Editora RHJ – Material de divulgação – versão submetida à avaliação.
As áreas se completam e dialogam. Partimos novamente dos princípios de Morin (2011), para quem o todo tem qualidades ou propriedades que não são encontradas nas partes, se estas estiverem isoladas umas das outras, e certas qualidades ou propriedades das partes podem ser inibidas pelas restrições provenientes do todo (MORIN, 2011, p. 34). Sabemos, por vivências acumuladas nesses anos de efetivo exercício da docência, que, conforme afirma Morin (2011), muitas ideias não são apreendidas, porque se ignora a complexidade do conhecimento. A sociedade comporta as dimensões histórica, econômica, sociológica, religiosa… O conhecimento pertinente deve reconhecer o caráter multidimensional e nele inserir seus dados: não apenas se poderia isolar uma parte do todo, mas as partes umas das outras; a dimensão econômica, por exemplo, está em inter-retroação permanente com todas as outras dimensões humanas; além disso, a economia carrega em si, de modo “hologrâmico”, necessidades, desejos e paixões humanas que ultrapassam os meros interesses econômicos (MORIN, 2011, p. 35, 36). Daí decorre a importância de trabalhar em sala a ecologia do consumo, a história da humanidade, o consumo de alimentos orgânicos ou não… No cotidiano de todos nós não existe a compartimentação que visualizamos no espaço escolar. O estudante, para conseguir saber fazer algo, necessita buscar respostas que só serão possíveis com a utilização de ideias geradas utilizando o pensamento complexo. O aprendizado é construído considerando o aluno como um “tomador de decisão”, como um sujeito capaz de decidir, de modificar seu entorno, enfim, de saber fazer. Portanto, pensar em um ensino efetivo, capaz de construir cidadania, é pensar em como explorar as particularidades e as potencialidades dos saberes.
Nesse processo, a reflexão crítica é uma estratégia para o aluno perceber e tomar consciência de sua realidade, visando à sua transformação e à de seu entorno. CONVITE À LEITURA
JAPIASSU, H. O sonho transdisciplinar e as razões da filosofia. Rio de Janeiro: Imago, 2006. Cada vez mais, as demandas da sociedade à ciência exigem questionamentos e abordagens transdisciplinares solicitando respostas encontradas por uma concertação de disciplinas. Neste contexto, não só o interdisciplinar surge como exigência, a complexidade como cientificamente frequentável e o transdisciplinar como abordagem legítima. (JIAPIASSU, 2006).
O autor mostra como é impossível resolver os problemas da sociedade tendo uma visão disciplinar. A forma como aborda o assunto prende o leitor do início ao fim do livro.
DIMENSÃO IV – REPENSANDO A AVALIAÇÃO (MAPEANDO NOVOS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO) Por que, geralmente, nós, professores, apresentamos uma forte contradição entre o discurso e a prática no que diz respeito ao processo avaliativo? Segundo Hoffmann (1995), principalmente a ação classificatória e autoritária exercida pela maioria dos educadores encontra explicação na concepção de avaliação do educador, reflexo de sua história de vida como aluno e professor. Nós viemos sofrendo a avaliação em nossa trajetória de alunos e professores. É necessária a tomada de consciência dessas influências para que nossa prática avaliativa não reproduza, inconscientemente, a arbitrariedade e o autoritarismo que contestamos pelo discurso. Temos de desvelar contradições e equívocos teóricos dessa prática, construindo um ressignificado para a avaliação e desmitificando-a de fantasmas de um passado ainda muito em voga. (HOFFMANN, 1995 p. 12-13). Rosilene Siray Bicalho & Lúcia Maria Pôrto de Paula
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