História da Filosofia V3 Giovanni Reale

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Terceira parte - Bacon

e Descartes

0problems g e ~ a l do fMndamento do saber Se toda a casa est6 desmoronando, isto C, se caem por terra a velha metafisica e a velha cihcia, entiio o nouo me'todo deve se apresentar como o inicio de novo saber, em condiq6es de impedir que nos dispersernos em urna sCrie desarticulada de observaqijes ou caiamos em forrnas novas e mais refinadas de ceticismo. Esses, com efeito, siio dois resultados conseqiientes ao ruir de antigas concepqijes sob a pressiio de novas aquisiq6es cientificas e de novas insthcias filos6ficas. Se estava difundida a confianqa no homem e no seu poder racional, tambim estava bastante difundida a incerteza sobre o caminho a tomar para garantir urna coisa e superar a outra. Niio podia mais se sustentar a filosofia tradicional, muito estranha aquele conjunto de novas teorizaq6es e descobertas, tornadas possiveis tambCm por instrumentos tkcnicos que, potencializando ou corrigindo nossos sentidos, nos introduziam em reinos at6 entiio inexplorados. Era urgente urna filosofia que justificasse a confianqa comum na raz5o. S6 era possivel opor ao ceticismo desagregador urna raziio metafisicamente fundada, capaz de se sustentar na

busca da verdade, e urn mCtodo universal e fecundo. Niio se trata, portanto, de lanqar idiscuss50 este ou aquele ram0 do saber, e sim o fundamento do proprio saber. Por isso, mesmo admirando Galileu, Descartes o critics, precisamente por n5o ter apresentado um mCtodo em condiq9es de ir as raizes da filosofia e da cihcia. (E de 1619 sua descoberta da formula que hoje leva o nome de Euler, u + f = s + 2, onde u, f , s estiio, respectivamente, para o numero dos vertices, das faces e dos ringulos de um poliedro convex~.) E para o fundamento que Descartes chama a atenqiio, ji que C do alicerce que dependem a amplitude e a solidez do edificio que C preciso construir para se contrapor ao edificio aristotilico, no qua1 se ap6ia toda a tradiqiio. Descartes niio separa a filosofia da cicncia. 0 que urge evidenciar C o fundamento que permita um nouo tip0 de conhecimento da totalidade do real, pelo menos em suas linhas essenciais. Necessita-se de novos principios, niio importando que eles sejam depois explorados mais em urna do que em outra direqiio. Principios que, deslocando os principios aristotClicos, aos quais a cultura academics ainda C ciumentamente fiel, contribuam para a edificaqiio da nova casa.

* Descartes quer primeiramente oferecer regras certas e faceis que, corretqrnente obsewadas, levarilo ao conhecimento verdadeiro de tudo aquilo que se pode conhecer. No Discurso sobre o metodo, estas regras sZio quatro: 1) a evidE3ncia racional, que se alcansa mediante um ato int u i t / que ~ ~ se autofundamenta; AS quatro 2) a andlise, uma vez que para a intui@o b necessdria a simnormas plicidade, que se alcanqa mediante a decomposic;ilodo complexo que c0n5tituem em partes elementares; o metodo 3) a sintese, que deve partir de elementos absolutos ou n l o cartesiano dependentes de outros, e proceder em dire~iloaos elementos 3 1-6 relativos ou dependentes, dando lugar a urna cadeia de nexos coerentes; 4) o controle, efetuado mediante a enurnerasilo completa dos elementos analisados e a redsilo das operas6es sintbticas. Em suma, para proceder com retid%oem quaique~pesquisa, 4 preciso r'epetir o movimento de simplificac;Zio e rigorosa concatena@o, tipico do procedimento geometrico.


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