LiteraLivre Vl. 4 - nº 24 – Nov./Dez. de 2020
Carmem Aparecida Gomes Ipameri/GO
Ventos Em algum lugar dentro de nós, simples seres mortais habita a esperança. A esperança oculta a nossa tristeza e desalento e nos tornam pessoas sonhadoras. Os sonhos de um ser esperançoso são como os ventos mensageiros do infortúnio, frios e gélidos que nos transportam ao desequilíbrio e nos amedrontam. E ainda insistem em ordenar que nossas emoções sejam recolhidas num baú amaldiçoado como vultos imaginários em noites negras e solitárias. Ventos que balançam árvores e arrancam a força e sem pedir licença suas folhas, despetalam rosas e flores e para nos adoecer esvoaçam as nossas cortinas trazendo-nos medo e temor do que jaz lá fora no sepulcro do tempo. Tal medo e temor fazem de nossa liberdade uma reclusa. Não é justo! Ventos livres, bailando atrevidos adentrando jardins floridos e bulindo a meiga Azaleia. Ventos audaciosos assoprando e derrubando para o solo o frágil ninho do BeijaFlor que com muita valentia não demora a reconstruir outro ninho mais perfeito, obedecendo à soberana natureza. Nós seres mortais com a nossa esperança oculta nos assemelham ao Jasmim soprado pelo o vento e no meio da tormenta adentrou a janela e se confinou atrás do inerte porta retrato. Só nos restam encontrar forças e nos agarrar a esperança para superar esse desequilíbrio que nos arrastam para labirintos como gotas de orvalhos sem destinos na escuridão. A nós só nos restam esperarmos o acalmar da tormenta para outra vez nos tornarmos seres livres e VIVOS. (Quarentena/2020)
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