Seafood Brasil #48

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ESPECIAL

Semana Santa demora a engrenar, mas bate recordes históricos

MKT & INVESTIMENTOS

Boston, Barcelona, Anufood, Aquaciência, Frente Parlamentar e o mapa do pescado na Apas Show

A magia da maricultura

Com produção, beneficiamento e comércio, Florianópolis se tornou o pilar nacional do cultivo de ostras, algas e mexilhões

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 1 seafood
#48 - Mar/Abr 2023 ISSN 2319-0450
brasil www.seafoodbrasil.com.br
Verifique aqui

Sangue, suor e lágrimas. É a sensação que vem logo à cabeça quando penso nesta primeira década da Seafood Brasil. A aventura começou em 2013, com o empurrão do meu mentor, o jornalista argentino Julio Torre, que me sugeriu o registro do domínio web www.seafoodbrasil.com.br

Na sequência, eu e ele começamos a pensar em uma versão da revista argentina REDES & Seafood para o emergente mercado brasileiro de pescado. Meses depois, conseguimos publicar a primeira edição da revista, que estreou na Apas daquele ano - discretamente, como é nosso estilo.

Para dizer a verdade, o que saiu mesmo foi este folheto de 16 páginas que você vê na foto e nós distribuímos, estande por estande, graças ao patrocínio de um punhado de empresas argentinas e do Alaska Seafood Marketing Institute - até hoje, nosso anunciante mais fiel. A recepção foi melhor do que esperávamos, o que nos deu o impulso necessário para ampliar o número de páginas - e os objetivos. Ao “folheto”, agregamos uma camada online, depois um anuário, uma plataforma de big data e o evento com o qual sonhávamos desde o início, a Seafood Show Latin America.

06

Capa 44

Expediente

Redação redacao@seafoodbrasil.com.br

Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres

Editor-chefe: Ricardo Torres

Editor-executivo: Léo Martins

Repórter: Fabi Fonseca

Diagramação: Emerson Freire

Comercial comercial@seafoodbrasil.com.br

Tiago Oliveira Bueno

Apesar dos 10 anos, ainda sinto que estamos no início da nossa trajetória de fomento ao mercado de pescado. É triste saber que meu pai, Helio Torres, não estará mais nela como esteve em todos os anos anteriores, mas ele ficaria muito contente em saber que o futuro da Seafood Brasil será escrito por pessoas apaixonadas pelo que fazem, como Tiago Bueno, Emerson Freire, Fabi Fonseca, Léo Martins e Marcelo Tárraga. Agradeço também a tod@s que passaram por aqui em anos anteriores, cada um foi fundamental para a evolução do negócio. Em nome de todos, expresso uma enorme gratidão aos parceiros, a quem sempre procuramos dar retorno ao investimento em nossos canais, e aos nossos leitores, que sempre nos incentivaram a persistir em busca de edições e produtos melhores. Vamos juntos em busca dos próximos 10 anos!

(PS: Não sobrou espaço para dizer, mas esta edição faz jus aos nossos 10 anos. Tem pré-Apas, balanço da Páscoa, Boston, Barcelona, maricultura em Floripa e muito mais. Boa leitura!)

Sede – Brasil R. Serranos, 232 São Paulo - SP - CEP 04147-030 Tel.: (+55 11) 2361-6000

Escritório comercial na

18.554.556/0001-95

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Editorial
Índice Na Água 08
40
Gôndola
Perguntas
Na Planta
42 Caiu na Rede
Especial 64 Na
62 Na Cozinha 72 5
Argentina Av. Boedo, 646. Piso 6. Oficina C (1218)Buenos Aires julio@seafoodbrasil.com.br
www.seafoodbrasil.com.br /seafoodbrasil /seafoodbrasil /seafoodbrasil
MKT
10
Impressão Máxi Gráfica A Seafood Brasil é uma publicação da Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ
10 anos
& Investimentos
Ricardo Torres - Editor
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Personagem

Entrevista

Euroceticismo

Consumo de pescado em queda na Espanha, guerra na Ucrânia, dificuldades pós-Brexit e restrições da política pesqueira comum acendem alerta no velho continente

Javier Garat Pérez é um dos maiores porta-vozes da indústria pesqueira global e anda bastante cético sobre os rumos do setor. A única concessão ao ceticismo que ele fez em entrevista exclusiva à Seafood Brasil foi uma celebração discreta da assinatura do acordo BBNJ, ou Tratado do Alto-Mar, em março. “Depois de intensas negociações, chegou-se a um acordo que conseguiu, entre outras coisas, conscientizar os negociadores sobre a importância das organizações regionais de pesca existentes e a gestão pesqueira.”

A defesa das Organizações Regionais de Ordenamento Pesqueiro (OROPs) é uma das principais bandeiras deste espanhol, presidente da Coalizão Internacional das Associações de Pesca, secretáriogeral da Confederação Espanhola de Pesca (Cepesca) e também presidente da Associação de Organizações Nacionais de Empresas de Pesca da União Européia (Europêche). Mestre em Direito Internacional, Pérez é uma presença frequente nos principais fóruns internacionais relativos à pesca e conservação dos oceanos, mas sempre na defesa do ponto de vista da pesca legal reportada de acordo com a legislação europeia.

Na entrevista a seguir, ele critica e analisa as consequências para a atividade pesqueira em águas europeias à decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, que também sente os impactos das restrições determinadas pela política pesqueira comum do bloco, cada vez maiores. Na outra ponta, ele também alerta para a queda no consumo de pescado na Espanha, país com os maiores índices de ingestão de produtos aquáticos do continente. “O consumo destes produtos diminuiu 25% desde 2008, o que

preocupa pelo impacto no setor e na saúde dos espanhóis”, sublinha.

1 Como é a sua atuação nestas entidades regionais Cepesca e Europêche?

Na Cepesca, o meu papel é defender os interesses das associações de armadores e organizações de produtores, que representam cerca de 800 empresas e 900 embarcações que pescam tanto nas águas da União Europeia, como nas águas de países terceiros e no alto mar.

Defendemos os interesses dos associados par a que sejam o mais competitivos possível e trabalhem de forma responsável e sustentável , com foco na conservação da biodiversidade, no uso sustentável dos recursos naturais e na segurança alimentar. No Cepesca, temos um diálogo com os diferentes órgãos do Governo, o Senado, os demais stakeholders, como as ONGs, os consumidores, os sindicatos, entre outros.

Já na Europêche, defendo os interesses das organizações europeias de pesca na União Europeia e promovo o diálogo com a Comissão Europeia, com o Parlamento Europeu, com o Comitê Econômico e Social Europeu, entre outras entidades. Nós acreditamos que na União Europeia temos os padrões mais altos do mundo em todos os sentidos, conservação, social, laboral, segurança, sanidade etc. E isso só aumenta. Um plano recente fechou 87 zonas de pesca na Espanha, França, Portugal e Irlanda, na teoria, para proteger os ecossistemas marinhos. Mas na prática, foram proibidas todas as artes de fundo, como o arrrasto, espinhel, emalhe. No entanto, proibir o espinhel de fundo significa proibir uma pesca de anzol, que causa impacto mínimo no fundo do mar.

2 Que impacto teve o Brexit na pesca europeia?

A saída do Reino Unido da União Europeia foi um erro grave. No campo das pescas, era compreensível que os pescadores britânicos quisessem deixar a União Europeia por causa da Política Pesqueira Comum. No entanto, isso gerou uma série de problemas para as pescarias europeias, que tiveram que se adaptar à nova realidade.

Mitigar os impactos do Brexit tem sido um processo longo e difícil. Acordos tiveram de ser negociados entre a União Européia e o Reino Unido para garantir o acesso às águas e aos recursos pesqueiros, mas esses acordos tiveram certas limitações e restrições que afetaram a pesca europeia.

A União Europeia teve de abdicar de 25% das suas possibilidades de pesca nas águas do Reino Unido, o que teve consequências graves para alguns países como a Irlanda, Dinamarca, Holanda e França. Além disso, a frota bacalhoeira de alguns países está sofrendo um impacto significativo. Também houve caos administrativo no início, pois a alfândega não estava preparada para o aumento da papelada envolvida no trânsito de mercadorias do Reino Unido.

As questões da pesca foram as últimas a serem encerradas nas negociações do Brexit. O governo britânico usou os aspectos emocionais da pesca para

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Texto: Ricardo Torres a Javier Garat Pérez, presidente da Coalizão Internacional de Associações Pesqueiras (IFCA) Divulgação

justificar sua saída da UE, gerando nacionalismo e expectativas entre os cidadãos que posteriormente não foram atendidas. A União Europeia teve de abdicar das quotas de bacalhau que não eram pescadas no Reino Unido, mas na Noruega e Rússia, o que teve graves consequências para alguns países da UE. Além disso, as possibilidades de pesca têm agora de ser negociadas recurso a recurso com a UE, como se o Reino Unido fosse apenas mais um país terceiro.

3 O setor pesqueiro valorizou e reconheceu como “histórico” o Acordo Internacional sobre a Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica Marinha de áreas além da jurisdição nacional (BBNJ). Qual é a sua visão a respeito?

Após intensas negociações, chegou-se a um acordo que, entre outras coisas, conscientizou os negociadores sobre a importância das OROPs pesqueiras regionais existentes e da gestão pesqueira. Além disso, a pesca e o pescado foram deixados de fora das negociações - consta no texto que as competências dessas organizações serão respeitadas e os estudos de impacto ambiental serão coordenados com elas. Estas OROPs mostram que já existem instrumentos legais, corpos científicos e organizações multilaterais nas quais os governos chegam a acordos para gerir a pesca em alto mar em função das diferentes espécies existentes.

O acordo foi pressionado por algumas fundações norte-americanas que buscavam a proibição da pesca em alto mar, mas essa medida foi evitada, reforçando o papel das organizações pesqueiras regionais e dando aos cientistas mais meios para realizar seu trabalho. Ficou claro que os poderes dessas organizações não serão prejudicados de forma alguma e que em nenhum caso, a pesca poderá fazer parte das negociações sobre recursos genéticos marinhos.

4 Há diversas questões sensíveis no Atlântico Sul, como capturas ilegais de diversos países dentro das

200 milhas náuticas da Argentina, por exemplo. De que forma as instituições que você representa podem colaborar com outras locais, como a OPRAS, por exemplo?

A discussão sobre a pesca também tem a ver com a soberania dos países. Às vezes, argumentos ambientais são usados, mas há outras questões por trás deles. A partir da década de 1970, quando foram estabelecidas as zonas econômicas exclusivas, as relações dos países com países terceiros mudaram no sentido de que eles não podiam mais pescar nessas águas, o que exigiu firmar acordos com esses países terceiros. Isso possibilitou, por exemplo, a criação de sociedades mistas entre empresas espanholas e argentinas. Algumas foram um grande êxito e funcionam até hoje. Já outras não deram certo.

Instituições locais, como a Capeca, estão em diálogo com a frota europeia para saber como ocorre a presença dela e qual a sua atuação na questão das duzentas milhas. Na minha opinião, existe uma colaboração muito boa entre empresas européias e organizações argentinas. Só não avançamos no sentido de ter uma organização regional por conta das Ilhas Malvinas (Falkland, para os ingleses). Este tem sido o freio para criar uma Organização Regional da Pesca ali. O Brasil também pertence à OPRAS e Alpescas e está em interlocução constante com a IFCA.

5 O consumo de pescado está em queda na Espanha. A que se deve esta mudança no comportamento do consumidor local, que sempre ingeriu muito pescado?

Desde o ano de 2008, a tendência do consumo doméstico de produtos da pesca é descendente. Especificamente, o consumo de pescado caiu cerca de 25% desde 2008 até o presente , número esse que é muito preocupante não só pelo impacto que pode ter no setor, mas sobretudo, pela saúde dos espanhóis. O Dr. Guillermo Aldama, cardiologista da Universidade de La Coruña, é um médico especializado nestas questões e apaixonado pelo consumo de peixe e pelos benefícios

que traz para a população em geral. Ele disse que se os padrões de consumo que tínhamos até poucos anos atrás não mudassem, no ano 2030, seríamos o país mais longevo do mundo , isto é, viveríamos mais tempo que os japoneses. Mas é claro que isso se mantivéssemos os padrões de alimentação saudável que temos hoje, com a dieta tradicionalmente conhecida como mediterrânea.

Isso vem mudando por vários fatores, como os hábitos de consumo dos cidadãos, por exemplo. Aqui na Espanha, sempre se vendeu peixe inteiro ou em filés, mas sempre com algum preparo complementar em casa. Como não temos mais tanto tempo para se dedicar a cozinhar, isso foi se perdendo. Além disso, desde 2008, não temos mais o FROM, um fundo de regulação dos mercados que realizou campanhas promocionais muito importantes sobre a importância do consumo de pescado, consumo responsável e respeito pelos tamanhos mínimos - essas campanhas tiveram grande notoriedade na Espanha, seja na televisão, na rádio ou na mídia em geral. Com cerca de 10 milhões de euros por ano de investimento, isso gerou um impacto considerável junto dos consumidores.

Nós calculamos que na Espanha, destinam-se cerca de 12 bilhões de euros anuais de gasto sanitário por enfermidades associadas à má alimentação. Por este motivo, estamos pedindo a redução do IVA (Imposto de Valor Agregado), como foi feito com outros produtos, para que os pescados e frutos do mar possam ser mais acessíveis aos consumidores e tenham ao menos 10% menos de preço. Estamos convencidos de que o impacto nos consumidores que apostam por este consumo teria consequências muito positivas na saúde dos consumidores e, por tanto, uma redução considerável a médio prazo no gasto sanitário. Segundo o Dr. Aldama, de cada 100 euros, 97 são destinados à cura e só 3 são empregados na prevenção.

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O consumo de pescado [na Espanha] caiu cerca de vinte e cinco por cento desde2008atéopresente.Éumnúmeromuitopreocupante,nãosópelo impacto que pode ter no setor, mas sobretudo pela saúde dos espanhóis.”

Na Água

Tecnologia para pesca e criação

Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Quem come

beta, vira alfa

Para quem procura um aditivo para uma alimentação animal rica em beta 1,3/1,6 glucanos altamente purificados, expostos e preservados, o MacroGard é altamente indicado. Criado pela Biorigin, o produto é produzido a partir de uma cepa especialmente selecionada da levedura de Saccharomyces cerevisae. Segundo a empresa, a inclusão de beta 1,3/1,6 glucanos nas dietas de organismos aquáticos, animais de produção e de companhia tem o potencial de equilibrar suas defesas naturais contribuindo para uma proteção mais eficiente frente os desafios aos quais estes animais são submetidos. Disponibilizado em sacos de 25 kg, o MacroGard ainda contribui para o equilíbrio da microbiota intestinal e para melhor estado de saúde do animal, otimizando a eficácia das vacinas.

Radiação UV do bem

A Hyalin desenvolveu os esterilizadores UVC, equipamentos que ajudam a esterilizar ambientes aquáticos. Eles são fabricados em aço inoxidável AISI 304 com polimento eletrolítico interno e externo, para aumentar a refletividade da câmara de esterilização e dosagem de radiação UV-C, buscando uma esterilização da água mais eficiente. A linha conta com os

esterilizadores de baixa pressão no bulbo da lâmpada nas potências de 18 W, 36 W, 55 W e 95 W, bem como esterilizadores de média pressão no bulbo da lâmpada disponíveis nas potências 400 W, 800 W e 1.200 W.

Para segurar até o Homem-Aranha

Disponibilizado para quem procura aliar durabilidade a preço, os tanques-rede da Iarema são fabricados com tela em arame galvanizado e revestidos em PVC. A empresa ainda informa que todos os tanques-rede dessa categoria são costurados malha a malha em uma estrutura sólida de alumínios e sem soldas. Por fim, a Iarema disponibiliza essa solução em 19 mm fio 18, 15 mm fio 18 e 25 mm fio 16, todas em tamanhos que variam entre 2,0 m x 2,0 m x 1,20 m e 3,0 m x 3,0 m x 2,00 m.

O traje a rigor da aquicultura

A Beraqua aposta em seu macacão de PVC com bota integrada para garantir a segurança e conforto. Forrado com tecido poliéster, ajuste com tirantes e bolso interno, a roupa é profissional e adequada para o dia de trabalho na aquicultura, fornecendo melhor rendimento e produtividade do usuário no manejo diário dos viveiros/tanques. Ainda segundo a empresa, o macacão é confeccionado com tecido mais espesso, tem altura até próxima das axilas e possui suspensórios elásticos reguláveis. Por fim, a bota é 10 cm mais curta para maior mobilidade durante o trabalho e tem um solado com desenho e material especial para garantir maior aderência e tração.

Para inspirar, respirar e não pirar

O injetor de oxigênio Nozzle a3 da All Aqua Aeration é a solução que combina a aeração, desgaseificação e circulação em somente um pacote. Distribuído pela Trevisan no Brasil, o produto ainda usa apenas uma fonte de energia. Para a função de aeração, o destaque fica por conta da força da bomba para recircular a água através dos injetores patenteados, aumentando em 3x o volume de água a ser bombeado.

Já a desgaseificação retira o CO² da água permitindo que o sistema respiratório absorva mais oxigênio e aumente o metabolismo dos animais cultivados. Por fim, a circulação usa a energia não gasta na compressão do ar para mover a água criando um maior fluxo natural, que é ajustável girando a direção do nozzle.

Banheira produtiva

Um tanque em lona de alta resistência com proteção contra raios UV, para criação de peixes/ camarão ou armazenamento de água com sustentação em tela de aço galvanizado. É para proporcionar essas características que a Telas e Tanque Rede – RHV disponibiliza o seu tanque circular suspenso/ australiano em tela. A solução possui um sistema de drenagem centralizado no fundo do reservatório para esgotamento total, com acoplamento e anel de vedação em borracha de alta resistência. Além de acompanhar manual de montagem e kit reparo, o tanque está disponível nas capacidades de 5.300 litros, 10.180 litros e 15.200 litros.

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Marketing & Investimentos

Um olho no peixe e o outro em Boston

Seafood Expo North America movimenta a indústria de pescado com empresários e representantes de instituições brasileiras marcando presença com forte foco no mercado norte-americano

Uma das principais feiras de pescado do mundo, a Seafood Expo North America/Seafood Processing North America, aconteceu entre 12 e 14 de março em Boston (EUA) e, como era de se esperar, toda a indústria de pescado ficou de olho nas movimentações, tendências e novidades que a feira costuma possibilitar.

Neste ano, a participação de 14 empresas expositoras brasileiras e três instituições do setor no pavilhão brasileiro e no estande da Agência Brasileira de Promoção de Exportações

SEAFOOD
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BRASIL
MAR/ABR
Texto: Fabi Fonseca Seafood Brasil Seafood Expo North America trouxe novidades em tecnologias e tendências, destacando também o papel do consumidor e a busca por saudabilidade

e Investimentos (ApexBrasil) foi uma das atrações da 41ª edição do evento.

“A feira foi ótima, os empresários ficaram bastante satisfeitos e tinha um movimento bem maior do que os anos anteriores. O público também era mais qualificado, ou seja, mais objetivo e mais focado no que eles estão procurando em termos de produto, marca e qualidade”, destaca a executiva da Apex, Deborah Rossoni. Conforme a executiva, as empresas brasileiras têm plena capacidade de atender todas as exigências do mercado norte-americano. Nos estandes, por exemplo, os destaques foram para produtos como lagosta, camarão e diversos peixes da aquicultura e pesca extrativa.

Liliam Catunda, diretora de relações institucionais da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), destaca que os associados observaram um movimento maior que no ano passado. “Sentimos um aquecimento no mercado, com maior procura por produtos brasileiros. Agora é continuar trabalhando internamente no Brasil para fomentar ainda mais esse mercado”, diz.

“A feira estava cheia, literalmente, de expositores e compradores, haja vista que os asiáticos voltaram”, pontua o presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), Francisco Medeiros. “O Brasil, hoje, já é procurado como um fornecedor de tilápia. Então, já faz parte da visita de quem vai à feira fazer negócio, algo que não acontecia até 2019 quando literalmente, tínhamos que laçar os potenciais compradores”, fala. Ele destaca também que a feira possibilitou visitas de quem já negocia com as empresas nacionais, mas que ainda não conhecia pessoalmente o vendedor brasileiro.

Já Cadu Villaça, consultor técnico e científico do Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca do Ceará (Sindfrio),

ressalta como essa foi uma ótima edição, justamente pela chance de se fazer o networking seja com clientes existentes, potenciais ou com fornecedores. “Além de ser uma vitrine de tendências e inovação, as palestras e eventos que acontecem o tempo todo nas salas privadas são também uma ótima oportunidade de aprendizado e atualização”, completa.

A Seafood Brasil também esteve presente na edição com a cobertura especial do gerente de contas, Tiago Bueno. “Não tenho muita experiência com o evento em Boston, mas a impressão que fiquei é de que essa edição foi muito importante para o Brasil. Nem mesmo um voo que saiu atrasado [do Brasil] serviu para tirar os ânimos dos brasileiros”, conta Bueno.

Bueno também ressalta a grande presença de empresários, não só no estande da Apex Brasil, mas também pelos corredores do pavilhão do evento. “Era muito comum encontrar rostos conhecidos por nós e, além disso, também encontrei fora do estande da Apex uma empresa da Amazônia que tinha um espaço exclusivo [ Amazonfish Pescado]. Com certeza esse ambiente proporcionou ótimas experiências para todo mundo”, completa.

Um toque de Brasil em Boston

O pavilhão brasileiro da feira deste ano recebeu as empresas nacionais Allmare, Amazon Export, Ayamo, C.Vale, Cais do Atlântico, Caviar Brasil, Copacol, EMC Amazonia, Fider Pescados, Greenfish Brasil, Independent Brazil, JC Pescados, Produmar e Rondofish Pescado. Além disso, também estiveram presentes as associações Abipesca), PeixeBR e Sindfrio.

Fernando Aguiar, gerente comercial da C.Vale, ressalta que a edição foi a primeira com participação da empresa desde que iniciaram a produção e comercialização de tilápias, em 2017.

Por isso, havia uma expectativa grande com o evento. “Nossa maior novidade foi poder nos comunicar diretamente com nossos clientes e público em geral sobre o cooperativismo e alguns de seus princípios, bem como sobre nosso sistema de produção integrado”, fala. “Uma feira madura, direcionada, profissional e muito bem organizada. A Seafood Expo North America 2023 superou as nossas expectativas”, completa o gerente.

Juliano Kubitza, gerente de Unidade de Negócio da Fider Pescados, diz que a empresa levou a Boston o produto que é a sua marca: o filé de tilápia fresco. “Excelente evento em termos de quantidade e qualidade de visitantes. O mundo do peixe se conecta”, pontua.

O CEO da EMC Amazon, Emanuel Marcal, destaca que o evento contou com todo o portfólio de pescado amazônico da empresa e que é o mais interessante para o setor de pescado brasileiro. “Seja por reunir os grandes players que concorrem a nível global, bem como pelas ofertas no segmento de beneficiamento e processamento. As inovações podem ser incorporadas aos processos no Brasil ou intercâmbio de mercados entre as três divisões do continente onde desenvolvemos negócios. Foram fechadas parcerias nos três níveis de atuação do nosso modelo”, celebra.

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Gerente de contas da Seafood Brasil, Tiago Bueno acompanhou de perto a movimentação brasileira e estrangeira em Boston Seafood Brasil

Por sua vez, a Bottarga Gold, do Grupo Caviar Brasil, também esteve em Boston e levou a sua linha de produtos. Além disso, ainda contou com as ovas de tainha e tainhas frescas congeladas exclusivamente para exportação. “Para nós, foi excelente, pois fazia mais de três anos que não participávamos de feiras. Ou seja, nosso sentimento foi de reconhecimento da nossa marca”, fala o diretor comercial da empresa, Bernardo Fuck.

Também presente na feira, mas fora do estande da ApexBrasil, Moisés David Bicharra, CEO da Amazonfish

Pescados, conta que a experiência com o evento “foi maravilhosa”. “Como eu sou um produtor e criador de pirarucu e a nossa fazenda Amazonfish Pescados está localizada no município de Iranduba, no Amazonas, o objetivo foi alcançado: houve muita troca de conhecimento, novos relacionamentos e parcerias”, diz.

Tambaqui premiado

A cada edição, a Seafood Excellence Awards reconhece e celebra os melhores novos produtos de pescado no mercado da América do Norte. Neste ano, o tambaqui brasileiro roubou a

cena ao conquistar os paladares dos exigentes jurados. Na competição, que acontece dentro da Seafood Expo North America/ Seafood Processing North America, a costelinha de tambaqui faturou o prêmio Seafood Excellence Awards 2023 como melhor produto para food service

O tambaqui vencedor é cultivado em Rondônia, na Agropecuária Água Boa, primeira fazenda do País a obter a certificação Best Aquaculture Pratices (BAP) na produção da espécie. “[O prêmio] representa o reconhecimento do trabalho sério e compromissado

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Investimentos
Marketing &
Na 41ª edição do evento, público se mostrou mais qualificado, objetivo e focado no que eles estão procurando em termos de produto, marca e qualidade Seafood Brasil

Marketing & Investimentos

E o vencedor também foi...

com a qualidade, o que possibilita conquistar mais mercados nacionais e internacionais”, celebra Amanda Coelho Amorim, sócia diretora da Agropecuária Água Boa.

A empresa tem piscicultura e frigorífico de pescado em Ariquemes (RO) e tem entre sua lista de clientes a Netuno USA, que distribui o produto em território norte-americano. “Foi muito importante para nós. A gente até já tinha sido finalista

em outra ocasião com cubinhos de bijupirá e de dourado e não ganhamos, mas com a costelinha de tambaqui, chegamos à final e vencemos em primeiro lugar”, conta André Brugger, gerente de Sustentabilidade e Compliance da Netuno USA.

Brugger explica que a expectativa é que o prêmio possa facilitar a entrada da empresa no mercado de costelinha norte-americano, que conforme ele, já

é consolidado, principalmente com as carnes, boi e as asinhas de frango que comumente são consumidos pelos norte-americanos como “tira gosto”. “Queremos melhorar muito, claro [as vendas]. A gente até agora trouxe um contêiner com 20 toneladas do produto, mas ainda estamos vendendo. Então, a importância do prêmio foi nisso: tentar começar a incrementar e melhorar essas vendas”, explica.

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 14
A competição da Seafood Expo North America/Seafood Processing North America é dividida nas categorias: Melhor Novo Produto de Varejo e Melhor Novo Produto para o Foodservice. Nesta edição, a empresa Thunder’s Catch Alaska também recebeu o prêmio como Melhor Novo Produto de Varejo por seu Wild Salmon Chowder.

Marketing & Investimentos

Delegação de peso

Aparticipação de 14 empresas expositoras brasileiras e três instituições do setor no pavilhão brasileiro e no estande da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) deram um toque brasileiro para a 41ª edição da Seafood Expo North America/Seafood Processing North America. Confira a seguir!

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Crédito
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das fotos: Seafood Brasil

Francisco Medeiros (PeixeBR), Juliano Kubitza (Fider Pescados) e Yanic Bertini (Aquabest Seafood)

Tiago Souza e Gustavo Fernandes (C.Vale)

Leôncio Yoshio (Amazon Export) e Saori Kadowaki (RondoFish)

Paulo Pscheidt (Costa Sul), Liliam Catunda (Abipesca), Luzaldo Pscheidt (Costa Sul) e Aniella Banat (Abipesca)

Sandro Facchini (JBS/Seara) e Guilherme Blanke (Noronha Pescados)

Alexandre Reis (Brasil Seafood/ DeepSea), Cassiano Fuck e Bernardo Fuck (Bottarga Gold/Trapiche)

Altemir Gregolin (IFC Brasil / ExpoMAR), Attilio Leardini e Lucas Leardini (Leardini Pescados)

Lucas Martins (GreenFish) e Rivetla Édipo (MPA)

Aniella Banat, Liliam Catunda, Mayte Pesquera e Diego Pesquera (Abipesca)

Juliano Kubitza, Valdemir Paulino e Francisco Medeiros (PeixeBR)

Arimar França e Julio Cesar Iglesias (Produmar)

Eliana Panty (IFC Brasil / ExpoMAR) e Tiago Bueno (Seafood Brasil)

Rafael Barata (Frescatto) e Federico de Martins (South Marine)

Roberto Medeiros (Cônsul Geral do Brasil em Boston) e Carlos Mello (Vice Ministro - MPA)

Oziná Costa e Cadu Villaça (Sindfrio)

Jorge Cunha (JC Pescados)

Lincon Dubiela (Independent Brazil), Marcio Ortega (Fenix) e Rafael Camacho (Campêche)

Tiago Bueno (Seafood Brasil) e Julio Torre (REDES & Seafood)

Valdemir Paulino, Genézio Clemente Jr. e Tiago Antônio (Copacol)

Fernanda Studart, Aline Gonçalves e José Gonçalves (Allmare)

Eduardo Lobo (Abipesca)

Deborah Rossoni e Aline Oliveira (Apex/Brasil)

Rossana Pancorvo (Opergel), Jade Letícia e Lincon Dubiela (Independent Brazil) e Greg Stewart (Talley’s)

Felipe Katata (Cermaq e Mitsubishi Corp. Brasil), Rafael Barata (Frescatto) e Joachim Wessel (Cermaq)

Marcio Ortega (Fênix)

José Camposano e Emílio Proaño (CNA Ecuador)

Jeremy Woodrow, Nanook e Carolina Nascimento (Alaska Seafood - ASMI)

Neto Pascoal, Expedito Júnior, Expedito Ferreira e Israel Viana (Maris Pescados)

Sarah Freeman e Robert O`Sullivan (Clearwater Seafoods)

Alvaro Sagardia e Jose Lago (Multi-X)

Alejandro Cuevas e Max Domingues (AquaChile)

Cicilia Darmali, Mathieu Bourdeaux e Werawat Wiangchai (Siam Canadian)

Pablo Basso (Iberconsa)

Elin Wang e Lucia Luan (Ocean Treasure Co.)

Carlen Bicharra e Moises Bicharra (AmazonFish)

Marcos Aurélio Pereira e Nilton Gasparato (Paturi)

Amanda Antônio e Luciano Bonaldo (Netuno USA)

Jean Carlos (Cais do Atlântico), Vinícius Orsi e Esteban Villen (Ayamo Foods)

Juliano Kubitza (Fider), Alexandre Vasto Jr. (M.Cassab) e Natasha Castellan (Brazilian Fish)

Natasha Castellan (Brazilian Fish)

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Contornando a “policrise”

Conjunção de fatores pressiona cadeia global do pescado reunida em Barcelona a buscar alternativas para reverter o declínio do consumo em grandes potências e produzir mais com menos impacto; asiáticos voltam à Seafood Expo Global e renovam otimismo de fornecedores e clientes

Apuração: Vanessa Costa | Texto: Ricardo Torres

Foi num artigo publicado no ano passado pelo jornal britânico Financial Times em que o termo apareceu para caracterizar o atual estado de coisas no mundo. “Policrise” é a síntese dos múltiplos desafios econômicos, políticos, sociais, sanitários e humanitários que vivemos e foi citada no texto assinado no ano passado por Adam Tooze, professor de história na Universidade de Yale (EUA) O nome dado por ele aos problemas do presente também esteve na boca dos visitantes da Seafood Expo Global, realizada entre 25 e 27 de abril na cidade de Barcelona

Não por acaso, esse foi exatamente o tema de uma das principais palestras do evento, conduzida pela economista global Megan Greene, colunista do mesmo jornal e professora do Instituto de Assuntos Públicos e Internacionais da Brown University. A palestra

“Navegando a Policrise Global” examinou como diferentes riscos e fatores - como a reabertura da China e o endividamento global, entre outros - marcarão o caminho da economia mundial nos próximos meses.

A indústria global do pescado se mostrou atenta à complexa conjuntura. Os sinais estavam claros desde o credenciamento. O portacredencial, feito de papelão reciclável, era o prenúncio do que os mais de 33 mil profissionais do setor veriam internamente na feira. Grande parte dos estandes apresentava estrutura em madeira de reflorestamento e as empresas se esforçaram em mostrar a adoção de compromissos ESG, além dos tradicionais certificados de sustentabilidade. Nem o pescado ofertado nos estandes ficou de fora. Através de uma parceria com o Banco de Alimentos de Barcelona, mais de 50

voluntários arrecadaram 14 toneladas de produtos para doar a comunidades vulneráveis e pessoas refugiadas.

Outra apresentação também deu a tônica de uma grande preocupação do público europeu: a diminuição do consumo de pescado na Espanha, Portugal e outros tradicionais pólos da dieta mediterrânea. “O contexto da inflação está levando os consumidores a uma mudança de hábitos onde o preço é primordial, o que afeta o consumo de produtos frescos”, explica a responsável pelos produtos do mar da Associação Espanhola de Fabricantes e Distribuidores (Aesoc), Àngels Segura. Ela trouxe um dado alarmante: as vendas de pescado na Espanha caíram 20% nos primeiros meses de 2023.

Para contornar o problema, as empresas estão buscando ofertar formatos de conveniência, reduzir o

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 18 Marketing & Investimentos
Área de exposição da Seafood Expo Global em Barcelona beirou 50 mil m² e foi a maior da história; a edição de maior tamanho havia ocorrido em 2019, ainda em Bruxelas Divulgação/Seafood Expo Global

preço unitário e investir na formação do consumidor. Em um relatório apresentado por ela, nota-se o investimento global em formatos de conveniência, com aumento da oferta de porcionados, marinados e prontos para comer, ou mesmo pacotes com os ingredientes e instruções necessários para cozinhar um produto. Na feira também foi possível ver a busca das marcas por apelos infantis de consumo, com produtos licenciados e personagens lúdicos.

Já para o responsável de vendas da distribuidora espanhola Garciden, Sergio Baena, o cenário de comercialização de pescado realmente está se transformando porque os hábitos de consumo mudaram. “Como

empresa, temos de satisfazer o que o consumidor está demandando: um produto saudável, sustentável, de fácil acesso e com nível de preço aceitável.”

Recuperação a pleno vapor

Houve preocupação, mas também muito otimismo. O fim da política de Covid-zero na China trouxe os asiáticos de volta ao evento, que com isso voltou a ser efetivamente global. A área de exposição chegou perto de 50 mil m2, 21% maior do que a maior edição da história deste evento. “Depois da Covid, você tem mais gente de volta à Seafood Expo, o que nos possibilita fazer mais negócios”, disse logo no primeiro dia o

gerente de vendas da norueguesa Nils Sperre, Odd Abril Sperre.

Os bacalhoeiros se mostraram moderadamente otimistas. A gerente de exportações da Brødrene Sperre, Linda Honningsvag, vê uma certa instabilidade em função da desvalorização da coroa norueguesa frente ao dólar, mas ainda trabalha com boas expectativas. “Esperamos um bom ano para os nossos negócios”, diz.

Paulo Amaral, diretor da Brasmar, viu o preço da matéria-prima para a

Voluntários do Banco de Alimentos de Barcelona percorreram corredores da feira para arrecadar pescado que seria descartado: foram mais de 14 toneladas de produtos que foram doados a comunidades carentes e refugiados Divulgação/Seafood Expo Global

Marketing & Investimentos

29ª edição da Seafood Expo Global em números

49.339 m² de área de exposição

33.000 visitantes (+24% sobre 2022)

2078 expositores no total

847 novos expositores

87 países

150 milhões de euros de impacto para Barcelona

salga e secagem disparar em função das cotas, mas também da guerra na Ucrânia. “Os peixes ficaram mais caros e também com tamanhos menores. E no Brasil, só pedem os peixes grandes”, indica. “Mas a Páscoa foi bastante boa, pois houve um crescimento forte”, completa. E isso mostra que os brasileiros têm agradado bastante aos portugueses do segmento. “Para o nosso ano fiscal, que acabou em 31 de março, este foi o melhor ano da Riberalves no Brasil, com crescimento de 35% sobre o ano anterior em volume”, diz o responsável pela operação no Brasil, Marcelo Nasser.

A Mar Cabo também tem presença no Brasil, o que a faz ter boas expectativas, segundo o diretor comercial da empresa, Manuel Gonçalves. “Este ano vamos crescer

40% e continuar a crescer no mercado do Brasil, lugar que somos líderes com cação. Também vamos apostar na América Latina.”

O cenário europeu complicado também anima outros exportadores a voltarem a considerar o Brasil em seus planejamentos, como sugere o diretor de operações da Iceland Seafood, José María Salvador. “Temos um parceiro brasileiro há muitos anos e estamos acompanhando nossos clientes por lá. Por isso, estou interessado em participar da Seafood Show Latin America.”

De olho no potencial consumidor brasileiro, a empresa indiana Gadre Marine Export, também mira a participação na Seafood Show. “Somos os maiores fabricantes de surimi na Índia e estamos querendo aumentar nossa presença na América Latina. Devemos participar da feira em São Paulo”, mencionou o gerente comercial de exportações, Sachin Bhonde.

É também o caso da espanhola Interatlantic, que possui plantas na China e no Peru. “A nossa expectativa é voltar a ganhar um pouco mais de território no mercado brasileiro, diversificando mais os produtos”, antecipa Vanessa Salomão, trader internacional da empresa. “O objetivo deste ano é continuar crescendo com a lula gigante no Brasil e oferecer algum produto direto do Peru, com diferencial de imposto de importação.” Ela garante

que, no último trimestre de 2022, a Interatlantic foi a maior exportadora de lula gigante para o Brasil em volume. No cenário europeu, ela vê um incremento na demanda por camarão vannamei e tem comprado produtos do Equador para fornecer a Espanha, Portugal e Itália.

O Brasil é o principal mercado de interesse para Horacio Basso, que responde pelo mercado da América do Sul da Noribérica. “É um mercado em transformação com expectativas boas e crescentes. O Brasil tem condições mais adequadas para projetar um ano crescente quanto aos nossos produtos.” Nosso País também desponta entre os asiáticos, como é o caso da HungCa, uma das maiores produtoras e exportadoras de pangasius do Vietnã. “Estamos esperando expandir os negócios no Brasil, mas também na América Latina.”

Entre as salmoneiras, o mercado brasileiro também rendia boas avaliações. Para Max Dominguez, diretor comercial da Aqua, “o salmão congelado e o coho estiveram muito bem na Semana Santa, assim como o salar”, confidenciou. As empresas de salmão são um grande exemplo da busca pela conveniência e praticidade. A dinamarquesa Vega Salmon, que venceu o prêmio de embalagem para o varejo do Seafood Excellence Awards (leia no Box adiante), expôs inúmeros formatos com o produto, como explicou o diretor comercial da empresa, Hauke Schick. “Estamos focando em novos produtos e produtos de valor agregado. No entanto, já temos vários produtos defumados, porções e pratos ready-toserve para os consumidores.”

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 20
Horacio Basso, da Noribérica, junto à Vanessa Costa: “O Brasil tem condições adequadas para projetar um ano crescente aos nossos produtos” Divulgação/Seafood Expo Global Sergio Baena, da Garciden: “Acredito que temos de oferecer algo mais que o preço, com qualidade e que atente contra o meio ambiente o menos possível.” José María Salvador, da Iceland Seafood, quer aumentar a presença no Brasil e cogita participar da Seafood Show Latin America Vanessa Costa/Seafood Brasil Vanessa Costa/Seafood Brasil Vanessa Costa/Seafood Brasil

Seafood Excellence Awards: vencedores mergulham nas tendências

A Unima Distribution, da França, e a divisão espanhola do Grupo Vičiūnai, da Lituânia, ganharam os principais prêmios no Seafood Excellence Global Awards de 2023. O prêmio de Melhor Produto para Varejo foi apresentado ao Grupo Vičiūnai por sua entrada de Bolinhos de Sépia com Recheio de Camarão e Caldo Tailandês. Já a Unima Distribution ganhou o prêmio de Melhor Produto HORECA (hotel/restaurante/catering) por seu Camarão Madagascar Descascado Orgânico.

Os juízes também concederam cinco prêmios especiais: a Clearwater Seafoods e a Macduff Shellfish do Reino Unido receberam o prêmio de Saúde e Nutrição por seus Lagostins Hebridean Inteiros Selvagens; a Vega Salmon A/S, da Dinamarca, recebeu o prêmio de Embalagem para Varejo pelo salmão defumado a frio em embalagem sustentável; na categoria Inovação, foi concedido ao Salmão Defumado com Queijo e Pinhões “Kinziukas”, também da Vičiūnai Group; e as sopas de mexilhões da Vilsund Blue, da Dinamarca, ganhou na categoria Linha de Produtos de Frutos do Mar.

Marketing & Investimentos

Brasileiros (e estrangeiros) na Seafood Expo Global

Já está se tornando uma tradição em Barcelona: na noite do segundo dia da feira, o governo brasileiro reuniu conterrâneos e parceiros estrangeiros no coquetel Brazil Business Network. O objetivo é fortalecer as relações comerciais e de cooperação em prol do pescado brasileiro, ainda mais no âmbito das discussões de reabertura do mercado europeu.

José da Silveira Júnior (Blaze), Vinicius Zucco Orsi (Ayamo Global Foods), Gervasio Neto (Ayamo Global Foods), Paulo

Melo Pscheidt (Costa Sul Pescados)

Glauco Hassman (Blaze) e Daniel Stoll (Camil Alimentos)

Charles Mendonça (Camarões do Brasil), Nacione Torres (Maris), Miguel Bregieira (Relato Temporal), Rafael Pedroza (Camarões do Brasil)

Josep M. Buades (Escritório de Comércio e Investimentos)

e Javier Mirallas (Presidente Cambra de Comerç BrasilCatalunya)

Akemi Nishimori, Elizabeth Saadi e Adriana Fontes

Wagner Saadi (Prime) e Deputado Federal Luiz Nishimori

Luis Palmeira (New Fish), Mauricio Monteiro (Piscare) e Paula Monteiro (Pratikah)

Rafael Pedroza (Camarões do Brasil), Gustavo Pedrosa, Ricardo Pedroza e Luzaldo Pscheidt (Costa Sul Pescados)

Gabriela Meucci, Isabelle Rogerson, Esther Dixon, Joe Newton e Karen Morgan (Deputy Director Agriculture Food and Drink, Londres)

Toni de Luca, Vitória de Luca, Mônica La Marca, Andressa de Luca, Thiago de Luca, Rafael Barata, Aninha Barata (Frescatto Company)

Jacinto Salvador Fernández (Director General Frigoríficos de Galícia), Niso Rodriguez, Salvador Ferren e José Antonio Otero Mascato (Cabo de Peñas, Galícia)

Expedito Netto (MPA), Luiz Nishimori (FPPA), Marcos José Rocha dos Santos (Governador de Rondônia), Wagner Saadi (Prime), Luis Fernando Corrêa (Consulado do Brasil em Barcelona), Clemente Baena Soares

(Cônsul do Brasil em Barcelona) e Augusto Leonel de Souza Marques (Secretário de Int. de Rondônia) Mado Hayashi, Guilherme de Souza, Hun Hayashi e Felipe Katata (Cermaq)

Rogério de Oliveira e Ana Paula Goin (Sulfish)

Stephen Noblett (Department for Business & Trade Northen UK) e Loren Noblett

Aniella Banat e Liliam Catunda (Abipesca)

Delegação brasileira na Seafood Expo Global

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Crédito das fotos: Seafood Brasil
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Apas aumenta, pescado diminui

Mapa da Apas mostra diminuição na presença do pescado importado, mas também tem estreia e consolidação de marcas na feira, que vai de 15 a 18 de maio de 2023

Amaior feira de varejo da América Latina já não é mais a vitrine do pescado que era antes. Há 10 anos, o setor tinha na Apas Show seu principal ponto de contato com os maiores varejistas nacionais, mas o próprio crescimento colossal do evento - que hoje ocupa os quatro pavilhões e mais um anexo do Expo Center Norte, em São Paulo (SP) - foi tornando a presença do pescado mais pontual, seja pela concorrência com outros eventos de negócio especializados, seja pelo elevado custo da área e pela própria visitação massiva de compradores de tudo o que cabe dentro de um supermercado.

Para o padrão de feiras no Brasil, os números são colossais. A organização espera 120 mil visitantes entre os dias 15 e 18 de maio de 2023, o que seria quase o dobro do público da edição 2022. Serão mais de 75 mil m2² de área, que neste ano, oferecerá uma nova entrada no Pavilhão Amarelodecerto uma estratégia para conter o afunilamento visto especialmente no primeiro dia de feira do ano passado na entrada principal.

Aliás, é justamente no Pavilhão Amarelo em que a Brazilian Fish fará a sua estreia na feira, conforme conta o diretor, Ramon Amaral. “É a nossa primeira Apas. Nosso foco agora é o supermercado. Então, faz sentido para nós, embora seja um custo muito superior aos eventos que estamos acostumados a fazer.” A Brazilian Fish irá acompanhada da Raguife, empresa do Grupo Ambar Amaral que irá lançar uma linha de petfood, e será uma

opção a mais de tilápia no eventosegmento já coberto normalmente pela Copacol, C.Vale e outras cooperativas como a Lar, Frimesa e Aurora, além da gigante Seara.

Outras empresas procurarão consolidar a presença entre os tradicionais. É o caso da portuguesa Caxamar, que repetirá a presença na feira com produtos de bacalhau, de modo a afrontar a tradicional tríade dos portugueses que reinavam neste segmento: Riberalves, Soguima e Bom Porto. Corre por fora ainda a Ferraz &

Mapa da feira

Ferreira com seus tradicionais bolinhos de bacalhau.

Entre os internacionais, a ausência de pavilhões do Peru e do Equador evidenciam restrições orçamentárias nestes países, enquanto no caso do Chile e Argentina a baixa presença do segmento sugere uma mudança de foco. Os argentinos terão apenas uma empresa de pescado, a Congelados Ártico, enquanto o Chile - que já levou em edições anteriores potências como Blumar, Aquachile e MultiX - terá apenas a presença da salmoneira Invermar

Acesse aqui (https://apasshow.com/expositores#mapa-virtual) o mapa virtual da feira, uma novidade da organização para esta edição. No entanto, como é de praxe, veja nas próximas páginas o mapa do pescado criado especialmente pela Seafood Brasil para facilitar a sua experiência de visitação na Apas.

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 24 Marketing & Investimentos
Estande da Argentina na Apas em 2022: presença encolheu e apenas uma empresa argentina de pescado virá este ano Texto: Fabi Fonseca Acervo Seafood Brasil

Marketing & Investimentos

ÁREA DE EXPOSIÇÃO: 75 mil m² ATUALIZADA EM 08/04

Procure pelo peixinho!

Navegue entre os peixinhos do mapa e as tabelas acima para encontrar as empresas que ofertarão pescado na Apas Show 2023. Até o fechamento desta edição, não pudemos confirmar as empresas que representarão cada país, mas as localizações estão indicadas na tabela ao lado.

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 26
DE 15 A 18 DE MAIO - 2023 EXPO CENTER NORTE - SÃO PAULO (SP)

LISTA DE EXPOSITORES COM PESCADO

# ESTANDE PAVILHÃO RUA EMPRESA 1 110 AZUL B/2/1 Alaska Seafood Marketing Institute 2 146 AZUL B/6 Fenix/Baita Alimentos 3 156 AZUL A/7 Caxamar 4 158 AZUL A/6 Masterboi 5 179 AZUL C/D/7 Bom Porto 6 192 AZUL A/9 Qualimar Pescados 7 311 CINZA J/7 Riberalves 8 316 CINZA H/8 Itaueira/ Camarão Rei 9 348 CINZA G/11/12/13 ChileProChile Invernar 10 361 CINZA H/15/13/12/11 ArgentinaFundación ExportAR Congelados Ártico 11 383 CINZA G/19 Marfrig 12 377 CINZA G/16 BRF/Sadia 13 387 CINZA I/18 Di Salerno 14 399 CINZA J/21/20 Ferraz & Ferreira 15 505 VERDE K/L/6 Aurora Alimentos 16 552 VERDE O/13 Frimesa 17 523 VERDE L/9 Copacol 18 527 VERDE J/K/11/10 Soguima 19 539 VERDE M/11 Camil/ Coqueiro 20 557 VERDE M/15/16 Opergel 21 570 VERDE O/18 GT Foods 25 768 VERMELHO P/O/12 Mar & Rio 26 770 VERMELHO S/12 Bello Alimentos/ Mar & Terra 27 793 VERMELHO R/S/15/16 C. Vale 28 801 VERMELHO P/O/18 Korin 29 823 VERMELHO O/21 Golden Foods 30 1107 AMARELO G/H/4 Abrapes 31 1261 AMARELO I/6 Brazilian Fish

Discussão científica inédita em Florianópolis

Aquaciência atualizou estudantes, pesquisadores, produtores e empresários do Brasil com palestras, workshops, mesas redondas, apresentações orais e de pôsteres

Texto: Fabi Fonseca | Fotos: Acervo Seafood Brasil

”Conservar, Produzir e Inovar” foi a temática que a 10ª edição do Congresso Brasileiro de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquaciência), levou à Florianópolis (SC). Pesquisadores, docentes, alunos de graduação e pós-graduação, além de empresários e profissionais do

setor aquícola discutiram produção sustentável, inovações científicas, problemas atuais e perspectivas futuras dos organismos aquáticos.

Promovido pela Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquabio), o evento acontece a cada dois anos e é um dos mais

importantes encontros científicos do setor. Neste ano, entre 10 e 14 de abril de 2023, ele recebeu mais de 650 pessoas no centro de eventos CentroSul.

“O evento ocorreu sem nenhuma intercorrência, com toda a programação cumprida com sucesso. As pessoas compareceram e estavam presentes nas salas, o network foi intenso e só ouvi elogios”, conta Katt Regina Lapa, presidente da comissão organizadora do evento.

Além das tradicionais sessões técnicas, o evento também incluiu algumas que nunca tinham acontecido, como a de modelagem numérica aplicada à aquicultura, com apresentação de trabalhos na linha de aquicultura preditiva e aquicultura digital twins. “Também teve a de sistemas de recirculação aquícola, que foi um sucesso”, completa.

Marketing & Investimentos
Seafood Brasil
Abertura do evento reuniu pesquisadores e autoridades do Estado Programação do evento contemplou pesquisas na área da aquicultura, com negócios, discussão sobre o aumento do consumo de peixes, mariscos, ostras, camarão e até empreendedorismo feminino

Outro ponto destacado pela edição foi a Mostra de Inovação, Tecnologia e Negócios na Aquicultura (AquaMit), que buscou integrar academia e setor produtivo, e contou com apresentação dos trabalhos em pôster e de empresas que tiveram seus estandes no evento, além de redes de pesquisa que também patrocinaram estandes. A visitação ficou mais concentrada no Congresso, que chegou a lotar o auditório.

O evento contou ainda com a Atlantic Aquaculture International Conference (AAIC23), feita no âmbito do projeto da União Europeia

A edição de Florianópolis teve a participação de 47 palestrantes e 548 trabalhos submetidos ao Congresso Científico, dos quais 226 foram aprovados na modalidade oral e 322 na modalidade de pôster. Todos estes trabalhos devem compor os anais do X Aquaciência – 2023

chamado ASTRAL (All Atlantic Ocean Sustainable, ProfiTable and Resilient AquacuLture), com apresentação de novas tecnologias e discussão de temas atuais e relevantes na aquicultura multitrófica integrada (do inglês IMTA).

Já no último dia do evento, após a finalização do Congresso Científico, a organização possibilitou seis visitas técnicas em campo em áreas distintas como laboratórios, fazenda de cultivo de macroalgas, fazendas de cultivo de moluscos, fazenda de camarão marinho e fazenda de peixe de água doce.

O congresso apresentou mais de 40 palestras, abrangendo diversos temas da aquicultura e biologia aquática, com a presença de diversos palestrantes nacionais e estrangeiros

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& Investimentos

Primeira vez de Floripa como sede

Entre os dias 10 e 14 de abril, Florianópolis (SC) recebeu pela primeira vez a 10ª edição do Congresso Brasileiro de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquaciência), que teve um público interessado em saber qual será o futuro do setor pela perspectiva da ciência.

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Marketing
Crédito das fotos: Seafood Brasil

Ana Carolina e Maria Cláudia (Aquatec)

Renata Silveira, Juliana Lopes e Carolina Mendes (MPA) e Everton Della Giustina (Epagri)

Fernanda Queiroz (Pref. Mun. Joinville / IPesca SP) e Letícia Baptiston (Sebrae SC)

Sarah Oliveira e Gustavo Faria (Lex Experts)

Altemir Gregolin e Eliana Panty (IFC Brasil / ExpoMAR)

Fabi Fonseca (Seafood Brasil), Vagner Valenti (Unesp) e Tiago Bueno (Seafood Brasil)

Sandra Anversa, Janos Sonego, Leonardo Anversa e Ademir Dário dos Santos (Algas Brasil)

Luis Hamilton Pospissil (Epagri), Valdir Colatto (Sec. de Agricultura SC), Katt Regina Lapa (UFSC) e Ronaldo Cavalli (Aquabio/FURG)

Cibele Yamanaca (Freguesia Oyster Bar), Isabel Silveira (Sebrae SC), Léo Costa (Freguesia Oyster Bar) e Vinícius Ramos (Paraíso das Ostras)

Rosa Matos (Produtora)

Natacha Silva (UEMA), Émerson Matos (UFPR), Patrícia Dias (Unicamp), Márcio Melo Jr. e Izabela Paiva (UEMA)

Eric Routledge e Luiz Eduardo Freitas (EMBRAPA)

Giovanni Mello (Aquaculture Brasil), Juliana Galvão (USP / GETEP) e Leandro Godoy (UFRGS)

Célia Maria Scorvo e João Donato Scorvo (APTA-SSA/SP)

Wilson Luiz Santos (WS Consultoria), DarianeB. Schoffen

Enke (Aquabio) Letícia Baptiston (Sebrae SC) e Sandro Facchini (Seara)

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Anufood agora é Anuga Select Brazil

Feira muda o nome para deixar mais explícito o vínculo com a maior feira de alimentos do mundo; edição 2023 não teve esvaziamento dos anos pandêmicos, mas registrou poucas opções de pescado

Texto: Ricardo Torres

AKoelnmesse Gmb, organizadora da feira Anuga, cravou durante a feira: a Anufood deixa de existir e dá lugar à Anuga Select Brazil já partir de 2024, cuja edição ocorrerá entre 9 e 11 de abril no novo pavilhão do Anhembi, sob a gestão da GL Events. Na Alemanha, a Anuga existe desde 1919 e atualmente, reúne mais de 7.900 expositores de todo o mundo, com visitação acima de 169 mil pessoas de 201 países. Além do realinhamento da marca, a notícia da nova área deve ser a principal novidade para o ano que vem, já que a edição de 2023 teve de conviver com os tradicionais problemas do Anhembi atual, como a falta de climatização e banheiros com pias que são normalmente inoperantes.

Estande de Rondônia na Anufood 2023: prêmio da costelinha de tambaqui em Boston foi o gancho para estimular a divulgação do produto ao público nacional e internacional

À margem dos problemas estruturais, a feira deste ano, realizada entre 11 e 13 de abril, cumpriu o papel de se consolidar como um híbrido - cada vez menos discreto - entre a Apas e a Fispal Food Service, ou seja, com público do varejo e dos distintos serviços de alimentação. A organização calcula que participaram mais de 300

empresas expositoras, com aumento de mais de 40% em área. A intensa programação de eventos paralelos também colaborou para atrair os 13 mil visitantes: foram 90 horas de conteúdo nos congressos, palestras e workshops.

Havia poucos estandes com pescado, mas o barulho foi intenso em

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Marketing & Investimentos
Divulgação/Anufood Anufood cresceu 40% em 2023 e ultrapassou 300 expositores do segmento de alimentos e bebidas Divulgação/Sebrae-RO Divulgação/Sebrae-RO

alguns deles. O Sebrae-RO e o governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Comércio (Sedec) e da Invest Rondônia, fizeram questão de aproveitar o gancho da premiação em Boston da costelinha de tambaqui para apresentar a iguaria ao público da feira brasileira. “Ver um produto originalmente brasileiro como a costelinha do tambaqui de Rondônia sendo premiado nos EUA e tendo essa repercussão especial no maior centro de negócios do País é de fato a coroação de todo um trabalho que une esforços mútuos. Produtores, entidades, poder público… todos estão buscando de alguma forma aumentar a venda desse pescado para gerar renda e trabalho para nosso Estado”, explicou Alessandro Crispim Macedo, diretor técnico do Sebrae Rondônia

De acordo com o Sebrae, a ida de técnicos da Acripar e do próprio Sebrae para a Anufood faz parte dos investimentos do Projeto de Indicação Geográfica do Tambaqui do Vale do

Jamari, para buscar novos mercados consumidores. Ainda esse ano, novas ações estão previstas, como a promoção do consumo durante a Semana Nacional do Pescado em setembro e a participação também na Seafood Show Latin America, em outubro, também em São Paulo (SP).

Chamaram a atenção também os produtos da Letto Seafood, empresa gaúcha focada em pratos pré-prontos e empanados de pescado que se instalou em contêineres diversos em postos de gasolina de Porto Alegre. Bolinhos de moqueca, camarão crocante e casquinha de siri são alguns dos petiscos apresentados em caixetas com janelas, mesmo caso esse dos pratos prontos, como o arroz de polvo e o camarão ao catupiry.

A Damm também esteve presente, como de praxe, no estande da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em São Paulo (SP) com um balcão para degustação

de produtos. Ana Sales, diretora de eventos da entidade, disse que a empresa integrou um projeto grande, com um estande bem diversificado. “Todo ano tem sido um sucesso. Nesta edição, mesclamos com mais atividades, palestras, conteúdos e algumas apresentações de gastronomia. Para nós, é sempre muito gratificante participar, principalmente com os pequenos produtores que são nossos parceiros de sempre”. Na ocasião, a Abrasel apresentou o novo presidente da regional paulista, Luiz Hirata, que sucedeu Joaquim Saraiva.

Outra presença importante do nosso setor foi o da Alaska Seafood Marketing Institute. De acordo com o especialista em trade & market intelligence Anderson Morais Rueda, a variedade do público presente na Anufood surpreendeu. “Tive reuniões aqui com redes regionais de varejo que não esperava encontrar, pensei que haveria mais presença dos restaurantes, mas foi equilibrado”, aponta.

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A nova frente do pescado

Parlamentares em novo mandato reativam Frente da Pesca e Aquicultura na casa da FPA, em Brasília (DF), cuja composição engloba do PT ao PL

No mesmo palanque, o ministro da pesca e aquicultura indicado pelo presidente Lula (PT), André de Paula (PSD), e o ex-secretário de Aquicultura e Pesca, agora senador por Santa Catarina, Jorge Seif Jr. (PL). Essa é a cara da nova Frente Parlamentar da Pesca e Aquicultura (FPPA), lançada na noite de 11 de abril em uma cerimônia na casa do agronegócio em Brasília (DF): a sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e o Instituto Pensar Agro.

O novo ministro e o senador Seif Jr. foram ao evento a convite do presidente da FPPA, Luiz Nishimori, colega de partido do ministro André de Paula e deputado federal pelo Paraná com amplo trânsito entre os 211 deputados e senadores que compõem a bancada ruralista. Na manifestação ao público - composto por instituições ligadas ao setor e

empresários levemente desinteressados nos pronunciamentos políticos -, André de Paula deu o tom. “O nosso partido é a pesca e a aquicultura. É isso que nos une a todos da oposição, do governo, de todos os partidos. É isso que nos motiva a estar hoje aqui à noite.”

De fato, o espectro político na composição da frente é amplo (veja no box na página 36 os nomes dos diretores) a ponto de reunir o senador Jorge Seif Jr., ferrenho defensor do ex-presidente Bolsonaro, e José Airton Cirilo (PT-CE), crítico contumaz da gestão bolsonarista. No entanto, o predomínio é mesmo de parlamentares de centro-direita mais afinados com as pautas da FPA, que pretende emprestar a tradição e poder no Congresso Nacional para os pleitos aquícolas e pesqueiros.

Pelo menos esta foi a promessa do novo presidente da FPA, o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR). “Eu

sempre encho o peito pra dizer que a frente parlamentar da agropecuária é a maior e mais forte do Congresso Nacional. Vocês da frente parlamentar da aquicultura e pesca são nossos parceiros, amigos e irmãos, e contarão com toda e toda estrutura da FPA no apoio a esse importante segmento”, afirmou. No discurso inaugural, Nishimori fez uma brincadeira com a coincidência das iniciais da FPA e a da frente do pescado. Depois, dirigiu-se de maneira elogiosa ao presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Eduardo Lobo, assegurando que “nós seremos compromisso e comprometimento com o seu setor”. Na sequência, disse diretamente ao deputado Lupion: “o setor que vai crescer mais aqui no Brasil, talvez não seja a agricultura, mas a pesca e aquicultura.”

Na sua fala, Lobo assumiu um tom de cobrança ao ministro André de

Seafood Brasil
Frente parlamentar tem nova diretoria com maior parte de quadros da centro-direita, integrantes da FPA

Paula. “Eu sei que existe uma política a ser rearrumada, mas o setor privado tem o direito de pedir. Afinal, nós esperamos que esse ministério perdure e que ele seja de muita longevidade.” Em seguida, ele amenizou e opinou que o setor foi “agraciado com uma das melhores oportunidades de ter um ministro competente, sensível e articulado”, para em seguida dizer que o setor “tem um papel de ajudar”.

Sensível às críticas que vem recebendo de parte do setor, André de Paula fez um apelo. “Eu vim aqui hoje pedir o apoio de vocês. Não me deixem só”, disse. Ele reconheceu que seu perfil não é técnico, mas disse ter se esforçado para montar “uma equipe de técnicos qualificados.” “Nós não olhamos para partido, nem para espaço que ocupou no governo anterior, nem no outro”, disse. O ministro também repetiu pontos frequentemente abordados em manifestações anteriores, como a importância de ter um ministro político,

Pedro Lupion, presidente da FPA, assegurou que o pescado contará com “toda a estrutura da FPA no apoio a esse importante segmento”

com trânsito no Congresso, para conseguir emplacar pautas prioritárias para o setor.

Pautas prioritárias

Durante o evento, ao menos no palanque, não se falou concretamente sobre as demandas principais do setor. Mas nos bastidores, está claro que os empresários querem o apoio do Congresso na aprovação da isenção tributária para as rações de animais aquáticos, já praticada em outras cadeias de produção de proteínas animais. Outro tema relacionado à pesca é o detalhamento do decreto de gestão compartilhada entre MPA e MMA, para que fiquem mais claras as atribuições de ambos os ministérios no ordenamento e fiscalização da exploração de recursos pesqueiros.

A reabertura das exportações para a União Europeia também consta na pauta no que diz respeito à pressão política de deputados e senadores para que ela ocorra. No entanto, o setor também entende que há uma limitação na atuação do Congresso para reverter esta questão,

que passa pela resolução de temas sanitários com a agência europeia de saúde e segurança dos alimentos (DGSante) e uma negociação diplomática de alto nível entre o Brasil e o bloco de países europeus.

Sem tocar nestes pontos, o ministro André de Paula disse que uma das demandas a ser encaminhada com o apoio do Congresso é o aumento do orçamento da pasta. “Para se afirmar, o ministério precisa ter um orçamento compatível com a sua importância, com o apoio desta frente, é fundamental para fazer a diferença.” Ele aproveitou para defender o status de ministério da pasta, no que foi apoiado pelo presidente da FPA, Pedro Lupion. “É um setor que merece uma estrutura específica na Esplanada dos Ministérios. É por isso que vocês estão aqui, é para isso que essa frente existe. Contem com o nosso apoio, com o apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária”, salientou o deputado ruralista.

Thiago De Luca, Luiz Nishimori e Eduardo Lobo: cerimônia evidenciou sintonia do setor privado com o deputado, cuja vinculação so segmento remonta à criação da Frente, em 2019

Seafood Brasil Seafood Brasil

Marketing & Investimentos

Presidente

Vice-Presidente Nacional

Luiz Nishimori (PSD-PR)

Vice-Presidentes por Região

NORTE Dep. Celso Sabino (União-PA)

SUL Dep. Alceu Moreira (MDB-RS)

SUDESTE Dep. Arnaldo Jardim (Cidadania-SP)

NORDESTE Dep. João Leão (Progressistas-BA)

Vice-Presidentes por área temática

CENTRO-OESTE Dep. Marussa Boldrin (MDB-GO)

AQUICULTURA Dep. Dilceu Sperafico (Progressistas-PR)

PESCA INDUSTRIAL Senador Jorge Seif Jr. (PL-SC)

PESCA ARTESANAL Dep. Raimundo Costa (PODEMOS-BA)

CARCINICULTURA Dep. Domingos Neto (PSD-CE)

SUSTENTABILIDADE Dep. Sidney Leite (PSD-AM)

PESQUISA E CIÊNCIA Dep. General Girão (PL-RN)

CÂMARA Dep. Roberta Roma (PL-BA)

SENADO Senadora Profª Dorinha (União-TO)

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Dep. José Airton Cirilo (PT-CE)

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 36
Silvio Costa Filho (Republicanos-PE)
A composição ampla da frente do pescado

As

notícias mais importantes

de nosso site no último bimestre

Frumar compra Komdelli para aumentar 10x sua capacidade produtiva

A Frumar confirmou a aquisição da Komdelli, empresa que detém cerca de 10% do negócio de importação e distribuição de salmão no Brasil. Em uma negociação avaliada em R$ 50 milhões, a incorporação da Komdelli vai multiplicar a capacidade produtiva da Frumar em 10 vezes. “O volume estimado para 2023 poderá chegar a 10.000 toneladas e um faturamento do grupo somado deverá ultrapassar R$ 670 milhões em 2023, 66% mais do que no ano passado”, disse o diretor da Frumar, Éderson Krummenauer. Ainda de acordo com a Frumar, a empresa irá manter o todo o quadro de colaboradores da Komdelli - que hoje contabiliza aproximadamente 150 pessoas – para se somar a seus funcionários, que são cerca de 200. Por fim, a Frumar ainda comenta que as duas marcas serão mantidas, mas que, futuramente, espera-se uma segmentação da atuação de cada uma delas.

Aquishow Brasil chega à 12ª edição

Marcada para acontecer entre os dias 23 e 25 de maio no Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, do IP-APTA (Instituto de Pesca), em São José do Rio Preto (SP), a 12ª Aquishow chega com as tradicionais palestras, feira de exposição, entrega do prêmio Inovação Aquícola, do prêmio Personalidades e diversas novidades. Uma das principais é a estrutura do pavilhão, que será a maior de todos os tempos: com mais de 7 mil m2 de área construída para abrigar 90 estandes comerciais, um auditório principal, cinco salas de reuniões e uma praça de alimentação, com restaurante temático e food trucks. A organização do evento espera receber cerca de 8 mil pessoas de diferentes regiões do Brasil e até mesmo do exterior, além de movimentar em torno de R$ 150 milhões em negócios fechados e orçamentos.

Ocasiões de consumo de peixe caíram em 2022

Em 2022, os peixes perderam espaço e registraram queda em ocasiões de consumo. É o que constatou o estudo da Kantar que na análise sobre ocasiões de consumo diferentes. A consultoria identificou que as proteínas mais caras tiveram redução de 2021 para 2022, sendo que os peixes caíram 15%. De fato, o pescado esteve mais caro em 2022 - conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação do pescado no ano passado foi de 3,09%. No acumulado dos últimos 12 meses (até dezembro de 2022), as maiores altas nos valores do pescado foram no peixe filhote (30,78%), na tainha (12,81%) e no salmão (10,97%).

ExpoMAR é lançada em Itajaí

No dia 14 de março, foi lançada a ExpoMAR, evento internacional focado na pesca, maricultura e logística. A ser realizado nos dias 29 e 30 de junho, em Itajaí (SC), a ExpoMAR promete reunir especialistas do mundo todo para debater perspectivas, tendências e estratégias para estes setores, haverá uma feira de negócios. “É um evento de debates, análise de tendências, geração de conhecimento, construção de pautas comuns e negócios em uma atividade muito importante para o país e com potencial de expansão e de geração de trabalho, emprego e renda”, comenta Altemir Gregolin, presidente da ExpoMAR.

Levantamento mostra que food service segue em recuperação

Após ser atingido duramente pela pandemia da Covid-19, um levantamento feito pela ACOM Sistemas, via sistema ERP EVEREST, expôs que o setor de food service brasileiro vem se recuperando nos últimos meses. O estudo constatou que em 2022, com a consolidação das vacinas contra a Covid-19 e as práticas de prevenção muito mais internalizadas por consumidores e estabelecimentos, o movimento de retorno se mostrou forte: em relação às comandas processadas, o levantamento apontou um crescimento 6% superior a 2021 e 12% maior que em 2019, ano pré-pandemia. No volume de vendas, 2022 supera o ano anterior em 49% e 2019 em 82%.

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 40
Caiu na Rede
Divulgação Divulgação

Setor pesqueiro valoriza impactos de acordo BBNJ

Em março, o setor pesqueiro valoriza e reconhece o acordo internacional histórico sobre a conservação e uso sustentável da diversidade biológica marinha de áreas além da jurisdição nacional (BBNJ). O processo para definição do acordo envolveu mais de 100 países e teve o apoio de organizações não-governamentais, sociedade civil, instituições acadêmicas e da comunidade científica. Entre os principais resultados, o tratado pretende: implementar ferramentas de gestão baseadas em áreas, incluindo áreas marinhas protegidas (MPAs); determinar que pelo menos 30% dos oceanos serão áreas protegidas até 2030; garantir acesso e uso de recursos genéticos marinhos; e estabelecer regras básicas para avaliar o impacto ambiental de atividades comerciais nos oceanos, como a pesca e o turismo.

Pescado

registra

inflação

de 1,17% em março

Conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os valores do pescado em março registraram uma alta de 1,17%. Com a alta de março, o IPCA do pescado já acumula inflação de 2,09% no ano e, no acumulado dos últimos 12 meses, o indicador está em 4,65%. A inflação de março foi registrada principalmente nas espécies pescada (3,19%), corvina (2,67%), tilápia (2,27%), curimatã (2,02%) e bacalhau (2,29%). No mesmo período, as principais baixas foram vistas nas espécies filhote (-3,38%), palombeta (-2,58%) e peroá (-1,36%).

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Fabiano Panisson

Na Planta

Tecnologia em processamento de pescado

Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Com tudo que faz um bom avental

Um equipamento de proteção individual (EPI) resistente e durável. É com isso que a Brasmo concebeu e disponibilizou ao mercado seu avental de PVC. Desenvolvido para ser utilizado em diversos ambientes (em especial os industriais), o produto pode ser facilmente limpo e desinfetado utilizando apenas água e sabão. Confortável no corpo do operador e de coloração transparente que ajuda a não dar destaque à sujeira, a Brasmo informa que o avental de PVC é completamente resistente à água, tornando ele ideal para atividades que envolvem líquido ou umidade.

Refrigeração marinha

A Mayekawa do Brasil lançou recentemente o Chiller RSW (Refrigerated Sea Water), um sistema de refrigeração para água do mar utilizado a bordo de barcos pesqueiros para preservar peixes capturados em alto mar. Segundo a empresa, o equipamento é projetado conforme a American Society of Mechanical

Engineers (ASME), possui um evaporador spray com expansão seca e não necessita de bomba de amônia.

Classificação: livre para sardinhas

A Brusinox aposta em seu classificador de sardinhas para auxiliar na velocidade, precisão e facilidade de produção de quem trabalha com esse pescado. Desenvolvido como um sistema que separa sardinhas em cinco tamanhos diferentes, a solução conta com regulagem de tamanhos de peixes e procura oferecer fácil operação para colaborar no dia a dia do operador, com mais resultados à produção de empresas que trabalham com sardinhas. Por fim, a Brusinox destaca que o equipamento é robusto e ainda possui longa vida útil.

O funil da balança

Projetadas para pesar um fluxo de produtos em lotes para embalagem, dosagem, distribuição e monitoramento de rendimento, as balanças de funil da Marel consistem em um funil de aço inoxidável, célula de carga e indicador de pesagem. Controlada por uma aplicação de software executado em um indicador M2200, a balança é operada com botões de pressão e um teclado que usa um sistema de menu integrado. A balança ainda possui uma exatidão de pesagem de 5 g a 1 kg, além de 1.000 a 1.500 divisões, bem como a possibilidade de manuseio de produtos frescos ou congelados, alimentação automática opcional e caçambas de 5 a 1.000 litros.

Esquentou, formou

A termoformadora TFE 700 da Ulma foi criada para trabalhar com filme flexível ou rígido, com a possibilidade ainda de embalar com atmosfera modificada (MAP) e a vácuo. Considerada pela empresa a termoformadora de maior nível de desempenho, a solução foi construída com materiais resistentes à corrosão e uma estrutura integralmente em aço inoxidável. Pode atuar com embalagens de produtos alimentícios e não alimentíciose possui, conforme a Ulma, fácil troca de formatos com módulos funcionais para proporcionar robustez, confiabilidade de funcionamento e adaptação aos diferentes formatos e necessidades existentes de produção.

Resfriador ao cubo

Desenvolvidos para proporcionar essencialmente alta eficiência, os resfriadores de ar da linha Cubic COMPACT da Güntner são indicados para a instalação em câmaras frigoríficas de médio porte. Como seu próprio nome sugere, a solução possui design cúbico e permite que os amplos painéis laterais sejam articulados para facilitar o acesso para limpeza e inspeção. Projetada ainda com carenagem em alumínio de alta qualidade e revestimento anticorrosivo, o resfriador funciona com todos os fluidos de refrigeração e possui ventiladores duráveis e sem a necessidade de manutenção.

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 42

A superpotência da maricultura

Juntos, Florianópolis e região se converteram no único pólo estruturado do Brasil de produção de moluscos e algas, fazendo com que Santa Catarina seja responsável por mais de 95% da produção nacional

Texto: Fabi Fonseca

Santa Catarina é um Estado que sempre foi além de suas belezas geográficas, praias, festas regionais e seus mais de 95.730,684 km²: ela é referência em piscicultura. Sabe como?

Com produção de tilápia, pangasius e muitas outras espécies de pescado, Santa Catarina aumentou 1,3% sua produção de peixe de cultivo em 2022 e ocupa atualmente a 5ª posição no ranking do País após somar 54.300 toneladas, conforme dados do Anuário da Piscicultura 2023 da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). Mas,

apesar do destaque na piscicultura, o Estado é referência de produção no País na maricultura quando o assunto é malacocultura – criação de moluscos, ostras e mexilhões - e algiculturacultivo de alga.

Dados do Observatório Agro, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) evidenciam com o Estado puxa a dianteira nacional em um segmento tão pouco explorado.

Conforme a Epagri, Santa Catarina, em 2021, totalizou 30.749 produtores que, juntos, foram responsáveis por 49.946 toneladas de produção aquícola, um salto de 3,3% em relação ao ano de 2020. Na divisão por grupos, os peixes lideram com 80,3% do total, seguido por moluscos (19,3%) e camarões (0,4%). No geral, a produção de moluscos catarinenses naquele ano foi de 11.978 toneladas (queda de 26,3% ante 2020 e uma quebra na sequência de quatro anos em ascensão da atividade).

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 44
Seafood Brasil
Capa

Moluscos, algas, peixes e cia: a aquicultura em expansão

Considerando o cultivo de algas e animais aquáticos, a aquicultura mundial vem avançando significativamente nos últimos anos e, além da produção de alimentos nutritivos para humanos e versáteis para outras finalidades, também ganha importância para a geração de emprego e renda em diversos países. Dados mais recentes da State of The World Fisheries and Aquaculture (SOFIA 2022), relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), mostram que a pesca e a produção aquícola atingiram um recorde histórico de 214 milhões de toneladas no ano de 2021, sendo que 178 milhões de toneladas foram de animais aquáticos e 36 milhões de algas.

Apesar de um resultado contido pelos reflexos da pandemia global da Covid-19, a aquicultura mundial cresceu 5,7% na soma do cultivo de algas e animais aquáticos, alcançando um volume de 122,6 milhões de toneladas em todo o mundo.

No Brasil, a última Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também mostra

Com 214 milhões de toneladas no ano de 2021, dados da Sofia representam um incremento de 3% no volume total anterior de animais aquáticos e 36 milhões de algas no ano de 2019.

o avanço da aquicultura, que saltou 0,9% em 2021 e totalizou 559 mil toneladas de peixes. Já a produção de moluscos registrou uma queda de 30,9% no volume, totalizando 10,9 mil toneladas no ano. E a produção de sementes de moluscos (ostra, mexilhão e vieira) somou 25,7 milhões de unidades, uma queda de 5% ante 2020.

Canva

Os números da maricultura catarinense

OstradoPacífico(Crassostreagigas)Vieiras(Nodipectennodosus)

Ostranativa(CrassostreabrasilianaouCrassostreagasar)

Capa EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE MOLUSCOS NOS ÚLTIMOS 5 ANOS (T): EVOLUÇÃO DO Nº DE PRODUTORES NOS ÚLTIMOS 5 ANOS: PRODUÇÃO POR REGIÃO EM SC EM 2021 PRODUÇÃO POR ESPÉCIES EM 2021 (T)
9.851 2.047 42 38 11.978 2021 Mexilhão
Litoral Norte 443 2021 0 0 0 4.000 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000 18.000 16.235 2020 478 2020 15.156 2019 485 2019 14.215 2018 492 2018 13.597 2017 537 2017

A cada ano que passa, Santa Catarina prova sua força na produção de moluscos. Veja a seguir alguns números gerados pelo Estado no ano de 2021 (dados mais recentes disponíveis) que mostram o seu crescimento no segmento de malacocultura:

VARIAÇÃO

EVOLUÇÃO DA

(T) NOS

PRODUTOR
PRODUÇÃO POR MICRORREGIÃO (T) EM 2021
PRODUÇÃO POR TIPO DE
EM 2021 (%)
PRODUÇÃO
ESPÉCIES
ÚLTIMOS
ANOS
POR
5
DE PRODUÇÃO DE MOLUSCOS
MUNICÍPIO EM 2021 (T) ESPÉCIE FLORIANÓPOLIS ITAJAÍ JOINVILLE Mexilhão 7.333 2.244 275 Ostra do Pacífico (Crassostrea gigas) 1.993 46 8 Ostra nativa (Crassostrea brasiliana ou Crassostrea gasar) 35 3 Vieira (Nodipecten nodosus) 42 ESPÉCIE 2021 2020 2019 2018 2017 Mexilhão 9.851 14.079 12.295 12.005 11.056 Ostra do Pacífico (Crassostrea gigas) 2.047 2.128 2.760 2.173Ostra nativa (Crassostrea brasiliana ou Crassostrea gasar) 38 37 97 32Vieira (Nodipecten nodosus) 42 9 5 4 11 Fonte: Observatório Agro SC
POR
0 100 200 300 400 500 600 5.596 2.320 1.274 929 840 646 286 77 10 PalhoçaFlorianópolisBombinhas
100% PROFISSIONAL
Penha SãoJosé GovernadorCelsoRamosSãoFranciscodoSulPortoBeloBalnearioCamboriú

Ordenamento em curso

Reordenamento da maricultura no Brasil, especialmente no Estado barriga-verde, ganhou impulso nos últimos três anos com a atuação do

de produção e conscientização do produtor

Amaricultura no Brasil - e especialmente em Santa Catarina - começou de mansinho, mas vem avançando a passos largos nos últimos anos. Entretanto, a atividade ainda pode ser considerada incipiente e predominantemente feita por pequenos produtores, esbarrando em questões importantes e fundamentais para o seu desenvolvimento, como é o caso da regularização, da fiscalização e do licenciamento ambiental.

Por isso, a atuação governamental na atividade tem se mostrado determinante. Prova disso é que nos últimos anos, a ex-SAP/ Mapa e atual MPA, em parceria com a Secretaria de Agricultura, da Pesca e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina (SAR) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), tem atuado no reordenamento da atividade de malacocultura em Santa Catarina.

Para o reordenamento da maricultura em Santa Catarina, o MPA conta com o apoio da Epagri em um acordo de cooperação. Já a fiscalização depende do suporte de outros órgãos.

Para a malacocultura, especialmente, o governo tem realizado ações específicas, como explica Juliana Lopes da Silva, diretora do Departamento de Aquicultura em Águas da União da Secretaria Nacional de Aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). “Quase toda a produção de moluscos no Brasil é feita em Santa Catarina – a gente tem hoje 431 áreas com cessão de uso e todas elas em parques aquícolas.”

Capa
governo em parceria com outros órgãos, além do trabalho para melhoria
Seafood Brasil

Há cerca de três anos, o início do trabalho para reordenamento encontrou licitações feitas em meados de 2010 e 2011. Mas a realidade era de um panorama diferente de quase há uma década, sobretudo porque muita gente já havia desistido da atividade, vendido ou passado a área para terceiros - o que é proibido por lei. “A gente teve que descobrir todos esses casos, cancelar todas essas áreas que estavam em nome das pessoas, demitir e cancelar áreas em ‘nome de laranjas’ de gente que nunca produziu”, explica Silva.

Ela lembra que todos os licenciamentos estavam vencidos e para renovar as licenças ambientais, tinham algumas condicionantes. Uma delas era o reordenamento da atividade e o Relatório Anual de Produção (RAP) , além da fiscalização.

Para ter acesso a todas as produções feitas na costa marítima, identificar e conversar com os produtores, o trabalho contou com a fiscalização in loco do MPA, realizada em parceria com a Marinha do Brasil, o Núcleo Especial de Polícia Marítima da Polícia Federal (Nepom) e a Polícia Militar Ambiental.

Já os cancelamentos de contratos irregulares também foram etapas importantes. “Tinha muitos contratos que não haviam sido publicados no Diário Oficial da União. Tivemos que identificar quem eram essas pessoas para reassinarem os contratos e, assim,

A atuação do governo e de Juliana Lopes para reordenar as atividades na região de Santa Catarina vem acontecendo desde que ocupava o cargo de Coordenadora de Aquicultura em Águas da União, na antiga Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP)

Exija do seu fornecedor a qualidade dos produtos Natubrás

Pescados com qualidade

Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.

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RAP: um raio x da atividade

Nos anos 2019, 2020 e 2021, a então SAP publicou boletins anuais com as principais informações da aquicultura em águas da União a partir dos dados informados no Relatório Anual de Produção (RAP) pelos aquicultores com contrato de cessão de uso de espaços físicos em águas da União.

Desde 2019, a coleta de dados do RAP é feita por meio do Sistema de Formulários e Questionários (AGROFORM), ferramenta online que facilita o preenchimento e possibilita a sistematização das informações e publicação dos boletins anuais.

Na última publicação, houve dados de produção de 1.139 relatórios, sendo 695 de piscicultura, 440 de malacocultura e quatro de algicultura

Conforme o documento, as áreas regularizadas de malacocultura no Brasil estão no Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e, principalmente, Santa Catarina. A produção total declarada de moluscos em águas da União em 2021 foi de 10.055,92 toneladas.

Já na algicultura, em 2021, existiam apenas quatro áreas regularizadas para cultivo: duas no Rio Grande do Norte (Gracilariaspp) e Rio de Janeiro (Kappaphycusalvarezii), e duas outras com cultivos de algas e moluscos em Santa Catarina (Kappaphycusalvarezii). Ao total, foram declaradas a produção de 108,19 toneladas de algas naquele ano.

Paulo, por exemplo, em grande parte do Litoral Norte, existe a Área de Proteção Ambiental Marinha (APA). Então, restringe o tamanho das áreas de maricultura no que diz respeito a plano de manejo”, conta.

Em São Paulo, a definição do tamanho das áreas de maricultura no plano de manejo é realizada após consulta com as comunidades tradicionais e o máximo que se pode produzir no Litoral Norte são em áreas de até dois hectares. “Eles permitiram a introdução da Kappaphycus alvarezii, por exemplo, mas limitaram o tamanho das áreas. Atrelada a isso, o Ministério tem que fazer consulta livre, prévia e informada às comunidades tradicionais para implantação de outras áreas aquícolas”, pontua Juliana Silva.

A consulta é obrigatória porque o Brasil é signatário da OIT 169, que trata da importância de realizar uma consulta livre, prévia e informada sempre que alguma obra, ação, política ou programa for desenvolvido e afete aos povos tradicionais - neste caso, também se enquadram os caiçaras da região.

Dados recentes do RAP mostram que são 24 parques aquícolas distribuídos em 11 municípios de Santa Catarina. Aos produtores, cabe obrigações como o cumprimento de contratos, investimentos, manejo dos cultivos, gestão de resíduos, a manutenção dos cultivos

cumpram todas as condicionantes e não percam o licenciamento que já tinha sido conquistado.

Além disso, conforme ela, os maricultores passaram a ter conhecimento de que eles também são co-responsáveis pelo licenciamento ambiental. “Eles têm que padronizar suas boias, não podem estar fora das áreas destinadas e precisam ter cuidado com os resíduos etc.”

E a maricultura nos demais cantos do Brasil?

A diretora do MPA destaca que apesar de ter uma produção bem abaixo da vista em Santa Catarina, as demais atividades de maricultura no Brasil possuem cada uma as suas dificuldades e especificidades

“Santa Catarina tem o licenciamento nosso e eles [produtores] recebem a área toda pronta e licenciada. Nos outros Estados, não é assim. Em São

No Rio de Janeiro, por exemplo, a algicultura vem crescendo com destaque. Conforme o RAP, o Estado produziu cerca de 100 toneladas de Kappaphycus alvarezii, em 2021. Já no Nordeste, são pouquíssimas cessões de uso porque a pesca ainda é predominante para muitos produtores. “Mas nem todos estão regularizados porque faltou conhecimento da regularização”, explica a diretora.

Logo, para ela, é preciso que os produtores entendam que, mesmo que sejam vistos e fiscalizados, isso também trará visibilidade e autonomia, além da possibilidade de união com outros produtores e do acesso às políticas públicas e assistências técnicas. “Vai chegar o momento que sem regularização, não se consegue comprar insumo e não consegue vender.”

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 50 Capa
e a apresentação do RAP Seafood Brasil

Atuação da Epagri tem ainda pesquisas por novas espécies de interesse econômico e técnicas diferenciadas de cultivo

De mãos dadas com a pesquisa científica e extensão

Amaricultura em Santa Catarina começou em meados da década de 80 e surgiu como alternativa aos pescadores artesanais que buscavam melhorar as suas rendas. Na época, o nascimento da atividade possibilitou o desenvolvimento de pesquisas em uma atuação conjunta da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Associação de Crédito e Assistência Pesqueira de Santa Catarina (Acarpesc) - que mais de uma década depois e após e a fusão com outras empresas, deu origem a empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

“Através de ações de pesquisas e de difusão de conhecimento, iniciou-se o trabalho em uma escala experimental, mas já com os pescadores artesanais. E os produtores viram que era uma atividade rentável naquela época e bastante interessante”, conta André Luís Tortato Novaes, engenheiro agrônomo e gerente do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap) da Epagri.

Conforme Novaes, no início houve resistência dos pescadores porque as

ostras e mexilhões eram encontrados nos costões e, até então, o raciocínio era: para que cultivar se é possível a extração? Mas os cultivos foram implantados e a primeira safra foi registrada em 1990. A partir dessa década, o setor produtivo, a UFSC, a Epagri e também a Universidade do Vale do Itajaí (Univali) demonstraram interesse em regularizar a atividade, só que ainda não haviam instrumentos legais. Só então a partir de 2003 que passaram a ser publicados os instrumentos legais que orientavam o processo de autorização para a aquicultura marinha e a obtenção do licenciamento ambiental.

Já em 2007, o plano foi aprovado pela então Seap - que juntou essas informações e tramitou processos na Marinha do Brasil, no IBAMA e na Superintendência de Patrimônio da União (SPU) buscando obter as autorizações para que a secretária pudesse ceder às suas áreas ao maricultores. As análises pelos diferentes órgãos foram finalizadas em 2011 e as primeiras áreas foram cedidas.

Entretanto, mesmo com esse processo de regularização, o ordenamento da atividade no Estado

não estava completo, pois havia problemas de áreas cedidas, de fiscalização, de uso etc. Então, foi feito um acordo de cooperação técnica entre a Epagri, a Secretaria de Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina e o Mapa. No acordo, a Epagri ficou responsável, através do serviço de extensão, pelo trabalho em campo. Então, nos municípios, foi formada uma comissão local que reunia os maricultores e outras entidades para levantamento das necessidades das áreas aquícolas de cada região. Depois desses levantamentos, um relatório técnico completo foi encaminhado ao ministério e junto com o relatório, foi organizado um banco de dados.

Pesquisa e extensão

Sempre de mãos dadas com a academia, as ações da Epagri, com atuação fundamental na regularização das áreas aquícolas do Estado, acontecem em duas frentes: pesquisa científica e extensão.

Everton Della Giustina, engenheiro agrônomo e coordenador estadual do Programa Aquicultura na área de Extensão da Epagri

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 52
Em atuação junto à academia, a Epagri vem trabalhando desde o início para a colaboração do desenvolvimento da maricultura em Santa Catarina
Capa
Seafood Brasil

destaca que a empresa atende pescadores e maricultores em todos os municípios litorâneos que possuem a atividade da maricultura. “Além disso, contamos com o apoio dos centros de treinamento para capacitação dos maricultores, técnicos e outros profissionais”. Entre os principais trabalhos desenvolvidos está a atuação para o fortalecimento das instâncias representativas do

setor, o associativismo e as formas de organização dos maricultores.

O acesso ao crédito e o levantamento estatístico da maricultura são outros trabalhos realizados no Estado, assim como a difusão de tecnologias através de cursos, em visitas e outras metodologias de extensão focadas principalmente nos sistemas de produção, gestão

Pesquisa e produção no laboratório de formas jovens da UFSC

A partir do momento em que a malacocultura começou a se desenvolver em Santa Catarina, cresceu a demanda por formas jovens das principais espécies de produção. Foi então que o Laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina (LMM/UFSC), que funciona com um cronograma de pesquisa e produção e existe desde a década de 90, passou a ter também uma atuação fundamental.

Inicialmente, o LMM surgiu como proposta de fixação aos pescadores do litoral catarinense. A intenção era de trabalhar com a malacocultura em uma época onde não havia muita informação a respeito das espécies. “Então, tivemos a oportunidade de testar com a Crassostrea gigas e deu muito certo: nos desenvolvemos e outras espécies vieram para serem pesquisadas

da atividade e o beneficiamento dos produtos. O incentivo ao comércio legal de moluscos também é desenvolvido.

Já na área social, as ações da Epagri possibilitaram o projeto Jovens do Mar, que trabalha com a metodologia da pedagogia da alternância no qual o jovem permanece um tempo na Epagri e um período na sua atividade ou na sua propriedade.

A microalga serve como alimento em todas as etapas de produção. “O setor de microalgas é essencial e sem ele, nada vai para frente”, conta Carlos Gomes

e produzidas”, conta Carlos Gomes, técnico de laboratório de moluscos da UFSC.

Atualmente, o LMM trabalha com geração de formas jovens centralizada em três espécies: ostra do Pacifico (Crassostrea gigas), a ostra do Mangue (C. rhizophorae) também conhecida como ostra nativa, produções da vieira (Nodipecten nodosus) e do mexilhão Perna perna

Hoje em dia, a maioria dos produtores de ostras adquirem sementes em tamanho grande o suficiente para ficar retidas em uma malha de 1,5 milímetro

“Temos a fazenda marinha na própria UFSC para manter os reprodutores no ambiente, depois são transferidos para a maturação e crescem os gametas e vão para a desova. É todo um ciclo”, completa Julio Cacho, professor do Curso Técnico em Recursos Pesqueiros do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFRN/MACAU).

É na fase de sementes que os produtores passam a adquirir os animais no laboratório para então, transferi-los aos seus sistemas de cultivo. Como regra, todas as sementes produzidas são anunciadas nos meios de comunicação oficiais para que os produtores saibam de suas disponibilidades. Hoje, mais de 90% das sementes produzidas no LMM são comercializadas aos produtores catarinenses. Em 2020, só de gigas, foram entregues cerca de 30 milhões de sementes. Já em 2021, foram quase 38 milhões de sementes e, em 2022, 56 milhões.

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Fotos: Julio Cacho

De pai para filho

O cultivo catarinense de ostras passa por gerações familiares que usam da criatividade e da tecnologia para alavancarem suas produções

Dados do Ministério Pesca e Aquicultura revelam que cerca de 86% da produção de aquicultura marinha no Brasil atualmente é considerada pequena, sendo que 12% são produções médias e apenas 2% dos produtores grandes. Mas, apesar de serem consideradas pequenas, essas produções estão cada vez mais organizadas, bem como a cada dia mais familiar.

Um bom exemplo é a fazenda marinha Refúgio das Ostras , em Santo Antônio de Lisboa, Florianópolis (SC), que começou há 30 anos com o avô da atual proprietária, Gabriela Queiroz “Ele foi um dos pioneiros da maricultura em Santa Catarina e após parceria e pesquisas com um professor da UFSC, no meio do caminho, descobriram a ostra do pacifico”, conta.

Mais tarde, o avô de Gabriela decidiu ter a sua própria fazenda de ostras. “Eu já estava um pouco maior e comecei a ajudar ele, mas em de março de 2020, ele faleceu em plena pandemia da Covid-19 e o rancho ficou um ano fechado”, lembra. Em maio de 2021 e com a ajuda de seu marido, Douglas Queiroz, Gabriela conseguiu retomar as atividades da fazenda. De lá para cá, o estabelecimento foi crescendo no desenvolvimento de novas tecnologias para o cultivo.

Formada em engenheira de software e tecnóloga em automação industrial, Gabriela e os produtores começaram a colocar em prática as ideias e soluções que ajudassem na produção. “A gente foi vendo as dificuldades e foi tendo ideias, vendo equipamentos de alguns maricultores, como a selecionadora que a gente tem aqui e que foi ele [o marido Douglas] que produziu”, conta.

Vizinhos de produção, o Grupo Freguesia também tem uma história relacionada ao Refúgio das Ostras

e às experiências do avô e do pai de Leonardo Costa, o atual proprietário “A explosão da maricultura se deu de 1993 a 1995, quando chegamos a ter mais de 2.000 mil produtores no Estado, dos quais 530 em Florianópolis. Dali para a frente as coisas começaram a acontecer”, lembra Costa. Atualmente, o Grupo Freguesia é possui a maior fazenda marinha de ostras da região e também o restaurante Freguesia Oyster Bar.

A popularização do cultivo de ostras em Santa Catarina também fez nascer a empresa familiar Portal das Ostras. Há 22 anos no mercado trabalhando com a produção de mexilhões e berbigões, atualmente são as ostras que mantêm a produção em alta em Ribeirão da Ilha, mas já se estuda a viabilidade de produção em conjunto com as algas. “No ano passado, colocamos 8 milhões de sementes, quantidade bem considerável “, conta Ariane Lopes, filha do proprietário Devaldi Lopes.

O desafio de Gabriela diante da produção era conseguir driblar as limitações físicas do dia a dia, já que os equipamentos e os demais trabalhos eram muito pesados para normalmente uma mulher executar

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Seafood Brasil A ostreicultura, junto com outras produções, possibilita a renda de diversas pessoas no Estado

Além dela, a irmã Larissa, outros membros da família e demais colaboradores completam o quadro. “Conseguimos o certificado do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI) no ano passado. Ou seja, já podemos vender a nossa ostra para todo o Brasil”.

Olhando para o futuro

Em 2005, o Grupo Freguesia recebeu um programa de certificação e se destacou a nível nacional. Com isso, tornou-se a primeira empresa de ostras

Ariane

do Brasil a ter um certificado de qualidade na produção em mar. Já em 2015, o grupo fechou a cadeia ao montar seu próprio frigorífico com serviço de inspeção municipal. Entre as diversas atuações da empresa no ramo, também está a compra de sementes de ostras e comercializá-las pré-crescidas para outros produtores que fazem então somente a engorda. Somente com as vendas de sementes para engorda no ano de 2022 o Grupo Freguesia comercializou 200 mil dúzias.

Diferente da maioria dos produtores, Leonardo optou por trabalhar em alto mar por causa do deslocamento de colaboradores e volume de produção

Para Gabriela, o Refúgio das Ostras segue crescendo rumo ao sonho de fazer dela uma fazenda marinha de larga escala. Para isso, é preciso confeccionar equipamentos que ajudem elevar a produção e facilitem o dia a dia. “Não só para a gente, mas para também os outros maricultores. O sonho do meu avô era manter a maricultura e fazê-la crescer e, do meu ponto de vista hoje, a forma de chegar lá é introduzir tecnologias”, completa Gabriela.

Leonardo e o pai criaram a maior fazenda marinha de ostras da região e Larissa ajudam o pai na produção e administração do Portal das Ostras Seafood Brasil Seafood Brasil Seafood Brasil

Algicultura: uma nova etapa da maricultura catarinense

Após a liberação comercial da Kappaphycus alvarezii em 2020, o cultivo de algas ganhou força nos últimos anos em Santa Catarina e vem se apresentando como outra opção de renda com grande potencial ao maricultores

Há trinta anos, em Ribeirão da Ilha, Florianópolis (SC), o pescador Ademir dos Santos estava na beira praia quando recebeu a visita do pessoal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) que estavam ali para conversar sobre “plantações” de ostras e mexilhões. Isso chamou a atenção do pescador porque plantações no mar eram algo inusitado para a época.

A primeira experiência do pescador foi com o cultivo de mexilhões e um ano depois, começou a se aventurar com as ostras. Cerca de 15 anos depois, Santos

foi informado de que a prefeitura de Florianópolis faria um intercâmbio com a França e procurava um produtor que pudesse representar o segmento no país europeu. E lá foi ele em destino a La Rochelle, cidade especialista em maricultura. A experiência acabou possibilitando o contato com novas tecnologias, formas de cultivos e experiências que foram repassadas aos maricultores catarinenses.

De volta ao Brasil, uma nova etapa da maricultura e da história de Santos começava duas décadas depois após o maricultor participar de uma palestra sobre algas. “Plantar algas? Eu pensei: ‘lá vem mais experimentos’”, comenta.

Também em Ribeirão da Ilha, nos anos 2000, quando o pai de Tatiana Cunha se aposentou, viu na maricultura a oportunidade de continuar em atividade com o cultivo de ostras e mexilhões. Mas, com o tempo, algumas áreas da família passaram a ter problemas higiênicosanitários que tornaram a produção inviável na região. Foi quando Cunha viu na Kappaphycus alvarezii a possibilidade de continuar ajudando na renda familiar.

Há cerca de 30 anos que Ademir dos Santos produz ostras e mexilhões em Florianópolis, mas nos últimos 10 anos se dedica exclusivamente a produção da Kappaphycus alvarezii

“Como as condições financeiras não ajudavam para fazer a depuração e comprar os equipamentos para fazer o cozimento da ostra, a gente resolveu migrar para alga”, conta Tatiana Cunha, algicultora e empresária.

Na nova experiência, e com apoio da Secretaria da Agricultura do Estado e da Epagri, Cunha decidiu seguir sozinha nas atividades da Algama Fazenda Marinha. Inaugurado em 2022, a empresa ganhou em janeiro de 2023 a primeira unidade de beneficiamento de algas do Estado.

A Algas Brasil

No início de 2020, após anos de tentativas e erros no cultivo, aconteceu a tão sonhada liberação do cultivo comercial da Kappaphycus alvarezii pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Litoral de Santa Catarina.

Foi então que surgiu a fazenda marinha Algas Brasil, fruto da sociedade de Ademir dos Santos com seu filho Gabriel Ademir dos Santos, e os empresários goianos e sócios-proprietários da empresa de fertilizantes Carbom Brasil, Leandro Anversa e Sandra Anversa.

No primeiro ano da empresa, em 2020, foram produzidos 1.000 litros da

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Ademir Santos Cultivo de algas, principalmente da Kappaphycus alvarezii, segue crescendo em Santa Catarina

macroalga que, como explica Santos, é processada na própria fazenda. Com a expansão e a adoção de novas tecnologias no cultivo e processamento para a extração de biofertilizante da carragena, no segundo ano, foi alcançada a marca de 70 mil litros.

Com o sucesso da fazenda marinha, os demais maricultores da região também passaram a aderir às atividades com tecnologias cedidas. Assim, a empresa começou o seu processo de expansão, comprando e processando macroalgas dos produtores locais. Para este ano, as expectativas estão altíssimas já que, como conta Santos, “a empresa está processando atualmente cerca de 6 mil litros por dia.”

Família Cunha desistiu dos cultivos de ostras e mexilhões, mas a filha Tatiana começou uma nova etapa com pesquisas em usos múltiplos da macroalga

A Algama e os usos múltiplos

Da macroalga Kappaphycus alvarezii é feita a extração de carragenana, utilizada principalmente para a produção de biofertilizante. Mas, também já é possível o comércio de algas in natura, além de usos múltiplos na gastronomia e outros segmentos que vêm fortemente sendo estudados e explorados.

É justamente esses novos usos que levaram a produtora Tatiana Cunha a direcionar a produção da Algama Fazenda Marinha para pesquisas e usos múltiplos, como foi o caso dos cosméticos. “Minha inspiração veio após saber de um grupo de mulheres no Nordeste que trabalhavam com uma outra espécie de alga.”

Com técnicas para uma extração mais refinada dos hidrocolóides da macroalga, Cunha passou a produzir seus cosméticos. E após voltar de uma visita ao Instituto de Pesca de São Paulo, em São Paulo, o leque de possibilidade do uso da Kappaphycus alvarezii se expandiu também para a culinária, como por exemplo, a produção de farinha e extração de sal para consumo humano. Além do sal, a partir da alga desidratada para consumo humano, é possível fazer a extração da carragena também para a produção de fármacos e para a indústria alimentícia no geral, mas também a maricultora aplica na sua produção de gel nutritivo e outras receitas.

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Na Gôndola

A oferta de peixes, crustáceos e moluscos

Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Refinamento em vidro

A linha premium da Gomes da Costa acaba de contar com uma novidade: pela primeira vez, os filés de atum estão sendo disponibilizados em embalagens de vidro. As opções incluem filés de atum em azeite de oliva extra virgem com pimenta jalapeño e filés de atum em azeite de oliva extra virgem. O novo produto foi elaborado com a parte mais nobre do pescado, segundo a GDC, em um corte especial para trazer suculência e maciez ao prato do consumidor. Por fim, o vidro recebe um envelopamento de um selo dourado, o que reforça a sua proposta premium.

Camarão em terra de tilápia

A Brazilian Fish, conhecida por seus produtos com tilápia, ataca com duas novidades para complementar o portfólio. A empresa está ampliando o

mix com o camarão descascado eviscerado e o camarão descascado. A empresa adotou uma terminologia de “padrão de exportação” para o o produto utilizado. As duas opções de camarão são disponibilizadas pela empresa em pouches de 400 g.

O encontro de dois queridinhos

A Bom Peixe resolveu unir em um lugar só dois dos mais queridos ingredientes que o brasileiro gosta. Foi assim que surgiu o bolinho de salmão com catupiry, produto criado para conquistar quem é apaixonado por esses dois elementos. Segundo a empresa, a ideia do produto é servir como acompanhamento para todos os momentos, seja para receber a família ou em uma curtição com os amigos. Disponível em embalagens de 360 g, o produto vem pronto para ser frito e fica pronto em até 8 minutos.

Grandes medalhas empanadas?

Para as empresas em busca de ofertar comida empanada, a Congelados Ártico tem um produto que promete virar

morador fixo da cozinha dos clientes. Trata-se dos medalhões de merluza empanados, produto desenvolvido para trazer praticidade a quem gosta sentir a crocância na hora de comer. Podendo ser preparado de forma frita ou assado no forno, os medalhões prometem fornecer todos os benefícios que caracterizaram a merluza como uma grande fonte de proteínas. O produto é disponibilizado em embalagens de 150 g e contém duas unidades de medalhão.

Sem cabeça para cozinhar

Se você procura dar ao seu cliente praticidade de conveniência, esse produto da Bomar vai te interessar: o camarão sem cabeça cozido e congelado. Disponibilizado com o camarão cinza (Penaeus vannamei), o produto foi desenvolvido pela empresa para que o consumidor faça preparos rápidos de pratos para duas pessoas em que o camarão é considerado protagonista. Nos PDVs, o camarão sem cabeça cozido congelado da Bomar é vendido em embalagens de 200 g.

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O quadradinho de oito do atum

Os cubos de atum da Buona Pesca são a novidade da empresa para ganhar de vez o coração de quem ama esse pescado. Feitos com lombo de atum em pedaços e sem pele, os cubos vêm prontos para o preparo, o que certamente vai facilitar a vida de quem gosta de ter esse peixe em sua rotina. Ainda de acordo com a empresa, o produto é disponibilizado aos consumidores em embalagens com peso líquido de 500 g.

O camarão tá on

A Camanor destacou no período de Semana Santa o camarão tail off. A empresa informa que esse produto é mecanicamente eviscerado e passa por um processo de controle de qualidade muito rigoroso, antes de ser embalado. Sem usar nenhum tipo de produto ou conservante artificial como glazing ou água, o produto é disponibilizado em sacos de 1 kg e masterizados em caixas master de 12 kg.

Essa é a mistura do sabor com a saúde

O medalhão de salmão congelado é a aposta da Noronha Pescados para fornecer ao consumidor uma mistura de sabor e saúde. De acordo com a empresa, o produto, que é feito com salmão do Alasca, possui sabor suave, além de ser uma excelente fonte de ômega 3, vitaminas B e D e possui uma boa quantidade de potássio. Por fim, o medalhão é disponibilizado nos PDVs em embalagens com peso líquido de 400 g, com quatro medalhões cada.

Especial

Quaresma fatiada

Preço derruba Gadus morhua e não atrapalha tilápia, merluza e polaca se recuperam e mercados regionais têm desempenho recorde de nativos, esvaziando os estoques de um varejo mais cauteloso

Texto: Ricardo Torres

Uma Páscoa no começo do mês é tudo o que os peixeiros brasileiros gostam. Com o dinheiro do salário ainda no bolso, os consumidores desembolsaram mais com pescado neste ano e tanto varejistas quanto as indústrias registraram desempenho recorde, ao menos para os entrevistados desta

matéria. Da tilápia à merluza, houve grande demanda para todos os itens, mas no caso do bacalhau também se viu uma corrida às espécies mais baratas de peixe seco e salgado. Até o salmão congelado e o coho venderam bons volumes a um bom preço no varejo, deixando contentes chilenos e brasileiros de forma geral.

As cifras de aumento de crescimento de todo o período da Quaresma entre as fontes consultadas foram superlativas, contrariando o que se esperava no início do ano. A inflação e o endividamento das famílias era um grande fantasma no âmbito doméstico, como parte de um caldo de problemas globais que ainda afetam a produção,

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Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Vendas demoraram a engrenar na maior parte das categorias, mas virada do mês impulsionou o desembolso na semana decisiva, estimulando recordes

distribuição e consumo de alimentos. “Desde 2020, até o terceiro trimestre do ano passado, problemas climáticos, forte desvalorização cambial, problemas energéticos, logísticos, entre outros, afetaram a oferta de vários alimentos no País”, explica o

economista e pesquisador do FGV IBRE, Matheus Peçanha.

A incerteza com os reflexos desse panorama nas compras da Quaresma automaticamente deram um clima de cautela aos compradores do varejo e seus fornecedores, que em geral fizeram programações mais ajustadas. Ainda assim, havia uma expectativa de vendas razoáveis nos 40 dias que sucedem o carnaval. No entanto, a venda demorou para engrenar. “Foi um ano muito atípico e o consumidor não respondeu no período da Quaresma”, diz uma fonte de uma grande rede consultada pela reportagem. “No

pré-Semana Santa, tínhamos uma expectativa altíssima. Abastecemos muito com peixe fresco e a venda não aconteceu. Então, várias lojas pediram pra ‘cortar grade’ [reduzir o volume].”

Depois de um começo desanimador, a fonte diz que, a partir da terça-feira Santa, a venda começou a engrenar e apenas na quinta-feira Santa, em 6 de abril, o faturamento com peixe fresco e congelado foi quase o dobro da maior venda histórica da rede. No balanço final da Semana Santa 2023 com o mesmo período do ano passado, houve crescimento acima de 20% na venda bruta e superior a 15% no volume nesta

Éder Krummenauer (à dir.), da Frumar, ao lado dos irmãos e sócios Robinson e Andreza: ampliação da capacidade de processamento com a compra da Komdelli vai suavizar necessidade de duplicar turnos como ocorreu na Quaresma 2023 Divulgação/Frumar

Especial

para a Semana Santa. Ainda assim, o desempenho foi positivo: o faturamento da Quaresma sobre o mesmo período do ano passado subiu 17%.

Na Mar & Rio, o diretor, Julio César Antonio, já celebrava informalmente o desempenho uma semana antes de concluída a Quaresma. “Vendemos tudo o que tínhamos”, antecipou. No balanço final, êxito: crescimento de 77% no faturamento com o varejo. “Produtos importados, como merluza, cação e panga foram os que mais se destacaram no crescimento, com alta em torno de 45% em relação ao ano anterior.” Outro item em destaque foi o bacalhau dessalgado, com um astronômico 150% de aumento.

de venda. “Vendemos uns 30 tipos de peixes. O Rio de Janeiro abraçou o peixe amazônico, o que é um ganho muito grande porque eles são comedores de peixe de mar”, celebra o sócio e diretor, Armando Correa

O grande destaque, porém, foi no quintal da Bio Pescados. “Crescemos 200% na venda de peixe congelado em Manaus. Vendíamos R$ 1,2 milhão, mas vendemos R$ 4,5 milhões só nesta Quaresma”, diz o empresário. Os números também refletem uma expansão na mão de obra capacitada. “Antes, a Bio Pescados da Amazônia tinha 30 funcionários. Agora, temos 220 funcionários. Na época de safra, chegamos a 500”, ressalta Correa.

rede. [Os nomes da rede e da fonte foram preservados pela política da empresa de não revelar números ou comentar desempenho de vendas.]

A explosão de vendas a partir da terça Santa pode ser explicada em parte pela coincidência de datas com o início do mês, fato sublinhado como determinante pelo diretor da Frumar, Éder Krummenauer. “A questão de que dia a Páscoa cai no mês é muito importante. Se cair nos primeiros dias do mês é excelente, porque o pessoal já recebeu.” O empresário foi outro que se disse surpreendido pela evolução de vendas e teve de implantar um segundo turno na indústria em São Leopoldo (RS) para embalar os produtos que o varejo solicitou. “A nossa indústria conseguiu rodar 50% acima da capacidade de janeiro até março e conseguimos entregar um volume de produto embalado de 450 toneladas com marca própria”, contabiliza. A limitação industrial é algo que ele pretende solucionar a partir da incorporação da Komdelli, concluída em meio aos preparativos

A Bio Pescados da Amazônia teve expansão de 20% no faturamento desta Quaresma, com uma estratégia de diversificação de espécies e praças

Redes regionais animadas

As cifras também encheram os olhos da Bem Fresco. A distribuidora de pescado do Grupo GTM tem

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Pedro Fonseca, da Bem Fresco, viu os peixes amazônicos com vendas exponenciais na Semana Santa mineira Divulgação/Pague Menos
Arquivo pessoal Jair Souza, do Pague Menos: com ações de PDV e tabloide, venda de bacalhau teve um crescimento de 28%

Especial

O desempenho do camarão

As vendas de camarão vannamei seguiram uma dinâmica própria da categoria, que sofre mais a influência do food service. “As expectativas de crescimento da demanda, especialmente para o camarão in natura, não se materializaram, notadamente na semana que antecedeu a Semana Santa, sendo que no primeiro dia pós-Quaresma, já houve um aumento da procura e tendência de aumento de preços na porteira da fazenda”, avalia o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha.

Para ele, isso aconteceu a despeito de os preços praticados em março deste ano terem se mantido praticamente os mesmos praticados em dezembro do ano passado. “Na verdade, nos meses de janeiro e fevereiro, a demanda se manteve bastante aquecida e, como o setor já sabe que historicamente há redução de preços pós-Semana Santa, aproveitou-se a procura e deu-se saída à produção”, diz Rocha. Como resultado, ele calcula a comercialização de 6 mil toneladas de camarão no período.

No varejo, há relatos de um bom desempenho, mas como se trabalha muito o camarão congelado, pode ter sido reflexo de promoções e ações para diminuição de estoque de produto. Nesse aspecto, Baruzzi, da Rede São Paulo, estima um aumento geral de 20% de crescimento nas redes associadas.

Para Mauricio Deliberaes, da Copacol, faltou tilápia nas últimas três semanas da Quaresma e, por fim, a empresa terminou sem estoque, com vendas 25% maiores

entre os sócios alguns cotistas dos maiores varejistas de Minas Gerais (Supermercados BH, DMA e EPA), nos quais viu a venda de pescado amazônico disparar. “Em números gerais, tivemos um crescimento geral bastante superior, em torno de 30%. Mas os peixes do Norte cresceram 60% em volume no sell-out [venda ao consumidor]: vendemos em torno de 2.000 toneladas de peixe do norte”, conta Pedro Fonseca, head de demanda de compras do grupo GTM.

Entre as espécies, destaque para a piramutaba e o filé de mapará, que nunca tinha entrado como proposta de volume e com evidência nos tablóides locais. “Ele superou bastante as expectativas de vendas, gerando até rupturas nas lojas”, conta. Com isso veio também a volta do surubim, que oscila muito pela falta de volume, e a aposta positiva foi a retomada da dourada em postas. A diversidade de produtos ajudou a amenizar a alta no preço da tilápia, que desestimulou o consumo local da espécie, segundo Fonseca. “Sobre a tilápia, a maior rede aqui no ano passado vendeu 500 toneladas no ciclo Quaresma do ano passado, neste ano não vendeu 200 toneladas.”

A redução de preços do pós-Semana Santa ajudou a aquecer as vendas de camarão: calcula-se que no período, houve comercialização de cerca de 6 mil toneladas

Nos 47 dias entre a quarta-feira de cinzas ao domingo de Páscoa, o Hirota Supermercado viu um crescimento de 10% apoiado na expansão do bacalhau dessalgado. “As ações que nós fizemos foram voltadas ao bacalhau congelado e o crescimento foi de 100%, era o produto que estava mais em conta no mercado e com o qual tínhamos mais oportunidades de trabalhar”, aponta Laelson Leão de Oliveira, comprador de pescado do Hirota. O pior desempenho foi do bacalhau salgado, com uma queda de 15% em função do preço elevado.

Na contramão, a rede Pague Menos viu a mais tradicional categoria do varejo pascoal crescer. “Em comparação a 2022, a Semana Santa de 2023 foi ótima. Tivemos crescimentos nas vendas, tanto de valor como de quantidade. A venda de bacalhau teve um crescimento de 28%”, calcula o gerente comercial de perecíveis da rede, Jair Souza. Ele frisa que o volume não acompanhou o aumento do faturamento, o que sugere em empurrãozinho da inflação no desempenho. “O incremento de preço fez com que os consumidores procurassem outras alternativas para a

época. Por isso, a venda em quantidade não acompanhou a venda em valor.”

É uma dinâmica similar à relatada por Luiz Roberto Baruzzi, executivo da Rede São Paulo de Supermercados “O que está acontecendo muito nos supermercados é que o faturamento anda crescendo, pela inflação, mas não necessariamente aumenta o volume.” Ele ainda desenha uma certa mudança na dinâmica da sazonalidade nos supermercados regionais, acompanhada de uma migração para produtos de menor valor. “Os produtos sazonais vêm caindo cada vez mais. Carne natalina, peru, chester, panetone, ovo de Páscoa… só caem. O sazonal parece ter menos efeito do que tinha antigamente.”

Isso afeta diretamente as compras de bacalhau, segundo Baruzzi.

“A migração para menor valor é evidente. Então, a maior queda foi do Gadus morhua, que realmente estava muito caro. Saithe, zarbo, ling e lasca de polaca saíram bem em diversos formatos. A média de preço do morhua foi de R$ 110 a R$ 140/kg, enquanto o saithe estava em R$ 60/70.” A nova dinâmica força também a

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Divulgação/Copacol Pixabay

Especial

procura por outros itens para manter o “compromisso do consumidor” com a tradição da Páscoa. “Como sempre, os filés importados congelados foram bem e, neste ano, os filés de merluza argentina desempenharam bem. No nacional, é a tilápia que foi bem.”

Em Minas Gerais, o cenário foi distinto pela ascensão dos peixes amazônicos. Para um público como o mineiro, para quem os filés são essenciais, a tilápia era um candidato natural na Páscoa, mas não desempenhou bem. Para Fonseca, o fato do filé ter rompido a barreira dos R$ 40/kg inviabilizou o produto nas redes trabalhadas pela Bem Fresco e estimulou a venda de outros itens, como o filé de tambaqui, que custou 30% do preço da tilápia.

Tilapicultores satisfeitos

O nítido aumento de preços da tilápia para o varejo tem outro nome para os produtores e indústrias especializadas no peixe mais consumido pelo brasileiro atualmente: recomposição de margens. “No caso da tilápia, o produtor vem conseguindo trabalhar com o mercado a seu favor, precificando no momento de aumento de demanda”, aponta Francisco Medeiros, diretor presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). Em um dos maiores pólos nacionais de produção, a sensação foi de alívio pelo aumento dos preços pagos aos produtores. “Neste cenário de escassez do produto no mercado e demanda crescente, houve uma significativa melhora entre a remuneração para o produtor neste ano de 2023 e em relação ao mesmo período de 2022”, aponta a diretora-executiva da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (Peixe SP), Marilsa Patrício Fernandes.

As indústrias do maior pólo tilapicultor do Brasil também celebraram os resultados de uma Quaresma de tilápias mais caras. Segundo Mauricio Deliberaes, gerente de mercado interno de Copacol, houve

um crescimento de cerca de 25% sobre o mesmo período do ano anterior, que já havia sido positivo. “Nós terminamos a Quaresma sem estoque. Na verdade, até não conseguimos atender toda a demanda dos clientes: faltou peixe nas últimas três semanas.”

A maior concorrente do pólo paranaense, a C. Vale, também apurou bom desempenho, mas não divulgou números específicos. “Foi muito positivo, tivemos bom crescimento nos volumes quando comparamos a 2022, o preço médio melhorou significativamente e os estoques estão zerados. Como o varejo vendeu bem, não tem pressão de estoques”, detalha Robson Vargas, gerente de mercado interno da C. Vale

Recompras aquecidas

Finda a Quaresma, apesar dos bons resultados manifestados pelos entrevistados, logo começa a preocupação dos peixeiros quanto ao comportamento do consumo fora da sazonalidade. Os primeiros sinais, porém, são animadores. “Acredito que o pós-Quaresma será um dos melhores que já vimos nos últimos anos. Acho que chegaremos muito bem a agosto, quando as vendas normalmente retomam”, comenta Deliberaes, da Copacol.

Segundo Baruzzi, o varejo em geral tem feito compras cada vez mais ajustadas em função do cenário complexo global e doméstico. “Hoje, a preocupação no varejo com os

juros e estoque é muito forte e muito importante. Isso faz com que seja compra de dia, mais do que de formação de estoques.” A Frumar percebeu isso claramente durante a própria Semana Santa. “Não tínhamos produto para reposição no meio da Semana Santa. Como houve alguns pedidos de reposição, tentamos resolver com produtos dentro do mix, mas acabamos com quase zero de estoque”, pontua Krummenauer.

Para Guilherme Blanke, diretor da Noronha Pescados, o fator Covid-19 criou um trauma na política anterior de estoques. “Em 2020, os estoques reguladores foram consumidos. Então, ficou uma coisa imediatista de produzir e vender. E agora como diminuiu o consumo no mundo todo por conta do excesso de estoque, mudou-se a forma de trabalhar com os estoques.”

No varejo mineiro, a tendência é continuar a explorar as opções de peixes amazônicos, como indica Fonseca, da Bem Fresco. “O consumidor fez a degustação na Páscoa e agora houve a recompra. E o mais importante é que estes peixes cabem no orçamento das famílias.” Como sintetiza Marilsa Fernandes: “Este ano foi melhor, apesar de o consumidor ter de pagar mais caro para comer peixe. Uma coisa compensa a outra, mas alguém paga a conta.” Em 2023, o consumidor brasileiro de pescado topou pagar a conta.

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A avaliação dos especialistas é que apesar de este ano ter sido bom, o resultado foi impulsionado pela alta dos preços do pescado Divulgação/Carrefour

Na Cozinha

Divulgação/Nagoya Sushi School
Chef André Kawai, sócio-fundador da Nagoya Sushi School: escola explodiu de alunos na pandemia com busca pela segurança do alimento no delivery

Chefs (e gestores) na escola

Falta de contato dos alunos com o pescado é um dos principais desafios na formação de trabalhadores nas cozinhas especializadas. No entanto, o interesse é crescente

As provas mais decisivas dos inúmeros reality shows de gastronomia disponíveis na TV e na web normalmente têm um ponto em comum. De Gordon Ramsay a Erick Jacquin, todos os jurados renomados gostam de colocar os participantes em maus bocados, cozinhando pratos com algum ingrediente aquático. Pressionados pelo tempo, pelas câmeras e pelo furor dos chefs/personalidades/jurados, os cozinheiros muitas vezes se perdem na falta de intimidade na manipulação e cocção das inúmeras espécies de peixes, crustáceos e moluscos disponíveis.

Muitos chefs da vida real, que ocupam as cozinhas de todo o planeta sem o glamour das transmissões, também sentem um frio na barriga quando o prato é com pescado. Os professores e coordenadores de cursos diversos consultados pela Seafood Brasil indicam que o problema não é necessariamente de ordem técnica. O Le Cordon Bleu Brasil, cujos cursos têm módulos que ultrapassam R$ 20 mil, tem alunos que apresentam pouco contato com o tema, como conta o chef e professor francês Alain Uzan “A maior parte não sabe mexer [com pescado], mas estamos aqui para

ensinar. Tem quem gosta e quem não gosta, mas todos sabem que precisam desse repertório na cozinha. Nós ensinamos as técnicas para qualquer tipo de produto, desde uma sardinha até um pirarucu de 30 kg.”

Mesmo a gastronomia japonesa, a principal porta de entrada para o consumo de pescado nos restaurantes brasileiros, enfrenta a barreira da falta de intimidade dos trabalhadores com as matérias-primas aquáticas. Não apenas no preparo dos pratos, mas na recepção e conservação dos produtos. “Profissionais de cidades

do interior mais afastadas têm muita necessidade de manter o peixe por mais dias, já que não têm muita rotatividade de entregas, mas não conseguem fazer isso mantendo a qualidade”, sublinha Nanci Kawahito, professora da Nagoya Sushi School. O impacto é direto no consumo: ”Eu já ouvi gente dizendo que não gosta muito de sushi porque provou e sentiu que não era bom.” Afinal, peixe vencido nem um niguiri salva.

Outro fator complicador é a resistência de alguns cozinheiros no aprendizado de novas técnicas. “Já tive alunos que recebem o curso do restaurante em que trabalham e não aceitam executar as técnicas avançadas, porque acreditam que as que eles próprios desenvolveram são melhores”, diz Kawahito. A Nagoya é a única escola credenciada e representante da World Sushi Skills Institute (WSSI) e a All Japan Sushi Skills Institute (AJSA), única associação de sushi credenciada pelo governo japonês. Mas ainda assim, há profissionais que preferem apostar nos próprios conhecimentos empíricos para se diferenciarem.

A situação se torna mais complexa quando os alunos não têm qualquer formação além da prática e não conseguem arcar com o

investimento necessário para nivelar o conhecimento com o que se faz no mercado. Pensando em contornar a situação, a Gastronomia Periférica foi fundada há cinco anos com o intuito de oferecer cursos gratuitos para formar cozinheiras e cozinheiros oriundos das periferias do Brasil. Hoje, já são 20 Estados brasileiros atendidos, além de mil alunos formados dentro do curso de gastronomia e, só em 2022, a escola formou cerca de 300 cozinheiros e empreendedores.

Conforme detalha a sócia fundadora, Adélia Rodrigues, o maior incômodo desde a origem do projeto era justamente a falta de formação de quem já trabalhava na cozinha, ao passo que outras pessoas com formação não necessariamente eram bons cozinheiros. Neste processo dicotômico, acharam um objetivo específico. “A principal bandeira é o combate ao desperdício. Se olharmos para a periferia, estão lá as cozinheiras que ocupam todas as cozinhas. Se elas tiverem acesso à informação [de redução de desperdício] e fizer sentido para elas que dá para aproveitar a cabeça e a cauda para fazer um fundo, por exemplo, conseguimos modificar de fato os restaurantes, não só pelo convencimento do dono.”

Não por acaso, a maior parte dos alunos formados pela escola é de mulheres. “É por uma escolha nossa, mas também por um retrato social. Quem pensa em fazer os cursos é a mulher que não teve oportunidade, fez outras escolhas, principalmente familiares e, através de um curso totalmente gratuito, ela poderá olhar para a própria formação.” Para o chef Édson Leite, também sócio fundador da Gastronomia Periférica, não é correto dizer que uma cidadã ou cidadão periférico não têm interesse no pescado porque não têm contato. “Em um monte de quebradas tem restaurante japonês e todo mundo sabe o que é um salmão ou camarão. O desejo de ir a estes locais é real. Nas redes de supermercado da periferia, por exemplo, vende-se mais pescado do que carne de porco.”

O pescado na jornada formativa

Na maior parte dos cursos de gastronomia destinados a formar profissionais para as cozinhas de todo o Brasil, o pescado é um item a mais dentro de outras disciplinas, como a de cozinha quente. Mas algumas instituições dão ênfase na pluralidade da oferta de pescado disponível, bem como aspectos relacionados à origem, logística e técnicas de manipulação e cocção.

É o caso do Senac-SP, que oferece cursos de graduação em quatro semestres em dois dos campus mais reconhecidos da área no Brasil: Campos do Jordão e Águas de São

Pedro. “O Senac São Paulo aborda peixes e frutos do mar em toda sua complexidade. Desde a classificação, tipos, como precisam ser manipulados para limpeza, evisceração, armazenamento até as diferentes formas de preparo e apresentação. Claro que cada curso traz o assunto e insumos de forma diferente,

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Chef Alain Uzan, do Le Cordon Bleu, ao centro, junto à alunas do curso: “É crucial entender e respeitar a matéria-prima. Se você pegar pela primeira vez um ingrediente que nunca usou, pesquise e procure saber como ele se comporta”. Divulgação/Le Cordon Bleu

considerando a complexidade que é necessária para o tema”, explica Débora Kucher, coordenadora de gastronomia do Senac São Paulo. Ela se refere às diferentes modalidades além da graduação, como cursos livres, técnicos, extensão e pós-graduação.

A linha é similar à adotada pelo mais tradicional instituto de gastronomia do mundo, o Le Cordon Bleu. Fundado há 128 anos na França, está presente em 20 países com 35 unidades, que já formaram mais de 20 mil alunos de 100 nacionalidades diferentes. No Brasil desde 2018, a escola aborda o pescado tanto no Diplôme de Cuisine – uma certificação em níveis básico,

Para Zenir de Melo Ferreira, do Senac, ainda há preconceito dos alunos com pescado congelado

intermediário e superior – quanto no Cordontec – formação voltada para quem tem interesse em atuar em cozinhas profissionais.

O chef instrutor Alain Uzan garante que o destaque à área é grande nos dois cursos. “Peixes e frutos do mar são cerca de 40% do conteúdo direcionado às proteínas”, aponta. “De acordo com a proposta pedagógica e carga horária de cada programa, há uma diferença nos tipos de peixe utilizados.” O Cordontec explora o salmão, a pescada e a tilápia, enquanto o Diplôme de Cuisine contempla também insumos mais exóticos, como o king crab. “É um campo de conhecimento essencial para qualquer aprendiz da

Divulgação/Senac-SP

área gastronômica. Os cozinheiros precisam saber o comportamento de diferentes carnes, de lula, polvo, mexilhão, vôngole, camarões, lagostins, e dominar diferentes formas de cocção, molhos e interação de ingredientes.”

O objetivo é oferecer um panorama completo sobre frutos do mar, peixes de mar e de rio. Também abordamos espécies presentes no Brasil e na Europa, além de ícones de outras nacionalidades. “A partir daí, expomos aos alunos comparativos de formatos, tipos e qualidade. Eles aprendem a manipular corretamente, tirar filé, espinha, métodos de cocção e principais influências técnicas e culturais culinárias de várias partes do mundo, incluindo o Brasil”, detalha o chef Uzan.

Na Nagoya, com unidades físicas em São Paulo e Rio de Janeiro, os cursos são básico e iniciante, intermediário e avançado. Desde o primeiro módulo do básico, os alunos são provocados a compreender a importância da manipulação correta de peixes, crustáceos e moluscos, respeitando as exigências para cada espécie. “Não adianta a indústria fazer o tratamento depois de sair da água, com tecnologia e cuidado com a conservação, e o profissional no restaurante não cuidar da higiene e conservação. O peixe tem que ser mantido bom em todos os dias da duração dele, não só no primeiro dia. E cada peixe tem um comportamento. Alguns são melhores manter inteiros, outros em filé etc”, aponta Nanci Kawahito.

Ela usa o próprio exemplo junto aos alunos. Sócia do restaurante Emi Sushi, em Itaguaí (RJ), a professora

leva os peixes direto do restaurante e os desembala em frente aos alunos, que então conhecem os métodos empregados ali. “Mostro como se usa [o pano] perfex na barriga, falo sobre a textura, o cheiro e como fica depois de 3, 4 dias.” Se a aula é domingo, ela recebe o peixe na quinta-feira para levar à escola. “Um aluno olhou e disse que estava melhor que o dele que recebe todos os dias.” Mas nem sempre foi assim, como a própria professora conta no testemunho pessoal do Box da página 80.

Pré-conceitos formadores

Os mestres que formam os cozinheiros e cozinheiras de todo o Brasil também são responsáveis por transmitirem as informações mais precisas possíveis sobre o complexo universo do pescado, mas nem sempre isso acontece. As entrevistas para esta reportagem mostram que alguns temas ainda têm pouco consenso, como o uso de espécies de aquicultura ou selvagens, itens importados em oposição a nacionais, produtos resfriados ou congelados e até fraudes no pescado.

Zenir Aparecida Dalla Costa de Melo Ferreira, coordenadora do curso Tecnologia em Gastronomia do Senac, reconhece a má vontade de alguns com determinadas apresentações. “Existe um pouco de preconceito com pescado congelado. No entanto, se congelado da forma correta, mantido em temperatura certa e descongelado corretamente, o pescado pode entregar a mesma qualidade de um pescado fresco”, atesta. Ela menciona como exemplo

o comércio de pescado do Japão para restaurantes americanos, com itens ultracongelados como o atum bluefin.

O falso dilema “congelado x fresco” é uma questão que precisa ser abordada sob a ótica administrativa, de gestão de estoque. Essa é a linha do trabalho desenvolvido pelo EGG Educa, núcleo de educação para chefs executivos do grupo EGG. “Um congelado bem tratado é melhor do que um fresco mal tratado. Do ponto de vista de gestão, um congelado é sempre melhor porque a cadeia de frio tende a ser mantida de forma mais coesa”, aponta Ivan Achcar, sócio fundador do EGG

No entanto, ele pondera sobre o temor que os compradores de pescado do food service têm sobre o glazing. “Muitas empresas trabalham com congelados e um banho de gelo muito grande. Então, você perde 25% do produto em água”, comenta Achcar. “Sendo assim, os congelamentos precisam ocorrer de forma estruturada, monitorada, para se calcular o fator dessa mercadoria para saber exatamente o preço que se está pagando no produto”, completa.

Para o chef Uzan, do Le Cordon Bleu, há dois reflexos associados aos problemas na cadeia do frio. “O peixe verdadeiramente fresco é muito difícil de se obter em uma cidade como São Paulo, enquanto nos congelados, eu acho difícil ter garantia de qualidade”, opina. Ele completa. “A gente não sabe com certeza há quanto tempo foi congelado ou os métodos de

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Adélia e Edson, gestores do Gastronomia Periférica, cobram maior envolvimento das empresas para viabilizar os cursos de gastronomia dados gratuitamente a pessoas periféricas, especialmente mulheres Divulgação/Gastronomia Periférica

Formar a área administrativa

O chef Ivan Achcar é especialista em estruturação de conceitos e plano de negócios para restaurantes, aceleração de negócios e estratégias de marketing e aquisição de clientes para o food service. Ele fundou o que considera ser a primeira e única escola da américa latina 100% dedicada à gestão de negócios da gastronomia, com mais de 100 professores e 7 mil alunos formados. Ele teve a ideia após considerar que existe um “apagão gigante” de formação de mão de obra para a gestão de serviços de alimentação.

“Precisamos entender que você pode cozinhar a melhor comida do mundo, mas isso não vai fazer diferença nenhuma no seu negócio do ponto de vista de sucesso.”

Os peixes, crustáceos e moluscos não são objetivo de uma disciplina específica, mas entram nos estudos sobre a gestão de compra de proteínas. “Falamos muito sobre a importância da curva ABC [análise que ajuda as empresas a identificarem os produtos com a melhor relação compra-vendaestoque]. Peixes e frutos do mar tem um custo elevado, mas também agregam muito valor nos cardápios e têm margens de contribuição bem gordas.”

congelamento. Muitas vezes, a carne do peixe está meio cozida pelo congelamento.” A saída, segundo ele, é encontrar um fornecedor confiável e desenvolver diversos requisitos para realizar a compra.

Uzan é um dos que têm opiniões fortes a respeito dos peixes da aquicultura, ecoando o que a maior parte dos chefs da alta gastronomia pensam sobre o cativeiro. “Um peixe de cativeiro nunca vai ser igual ao selvagem. O peixe em seu habitat natural se alimenta de um certo jeito e, no cativeiro, alimenta-se de ração. A qualidade é sempre inferior, não há dúvida. Mas em alguns casos como as ostras, por exemplo, se não forem de cativeiro, eu não consumo. É um animal que precisa de vigilância sanitária para se cuidar do que ela come, senão tornase perigosa à saúde.”

Ele ainda aponta outros problemas junto à cadeia de fornecimento que prejudicam os processos formativos das escolas. “O mais complicado na cadeia de fornecimento de pescados é a má fé. As pessoas vendem produtos que não são frescos e falam que são. Está cada vez mais difícil encontrar peixe realmente fresco com qualidade. O recongelamento é uma prática perigosa e as pessoas fazem mesmo assim.”

Suporte dos fornecedores

treinamentos, visitas técnicas, entre outras possibilidades.

Para Adélia Rodrigues, a Gastronomia Periférica só não criou ainda um curso específico de pescado para os alunos periféricos em função da falta de envolvimento dos fornecedores para ajudar a suportar os custos envolvidos. “Olhar para a periferia e para a imensa oportunidade de levar esse tipo de conhecimento requer uma inteligência gigantesca. Acho que ninguém está percebendo isso tão claramente.” O chef Edson Leite lembra que os trabalhadores dos restaurantes que operam com pescado em geral têm origem periférica. “Uma marca de pescado nos ajudaria a dar esta formação para que as pessoas entendam que o que ela faz é bom e é importante. É uma ferramenta para transformar a vida dos nossos pela formação”, diz.

Da escola para o trabalho

“Não existe peixe ruim. Existe cozinheiro que não sabe lidar com aquele peixe”, diz Ivan Achcar, da EGG

As indústrias que comercializam seus produtos junto às escolas têm um papel que extrapola o mero fornecimento de um produto confiável. Cada vez mais, as empresas são instadas a transmitir informações sobre a origem, as condições de captura e produção, se houve segurança e respeito laboral no processo. É crescente o interesse dos alunos nos processos da água ao prato, o que também acontece nos salões junto aos consumidores. Isso abre uma oportunidade de parcerias com estas instituições em forma de patrocínio,

O encaminhamento profissional é outra vertente de atuação das escolas, que são acionadas pelos operadores do food service em busca dos melhores talentos. “Quando os alunos se formam e nos procuram, nós tentamos ajudar o máximo possível. Acionamos os contatos de chefs no mercado que temos. Temos muita segurança em encaminhar nossos alunos a todo tipo de cozinha profissional porque no Le Cordon Bleu, todas as pessoas são submetidas a um nível técnico alto e avaliações bem rígidas”, defende o chef Alain Uzan.

No Senac, há uma área exclusiva para atender à demanda de empregabilidade. “Muitas empresas nos procuram por conta da qualificação da mão de obra e regularmente, fazemos interações entre empresas e/ou profissionais do mercado com os alunos a fim de proporcionar mais possibilidades de caminhos para os nossos egressos”, declara

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Divulgação/EGG Educa

a coordenadora Débora Kucher. A professora da Nagoya Sushi School, Nanci Kawahito, já recebeu a alcunha de “agenciadora de sushimen”, como ela própria menciona, às gargalhadas. “Tem muito restaurante que nos liga pedindo indicação de aluno. Pedem alunos que já tenham passado pelo básico, para que ele já tenha absorvido a parte de higiene.” É como se os profissionais já em atuação por aí não tivessem noções básicas de manipulação, segundo ela, o que reforça a importância da capacitação.

Cozinha-sala de aula do Le Cordon Bleu, em São Paulo: escola francesa tem 40% do conteúdo de proteínas voltado a pescado

Divulgação/Le Cordon Bleu

Texto: Ricardo Torres

“A escola mudou minha vida”

Por Nanci Kawahito, professora da Nagoya Sushi School e sócia do restaurante Emi Sushi, em Itaguaí (RJ)

decretada, entrou um curso on-line da Nagoya. Quando eu comecei a fazer, disse ‘Meu Deus do céu, nada disso eu conheço e estou fazendo tudo errado’.

Vi que o sensei André [Nobuyuki Kawai] era conhecido como embaixador do sushi, nomeado pelo governo japonês. Pesquisei também sobre o sócio dele, sensei Hiro Ozono, e vi que eles davam cursos avançados e de proficiência. Com a pandemia, sensei André, que mora no Japão, ficou preso no Brasil e isso fez com que a escola crescesse. Havia muitos alunos online e eles aceleraram as obras para que, quando a pandemia desacelerasse, eles pudessem acomodar mais turmas.

Depois, fui fazer o curso avançado de sushi presencial em São Paulo e cheguei a chorar em sala de aula. Eu vi que estava fazendo muita coisa errada, embora achasse que já tinha chegado ao ápice. O pior não é fazer errado, mas não saber o que está fazendo errado. Eles foram abrindo turmas pequenas e eu fazia todos os cursos. Fui eleita a aluna-modelo por conta da diferença de resultados, da forma que consegui absorver a técnica e como consegui reproduzi-la.

Comecei a fazer sushi em casa desde criança, o que é comum em famílias japonesas. Por volta de nove e dez anos eu já entrava na cozinha. Quando me tornei adolescente, comecei a fazer muitos eventos com comida e, posteriormente, resolvi abrir o restaurante. Na época, fiz um cursinho que nem lembro onde foi só para poder agradar ao paladar brasileiro por sushis. Aprendi com os meus antepassados, que não tinham tido educação formal e também tinham muita dificuldade de comprar de insumos. Era como se fosse um sushi caseiro, não sushi profissional para venda. Fora isso, a literatura era muito limitada e equivocada . Até hoje tem muitos ensinamentos incorretos, como a esteira usada para enrolar o sushi. O nome correto é makisu, mas todo mundo no setor conhece como sudare - que na tradução literal seria algo como ‘cortininha’.

Quando abri o restaurante, senti que consegui ir até um limite. Eu sentia que faltava alguma coisa, não conseguia passar de um ponto, embora sempre tivesse estudado muito. Continuei. Mas quando entrou a pandemia, de repente caiu tudo. Aí eu vi realmente a necessidade. Fui buscar informações e, na semana em que a pandemia foi

Foi a época que todo mundo pensou no que iria fazer e como seria viver com a Covid. Aí, focaram na parte de segurança e higiene, como contaminação, como lidar com o produto para não levar doença para as pessoas em casa e coisas assim. Ao final, as pessoas queriam fazer algo mais seguro, técnico e que os peixes durassem mais tempo.

Para mim, reduziu as entregas para uma vez só por semana. Com as técnicas que aprendi, comecei a mudar um monte de coisas e vi uma mudança brusca na qualidade, ao ponto de eu não reconhecer meu próprio sushi. Parece que não havia sido eu que tinha feito! O peixe começou a ter outra aparência, outro aspecto e brilho, e as fotos que eu postava já mostravam isso. Com o aprendizado que tive, explodi de vendas já na pandemia. Mantive quase o mesmo fluxo financeiro só com o delivery, sem o salão. Hoje minha operação de salão voltou e não consigo dar sequência no delivery. São 32 lugares aqui.

Nanci Kawahito fez mais de 15 cursos na Nagoya nos últimos três anos e se tornou aluna-modelo e professora da instituição; no detalhe, a chef junto ao sensei André Kawai e o sensei Hirotoshi Ogawa

O sensei André foi vendo o meu compromisso em fazer o certo e, ao mesmo tempo, a minha forma de lidar com meus colegas. Nisso, ele achou que eu tinha perfil para ensinar, porque eu já tinha feito vários antes. Então, eu tirei o de proficiência no ano passado, o que é muito importante para consultoria, principalmente para professores, mas também para chef executivo de restaurante.

Com o tempo fui pegando turmas menores e agora, já faz um ano [que sou professora]! Com sede na Nagoya do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, hoje, faço mais de 30 alunos por mês. As turmas estão sendo um sucesso, os alunos saem muito satisfeitos e eu me sinto cada vez mais realizada!

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Divulgação/Nagoya Sushi School e arquivo pessoal Divulgação/Nagoya Sushi School e arquivo pessoal

Personagem

Paixão em fazer adiferença

Envolvimento de Rose Zacarias pela atuação com desenvolvimento local e comunidades faz a diferença para a tilapicultura em sistema cooperativista no pólo de Morada Nova, em Minas Gerais

Rose não começou no pescado, mas se tornou uma liderança indutora do cooperativismo aquícola mineiro

OAnuário da Peixe BR 2023 revelou que das 54.700 toneladas de peixes produzidas em Minas Gerais no ano de 2022, 51.700 toneladas foram de tilápias, atividade que tem o município de Morada Nova como o principal polo produtivo da espécie na região. Sobre esse desempenho, a tilapicultura mineira também conta nos últimos anos com o suporte de instituições e profissionais técnicos e operacionais com atuação junto aos produtores. Desse trabalho, muitos nomes se destacam e fazem a diferença, como é o caso de Rouzeny das Graças Zacarias, conhecida como Rose Zacarias.

Formada em Administração com especialização em Gestão Estratégica da Informação, ela também é bacharel em Direito e, desde 2018, trabalha junto a tilapicultores de Morada Nova como analista de educação e desenvolvimento sustentável sênior no Sistema Ocemg – formado pela junção do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (SescoopMG), que oferecem orientação e apoio para a gestão eficiente do setor, com cursos, treinamentos, palestras e seminários que integram a sociedade cooperativa.

Foi ainda muito jovem e durante a faculdade de administração que Rose descobriu a paixão que a levaria ao pescado: a atuação com desenvolvimento local e comunidades. “Tenho uma verdadeira paixão por esse trabalho e por trabalhar com comunidade. Isso é muito legal.” Ela conta que o primeiro contato com o trabalho de desenvolvimento local foi em 1997, justamente na faculdade. “Ajudei uma empresa júnior e na época, a gente foi convidado para atuar num projeto em Belém de Maria, em Pernambuco, com um ex-assentamento dos Sem-Terra”, lembra. Depois, a faculdade fez um convênio com o governo federal, por meio do qual ela foi a primeira no curso de administração a encabeçar esse trabalho. “Desde então

venho atuando nessas questões de uma forma mais firme.”

Ela lembra que em Morada Nova de Minas, o trabalho começou no final de 2018 a convite da Cooperativa Sicoob Aracoop. “Com um potencial enorme para a produção de tilápia, encontramos um grupo pouco articulado e com questões graves de regularização a serem resolvidas”. Rose conta ainda que no início das atividades, foi ouvindo quem estava à frente de toda aquela “maravilha” que já era a produção de tilápia na cidade. Assim, surgiu a primeira SWOT – análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças – da cadeia produtiva de tilápia de Morada Nova de Minas e que apontava, muito a frente de outros temas, a legalização da cadeia como o principal gargalo.

No fim desse primeiro momento, os membros da cadeia realizaram o primeiro Encontro da Cadeia Produtiva de Piscicultura de Morada Nova de Minas, que contou com palestras técnicas, além de um momento especial lembrado com carinho por Rose. “Todos os pratos vendidos nas barraquinhas, que eram instituições filantrópicas da cidade, tinham como base a tilápia doada pelos piscicultores. A renda ficou para as instituições.” A partir daí, ela explica que começaram a priorizar a regularização das pisciculturas. O resultado? Mais de 20 pisciculturas regularizadas em duas aberturas de capacidade da represa de Três Marias, o que, segundo ela, “colocou a Morada e a vida de cada piscicultor em outro patamar.”

Desde então, o grupo já participou do International Fish Congress (IFC), teve novos pedidos de outorgas deferidos pelo governo e começou a fazer parte dos indicadores do CEPEA. “A Morada Nova de Minas é uma cidade de pessoas guerreiras, de uma beleza natural linda e de um potencial econômico incrível! E tenho orgulho de mostrar essa outra qualidade da cidade”, finaliza Rose.

SEAFOOD BRASIL • MAR/ABR 2023 • 82
Texto: Fabi Fonseca

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