LiteraLivre Vl. 4 - nº 24 – Nov./Dez. de 2020
JAX
Do Nascer do Mar ao Marulhar do Sol, Naquela Praia Delirante
Manhã de sol que promete. Céu cristalino, brisa suave. Mulher caminha à beira-mar. Cachorro dá saltos, corre pra lá e pra cá. Dois projetos de atletas também correm na areia fofa, como a demonstrar seu preparo físico. Do outro lado da avenida, sentado no bar, mas por ora bebendo da sua pura imaginação, o jovem Tiago contempla a cena. Tece comentários em pensamento, dirigidos aos amigos, colegas do colégio, que ali nem mais se encontram. Ele não procura respostas, na verdade. Busca inspiração, tãosomente. Quer escrever algo dedicado à sua atriz favorita, Jane Loren, ou então à menina que flutua sobre o mar, romanticamente, a relembrar antiga paixão dos quinze anos.
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Enquanto não vem a inspiração, acompanha os movimentos, ora da mulher, ora do cachorro. Rabisca lembranças imperfeitas, imagens inexatas, analogias nada convincentes... Num banco da calçada, a jovem fita seu namorado com amor que transcende o casal e espalha-se pela praia, por todo o bairro. Prenúncio de uma união cuja felicidade só será ligeiramente perturbada pelas exnamoradas do moço, pelos pretendentes da moça, pelos credores, pelos filhos, pelos vizinhos, por sogras e sogros, pelo guarda de trânsito, pelo síndico, pelo papagaio do armazém, pelas baratas, pelas moscas e por todos os demais insetos que infestam a Cidade Maravilhosa,