LiteraLivre Vl. 4 - nº 24 – Nov./Dez. de 2020
Jeovânia P. Bayeux/PB
As Vestes de Eva
Só quando se banha
No canto da tela
No mar de palavras douradas
Sua sombra
Como se fossem areia
Formando a beleza da obra
É que podemos ver O tornear de suas pernas
Nem uns tantos impuros Saberiam
Quando a água de palavras
Que no caminho do poeta
Vai caindo de seu corpo
Ao céu
Ela vai ficando transparente
Ela é madre E rainha
Quando não há mais nenhuma gota de palavra
Existem alguns
Em seu corpo
Que quando a garota de Ipanema
Só vemos à paisagem
Ou a vizinha de Caymim Passam
A poética está ali
Sabem
Mas não é visível
Que há aí uma deusa
Aos nossos olhos
Uma Eva Vestida para matar
Só o artista a vê Traduz ela
É com essa condição
Em tantos modos de ser
De poucos
Que leigos não notamos
De parcos homens
A dama no quadro
Que não andam
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