvore, de repente eu me transformei em uma coruja. Uma coruja branca que se destacava na noite escura. Eu voei pelo cume das árvores fracamente iluminadas pela lua e pelas estrelas. Avistei um coelho pulando por uma clareira. Desci rápido e abocanhei o bichinho, engoli-o inteiro, sem nem mastigar, estava delicioso. Mas não era suficiente. Eu ainda estava com fome, com fome de mais carne.

Avistei uma praia de pedras onde a mamãe nunca me deixava ir porque era perigoso. As ondas fortes batiam contra as rochas e o mar fundo estava a poucos metros. Quando me dei conta, eu havia virado um tubarão, grande, com várias fileiras de dentes enormes e afiados. Eu caí do céu rápido e TIBUUM caí na água salgada.

Nadei por um tempo, quando vi uma foca, gordinha e cheia de carne deliciosa. Nadei rápido atrás dela e a abocanhei e a engoli em um só ato. A carne era maravilhosa. Mas não era o bastante, eu ainda estava com fome.

De repente surgiu um barco de pesca grande e quando vi, eu era um monstro, um monstro parecido com uma cobra, gosmento, sem face, só com uma boca enorme e um estômago sedento por mais. Subi no barco sorrateiramente e me esgueirei pelas montanhas de peixes recentemente pescados, quando vi um homem, cheio de carne deliciosa. Em

uma bocada eu o comi, comi tudo, seus ossos, sua carne macia, seu sangue suave. Eu queria mais. Rastejei pelo navio inteiro, comi o capitão, comi pescadores, comi peixes, comi tudo. Mas não era o suficiente.

Voltei para casa. Subi pela parede e entrei pela janela do quarto, me escondi debaixo da cama e fechei os olhos.

Quando abri-os, eu estava em cima da minha cama, tinha voltado a ser eu mesma, com meu pijama rosa de estrelinhas, pronta para dormir. Mas eu sabia o que me esperava, eu sabia o que estava debaixo da minha cama, com fome, sedento por mais carne, e eu seria deliciosa.

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João Dorin

Baptista

Cabra da cidade

As suas estradas de terra se estendiam como uma serpente, atrativa, a ‘’cidade sem nome’’, confortava os pobres viajantes em sua imensidão de luzes.

Duas semanas após as ‘’mudanças’’, num outono chuvoso, os meninos brincavam de carregar em seus braços esguios algumas barras de madeira, seus dedos já estavam acostumados a farpas. O dia a dia era desse jeito, sem ócio, já fazia 5 dias. Fabiano e os meninos arrumaram ofício em uma construção e contagiaram o chão de barro com seu esforço, esquecido pela incessante chuva. Enquanto isso, as sandálias de Sinha Vitória maculavam o chão da igreja com barro em uma grande fila, a fim de catar as roupas dos fiéis doadores, os outros da fila a olhavam com o desprezo da inveja, os olhares dos que não tianham almoço e nem janta garantidos a invadiam como um corpo putrefato, um incômodo. Sua estadia ‘’na cidade’’ não seria segura, recolheu as roupas e foi-se embora.

Na chegada da noite o lençol do silêncio cobria ‘’a cidade’’, povo trabalhador, no barraco da família morava a insatisfação, ‘’na cama de Fabiano’’, já é meu terceiro patrão e o pior dos três, as coisas pioram cada vez mais, depois de terminar de levantar esse

barraco…(Goteira cai). A visão embaraçada lhe remetia ao futuro, o sono lhe confundia os pensamentos. A noite é longa para aqueles que herdam o peso do escuro.

No frio da calada, uma vida é tirada próximo ao barraco da família. De manhã, um amontoado de gente pensando sabe-se lá o que, num calor de sabe-se lá quanto, homem morto cagueta. Era o que se passava no subúrbio, a família desentendida amanhece com o relincho dos cavalos da milícia local, chegando ocultados pelo sol, os homens apontam um na multidão e o executam como culpado. Sinha Vitória encobre com as mãos os olhinhos dos meninos, acabada a tarefa, os olhos dos meninos se abriram lentamente com a luz descendente do sol tentando silenciar os diversos e apavorados gritos da multidão. Antes que pudessem esboçar qualquer reação, Fabiano os pega, arrastando os meninos para o oficio com as mãos cheias de calos, o sol havia de deixar alguns rastros.

Com o sol desaparecendo do céu, o Menino mais novo, voltando para casa tropeça no caminho, já havia sido deixado para trás por seu irmão, apressado, todo sujo de terra sabia que ia tomar uma surra voltando pra casa, já estava cansado, ao longe quase tanto quanto o sol se pondo, ele vê dois moleques cheirando cola de sapato, o grande negócio da área, chega seu irmão e o leva de volta. Os males ‘’da cidade’’ eram quase tão grandes quanto seu extenso tamanho, ao chegar em casa, o Menino mais velho disse que foi ele que derrubou o mais novo, Sinha vitória porém, entendeu toda a situação, e não ficou

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brava, alimentou os meninos e então, agradecidos, os dois ajudaram a mãe a levantar o barraco de barro, era bem fuleiro mas servia bem à família.

Ao anoitecer, Fabiano ainda na construção, conversava sobre trabalho, dinheiro, coisa e tal. Porém, teve a surpresa de sua demissão, ‘’a cidade’’ atrai muitos homens vindos do sertão, mais fortes e com mão de obra mais barata que a de Fabiano, e com ele o patrão sairia no prejuízo, o pagamento é entregue a Fabiano, então com o anoitecer o patrão deixa o cabra, que caminhando de volta ao seu barraco topa com um bar, ao entrar lá ele se acha, se afoga na bebida, porém, nem a mais alcoólica delas conseguia embriagá-lo naquele momento. Sem forma de escapismo o cabra já se bastava de bebida, sente-se observado, sozinho e em má companhia, seus delírios vêm à tona, o fantasma que lhe seguia, o soldado amarelo, o patrão, Sinhá Vitória, seus filhos. Quando se deu por são, estava banhado pela raiva das ondas devorando-o, sua camisa amarrotada respingava água, se sentindo salgado, insone e perdido, ele vê ao horizonte casarões iluminados ofuscando a imensidão de barracos. Quantas vezes eles teriam de se ‘’mudar’’?

Batidas na porta, Sinha Vitória abre a porta, o desgraçado havia chegado, molhado com os olhos marejados e a garrafa em sua mão, suas roupas em trapos denunciaram seus antecedentes, com a boa vontade de Sinha vitória, ela o deixou entrar, o homem se secou e se deitou, dessa vez mais completo.

Lívia Iozzi de Castro Serdeira Espelhos

O Sol nascia, e era em sua direção que caminhavam. Leste. Ficou decididomais por Sinhá Vitória - que iriam para perto do mar, onde o ar não é pesado. O menino mais novo ainda andava na frente, ombros tremendo de carregar o pesado baú de folhas, buscando aliviar o peso das costas da mãe e mostrar-se ao pai. O mais novo, que agora já não se via como criança, já havia aprendido a não lamentar-se nas saias de Sinhá Vitória e, agora, tentava acompanhar suas passadas largas. Fabiano era quem andava mais atrás, já cansado, fazendo esforço para respirar sem tossir de secura. Se dois dias de viagem e horas dormidas no leito de uma árvore já estavam deixando-o cansado, imaginou que nenhum fazendeiro o contrataria mesmo, era bom que fossem à cidade. Sua mulher sempre acertava.

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Não demorou para que o caminho começasse a mudar, que a estradinha estreita de terra virasse uma larga faixa de asfalto quente, com caminhonetes passando aceleradas. Andaram pelo acostamento até encontrarem um desvio para um posto de estrada, onde descobriram poder usar os banheiros. Eram banheiros simples e pouco cuidados, mas foram o bastante para deixar os meninos impressionados. Sinhá Vitória demorou-se no espelho, decidindo se achava-se bonita ou não. Pensou por fim que gostava de como estava vistosa, mas que suas roupas e cabelo escondiam a beleza. Lavou o rosto e retornou os olhos para o reflexo. Não tinha tempo para pensar em tais frescuras, quem dera fossem a principal dificuldade.

Conheceram ali um caminhoneiro simpático, com quem trocaram poucas palavras e conseguiram uma carona. O homem não parou de falar por um minuto, durante as três horas de viagem. Os meninos dormiram nos bancos confortáveis, apoiados nos ombros da mãe. Fabiano, sentado à frente, entretiase olhando a paisagem passar rápido pela janela, sempre apreensivo com o que estaria por vir. Logo não via quase nada de vegetação, apenas fábricas imensas que deixaram-lhe estupefato, pensou que poderia trabalhar em uma daquelas, depois achouse bobo, não saberia nada do que fazer lá. O moço gentil deixou-os numa rua movimentada e, com uma gargalhada, advertiu que apesar de Recife ser linda de vista, lá poucos seriam tão solidários quanto ele.

Andaram confusos, a mãe agarrando as mão dos filhos e acompanhando o marido com o olhar. O bairro

era pobre, cheio de casinhas com quintal de portão colorido e prédios baixos de tijolos aparentes, feios quando comparados com a casa de que haviam saído, que, embora fosse minúscula, era bem feita e bem acabada. Sinhá Vitória achou uma boa ideia trocar algumas palavras com o dono de uma lanchonete , em busca de informações sobre como achar trabalho e uma casa, por ali. O homem perguntou se ela sabia cozinhar e fingiu pensar por um instante, então falou que a empregaria e emprestaria-lhe uma casa.

A casa em questão possuía quatro cômodos, que eram dois quartos pequenos, um banheiro e uma cozinha com sofá e mesa. Depois de descobrir que havia uma escola perto,onde poderia matricular os meninos, qualquer coisa passou a ser uma pequena alegria para Sinhá, desde entender o chuveiro elétrico e os eletrodomésticos, a receber elogios diários dos clientes da lanchonete sobre sua comida. Estava trabalhando muito mais do que na fazenda, tendo de olhar também a filha do chefe depois da escola, mas isso não foi motivo de reclamação, estava grata por suas crianças estarem limpas, alimentadas e em contato com outras da mesma idade.

O menino mais novo estava indo bem na escola, conseguiu ser alfabetizado com facilidade - embora atrasadíssimo na turma - e fez amigos, com quem aprendeu a jogar bola. Para o mais velho, as coisas não foram tão fáceis. Foi colocado em uma turma dois anos mais nova e era constantemente chamado de burro e caipira, provocando-o ao ponto de fazê-lo arrajar briga. Meninos mais velhos aproximaram-se e começaram a pedir favores, que ele cumpria na

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tentativa de se enturmar ao grupo e receber sua proteção. Foi dessa forma que o menino passou a traficar e consumir drogas ilícitas, claro que escondido dos pais.

Fabiano continuava desempregado, de vez em quando fazendo algum trabalho pequeno para o próprio dono da lanchonete, como conserto de móveis e vigia noturno. A situação estava razoável, talvez melhor para a família, porém agonizante para Fabiano, que passava os dias se sentindo inútil e impotente, forçado a falar mais do que conseguia e ouvir mais do que gostaria.

Pelo menos o chefe temporário era menos arrogante e suas contas batiam com as de Sinhá Vitória. Nem cobrou juros sobre o aluguel da casa. Foi em uma noite silenciosa, na qual Fabiano estava vigiando, que a lanchonete foi assaltada e ele, desacordado por socos e chutes. Acordou com os gritos do dono, “Caipira inútil e mal agradecido! Burro como bicho!”.

Fabiano seria sempre bicho.

Marina Prieto Moriya Tia contra

sobrinha Morar com a minha sobrinha a vida inteira não foi fácil. Ela é filha de minha irmã, uma pessoa que sempre desprezei. Na minha infância, minha família era composta por mim, meu pai e minha irmã. Esta era onze anos mais velha do que eu, e sempre foi muito distante. Nós éramos muito pobres, meu pai é que trazia o dinheiro para casa, e eu, assim que pude, o ajudei. Mas minha irmã, mesmo sendo mais velha, nunca quis trabalhar. Era uma folgada que vivia debaixo do teto do meu pai. Por conta disso, ela apanhava muito dele, e bem que ela merecia. Ela só queria saber de namorar e vagabundear pelas ruas. Anos passados, eu engravidei, e ela não ficou feliz por mim, pelo contrário, disse que era um custo a mais para nós bancarmos. Ela estava, em parte, certa, pois quando meu filho nasceu nós não tínhamos dinheiro para ficar com a criança, e tive que dá-lo para a Roda dos Enjeitados. Depois de algum tempo, foi a vez de a minha irmã engravidar, e ela morreu no parto de sua filha, Clara. Meu pai já tinha falecido nessa época, e como nem a própria mãe da criança sabia quem era o pai, sobrou para mim ficar com a menina.

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Clara tinha vinte e dois anos quando finalmente se casou. O nome do tal era Cândido Neves. Não sei o que minha sobrinha viu nele, além de não ser nada interessante, seu trabalho não garantia nada em questão de estabilidade econômica: era um caçador de escravos.

Mal tinham se casado e começaram com um papo de ter filhos. Não sei o que os fez pensar que era uma boa ideia, nossa condição econômica era muito difícil, eu que trazia a renda para casa enquanto o marido da Clara não fazia nada o dia inteiro. Ela, tola e ingênua, disse que Deus os ajudaria quando precisassem, mas com isso ela estava negando uma realidade inevitável: nos faltaria dinheiro.

De nada adiantaram os meus avisos, demorou um pouco mas Clara engravidou. E como se já não bastassem as preocupações com o futuro próximo no qual a criança seria um custo a mais para nós, eu tinha que ajudar Clara a fazer o enxoval. Certo dia, eu confrontei, avisando-a de que a nossa situação só iria piorar dali pra frente. E falei sobre o seu marido, cuja ocupação não era de nenhuma ajuda em termos de dinheiro.

Cândido ficou sabendo da minha crítica e veio discutir comigo, mais áspero do que o normal:

– A senhora ainda não jejuou senão pela Semana Santa, e isso mesmo quando não quer jantar comigo. Nunca deixamos de ter nosso bacalhau.

Como se ele pagasse pela nossa comida um dia sequer! Segurei-me para não responder algo que o deixasse nervoso, e ele terminou a conversa dizendo

que qualquer dia ele conseguiria alguma remuneração que compensaria tudo e nos sustentaria por semanas. Fingi acreditar nele.

Como uma ironia do destino, nas próximas semanas Cândido teve muita dificuldade para ganhar dinheiro apanhando escravos. Falei para ele, de novo, ir atrás de outro emprego, mas ele ignorou.

Naturalmente, o tempo ia passando e o feto dentro de Clara ia crescendo. Estávamos passando mais necessidade do que o normal, e tive que lembrá-los de que Clara ainda poderia se desfazer da criança. Tanto ela quanto o pai ficaram chocados com a minha suposta audácia em fazer tal sugestão, mas eis que passou mais um mês e nada melhorou para nós, então lembrei-lhes de outra solução: levar a criança para a Roda dos enjeitados. Novamente, os dois acharam um absurdo, tanto que Cândido deu um murro na mesa de jantar. São dois mimados. Mais tarde, naquele dia, fiquei sabendo que o proprietário da casa havia nos feito uma visita e deu cinco dias para pormos o aluguel em dia, caso contrário seríamos expulsos. Arranjei um lugar para ficarmos. Apesar de nessa semana Cândido ter se esforçado para procurar uma fonte de dinheiro, era inevitável: fomos postos para fora da casa. Fomos morar no lugar que eu havia arranjado, e mal se passaram dois dias, a criança tão esperada nasceu. Era um menino. No mesmo dia, falei que precisávamos levá-lo à Roda, e disse que se Cândido não tivesse coragem de levá-lo, eu mesma o levaria. Alguém precisava tomar uma atitude. O pai disse que não precisava, que ele mesmo o faria, na noite do dia seguinte.

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E assim foi, mas o que nenhum de nós esperava era que Cândido voltaria, mais tarde, com a criança ainda em seus braços, e algo a mais: 100 mil réis! Ele contou a mim e a Clara que tinha encontrado uma escrava no caminho à Roda que estava valendo cem mil réis para quem a devolvesse a seu dono.

Disse que não foi fácil levá-la até a casa do seu senhor, que ela estava grávida e que suplicou para que ele a deixasse ir por conta disso. Também falou que presenciou-a perdendo o filho. Achei graça na situação, não sei o que se passa na cabeça de uma escrava como ela para engravidar e ainda por cima fugir de seu dono! Cândido então, fez um comentário que resumiu bem toda essa situação: – Nem todas as crianças vingam.

Murilo Niero

Mudança

Depois de muito tempo caminhando chegamos à cidade, era um lugar muito diferente, cheio de prédios, carros, nunca tinha visto isso na sua vida inteira. Fabiano estava assustado com o que via, e ela estava pensando em como a família iria se adaptar a este lugar caótico. Os primeiros dias foram difíceis, não tinham casa, comida ou água, tiveram que implorar por um copo para matar a sede, dormiram na rua, e quando estavam quase morrendo de fome, catavam comida dos lixos, eles se sentiam mal, o gosto era horrível e Fabiano novamente teve a reflexão, “será que sou um bicho ou um homem?”, mas agora a conclusão foi outra, Fabiano era um bicho. Sinha Vitória se perguntava quando, ou se aquilo acabaria, viver de restos, migalhas, eles tinham que lutar para ter um emprego.

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Fabiano, e o filho mais velho estavam no sinal pedindo dinheiro, a meta de Fabiano era conseguir o bastante para comprar um celular, para que ele pudesse trabalhar como motoboy. Fazia muito calor naquela época do ano e eles ficavam o dia inteiro pedindo dinheiro, foi então que Sinhá Vitória teve a ideia de comprar doces com o que eles tinham, para vender no sinal. Aquilo estava dando certo, eles acumularam 300 reais em 4 meses, então Fabiano comprou o celular mais barato que achou, mas ele ainda precisava de uma bicicleta. Sinhá Vitória então entrou em uma loja, e parcelou a mais barata, Fabiano teria que pagar por mês uma quantia do que ganhava. Sinhá Vitória também estava procurando emprego como empregada doméstica ou babá, com o salário deles juntos era possível ter uma casa. Depois de algum tempo, a família atingiu uma certa estabilidade, Sinhá Vitória conseguiu um emprego como faxineira, e Fabiano já tinha terminado as parcelas de sua bicicleta, então o menino mais velho, falou aos pais que queria estudar, para tentar ter mais chances no futuro. Sinhá Vitoria reagiu bem à proposta e disse que seria ótimo se eles dois começassem a ir para a escola. Ela fez as matrículas e disse aos filhos que começariam em um mês. Eles ficaram contentes, comemoraram, era uma mudança muito drástica na vida deles, a alegria de poder mudar de vida foi muito grande, e agora eles se dedicariam muito à escola.

Dois meses depois, os meninos já estavam estudando há algumas semanas, e era muito difícil acompanhar a aula, eles haviam perdido muito e não

estavam conseguindo se adaptar, enquanto outros alunos estavam aprendendo a fazer textos, eles não sabiam nem ler ou escrever, a angústia de ser tão diferentes deixou os meninos tristes, eles não estavam prontos para aquela situação. Sinhá Vitória se comoveu com a tristeza dos dois e decidiu que depois do trabalho iria dar aulas para eles, e também falou com a professora para abaixar algumas séries, para que eles pudessem aprender tudo do começo.

Os filhos evoluíram muito e estavam quase dominando a leitura, era uma conquista muito importante para a família, Fabiano disse que talvez eles não seguissem os mesmos passos que ele, e talvez eles pudessem se tornar pessoas melhores. Depois de um tempo, com as aulas, as férias chegaram, que para alguns é um tempo em que as pessoas podem relaxar e esquecer dos problemas, para a família era aterrorizante, porque o patrão de Sinhá Vitória viajou e não precisava limpar a casa, então ela não iria receber por um mês!

Fabiano trabalhava como um condenado, dia e noite, chegava de madrugada suado para sustentar a família. Uma estabilidade conquistada com o tempo foi quebrada em questão de instantes, a família mal comia e estava quase sem dinheiro para a casa, o Menino mais velho foi novamente ao sinal, vender doces, era tudo que ele podia fazer. Quando chegava a noite, Fabiano dormia pensando sobre tudo o que estava passando, se perguntava por que eles não conseguiam sair da lama, e sempre que estavam quase conseguindo, caíam ladeira abaixo, pensava em Baleia, ela não conseguiu sobreviver, será que eu seria

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o próximo?, dizia a si mesmo.

As férias se passaram e Sinhá Vitória voltou a receber, as vidas voltaram ao normal, mas mesmo assim os pensamentos de Fabiano ainda o assombravam, a todo o momento ele pensava que a família poderia voltar a morar na rua, ou voltar a passar fome. Foi então que aconteceu, Fabiano distraído passou por um cruzamento errado e deu de cara com um carro em alta velocidade, ele voou para o lado, não estava conseguindo se mover e foi levado por uma ambulância, os médicos pediram algum contato de emergência, mas ele não tinha nenhum, porque Sinhá Vitória não tinha telefone, então Fabiano deu o endereço para o doutor. Depois de algumas horas dois médicos foram dar as notícias, disseram que Fabiano estava em estado grave e que tinha quebrado vários ossos, Sinhá Vitória caiu em prantos, os filhos foram junto

A notícia abalou a família, era difícil de aceitar. O menino mais novo dizia, primeiro a Baleia, depois meu pai, ele não conseguia entender porque não tinham uma vida normal, uma vida feliz. Quando eles chegaram ao hospital viram Fabiano, ele por sorte sobreviveu, mas não poderia andar por muito tempo, então também não poderia trabalhar. A família tinha caído em um poço novamente, mas desta vez era um do qual eles não conseguiriam voltar.

Pedro Henrique Dantas Sousa

A seca: Um ciclo sem fim Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos já tinham chegado à cidade. O percurso até este novo mundo, um mundo moderno, um mundo fora da seca, foi turbulento. Dias quentes e noites frias, e pelo menos duas semanas afora. Havia uma nova estrutura, um novo mundo à frente de todos, mas nas mesmas circunstâncias, eles continuaram nas ruas. Como não havia dinheiro para bancar uma moradia, a família se acomodou em uma casa abandonada, que estava suja e parecia que estava caindo aos pedaços, mas era o melhor que eles iriam conseguir .

A noite foi difícil. As duas crianças dormiram em um papelão sujo, sendo cobertos por outro, os pais dormiram no chão frio e molhado, por conta da chuva caindo do furo no telhado mas, no entanto, Fabiano madrugou observando as estrelas do lado de fora da casa, onde havia apenas um banco de concreto e grama velha. Deitado, percebendo que as estrelas na cidade pareciam mais sujas, Fabiano pensava se a decisão de se mudar para a grande metrópole foi a melhor. Apesar de toda a estrutura da cidade,

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nenhum deles poderiam tirar proveito dela. Fabiano e Sinha Vitória não possuíam uma formação, e os trabalhos pagavam muito pouco para sustentar uma família de quatro pessoas, então os filhos teriam de trabalhar pela própria vida. A escola não parecia ser a melhor opção para os meninos, na visão de Fabiano, então eles teriam de trabalhar, como muitos dos jovens da cidade, e isso lhe cortava o coração.

A ideia de não poder proporcionar aos filhos as suas refeições, a educação… doía, mas não era uma dor qualquer, era uma dor de incompetência, uma dor que ele sentiu quando se comparou ao seu chefe, ele sentiu quando se identificou como um cabra, a mesma que ele sentiu quando teve de matar a cachorra Baleia. A cidade parecia promissora, mas apenas para aqueles que possuíam os recursos necessários para tirar proveito dela.

Sem ir para a escola e sem trabalho, Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos vagavam pelas grandes avenidas da metrópole implorando por dinheiro ou comida, em uma placa feita de papelão, a mesma que seria usada como cama para os dois filhos, onde estava escrito: “Nois ajuda, temo dois filho e moramo na chuva”, e naquele cenário, a única coisa que Fabiano esperava era o mínimo de sensibilidade vindo das pessoas de dentro dos carros, pessoas que, na mente de Fabiano, eram melhores que eles.

Aparentemente, a seca tinha ido embora ,mas ela jamais abandonaria o rumo da vida da família, não importa para onde eles fossem . Três meses se passaram, e eles ainda moravam na mesma casa, só que desta vez, sem telhado nenhum. Fabiano, como um homem orgulhoso, assim que percebeu que a

maioria das pessoas dentro dos carros na avenida não iriam ao menos abaixar os vidros, desistiu de ao menos tentar, e a família passou por dias difíceis , os quais nunca teriam ao menos pensado que viveriam. Se houvesse ou não comida, era por causa do fluxo e da sorte da família. Enquanto os meninos e Sinha Vitória pediam no sinal, Fabiano buscava por emprego que, assim como seu antigo, bancasse uma casa para ele e sua família, sua alimentação… mas a vida na cidade grande era diferente. Os privilégios e requerimentos do interior eram diferentes, e naquele cenário, era cada um por si.

Em um dia, durante a noite, Fabiano reuniu todos no banco de concreto do lado de fora da casa:

—Estamos passando necessidade e fome. Não temos dinheiro para bancar uma vida de qualidade para os meus filhos, por isso, vocês irão se mudar para um orfanato até a minha vida e a de sua mãe se estabilizar.

Sinha Vitória não sabia do que Fabiano estava falando, então foi um choque para a mesma também. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas ao mesmo tempo ela tentava não desabar, porque, mesmo sabendo que iria sentir falta de seus dois meninos, ela sabia que era o melhor para eles. Os meninos se sentiram perdidos. Não sabiam se deveriam se rebelar e não aceitar ir para o orfanato ou se deveriam desistir, a fim de uma vida com mais conforto, mas aquela decisão não cabia mais a eles. Fabiano pegou ambos pelo braço de uma maneira bruta, e os colocou para o lado de fora do portão:

—Criei vocês para serem fortes. Encontrem o seu

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caminho para o seu novo lar, e quando estabilizados, nós o encontraremos. Fiquem com Deus, meus filhos.

Fabiano respirou fundo e segurou a lágrima que estava na sua pálpebra prestes a cair, e fechou o portão. Os meninos ficaram confusos, e se perguntaram como Fabiano e Sinha Vitória iriam encontrá-los em uma cidade tão grande, mas a verdade era que eles simplesmente não iriam.

Fabiano poderia se mover da seca, mas a seca nunca se moveria dele, e isso parecia uma facada no coração de Fabiano. Ele voltou para o banco, e encontrou Sinha Vitória aos prantos, o xingando: —Você acabou de estragar nossa família! Nós nunca vamos encontrá-los, e é tudo culpa sua! Se você não fosse… — E Sinha Vitória nunca chegou a terminar sua fala, porque Fabiano a matou antes dela ter essa oportunidade.

No momento em que Fabiano viu a dor nos olhos de Sinha Vitória, ele concluiu que ela e ele nao seriam fortes o suficiente para aguentar essa dor, uma dor comparada a da morte dos meninos, uma dor talvez pior da que eles sentiriam se os meninos tivessem morrido, uma dor sem conclusão, sem fechamento, uma dor infinita.

Fabiano pegou um pedaço de metal enferrujado, que deveria ser mais velho que ele, e percebeu a ponta afiada dele. Tomou sua decisão, e a decisão de Sinha Vitória em nome dela. Ele se aproximou de Sinhá enquanto ela chorava e gritava, e enfiou o bastão bem no seu peito, no suposto lugar do coração. A fala de Sinha Vitória foi cortada pelo impacto,

sangue começou a escorrer da ferida. Fabiano removeu o metal do peito e o deixou sangrar, enquanto Sinhá teve uma morte dolorosa, mas silenciosa. Todas as emoções de Fabiano estavam abafadas pela dor de perder seus filhos e sua esposa no mesmo dia. Ele se ajoelhou no chão, olhou pro céu e repetiu para si mesmo enquanto o sangue de Sinha Vitória escorria até seus joelhos:

—Se você realmente existe, Deus, você terá de implorar pelo meu perdão. E Fabiano posicionou o bastão sobre o lado esquerdo de seu peito, e enfiou a barra devagar, como se a dor que ele sentia agora fosse merecida, e por isso devesse ser prolongada. Havia sangue por toda parte, e não era mais possível identificar de quem era. Fabiano desabou no chão, ao lado de Sinha Vitória. Ele a observava, e ao mesmo tempo, observava as estrelas do céu, as mesmas às quais Fabiano admirava na primeira noite. Seus pensamentos eram cruéis. Será que a culpa foi dele? Será que se as crianças tivessem na escola tudo isso aconteceria? Será que se eles nunca tivessem se mudado da seca eles ainda estariam juntos? Nada disso importava mais, porque assim como Sinha Vitória e os meninos, seus destinos estavam traçados, e nada poderia mudar. A seca sempre estaria com Fabiano durante a sua vida, assombrando sua família. Pelo menos até antes de sua morte. Os meninos estavam livres, e Fabiano e Sinha Vitória também. Finalmente, a seca tinha acabado. De um jeito ou de outro.

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Roberta Palomo Kruschewsky

Mudança para a cidade

O sol quente do deserto fazia o chapéu de Fabiano esquentar, a família estava toda acabada, não aguentavam mais andar em direção a grande São Paulo. Estão viajando a pouco mais de dois meses, o sol escaldante queimou a pele dos filhos, e Sinhá Vitória parecia cozinhar debaixo de suas roupas quentes e abafadas.

O menino mais velho se manteve em silêncio durante grande parte da viagem, enquanto o mais novo perguntava quanto tempo faltava e reclamava se seus pés doiam ou se sentia fome etc

Pela posição do sol, Fabiano deduziu que era meio dia, tinham que achar um lugar pra ficar antes do pôr do sol. O tempo ia passando, e o sol aos poucos ficava mais fraco. O dia estava muito seco, Fabiano sentia sua garganta arder mesmo tendo ficado em silêncio grande parte da viagem -Acho que teremos que dormir por aqui mesmo. - diz Sinhá Vitória apreensiva - não vejo nenhuma cidadezinha por aqui - completa

A família já não comia a dois dias, e mal bebiam água. O menino mais novo não para de se queixar de sede e fome, e o mais velho vez ou outra pede por um descanso. Estão exaustos mas ainda é possível

caminhar mais um pouco

Andando em passos arrastados, a família procurava algum lugar para ficar mesmo já tendo aceitado que dormiriam novamente a céu aberto. Porém o menino mais novo não aguenta e desmaia de sono, possivelmente de fome também.

A família decidiu ficar no local pela noite, Sinhá Vitória se ajeitou em um canto e observava Fabiano montar uma fogueira com os galhos ressecados que estavam ao redor, demorou para ascender, mas funcionou. Os meninos deitaram em um bolo de folhas secas, desconfortável mas melhor que o chão puro.

O sol raiava no horizonte, era hora de partir. A família se ajeitou e seguiu em linha reta, estavam famintos e com muita sede, então nenhuma palavra era ouvida, nem mesmo do irmão mais novo Depois de horas andando chegaram em um morro cheio de casas mal estruturadas, crianças correndo e uma mulher se aproximava deles -Olá, vocês são novos aqui? -Acabamos de chegar- diz Sinhá Vitória -Legal! Sejam bem-vindos a Favela Por do Sol!

A moça de idade acompanhou a família e mostrou uma casa de um morador que se foi a pouco, não era a melhor casa do mundo mas para quem não tem nada, séria tudo Fabiano e Sinhá Vitória acertaram negócios com a senhorinha que deu um prazo de 1 mês para que o aluguel fosse pago

O ruivo saiu para tentar arrumar emprego e Sinhá Vitória foi procurar uma escola pública para cadastrar

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seus filhos.

Fabiano saiu andando meio receoso, estava em um ambiente que nunca tinha presenciado, mesmo já tendo ouvido falar. Descendo as escadas de paredes pintadas, finalmente chegou no portão e agora se encontrava sozinho em um bairro desconhecido.

Fabiano andou por vários lugares da cidade, ofereceu trabalho a muitos, mas eram poucos os que se quer olharam na cara dele. Fabiano derrotado seguia seu caminho de volta para casa.

Andando pelas ruas cheias da cidade que nunca dorme, o ruivo vê uma garrafa de cerveja esquecida em um canto perto da parede, mesmo não sendo a coisa mais saudável e segura de se fazer, o vaqueiro pegou a bebida e deu um gole. Sua garganta estava completamente seca desde antes da noite anterior, foi um alívio poder desfrutar de qualquer tipo de líquido depois de tanta caminhada, continuou a beber enquanto andava pelas ruas de SP.

Fabiano, agora um pouco bêbado, passeava olhando o mar de prédios que dominavam a cidade, a alta tecnologia, de nada entendia mas gostava desse “mundo”. Luzes coloridas de propagandas em grandes telões iluminaram seu caminho até alguns prédios residenciais, depois disso seu caminho começou a ser iluminado por postes que nem sempre estavam funcionando perfeitamente.

Surpreendentemente chegou em casa sem se perder, o vaqueiro tinha um senso bom de direção até embriagado. Dentro de sua pequena casa, Fabiano se senta na cadeira do antigo morador, os móveis ainda não foram removidos e provavelmente não seriam. Sinhá Vitória o olhava preocupada, do outro lado do

cômodo, parecia tentar perguntar com o olhar se ele tinha conseguido emprego, mas só de olhar para Fabiano a resposta já é óbvia.

Infelizmente, Sinhá Vitória também não conseguiu bons resultados. Ela tentou explicar sua situação para os responsáveis das várias escolas que visitou, mas sem identidade é impossível. O irmão mais velho, que espiava do cômodo ao lado, estava aflito. O sentimento de novamente ter que fugir de um local o aterrorizava e dessa vez não tinha a cachorra Baleia para o ouvir. O garoto estava gostando das novidades, era um lugar muito diferente de qualquer outro que ele já foi na vida.

O mês foi passando e todas as noites Fabiano voltava, chapado devido a falha, novamente discutia com o soldado amarelo imaginário colocando a culpa de todos os seus problemas nele, ou brigava com sua mulher por qualquer motivo que viesse na cabeça.

Os meninos sabiam que não ficariam naquele lugar por tanto tempo, e isso os entristecia muito, pois fizeram amizade com algumas crianças e jovens da comunidade e também conseguiam comer e beber na maior parte dos dias, seria difícil se desprender desse novo ambiente.

Chegou o último dia antes do pagamento, Fabiano não tinha o dinheiro, se despediram dos amigos que fizeram e de cabeça baixa saíram novamente, dessa vez sem rumo. Os meninos estavam arrasados com a situação, e Sinhá Vitória também se despediu das amigas que tinha feito. Novamente estavam indo embora, novamente estavam de mudança.

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Tiê Ornellas Toledo de Menezes Vidas Podres

A família havia tido um longa e dura viagem, caminharam por dias até encontrarem uma pequena cidade e lá, após descansarem um pouco, seguiram viagem à cidade grande.

Finalmente chegaram, entraram pela beira da avenida e se assustaram com a quantidade de carros que passavam em alta velocidade pelo seu lado. Ao entrarem na cidade perceberam que não tinham ideia de onde ir, e principalmente não sabiam onde estavam. O barulho da cidade foi a primeira mudança que os atingiu, buzinas, carros, gritos e xingamentos, não se ouvia nem mesmo um pássaro sequer. As crianças diante de tal situação se puseram a chorar e Sinha Vitória, mesmo relutante, os repreendeu e mandou-os calar-se. Fabiano decidiu que ali não podiam ficar, então, sem uma palavra dita, pôs-se a andar e os outros o seguiram.

Andaram por mais 2h até que se depararam com uma Catedral. Essas duas horas foram possivelmente as mais assustadoras de suas vidas, a família toda se assustava com os barulhos, os becos e as enormes construções que os cobriam de sombras geladas. As calçadas machucavam os pés descalços das crianças e as pessoas olhavam para eles com desprezo, porém sem surpresa. Sentaram-se na escada em frente

à Catedral, Fabiano pensava, na verdade tentava pensar, porém seu estômago não o deixava, haviam consumido todos os poucos alimentos que trouxeram e agora sem ter aonde ir puseram-se a chorar, todos os quatros choravam na porta da Catedral. Sinhá Vitória guardava em si a vontade de entrar na grande igreja, porém não tinha coragem, não tinha coragem de entrar na casa de Deus no estado em que estava, era a maior Catedral que já vira na vida e se sentia observada só estando perto. As lágrimas dos meninos adormeceram em seu colo, o cansaço a abalou, assim como fez com seu marido, então os quatro dormiram nas escadas frias de mármore. Foram acordados com uma chuva, gotas frias e grossas os atingiam, no desespero, todos correram às portas da igreja, ao entrarem, um vento forte os atingiu e os mesmo sentiram o pior frio de suas vidas. Sinhá Vitória estremeceu e num movimento involuntário ajoelhou-se e pô-se a rezar, ela estava em seu limite e à beira de um colapso mental. Fabiano se ajoelhou e a abraçou, os dois levantaram-se e se retiram da Catedral. Eles caminharam um pouco, debaixo de chuva, até se depararem com uma casa aparentemente abandonada, com uma placa de vende-se na porta, Fabiano arrombou a porta e os quatro entraram. Ali, eles dormiram, no chão duro de madeira, mas que porém lhes lembrava de sua casa no campo.

Fabiano acordou e decidiu sair para procurar emprego. O filho mais novo acordou com coriza, o nariz entupido e Sinha Vitória tentou cuidar dele da maneira que podia.

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Fabiano voltou, havia encontrado um emprego, trabalhou por oito horas seguidas,empilhando tijolos em uma obra. Ao voltar, se deparou com Sinhá Vitória e o filho mais velho diante do corpo desacordado do filho mais novo, ele estava com febre e o rosto vermelho.

Fabiano saiu à procura de comida e cobertores, voltou e comeu a última refeição de sua vida, ao lado da sua família. No dia seguinte, Sinhá Vitória saiu à procura de emprego, enquanto o filho mais velho cuidava do mais novo.

Ela voltou com uma merreca que ganhara, após lavar uns pratos de um restaurante no subúrbio, porém Fabiano não. Fabiano havia saído de manhã para trabalhar, era tarde da noite e este ainda não havia voltado. Fabiano havia morrido na obra, vítima de um acidente, como não carregava nenhum tipo de documentos, ninguém pode identificá-lo.

Sinha Vitória e as crianças dormiam à espera de Fabiano, e acordaram com batidas fortes na porta, ao abrirem se deparam com um homem alto, utilizando vestes muito formais. Ele expulsou- os da casa e ameaçou chamar a polícia, Sinhá Vitória carregou o filho mais novo nos braços desesperada, este não parava de tremer e soluçar, ela então seguiu em direção à Catedral. E lá sentiu a respiração do mais novo parar. Independente de seus esforços, o filho mais novo morreu, ninguém veio em seu socorro, e então Sinhá Vitória desmaiou, após ter perdido um filho na própria(?)

Anna Bella Rodrigues Autran Torres Camargo Vidas e Mortes

Enquanto a luz forte vinha da janela e o vento frio soprava seu rosto, Miguel abria os olhos castanhos e inchados. Fevereiro, o mês do carnaval, da festa, da alegria. Não havia nada de feliz naquela manhã. Talvez, por outro ponto de vista, outros olhos, que não fossem aqueles castanhos e inchados, poderia ser uma linda manhã. Mas o sofrido sentimento que seu corpo apontava, ao dormir abraçando o irmão menor, sentindo o cheiro de cigarro logo tão cedo, mas não tão forte, devido ao nariz entupido pelo frio cruel que a noite trazia, não o permitia acordar com um sorriso.

Miguel olhou para a janela, vendo uma árvore seca e sem folhas, pensou sobre os últimos acontecimentos. A despedida do nordeste e a entrada na cidade grande não foi fácil, mas na verdade nenhum lugar que havia ficado foi fácil. Claro, já passaram por situações mais desesperadoras, mas saber que teria que aprender a viver de uma maneira completamente diferente, abandonando seu eu passado e sua história de menino sertanejo para ter uma chance de viver bem, é assustadora também.

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Ele sabia bem que poderia estar muito mais feliz, estava morando em uma casa de três cômodos: uma sala, onde tinha um sofá que dormiam os meninos, fogão e geladeira, um quarto, onde dormiam seus pais, ao chegarem exaustos em casa depois de passarem o dia inteiro fora, e um banheiro, com quase o necessário. Hoje seria seu primeiro dia de aula, finalmente poderia ter a chance de estudar para não ter o mesmo tipo de trabalho que seus pais, poderia estar tão animado quanto seu pequeno irmão! Mas não estava. Sentia falta de ficar perto de seus pais, mesmo sem falar nada, apenas observando e atrapalhando seus afazeres diários. Sentia falta de Baleia, ela com certeza estaria abanando o rabo, vendo todos esses lugares novos. Sentia falta da dor, da sua dor, da dor que estava acostumado a sentir, aquela dor seca, como a árvore em seu quintal.

Miguel e Gabriel vestiram seus chinelos esfarrapados, suas bermudas, camisas de manga comprida, cada um colocou um lápis e folhas soltas em uma sacola e saíram para a rua. Gabriel andava rindo e pulando, Miguel achava que nunca havia visto o irmão tão feliz, feliz de verdade. Ele gostaria de poder ver o mundo pelos olhos do pequeno, mas não dava. Talvez por ser o mais alto, sua vista alcançava certas coisas que doíam reparar. As pessoas os encaravam enquanto passavam, mas quando ele olhava de volta elas fingiam não estar vendo os dois. Elas seguravam sua bolsa com mais força, ou às vezes até iam para o outro lado da rua. Qual era o problema delas? Ou o problema era nele? Não, não deveria ser. O vento cortante daquela cidade cruel machucava sua pele, e ao tentar prestar atenção em outras coisas, só conseguia ver o céu cinza, as lojas fechadas, as

construções cinzas, os rostos fechados. Chegando na frente da escola, os irmãos combinaram de que, quando a aula acabasse, esperariam no portão até que o outro aparecesse, só voltando para casa juntos. Quando Miguel foi para sua sala, viu várias crianças sentadas em grupinhos, ignorando completamente sua existência. Durante o dia ele tentou conversar com elas, mas a única coisa que recebeu foi cochichos e risadinhas maldosas. Miguel lanchou um copo de leite com toddy, sentado sozinho no canto da quadra, torcendo para nenhuma bola o acertar e sujar a sua roupa mais quente. Na saída, ele e o irmão voltaram para casa em silêncio. Os dois pareciam angustiados, mas sem querer conversar sobre o que aconteceu.

O mesmo processo se repetia todos os dias, até que em uma certa noite uma grande mudança estava prestes a acontecer. Sua mãe decidiu lhe dar o antigo caderno na qual ela treinava a escrita, já que não tinha mais tempo para isso. Miguel ficou feliz como um raio de sol, foi para a escola determinado com um novo motivo para estudar, e respondeu a todas as perguntas da professora. Reparou o olhar frio de alguns meninos, mas não pensou que ao voltar do intervalo encontraria o caderno todo molhado, com as folhas rasgadas e desmanchando. Nesse dia o garoto saiu da escola mais cedo, cheio de ódio e rancor, nunca fez nada de mal para que todos o tratassem assim, mas agora queria fazer. Ele correu até uma rua estreita, onde encontrou um cachorro muito magro dormindo no chão. Baleia veio em sua memória, ele deitou-se ao lado do cão e chorou. Percebeu que o bicho estava morto, com um canivete na barriga,

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lembrou-se de Baleia e chorou mais ainda. Nesse dia voltou para casa diferente, sem o caderno e com um canivete.

Cerca de uma semana se passou, e o garoto estava parado no portão da escola há mais de vinte minutos, e nenhum sinal de Gabriel. Continuou esperando por mais quarenta minutos, quando sua barriga começou a se embrulhar, ele resolveu procurar o irmãozinho no terreno de trás. Ouviu um choro e risadas, ao correr para a origem do som, se deparou com seu irmão sentado no chão, chorando e banhado em uma água grudenta e fedida com restos de lixo. Dois meninos rindo e forçando-o a engolir a comida da lixeira, dizendo que o menino não comia em casa e eles estavam fazendo uma caridade. Esse foi o gatilho final para Miguel, que sem pensar duas vezes pulou em cima de um dos meninos, tirando seu canivete da mochila. O outro saiu correndo para chamar ajuda, e quando voltou, a primeira coisa que viu foi Miguel enfiando a lâmina no peito do menino, gritando palavras não totalmente conectadas umas às outras. Tudo estava vermelho, quente, desfocado, girando. Ouvia muitas pessoas fazendo muitos barulhos, não sabia ao certo o que estava acontecendo, pois a voz mais alta era sua cabeça gritando sem parar. Sua cabeça latejava, o coração quase explodia, a mão suja de sangue continuava tirando e colocando a lâmina no garoto. Naquele momento, a única coisa que soou mais alto que seu barulho interior, foi a sirene do carro de polícia.

Anna Clara de Aguiar Rodrigues

O encontro com a civilização

Estavam todos cansados, exaustos. Iam em direção ao trem. Por muito tempo, o objetivo principal da família era fugir. Dos problemas, das pessoas, da seca. Mas naquele momento, a única preocupação era pegar o trem que estava prestes a passar. Acostumaram-se com pouco, mas naquele momento, qualquer coisa perdida podia ser muito. Além do mais, suas bagagens correspondiam a todos os seus pertences. Fabiano entregou ao homem do trem as passagens que havia comprado na tarde anterior, depois de conseguir dinheiro com um senhor de idade, que estava procurando alguém para catar frutinhas de seu quintal.

A família entrou, e os meninos já foram procurar os assentos. O menino mais novo estava hiperativo, foi correndo procurar os lugares. O menino mais velho foi atrás do mais novo, sem a velocidade e sem o ânimo do mesmo, mas foi. Sinhá Vitória carregava uma japona em seus antebraços, para caso sentisse frio, não ter que pegar na sua bagagem. Alguém contou que aquilo era deselegante, porque ela teria de interromper a passagem do corredor do trem

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para se locomover a fim de pegar o casaco. Sinhá Vitória nunca se importou com se ia ser vista como elegante ou não. Mas nos últimos tempos, o medo havia consumido-a. A incerteza passou a ser uma angústia frequente. Ela não podia arriscar não ser boa o suficiente para sua nova realidade. Absolutamente tudo estava em jogo.

A família se sentou nos bancos. O silêncio permanecia. Fabiano passou a mão áspera em sua nuca, tentando reduzir o calor que seu corpo estava produzindo. Por mais que o calor fosse cotidiano, Fabiano estava queimando de nervoso. Tinha se sentido assim.

Sinhá Vitória mantinha a postura ereta. Fabiano estava com o tronco torto e vista turva. O Menino mais novo olhava a janela, procurando algo que o pudesse entreter. O mais velho cutucava o dedo, tirando a cutícula causando uma hemorragia externa. Colocou o dedo na boca para estancar o sangue. O pequeno foi o primeiro a adormecer. Encolheu-se e deitou a cabeça no ombro da mãe, que havia sentado ao seu lado. Sinhá Vitória olhou para o menino, voltou a olhar a janela. Apoiou sua mão gentilmente na cabeça do menino.

Todos adormeceram, mesmo com o trem chacoalhando. Estavam cansados demais para reclamar de qualquer coisa.

Sinhá Vitória acordou assim que o sol saiu de trás de uma das montanhas. Olhou ao seu redor, e viu que era a única acordada. Admirou seus filhos e Fabiano. Teve um momento de epifania ali. Naquele momento, Sinhá Vitória se sentiu viva pela primeira vez. Fabiano respirava de forma bruta, e seus ombros pareciam pesados. Sinhá Vitória estava admirando-o quando

uma gota de suor do mesmo caiu de sua testa em sua mão. Fabiano acordou no pulo. Olhou para um lado e para o outro e logo suspirou profundamente, como se estivesse hibernando e tivesse acordado depois de tanto tempo. Os dois se olharam. Não era necessário que falassem nada. Fabiano e Sinhá Vitória nunca foram do tipo que se expressavam frequentemente. Sempre estavam de cabeça quente. Nunca sabiam o que estava acontecendo dentro da cabeça deles. Naquele momento tudo parecia se conectar. Eles finalmente se entenderam, se identificaram, se conectaram. O medo ali virou um só, o amor também.

O sol estava ficando mais forte, e a parada do trem já estava chegando. Fabiano cutucou o ombro do menino mais velho, que acordou no pulo.

—Vamos, Carlos. Pegue suas coisas, já vamos sair. — Fabiano disse num tom manso ao filho mais velho.

Sinhá Vitória mexeu o ombro no intuito de acordar o menino mais novo. Sinhá Vitória cochichou no seu ouvido:

—Acorda, meu filho. Vamos, João Miguel. Já chegamos.

João Miguel acordou e não entendeu o que estava acontecendo. O mesmo coçou os olhos e se espreguiçou.

O trem fez um barulho de sino, indicando que os passageiros haviam chegado ao local. Fabiano conduziu o resto. Andou na frente. João Miguel se prendeu na barra do vestido da mãe. Carlos andava sem ânimo. Sinhá Vitória seguia Fabiano. Fabiano parou por um instante, e deixou suas malas no chão. Parecia frustrado, cansado. O silêncio permaneceu. Todos se sentaram debaixo de uma

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sombra perto da ferroviária.

Depois de alguns minutos em silêncio, Fabiano se levantou e voltou a conduzir a família, ao lado de Sinhá Vitória, dessa vez.

Não era necessário falar nada, o trajeto já havia sido discutido antes de entrarem no trem. Iriam pegar a balsa com o pouco do dinheiro que havia sobrado do trabalho que Fabiano tinha conseguido arranjar de última hora.

Chegaram ao local e esperaram na fila. Quando chegou a vez da família comprar as passagens, Fabiano tirou do bolso todos os trocados e moedas que tinha. O homem olhou no fundo dos olhos do Fabiano com desconfiança. Ninguém mudou de reação nem nada do tipo. Estavam exaustos. Desistir não era uma opção. O homem deixou eles passarem sem nem questionar.

Fabiano pegou a mala do chão, entrou na balsa e imediatamente olhou para o céu. Fechou os olhos e respirou fundo, soltando seus pertences no chão. Sinhá Vitória, Carlos e João Miguel se mantiveram atrás de Fabiano, apenas admirando a cena que estava acontecendo ali.

Fabiano virou para a mulher e os filhos, deu um sorriso simples, e abraçou os três ao mesmo tempo. Ali foi a primeira vez que todos estavam juntos, seguros, e felizes. Todo peso que podia ter nas costas de cada um, havia sido levado com brisa e som do mar.

Nenhum deles havia conseguido trabalho e nem escola, mas estavam completos, e sabiam que dessa vez, era para sempre.

Bernardo Saboya de Siqueira A seca da cidade

Depois de horas de viagem, Fabiano e sua família chegaram a São Paulo, onde passariam um tempo com uns parentes. Saindo da rodoviária, eles puderam ter as primeiras impressões da cidade. Não souberam descrever muito bem, todas as pessoas pareciam sérias e até mais frustradas e o melhor adjetivo que encontraram para descrever a cidade foi “cinza”.

Foi uma outra viagem até a casa do primo de Fabiano e foi tudo muito quieto. Ele e Sinhá Vitória pareciam preocupados, e os meninos pareciam surpresos com a vista, como se fosse a cidade onde eles passavam o natal, só que muito maior.

Ao chegar na casa de seu primo, foram-lhes apresentados os cômodos de cada um. Era uma casa bem simples, moravam apenas seu primo e sua esposa. Eles tinham a mesma idade que Fabiano. O que parecia engraçado para os meninos era a forma como eles falavam, como se fossem da TV, com um sotaque diferente. Tentando puxar assunto, Fabiano comentou que a viagem tinha sido tranquila, também comentou suas primeiras impressões da cidade para o seu primo, que pareceu não se importar muito. A

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única coisa que ele deixou claro foi que para sua família poder se estabelecer teriam que pagar sua parte das contas e a comida do menino mais velho e também do mais novo, esta foi uma questão com a qual eles pareciam preocupados. A verdade é que era como se Fabiano estivesse alugando aquela casa por um tempo, e como seu primo também precisava de ajuda financeira, Fabiano se encaixou bem ali.

Passaram bem à noite e, por volta de meio-dia, Fabiano sozinho foi conhecer a região e partiu em busca de um emprego. Passeando pelo bairro, Fabiano observou um bar, e deu vontade de dar uma parada lá, viu um grupo de motoboys encostados ali. Então, viu uma oportunidade e decidiu conversar com eles. Fabiano percebeu que ele era motivo de piada por conta do sotaque, mas tudo bem, pois conseguiu a informação de que precisava e não queria arrumar confusões de bar novamente, com medo de que nessa cidade tivesse diversos soldados amarelos. Se dirigiu ao bar e conversou com o gerente. Fabiano depois de uma conversa longa, conseguiu o emprego, ele iria trabalhar 10 horas por dia fazendo entregas. Ele aceitou este trabalho, pois eles ofereciam a moto, então já estava imaginando quando poderia ensinar o menino mais velho.

Sempre que chegava em casa Fabiano sentia algo dentro dele, um remorso que nem ele conseguia explicar, sua maior vontade era cair em prantos. Essa figura de um homem que resolve tudo era uma grande mentira, Fabiano sentia-se como se tivesse sendo outra pessoa, e ele odiava isso, mesmo sabendo que era necessário. Ele sentia muita falta de

sua terra e odiava aquele seu primo. Ele não sabia se expressar e se auto compreender, só sabia que havia um grande vazio morando nessa nova cidade.

Depois de vários dias de esforço e trabalho, Fabiano percebeu que essa era sua rotina. Ir para cidade grande não lhe trouxe a paz e a calmaria que esperava.. Ele nunca pensou que ia sentir tanta falta de sua cidade. Lembrava-se de Baleia, lembravase dos curtos momentos em que ele pode sorrir. Pensando apenas se em algum momento, ainda que pequeno, poderia ter esses sentimentos de novo, nessa situação tão fria e que havia se metido. Parece então que ao buscar paz e felicidade na cidade, ele descobriu que para ele e sua família esse luxo era inalcançável.

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Bruno Cortez Celli

Vidas Secas: Cidade Grande

Enquanto a família caminhava à procura de algum sinal de vida que não fossem as aves fugindo da seca, a cabeça de Fabiano não parava de pensar: Para qual cidade vamos? Será que vou conseguir trabalhar e ter um salário? Os meninos vão ficar bem? Onde vamos nos acomodar?

Fabiano vendo a situação e querendo se livrar daquele sol ardente, levantou seu braço e começou a gritar o mais alto que sua voz atingia, então o carro parou do lado dele e o homem de dentro do automóvel perguntou para onde a família estava indo.

– Vamos para São Paulo - disse Sinhá Vitória.

– Querem uma carona? Estou indo para uma cidade perto de lá - pergunta o moço.

Sinha Vitória olhou para Fabiano para ver se concordava com a ideia e mesmo que o homem estivesse desconfiado, ele subiu no carro, pois sem a Baleia para caçar alguns coelhos no caminho não aguentavam ficar sem comer.

Sinha Vitória, vendo o desespero de Fabiano, colocou a mão em seu ombro e fez um olhar de que tudo ficaria bem pois não era a primeira vez que fugiam da seca. Mas ainda inconformado e preocupado Fabiano perguntou-lhe: – Pra onde vamos?

– Estava pensando em São Paulo ou o Rio de Janeiro, disse Sinha Vitória – somente conhecia essas duas cidades grandes.

No bar já comentaram sobre São Paulo, vamos pra lá, rebateu Fabiano.

Depois de uns 20 minutos, começaram a ficar esfomeados pois fazia horas que a família não comia, Sinha Vitória percebeu o mais velho puxar sua mão e então viu-o apontando para um carro que aparentemente também estava fugindo da seca.

Durante o percurso, o motorista sabendo que a família estava em condição precária, ofereceu algumas maçãs que tinha guardado para o caminho. E os meninos com dor no estômago pegaram a fruta sem hesitar, enquanto os dois pais, mesmo que quisessem recusar, não resistiram e devoraram as frutas, agradecendo-o. O percurso seguia tranquilo e quieto até que o motorista mencionou o seu irmão, que tinha um boteco no bairro Alto da Lapa. Ouvindo isso Fabiano falou pela primeira vez desde que estavam andando:

– Acha que consigo trabalhar lá?

– Acho que sim, não precisa de muito para conseguir trabalhar num boteco - responde o motorista. Ouvindo isso, Fabiano deu um sorriso, pois começou a achar que a frase dita por Sinha Vitória iria se concretizar. Ao chegar na grande cidade a família ficou muito impressionada com tudo: havia grandes prédios, muitos carros e diversos tipos de pessoas. Ansiosos, os quatro começaram a sair do automóvel

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até que o motorista disse:

– Esperem! Vocês não vão me pagar?

Fabiano, zangado e com medo de perder seus únicos vinte reais respondeu:

– Você não falou nada sobre pagar.

– Bom, eu lhes dei comida e um lugar onde trabalhar, espero pelo menos uns trinta reais

O homem da família olhou para Sinhá Vitória, e ela com raiva de tudo pegou do bolso do marido os vinte reais e entregou-os para o motorista:

– Só temos isso.

Ao saírem do carro com pouca esperança, viram o homem continuar seu caminho. Ficaram soltos na maior cidade do Brasil sem um centavo no bolso.

Sinha Vitória, com o pouco conhecimento que tinha, conseguiu ler o nome do boteco que o homem havia dito. Eles entraram e viram poucos clientes sentados nas mesas. Um homem recebeu-os na porta:

– Olá, imagino que meu irmão tenha contado a vocês sobre mim, estou disposto a dar um bom salário que conseguirá manter sua família em ordem. Além disso, eu tenho um quarto para vocês no andar de cima.

Sinha Vitória e Fabiano começaram a trabalhar servindo pratos e cozinhando, enquanto os meninos lavavam a louça. Mas quando Fabiano foi ver que era somente um salário de 200 reais, teve que pedir um dinheiro antecipado ao patrão para que ele mandasse os filhos irem vender doces no farol, porque com aquele dinheiro não iria conseguir pagar todas as despesas da família.

Mesmo que tivessem que trabalhar por muito tempo e ainda dormir em um quarto pequeno para quatro

pessoas, eles aguentaram firmes pois era melhor que a vida lá no nordeste. Essa estratégia durou duas semanas, pois como os meninos tinham que trabalhar muito e descansar pouco, um dia acabaram esquecendo de lavar os pratos e foram dormir direto. Então eles foram acordados com um grito do patrão saindo da cozinha, assim a família saiu correndo para ver o que era, e quando chegaram viram a cozinha cheia de baratas nos pratos, e os meninos lembraram-se do que fizeram e começaram a ficar com medo do pai. Como o patrão estava tendo um dia ruim e sabia que no final do mês não ia conseguir pagar Fabiano, decidiu demitir todos e mandá-los para a rua sem nenhum dinheiro. Quando foram pra rua Fabiano pensou em bater nas crianças mas percebeu que isso não era culpa deles e que o errado era esse governo e o patrão. Com toda a raiva acumulada ele decide fazer algo que nunca achou que teria que fazer: furtar alguém!

Assim a família vai andando até encontrar um alvo fácil, acham um homem que mexia no celular e que estava com a mochila aberta. Fabiano então compartilha a ideia com Sinha Vitória e manda o menino mais velho (o mais habilidoso entre os irmãos) tentar furtar a carteira do alvo, a criança chega lá sem saber o que estava acontecendo de verdade e rouba a carteira do homem sem ele perceber. Com o dinheiro que tinham agora, tentariam comprar balas e as venderiam no sinal, enquanto ficavam em barracas perto da região do Ceasa, sendo essa, infelizmente, a nova vida deles.

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Carolina Faidiga Da Costa

Após o inferno

Ao continuar a contemplar as palavras de Sinha Vitória, Fabiano ficou preocupado com o que o futuro lhes reservava. O filho mais novo, se preocupava com seus futuros filhos e onde eles iriam morar. Chorando, ele lamentou a ausência da Baleia. Sinhá Vitória o estudava com apreensão. Muito mais ainda viria pela frente. Fabiano, exausto de vagar sem rumo, suspirou para Sinhá Vitória e pensou nas palavras: “Cansei de fugir da seca andando sem rumo quando ela chega. Cansei de ficar para trás trabalhando, cansei também de pensar que meus filhos serão como eu no futuro. Vamos para São Paulo! Mas ao invés disso eu resmunguei como uma concha seca: “Vamos para São Paulo!”, andando as distâncias antes de chegar ao meu destino.

A família viajou por uma semana. Com os pés doloridos, fome e condições debilitadas antes de chegar ao seu destino final.

A família de Fabiano e Sinhá Vitória vivia uma vida conturbada, sem direção e sem lar. Apesar disso, o casal conseguiu um cubículo na periferia de São Paulo por menos de duzentos reais. Durante a noite, Sinhá Vitória pôde descansar tranquilamente enquanto seu marido Fabiano permanecia acordado imaginando novas fontes de renda. Preocupado por não ter trabalhado em um emprego regular, ele decidiu que seria difícil abordar um novo empregador. Como vaqueiro, ele nunca teve um emprego regular. Fabiano acordou assustado com a luz do sol refletida em seu rosto. Ele dormiu pouco, três horas somente. Imediatamente após se levantar, notou que Sinha Vitória e seus filhos não estavam mais no colchão. Eles já tinham começado o dia. Fabiano rapidamente verificou a hora no relógio enquanto se apressava para apertar o cinto. Quando percebeu que estava atrasado para sair, ficou surpreso, não se despediu antes de sair apressadamente.

O primeiro visitante de Fabiano foi um empresário que o cumprimentou com um susto: “O que você está fazendo aqui, rapaz?” Fabiano entrou na fábrica com os sapatos tocando os pés por duas horas, seu estômago apertava de nervosismo antes que alguém percebesse que ele estava lá. Fabiano se esforçou para responder à pergunta da entrevista de emprego. Satisfeito com as palavras do gerente, Fabiano rapidamente se lembrou do soldado amarelo. No entanto, ele entrou na sala apesar de seu medo. Assim que fez isso, o pai de família percebeu por que estava tão apreensivo: reconheceu o soldado como

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alguém de quem ele buscava aprovação. Após este evento, Fabiano decidiu entrevistar o gerente sobre sua necessidade de funcionários.

Fabiano voltou menos de uma hora depois de ser contratado. Ele não entendia por que o gerente o contratou.. Ao voltar para casa, deu a notícia à Sinha Vitória. Ela preparou o almoço com os recursos que trouxeram da viagem. Além disso, ela pediu à professora da escola do bairro que deixasse seus filhos assistirem às aulas naquela manhã. A mãe encorajava os filhos a apreciar o valor da educação. Ela se orgulhava por receber uma resposta tão afirmativa porque significava que seu trabalho era importante. Uma vez que os dois meninos se sentaram à mesa, todos comemoraram seus novos colegas de classe e escola. Enquanto todos comiam, tentavam aproveitar esse raro momento de felicidade.

Fabiano, às quatro da manhã, tomou um cafezinho. Deixou os sapatos bem amarrados, saiu para o trabalho. Pouco depois, as crianças acordaram com o sol da manhã brilhando em seus olhos. Sinhá Vitória preparou o café da manhã enquanto as duas crianças se vestiam. Sinhá Vitória saía todos os dias para uma caminhada de meia hora até a escola. Quando ela chegou em casa, decidiu que queria um emprego e se aventurou no centro da cidade em busca de um. Fabiano voltou para casa ao cair da noite. Sinhá Vitória estava preparando uma refeição para seus filhos famintos, ela não encontrou trabalho. Eles estavam nessa mesma rotina há 28 dias – exaustos e famintos. No entanto, eles conseguiram fazer da faxineira de um restaurante de fast-food sua

última opção. Os salários de Fabiano e Sinhá Vitória totalizavam 2.214 reais no último dia do mês; eles consideraram isso um tremendo sucesso.

A família de Fabiano estava satisfeita com o primeiro salário, usaram-no para pagar suas contas e comprar comida. Resolveram juntar dinheiro para, eventualmente, comprarem para Sinhá Vitória uma cama como a de Tomás da Bolandeira. Enquanto comiam sua melhor refeição em meses, eles puderam finalmente sentar e relaxar. Fabiano não precisava mais se estressar com a seca, pois ele cuidava alegremente de sua família. O menino esperava que sua falecida cachorra Baleia ainda estivesse viva e bem, para que ele pudesse vê-la novamente. É por isso que ele acha difícil esquecer sua passagem, as lembranças de Baleia voltam à tona. Consequentemente, ele não tem nenhum apetite diante de sua bandeja de jantar.

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Carolina Faidiga da Costa

Maternidade

Como a maioria das mulheres da minha época, sempre quis ter um filho, cuidar dele, mas nunca desejei que fosse na pobreza em que me encontro agora. Meu marido Cândido Neves é um bom homem, ele fica o dia todo fora de casa atrás de escravos fugitivos, não me orgulho do trabalho que tem, eu preferia que ele trabalhasse em algum emprego fixo, mas é o que conseguiu por enquanto.

Estávamos sem casa, sem comida e com um bebê para nascer, mas graças a Deus minha tia Mônica arranjou um quarto de uma casa para nós. Ela já fez tanto por mim e foi a única pessoa que sempre esteve ao meu lado, minha única família antes do Candinho e não tenho como retribuir. A tia Mônica não gosta muito do Cândido, ela acha que eu mereço alguém melhor, provavelmente um homem rico e branco, que não deixe nossa situação financeira chegar onde está agora.

Uma manhã, comecei a entrar em trabalho de parto, mas o bebê demoraria para chegar. As contrações pararam por um tempo antes de o Candinho sair; ele tinha voltado muito tarde ontem, então questionei:

—Cândido, preciso de dinheiro para comer antes de parir.

—Me desculpe, Clara, ontem não consegui nada.Candinho respondeu.

—Então o que está fazendo? Vá agora e não se atreva a voltar com os bolsos vazios. — Eu disse tentando dar uma má motivação para que ele ficasse bravo e me deixasse.

Depois de o Cândido sair, a tia Mônica olhou para mim e disse:

—Clara, quando Cândido voltar vou falar seriamente com ele, para ele repensar a ideia de ir deixar o bebê na roda dos enjeitados, ele teria uma melhor condição de vida que nós não tínhamos como oferecer-lhe.

Mas, ao mesmo tempo, a tia Mônica deixou a escolha de levar o bebê ou não nas mãos do Candinho, não com a minha ajuda. E Cândido já se decidiu, ele não queria levá-lo e sinto que não podia falar nada para fazê-lo mudar de opinião, mesmo que eu tenha carregado aquele bebê por nove meses com o mínimo de comida de que um ser humano precisa para viver.

Quando Cândido chegou, sem nada no bolso, eu gritei com uma enorme dor:

— O BEBÊ ESTÁ NASCENDO AGORA!

O bebê nasceu depois de longas horas, mas tia Mônica foi rápida e disse:

—Se não levar esse bebê amanhã de manhã para a roda dos enjeitados, eu mesma o levarei!

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—Depois falamos sobre isso, não se passaram nem duas horas desde o nascimento do meu filho, deixeme aproveitar — Respondeu Cândido, calmamente.

Conseguia pensar somente no tempo. Quanto tempo precisaria esperar para poder ter um pouquinho de paz? Qual seria o futuro do meu filho se ele fosse para a roda dos enjeitados? Eu tenho vivido na pele a sensação de não saber o porquê de meus pais não terem me querido… Como podia odiar ou amar tanto alguém sem mesmo conhecê-lo? Com tudo que estava vivendo agora, acho que finalmente entendi meus pais, eu queria que meu filho tivesse uma boa vida e sei que não podia lhe dar isso, talvez, só talvez, minha mãe pense do mesmo jeito.

Depois de vinte e quatro horas em trabalho de parto, estava exausta, então fui descansar cedo com o pecado de ir dormir esperando acordar sem o bebê pela casa e sim na roda dos enjeitados mas, quando acordei, a primeira coisa que vi foi o bebê engatinhando pelo chão, olhei assustada e infeliz para o Cândido, que estava com um enorme sorriso que foi se desmanchando quando viu minha decepção estampada no rosto. Quando percebi que estranhou meu rosto, voltei com a minha feição normal, sem emoções.

Calmamente, perguntei:

— O que aconteceu? Porque o bebê não está na roda dos enjeitados?

—Peguei uma escrava e ganhei uma boa grana,

não precisamos mais deixar o nosso filho lá — Respondeu Cândido, voltando com um enorme sorriso.

—Como conseguiu? Como foi? - Perguntei como costumava, fingindo me importar com o trabalho de Candinho, de que não gostava.

—Uma fugitiva burra estava simplesmente andando pelas ruas e, quando a peguei, começou a usar a desculpa de gravidez. É cada coisa que falam para fugir de suas obrigações - Cândido explicou.

—É — Respondi pensativa.

Não sei se era verdade ou não; mas essa mulher imagina que estivesse lutando pelo seu filho, e eu, não. Decidi dar uma chance para esse bebê, não está indo uma maravilha mas também não uma porcaria; na pior das hipóteses acabo morrendo de fome ou pior, perco minha essência e eu mesma no caminho.

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Francisco Foschini Targa

Vidas secas na grande cidade

Fabiano e sua família caminhavam sem rumo, pensando apenas que a seca estava por vir. Sinhá Vitória estava com um olhar desanimado, com medo de não conseguir ter uma melhora. Fabiano preocupado com seus destinos, teve a ideia de ir para uma grande cidade, imaginando grandes oportunidades. Caminharam por dias, dormindo em tendas feitas por eles mesmo, comendo calangos que achavam no caminho, mesmo com todas as dificuldades continuaram.

Em certo dia passaram por uma pequena cidade, pediram algo para comer para o padeiro, mas ele não fazia favores de graça. Fabiano fez uma oferta, uma cesta de pão em troca de sua espingarda. O padeiro pensou que não teria muita utilidade mas que poderia vendê-la, então aceitou.

Fabiano deu a espingarda e recebeu a cesta, os olhos dos garotos brilharam. Fabiano pegou rápido a cesta e passou a protegê-la como um objeto de valor pois sabia que não veriam tanta comida assim em muito tempo. Comeram com um sorriso em seus olhos, parece que não havia um passado, por um breve momento sentiram felicidade, esqueceram-se da seca, da fazenda e até mesmo do cadáver de baleia.

Pela manhã levantaram as mãos ao lado da estrada, um gesto para pedir carona. Uma carreta passando os avistou, com um movimento de bondade os deixou subir na caçamba. Seu destino era a grande cidade de São Paulo onde Fabiano procuraria emprego para sustentar sua família.

Ao chegar a São Paulo, acham um panfleto mostrando oportunidades de emprego. Após rodarem muito conseguiram achar o local onde fabiano se apresentaria para seu novo “chefe” e, assim, ele conseguiu um emprego de ajudante de pedreiro.

Por passar frio nas noites sua família começou a se abrigar embaixo de uma ponte que ficava em frente a um restaurante, Fabiano tentava se aproximar do dono do estabelecimento a fim de ganhar sobras de comida, porém o dono via Fabiano e sua família como uma praga que tentava afastar os clientes do estabelecimento.

Após meses de trabalho, ele havia conseguido alugar um pequeno apartamento em um bairro pobre e desejava colocar seus filhos em uma escola pública pois assim conseguiria completar um desejo de sua esposa e ao mesmo tempo alimentá-los, Fabiano queria o melhor, mesmo sendo bruto apenas queria ver sua esposa e seus filhos felizes e terem uma vida tranquila.

Fabiano tinha boas relações com seu chefe e completava todas as suas tarefas com êxito e assim continuou sua vida, tendo dificuldades mas sempre junto de sua família.

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Leonardo

Pereira Heitor, João e Davi

Já faz um tempo desde que eu e a minha família saímos do nordeste e seguimos o caminho para chegar às grandes cidades, percorremos um caminho longo e cansativo, num momento seguíamos a pé, em outro pegávamos carona., Andamos e andamos até que as nossas pernas não conseguissem nem sequer se mover, mas no fim, nós chegamos à cidade, não sabia o que iria acontecer, talvez a nossa vida fosse pior que antes, não tínhamos casa, os meus pais não tinham emprego e não tínhamos Baleia conosco.

Com o tempo, nos estabelecemos, conseguimos uma forma de ganhar dinheiro e achamos um local para ficar, moramos debaixo de uma ponte em São Paulo, com uma tenda pequena onde passamos as noites, junto de diversas outras pessoas. O meu pai começou a trabalhar catando lixo nas ruas, ficando de manhã até o fim da tarde fora. A minha mãe fica de manhã até a tarde trabalhando como empregada na casa de um homem, enquanto eu e João Miguel, o meu irmão mais novo, saímos todos os dias com caixas de doces na mão vendendo-os no meio dos carros. Voltamos sempre quando começava a anoitecer, às vezes

voltamos com a caixa sem nenhum doce, já houve outras em que voltamos com as caixas cheias. Meu pai fala que trabalhamos vendendo doces para podermos sobreviver, enquanto a minha mãe fala que além de sobreviver, temos que trabalhar e conseguir dinheiro para tentar melhorar a nossa condição, ela espera que eu e meu irmão possamos ir para escola um dia, porém o meu pai fala que se conseguíssemos mudar a nossa condição de vida para poder ir à escola, isso só iria ocorrer em anos, e eu estaria velho demais, teria que ajudá-lo com o seu trabalho para que então, pelos menos, meu irmão possa frequentar uma escola um dia.

Vivíamos sempre uma mesma rotina, de manhã, eu e João Miguel íamos para as ruas e vendíamos os doces até o anoitecer, todos os dias seguíamos esse mesmo ciclo, saíamos, trabalhávamos, e voltávamos para casa. Com o passar do tempo essa rotina chegou a um nível que não aguentamos mais, porém, não podíamos fazer nada, a gente precisava trabalhar para trazer renda para a família, para termos a chance de ir à escola no futuro e principalmente precisávamos trabalhar para sobreviver.

Essa rotina só mudou quando encontramos um garoto perto de onde passávamos vendendo os doces, o seu nome era Davi, ele também trabalhava vendendo doces, um dia começamos a conversar, marcamos de nos encontrar quase todos os dias e quando nos encontrávamos, eu e João contávamos sobre como era nossa vida no nordeste antes de virmos para o sudeste, enquanto Davi dizia como era a vida de alguém que já nasceu em São Paulo. Um dia falamos sobre Baleia e sobre como ela fazia falta, ele disse que também tinha um cachorro chamado

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Bolacha, dizia ser seu maior amigo, como Baleia era para mim e para João.

Continuamos a nos encontrar todos os dias para brincar enquanto trabalhávamos. Um dia, Davi disse ter o sonho de ir à escola, disse que a sua mãe fazia de tudo para arranjar dinheiro para fazer com que pudesse frequentar a escola, por isso também trabalhava nas ruas, eu disse que também queria ir à escola junto de João Miguel, mas, falei que a chance de eu ir era baixa, e o mais provável era João frequentar a escola sem mim, pois até a minha família conseguir dinheiro para eu poder entrar num colégio, eu já estaria velho, e teria que ajudar o meu pai a trabalhar. O tempo foi passando até chegar um dia muito importante: Eu e João Miguel estávamos vendendo doces enquanto íamos até o ponto onde nos encontrávamos com Davi, e quando o vimos, ele estava com um cachorro magro, com mancha pretas pelo corpo, ao seu lado, era Bolacha, eu e João estávamos tão empolgados de conhecê-lo que ficamos metade da tarde brincando com o cachorro junto de Davi, Bolacha lembrava-me Baleia, era leal com Davi assim como Baleia era comigo e o meu irmão.

Nesse mesmo dia, quando estava perto de anoitecer, eu e Davi começamos a falar sobre a escola, ele dizia que por mais que sonhasse em ir a um colégio, tinha medo de sofrer bullying das outras crianças por suas condições de vida, pelo fato de não ter uma casa, por usar roupas sujas e por não ter dinheiro para ter as coisas que as outras crianças tinham, então após ouvir o que ele me disse, decidi que iria dar o meu máximo para ir à escola junto dele e de João Miguel, prometi isso a Davi, prometi que estaríamos juntos na escola, e que iríamos ajudar uns aos outros.

Continuamos a nos encontrar, às vezes Davi vinha junto de Bolacha, e ficávamos juntos vendendo doces e brincando, depois da nossa promessa, eu, Davi e João, começamos a dar o nosso melhor para voltar para casa sempre com as caixas de doces vazias, nem sempre dava certo, mas depois de alguns meses, começamos a ter uma certa quantia de dinheiro, não o suficiente para pagar uma escola, mas já era um começo, os dias continuaram e trabalhávamos mais e mais, estávamos com esperança de que iríamos conseguir e então os dias, as semanas e os meses foram se passando, e em um dia toda a esperança, todo esse sonho, foi embora. Como sempre eu e João fomos encontrar Davi, porém ele não estava lá, ficamos vendendo os doces perto do ponto onde nos encontrávamos, e esperamos o dia inteiro, achávamos que ele só não tinha conseguido ter vindo naquele dia, mas, depois daquilo, esperamos mais e mais dias, e nenhum sinal de Davi, sabia que ele iria voltar, prometemos que iríamos à escola juntos, ele não poderia simplesmente sumir e não retornar, continuei esperançoso, mas essa esperança, não serviu de nada, e Davi… Nunca mais voltou. Se passaram mais ou menos três anos desde que Davi sumiu, e eu finalmente consegui, finalmente iremos à escola, queria que Davi estivesse aqui, assim como Baleia, queria estar junto de Davi e João indo a caminho da escola, queria que a nossa promessa tivesse se concretizado, não sei o que houve com Davi, não sei se conseguiu ir à escola ou se continua até hoje trabalhando, ou até mesmo se ele morreu, mas eu sei que se ele não tiver conseguido realizar o seu sonho, ao lado de João, irei fazer isso por ele.

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Leonardo Traversim Marques Pereira

Arminda Pai contra mãe

Meu nome é Arminda, porém nunca fui chamada pelo mesmo. Meu pai aos seus 25 anos foi trazido da África, quando chegou aqui foi forçado a trabalhar na fazenda de um senhor cujo nome era Jorge, este tinha uma esposa e uma filha chamada Mônica. Durante os serviços prestados ao senhor, meu pai observava distantemente Mônica que rodeava a fazenda. Apesar de crescida, parecia não entender a situação de meu pai. Os dois se viram um no outro, então se apaixonaram. Toda noite Monica dava duas voltas na fazenda para encontrar o meu pai.

Certo dia, Mônica sentiu dor em seu ventre, foi até meu pai, este homem sábio afirmou a ela que estava grávida. Mônica mesmo com medo não hesitou em contar a seu Jorge. Ainda que sua filha lhe implorasse, este lhe deu a ordem de que quando nascesse a criança teria de ser escrava ao lado de seu pai.

Então eu nasci já como escrava, ao lado de meu pai, porém sem minha mãe que havia ido embora daquela fazenda, pois não suportava me ver trabalhando sem sequer um respiro.

Antes de morrer meu pai contou-me sobre minha origem. Após sua morte continuei trabalhando na fazenda daquele senhor que já era quase falecido,

porém como senhor nunca fez, sempre mandou fazer. Certo dia, veio ele em minha direção colocou-me uma máscara no rosto, em seguida bateu em minha cabeça, cai no chão já desacordada.

Acordei nua sem roupa alguma, implorei a aquele senhor que me devolvesse as roupas,gesticulando apenas, pois ainda tinha em meu rosto aquela máscara que me impedia de falar e respirar. Ele me disse que as traria pra mim assim que anoitecesse. Já tarde trouxe o senhor aquela roupa, deixou-a ao meu lado e sussurrou, se estiveres grávida, seu filho terás assim como você e seu pai trabalhar para mim.

Naquele instante, me amedrontei pensando em um filho sendo torturado, obrigado a trabalhar. Decidi que tinha que fugir rápido. Ainda naquela noite tomei minhas roupas e corri por toda a fazendo em direção às bordas onde sempre havia brechas, a primeira que vi a atravessei, senti um alívio como se não apenas o meu corpo mas minha alma tivesse sido liberta.

Amanhecendo nas ruas, ainda estava com a máscara que cobria metade da minha face. Procurava algum tipo de ferramenta, qualquer coisa que pudesse me livrar daquele sofrimento, até que achei um pé de cabra largado, comecei a bater contra a máscara, apesar de diversos cortes que já fizera em meu rosto a máscara se quebrou ao meio.

Pronto, agora não era mais uma propriedade, e meu sofrimento tinha acabado. Passados já alguns dias de minha fuga notei que tinham posters nas ruas com meu nome e rosto estampados, dizia: procura-se por escrava fugida. Já sentia um peso em meu ventre, soube aquele momento que o senhor não tinha mentido e que eu teria um bebê.

Um mês já tinha se passado desde minha fuga, vagava pelas ruas à esperança de alguma ajuda.

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João, O menino mais velho

Ouvi minha mãe falar pela primeira vez em semanas, pude entender que estávamos chegando à capital. Já ouvia muito mais barulho do que silêncio e já notava mais olhares do que antes, sentia os olhos como lâminas, como se eu estivesse errado, como se eu não pertencesse àquele lugar.

Realmente não acredito que eu pertença a esta parte do mundo, mas sei que pertenço ao mundo e a algum lugar que ainda não conheço.

Andamos por mais um par de horas até chegarmos em um lugar, cheio de casebres, cheio de pessoas que agora me olhavam com uma igualdade que eu estranhava.

Chegamos a um casebre de cor azul, era um dos melhores que eu pude ver naquela área, à porta, minha mãe conversava com uma mulher de quadris largos, rosto redondo e um cabelo quase tão preto quanto o dela.

Eu fui apresentado como “o meu menino mais velho”, como minha mãe sempre me chama, e meu irmão foi apresentado como “o meu menino mais novo”.

Meu pai cumprimentou a senhora e entrou na casa, seguido de minha mãe, eu e meu irmão para que a senhora entrasse por último. Me senti deslocado ao entrar na casa, era arrumada demais, tinha mais comida do que jamais vi na vida, e tinha uma cachorra, igualzinha a Baleia, apenas um pouco mais gorda. A

cachorra se chamava Mel, olhar para ela me lembrava de Baleia com uma saudade que apertava os ossos de meu peito.

Alguns dias depois, não sei dizer quantos, mas definitivamente se somássemos todos daria algo próximo a um mês, a vida estava mais estável, eu ia à escola. Era um lugar estranho, ninguém me chamava de “menino” por lá, sempre me chamavam de João e meu irmão de Pedro. Não sou estúpido, sei que esses são nossos nomes, mas às vezes sinto que agora que tenho um nome e um lugar para ficar, sinto saudade de não ter nome e de perambular por aí. Agora meu pai tinha um emprego que o fazia voltar inteiro fedendo a lixo mas sempre com algum mísero tostão em mãos, que ganhava das latinhas que reciclava e vendia. Já minha mãe voltava cheirosa para casa, trabalhava como babá dos filhos de Dona Letícia, um menino de doze e outro de sete. Gostava de passar tempo na casa da Dona porque era bem acolhido nas horas em que eu estava fora da escola.

A vida agora era boa, difícil, porque mesmo que tivéssemos comida, casa e não passássemos calor todos os dias, ainda assim acordamos por vezes ouvindo sons de tiros ou de músicas altas que tocavam nos bailes da favela em que morávamos. Mas, definitivamente, a vida antes era exaustiva e desesperadora, agora ninguém passava fome por mais de dois dias, tínhamos a Mel, que nos fazia acreditar que um pedaço de Baleia sempre estará com a gente, tínhamos roupas e um quarto, como sempre apertado e estreito, mas era definitivamente melhor do que dormir em uma cama dura de varas no chão seco.

Acordava de manhã e via minha mãe realizada por poder dormir em uma cama confortável. Ela parecia mais calma, mais risonha, meu pai, mesmo

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não falando e resmungando muito, demonstrava satisfação. Eu e meu irmão estávamos aliviados de agora entendermos o que “inferno” e muitas outras palavras significavam, por causa da escola, e de termos amigos para brincar nos momentos bons e nos momentos ruins. Agora, encontramos conforto, nesse desconforto imenso que é a vida, por meio de rezas, comida e de tia Fátima, que me chamava de “menino” e não de João, me fazendo não esquecer que eu realmente era, o menino mais velho de Vitória e Fabiano.

O fantasma de Utopia

Thales Thompson e Caleb Clark, reis de utopia, reino repleto de artes, poesias, comida e teatros, amavam assistir a peças de teatro e apresentações de dança, era o passatempo favorito do casal. Sobre a sala de teatro mais antiga do reino, havia a lenda de um dançarino que antes de se apresentar, teve seu parceiro morto por um vigilante de outro reino. Nessa história, se diz que, na hora de sua apresentação, o homem morreu de tanta tristeza enquanto dançava. Reza a lenda que qualquer casal perdidamente apaixonado que comparecesse ao teatro, durante a noite, dançaria junto de seu amado até a morte.

Nathaniel, trabalhador do reino, estava ciente daquela lenda, mas não era de acreditar em coisas sobrenaturais, se não fosse provado pela ciência ou pela lógica então era mentira, certo? Lá estava ele, às duas horas da manhã, limpando os camarins do fatídico teatro, quando ouviu um barulho. Decidiu ir investigar. Diante do palco, a luz estava fraca e junto a aquela pouca luz seus olhos assistiram ao casal monarca dançando, eram passos lindos e românticos, invejáveis inclusive. Ficou admirando-os um tempo e decidiu que atormentar o casal pedindo por silêncio seria uma péssima escolha, então apenas voltou às suas tarefas para poder ir para casa.

Após terminar o serviço, Nathaniel guardou suas coisas em uma bolsa transversal de couro, seguiu novamente o caminho que passava em frente ao palco e viu que o casal monarca ainda estava dançando. Qual o sentido daquilo? Pensou que já eram mais de três horas da manhã. Mas não foi isso que o intrigou realmente, ele agora via no rosto dos amados monarcas uma expressão de exaustão, eles claramente não queriam estar lá dançando.

Repentinamente, todas as luzes do palco foram acesas em tons vermelhos diferentes, o casal foi elevado do chão, parecia uma possessão demoníaca escrita pelo melhor dos autores daquele reino. O homem não podia acreditar no que via, achava que estava delirando. Como duas pessoas flutuariam e as luzes acenderiam em vermelho, se não havia ninguém para ligá-las? Seus pensamentos foram cortados quando ouviu um barulho alto o suficiente para dar um pulo de susto. As luzes agora estavam apagadas,

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havia apenas uma acesa, de tom amarelado, e o casal monarca agora estava no palco, ambos caídos, como se tivessem sidos jogados de um local muito alto.

Nathaniel correu para o palco sem saber o que fazer. Chegando lá, deu de encontro com o rosto pálido dos monarcas. A cabeça de Thales estava sangrando e o nariz de Caleb… Céus! Parecia uma fonte! Não parava de jorrar sangue vermelho escarlate! Naquele momento o homem entrou em pânico, ali na sua frente estava o casal monarca morto, mas não não fazia sentido! Não é possível, ele só poderia estar delirando! O mesmo se beliscou e sentiu o aperto forte na pele, ainda sem entender muito bem o que estava acontecendo, começou a ficar tonto, tonto e cada vez mais tonto, até que uma hora sentiu que iria desmaiar, mas, ao invés de ver um preto diante de seus olhos, ele viu um vermelho, vermelho escarlate, igual ao que jorrava do casal monarca. Na manhã seguinte, foi relatado no jornal que o casal monarca foi encontrado morto no teatro mais antigo do reino, junto a um funcionário público de utopia.

Lucca Maschietto Previtali Quase vidas, inférteis

Lá estavam eles, de novo, desolados, sem nenhuma fagulha de esperança a não ser das fantasias criadas ao longo do caminho, que foram inventadas como forma de saciar a grande sede de encontrar um resquício de boa vida naquele meio em que estavam.

A família se via, de forma natural e até cotidiana, cansada, já não aguentava mais essa repentina troca de locais em que iriam enfim se desenvolver até que um dia fracassassem e morressem. Após a perda de dois dos grandes membros da família, Sinhá Vitória já se sentia vazia, uma criatura oca, vagando em busca de paz, junto de seus dois filhos, cujos nomes só poderiam ser decididos por seus próprios destinos, estavam, todos, juntos de Fabiano, aquele que parecia, mesmo não demonstrando nem minimamente, o mais perdido e afetado pela nova instância em que se encontravam.

A viagem da família de sua antiga morada até a nova cidade grande que encontrariam foi certamente tortuosa, o caminho que traçaram parecia nunca acabar, passando de cenários e cenários, mas nunca mudando, até que, fora percebida a mudança climática e de solo, e isso Fabiano não poderia deixar passar sem notar, estava a quilômetros andando

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como um camelo em busca dessa sensação novamente, estavam chegando?

O caminho habitual que fizeram até tal ponto já estava perdendo a cor, junto com o ar, que estava cada vez mais seco. A alguns passos à frente, notavam-se blocos de cimento espalhados pela grande avenida que se puseram a traçar. Fabiano, mesmo com todo aquele porte, estava sendo de pouco em pouco corroído pelas novas pequenas irritações e irregularidades encontradas a poucos passos de distância, eram aqueles pés firmes que estavam sendo torturados pelo puro cimento, frio e opaco da cidade, era aquele nariz, que estava queimando e sendo atacado pelo pior ar que Fabiano teria provado, todos estes fatores estavam desconstruindo de pouco em pouco a ficção irracional em que Fabiano tentava se esconder.

O resto da família, que havia chegado pouco tempo depois, estava maravilhada, com todas aquelas luzes e detalhes prendendo-lhes as atenções, mal sabiam eles que esse grande espetáculo seria o maior motivo de suas lágrimas futuramente.

Ao passar do tempo, a família foi se dando conta de que talvez, não conseguissem avançar em relação à moradia, passavam dias jogados na rua, enquanto Fabiano tentava arrumar algum trabalho que lhes garantisse a comida. Lá na cidade, era diferente, não tinha gado ou bezerros para tratar e nem terras, mesmo que secas, para semear. O pensamento de que tudo estaria pior do que quando estavam na seca os atormentava, uma tormenta que não era passageira, já que não tinham onde dormir, a noite da cidade era o que mais incomodava Sinhá Vitória, que

chorava ao lembrar que tinha, ao menos uma cama de varas, e que agora teria de dormir no chão seco, sujo e frio dos concretos da grande cidade.

Ao alvorecer da madrugada, via-se Fabiano voltando para o canto da família, de mãos vazias, sempre. Os meninos já estavam fracos, pois tinham de economizar recursos por uma chance de Fabiano voltar com alguma novidade. Enfim, a família chegou a uma conclusão, iriam todos trabalhar, com empregos fúteis e até desrespeitosos a eles. Saíam todos, de manhã, em busca de entulhos que lhes servissem, latinhas de bebidas e imperecíveis. Fabiano procurava trabalhos cujas instruções eram pelo menos claras à mente, lavava carros de senhores, procurava pessoas em busca de favores ou limpando partes grotescas de estabelecimentos para que, quando a noite caísse, tivessem algum dinheiro coletado para pagar a janta, dia após dia.

Após certo tempo, realizando este ciclo, Fabiano conseguiu não um, mas dois empregos, pelo período da manhã até a hora do almoço trabalhava como vigia e lavador de carros de um estacionamento, e no outro período, até a noite, trabalhava como ajudante de pedreiro, uma profissão bem popular nas grandes massas pobres, não?

Sinhá Vitória e os meninos quase explodiram de alegria quando ouviram a notícia, já que os dois empregos os ajudariam muito. Conseguiram alugar um quarto de hóspedes em uma casa de um senhor muito bondoso, Seu Tomás era o nome, parecia coisa do destino, o quarto tinha duas camas, o suficiente para que Sinha Vitória e os meninos dormissem tranquilamente. Todo final de noite Sinhá Vitória

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chorava um pouquinho, mas era de alegria, pois teria sua tão sonhada cama.

Como Fabiano trabalhava no centro da cidade, convivia com os malandros de lá, Fabiano não teria tal indignidade a ponto de furtar ou roubar, mas convivia e conversava com os que o faziam. Certa noite, Fabiano estava curtindo algumas bebidas que tinha comprado com o dinheiro extra que havia juntado, estava em cima da laje de uma obra em que estava trabalhando, estava cambaleando pela construção quando alguém o puxou por trás de uma viga de madeira e apontou uma arma ao seu rosto, pedindo que desse todo seu dinheiro ao assaltante, Fabiano, atordoado, não soube reagir, talvez por conta da bebida, talvez por conta de nunca ter sido assaltado tão explicitamente ou porque não sabia como funcionavam os governantes da cidade grande. Nessa cena de tensão, o homem gritou mais uma vez com Fabiano pedindo seu dinheiro, engatilhando a arma, vendo isso, Fabiano partiu pra cima do cara, que deixou a arma cair, fazendo-se um combate “ mano a mano “, a briga continuava,, o ladrão levava Fabiano com um empurrão até a ponta da obra, cair dali seria morte certa. Pensando nisso, Fabiano com um impulso desnatural arremessa o ladrão por cima de sua cabeça, que cai lá de cima, não dando uma chance de vida. Fabiano, com o corpo muito mais desnutrido e fraco do que quando moravam na fazenda, cai, quase morto, para a parte de dentro da obra e, infelizmente acerta em cheio com seu peito em um grande tubo de aço compacto e firme, que o atravessa, sem nenhuma dúvida. Fabiano, inacreditavelmente, chorou, não por dor,

mas porque todo o esforço que tinha feito teria sido em vão, já que depois de alguns dias a família não teria mais dinheiro para a comida, moradia e nem saúde, que já não era das melhores. Estes últimos segundos de vida de Fabiano podem ser descritos como os piores dos sentimentos, uma cena extremamente grotesca, ao pensar na situação da família e de tudo que havia acontecido anteriormente. A família de Fabiano, soube da notícia dois dias depois, ficaram ensandecidos, não conseguiriam viver, e nem ao menos sobreviver com esta perda, o que fez com que, pouco tempo depois, a família esquecida e fraca de Fabiano juntassem as cinzas de seus corpos secos que foram deixados apodrecer nos confins do grande mortuário tresloucado que era a cidade grande.

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O futuro da família

Fabiano era o único de sua família com carteira de identidade e, por ser de madrugada, colocou Sinhá Vitória e as crianças para dormir, antes de ir atrás de um trabalho.

Felizmente, havia uma oficina simples a poucos quarteirões de distância de onde estavam alojados, e Fabiano entrou com os olhos fixos no ambiente. Percebendo que seus olhos estavam prestes a rasgar-se, ele piscou rapidamente, a casa estava cheia de fumaça, e houve alguns sussurros e risos, os homens estavam sentados numa bancada comendo, enquanto alguns arrumavam alguns carros.

Ele viu um homem grande de cabelos grisalhos rindo com os outros atrás da bancada. “Com licença, você trabalha aqui?” O grupo olhou para Fabiano de forma estranha. O grandalhão se despediu do grupo e Fabiano disse: “Você está trabalhando nessa ofi…” “Oficina, sim, eu trabalho aqui, por quê?” Fabiano foi interrompido, rudemente.

“Você sabe com quem eu posso falar, porque estou procurando uma vaga de emprego... Onde está o gerente?” - “Você está falando com ele, então você quer trabalhar aqui... Bem, venha aqui”.

O homem e Fabiano caminharam para uma pequena sala, com um computador mostrando cenas de uma câmera de vigilância: “Você tem sorte porque

estou procurando funcionários, você é adequado para o trabalho? Sabe como instalar um chuveiro ou consertar uma maçaneta? Dê-me seus documentos.” Fabiano ficou surpreso com a facilidade com que a “entrevista” se realizou, ele só precisou assinar alguns documentos e responder algumas perguntas.

Sinhá acordou com as crianças, limpou-as e disselhes que os meninos tinham que ajudar a estabilizar a situação até encontrarem um lugar melhor para viverem. Ele mandou os meninos mendigarem nos semáforos em frente a um motel. A recepcionista começou a conversar com Vitória: “Ah! Você tem mesmo que fazer as crianças trabalharem, tudo em casa é assim, eu trabalho e as crianças ajudam”. As duas conversaram um pouco, e Sinhá conseguiu um emprego na vizinha Rua 25 de março, cheia de vendas e lojas e um ótimo lugar para se encontrar trabalho. Confusa, Sinhá quis esperar Fabiano chegar para ver os papéis e como se encaixar na cidade grande. Por enquanto, ela dependia do motel e da padaria da esquina. À noite, Fabiano voltou cansado, mas sorrindo, Sinhá e as crianças ,na sala, contando dinheiro, enquanto uma música alta e abafada tocava ao fundo e o teto balançava ao ritmo do pole dance. Mas Fabiano estava feliz demais para se importar com o lugar em ruínas. Ele disse que conseguiu um emprego, só tinha que se registrar, e então ele teria um emprego e um salário, e eles sairiam daquele lugar, e logo estariam colocando as crianças em escolas.

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Maria Clara dos

Ribeiro Leite Vidas secas na cidade

Enquanto subia as escadas para o palco, ao som dos gritos de orgulho e celebração da sua mãe e do seu irmão mais velho, o menino mais novo sentia um misto de alegria por estar se formando e tristeza por não ter seu pai ali com a família comemorando. A cada vez que dava um passo e estava mais próximo do seu diploma, uma lembrança vinha à tona.

Lembrou-se da chegada da família à cidade. Tiveram que morar por muito tempo na casa da prima de quinto grau da mãe, sem o apoio dela o menino mais novo reconhece que a família não conseguiria ter tudo que tem hoje. Foi graças à indicação da prima que Sinha Vitória conseguiu seu primeiro emprego. A expatroa da sua mãe também foi um grande suporte, ela sempre ajudou Sinha Vitória com comida e roupas que foram necessárias durante um longo tempo da vida deles.

Durante muito tempo, o menino mais novo viu seu irmão chegar da escola chorando e sendo reconfortado pela sua mãe com abraços. Ele sabia o que estava acontecendo com o irmão, ele passava por isso todos os dias, a única diferença era que ele chorava na calada da noite porque via que sua família já tinha muitas outras preocupações. Hoje, no dia da sua Formatura, com vinte e cinco anos, ele entendia

que todo aquele choro era fruto de preconceito.

Faltava um dia para completar quatorze anos quando recebeu a notícia mais triste da sua vida. Ele nunca se esqueceria do dia em que estava brincando com os amigos na quadra do morro e seu irmão chegou para avisar que ele precisaria voltar para casa. Quando chegou em casa, se deparou com sua mãe no chão, balbuciando enquanto chorava sem parar. Foi seu irmão quem lhe deu a notícia de que a polícia havia feito uma chacina durante uma operação e matado Fabiano.

O menino mais novo viu seu pai sendo morto injustamente, assim como vários outros brasileiros. E além do constante sentimento de tristeza que nunca foi embora, as lembranças sobre o dia mais triste de sua vida, despertava também sentimentos de raiva. A morte de Fabiano deixou várias cicatrizes na vida do seu filho mais novo, que mesmo lidando com a brutalidade do seu pai durante anos da sua vida, sabia que era daquela forma que ele demonstrava amor. Um grande suporte ao menino mais novo foi um professor de história que surgiu na sua vida pouco tempo depois da morte de Fabiano. O professor mostrou a ele uma nova perspectiva da vida, dando a ele esperança de que um dia as coisas realmente poderiam melhorar. Foi graças a esse professor que o menino mais novo decidiu cursar advocacia e tentar tornar o mundo um ambiente mais justo.

Jamais esqueceria todo o preconceito e dificuldade por que sua família passou. Olhando para o diretor que tinha em mãos o seu diploma ele só conseguia sentir gratidão ao seu irmão, sua mãe, à prima e ao professor que foram peças fundamentais para o seu crescimento e evolução.

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Mariana Ferreira

Tome Machado

Vidas, Não Tão Mais Secas

A viagem foi longa e dura. Mas mesmo com as condições precárias, a família conseguiu chegar a um lugar que parecia ser uma cidade grande, graças à comunicação e colaboração dos demais, que se manteve durante o trajeto.

Lá parecia ter muito mais gente do que a família estava acostumada, na verdade, tudo lá funcionava com um ritmo mais acelerado e caótico do que a antiga casa. Fabiano sentiu-se inseguro com tantos olhares apressados, Sinha Vitória manteve uma postura sóbria. Os dois menores estranhavam as outras crianças ao redor, que também os estranharam.

O sol, não tão mais quente, se pôs e a noite caiu. A família não sabia onde se encaixar naquela cidade, não haviam achado um lar e bem menos alguém que os ajudasse. Aquela noite eles decidiram parar em um pequeno canto com grama para descansar, a grama molhada pinicava. Sinha Vitória pensou novamente na cama de Seu Tomás da Bolandeira, mas essa lembrança rapidamente cessou. Como sempre, eles acordaram cedo. Aquela noite não tinha sido boa, todas as luzes e todos os barulhos da cidade incomodaram a família, e, no meio da noite, Sinha Vitória acordou com o filho mais velho

incomodado por um pesadelo que ele relatou ser sobre a cachorrinha Baleia. Todos se levantaram e começaram a andar em busca de um lugar melhor para ficar.

Depois de caminhar pelas ruas confusas da cidade, a família encontrou uma pequena comunidade de casas construídas de restos de construções, ou pelo menos era isso que parecia ser. Fabiano rapidamente se interessou em construir um novo lar para a família, ele sabia que era experiente o bastante para fazer algo decente. Ficariam lá, Sinha Vitória, os dois filhos, todos os dias vivendo melhor, eles dariam um jeito. Adaptariam-se ao novo ambiente, não tão mais seco.

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Marina Maia Kawaguchi Vidas

secas na cidade

A viagem foi longa. Seis horas se passaram, mas em sua cabeça parecia ter sido dias. Fabiano se encontrava em São Paulo, uma cidade grande e movimentada. Tinha partido em busca de um emprego e queria trazer Sinhá Vitória e seus dois filhos, pois ficaram em casa.

Ao desembarcar do trem, procurou por um lugar para passar a noite. Estava escuro e frio. Fabiano sentouse no chão próximo à uma loja e dormiu. Acordou assustado com o alto ruído de um ônibus. Pessoas saíam rápido como se estivessem atrasadas. Alguns o olharam com um certo desprezo, outros nem o notaram. Fabiano se perdeu na multidão. Não podia ficar lá, havia de procurar algum lugar para trabalhar, sua esposa e filhos contavam com o dinheiro para que pudessem encontrá-lo. Subiu e sentou-se, poucos segundos depois o ônibus estava andando. Não fazia ideia de onde iria, olhou pela janela e observou a cidade.

Fabiano avistou um bar e decidiu descer assim que o ônibus parasse. Comprou a barra de chocolate mais barata que tinha. Ao sair da loja, lembrou de seu filho mais novo e do quanto ele gostava daquelas barras de chocolate. Voltou à loja e pediu por uma folha de

papel e uma caneta. Fabiano não sabia muito bem como escrever uma carta, porém tentou. Qualquer sinal de vida seria o suficiente para que Sinhá Vitória não se preocupasse. A mulher estava em casa cuidando de seus filhos, sozinha. Era um grande sonho seu se mudar para uma cidade grande. Fabiano encarou o papel por alguns minutos, porém não conseguiu escrever mais que “chegei em sao paulo”. Nunca tivera muitas experiências com cartas,nunca havia escrito uma. Guardou o papel no bolso, devolveu a caneta e voltou a procurar um lugar no qual pudesse trabalhar.

Estava escurecendo. Fabiano não fazia ideia de que horas eram ou de onde estava. Pensava em seus filhos e em sua esposa, no que estariam fazendo. O homem sentou-se na rua e observou a movimentada estrada da cidade grande. Avistou um mercado do outro lado da rua e pensou que poderia ser um bom lugar para conseguir dar dinheiro. Fabiano estava sujo, nenhum lugar o aceitaria se aparecesse daquele jeito. Entrou em um pequeno bar ao seu lado e procurou por um banheiro.. Antes que pudesse entrar no mercado, um segurança o encarou. Fabiano se imaginou no lugar dele e pensou que poderia ser um bom emprego. Ganharia dinheiro e era isso que importava. Ele encontrou um homem bem vestido, deveria ser o gerente. Pensou que o homem poderia ajudá-lo e foi falar com ele. Após uma conversa com o homem bem vestido, Fabiano entendeu que havia sido contratado e que trabalharia como segurança do mercado por alguns meses.

Fabiano estava trabalhando, porém ainda dormia

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nas ruas, algumas noites nem dormia e passou dias sem comer. Precisaria economizar o máximo que conseguisse para trazer sua família. Fabiano até que gostava de seu trabalho, tudo que precisava fazer era vestir as roupas que o mercado lhe dava e observar quem entrava e saía do mercado. Quatro meses depois e já havia economizado mais de quatro mil reais e conseguia comprar a comida que o sustou por alguns dias.

Dois meses depois, Fabiano conseguiu trazer sua família. Dormiram na rua por algumas semanas, mas em pouco tempo, Sinha Vitória arranjou um lugar para morar. Ela trabalhava como faxineira de uma casa grande e conseguiu um quarto para morar. Era pequeno, porém suficiente. Seus dois filhos estavam indo para a escola, aprendendo. Os dois conseguiam ler e escrever e Fabiano, por mais que não falasse, estava orgulhoso.

Marina Maia Kawaguchi Mãe contra dor

A situação estava difícil. Eu e meu esposo Cândido passávamos necessidade e vivíamos em extrema pobreza. Eu sei que ele se esforçava para trazer dinheiro para essa família, mas seu trabalho não era suficiente. Estávamos morando com a minha Tia Mônica. Meus pais faleceram quando eu tinha oito anos e Mônica me criou. Cândido e eu tínhamos acabado de descobrir a minha gravidez. Eu não fazia ideia de como contar para minha tia. Pedi que Cândido fizesse isso por mim.

—Ela pediu que levemos a criança à roda dos enjeitados logo após seu nascimento— Candido disse isso ao sair da cozinha.

Balancei a cabeça, concordando. Levantei-me e caminhei lentamente até o único quarto da casa. Ele era minúsculo, porém foi o lugar que encontrei para ficar sozinha. Deitei na cama e senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Limpei a lágrima rapidamente e engoli o choro. Não havia motivos para chorar, pois aquela era a situação e por mais difícil que fosse, precisava concordar com a minha tia. Já estava muito complicado com apenas três, com quatro pessoas na mesma casa seria impossível. Senti outra lágrima escorrer pelo meu rosto mas desta vez parecia ser mais pesado. Deixei que mais lágrimas descessem, e a dor tomou conta de mim. Fechei os olhos, e dormi. Sonhei com a minha mãe. Ela gritava. Em suas mãos ela segurava uma vara. Meu braço sangrava e eu estava chorando. Eu olhei para a janela da cozinha e senti um vento secando

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minhas lágrimas. Acordei com alguém abrindo a porta. Era minha tia. Ela me observou por alguns segundos. Respirou fundo e me pediu que a ajudasse com o jantar. Estava frio. A criança estava pronta para nascer. Eu havia me preparado para o dia em que veria meu filho pela primeira vez, sabendo que seria uma das últimas. Ele nasceu três semanas após o início do inverno. Era muito menor do que imaginei. Chorei ao pensar que teria que deixar aquele pequeno ser na Roda dos enjeitados, esperando que alguém pudesse criá-lo. Alguns dias depois, Mônica havia decidido que estava na hora de Cândido levá-lo. Não consegui dizer ou fazer nada enquanto meu filho bebia meu leite pela última vez. Apenas observei e pensei no quanto eu queria que ele soubesse o amor que eu tinha por ele. Será que ele receberia carinho? Será que sobreviveria? Senti um caroço na minha garganta e, antes que essa dor pudesse se transformar em qualquer lágrima, Cândido estendeu seus braços para mim, para buscar seu filho e levá-lo embora. Embrulhei-o em um cobertor que tia Mônica havia costurado e o beijei na cabeça da forma mais delicada e verdadeira que consegui. Cândido saiu. Eu não soube o que fazer por algum tempo. Olhei em volta e nada me alegrava. Pela janela consegui acompanhar o meu filho, embrulhado em um cobertor nos braços de seu pai, do lado de fora. Aquilo me fez sorrir. Depois de um dia não muito bom, eu consegui sentir uma esperança. Cândido estava demorando muito para voltar e eu e tia Mônica ficamos preocupadas. Depois de mais alguns minutos, ele entrou em casa, sorrindo. A criança ainda estava com ele. Como? Cândido jogou notas altas de dinheiro em cima da mesa. Meu filho chorava. Eu o peguei no colo e fiz com que dormisse. Abracei Cândido, sem perguntar como havia conseguido o dinheiro. Sentamos na mesa e jantamos felizes.

Mathias Bistriche Martins de Oliveira

O Filho Perdido

A vida de uma escrava não é nada fácil, é uma vida totalmente precária e às vezes sem menor sentido que nem dá nem vontade de viver. Sempre sendo obrigada a fazer tarefas à base de pancadas, chicoteadas ou abusos, sem receber nenhuma recompensa em troca. São sempre trabalhos pesados e que às vezes não tinha forças para fazer, porque estava grávida, provavelmente por um dos abusos do meu dono, se não de algum de seus trabalhadores. Com certeza, esse foi o pior período da minha vida.

Já não aguentava mais, todos os dias sendo tratada como um animal, sem nenhuma maneira de lazer, e sem liberdade. Então, decidi dar um fim a isso e viver livremente com meu filho em minhas mãos e longe da escravidão. Nem conseguia imaginar uma vida livre sem precisar servir a ninguém. Então planejei fugir pelos fundos enquanto ninguém via para poder correr para um beco que tinha lá perto e, quando estivesse seguro, ir para a casa de uma antiga amiga, que eu lembrava muito bem de sua casa e onde ficava. Ela me ajudaria a me recuperar com meu filho, e recomeçar a minha vida. Faria a minha fuga durante a noite e fugiria perto do pôr do sol antes de as pessoas acordarem.

Fui para a porta dos fundos quando não havia

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ninguém por perto e corri para o beco que eu havia planejado. O dia amanheceu, e pensei que a rua tinha esvaziado, porém estava cheia de cartazes e papéis informando que eu era uma escrava fugida e que a recompensa para quem me levasse de volta ao meu senhor seria de cem mil réis. Esperei a rua esvaziar um pouco para que eu pudesse fugir de perto daquele horrível lugar. Comecei a andar, com medo e atenta caso algo acontecesse. Quando eu ainda olhava para os lados, desse beco saía um homem com uma criança recém nascida no colo, não pensei duas vezes e continuei andando pensando em meu filho. Ele me olhou com um olhar suspeito e em seguida entrou em uma farmácia que ficava lá perto. Continuei a descer a rua e, passados alguns segundos ouvi um grito vindo de trás: —Arminda!

Era o homem que havia entrado na farmácia, que me reconheceu como escrava. Tentei correr, mas era tarde demais, em poucos segundos ele já estava segurando meu braço e amarrando-o. Pensei em gritar e pedir ajuda, mas pensei que não me ajudariam, e sim, o homem. Pedi que me soltasse: —Estou grávida, meu senhor! Exclamei. Eu serei tua escrava, vou servi-lo pelo tempo que quiser.

Ele não me deu ouvidos e apenas ordenava que eu seguisse. Eu fazia de tudo para me soltar, me arrastava e tentava fazer qualquer tipo de esforço para evitar que me pegasse.

Logo cheguei àquele lugar novamente. Deitada no chão e abortada, via o senhor entregando a recompensa ao homem e, em seguida, pedia que eu entrasse. A dor física não era nada comparada à dor sentimental. Senti a vida escorrer pelas minhas pernas.

Pablo Carvalho Reis Vida Nova

A família continuou a caminhar, cansados, pela longa estrada feita de terra. Fabiano considerou se abrigarem no bebedouro. O sol se pôs, e ainda não haviam achado água, Fabiano fincando sua bota no solo parou para analisar a situação, com poucos resquícios de luz em sua mente, pensou que a água dessa região havia secado. Em meio à escuridão, um lampejo de luz. Deixou a carga que carregava em um tronco seco, levando apenas um pano que guardava. Quando estava prestes a sair, lembrouse de pegar a espingarda e seu facão.

Procurou uma cactácea, uma planta típica da região, que já conhecia, com suas habilidades rurais teve a ideia de pegar a água armazenada em seus tecidos. Quanto mais demorava, via figuras feitas pela luz da lua na penumbra da noite, com um rápido reflexo viu um ser se movimentando, precisa foi sua mira, puxou o gatilho para tentar capturar o ser. Quando chegou mais perto viu um bicho parecido com um preá, morto com seu tiro, sua sorte foi ter atingido apenas sua cabeça, assim deixando todo o resto em boa condição. Sorriu contente, mas logo veio Baleia em sua mente, lembrou-se da cachorra pegando

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o preá e salvando a todos. Derramou uma lágrima pelos seus olhos reluzentes pela luz da lua, mas não fraquejou, não abaixou a cabeça e continuou firme em seu objetivo.

Focado em seu objetivo, amarrou o animal em sua calça para não cair, continuou a procurar. Sem muitas dificuldades encontrou um similar, cortou-o em pedaços com a peixeira, enrolou no pano e a levou consigo , chegando, percebeu um pequeno véu de fumaça, mesmo com o breu da noite ainda conseguia distinguir algumas coisas, preparou a espingarda, não sabia da situação. Será que Vitória teria sido raptada? Correu pensando nas piores hipóteses, e se deparou com uma fogueira, montada com pequenos gravetos secos dos arbustos e pedras.

Os meninos ajudaram a pegar as pedras e os gravetos! - Exclamou Sinhá Vitória.

Com um gesto de alegria mostrou suas conquistas, desembrulhou os pedaços de planta. Os outros não haviam entendido qual era seu propósito. E depois retirou da calça ,os bichos olharam gratificados, mas logo veio a imagem de Baleia em suas mentes, o menino mais novo caiu-se em lágrimas, o mais velho tentou mostrar uma postura rígida para seu irmão, mas estava quase se lamentando. Sinhá os acalmou e lembrou-lhes da caça de seu pai. Enquanto a carne cozinhava, Fabiano utilizou uma técnica aprendida em seus anos de vaqueiro, espremeu os pedaços da planta e fez cair água em uma jarra, com a comida que tiveram, comemoraram, Fabiano acendeu um tabaco, e logo mais tarde improvisaram uma cama para todos dormirem.

Acordaram no nascer do sol, Fabiano tivera uma ideia, começaram a procurar sinal de estradas. Com o sol se aproximando do meio dia ficaram preocupados, até os meninos ouviram sons de carros, Sinhá Vitória deulhes a ideia de pedir carona, Fabiano não achava que poderia dar certo, mas não havia outra opção. Depois de tempos esperando, uma carreta deixou-os subir a bordo. Seu destino era a cidade de São Paulo.

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Paulo Amato Sanches Filomeno

Vidas Secas na cidade

Após dois longos dias, finalmente, Fabiano, Sinhá Vitória, o filho mais velho e o filho mais novo, chegaram à rodoviária do Tietê, na capital de São Paulo. Assustados com tantas pessoas passando de um lado a outro, permaneceram juntos, agarrados uns aos outros, com os olhos arregalados. Não sabiam o que fazer, nem que atitude tomar. Até que um homem se aproximou e perguntou-lhes se precisavam de ajuda. Depois de cobrar grande parte das economias da família, o homem os deixou em um albergue.

Passaram-se alguns dias, Fabiano levou a família para uma nova moradia, embaixo do conhecido minhocão, lugar barulhento, onde conseguiram barracas para dormir, cobertores e sopa. Tudo oferecido pelo governo e trazido pela assistente social.

Sinha Vitória logo começou a trabalhar com reciclagem e conheceu muitas pessoas com esse novo trabalho. Colocou os meninos na escola. O menino mais velho gostava muito da escola, mas o menino mais novo não. Dizia que a escola só servia pra levar broncas e mais nada. Quando voltavam da escola os meninos iam vender balas para as pessoas

que estavam nos carros, parados no semáforo e, assim,Fabiano não se adaptou à nova vida. Aprendeu a fumar crack, viciou-se e Sinhá Vitória o mandou embora. Ele sumiu no mundo. Os meninos choraram muito. E choram até hoje .

Mas Sinha Vitória estava feliz da vida. Conseguiu emprego de faxineira e uma vez por semana limpava a casa de uma mulher rica. Quando a dona da casa saía, Sinha Vitória deitava na cama dela, que era uma cama de rainha, grande, bonita e cheirosa. E ela sonhava que a rainha era ela. E era mesmo.

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Pedro

de Pinho

Vidas à margem

Fazia cinco anos que Fabiano, Sinhá Vitória e os dois filhos tinham chegado a São Paulo após conseguirem fugir da seca do sertão nordestino. Mais fracos, mais miseráveis e sem saber o que o futuro reservaria à família.

Morando na rua em uma barraca, Fabiano trabalhava catando latinhas e Sinha Vitória trabalhava com seus filhos tentando vender água e balas em sinais de trânsito. Fabiano e sua família estranhavam a cidade, era muito barulhenta por causa dos carros, toda hora movimentada e o cheiro era horrível. Sentiam que não pertenciam a São Paulo, sentiam que não pertenciam a lugar nenhum.

A vida não mudava, andava com as pessoas os encarando como bichos de outra espécie e com o clima insuportável de chuva, frio e calor, corroendo os corpos e espíritos da família. A alimentação era bem ruim também, às vezes comendo restos de lixo ou conseguindo dinheiro suficiente para comprar um lanche bem barato para dividir entre os quatro.

O passado ainda os atormentava por causa de Baleia, a vida parecia que era pior do que no sertão, na verdade era ruim em qualquer lugar, o grande mundo não tinha lugar para eles a não ser a miséria profunda. Fabiano não conseguia muito dinheiro com o trabalho

de catador de latinhas, gastava a maior parte da grana recebida com cerveja no bar para aliviar sua angústia que a cada momento crescia, parecia um morto vivo feito a partir das pessoas que tinham o poder .

Quando chegava em casa bêbado, culpava as crianças e sua mulher por isso. Sinhá Vitória também estava muito angustiada, conseguia expressar-se melhor com palavras do que Fabiano . Era também dona de casa, descontava o medo do que poderia acontecer a ela, Fabiano e seus filhos, no menino mais novo e no mais velho.

Os meninos quando tinham um tempo livre, ficavam brincando perto da barraca, os dois conversavam muito, pensando sobre suas vidas e orando a Deus para que um dia pudessem ser realmente felizes. O ciclo interminável de pobreza perseguia-os de forma insaciável.

Fabiano encontrou um vira-lata que havia gostado dele, a quem deu o nome de Zeca. O cachorro deu esperanças à família para continuar lutando por uma vida minimamente feliz e digna. A miséria ainda seria o calcanhar de Aquiles da família, porém mais uma vez Fabiano, Sinhá Vitória e os filhos estariam unidos com um novo companheiro, agora teriam Zeca em seus braços.

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secas na cidade”

Fabiano e sua família chegaram a São Paulo num dia de chuva.

Depois de dez dias de viagem, de carona, num caminhão, eles viram a água cair do céu. Coisa que eles queriam ter visto lá no Sertão.

Eles viram muita chuva forte e tiveram medo da tempestade e do futuro.

Como eles podiam sobreviver assim?

Sendo que nunca tinham vivido essa experiência?

A família precisava encontrar um lugar para ficar, dormir. Também os adultos precisavam arranjar um emprego e as crianças precisavam estudar.

Fabiano e Sinha Vitória tinham medo do desemprego. Os meninos tinham medo de aprender a ler e escrever.

“Vidas
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135 Isadora Conde Torres

Equipe do Colégio Oswald

Professor de Português e Projeto Escrita: Evandro Rodrigues

Professores: História: Diego Lucena Ciências: Danilo Safi

Educação Artística: Bruno / Roger / Eric Jan / Arthur / João Paulo Nascimento Matemática: Rita Belinelo

Inglês: Juliana Cernea, Luciana Palmieri e Gabriel Max do Prado Nogueira Geografia: Bruno Picchi

Ed. Física: João Simão / Julia Santos / Eduardo Longhi

Projeto Intervenção: Marina Faria

Monitora de Língua Portuguesa Revisão e organização dos materiais da revista: Gabrielle Sá Vital dos Santos

Assessora de Língua Portuguesa: Vivian Cristina Gusmão

Coordenação: Fernando Pimentel

Assistente de Coordenação: Carolina Mormanno

Direção: Andrea Andreucci Ramos Maria Revista Digital do 9o ano - 2022 Nó Na Palavra Criação e diagramação: Editoração – Central OEP

Coordenação: Thiene Ferreira

Editoração: Efigênia Pereira

Ilustrações Vetoriais: Efigênia Pereira e vetores projetados por Freepik (imagens gratuitas)

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Pablo Carvalho Reis Vida Nova

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pages 130-131

Pedro Bittar de Pinho Vidas à margem

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page 133

Marina Maia Kawaguchi Mãe contra dor

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page 128

Paulo Amato Sanches Filomeno Vidas Secas na cidade

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Mathias Bistriche M de Oliveira O Filho Perdido

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Marina Maia Kawaguchi Vidas secas na cidade

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Mariana Ferreira Tome Machado Vidas, Não Tão Mais Secas

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Maria Clara dos S Leite Ribeiro Vidas Secas na cidade

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Lucca Maschietto Previtali Quase vidas, inférteis

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Lorena Moreno O fantasma de Utopia

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Lorena Moreno João, o menino mais velho

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Leonardo T Marques Pereira Arminda pai contra mãe

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Francisco Foschini Targa Vidas secas na grande cidade

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Carolina Faidiga da Costa Após o inferno

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Carolina Faidiga da Costa Maternidade

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Leonardo de Oliveira Pereira Heitor, João e Davi

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Bruno Cortez Celli Vidas Secas: Cidade Grande

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Bernardo Saboya de Siqueira A seca da cidade

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Anna Clara de Aguiar Rodrigues O encontro com a civilização

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Anna Bella R. A. Torres Camargo Vidas e Mortes

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Tiê Ornellas Toledo de Menezes Vidas Podres

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Roberta Palomo Kruschewsky Mudança para a cidade

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Pedro Henrique Dantas Sousa A seca: Um ciclo sem fim

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Murilo Niero Mudança

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Marina Prieto Moriya Tia contra sobrinha

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Diogo Pedroso Corradini Mundo do trabalho

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Alice Romera Damberg Uso de drogas na adolescência

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