Capitulo de'cimo quinto -
6 0ewo n mas
Descartes:
~ depende o d e Deus,
do h o m e m
Mas, se 6 verdade que Deus C verdadeiro e nao enganoso, tambCm C verdade que o homem erra. Qua1 6, entao, a origem do erro? Naturalmente, o err0 n i o e imputavel a Deus, mas sim ao homem, porque nem sempre ele se demonstra fie1 a clareza e a distingzo. As faculdades do homem funcionam. Mas cabe ao homem fazer bom uso delas, niio confundindo com claras e distintas as idCias que siio aproximativas e confusas. 0 err0 se da no juizo. E, para Descartes, diferentemente do que pensaria Kant, pensar niio C julgar, porque no juizo intervcm tanto o intelecto como a vontade. 0 intelecto, que elabora as ideias claras e distintas, nao erra. 0 err0 brota da pressiio indevida da vontade sobre o intelecto: "Se me abstenho de dar meu juizo sobre alguma coisa, quan-
"o fhndador d a filosofia m o d e ~ n,,a
299
do n5o a concebo com suficiente clareza e distinqao, C evidente que estou fazendo 6timo uso do juizo e nZo estou sendo enganado; mas, se me determino a nega-la ou afirma-la, e n d o niio estou mais me servindo como devo do meu livre-arbitrio; e se afirmo aquilo que n i o C verdadeiro, C evidente que estou me enganando; [. ..] porque a luz natural nos ensina que o conhecimento do intelecto deve preceder sempre a determinaqiio da vontade. E precisamente nesse mau uso do livre-arbitrio 6 que se encontra a privaqiio que constitui a forma do erro". Com essa imensa confianqa no homem e em suas faculdades cognoscitivas, e depois de indicar as causas e implicaq6es do erro, Descartes pode agora tratar do conhecimento do mundo e de si enquanto existe no mundo. 0 mCtodo esta justificado, a clareza e a distinqso fundamentadas, e a unidade do saber reconduzida a sua fonte. a razz0 humana. sustentada e iluminada pela garantia da suma veracidade do seu Cr iador.
VI. O m u n d o C u m a
m6quina
Deus 4 arante do fato de que a faculdade imaginativa e a sensivel atestam a existencia of tjetiva do mundo corporeo, e entre todas as coisas que do mundo externo chegam a consci4ncia C possivel conceber como clara e distinta apenas a extensiio. N%oha, pottanto, mais que uma mesma materia em todo o universo, e n6s a conhecemos apenas porque ela C exteno universo Sa em comprimento, largura e profundidade. Este e um ponto de 6 uma srande imensa importhcia revolucioniiria, ja proposto em pauta por "mdquina", cujose/ementos Galileu, que Descartes retoma porque dele depende a possibiliessenciais dade de aviar um discurso cientifico rigoroso e novo. O universo materia e uma grande "mSquinan, cujos elementos essenciais s%omatee rnovimento ria e movimento. Tambem o corpo humano e os organismos ani-+ 3 1-5 mais sao mSquinas e, portanto, funcionam em base a princfpios mecanicos que regulam seus movimentos e relat$3es; isso que chamamos "vida" C3 redutivel a uma entidade material, isto e, a elementos sutilissimos que, veiculados pelo sangue, se difundem por todo o corpo e presidem as principais fun~besdo organismo.
3
t;
A idkia d e e x t e n s 6 0 e
S
M
import&ncia ~ essential
Descartes chega a existhcia do mundo corporeo aprofundando as ideias advenO uma realiticias, isto 6, as idCias que V ~ de
dade externa para a conscihcia, que n i o C artifice delas, mas so depositaria. Antes de mais nada, a existincia do mundo corporeo 6 possivel por causa do fato de que ele C objeto das demonstraqoes geometricas, que se baseiam na ide'ia de extenGo. Ademais, ha em nos uma faculdade dis-