LiteraLivre Vl. 4 - nº 24 – Nov./Dez. de 2020
Francisco Cleiton Limeira de Sousa Poço Dantas/PB
Vovó Hoje foi um dia incrivelmente emocionante. Fui, como de costume, tomar café na casa da minha avó após ter lido dezenas de páginas sob pressão, eram textos acadêmicos... Deitado no sofá e degustando o melhor café do mundo, depois do meu, é claro. De repente, ouço a voz da coisa mais preciosa do mundo... Começa a me relatar um sonho, foi lindo. Eu sabia que alguém ia chorar, e de novo, não fui eu... Era manhã de sol preguiçoso - no sonho - quando meu bisavô paterno, o mesmo que chamava o lugar no qual residimos de "Tanquinho de açúcar", se aproximou da minha preciosidade e convidou-a para embarcar com ele naquela aventura infinita, visto que lá tudo é desconhecido, ninguém nunca soube explicar direito a sua grandiosidade, mas não era um local assustador, tudo brilhava, todas as cores se emaranhavam, formando um belo arco-íris. Inácio Limeira, nome eternizado nesse poema, pela escrita de alguém resultante de lutas e abdicações de gerações para que cá vos escrevesse, usava do seu vocabulário não tão amplo para persuadir a minha avó. Encosta aqui o ouvido que vou te esclarecer a sua proposta. Veja, queria nada mais que companhia naquela aventura - mas de modo infinito. Contrariando-o pela primeira vez na vida (ela ainda tinha, a física; ele já não mais) afirmou com dores no cardíaco coração não ser capaz. A justificativa foi linda, proteger as filhas que a cercam e ceder amor aos netos, os seis netos. Ele entendeu... Não julgou-a, disse está tudo em paz e que voltaria para o seu quarto para descansar e tomar um chá. E... Saiu, todo corcunda. A minha avó acordou, dos seus olhos escorriam lágrimas. Na minha frente, chorou, dos seus olhos escorriam lágrimas, lágrimas escorriam... Escorriam... Lágrimas. Eu fotografei tudo no coração. Nunca tomei um café tão cheio de sabores. https://cleitonlimeira3930.wixsite.com/poesie-sea-1/blog/ https://www.facebook.com/cleiton.limeira.3
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