José Brites-Neto
FORMIGUINHAS SEM AMANHÃ Futuro onde estarás, se não vemos agora onde estás? Seu lampejo de brilho nas escolas tem sido tão fugaz. Nenhuma esperança de aurora nos traz. Maltratadas nas esquinas da vida, Comendo migalhas como famintas formigas, Maltrapilhas em sua dura e cruel miséria, Sem alegrias, contidas numa alma tão séria. Mal ensinadas na escolha de um precoce trabalho, Como cartas avulsas e perdidas em um velho baralho. Nem a sorte, na arrogância deste teatro, Mudará seu destino de fogo-fátuo. Trabalha, pois, o inocente menino, Para poder reverter o prazer aos cassinos. Sem amor são treinados como hordas canalhas, Escravos urbanos de uma infernal senzala. Na rotina entorpecente de brincadeiras armadas, A escolha irreverente entre a cruz e a espada.
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