BRASILEIRO
BUNKER Fico preso, escondido, angustiado. Reprimido, suprimido, amargurado. Minha existência, já não existe. Fui reconfigurado. Já não sou mais cidadão. Sou o obséquio de uma triste solidão. Sou o opróbrio do verso que não foi sentido. Sou a canção que nunca foi ouvida. A sílaba mal esculpida. Sou um autor sem criação. Sou apenas mais um que será esquecido. Em minha própria maldição de ser como espécie. Acabei com vidas e vivo sozinho na escuridão. Marcas, farpas, cicatrizes nulas. De indivíduos sem noção. Sem caminho, sem destino, sem curvas. Onde estou e onde todos estão? Sem todos, tolos, nada. Que grande presepada! Estou mudo e perdido na mesma estrada. Rumo a meu próprio mundo. A um universo sem nada. Destino sem qualquer jornada. Meu fim de inaudita morada. Sou apenas mais um corpo. 41