História da Filosofia V3 Giovanni Reale

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Capitulo de'cirno quinto -

Descartes: "o fundador

ceber a luz do sol da diversidade das coisas que ilumina." Mais do que sobre as coisas iluminadas - cada uma das ciincias - t precis0 p6r o acento sobre o sol, a raz50, que deve emergir e impor sua logica e fazer respeitar suas exigtncias. A unidade das ci&ncias remete a unidade da raz5o. E a unidade da razfo remete unidade do mttodo.

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d a filosofia moderns

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Se a raz5o C uma res cogitans, que emerge atravis da duvida universal, a ponto de nenhum ginio malign0 poder sitiila e nenhum engano dos sentidos obscureci-la, entfo o saber deve basear-se nela e repetir sua clareza e distingao, que sfo os unicos postulados irrenuncihveis do novo saber.

0 Eu, como ser pensante, revela-se o lugar de uma multiplicidade de ideias (atos mentais dos quais se tem percepc;Sioimediata), que a filosofia deve rigorosamente examinar. Para Descartes ha particularmente trQ classes de ideias: 1) as ideias inatas, que encontro em mim, nascidas junto com A existencia minha consciCncia; 2) as ideias adventicias, que prov@ma mim de fora e me rede tres classes de ideias metem a coisas totalmente diferentes de mim; e a ideia inata 3) as ideias facticias, construidas por mim mesmo. de Deus Ora, entre as muitas ideias de que a conscibncia e deposith+ 3 1-5 ria, ha a id6ia inata de Deus, isto e, a ideia de uma substancia infinita, eterna, imutavel, independente, onisciente, e da qua1 eu mesmo e todas as outras coisas existentes fomos criados e produzidos. A ideia de Deus 6 subjetiva e objetiva ao mesmo tempo, e atesta ser inata em nbs porque produzida pelo proprio Deus. Desse modo, o problema da fundamenta@o do mittodo de pesquisa se encontra definitivamente resolvido, porque a evidbncia proposta de mod0 hipothtico 6 confirmada pelo cogito, e este se torna por sua ues reforcado pela presenqa de Deus que garante sua objetividade. Deus e garante tambem de todas as verdades claras e distintas, "eternas", que devem constituir a ossatura do novo saber; mas estas verdades, criadas livremente por Deus, sSio contingentes, e sc?ochamadas "eternas" apenas porque Deus e imutavel; elas nSio participam da essbncia de Deus, e por isso ninguem, mesmo conhecendo-as, pode afirmar conhecer os designios imperscrutaveis de Deus.

0problems da relacGo entre nossas idkias, que sGo formas mentais, e a realidade objetiva

A primeira certeza fundamental alcanqada pela aplicaq50 das regras do mCtodo, portanto, C a conscihcia de si mesmos como seres pensantes. A reflex50 de Descartes concentra-se agora no cogito e no seu conteudo, acossada por algumas perguntas fundamentais: sera que as regras do mttodo abrem-se ver-

dadeiramente para o mundo e s5o adequadas para fazer-me conhecer o mundo? E o mundo estara aberto a essas regras? Minhas faculdades cognoscitivas S ~ adequadas O para fazer-me conhecer efetivamente o que nio t identificavel com a minha conscihcia? Trata-se de perguntas que postulam maior fundamentag50 da atividade cognoscitiva do homem. Como ser pensante, o "eu" revela-se o lugar de multiplicidade de ide'ias, que a filosofia deve considerar com rigor. Se o cogito i a primeira verdade autoevidente, que outras idiias se apresentam com o carater da auto-evidincia do cogito?


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