José Brites-Neto
CORES DA PÁTRIA Vermelho não é o sangue que jorra em tuas artérias, Pois o teu coração não é alma, é só matéria. Venoso, estás, pelo entojo da pobreza, Roxo como hematomas de uma estúpida prepotência. Que nutre cartuchos mortíferos nas favelas, Entremeados pelo choro de um povo que vai às capelas, Ou que assiste passivo, o teatro da vida nas novelas. Embevecido pelos males residentes na ignorância, De ver o inútil morrer pelas ruas, de tuas crianças, Sem escola, sem brincadeiras, sem infância. Verde era o enredo do teu patrimônio, Que entregas em silêncio sem parcimônia. Azul era o céu da tua esperança, Era o mar da tua abundância, Hoje não passa de uma cinzenta lembrança. Amarelo era o brilho dourado de um largo sorriso, Que com o tempo ficou cariado por tanto vício.
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