18. Platão e a Atlântida (358 a.C.)
Esta história de Platão chega até nossos dias por dois trechos curtos, Timeu e Crítias, escritos, acredita ‑se, cerca de dez anos antes de sua morte, em 348 a.C. Neles, o filósofo apresenta um relato aparentemente verdadeiro de uma sociedade ideal que teria existido muitos milênios antes dos tempos gregos clássicos em que estava escrevendo. De acordo com Platão, Atlântida era uma grande ilha (maior que a Líbia e a Ásia juntas) no oceano Atlântico, mas seus domínios se estendiam além das Colunas de Hércules, no Mediterrâneo, até o Egito e a Tirrênia (a Itália). Sua dinastia poderosa e notável de reis surgiu diretamente de Poseidon, deus do mar e dos terremotos, mas essa linhagem divina e heroica foi diluída gradualmente, misturando-se com os humanos mortais. A degeneração resultante dessa nobre civilização conduziu a uma guerra com seu aliado anterior, Atenas, e culminou na destruição cataclísmica que Platão situa 9 mil anos antes dele.
Contarei uma história do velho mundo, que ouvi de um ancião; pois Crítias, no tempo em que a contou, tinha, como ele disse, quase noventa anos de idade, e eu tinha quase dez anos. Ora, o dia era aquele do Apaturia que é chamado de A Inscrição da Mocidade, no qual, de acordo com o costume, nossos pais davam prêmios para recitações, e os poemas de vários poetas eram recitados por nós, meninos, e muitos de nós cantávamos os poemas de Sólon que naquele momento não estavam fora de moda. 56
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