História da Filosofia V3 Giovanni Reale

Page 285

Capitulo de'cimo quarto -

III.

F r a n c i s Bacoh: filbsofo

dn e r a i o c i u s t v i a l

"fintecipaG6es d a natureza"

267

1 2 ~ ~ 2 .

e "interpretaG~es da natureza" Conforme Bacon, ciencia e poder coincidem, no sentido de que se pode agir sobre fen6menos apenas quando se conhecem suas causas. Para remediar os defeitos do saber de seu tempo, tecido de axiomas abstratos e de Iogica silogistica, Bacon prop6e a importante distinqao entre: a) as antecipagdes da natureza, que s%onoq6es tomadas de A impomnte poucos dados habituais e sobre as quais a opiniao comum facil- distinqzoentre mente dd seu prciprio consentimento; as antecipaqdes 6)asinterpretag6esdanatureza, quederivamaocontrario d a n a t u r e ~ a e de uma pesquisa que se desenvolve a partir das proprias coisas asinterpretaqdes da natureza conforme os modos adequados. Ora, s%oas interpretag6es da natureza, e n%oas antecipa- 4 § 1 gcjes, que constituem o verdadeiro saber, obtido com o verdadeiro metodo, o qua1 e um novum organum, um instrumento novo e eficaz para alcan~ara verdade. Trata-se, portanto, de seguir propriamente duas fases: 1) a primeira (a pars destruens) consiste em limpar a mente de falsas no@es (idola) que invadiram o intelecto humano; 2) a segunda (a pars construens) consiste na exposiqSo e justifica@o das regras do novo metodo.

1 O m&todo pov meio do q ~ ase l alcampa o vevdadeiro sabeu. Escreve Bacon no inicio do primeiro livro do Novum Organum: "Ministro e intirprete da natureza, o homem faz e entende o que observa da ordem da natureza, corn a observaqiio das coisas ou com a obra da mente - ele nao sabe nem pode nada mais que isso." Em conseqiiikcia, prossegue Bacon, "a cicncia e a potencia humana coincidem, porque a ignorincia da causa impede o efeito, e so se comanda a natureza obedecendo a ela: aquilo que C causa na teoria torna-se regra na operaqao pratica". Assim, podemos agir sobre os fen6menos, ou seja, i possivel intervir eficazmente sobre eles, mas apenas com a condiqiio de conhecermos suas causas. Ora, C bem verdade que "o mecinico, o matematico, o alquimista e o mago" se ocupam da natureza e procuram entender seus fen6menos, mas tambim i verdade, observa Bacon, que "todos eles, pelo menos ate agora", ocuparam-se da natureza

"corn energia limitada e escasso sucesso". Por isso, i tolo e contraditorio pensar que aquilo que n5o se conseguiu fazer a t i agora possa ser feito no futuro sem recorrer a me'todos novos e ainda n5o tentados. 0 fato t? que admiramos as forqas da mente huma-

W AntecipaqSea do naturera. E 0 process0 "temerario e prematuro" da raz80, de que o homem comumente faz uso em relac80 a natureza. Trata-se de um procedimento muito util para induzir ao consenso, porque tipicas d o tiradas de pousuas no~ijes cos exemplos muito familiares e "imediatamente agarram o intelecto e preenchem a fantasia"; porem, justamente por isso, suas noqijes s80 em primeiro lugar "falsas", e chegam a constituir os idolos, os preconceitos errados dos quais todo intelecto que queira ser cientifico deve absolutamente se libertar. Mediante as antecipaqdes, n3o se pode obter nenhum progress0 nas cihcias.


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